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Teoria Geral dos Contratos

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27/01/2012
MATERIAL COMPILADO
Caio Marinho
Direito Civil – Direito Contratual
Teoria Geral dos Contratos
	Função Social do Contrato
	
Função social do contrato é um princípio contratual da ordem pública (Art. 2035, Parágrafo único. Nenhuma convenção prevalecerá se contrariar preceitos de ordem pública, tais como os estabelecidos por este Código para assegurar a função social da propriedade e dos contratos). 
 O CC de 2002, incorporando a tábua axiológica presente na CF de 1988 e seguindo a tendência doutrinária e jurisprudencial que evoluiu ao longo do Século XX, superou definitivamente a visão individualista e patrimonialista, assumindo nova postura normativa, já que pautado na sociabilidade, eticidade e operabilidade, além de ter optado por nova estrutura redacional, pois, abandonando a pretensão de regulamentação exauriente do antigo diploma, valeu-se comandos normativos insertos em cláusulas gerais, expressamente consignou que os contratos, além de atenderem aos interesses particulares dos celebrantes, deveria também cumprir sua função social (art. 421). Estatuiu também que desde a fase de negociação até sua conclusiva execução, as partes acordantes deveriam pautar-se com base na boa-fé objetiva (art. 422). 
A eticidade pode ser compreendida como o afastamento da concepção formalista normativa presente no CC de 1916 e a adoção de valores éticos assumindo uma concepção aberta, inclusive para a própria e natural evolução do direito.
A sociabilidade expressa a mudança paradigmática da concepção liberal baseada no individualismo do Estado Liberal para uma visão social do direito, tendo como centro a dignidade da pessoa humana e a própria função social do direito e do contrato. 
A operabilidade significa que a norma jurídica deve ser de fácil compreensão, acessível a todos, evitando dificuldades de interpretação e implementação.
	Função Social do Contrato - Eficácia
	
A) Eficácia Interna - Possui cinco aspectos principais:
1. Proteção do vulnerável contratual (ex: seria nula a renúncia a benefício de ordem na fiança em contrato de adesão, idem para a cláusula de não indenizar)
2. Proteção dos direitos da personalidade e da dignidade humana no contrato (ex: cláusula de não engravidar – viola a função social)
3. Vedação da onerosidade excessiva ou desequilíbrio contratual (ex: lesão, o estado de perigo - o CC rechaça o "negócio da china")
4. Nulidade de cláusulas antissociais por abuso de direito (ex: Súm. 302 do STJ – nulidade da limitação no tempo da internação)
5. Conservação contratual (Quando o contrato tem função social, deve ser conservado. A revisão é sempre a regra, e não a anulação) (ex: adimplemento substancial) 
B) Eficácia Externa - Proteção de Interesses Difusos e Coletivos e a Tutela Externa do Crédito. 
	Pacta Sunt Servanda / Teoria da Imprevisão / P. da Continuidade dos Contratos 
	
 A prevalência da cláusula "pacta sunt servanda" muito se coadunava com a visão individualista e patrimonialista assumida pelo Código de 1916, o qual, refletindo valores da época, sobrevalorizava a autonomia da vontade, por considerá-la indissociável da própria liberdade dos cidadãos. O Estatuto Civil revogado elevava a cláusula “pacta sunt servanda” ao patamar de vértice orientador de toda a regulamentação dos acordos privados, daí concluindo pela intangível força obrigatória dos contratos, tornando imutável a vontade convergente resultante do pacto, salvo as hipóteses de vícios do consentimento ou de natureza social. Através das mudanças doutrinárias e jurisprudenciais ao longo do século XX, passou-se a atentar também para o contexto fático existente à época de celebração do contrato, dentro do qual foram estipuladas as cláusulas e fixadas as obrigações, entendendo que estas podem sofrer imprevisíveis variações, não enquadráveis sequer no que se denomina álea econômica do contrato, de modo a desestruturar o equilíbrio inicialmente estabelecido, causando, via de regra, um abrupto prejuízo de uma das partes em proveito da outra. Nestes casos, o novo codex, visando restabelecer as bases contratuais iniciais, resgatou as razões jurídicas motivadoras na antiga cláusula “rebus sic standibus”, prevendo expressamente a chamada Teoria da Imprevisão (art. 478). 
Não se deixou de lado, contudo, o princípio da preservação dos contratos, segundo o qual, sempre que possível, devem as partes e o magistrado tentar reverter o quadro de desproporção instaurado sem por fim à relação contratual (arts. 479 e 480).
Teoria da Imprevisão no CC02 (art. 478 para contratos e art. 317 para obrigações): acontecimentos extraordinários e imprevisíveis.
Teoria da Quebra da Base Objetiva no CDC (art. 6 V): bastam fatos supervenientes que tornem excessivamente onerosas as cláusulas inicialmente contratadas (não há necessidade de que sejam imprevisíveis).
Teoria da Imprevisão em Contratos Públicos (art. 65 II d Lei 8666/93): objetivo de assegurar o equilíbrio econômico-financeiro do contrato, com a possibilidade de revisão diante de fatos imprevisíveis ou previsíveis, mas de conseqüências incalculáveis.
	Contrato
	 São acordos feitos com base na vontade das partes e na autorização jurídica, capazes de criar, regular, modificar ou extinguir relações jurídicas de conteúdo patrimonial. 
 Trata-se da mais comum e principal fonte lícita de obrigações (Guilherme Couto). 
 Há acordos que não tem repercussão jurídica e há acordos com repercussão jurídica, mas fora campo das obrigações ou direitos reais (adoção, casamento, emancipação por concessão dos pais etc). Não se lhes aplica a disciplina do mundo contratual. Contrato existe quando o acordo, diretamente, cria, modifica, conserva ou extingue direitos de crédito ou reais. 
	Contrato - Inovações CC02
	Inovações trazidas pelo NCC: Realçou a necessidade de imprimir SOCIABILIDADE à noção de contrato. Introduziu disposições a respeito do(a): CONTRATO PRELIMINAR; CONTRATO COM PESSOA A DECLARAR; RESOLUÇÃO POR ONEROSIDADE EXCESSIVA (aplicação da teoria da imprevisão); DA VENDA COM RESERVA DE DOMÍNIO; DA VENDA SOBRE DOCUMENTOS; CONTRATO ESTIMATÓRIO; CONTRATO DE COMISSÃO; CONTRATO DE AGÊNCIA/DISTRIBUIÇÃO; CONTRATO DE CORRETAGEM; CONTRATO DE TRANSPORTE.
	Contrato - Pressupostos de Validade
	Em caráter geral, são os mesmos elementos sem os quais não há negócio jurídico: agente capaz, objeto lícito, possível, determinado ou determinável e forma prescrita ou não defesa em lei. A estes pressupostos de caráter geral, soma-se o pressuposto de caráter especial: consentimento (acordo de vontades) não viciado.
	Contrato - Princípios
	Segundo Guilherme Couto, dentre os princípios fundamentais, reitores do sistema dos contratos, destacam-se: 
 A) P. da Autonomia da Vontade (ver item específico)
 B) P. do Informalismo, ou Consensualismo (aperfeiçoam-se através de diferentes vias, e sua validade não está presa a formas, a não ser nos casos em que a lei estabeleça); 
 C) P. da obrigatoriedade; 
 D) P. da Relatividade; 
 E) P. da boa-fé (ver item P. da Boa Fé Objetiva); 
 F) P. da Probidade 
 G) P. da Função Social (ver item Função Social do Contrato).
Obs.: São considerados princípios sociais contratuais: a autonomia privada, a função social dos contratos e a boa-fé objetiva.
	Contrato - Formação
	O contrato resulta de duas manifestações de vontade: a proposta (oferta, policlitação ou oblação) e a aceitação. Não dependem de forma especial. 
1. É antecedido de uma fase de negociações preliminares (fase de puntuação ou punctação), em que não há vinculação ao negócio. 
2. Proposta (ver item Oferta x Proposta)
3. Aceitação (o contrato se aperfeiçoa com a aceitação, exceto: 3.1. quando chegar tarde ao conhecimento do proponente por situações imprevistas [430]; 3.2. se antes da aceitação ou com ela chegar ao proponente a retratação do aceitante [433]) - ver item T. da Expedição para contratos entre ausentes.
	Contrato - Extinção
	1. Modo normal de extinção - A extinção dá-se, em regra,pela execução, seja instantânea, diferida ou continuada. 
2. Extinção sem cumprimento (ver item Rescisão/Resilição/Resolução)
 2.1. Nulidade absoluta ou relativa - a primeira decorre de transgressão a preceito de ordem pública e impede que o contrato produza efeitos desde a sua formação (ex tunc). A anulabilidade advém da imperfeição da vontade. Não extinguirá o contrato enquanto não se mover ação que a decrete, sendo ex nunc os efeitos da sentença.
 2.2. Cláusula resolutiva - pode ser expressa, quando convencionada para a hipótese de inadimplemento, ou tácita. A expressa opera de pleno direito, a tácita depende de interpelação judicial e é subentendida em todo contrato bilateral (art. 475).
Obs.1: O direito de arrependimento, quando previsto, autoriza qualquer das partes a rescindir o ajuste, sujeitando-se à perda do sinal ou à sua devolução em dobro (420). Há casos de admissão do puro arrependimento na própria lei. (ex: art. 49 do CDC – desistência da contratação no prazo de sete dias quando o negócio é realizado fora do estabelecimento)
Obs.2: Resolve-se a obrigação quando se torna impossível o seu cumprimento (art. 106), uma vez que ninguém pode fazer o impossível (insolvência do devedor é impossibilidade relativa).
	Contrato - Lugar
	Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto.
	Contrato Aleatório
	Contrato onde as obrigações das partes podem se tornar desproporcionais, dependendo da álea, da sorte, do risco contratado. Este risco pode ser um risco absoluto ou um risco parcial. Na modalidade "emptio rei speratae" (venda de coisa esperada), o risco contratado é parcial: a obrigação das partes não subsistirá se o objeto da obrigação de uma delas não vier a existir. Na "emptio spei" (venda de esperança), o contrato aleatório é de risco total, uma parte se mantém obrigada mesmo se o objeto da contra-prestação não vier a existir.
	Contratos Cativos
	As partes não podem ser compelidas a dar continuidade ao vínculo contratual, porém, esse preceito não é aplicável aos contratos cativos de consumo ou de longa duração (ex: seguro-saúde). Nesse tipo de avença deve ser aplicado o Princípio da Continuidade dos Contratos Cativos (mais forte juridicamente do que o Princípio da Continuidade dos Contratos), vez que a prestação de serviços dela decorrente se protrai no tempo e, após vários anos de vigência, cria-se tal relação de confiança e dependência que o consumidor que cumpriu regularmente suas obrigações não tem interesse em pôr fim ao contrato, tendo expectativas quanto a sua estabilidade. Pretender a rescisão unilateral e imotivada, nesses casos, violaria a boa-fé e a equidade. Os contratos cativos baseiam-se numa relação de confiança, surgida do convívio reiterado, gerando expectativas da manutenção do equilíbrio econômico e da qualidade dos serviços. STJ tem jurisprudência aplicando essa sistemática também fora das relações de consumo (ex: empresa que contratou plano para os funcionários onde não se caracterizou a vulnerabilidade da contratante, mas se reconheceu a existência de contrato cativo).
	Contratos - Cláusula Del Credere
	Designa a comissão ou prêmio que é pago ou prometido por um comerciante a seu representante ou comissário, em virtude de sua obrigação de responder pela solvabilidade da pessoa com quem operou a mando ou não do comitente, sobre transações de interesse deste.
	Contrato Coativo
	SEGURO OBRIGATÓRIO – DPVAT: para alguns, não é hipótese de contrato, não há liberdade para contratar. A jurisprudência tem reconhecido que a INDENIZAÇÃO nesse caso tem NATUREZA EXTRACONTRATUAL. Para Guilherme Couto, trata-se de contrato – contrato coativo (Orlando Gomes).
	Contrato com Pessoa a Declarar
	[art. 467 a 471 CC] Contrato no qual um dos contratantes, chamado de estipulante, se reserva a faculdade ou a possibilidade de designar em momento posterior e dentro de um prazo a ser ajustado (se não ajustado, deve ser no mínimo 5 dias antes da conclusão do contrato), uma terceira pessoa, que no momento da celebração do contrato é desconhecida ou indeterminada, a qual, ocupará o lugar do estipulante, desligando-se este do vinculo havido. Essa pessoa assume direitos e obrigações inerentes ao contrato. Não se confunde com a Estipulação a Favor de Terceiro.
	Contrato Comutativo
	Contrato onde há equilíbrio entre as prestações. Contrapõe-se ao Contrato Aleatório (cujas prestações podem se tornar desproporcionais).
	Contratos de Cooperação
	São figuras contratuais de intermediação empresarial em que um dos empresários assume a obrigação contratual de auxiliar a criação, consolidação ou ampliação do mercado consumidor do produto ou serviço do outro empresário. Há a colaboração por aproximação (não há compra e venda) e por intermediação (com compra e venda para revenda). Dentre os contratos de colaboração por aproximação, destacam-se os contratos de mandato, comissão, agência ou representação comercial e distribuição-aproximação.
1) Mandato – opera-se o mandato quando alguém recebe de outrem poderes para negociar (praticar atos ou administrar interesses) em seu nome.
2) Comissão – Tem por objeto a aquisição ou a venda de bens pelo comissário, com a particularidade de que o comitente fica diretamente obrigado para com as pessoas com quem contratar, sem que estas tenham ação contra o comitente, nem estes contra elas. Admite a Cláusula Del Credere, que, se presente, impõe responsabilidade solidária entre o comitente e as pessoas com quem contratar.
3) Agência ou Representação Comercial - poderá ser exercida por pessoa física ou jurídica, sem relação de emprego, que desempenha, em caráter não eventual, a mediação para a realização de negócios mercantis, agenciando propostas ou pedidos para transmiti-los aos representados, praticando ou não atos relacionados com a execução dos negócios (art. 1º da Lei nº 4.886/65, com as alterações introduzidas pela Lei nº 8.420/92) em região determinada. Foi rebatizado pelo CC 2002 com o nome de Contrato de Agência. Não admite cláusula Del Credere.
4) Distribuição – Pode estar associada à Representação Comercial, todavia exige que se tenha a coisa a ser negociada à disposição do representante/agenciador.
	Contrato Mercantil
	Os contratos são mercantis quando os dois contratantes são empresários. Se os empresários são iguais, sob o ponto de vista de sua condição econômica, o contrato é cível; se desiguais (um deles está em situação de vulnerabilidade econômica frente ao outro), o contrato será regido pelo CDC.
	Contrato Sinalagmático
	É aquele que gera obrigações proporcionais para ambas as partes, reciprocamente.
	Diálogo das Fontes
	A teoria do diálogo das fontes possibilita a visão unitária do sistema jurídico, possibilitando uma maior dinâmica do ordenamento. Enunciado 167/CJF: Com a entrada em vigor do CC2002, houve forte aproximação principiológica entre este código e o CDC, uma vez que ambos são incorporadores de uma nova teoria geral dos contratos (diálogo das fontes).
	Dirigismo Contratual
	Interferência do Estado na Economia e restrição da autonomia privada.
	STJ - 4aT
	414
	Contratos - Parte Geral
	A caracterização da evicção se dá pela perda da propriedade e essa perda pode ser em decorrência da apreensão de autoridade administrativa (no caso, a autoridade aduaneira), e não apenas por sentença judicial.
	STJ - 3aT
	424
	Contratos - Parte Geral
	Aplicou-se a boa-fé objetiva em caso envolvendo locação de grande número de automóveis, onde a locadora, mesmo após o término do contrato, continuou emitindo faturas com base no preço contratado e depois reclamou em juízo a diferença, arguindo que deveriam os dias excedentes serem cobrados com base na tarifa de balcão. (inadmissibilidade de conduta contraditória)
	STJ - 4aT
	426
	Contratos - Parte Geral
	Quando há inadimplência, o termo final para a cobrança dos encargos contratados não é o ajuizamento da ação executiva, mas o efetivo pagamento do débito.
	STJ - 3aT
	430
	Contratos - Parte Geral
	Na exceção de contratonão cumprido, estabelecido em que ordem deve dar-se o adimplemento, o contratante que primeiro deve cumprir suas obrigações não pode recusar-se ao fundamento de que o outro não satisfará a que lhe cabe, mas o que detém a prerrogativa de por último realizar a obrigação pode sim postergá-la, enquanto não vir cumprida a obrigação imposta ao outro. Anote-se que se deve guardar certa proporcionalidade entre a recusa de cumprir a obrigação de um e a inadimplência do outro, pois não se fala em exceção de contrato não cumprido quando o descumprimento é mínimo e parcial.
	STJ - 3aT
	441
	Contratos - Parte Geral
	Por se cuidar de contrato cativo, de longa duração, não faz sentido poder a seguradora de saúde, ad nutum, rescindi-lo. Daí ser nula a cláusula permissiva desse tipo de rescisão, pois há a necessidade de motivá-la.
	STJ – 2aS
	Rec Rep
	Contratos - DPVAT
	No seguro DPVAT, os juros de mora são devidos a contar da citação, por se tratar de responsabilidade contratual e obrigação ilíquida.
TEORIA GERAL DOS CONTRATOS
CONTRATO – é o acordo de vontades, em conformidade com a lei, com a finalidade de produzir efeito jurídico.
Trata-se de uma declaração negocial de vontade emitida segundo o princípio da autonomia privada, pela qual os contratantes perseguem efeitos jurídicos possíveis, em observância aos princípios da função social e da boa fé objetiva.
Tratamento da matéria pelo NCC
 	Título V – dos contratos em geral
 		Capítulo I – disposições gerais
 		 	Seção I – preliminares
 			Seção II – da formação dos contratos
 			Seção III – da estipulação em favor de terceiros
 			Seção IV – da promessa de fato de terceiro
 			Seção V – dos vícios redibitórios
 			Seção VI – da evicção
 			Seção VII – dos contratos aleatórios
 			Seção VIII – do contrato preliminar
			Seção IX – do contrato com pessoa a declarar
		Capítulo II – da extinção do contrato
 			Seção I – do distrato
 			Seção II – da cláusula resolutiva
 			Seção III – da exceção do contrato não cumprido
 			Seção IV – da resolução por onerosidade excessiva
 	Título VI – das várias espécies de contrato
 		Capítulo I – da compra e venda
		Capítulo II – da troca ou permuta
 		CAPÍTULO III - Do Contrato Estimatório
 		CAPÍTULO IV - Da Doação
 		CAPÍTULO V - Da Locação de Coisas
 		CAPÍTULO VI - Do Empréstimo
 		CAPÍTULO VII - Da Prestação de Serviço
 		CAPÍTULO VIII - Da Empreitada
 		CAPÍTULO IX - Do Depósito
 		CAPÍTULO X - Do Mandato
 		CAPÍTULO XI - Da Comissão
 		CAPÍTULO XII - Da Agência e Distribuição
 		CAPÍTULO XIII - Da Corretagem
 		CAPÍTULO XIV - Do Transporte
 		CAPÍTULO XV - DO SEGURO
 		CAPÍTULO XVI - Da Constituição de Renda
 		CAPÍTULO XVII - Do Jogo e da Aposta
 		CAPÍTULO XVIII - DA FIANÇA
 		CAPÍTULO XIX - Da Transação
 		CAPÍTULO XX - Do Compromisso
 	-inovações trazidas pelo NCC:
 		contrato preliminar;
 		do contrato com pessoa a declarar;
 		da resolução por onerosidade excessiva (aplicação da teoria da imprevisão);
 		da venda com reserva de domínio;
 		da venda sobre documentos;
 		contrato estimatório;
 		contrato de comissão;
 		contrato de agência/distribuição;
 		contrato de corretagem;
 		contrato de transporte.
Prof. Pablo Stolze Gagliano: Perdeu-se, todavia, a oportunidade de se regular, pondo fim a infindáveis dúvidas, algumas importantes modalidades contratuais já de uso corrente, como o “leasing”, o “franchising” o “factoring”, o consórcio, os contratos bancários e os contratos eletrônicos. Apesar dessas omissões, entretanto, devemos reconhecer que, no geral, o trabalho do codificador, na seara contratual, foi razoavelmente bem desempenhado, sobretudo por haver realçado a necessidade de imprimir sociabilidade à noção de contrato.
Material LFG
HISTÓRICO
Não é possível fixar na linha do tempo o surgimento do contrato. Isso porque o contrato acompanha o desenvolvimento moral da humanidade e não existe historiador que possa afirmar o marco de surgimento do contrato.
O contrato surgiu como grande primeiro instrumento de harmonização de interesses contrapostos e por isso que ele tem conexão com a evolução moral da humanidade. Beviláqua dizia que o contrato teve como o seu primeiro papel essa harmonização de interesses contrapostos. 
No momento que a humanidade começa a evoluir moralmente, o contrato surge para harmonizar os interesses sociais. O contrato de troca ou permuta foi a primeira figura contratual. 
No Direito Romano, lembra-nos Max Kaser, na época clássica, o contrato traduzia fonte de obrigações.
Não é possível fixar o momento específico de surgimento. Todavia, o historiador Max Kaser afirma que o contrato teve grande desenvolvimento no direito romano, especialmente no direito clássico. Mas o contrato não é produto do direito romano. 
A par do importante desenvolvimento atribuído ao direito romano, observa Orlando Gomes, com base no pensamento de Bonfante, que o desenvolvimento da teoria clássica do contrato, em sua concepção moderna, só se explica à luz da ideologia típica dos regimes capitalistas de produção (o desenvolvimento da Teoria Clássica do Contrato verificou-se especialmente sob o influxo da ideologia individualista típica dos regimes capitalistas de produção).
Nessa linha de raciocínio, o fato é que a teoria do contrato foi especialmente desenvolvida a partir do desenvolvimento da ideologia liberal e capitalista. Quem desenvolveu o contrato no mundo, indiscutivelmente, foi o capitalismo no plano econômico e pelo liberalismo no plano político, especialmente no final do séc. XIX e início do séc. XX. 
Nos Estados capitalistas o contrato encontrou o ambiente necessário para o seu desenvolvimento. Nesse primeiro momento a teoria considerava absoluta a autonomia privada e havia uma razão econômica para isso. A razão era econômica porque a burguesia (na época, já se falava em capitalismo industrial) precisava da autonomia privada. Isso faria com que o Estado não se metesse, fosse afastado nas relações contratuais. 
Iniciando o século XX, a Teoria do Contrato calcava-se em uma autonomia privada de matiz absoluto, evitando a interferência do Estado na relação privada. 
Essa idéia de autonomia privada é a idéia que norteia essa primeira fase da teoria do contrato na Europa e na América. A autonomia privada era o núcleo de uma relação de partes iguais. Na teoria clássica partia-se da premissa que as partes num contrato eram iguais. 
A teoria clássica se fundamentava em três ingredientes:
1.	Autonomia privada;
2.	Igualdade entre as partes contratantes;
3.	Força obrigatória ou pacta sunt servanda.
No passado era impensável falar em revisão de um contrato. Na teoria clássica, o contrato faz lei entre as partes, porque é pactuado entre pessoas iguais. 
Essa era a teoria que abriu o séc. XX.
Durante o séc. XX inúmeras foram as variáveis que alteraram a feição da teoria clássica do contrato. P. ex., o séc. XX experimentou as revoluções socialistas, duas guerras mundiais, uma completa mudança na economia global. Tudo isso obrigou a doutrina a se adaptar aos novos tempos. A teoria clássica foi reconstruída em novas bases (caiu isso no concurso do MPF).
Ao longo do século XX, fatores sócio-econômicos e políticos, mormente sobre o influxo da técnica do contrato por adesão (Raymond Saleilles), determinaram a reconstrução dessa teoria, mitigando a autonomia privada, por conta do processo de “dirigismo contratual”, ditado por valores socialmente relevantes.
O Estado precisava intervir no contrato não para estatizá-lo, mas sim, visando minimizar o abuso de poder decorrente da hipossuficiência de uma das partes. Esse dirigismo contratual significa que não pode haver autonomia privada absoluta, por dar margem ao arbítrio; pelo contrário, homenageia o equilíbrio, a liberdade e boa-fé contratual.
Georges Ripert, na monumental obra “a regra moral nos obrigações civis” traça um detido panorama da evolução do contrato no séc XX, observando inclusive a necessidade de se conter os abusos de poder econômicoderivados da autonomia privada nos contratos por adesão.
Questionava-se: esse contrato de adesão seria realmente um contrato? Onde está a autonomia privada, a liberdade no contrato de adesão? Não seria ele uma manifestação de autoritarismo porque no contrato de adesão uma das partes dita o conteúdo da relação negocial? 
A esmagadora maioria dos contratos realizados hoje é por adesão. 
Ripert conclui que o contrato de adesão é um mal necessário em uma sociedade de massa, de respostas rápidas. E mesmo no caso do contrato de adesão há de existir alguma autonomia privada, alguma liberdade negocial, ainda que seja a liberdade de aderir ou não a proposta que lhe foi feita. 
Mas ainda no contrato de adesão, mesmo num grau mínimo tem de haver alguma autonomia privada. 
Obs: dirigismo contratual é um processo de contenção ou limitação das bases da teoria clássica do contrato. 
Por que o contrato precisou passar por um dirigismo contratual? 
O Estado passou a sentir a necessidade de limitar a autonomia privada porque o séc. XX foi o século que consagrou o abuso de poder econômico. E esse abuso se torna visível na própria teoria do contrato quando estudamos uma figura contratual típica dessa formulação da teoria clássica de contenção da autonomia privada: trata-se do contrato de adesão.
O contrato de adesão nos dá a imagem da nova teoria do contrato. 
Quem criou a expressão contrato de (por) adesão foi o francês Raymond Saleilles em 1901. 
O contrato de adesão é uma técnica de contratação que se caracteriza pelo fato de uma das partes ditar o conteúdo da relação negocial. 
O tripé em que se fundamentou a teoria clássica é um tripé completamente reformulado.
A nova teoria contratual reconstruída em perspectiva constitucional, sem menoscabar os elementos da teoria clássica aponta no sentido de reconhecer à autonomia privada uma função socializante, de maneira a permitir a pactuação de relações negociais em harmonia com o valor máximo da dignidade da pessoa humana. 
O que essa moderna teoria contratual pretende não é neutralizar, não é fazer desaparecer a autonomia privada. Todo contrato pressupõe a autonomia privada, ainda que numa esfera mínima. O núcleo do contrato é sempre a autonomia privada. Essa moderna teoria pretende dizer que essa autonomia foi funcionalizada. 
CUIDADO! Quando defendemos uma teoria constitucional do contrato não se quer criar uma teoria distributista. Não é uma reforma agrária contratual. É preciso ter cautela. 
Função social do contrato
O CC/02 procurou afastar-se das concepções individualistas que nortearam o diploma anterior para seguir orientação compatível com a socialização do direito contemporâneo. O princípio da socialidade por ele adotado reflete a prevalência de valores coletivos sobre os individuais, sem perda, porém, do valor fundamental da pessoa humana. A concepção social do contrato apresenta-se, modernamente, como um dos pilares da teoria contratual. Tem por escopo promover a realização de uma justiça comutativa, aplainando as desigualdades substanciais entre os contraentes.
CC, Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato.
 A liberdade contratual é subordinada à sua função social, com prevalência dos princípios condizentes com a ordem pública. Considerando que o direito de propriedade, que deve ser exercido em conformidade com a sua função social, proclamado na CF, se viabiliza por meio dos contratos, o novo Código Civil estabelece que a liberdade contratual não pode afastar-se daquela função.
Segundo Caio Mário, a função social do contrato serve precipuamente para limitar a autonomia da vontade quando esta esteja em confronto com o interesse social e este deva prevalecer, ainda que essa limitação possa atingir a própria liberdade de não contratar.
É possível afirmar que o atendimento à função social pode ser enfocado sob dois aspectos: um, individual, relativo aos contratantes, que se valem do contrato para satisfazer seus interesses próprios, e outro, público, que é o interesse da coletividade sobre o contrato. Nessa medida, a função social do contrato somente estará cumprida quando a sua finalidade, distribuição de riquezas, for atingida de forma justa, ou seja, quando o contrato representar uma fonte de equilíbrio social.
As principais mudanças no âmbito dos contratos foram implementadas por cláusulas gerais, em paralelo às normas marcadas pela estrita casuística. Cláusulas gerais são normas orientadoras sob forma de diretrizes, dirigidas precipuamente ao juiz, vinculando-o ao mesmo tempo em que lhe dão liberdade para decidir. São elas formulações contidas na lei, de caráter significativamente genérico e abstrato, cujos valores devem ser preenchidos pelo juiz, autorizado para assim agir em decorrência da formulação legal da própria cláusula geral.
Como a função social é cláusula geral, assinala Nelson Nery Junior, o juiz poderá preencher os claros do que significa essa “função social”, com valores jurídicos, sociais, econômicos e morais. A solução será dada diante do que apresentar, no caso concreto, ao juiz. Aduz, ainda, que sendo normas de ordem pública, o juiz pode aplicar as cláusulas gerais em qualquer ação judicial, independentemente de pedido da parte ou do interessado, pois deve agir ex officio.
Condições de validade do contrato
Para que o negócio jurídico produza efeitos, possibilitando a aquisição, modificação ou extinção de direitos, deve preencher certos requisitos, apresentados como os de sua validade. Se os possui, é válido e dele decorrem os efeitos almejados pelo agente. se, porém, falta-lhe um desses requisitos, o negócio é inválido, não produz o efeito jurídico em questão e é nulo ou anulável.
Os requisitos ou condições de validade dos contratos são de duas espécies: a)de ordem geral, comuns a todos os atos e negócios jurídicos, como a capacidade do agente, o objeto lícito, possível, determinado ou determinável, e a forma prescrita ou não defesa em lei (CC, art 140); b) de ordem especial, específico dos contratos: o consentimento recíproco ou acordo de vontades.
Os requisitos de validade do contrato podem, assim, ser distribuídos em três grupos: subjetivos, objetivos e formais.
Os requisitos subjetivos consistem: a)na manifestação de duas ou mais vontades e capacidade genérica dos contraentes; b) na aptidão específica para contratar; c)no consentimento.
Os requisitos subjetivos dizem respeito ao objeto do contrato, que deve ser lícito, possível, determinado ou determinável (art 104, II).
O requisito formal é quanto à forma (que é o meio de revelação da vontade). No direito brasileiro a forma é, em regra, livre. As partes podem celebrar o contrato por escrito, público ou particular, ou verbalmente, a não ser nos casos em que a lei, para dar maior segurança e seriedade ao negócio, exija a forma escrita, pública ou particular. O consensualismo é a regra, o formalismo a exceção (art 107 do CC). Espécies de forma: forma livre, forma especial ou solene e forma contratual (é a convencionada pelas partes). 
Obs: não se deve confundir forma, que é meio para exprimir a vontade, com prova do ato ou negócio jurídico, que é meio para demonstrar a sua existência.
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