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Estudo Dirigido Sistêmica

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Estudo Dirigido – Sistemas e Teorias II – Módulo Sistêmica
Profa. Mariana Boeckel
Monitora: Greicele S. Souza
Aluna: Marina Dadico Amâncio de Souza
Eixo I – Pensamento Sistêmico
1. Na assunção da Terapia Familiar Sistêmica, o contexto histórico era aquele do pós-guerra, na década de 50, com o surgimento de um desejo por mudanças no rumo da história e com a ampliação do campo das Ciências Sociais. Nesse sentido, surgem as terapias de pequenos grupos e, percebendo-se a ineficácia de intervenções individualizadas, toma-se a necessidade de observar as pessoas sem separá-las de seu contexto, observando-se as consequências das mudanças do paciente em terapia individual no seu contexto familiar. Paralelamente, Bateson inicia seus estudos sobre familiares de pacientes esquizofrênicos, criando a teoria do duplo vínculo e das “mães esquizofrenizantes”. A partir de então, a terapia familiar passa a ser reconhecida como uma nova maneira de avaliar as relações interpessoais e suas mudanças, sendo consolidada nos anos 60.
2. No que consiste a teoria do duplo vínculo?
Formulada por Gregory Bateson, a teoria do duplo vínculo postula os impactos comportamentais de relações íntimas fortemente ambíguas, com a presença bilateral tanto de afeto quanto de agressão. Bateson desenvolveu essa teoria após analisar a dinâmica familiar de seus pacientes esquizofrênicos, permeada pela emissão de informações ambíguas, resultando em comportamentos de imobilidade e confusão em tais pacientes. 
3. Nenhum comportamento se encontra independente quando inserido em um sistema; dessa forma, cada comportamento está conectado de maneira circular a muitos outros comportamentos no sistema, formando ao longo do tempo padrões comportamentais que funcionam para equilibrar a família. Logo, surge uma função reguladora, mais importante que o comportamento isolado ou o sintoma, tida como uma entidade tanto dentro quanto fora do sistema e muito mais interessante para a eficácia de uma intervenção terapêutica sistêmica.
4. O princípio hologramático postula que não só um elemento está inserido no sistema como também o sistema está inserido no elemento, exigindo mais que uma explicação linear e objetiva sobre o funcionamento de tal, ou seja, uma explicação circular que vai das partes ao todo e do todo às partes, a fim de melhor compreender o fenômeno analisado.
5. De acordo com Bertalanffly, o sistema seria um complexo de elementos colocados em interação, sendo assim uma complexidade organizada. O sistema possui elementos interdependentes interagindo de maneira a atingir um objetivo em comum, formando uma complexidade de elementos em que o resultado de sua potência em conjunto é maior que aquele obtido por esses elementos separadamente. Quanto à sua natureza, o sistemas podem ser tanto abertos quanto fechados, sendo aqueles sistemas abertos à entrada de energia e trocas com o ambiente e, por sua vez, mais permeáveis, enquanto esses seriam menos permeáveis, restritos a não realizar trocas com o ambiente e, logo, menos permeáveis.
6 e 7. Percebe-se um grupo familiar como um sistema uma vez que cada participante da família não pode ser observado isoladamente, i.e. a família é mais que simplesmente a soma de seus integrantes. O comportamento de cada um deles interage de forma que influencie o funcionamento familiar, com a mudança desse comportamento podendo inclusive alterar o equilíbrio do sistema. Partindo do princípio hologramático, percebe-se também a presença do todo nas partes e das partes no todo; essa circularidade se expressa numa relação dialética da interação dos seus integrantes no contexto familiar. O funcionamento da família tende ao autoequilíbrio e a retroalimentação, rendendo a si uma característica homeostática, com a autorregulação de seu funcionamento a fim de atingir seus objetivos comuns, rendendo também a si o caráter da equifinalidade. Além disso, as fronteiras dos sistemas são percebidas em sistemas abertos e sistemas fechados, notando-se que famílias mais abertas são mais funcionais, enquanto as mais fechadas, mais disfuncionais. Um exemplo da equifinalidade são as diferentes maneiras com que uma família pode criar um filho; um exemplo da homeostase é a ”desestruturação” de uma família com a saída de um de seus integrantes, perturbando o equilíbrio do sistema, que buscará se autorregular; um exemplo das fronteiras do sistema é que famílias mais abertas tendem a criar novas estratégias para solucionar seus problemas, enquanto famílias mais fechadas tendem a repetir estratégias ruins para solucionar problemas, sendo esses comumente as próprias estratégias.
8. O que distingue uma família funcional de uma família disfuncional?
Famílias funcionais são mais abertas, caracterizando-se por um bom equilíbrio entre proximidade e distanciamento entre seus integrantes, com maior colaboração e maior gama de recursos de enfrentamento, partindo inclusive da criaçõ de novas estratégias para tal. Já as famílias disfuncionais tendem a ser mais fechadas, havendo um desequilíbrio entre proximidade e distanciamento, com a repetição das mesmas más estratégias de enfrentamento contra seus problemas, falando-se inclusive que se vê “mais do mesmo”.
Eixo II – Teoria da Comunicação
1. Partindo da pragmática da comunicação humana, percebe-se a comunicação como mais que um mero veículo, mas sim como uma forma melhor de definir a interação humana.
2. O primeiro axioma postula a impossibilidade de não se comunicar, marcando que até mesmo o ato de “não se manifestar” comunica uma postura negativa em interagir com outras pessoas. Já o segundo axioma postula os dois níveis da comunicação, sendo o primeiro o conteúdo dela, i.e. o relato, que transmite a informação, e o segundo a sua forma, i.e. a relação, que transmite a maneira com que a mensagem deve ser interpretada; dessa maneira, uma comunicação marcada pelo equilíbrio entre conteúdo e forma denota maior funcionalidade, enquanto, por exemplo, uma marcada por sua forma, pode denotar disfuncionalidade, como quando damos maior valor à maneira irônica com que se transmite uma mensagem do que a seu conteúdo. A seguir, o terceiro axioma postula a pontuação na sequeência de eventos da comunicação, descrevendo uma sequência de comportamentos num sistema, seguindo um padrão não necessariamente linear, como quando um casal expressa brigas através de gritarias partindo do marido e silenciamento partindo da mulher, com a justificativa de ambas as partes de que seu comportamento é uma resposta ao comportamento do outro, não necessariamente sabendo-se qual incita qual. O quarto axioma postula os tipos de comunicação, sendo a digital a comunicação verbal através de signos e a analógica a comunicação não-verbal, muito mais arcaica e realizada através de gestos, posturas e expressões, com complementariedade de ambas a fim de garantir tanto conteúdo quanto forma à comunicação; exemplo disso é o uso de uma expressão facial pesada para transmitir notícias ruins em uma família. Por fim, o quinto axioma postula a simetria e a complementariedade da comunicação, com aquela sendo uma comunicação entre iguais, marcada pela minimização das diferenças, e com essa sendo uma comunicação entre diferentes, marcada pela maximização das alteridades, a exemplo uma comunicação marcada por conversas tranquilas e sem julgamentos entre irmãos, conferindo amizade à relação, e uma comunicação marcada pela autoridade dos pais quanto aos seus filhos.
Eixo III – Cibernética de Primeira e Segunda Ordem
1. A cibernética de primeira ordem caracteriza-se pela assunção dos conceitos de circularidade (interação entre elementos do sistema ocorrendo em uma sequência circular), retroalimentação (sistemas que funcionam com o objetivo de um nível ótimo com sua autocorreção de forma a cumprir esse objetivo), autorregulação (autonomia em relação ao meio) e endocausalidade (com a causa vindo de dentro, sem considerar o contexto). Com a cibernética de segunda ordem, supera-se essa abordagem, tida como limitada, linear, mecanicista e neutra (como papel do observador sendo ignorado). Apresenta-se a noção da autorreferência, com a auto-organização dos sistemas através de diferentes maneiras de atingir seu equilíbrio, em uma caoticidade organizada, com sua endocausalidade completamente dependente do ambiente, com a manutenção do sistema juntamente com sua modificação.
2. O conceito de retroalimentação surge como a manutenção do sistema a fim de que seu funcionamento siga o propósito de um nível ótimo a ser atingido, com a tentativa de corrigir seu próprio funcionamento para tal, de maneira linear e independente do observador.
3. O terapeuta analisa os elementos do sistema de maneira linear em suas interações.
4. O observador reconhece sua subjetividade uma vez que sua interpretação do funcionamento do sistema revela sua relação com a realidade; descarta-se assim verdades e interpretações absolutas, uma vez que o próprio observador tem suas propriedades, seus conhecimentos e suas subjetividades.
5. Ocorre nela a reintrodução de temas como o conhecimento, a linguagem, a cultura, a construção de sentido e a subjetividade, com a distinção de sistemas biológicos e sociais de máquinas, i.e. a superação da visão mecanicista do seu funcionamento e da sua regulação.

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