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Segunda avaliação PPB

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UNISUL – Curso de Psicologia
Disciplina: Processos Psicológicos Básicos
Professora: Eliete Sergina de Sousa Machado
Turma: 1º semestre
 ATIVIDADE A SER FEITA EM TRIO
Nome: Melissa Carpes, Maria Paula Goulart, Pamela Castro Data: 24/05/2018		
Antes de responder a atividade leia atentamente a instrução deste quadro e as questões abaixo. 
Aluno que cometer plágio (fazer cópias do texto sem as devidas citações de acordo com as normas da ABNT), em suas respostas, terá a questão zerada.
Data da entrega: 07/06
1ª Questão (2,5 pontos). 
Conceitue o processo de memória e apresente as suas subdivisões articulando sua resposta, impreterivelmente, com o poema de José Saramago. 
1Do novelo emaranhado da memória, da escuridão dos
nós cegos, puxo um fio que me aparece solto.
2Devagar o liberto, de medo que se desfaça entre os
dedos.
3É um fio longo, verde e azul, com cheiro de limos,
e tem a macieza quente do lodo vivo.
4É um rio.
5Corre-me nas mãos, agora molhadas.
6Toda a água me passa entre as palmas abertas, e de
repente não sei se as águas nascem de mim, ou para
mim fluem.
7Continuo a puxar, não já memória apenas, mas o
próprio corpo do rio.
8Sobre a minha pele navegam barcos, e sou também os
barcos e o céu que os cobre e os altos choupos que
vagarosamente deslizam sobre a película luminosa
dos olhos.
9Nadam-me peixes no sangue e oscilam entre duas
águas como os apelos imprecisos da memória.
10Sinto a força dos braços e a vara que os prolonga.
11Ao fundo do rio e de mim, desce como um lento e
firme pulsar do coração.
12Agora o céu está mais perto e mudou de cor.
13É todo ele verde e sonoro porque de ramo em ramo
acorda o canto das aves.
14E quando num largo espaço o barco se detém, o meu
corpo despido brilha debaixo do sol, entre o
esplendor maior que acende a superfície das águas.
15Aí se fundem numa só verdade as lembranças confusas
da memória e o vulto subitamente anunciado do
futuro.
16Uma ave sem nome desce donde não sei e vai pousar
calada sobre a proa rigorosa do barco.
17Imóvel, espero que toda a água se banhe de azul e que
as aves digam nos ramos por que são altos os
choupos e rumorosas as suas folhas.
18Então, corpo de barco e de rio na dimensão do homem,
sigo adiante para o fulvo remanso que as espadas
verticais circundam.
19Aí, três palmos enterrarei a minha vara até à pedra
viva.
20Haverá o grande silêncio primordial quando as mãos se
juntarem às mãos.
21Depois saberei tudo.
R: A memória, segundo Damásio, se trata do ser humano ter a capacidade de registrar, conservar, evocar e reproduzir os sinais armazenados das nossas experiências anteriores. O processo de memória possui algumas subdivisões as quais são Memória Breve e Memória Longa, e ainda sim, dentro delas há outras subdivisões as quais se encaixam as memórias sensoriais visuais, memórias de trabalho/mecânicas, memória de longo prazo (explícita e implícita) e memória de curto prazo. 
Fazendo uma breve recapitulação, sabemos que memória longa se da por uma maior permanência de RNA no revestimento de neurônios (células de Glia), já a memória breve possui uma maior movimentação de RNA em círculos reverberatórios. 
Memória sensorial visual breve ocorre a partir do registro de imagens sucessivas, memória sensorial visual complexa ocorre a partir do registro de imagens eidéticas e a memória sensorial visual mais complexa se da por imagens de representação. 
Memória de longo prazo (explícita) são as memórias mais consciente, e memórias mais inconsciente ligada ao automatismo (implícita). Memória de curto prazo, diferente da memória de trabalho, é onde ocorre registro no córtex devido a reverberação do RNA nas células nervosas.
 No primeiro verso (1) do poema podemos perceber a manifestação de uma das subdivisões da memória (memória longa) onde ocorre uma maior permanência de registro e conservação do que a memória breve. Já no sétimo verso (7) podemos perceber uma outra subdivisão na memória longa, memória sensorial mais complexa, onde o indivíduo utiliza a representação sob os objetos com ele mesmo.
2ª Questão (2,5 pontos). 
Leia os textos:
- LURIA, A. R. Curso de psicologia geral. 2ª edição. Rio de janeiro: Civilização brasileira, 1991. Vol. III. p. 39-101.
- SACKS, Oliver. O homem que confundiu sua mulher com um chapéu e outras histórias clínicas. São Paulo: campanha das letras. 1997. p. 38-58.
Depois construa:
Um texto em uma lauda em que você irá apresentar um breve relato sobre o caso “o marinheiro perdido” e correlacione o caso com a alteração de memória encontrada por Oliver Sacks. Ao explicar como ocorreu a perda de memória de Jimmie – o marinheiro perdido utilize-se dos mecanismos fisiológicos da memória descritos por Luria, atrelando sua resposta à bioquímica da memória.
R: Jimmie é um homem de 49 anos com uma jovialidade que supera muitos com menos idade, ele foi marinheiro na Segunda Guerra Mundial trabalhando com datilografia, código Morse e alguns outros trabalhos durante sua serventia. Jimmie serviu na marinha até 1965, quando foi dispensado. O bem admirado marinheiro, desde então, começou a beber e beber acabando por se tornar um desorientado. Jimmie foi internado em alguns lugares para tratar de sua falta de noção de tempo presente, o qual adquiriu no decorrer dos anos em que esteve bebendo, acreditando ainda estar em 1945. Em um destes lugares, mal chamado sanatório, ele passou fome e medo e foi nesse lugar que Oliver Sacks o encontrou e levou para seu asilo. 
Quando Sacks começou a tratar Jimmie acabou se chocando com a gravidade da amnésia que o mesmo possuía em relação a si mesmo e o tempo presente, mas ainda assim sabendo dizer detalhadamente cada detalhe de sua vida até 1945, inclusive lembrava carinhosamente de seu irmão estudante de contabilidade e noivo de, segundo o mesmo, uma beldade do Oregon.
Ao decorrer das consultas, Sacks chegou a conclusão de que Jimmie possuía a síndrome de Korsakov, uma lesão no diencéfalo, especificamente no núcleo dorsomedial do tálamo e nos corpos mamilares, isso faz com que o individuo tenha uma amnésia retrógrada lembrando apenas partes anteriores de sua vida, até certo ponto, e apagando por completo o restante adiante. A síndrome de Korsakov clássica—uma devastação da memória grave e permanente, mas “pura”, causada pela destruição alcoólica dos corpos mamilares — é rara, mesmo entre pessoas que bebem muito. (página 26, O homem que confundiu sua mulher com um chapéu – Oliver Sacks)
Para Luria, a memória é regida por estímulos. Descargas elétricas no cérebro que permitem uma maior manifestação de excitações em células nervosas conservando assim maiores vestígios de memória. A bioquímica da memória é as células nervosas excitadas que reverberam a ação do ácido ribonucleico que auxilia na conservação ou transmissão nos vestígios de memória. Luria ainda propôs que devido a um grande choque de alguma situação que possui um alto nível de emoção/excitação de estímulos (como a Segunda Guerra Mundial, no caso de Jimmie) o individuo pode “desligar” as lembranças que possuía de sua vida após o grande ápice de emoção, como se a vida atual dele fosse um “marca-passo”, como disse um dos indivíduos citados no livro de Sacks, onde ele já passou a melhor parte de sua vida e agora nada lhe parece tão bom quanto.
3ª Questão (1,0 ponto) 
Explique os conceitos de consciência central e autobiográfica, destacando a diferença entre esses dois conceitos.
R: Consciência central é a nossa noção do aqui e o agora, a consciência que permite o sentimento de si. Consciência autobiográfica é o individuo ter a capacidade de se ligar a vários fatores e acontecimentos por meio de conversas sem se dispersar de seus sentimentos. A diferença entre os dois é a de que consciência autobiográfica mantém a atenção externa e interna sem afetar o desempenho de nenhuma das duas e a central mantém a atenção externa, mantendo-a onde está agora objetivamente, exemplo: estar tricotando uma blusae manter sua total atenção nos pontos e nada além.
4ª Questão (2,0 pontos) 
Conceitue o processo de Consciência e apresente as teorizações e elementos constituintes dela articulando sua resposta, impreterivelmente, com uma das imagens que seguem. Em que sentido poderia articular também os conceitos de Consciência Central e Consciência Autobiográfica? 
R: A consciência tem flutuações e funciona de uma forma mais eficiente ao longo de uma escala nivelada, podendo ser classificada por uma escala de "intensidade" da consciência, onde varia de entorpecimento a vivacidade, gerando a percepção que o organismo tem de si mesmo e de que o cerca. 
A Consciência Central permite o sentimento de si, o senso do aqui e agora. Ela gera em torno de um self central, que nos dá a pessoalidade, mas não necessariamente uma identidade, como por exemplo, a terceira pessoa, da primeira figura, que está pensando em si mesmo, representando está consciência por estar pensando no aqui e agora concordando com sua realidade. 
Já a Consciência Autobiográfica, é a ação do cérebro que se liga a vários acontecimentos e fatores, passando de um tempo a outro sem perder seus sentimentos. Sendo presidida pelo self autobiográfico, nos dando uma pessoalidade e uma identidade, tendo como exemplo, a primeira pessoa da figura (que está pensando em um super-herói) e a segunda pessoa (que está pensando na praia), ambas da primeira figura da questão, elas representam está consciência por estar ciente da sua realidade, porém transitando por outros pensamentos.
5ª Questão (2,0 pontos)
Quais são os casos nos quais se pode falar que não há, ou há de forma parcial, manifestação de consciência? Em relação com a resposta da questão 4, qual seria a explicação desde os construtos teóricos de Antônio Damásio.
R: Os casos de manifestação parcial da consciência ou ausência dela são o coma onde ocorre um profundo rebaixamento do estado de consciência o que impede o indivíduo de interagir com o mundo externo. E estado vegetativo, onde não tem nenhuma manifestação da consciência, fenômenos como self e estado de vigília estão ausentes (ao contrário do coma, onde estão apenas adormecidos). Para Damásio, para se ter uma mente é preciso ter um self (estado mental experimentado em primeira pessoa) dissociações que ocorrem na mente do individuo geram pouca ou quase nada de expressão emocional, além do coma e do estado vegetativo, é possível também ter consciência parcial ou ausente em crises epiléticas e pessoas sedadas por anestesia geral. 
Uma excelente avaliação à você.
Referências Bibliográficas:
- LURIA, A. R. Curso de psicologia geral. 2ª edição. Rio de janeiro: Civilização brasileira, 1991. Vol. III. p. 39-101.
- SACKS, Oliver. O homem que confundiu sua mulher com um chapéu e outras histórias clínicas. São Paulo: campanha das letras. 1997. p. 38-58.
- Ciência e Cultura, vol. 56 - N°. 1, São Paulo Jan./mar. 2004
-Aspectos clínicos e neuropatológicos da síndrome de Wernicke-Korsakoff, Rev. Saúde Pública, 30 (6): 602-8, 1996.
-Slides: Consciência e Memória – Eliete Machado, Processos Psicológicos Básicos – 2018/1

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