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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO __ JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE ___________
IVANGELA OLIVEIRA DA SILVA, brasileira, casada, , portador do RG sob n°, 321750, inscrito do CPF sob o n°. 65.902.202-87, residente e domiciliada na Travessa São Luiz, n°. 119, Bairro João Eduardo em Rio Branco - Acre, vem, respeitosamente, a presença de Vossa Excelência, pelos fatos e fundamentos expostos a seguir, propor a presente ação:
AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR COBRANÇA INDEVIDA c/c DANOS MORAIS E MATERIAIS
Em face de LOSANGO S/A, CNPJ 00.000.000/4673-67, com sede na Avenida Afonso Pena, 725, Cep: 38400-130 – em Uberlândia-MG.
I DA JUSTIÇA GRATUITA
Inicialmente, afirma a representante judicial do requerente, nos termos da lei nº 1.060/50, ser pessoa carente na acepção jurídica, não podendo arcar com as despesas processuais sem prejuízo de seu próprio sustento e de sua família, razão pela qual requer a concessão da justiça gratuita.
II DOS FATOS:
A autora possuidora do cartão de crédito de final xxx7136 junto a Losango bandeira Visa.
No mês de Julho de 2017 a autora recebeu a fatura no valo de R$: 1.581,88 tendo o mesmo efetuado pagamento como comprovante em anexo.
No entanto no mês de agosto de 2017 a autora pode perceber que na sua fatura que o valor de R$: 1.581,88 foram cobrados novamente 
III DA PRÁTICA ABUSIVA
 
É nítida a prática abusiva praticada pelo Banco réu, que na ganância de auferir lucro chega ao ponto de invadir o patrimônio do autor para creditar e descontar contratos que este não solicitou.
O CDC veda expressamente a conduta que a ré utilizou, considerando tal prática como cláusula abusiva, conforme dispõe o art. 39, III daquele diploma legal.
Art. 39 do CDC. “Práticas Abusivas” “ è vedado ao fornecedor de produtos ou de serviços, dentre outras práticas abusivas: I (…) II (…) III – enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto ou fornecer qualquer serviço;” (grifei)
As práticas abusivas lesionam as esferas patrimonial e não-patrimonial do sujeito. O fato de o Banco ter descontado indevidamente da conta do autor o valor de R$1000,00, o prejudicou materialmente posto que, o autor é estudante universitário, mora em cidade diferente dos pais, sendo mantido por eles e divide as despesas de um apartamento com um colega, sendo assim, ficar mesmo que por dois dias sem esse valor em sua conta (o banco praticamente zerou a conta do autor), prejudicou moralmente e materialmente o autor deste processo.
IV – DO DIREITO
4.1- DO PRINCÍPIO DA BOA FÉ COMO NORTEADOR PARA AS RELAÇÕES NEGOCIAIS.
O artigo 422 do Código Civil estabelece o princípio da boa fé como norte nas relações contratuais. Nesse sentido, pode-se observar que o Autor foi grandemente lesado e que a Ré “NÃO PODE TER A APARENTE CREDIBILIDADE E BOA FÉ QUE CARREGA EM SEU BOJO”!
Entende Judith Martins Costa:
"Contemporaneamente, modificado tal panorama, a autonomia contratual baseia-se na tutela da confiança como garantia do equilíbrio da relação contratual e não é mais vista como um fetiche impeditivo da função de adequação dos casos concretos aos princípios substanciais contidos na Constituição e às novas funções que lhe são reconhecidas. Por esta razão desloca-se o eixo da relação contratual da tutela subjetiva da vontade à tutela objetiva da confiança, diretriz indispensável para a concretização, entre outros, dos princípios da superioridade do interesse comum sobre o particular, da igualdade e da boa fé, em sua feição objetiva.
(...) a boa-fé objetiva deve ser entendida como um modelo de conduta social, arquétipo ou standard jurídico segundo o qual cada pessoa deve ajustar a sua própria conduta a este arquétipo obrando como obraria um homem reto: com honestidade, lealdade, probidade.
Assim, no substrato da matéria contratual está a compreensão das inúmeras virtualidades do princípio da boa-fé objetiva como limite à liberdade de dar cláusulas, de fixar o conteúdo do contrato, de aproveitar injustamente uma situação de superioridade, de agir contraditoriamente (...)" (in"Diretrizes Teóricas do Novo Código Civil Brasileiro", Ed. Saraiva, 2002, pag. 198).
O que, infelizmente não pode ser observado nessa absurda conduta da Ré!
Importante mencionar o art. 113 do CC, que assim estabelece:
“Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa fé e os usos do seu lugar de celebração” – ou seja: SEQUER HOUVE NEGÓCIO JURÍDICO! ABSURDO COMPLETO!
V DOS DANOS MATERIAIS
Todos os pagamentos indevidos devem ser ressarcidos ao autor em dobro, como dispõe o § Único do art. 42 do Código de Defesa do Consumidor:
Art. 42 (...)
§ Único: O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável.
A doutrina e a Jurisprudência, por sua vez, vêm garantindo a aplicaçãodo artigo 42, vejamos:
Ementa:AGRAVO REGIMENTAL EM APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – DEMONSTRAÇÃO PELA PARTE AUTORA DA COBRANÇA INDEVIDA DEVALORESNÃO
CONTRATADOS – REPETIÇÃO EMDOBRODOSVALORES– DEVIDA – ART. 42, PARÁGRAFO ÚNICO DO CDC –VALORDA INDENIZAÇÃO – JUSTA COMPENSAÇÃO – CARÁTER PEDAGÓGICO – MAJORAÇÃO DEVIDA – HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS – MAJORADOS – AUSÊNCIA DE ARGUMENTO CAPAZ DE INFIRMAR A DECISÃO RECORRIDA – DECISÃO MANTIDA – RECURSO IMPROVIDO De acordo com o parágrafo único, do art. 42, do Código de Defesa do Consumidor, "o consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição do indébito, porvalorigualaodobrodo quepagouemexcesso, acrescido de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável". (...)
(TJ-MS - AGR: 08023417220148120031 MS 0802341-72.2014.8.12.0031, Relator: Des. Claudionor Miguel Abss Duarte, Data de Julgamento: 17/02/2016, 4ª Câmara Cível, Data de Publicação: 18/02/2016).
VI DOS DANOS MORAIS
Os danos materiais consistem naqueles danos que afetam o patrimônio do individuo, podendo ser configurados em razão de uma despesa gerada por ação ou omissão indevida de terceiros.
Para a efetiva reparação de tais danos, é necessário que haja nexo de causalidade entre a conduta indevida Da Ré e o prejuízo patrimonial suportado pela Autora. Nesse sentido, não há que discutir! A autora não assinou qualquer contrato com a Ré, portanto esses descontos são completamente injustos e mentirosos, são ENRRIQUECIMENTO ILÍCITO DA RÉ!
É inegável o dano moral sofrido pelo autor, posto que teve um desconto indevido em sua conta corrente. Além disso, o dano material se agrava no momento em que o autor perde as passagens aéreas em promoção no site da GOL, perdendo, também, a oportunidade de viajar em sua férias de acordo com o valor que poderia pagar. O autor vinha esperando essa promoção há meses, e quando ela finalmente apareceu, o banco o deixou desprovido de saldo para concluir a compra, sendo que o autor contava com aquele valor e não esperava essa atitude da ré.
O dinheiro do autor estava depositado no banco, pois ele tinha a confiança de que seu dinheiro estava em segurança. O banco não pode simplesmente descontar um valor em sua conta, sem sua autorização, fazendo do dinheiro do autor o que ele bem entender. O autor não trabalha, é estudante universitário e dependia do dinheiro também para se manter, dessa forma, seu poder de compra foi reduzido injustamente.
VII DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA
No contexto da presente demanda, há possibilidades claras de inversão do ônus da prova ante a verossimilhança das alegações, conforme disposto no artigo 6º do Código de Defesa do Consumidor.
Art. 6º São direitos básicos do consumidor: VIII – a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, seguindo as regras ordinárias de expectativas.
Desse modo, cabe ao requerido demonstrar provas em contrário ao que foi expostopelo autor. Assim, as demais provas que se acharem necessárias para resolução da lide, deverão ser observadas o exposto na citação acima, pois se trata de princípios básicos do consumidor.
VIII DO DEVER DE INDENIZAR
Logo de início, é importante considerar que a reparação, na qual se convertem em pecúnia os danos morais, devem ter caráter dúplice, ou seja, o que penaliza o ofensor, sancionando-o para que não volte a praticar o ato ilícito, bem como o compensatório, para que o ofendido, recebendo determinada soma pecuniária, possa amenizar os efeitos decorrentes do ato que foi vítima.
Ante esse raciocínio, deve-se sopesar, em cada caso concreto, todas as circunstâncias que possam influenciar na fixação do "quantum" indenizatório, levando em consideração que o dano moral abrange, além das perdas valorativas internas, as exteriorizadas no relacionamento diário pessoal, familiar, profissional e social do ofendido.
Deve-se lembrar ainda, por outro ângulo, que a indenização por danos morais deve ser fixada num montante que sirva de aviso à ré e à sociedade, como um todo, de que o nosso direito não tolera aquela conduta danosa impunemente, devendo a condenação atingir efetivamente, o patrimônio da causadora do dano, para que assim o Estado possa demonstrar que as leis existem para ser cumpridas.
Lamentavelmente, o autor da ação sofreu grande desgosto, sentiu-se desamparado, foi prejudicado conforme já demonstrado. Nesse sentido, é merecedor de indenização por danos morais. Maria Helena Diniz explica que dano moral “é a dor, angústia, o desgosto, a aflição espiritual, a humilhação, o complexo que sofre a vítima de evento danoso, pois estes estados de espírito constituem o conteúdo, ou melhor, a consequência do dano”.
Mais adiante: “o direito não repara qualquer padecimento, dor ou aflição, mas aqueles que forem decorrentes da privação de um bem jurídico sobre o qual a vítima teria interesse reconhecido juridicamente” (Curso de Direito Civil – Reponsabilidade Civil, Ed. Saraiva, 18ª ed., 7ºv., c.3.1, p.92).
Assim, é inegável a responsabilidade do fornecedor, pois os danos morais são também aplicados como forma coercitiva, ou melhor, de modo a reprimir a conduta praticada pela parte ré, que de fato prejudicou o autor da ação.
IX DO QUANTUM INDENIZATÓRIO
A jurisprudência fornece elucidativos precedentes sobre a utilização dos critérios de mensuração do valor reparatório:
A indenização do dano moral deve ser fixada em termos razoáveis, não se justificando que a reparação venha a constituir-se em enriquecimento sem causa, com manifestos abusos e exageros, devendo o arbitramento operar-se com moderação, proporcionalmente ao grau de culpa e ao porte econômico das partes, orientando-se o juiz pelos critérios sugeridos pela doutrina e pela jurisprudência, com razoabilidade, valendo-se de sua experiência, e do bom-senso, atendo à realidade da vida e às peculiaridades de cada caso. Ademais, deve ela contribuir para desestimular o ofensor repetir o ato, inibindo sua conduta antijurídica (RSTJ 137/486 e STJ-RT 775/211).
Assim, o montante não inferior a R$10.000,00 (dez mil reais) equivale a uma justa indenização por danos morais e materiais no presente caso, tendo em vista que, não enriquece a parte autora e adverte a parte ré. Ademais, requer o pagamento duplicado do valor descontado injustamente na conta do autor, tal seja, o valor de R$2000,00 (dois mil reais) atualizados de juros e correção monetária.
X DOS PEDIDOS
Antes o exposto, requer:
a) Sejam concedidos os benefícios da JUSTIÇA GRATUITA, nos termos da Lei nº 1.060/50, sendo certo que o autor não possui condições financeiras de arcar com despesas processuais e demais cominações de lei sem prejuízo do seu próprio sustento e dos seus dependentes, conforme declaração anexa;
b) A Citação do Banco réu, para que, querendo, ofereça resposta no prazo legal, sob pena de sujeitar-se aos efeitos da revelia;
c) Reconhecimento da relação de consumo e inversão do ônus da prova, nos termos do art. 6º, VIII e 42, § único do Código de Defesa de Consumidor;
d) Condenação da parte ré a pagar os danos morais e materiais no montante justo não inferior a R$10.000,00 (dez mil reais);
e) Que condene o Banco réu a realizar a devolução em dobro de todo montante pago indevidamente pelo requerente, acrescidos de juros e correções.
f) A procedência da presente ação, e ainda a condenação da promovida, em caso de recurso, ao pagamento das custas e honorários advocatícios no percentual de 20% sobre o valor da causa devidamente corrigido e com incidência de juros legais.
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em direito, inclusive com depoimento pessoal do promovente e juntada de documentos.
Dá-se a causa o valor de R$12.000,00 (doze mil reais)

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