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1 Radiobiologia Profa. Dra. Débora de M. Távora Radiobiologia Estudo dos efeitos da radiação ionizante nos seres vivos Praia da Areia Preta, ES 2 RISCOS BENEFÍCIOS Efeitos biológicos das radiações � Os efeitos danosos que os raios X promovem nos tecidos vivos são decorrentes da sua capacidade de ionização Efeitos biológicos das radiações Exposição aos raios X Absorção Ionização/Excitação Efeitos Biológicos Mecanismos de ação da radiação ionizante � Após a ionização formam-se íons instáveis que são transformados em moléculas estáveis eletricamente, mas quimicamente instáveis, denominados radicais livres. Radicais livres interagindo entre si são altamente tóxicos paras as células Efeitos Biológicos Determinísticos “gravidade” Estocásticos (somáticos ou genéticos) “probabilidade” A gravidade da resposta depende da dose aplicada Dose Efeitos Alterações orais: xerostomia, perda do paladar e cárie por radiação Efeitos Determinísticos 3 A probabilidade de ocorrer alteração. Não existe limiar de dose seguro. “tudo ou nada” Câncer induzido por radiação Efeitos Estocásticos Efeito biológico na Odontologia � Determinísticos: inexistente devido à baixa dose utilizada � Estocásticos genéticos: não atinge a área � Estocásticos somáticos: podem ou não ocorrer com qualquer dose utilizada Efeitos Biológicos Diretos Radiação ioniza moléculas Indiretos Radiação ioniza água produzindo radicais livres Radicais livres ionizam moléculas Ação das radiações ionizantes nas células � Alterações morfológicas � Alterações funcionais � Alterações na permeabilidade celular � Efeitos na reprodução e aberrações cromossômicas � Destruição celular Ação das radiações ionizantes nas células A ação da radiação ionizante sobre o ácido desoxirribonucleico (DNA) é o principal mecanismo pelo qual ocorre a morte celular, mutação e carcinogênese Efeitos biológicos somáticos � Fatores que influenciam os efeitos somáticos: � Dose � Quanto maior a dose, maior o efeito � Ritmo de aplicação � Exposição aguda: grandes doses em curto espaço de tempo (mais prejudiciais) � Exposição crônica: pequenas quantidades em longo espaço de tempo (menos prejudiciais) 4 Efeitos biológicos somáticos � Tamanho da área irradiada � Quanto maior, mais precocemente se manifestam os efeitos � Tipo de radiação � Radiação alfa é dez vezes mais nociva que a radiação X � Idade � Quanto mais jovem, mais susceptível Radiossensibilidade e radiorresistência � Tipo de célula irradiada: � Radiossensíveis: células ou tecidos que sofrem maior dano quando expostos a radiação � Linfócitos – tecido hematopoiético – epitélio gastrintestinal – células germinativas � Radiorresistentes: sofrem dano e têm alto poder de recuperação � Rins – fígado – tireóide – pâncreas – osso maduro – músculo – células nervosas Radiossensibilidade e radiorresistência O efeito da radiação é maior nas células menos diferenciadas, com grande atividade reprodutora e em tecidos ricos em água. Efeitos da radiação sobre a Cavidade Oral Mucosa Oral • Mucosite • Atrofia epitelial • Candidose A mucosa oral contém uma camada basal composta de células radiossensíveis Mucosa Oral Mucosite • Reação inflamatória da mucosa oral • Inevitável e passageiro • Desconforto local, dificuldade de comer, beber e falar 5 Mucosa Oral Atrofia epitelial • Efeito tardio da terapia • Obliteração de vasos sanguíneos • Fibrose do tecido conjuntivo Mucosa Oral Candidose • Infecção secundária • Redução do fluxo salivar • Pseudomembranosa • Eritematosa (confundida com a mucosite). Papilas gustativas Doses terapêuticas são capazes de provocar extensas degenerações na arquitetura das papilas gustativas • Ageusia (perda do paladar) • Acometimento rápido • Precede a mucosite • Altera mastigação, deglutição e ingestão de alimento • Perda de peso e desnutrição • Aumenta com o aumento da dose • Transitória 1/5 anos Ageusia Glândulas salivares O parênquima glandular é muito radiossensível. O grau de redução do fluxo salivar é dose-dependente, a boca torna-se seca e sensível, uma vez que a saliva remanescente torna-se viscosa • Xerostomia (falta de saliva) Xerostomia • Complicação mais comum • Diminuição progressiva da salivação • Inicio nas primeiras semanas de tratamento • Desconforto, diminuição da lubrificação • Dificuldade de fala e na deglutição 6 Dentes A irradiação de dentes em desenvolvimento provoca grave alteração em seu desenvolvimento, em geral a gravidade do dano é dose dependente Desenvolvimento Dentário Pequeno retardo na erupção Total destruição do germe Dentes Dentes 10 anos após Cárie por radiação As lesões cariosas são resultantes de alterações nas glândulas salivares e na saliva, incluindo redução do fluxo salivar, pH, redução da capacidade de tamponamento e aumento da viscosidade salivar Cárie por radiação • Lesões superficiais e extensas • Lesões cervicais – cemento • Pigmentação escurecida em toda coroa Cárie por radiação • Lesões superficiais e extensas • Lesões cervicais – cemento • Pigmentação escurecida em toda coroa 7 Osso O dano primário ao osso resulta de danos induzidos pela radiação à vascularização do periósteo e do osso cortical, que já é escassa (mandíbula) • Osteorradionecrose Osteorradionecrose • É a complicação clínica mais grave que pode ocorrer no osso irradiado • Quanto menor a vascularização � mais suscetível à infecção óssea Infecção pode causar úlceras no osso irradiado que não cicatrizam e são de difícil tratamento. Paciente deve ser encaminhado para tratamento odontológico prévio a fim de reduzir possíveis infecções Osteorradionecrose Efeitos da irradiação ao corpo todo Quando o corpo todo é exposto a doses baixas ou moderadas de radiação, desenvolve-se alterações específicas chamadas Síndrome aguda de radiação Síndrome aguda de radiação Dose Gy 1 a 2 2 a 4 4 a 7 7 a 15 50 Manifestação Sintomas prodômicos Sintomas hematopoéticos leves Sintomas hematopoéticos graves Sintomas gastrointestinais Sintomas cardiovasculares e SNC 8 Sintomas Prodômicos Até 2Gy Após os primeiros minutos a horas da exposição à radiação do corpo inteiro • Anorexia • Náusea • Vômito • Diarreia • Fraqueza • Fadiga Dose Aparecimento Sintomas Gravidade Período de latência Período de aparente bem-estar, durante o qual não se observa sinais ou sintomas da radiação. Dose Período de latência Síndrome Hematopoiética 2 a 7 Gy Lesão às células tronco da medula óssea e do baço, que é um tecido extremamente sensível à radiação devido sua alta atividade mitótica • Infecções • Hemorragia • Anemia. Morte em 10 a 30 dias após exposição Síndrome Gastrointestinal 7 a 15 Gy Lesão às células basais do epitélio da mucosa intestinal, gerando perda do epitélio intestinal • Ulcerações • Hemorragias intestinais • Diarreia • Desidratação • Perda de peso Morte em 15 dias Síndrome Cardiovascular e SNC 50 Gy Apresentam colapso do sistema circulatório, necrose do músculo cardíaco, falta de coordenação, desorientação e convulsões. Irreversível com morte em 1 a 2 dias Efeitos Somáticos tardios 9 Câncer induzido por radiação • Aparece aproximadamente 10 anos após a exposição • O risco de exposição à radiação na infância é 2 vezes maior que na idade adulta • Câncer de Tireoide • Câncer Esofágico • Câncerno Cérebro e SNC • Câncer nas Glândulas Salivares • Leucemia Outros efeitos somáticos Tardios • Distúrbio no crescimento – peso e altura • Retardo mental – exposição embrionária • Catarata. Relação das doses em radiodiagnóstico odontológico Tabela de riscos durante a gestação Fator de risco Resultado Taxa da risco Irradiação 10mGy Morte por leucemia (infância)Morte por outros cânceres (infância) 1 em 3333 1 em 3571 Tabagismo materno (1 maço ou + por dia) Morte na infância 1 em 3 Etilismo materno (2 a 4 drinques por dia) Sinais de síndrome alcoólica fetal Grande má formação ao nascimento 1 em 10 3 em 100 White & Pharoah Relação das doses em radiodiagnóstico odontológico � Considera-se a dose eritema = 250 Gy para os pacientes mais sensíveis � Aparelho Odontológico produz aproximadamente 1Gy/segundo � Exposição radiográfica periapical em média de 0,5s � Seriam necessárias 500 exposições radiográficas, num curto espaço de tempo, para a possibilidade de produzir um eritema Relação das doses em radiodiagnóstico odontológico 95• Acidentes domésticos 200• Acidentes de estrada 985• Obesidade (20%) Dias perdidos estimadosCausa de Risco 3500• Ser solteiro 1600• Ser solteira Conclusões � As radiações ionizantes são fatores mutagênicos � Os efeitos das radiações ionizantes são deletérios - somáticos e genéticos � Não há limiar abaixo do qual uma dose seja inócua � A ação mutagênica é cumulativa � As mutações crescem linearmente com a dose 10 Radioproteção Recomendações básicas � Princípios gerais 1. Princípio da justificação � Nenhuma prática envolvendo exposição pode ser adotada, a menos que produza benefício suficiente ao indivíduo exposto Tem que ter indicação para realizar radiografias Recomendações básicas 2. Princípio da otimização � O valor das doses individuais, o número de pessoas expostas e a probabilidade de ocorrência de exposições, deverão ser mantidos tão baixos quanto razoavelmente exeqüíveis, considerando ainda fatores econômicos e sociais Realizar o mínimo de radiografias possíveis Filosofia de proteção � Princípio de ALARA (as low as reasonably achievable) “Tão baixo quanto razoavelmente possível” Não há limiar abaixo do qual uma dose seja ineficaz como fator de alterações genéticas, portanto qualquer dose é potencialmente capaz de induzir efeitos deletérios. Recomendações básicas 3. Princípio da limitação de dose e risco individual � A exposição de indivíduos, resultante da combinação de todas as práticas relevantes, deve estar sujeita a limites de doses ou, no caso de exposições potenciais, sujeita a algum controle de risco. Proteção do paciente Normas de proteção � Paciente � Aparelho � Filme � Posicionador � Avental � Profissional � Profissional � Posicionamento � Manutenção do filme � Monitoramento individual � População vizinha � Estrutura da clínica � Monitoramento da área 11 Proteção do paciente � Calibração do aparelho � Rendimento do aparelho � Energia efetiva do aparelho � Camada semi-redutora em alumínio � Filtração � Diafragma de chumbo � Colimação � Radiação de vazamento ou escape Fatores relacionados ao aparelho Proteção do paciente � Colimador retangular � Segundo o fabricante, reduz 79% a área de tecido exposta, sem necessidade � Colimador circular � A área de tecido exposta é de 28,27cm2, sendo o filme de área 12,71cm2 Fatores relacionados ao aparelho � Filmes Proteção do paciente D E E+ F ↓50% ↓20 a 25% � Posicionador Proteção do paciente � Avental plumbífero Proteção do paciente � Protetor de tireóide Proteção do paciente 12 � Armazenamento dos aventais plumbíferos Proteção do paciente � Armazenamento dos aventais plumbíferos Proteção do paciente � Profissional � Bom desempenho da técnica � Cuidados no processamento radiográfico � Critério na solicitação dos exames � evitar solicitação de radiografias desnecessárias Proteção do paciente EVITAR AO MÁXIMO A REPETIÇÃO DE RADIOGRAFIAS Proteção do profissional � Posicionamento 90 135 0 0 RX Feixe Primário Proteção do profissional � Manutenção do filme � O profissional não deve segurar o filme na boca do paciente nem o cabeçote do aparelho quando este apresentar movimentos durante a exposição Proteção do profissional � Fio do aparelho � Deve ter no mínimo 2m de extensão 13 Proteção do profissional � Monitoramente individual Proteção do profissional � Biombos de chumbo Proteção da população vizinha � Barreiras para aparelhos de 70kVp e 10mA � 1mm de chumbo ou 1 cm de argamassa baritada � 8cm de concreto Proteção da população vizinha � Barreiras para aparelhos de 70kVp e 10mA � Vidro plumbífero de 5mm Proteção da população vizinha � Monitoramento da área � Dosímetro Substâncias radioprotetoras e radiossensibilizadoras � Radioprotetoras � Minimizam os efeitos biológicos das radiações � Ex: Cisteamina � Radiossensibilizadores � Aumentam os efeitos biológicos das radiações quando encontradas nas células � Ex: Sinkavit (semelhante a vitamina K), Actinomicina (antibiótico) 14 Obrigada pela atenção
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