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1 Apontamentos de aulas por Isabela Olivatto, José Roberto Monteiro, James Rodgher. 4º semestre – 2012 06/08 /12 Análise do Direito Administrativo Rege a administração pública como um todo Rege a prestação do serviço público Evolução Histórica: Surge com as revoluções liberais burguesas, após o período do absolutismo. Revoluções burguesas Estado de Direito Representantes criam leis que limitam o poder do Estado. A formação do direito administrativo foi dado pela teoria da “Separação dos poderes” desenvolvida por Montesquieu, L’Espirit des Lois, 1748, e acolhido universalmente pelo estado de direito. Estado de Direito: Separação dos Poderes; Supremacia da Constituição Federal; Superioridade da Lei; Garantia dos Direitos. Constituição 1ª limitação do estado. Só a partir do séc. XIX cabe falar em Direito Administrativo. Conceito Subjetivo do Direito Administrativo: É o ramo do direito público que disciplina os atos do poder executivo. Este conceito não é bom, como demonstra a tabela abaixo. Direito Administrativo I 2 Órgão Função Típica Função Atípica Legislativo - legislar - fiscalização contábil, financeira, orçamentária e patrimonial do Executivo. Natureza Executiva: ao dispor sobre sua organização, provendo cargos, concedendo férias, licenças a servidores e etc. Natureza Jurisdicional: o senado julga o presidente da republica nos crimes de responsabilidade (art. 52,I,CF) Executivo - Aplica a lei - Prática de atos de chefia de estado, chefia de governo e atos de administração. Natureza Legislativa: o presidente da republica, por exemplo, adota medida provisória, com força de lei (art.62,CF) e leis delegadas Natureza Jurisdicional: Julga, apreciando defesas e recursos administrativos. Não faz coisa julgada. Judiciário - julgar (função jurisdicional), dizendo o direito no caso concreto e dirimindo os conflitos que lhe são levados, quando da aplicação da lei. Definitividade: coisa julgada *Natureza Legislativa: regime interno de seus tribunais (atr. 96,I, “a”,CF) *Natureza Executiva: administra, ao conceder licenças e férias aos magistrados e serventuários(art.96,I, “f”,CF) *página 435, Direito constitucional esquematizado. Conceito Objetivo de Direito Administrativo Ramo do direito público que disciplina o exercício da função administrativa por meio das pessoas, órgãos, agentes e atividade do estado. Função Administrativa: É o dever de aplicar a lei ao caso concreto no interesse público. Direito Público Direito Privado Estado Particular Particular Relação de superioridade Particular - Grau de Igualdade - Prevalece o interesse privado - Autonomia da vontade - Prevalece o interesse público - Função administrativa 3 Regime Jurídico Administrativo Diz respeito a todos os princípios e normas; é o conjunto de normas do direito administrativo. Princípios são normas que estabelecem valores fundamentais de um sistema. 13/08 /12 Princípios Gerais de Direito Administrativo 1. Supremacia do interesse público sobre o particular: sempre que houver contraste entre eles, prevalece o público. 2. Indisponibilidade do interesse público Primário refere-se ao bem estar coletivo Interesse público Secundário é o da administração propriamente dita Exemplos: Destinar verba à saúde ou a precatórios primário O interesse público deve ser perseguido pela administração pública. O secundário só pede ser defendido pelo administrador público quando coincidir com o primário. O limite é a INDISPONIBILIDADE DO INTERESSE PÚBLICO. - O administrador não pode dispor do patrimônio público. Exemplo: licitação, concurso público. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS EXPRESSOS Art. 37, Constituição Federal Requisição Administrativa: Transfere a posse, o uso do bem por período determinado. Exemplo: Usar um ginásio de esportes para abrigar pessoas em caso de catástrofe. Diferentemente da desapropriação, não há indenização prévia, que pode ser requerida posteriormente mediante comprovação de perdas. 4 Legalidade Impessoalidade Moralidade Publicidade Eficiência LEGALIDADE Decorre do Art. 1º, Art. 5º, II e Art. 37,Constituição Federal. Constituição Federal Art. 5º, II Art. 37 Aplicação Indivíduo Administração Pública Sentido Fazer tudo que a lei não proíbe Fazer apenas o que a lei permite. Omissão Permissão Proibição IMPESSOALIDADE O administrador público só pode agir para satisfazer o interesse público Proíbe discriminação e privilégios (ver Súmula Vinculante nº 13) Proíbe a promoção pessoal (Art. 37, § 1º, Constituição Federal) MORALIDADE Não basta o respeito à lei, mas também à moralidade administrativa. Refere-se a padrões de ética, boa-fé, decoro e probidade. A moralidade está prevista na Constituição Federal. Pode ser buscada por ação popular. Improbidade administrativa: Lei 8.429/92 – coíbe atos que atinjam a moralidade; Art. 12 sanções. Crime de Responsabilidade: Art. 85, V, Constituição Federal. PUBLICIDADE A administração pública tem o dever de divulgar os atos administrativos transparência Os Diários Oficiais são os principais veículos Defesa da intimidade Exceção: em hipóteses constitucionais SIGILO Segurança da sociedade ou do Estado Lei de acesso à informação: Lei 12.52711 – prevê o acesso à informação. Legalidade administrativa 5 20/08 /12 EFICIÊNCIA Busca do melhor com os meios disponíveis, visando economia, produtividade, profissionalismo, qualidade e rapidez. Originalmente não constava da Constituição Federal, foi inserido pela reforma administrativa da Emenda Constitucional 19 de 1988. O conceito da eficiência vem ganhando corpo na administração pública. Importante mecanismo Avaliação de desempenho O servidor público presta concurso, toma posse e entra no exercício da função. Sem a avaliação de desempenho, poderia se acomodar. Por isso, com a posse ele tem 3 anos de estágio probatório, ao fim do qual é submetido a uma avaliação de desempenho. Somente se aprovado nessa avaliação ele passa a gozar de estabilidade. Uma vez conquistada a estabilidade, a demissão só pode ocorrer por processo administrativo disciplinar. Mas há também avaliações periódicas de desempenho, a cuja eventual reprovação pode suceder um processo administrativo disciplinar. Art. 5º, LXXVIII, Constituição Federal A todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. O administrador público não pode levar mais que 30 dias, prorrogáveis por mais 30 dias, para decidir sobre um processo administrativo. Em processo administrativo disciplinar não há prazo fixo. Exemplo: Alguém pede a concessão de uma licença; o administrador público abre o processo para levantamento de dados; tem que decidir em 30 + 30 dias (prorrogação precisa ser justificada). PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS IMPLÍCITOS Não estão expressos na Constituição Federal, mas podem ser deduzidos pela interpretação do diploma. 1. Continuidade do serviço público Por tratar de bem essencial - Literalmente:o serviço público não pode parar Pela utilidade ao cidadão 6 O serviço público não pode ser interrompido Há na Constituição Federal uma das primeiras decorrências deste princípio: - O bem público é impenhorável. - Porque existe este princípio, não há penhora do bem público. - Porque se penhorado, poderia significar a interrupção do serviço público. - Por isso o sistema diferenciado de pagamento de dívidas através dos precatórios. Direito de Greve - Art. 37, VII, Constituição Federal. Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica A greve é um instrumento nas relações de trabalho e também existe para o servidor público. A Constituição Federal determina que haja uma lei que a regulamente. - Mas ainda não há. - É preciso estabelecer limites para a greve do servidor público. - Os servidores entendem muitas vezes que não há limites. - Há os que entendem que não direito de greve do servidor público, já a não foi regulamentado. Posição do Supremo Tribunal Federal a esse respeito Algumas categorias do serviço público entraram com mandato de injunção. Mandado de Injunção "É o instrumento para o exercício de direitos constitucionais carentes de regulamentação" A Carta Constitucional de 1988 estabeleceu uma série de direitos e garantias fundamentais para tutelar os cidadãos. No entanto, o próprio legislador estabeleceu que alguns desses direitos somente poderiam ser exercidos em sua plenitude após sua regulamentação por meio de normas infraconstitucionais. Após mais de duas décadas, algumas destas leis continuam sem ser editadas como, por exemplo, a famosa lei de greve dos servidores públicos (inciso VII, art. 37, CR/88). Para suprir as lacunas deixadas pelo legislador constituinte (originário ou derivado), previu-se o Mandado de Injunção, conforme inciso LXXI, do art. 5º, que preceitua: “conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania”. 7 O Supremo Tribunal Federal foi além e editou acórdão que manda aplicar a lei de greve do empregado privado ao servidor público, enquanto não houver lei específica. Servidores militares não têm direito de greve (Art. 142, IV, Constituição Federal) Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem. ... IV - ao militar são proibidas a sindicalização e a greve; 2. Razoabilidade ou proporcionalidade Há para o administrador o dever de adequação e proporcionalidade entre meios e fins. O meio deve ser proporcional ao fim Exemplo: Fiscal da Vigilância Sanitária encontra salsichas estragas em carrinho de cachorro- quente. Em vez de aprender a mercadoria e autuar o comerciante, saca um 38 e dá-lhe um tiro entre os olhos. 3. Controle Judicial dos atos administrativos - Decorre de princípio do Art. 5º, XXXV, Constituição Federal. XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário, lesão ou ameaça a direito; - É a inafastabilidade da prestação jurisdicional - Por força deste princípio, o poder judiciário pode anular ato administrativo. Resumo Legalidade Impessoalidade Explícitos Moralidade Publicidade Princípios Eficiência Continuidade do Serviço Publico Implícitos Razoabilidade ou Proporcionalidade Controle Judicial dos Atos Administrativos 8 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA São 3 os conceitos principais conceitos de Administração Pública: 1. Residual ou negativista A administração pública é atividade ou função do Estado não compreendida nas funções legislativa e judiciária. - Não é bom porque define a coisa pelo que não é, pelo que sobra. 2. Subjetivo, formal ou orgânico. A administração pública refere-se às pessoas e aos órgãos administrativos. Nesse conceito a administração pública se escreve em maiúsculas: Administração Pública. 2. Objetivo, material ou formal. A administração pública é função administrativa. Neste conceito, a administração pública é função, atividade e não pessoas. Escreve-se “: administração pública”. CONCEITO DE DESCONCENTRAÇÃO É a repartição de funções entre os vários órgãos na mesma Pessoa Jurídica. A União, Estados, Municípios, DF, são pessoas jurídicas que se dividem em órgãos. A desconcentração é associada à administração pública direta, mas isso não está totalmente correto. Também pode ocorrer na administração pública indireta. A administração pública direta é composta pelas pessoas jurídicas políticas, que são a União, os Estados, os Municípios e o DF e também pelos órgãos que as integram. Os órgãos são núcleos de competência estatais. Dividem-se em cargos exercidos por agentes. Os órgãos não tem personalidade jurídica, não atuam em próprio nome, toda a ação é da pessoa jurídica. Quando o Ministério da Educação age, quem age é a União. Por não terem personalidade jurídica, não possuem patrimônio. Exemplo: Caminhão utilizado pela Secretaria de Obras do município é de propriedade do município. Os órgãos são sempre criados por lei, de iniciativa exclusiva do chefe do executivo. Mediante decreto, é possível se alterar a organização e funcionamento do órgão. 3. 2. Função Administrativa Aplicar a lei ao caso concreto no interesse público, sob regime jurídico público. 9 Exemplo: Mudar o nome do órgão, realocar cargos, alterar hierarquia interna e externa. Este decreto só pode ser editado se não resultar em aumento de despesa. Exemplo ocorrido recentemente: A Corregedoria da Polícia Civil, que se reportava à própria Polícia Civil, por questões de independência e eficiência, passou a se reportar à Secretaria de Segurança Pública de São Paulo. 27/08 /12 CLASSIFICAÇÃO DOS ÓRGÃOS (segundo Hely Lopes Meirelles) Quanto à posição na estrutura estatal Independentes: Têm origem na Constituição Federal e estão apenas a ela subordinados. Exemplo: Presidência da República. Autônomos: Têm autonomia para planejamento e coordenação. Exemplo: Ministérios. Superiores: Têm funções de direção e chefia. Exemplo: Divisões e Departamentos. Subalternos: São os que executam as ordens. Exemplos: Seções. Quanto à estrutura Simples ou unitários: São os que têm um único centro de competência. Exemplo: Presidência da República. Compostos: São compostos por uma série de órgãos menores que têm todos a mesma função ou funções auxiliares. Exemplo: Secretarias de Segurança Pública, Secretarias de Educação, etc. Decreto: Ato administrativo editado pelo chefe do poder executivo. Secretaria de Segurança Pública Polícia Científica Polícia Militar Polícia Civil Corregedoria Corregedoria 10 Quanto à atuaçãofuncional Singulares ou unipessoais: São aqueles em que as decisões são tomadas por uma única pessoa, titula do órgão. . Exemplo: Presidência da República. Colegiados ou pluripessoais: São aqueles em que as decisões são tomadas por mais de uma pessoa, sempre por maioria. Exemplo: Tribunais administrativos, Conselhos de Contribuintes, Comissões de licitação. Princípio da hierarquia ou poder hierárquico É o poder do superior em relação ao subordinado e que tem por objetivo organizar a administração pública. Poderes hierárquicos presumidos (independem de previsão legal) 1. Poder de dar ordens e dever de obedecer. - A não obediência resulta em processo administrativo disciplinar, a não ser que a ordem seja manifestamente ilegal. - Se cumpre uma ordem manifestamente ilegal, assume a ilegalidade. 2. Poder de fiscalizar o cumprimento das ordens. - Poder de rever os atos dos subordinados. - Pode anular ou revogar os atos administrativos dos subordinados, com os quais não concorde. 3. Poder de delegar e avocar competências. - Avocar é chamar para si a competência. Descentralização É a repartição de funções entre pessoas jurídicas diversas e é associada à administração indireta. Administração Indireta é o conjunto de pessoas jurídicas criadas ou mantidas pelo Estado para o desempenho das funções previstas em lei. Prestação de serviços públicos (Art. 175, Constituição Federal) Exploração de atividade econômica (Art. 173, Constituição Federal) Compõe a administração indireta: - Autarquias - Fundações - Empresas públicas - Sociedades de economia mista 11 Tutela ou supervisão ministerial É o poder de controle da administração direta em relação à administração indireta, sempre nos expressos termos da lei. Não há hierarquia entre a administração direta e a indireta. “Exemplo-piada”: a esposa em relação ao marido Poderes de controle normalmente previstos na tutela ministerial 1. Político É o poder de escolha e destituição do dirigente da administração indireta pelo da administração direta. - Exemplo: O Presidente da República pode nomear ou destituir o presidente do INSS, mas não pode dar-lhe ordens, já que não há hierarquia. 2. Administrativo-financeiro - Financeiro – controle das contas da Administração Indireta pela Administração Direta. - Administrativo – é tanto de legalidade como de mérito dos atos administrativos praticados pela Administração Indireta. Em ato ilegal inconveniente ou inoportuno (mérito) a Administração Direta pode rever atos da Administração Indireta. Quando há Controle Administrativo, há o que se chama de Recurso Hierárquico Impróprio. O cidadão que se sente prejudicado por um ato administrativo, de um departamento, por exemplo, pode interpor um recurso hierárquico impróprio. É chamado impróprio porque não há hierarquia entre a Administração Direta e a Administração Indireta. Presidência da República Ministério Departamento 12 Autarquias (do grego: autós + archia administração própria) É uma pessoa jurídica, por isso tem administração própria. Características 1. Pessoa jurídica de direito público, sempre criada e extinta por lei específica, sendo que a lei é de iniciativa exclusiva do chefe do executivo. 2. Tem por objeto sempre uma atividade administrativa para prestar serviço público, exercer poder de polícia, ou atividade de fomento. Nunca pode exercer atividade econômica. Os atos e contratos da autarquia são atos e contratos administrativos e deve haver sempre licitação. Questão do patrimônio As autarquias são pessoas jurídicas distintas da Administração Direta. Têm personalidade jurídica e, portanto, têm direito de propriedade. Seu patrimônio é próprio, não se confunde com o da Administração Direta. É também sempre considerado patrimônio público: impenhorável, imprescritível e inalienável. Em regra, não pode ser vendido ou doado. 03/09/12 Autarquias Regime de pessoal É o estatutário, se aplica aos servidores um estatuto. O estatuto está previsto em lei que regulamenta da entrada à saída. Na empresa privada é contratual, se aplica o contrato e a CLT. Há concurso público São considerados servidores públicos Responsabilidade civil da Autarquia Quando a autarquia causa danos é responsabilidade civil objetiva e é direta. Independe de prova. É direta porque quando se é lesionado por uma autarquia, não se processa o ente da Administração Direta, mas a própria autarquia. Exemplo: o INSS e não a União. A responsabilidade civil da autarquia é direta, mas a responsabilidade civil da Administração Direta é subsidiária. Exemplo: A União perante os atos do INSS. Sempre que faltar patrimônio para a autarquia responder pelo dano, a Administração Direta responde. 13 Prerrogativas especiais da autarquia Imunidade tributária As autarquias são imunes a certos tributos. Art. 150, § 2º, Constituição Federal Imunidade de impostos apenas sobre o patrimônio, renda e serviços, vinculados às suas finalidades essenciais. Se não vinculadas às atividades essenciais, incide imposto. Exemplo: Imóveis recebidos em pagamento e não utilizados para a finalidade essencial incide IPTU. Prerrogativas processuais Maior prazo: quatro vezes mais para contestar e duas vezes mais para recorrer (mesmo prazos que a Fazenda Pública). Reexame necessário de ação perdida em 1ª instância. - Se você não recorre no prazo para a 2ª instância, transita em julgado. - Se a autarquia perde em 1ª instância só transita em julgado após reexame de 2º grau. Pode promover a execução fiscal dos créditos. Dívidas, em regra, prescrevem em 5 anos. Crédito gerado por lesão ao patrimônio (Art. 35, §5º, Constituição Federal) da autarquia é imprescritível. Classificação das autarquias 1. Quanto ao âmbito federativo: federais, estaduais, distritais e municipais. 2. Quanto ao regime jurídico: - Comum: é tudo que se viu até aqui. Exemplos: INSS, IBAMA, INCRA, CFM, CRM, CREA, etc. - Especial: maior autonomia que as de regime comum; se dá porque existe mandato fixo quanto a seus dirigentes: se nomeia, mas cumpre o mandato pelo prazo previsto em lei. Exemplo: Universidades públicas, BACEN, Agências reguladoras (ANATEL, ANAC, ANVISA, ANEEL, ANP, etc.). E a OAB? Sempre foi entendida na doutrina e jurisprudência como autarquia de regime especial. Decisão do Supremo Tribunal Federal em 2006 aponta que é um serviço sem paralelo com nada: não é autarquia, não é fundação, não tem vínculo com nada. É um ente sui generis. Prerrogativas - Pode mover ADI - Tem todas as prerrogativas das autarquias e nenhum dos controles. - Anuidade é considerada um tributo - Não existem limites como prestar contas, tutela. Para o Supremo Tribunal Federal não é mais considerada Autarquia de Regime Especial 14 Agências Executivas É uma qualificação dada a uma autarquia, uma fundação, ou um órgão da Administração Pública que celebre contrato de gestão com um ente da administração pública e tenha plano estratégico de reestruturação. É um selo dado a uma autarquia, fundação, ou organização da administração pública direta. Único benefício de ser agência executiva: Tem um limite de dispensa de licitação maior que na administração pública. Só há uma agência executiva: o INMETRO. (logo, não é útil). Fundações É a pessoajurídica criada pela destinação de um patrimônio a uma finalidade. São 3 as espécies: 1. de direito privado, criada pelo particular – Não é assunto do Direito Administrativo 2. de direito privado, criada pelo Estado 3. de direito público, criada pelo Estado Fundação de Direito Público Fundação pública Autarquia fundacional Têm as mesmas características das autarquias. Fundação de Direito Privado criada pelo Estado São pessoas jurídicas de direito privado. Também recebem o nome de fundações governamentais. Criadas após autorização por lei específica. A lei só autoriza criação, enquanto na autarquia a lei cria. O que cria a fundação é a escritura pública registrada em cartório, só após o que surge sua personalidade jurídica. As fundações são criadas e extintas por autorização de lei específica. O objeto á a atividade administrativa ou sem fins lucrativos de natureza cultural, social ou de fomento. Fundação (2 e 3) sempre celebra contratos administrativos, sujeitos á licitação. O patrimônio é próprio, mas privado: penhorável, prescritível e alienável. São as que nos interessam nesta matéria Ou ainda: Na autarquia, a própria lei determina a personalidade jurídica. Exceção: Se presta serviço público, todos os bens ligados ao serviço público são considerados bens públicos. 15 Regime de Pessoal da Fundação de Direito Privado criada pelo Estado Sempre contratual CLT Apesar disso, exige-se concurso público. Responsabilidade Civil da Fundação de Direito Privado criada pelo Estado Se prestar serviço público: responsabilidade civil objetiva Se não: responsabilidade civil subjetiva Prerrogativas Processuais da Fundação de Direito Privado criada pelo Estado Não se aplicam as das autarquias. Se aplica imunidade tributária (Art. 150, § 2º, Constituição Federal) 10/09/12 Empresas públicas e sociedades de economia mista Características comuns Personalidade: São pessoas jurídicas de direito privado. - não significa que não tenham controle estatal. - têm a criação e extinção autorizadas por lei específica. Têm por objeto a prestação de um serviço público ou a exploração de uma atividade econômica. - Serviço público: Art. 175, Constituição Federal - Atividade econômica: Art. 173, Constituição Federal. É exceção. Constituição Federal prevê Exemplo: Petróleo relevante interesse coletivo e segurança nacional O Ministério Público tem fiscalização sobre a Fundação de Direito Privado criada pelo Estado? (Sobre a Fundação de Direito Privado criada pelo particular, tem) Maioria da doutrina diz que não, porque existe supervisão ministerial. Na prática, em São Paulo, o Ministério Público fiscaliza. Como se define o regime das Fundações de Direito Público ou Privado criadas pelo Estado? Só dá para saber pela lei: se a criou é pública; se a autorizou é privada. 16 Segurança nacional: Hipótese em que não exista indústria de material bélico e os impostos sejam muito altos. Interesse coletivo: setores em que a iniciativa privada não consegue sozinha atender a interesses da sociedade. Exemplo: bancos públicos. Os contratos têm que ser licitados? Sim. A Constituição Federal não aponta dispensa de licitação. Só que a Constituição Federal prevê regulamento com sistema próprio de licitação. A lei ainda não foi feita. Há entendimento doutrinário e jurisprudencial de que é obrigatório licitar apenas para as atividades meio (não fim). Exemplo: Contratação de serviços de limpeza - Para atividade fim não há obrigatoriedade de licitação - Lógica: Não funcionaria como empresa, no mercado, na livre-concorrência. O patrimônio é próprio e os bens são considerados privados: penhoráveis, prescritíveis e alienáveis. Se os bens forem usados para a prestação de serviço público, são impenhoráveis, imprescritíveis e inalienáveis. Regime de pessoal das Empresas públicas e sociedades de economia mista Seletista, contratual, CLT. Mas os contratados devem ser aprovados em concurso público Responsabilidade Civil das Empresas públicas e sociedades de economia mista Se presta serviço público responsabilidade civil objetiva Se não presta serviço público responsabilidade civil subjetiva Características Específicas Empresas Públicas Sociedades de Economia mista Capital Social 100% público Público (>50%) e privado Forma societária Livre SA Competência processual Justiça Federal (Art. 109, CF) Se federal, Art. 109 ñ previu. Justiça Estadual Se Estaduais ou municipais, varia. Empresa Pública federal. Exemplo: CEF, Correio. 17 Poderes da administração 1. Discricionário 2. Vinculado 3. Hierárquico 4. Disciplinar 5. Normativo 6. de Polícia (1 e 2, veremos em detalhes mais tarde) 3. Poder Hierárquico É o princípio da hierarquia, quando há desconcentração. Ver ponto específico na pág. 11. 4. Disciplinar É o poder de apurar e punir as infrações disciplinares, sejam elas funcionais ou não. Nem sempre as falhas disciplinares são funcionais, pois pode haver relação com não funcionários, portanto, não no exercício das funções. Se você retira o livro na biblioteca pública, pode ser punido se não devolvê-lo. Alunos de escola pública que recebem punições disciplinares. Características do poder disciplinador 1. É interno, não se aplica a particulares (segundo boa parte da doutrina), terceiros estranhos àquela relação jurídica. 2. É vinculado quanto à aplicação da sanção se for verificada a infração. 3. - Verificou a sanção a punição é obrigatória, ou será crime de prevaricação. 4. É discricionário quanto ao tipo de punição e a sua graduação. Há margem de liberdade para a escolha do tipo de sanção, definida em lei. Dois critérios: conveniência e oportunidade. 5. Poder Normativo É o poder de editar atos normativos, normas gerais e abstratas que se aplicam a todos indistintamente. É poder regulamentar, exercido sempre para a edição de decretos regulamentares, voltados à fiel execução da lei. É privativo ao chefe do poder executivo e indelegável 18 17/09/12 6. Poder de Polícia 1. Prof. Hely L. Meirelles É a faculdade de que dispõe a administração pública para condicionar e restringir o uso e gozo de bens, atividades e direitos individuais em benefício da coletividade ou do próprio Estado. 2. Profª. Maria Silvia Zanella di Pietro Atividade do estado consistente em limitar o exercício dos direitos individuais em benefício do interesse público. Condiciona direitos de liberdade e propriedade Pode ser exercido por vários órgãos. Não significa necessariamente os órgãos de polícia. Poder legislativo (não para o Prof. Hely) Restrição Administração pública (é o que nos interessa) Polícia administrativa O art. 78 do Código Tributário nacional prevê poder de polícia Tipos de polícia 1. Polícia Administrativa é sempre preventiva 2. Polícia Judiciária é repressiva. Este critério é muito utilizado, mas não é muito bom. Porque há órgãos da administração pública que exercem ambas, preventiva e repressiva, polícia mista. Exemplo: Polícia Militar, em regra preventiva, mas pode ser repressiva. Outro critério MELHOR Quanto ao tipo de direito aplicável - A Polícia administrativa se rege pelo Direito Administrativo - A Polícia judiciáriase rege pelo Direito Penal e Processual Penal 19 3º critério Quanto ao órgão que exerce o poder de polícia - A Polícia administrativa é exercida por toda a administração pública, inclusive a PM e GCM - A Polícia judiciária é exercida por órgãos, corporações específicas. Polícia Civil, Polícia Federal e, por exceção, a PM (inquérito policial militar, CPP militar) Características do poder de polícia 1. Discricionariedade. É sempre discricionário, normalmente há margem de liberdade para o administrador público, escolhendo uma dentre algumas soluções possíveis oferecidas pela lei. A discricionariedade tem uma exceção: a licença, porque é sempre vinculada, ou seja, não há margem para liberdade. 2. Exigibilidade. (a ser visto em “atos administrativos”) 3. Autoexecutoriedade (a ser visto em “atos administrativos”) Limites do poder de polícia 1. Deve atender a todos os requisitos do ato administrativo 2. Diz respeito à proporcionalidade e razoabilidade: o meio deve ser adequado ao fim. 3. Deve-se usar o meio menos gravoso para o partícula, dentre os suficientes para resolver a questão. Atos Administrativos Prof. Celso Antônio Bandeira de Melo É a declaração do Estado ou de quem lhe faça as vezes, no exercício das prerrogativas públicas, manifestada mediante providências jurídicas complementares da lei, a título de lhe dar cumprimento e sujeita a controle de legitimidade por órgão jurisdicional. “... quem lhe faça as vezes” Exemplos: Cartórios extrajudiciais, registros, etc. “... exercício de prerrogativas públicas” Só existe no ato administrativo, não no Direito Privado. “... providências jurídicas complementares à lei” Ato administrativo, base da pirâmide de Kelsen. “... controle de legitimidade por órgão jurisdicional” deve respeitar a lei, o que se controla pelo judiciário. Ato administrativo é uma ação que gera efeitos jurídicos. Ação exige vontade. 20 Fato administrativo é o acontecimento que gera efeitos jurídicos. Quando houver um contrato administrativo, tem-se um negócio jurídico e não um ato administrativo. Atributos ou características do Ato Administrativo 1. Presunção de legalidade (legitimidade) e veracidade 2. Imperatividade 3. Exigibilidade 4. Autoexecutoriedade 5. Tipicidade Atributos? P – E – I – T – Au 24/09/12 1. Presunção de legalidade (legitimidade) e veracidade Legitimidade – significa que o ato administrativo, quando editado, se presume conforme a lei. Veracidade – Significa que os fatos alegados como motivo para a prática do ato administrativo, presumem-se verdadeiros. Isso não existe no mundo privado. Exemplo: Multa por passar no sinal vermelho. 1ª consequência: Inversão do ônus da prova. “Iura novit curia”. É presunção relativa, admite prova em contrário (a absoluta, não) 2ª consequência: O ato administrativo, quando editado, presume-se conforme a lei. Por isso, gera efeitos até que seja invalidado. Três motivos 1. A administração deve agir de modo célere 2. Legalidade. A administração pública só faz o que está previsto em lei. A regra é, portanto, que aja conforme a lei. 3. Controle pelo judiciário. 2. Imperatividade É o poder de o ato administrativo ser imposto, independentemente da concordância do seu destinatário. 21 3. Exigibilidade ou coercibilidade É o poder do ato administrativo de ter o seu cumprimento exigido sob ameaça de sanção, que independe do poder judiciário. 4. Autoexecutoriedade O poder de execução material direta do ato administrativo pela administração pública, independentemente do poder judiciário. Exemplos; Guinchar carro em local proibido; apreensão e destruição de comida estragada e eventual fechamento do estabelecimento. Dois requisitos: 1º - Autorização legal expressa. Exemplos: Atos do poder de polícia, demolição de prédio irregular, apreensão de mercadorias ilegais. 2º - Medida Urgente. Exemplos: demolição de prédio irregular que ameace ruir, dispersão de manifestação que se torne vandalismo. 5. Tipicidade O ato administrativo deve corresponder a figuras previamente definidas pela lei como aptas a produzir o resultado desejado. Não pode praticar atos atípicos ou inominados - Atípico não previsto em lei - Inominado que não tem nome - Na Exigibilidade há coerção indireta. - Na Autoexecutoriedade a coerção é direta, inclusive – se necessário – pelo uso da força. - Não há autoexecutoriedade em multas e tributos. - O ato que impõe a multa e o tributo não tem autoexecutoriedade, execução direta, depende necessariamente do poder judiciário. 22 Elementos, requisitos ou pressupostos do ato administrativo. Fazem com que o ato administrativo exista e seja válido. 1º Competência ou sujeito 2º Objeto 3º Forma 4º Motivo 5º Finalidade COM – FOR – FI – MO – OB 1º Competência ou sujeito Sujeito é o agente que tem competência por conta da lei. Competência é o conjunto de atribuições das pessoas jurídicas dos órgãos e dos agentes fixadas pelo direito positivo. Características: 01/10/12 Os quatro vícios de competência 1. Incompetência: significa dizer que o ato não esta nas atribuições legais do agente. O ato será anulável. 2. Excesso de Competência ou Excesso de Poder: o agente ultrapassa os limites de sua competência. É uma espécie de abuso de poder. O ato será anulável. 3. Usurpação de função (art. 328,CP): o sujeito age sem ter qualquer relação com o cargo. O ato é inexistente. 4. Função de fato ou Teoria do Funcionário de Fato: quando o agente tem um ingresso ou permanência irregular no cargo. O ato será valido, desde que estejam presentes 3 requisitos: 1) deve haver aparência de legitimidade na investidura do agente 2) deve haver boa-fé do administrador 3) o ato administrativo deve ser regulador nos demais aspectos. Obs. o ato será valido por questões de segurança jurídica, economia. Obs2: o ato será nulo caso não haja aparência de legalidade. - irrenunciável (Art. 11, Lei 9.784/99 - improrrogável: é intransferível - Admite delegação e avocação, delega-se autoridade e responsabilidade (Arts. 13 a 15, Lei 9.784/99) 23 (continuando elementos, requisitos ou pressupostos do ato administrativo) 2º Objeto É o comportamento do ato administrativo, ou seja, aquilo que o ato administrativo dispõe. Requisitos para que o objeto seja regular: 1. Lícito / Moral 2. Ser Possível 3. Ser determinado ou determinável Obs. quando há vício de objeto, o ato administrativo é nulo. 3º Forma Primeiro sentido: é o modo de exteriorização do ato. Em regra, ele pode ser escrito, verbal, gestos, sinais luminosos ou placas. Segundo Sentido: diz respeito às formalidades legais para constituição de ato administrativo. -Quando há vícios de forma o ato será anulável, exceto em 1 situação: no caso em que for essencial, o ato, o ato será nulo. 4º Motivo É a situação de FATO que determina ou autoriza a prática do ato administrativo. Caso o motivo seja inexistente ou falso, o ato será nulo O motivo não se confunde com motivação, pois a motivação é a exposição escrita dos motivos. Em regra, a motivação seja obrigatória no art. 2 e 50, LPA (9784/99). Casos que a lei exige a motivação, a motivação virá de formalidade essencial. Quando aos motivos que diz respeito à teoria dos motivos determinantes: Def. a validade do atoadministrativo se vincula aos motivos alegados como seu fundamento. Obs. Caso o motivo seja inexistente ou falso, o ato será nulo. Lei 9784/99 Art. 2 o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de: I - atuação conforme a lei e o Direito; II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a renúncia total ou parcial de poderes ou competências, salvo autorização em lei; 24 III - objetividade no atendimento do interesse público, vedada a promoção pessoal de agentes ou autoridades; IV - atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé; V - divulgação oficial dos atos administrativos, ressalvadas as hipóteses de sigilo previstas na Constituição; VI - adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público; VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a decisão; VIII – observância das formalidades essenciais à garantia dos direitos dos administrados; IX - adoção de formas simples, suficientes para propiciar adequado grau de certeza, segurança e respeito aos direitos dos administrados; X - garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de alegações finais, à produção de provas e à interposição de recursos, nos processos de que possam resultar sanções e nas situações de litígio; XI - proibição de cobrança de despesas processuais, ressalvadas as previstas em lei; XII - impulsão, de ofício, do processo administrativo, sem prejuízo da atuação dos interessados; XIII - interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação. CAPÍTULO XII DA MOTIVAÇÃO Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções; III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública; IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório; V - decidam recursos administrativos; VI - decorram de reexame de ofício; VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais; VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo. 25 § 1 o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato. § 2 o Na solução de vários assuntos da mesma natureza, pode ser utilizado meio mecânico que reproduza os fundamentos das decisões, desde que não prejudique direito ou garantia dos interessados. § 3 o A motivação das decisões de órgãos colegiados e comissões ou de decisões orais constará da respectiva ata ou de termo escrito. Teoria dos motivos determinantes A validade dos atos administrativos se vincula aos motivos alegados com o seu fundamento. Se o motivo alegado for falso e inexistente, o ato administrativo é nulo. A aplicação principal diz respeito aos atos que não precisam ser motivados, mais acabam sendo. Ex 1: exoneração “ad nutum” – precisa de motivação Ex 2: Cargo comissionado - a exoneração é livre, pode o presidente exonerar um ministro quando quiser sem dar justificativa. Caso o administrador fundamente os seus motivos e estes forem falsos, pode aquele que sofreu a exoneração impugná-la e voltar para o seu respectivo cargo. Se escolher o motivo, ele tem que ser verdadeiro. Ad nutum Expressão latina, derivada de nuto, de nutare (mostrar por meio de sinais). Designa em Direito Administrativo a dispensa de funcionário público não estável, mediante um gesto, ou seja, sem maiores exigências legais. Cargos ad nutum são aqueles preenchidos com base em confiança, sendo, portanto, chamados de cargos em comissão, de livre preenchimento e exoneração. A exoneração pode ser ad nutum, porém a demissão, por ser penalidade, jamais será efetivável desta forma, exigindo-se processo administrativo disciplinar. Há, todavia, discussão na doutrina mais moderna sobre se a positivação do princípio da motivação não teria exigido a necessidade de justificação também para a exoneração ad nutum. Se tal for a orientação adotada, deve-se atentar para a teoria dos motivos determinantes, que transforma um ato discricionário de exoneração em vinculado no tocante à veracidade dos motivos alegados. Exemplo: o presidente da república pode exonerar o ministro da saúde, sem dar justificativa.Mas se escolher em o motivo da exoneração, o motivo tem que ser verdadeiro, sob a pena de nulidade da exoneração. 26 5º Finalidade É o resultado que a administração quer alcançar com o ato administrativo, ou seja, o fim que a administração quer. Pode ser em sentido amplo ou estrito. Amplo: é o interesse público Finalidade Estrito: é o fim previsto explicito ou implicitamente na lei para o ato administrativo. Exemplo: transferência de servidor para outro Estado. Se utilizar a transferência como modo de punição, haverá o vício de finalidade (desvio de finalidade ou desvio de poder). O ato é nulo. O desvio de finalidade é uma espécie de abuso de poder. RESUMO DE ABUSO DE PODER -EXCESSO DE PODER ABUSO DE PODER -DESVIO DE FINALIDADE/PODER 22 e 29/10/12 Discricionariedade e vinculação Vinculação se dá quando a lei regula todos os aspectos da atividade administrativa, sem deixar opções para o administrador, ou seja, para cada situação só existe uma solução válida, daí o termo vinculação. Discricionariedade se dá quando a lei não regula todos os aspectos da atividade administrativa, deixando margem de liberdade para o administrador, que pode escolher uma dentre várias opções possíveis. Critérios para escolha: conveniência oportunidade 27 Por conta da discricionariedade o administrador pode escolher se pratica ou não o ato administrativo, o local e ainda o tipo de providência aplicada. A discricionariedade se relaciona com o mérito do ato administrativo. Analisar o mérito do ato administrativo é saber se ele é conveniente e/ou oportuno. Discricionariedade não se confunde com arbitrariedade pois as opções foram definidas por lei. A arbitrariedade não é opção para o administrador, não é prevista em lei, é a própria ilegalidade. Exemplo: A lei não diz onde irá instalar uma creche, então o ato administrativo deve prever o local de sua instalação, considerando os critérios de oportunidade e conveniência. Elementos do ato administrativo Elementos vinculados Elementos discricionários Vinculados Competência – é vinculado, não existe margem para liberdade. Compete só ao agente. Forma – é vinculado, mas tem divergência doutrinária. Se a lei não disciplina, a forma é livre. Se a lei determina, a forma é vinculada. A posição majoritária é que é vinculado. Finalidade – é vinculado. O desvio de finalidade é um vício. O legislador não tem liberdade para finalidade. RELEMBRANDO: Elementos do Ato Administrativo 1º Competênciaou sujeito 2º Objeto 3º Forma 4º Motivo 5º Finalidade COM – FOR – FI – MO – OB 28 Discricionários Motivo Objeto Porque envolvem mérito Depende da lei se irá trazer a discricionariedade ou não. EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS Pode ocorrer de 04 formas: 1) Extinção natural: ocorre quando o ato cumpre seus efeitos. Ex: a administração autoriza as férias do servidor, então quando acabam as férias é se extingue naturalmente. 2) Desaparecimento do sujeito ou do objeto Suponha que a administração pública permita determinado que morre. Não pode ser transferido a outro porque é ato personalíssimo Suponha que a administração pública verifica que uma lanchonete está vendendo comida estragada, mas antes de interditar o estabelecimento rui. 3) Retirada do ato administrativo – 5 espécies - Revogação - Invalidação - Cassação - Caducidade - Contraposição Cassação: é a extinção do ato administrativo pelo descumprimento das condições necessárias para a manutenção do ato. Exemplo: A Prefeitura emite um Alvará de Funcionamento para um Hotel, que na realidade é uma casa de jogos de azar, nesse caso, quando houver fiscalização o direito concedido será suspenso por descumprimento. Caducidade: é a extinção do ato administrativo por superveniência de uma norma que torna inadmissível uma situação antes permitida. Exemplo: Bingo – antes era permitido havia licença para estabelecimentos de jogo de bingo, mas a legislação mudou e agora são ilícitos (é extinto por caducidade). M otivo É R I T O bjeto 29 Contraposição: é a extinção do ato administrativo pela pratica de um ato com efeitos contrapostos ao primeiro. Exemplo: A administração pública nomeia um servidor, porém, por algum motivo ele não passou no estágio probatório, então ocorre a exoneração. Os atos são contrapostos, pois a exoneração é um ato contraposto a nomeação anteriormente concedida. Tipos: Revogação Invalidação Ato administrativo válido discricionário Inválido (nulo/anulável) Discricionário ou vinculado Motivo Inconveniência Inoportunidade Ilegalidade (tanto faz se o ato é discricionário ou vinculado) Decisão Discricionária Envolve uma decisão - vinculada Competência Administração pública Administração pública autotutela Poder judiciário Efeitos Ex NUNC Ex TUNC - ex: a adm multa e posteriormente a decisão é invalidada e tudo aquilo que foi praticado é nulo. Prazo Não há prazo 5 anos (art. 54 da lei 9.784/99 Exceção - Não pode atingir direito adquirido - Pode ser convalidação ( é o ato adm que supre os vícios de outro). - Ato administrativo consumado Ato com efeitos retroativos (quando convalida, corrige o vicio) Exemplo: férias depois de gozadas Tudo aquilo que foi praticado é lícito - Ato administrativo enunciativo - Pode não ser convalidação: caso o ato administrativo São espécies de atos que meramente Se nulo, não cabe convalidação. declaração de uma situação que já ocorreu Só será admitida a convalidação quando nos vícios. Ex: Certidões, atestados, pareceres, apostilas e registros No vício de objeto, por exemplo, não cabe convalidação porém cabe a conversão (troca do objeto invalido por um objeto valido) 30 05/11/12 (continuação de extinção dos atos administrativos) 4) Renuncia É a extinção do ato administrativo que se dá quando o beneficiário abre mão da vantagem de que desfrutava. Responsabilidade Civil do Estado É a obrigação que o Estado tem de reparar os danos que causar a terceiros. Assim como na responsabilidade civil privada, pode ser contratual ou extracontratual. O que interessa para o direito administrativo é a forma extracontratual (É a responsabilidade civil decorrente de todos os dados que não envolvam contrato). Teorias da Responsabilidade Civil do Estado 1 – Teoria da Irresponsabilidade Estatal: Primeira que vigorou no direito administrativo, antes da Revolução Francesa que tinha de modo geral o absolutismo (todo o poder deriva de Deus, então não podia controlar o Rei porque ele tem o poder que deriva de Deus. No início o Estado não respondia). Nessa teoria, o Estado não responde, mas seu funcionário, sim. Como o funcionário tinha pouco poder aquisitivo, sendo assim, aquele que tinha que ser indenizado acabava não sendo. Após a Revolução Francesa, todo o poder emanava do povo e era exercido por seus representantes. O Estado pode errar, tem o princípio da igualdade (todos que causarem danos serão responsabilizados, inclusive o Estado). O Estado age em conformidade com a lei, quando causa dano a terceiro age de forma ilegal, então deve responder. Essa teoria de irresponsabilidade foi mantida até o Século XIX. Surgindo então a segunda teoria. Extinção dos Atos Administrativos Extinção natural Desaparecimento do sujeito ou do objeto Retirada do ato administrativo Renuncia 31 2 – Teoria Civilista, Teoria da Culpa Civil ou Teoria da Responsabilidade Civil Subjetiva Aderiu às previsões do direito civil ANTES: Conduta (ação/omissão) Dano Nexo Causal Culpa (sentido amplo: dolo e culpa em sentido estrito > Imprudência, negligência e Imperícia) O Estado responde desde que se comprove a culpa do funcionário. Antes precisava encontrar, identificar o funcionários que causou o dano, para comprovar então o dolo e a culpa que não era uma missão fácil e a vítima ficava sem a devida indenização. 3 – Teoria Publicista da Responsabilidade Civil do Estado Partimos da Irresponsabilidade Estatal passou pela teoria civilista (pelo direito privado) e agora Teoria Publicista (direito estatal). Temos, então, 02 (duas) fases teoria da culpa administrativa: 1ª fase: culpa anônima do serviço “faute du service” Elementos: Conduta Dano Nexo Causal Culpa do serviço Não tem que achar o funcionário, isso não é importante. O que importa é que o serviço não funcionou, funcionou de forma mal ou atrasada. Esta lidando com o fato que o serviço deveria ter funcionado de forma regular, mas não funcionou. Sempre há violação a padrões médios esperados. Se houver atraso, ou alguma outra deficiência, há culpa. Tem que provar a violação, responsabilidade subjetiva, caso não prove não há indenização pelo Estado. 32 2ª fase: Teoria do risco responsabilidade civil objetiva Tem dois fundamentos básicos: Baseia-se no risco da atividade. A premissa é de que atividade do Estado gera um risco para o cidadão. Determinadas atividades geram um risco maior. Então assumem uma responsabilidade maior. Solidariedade social – Não se fala em culpa no serviço, apenas comenta-se houver: (i) dano, (ii) nexo causal e a (iii) conduta. Caso prove, estes três itens, o Estado será obrigado a indenizar, sendo mais favorável a vítima. Responsabilidade civil objetiva. O risco tem duas espécies: - Risco Integral: Não se admitem excludente da responsabilidade civil, ou seja, responde integralmente por tudo. - Risco Administrativo: é admitida excludente de responsabilidade civil. No Brasil, adota-se a teoria do risco administrativo, em determinadas situações admite-se o excludente da responsabilidade civil do Estado. Excludentes da responsabilidade civil objetiva do Estado 1 – Força maior. Exemplo: Furação que destrói tudo exclui o nexo causal. 2 – Culpa de terceiros: o ato não é causado por ação ou omissão do Estado. Tem algumas situações excepcionais que não excluem relação de custódia.Exemplos: O agente que está na custódia (guarda) do Estado e morto na cadeia, o Estado deveria cuidar, zelar por ele, sendo assim, devido a morte é obrigado a indenizar seus familiares. Mão deixa filho na escola pública e coleguinha o espanca até a morte (ô exemplozinho cruel...). Ferrari é apreendida pela Receita Federal e alguém põe fogo no depósito (esse exemplo, eu até gostei...). 3 – Culpa exclusiva da vítima. Exemplo: Suicídio sobre ou sob um carro de polícia A culpa exclusiva só é excluída quando houver culpa concorrente, não havendo a exclusão da responsabilidade civil. Pode atenuar a responsabilidade civil, mas nunca excluí-la. Há a compreensão de culpa – Art. 945 CC (“Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano”). Exemplo: Você atravessa no sinal vermelho; uma viatura de polícia em alta velocidade, sem motivo para isso, bate no seu carro. Não se exclui, mas se atenua a responsabilidade civil do estado. 33 Responsabilidade civil objetiva (Regra no Brasil) Responsabilidade civil objetiva CF - Art. 37 A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: § 6 As pessoas jurídicas de direito público ou de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade*, causarem a terceiros, assegurando o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. Significa que o dano que for causado em razão do agente ser funcionário, ou seja, agente público, pouco importa se ele está no exercício de suas funções ou não. Exemplos: Se o policial dirige a viatura e há uma batida, existe responsabilidade civil objetiva. Se o policial está de folga, e fica com a arma da corporação. O policial envolve-se em uma briga e mata alguém, existe responsabilidade civil objetiva . Para que haja a responsabilidade objetiva, não há necessidade de o agente estar em serviço. Ao não exigir culpa, a responsabilidade é objetiva elementos da responsabilidade civil do Estado. Respondem objetivamente Pessoas jurídicas de direito público (União, Estado, Distrito Federal e Municípios), além das autarquias e fundações públicas; Concessionárias: prestam serviço público, ou seja, exercem a atividade econômica. Exemplo: fundações de direito privado autorizadas pelo Estado, empresas públicas e sociedades de economia mista. Quando, eventualmente, a pessoa jurídica de direito privado não presta serviços públicos, depende se haverá a responsabilidade objetiva. Conforme a CF não responde. Empresas públicas e sociedades de economia mista podem explorar atividade econômica e não prestar serviço público: Petrobras, Banco do Brasil Caixa Econômica Federal – caso trate- se de danos ambientais, haverá a responsabilidade objetiva. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO POR OMISSÃO Duas correntes: 1) Defende que é objetiva (Prof. Hely Lopes Meirelles) Por ação ou omissão, já que o Art. 37, §6º, Constituição Federal, fala apenas em “causar dano a terceiro” Conduta Dano Nexo causal 34 2) É a que tem prevalecido na jurisprudência. Defende que a responsabilidade por omissão é subjetiva (Profº. Celso Antônio Bandeira de Melo). Assim, só pode se responsabilizar pelo dano quem tinha o dever legal de agir para evita-lo. Se não agiu e deveria, incorre em negligência responsabilidade civil subjetiva Ação Indenizatória Aquela que a vítima move contra o Estado. Responsabilidade civil objetiva: É assegurado o direito de regresso, ao Estado, contra o causador do dano. Ação regressiva é a ação do Estado contrato o agente que causou o dano, sendo assim, envolve responsabilidade civil subjetiva (dolo/culpa). A vítima nunca processa o agente (Supremo Tribunal Federal) Não é possível denunciação da lide para o Estado trazer o agente ao processo Para a 1ª corrente não é cabível, porque a responsabilidade civil é objetiva na indenização e subjetiva na regressiva. Para a 2ª corrente é admissível a denunciação da lide, desde que a vítima, na petição inicial, aborde culpa ou dolo do agente. Responsabilidade Civil do Estado por atos legislativos e jurisdicionais Trata-se das Leis e decisões judiciais. Majoritariamente tem se admitido essa responsabilidade, desde que presentes algumas hipóteses: Ato legislativo: a administração tem responsabilidade perante uma lei inconstitucional; lei de efeitos concretos; omissão legislativa (Ex: direito de greve, está na Constituição Federal mais não há regulamentação específica. Se essa ausência de lei lesionar alguém a administração será responsabilizada por não ter criado um regulamento específico para a greve) Atos jurisdicionais: Erro judiciário (era inocente e foi condenado, ou ficou mais que o tempo necessário preso) - Art. 5, LXXV CF – o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o de ficar preso além do prazo fixado na sentença. Responsabilização no processo civil Art. 133 CPC - Responderá por perdas e danos o juiz, quando: I - no exercício de suas funções, proceder com dolo ou fraude; #ficaadica Em ação indenizatória em face do Estado, nunca argumente culpa ou dolo do agente. 35 II - recusar, omitir ou retardar, sem justo motivo, providência que deva ordenar de ofício, ou a requerimento da parte. Parágrafo único. Reputar-se-ão verificadas as hipóteses previstas no no II só depois que a parte, por intermédio do escrivão, requerer ao juiz que determine a providência e este não lhe atender o pedido dentro de 10 (dez) dias. Ocorre quando o juiz retarda um ato de ofício, quando devia ter praticado.
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