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1 2 ALEXANDRE SALDANHA A NOVA PERPECTIVA SOBRE BULLYING E OUTROS ENSAIOS g Editora Online Corujito 3 Copyright© / Editora Online Corujito Coordenação editorial: Eddy Khaos Organização de original: Alexandre Saldanha Ilustração da Capa: Eddy Khaos Diagramação: Eddy Khaos Ilustrações dos capitulos: Alexandre Saldanha Todos os direitos de imagens e textos reservados à seus devidos autores... Textos: Alexandre Saldanha g Editora Online Corujito 4 APRESENTAÇÃO Foi com surpresa que recebi o convite do Alexandre para apresentar sua mais nova obra. Surpresa que se transforma em emoção e ao mesmo tempo em orgulho. Aquele menino irriquieto que transitava simpático pelos corredores da faculdade, óculos sempre na ponta do nariz e a cabeça cheia de idéias e ideais, transformou-se em ícone na batalha contra o Bullyng. Penso, que fazer esta apresentação seja para mim uma oportunidade para um reencontro com a própria história, quando o menino Alexandre, mais seguro que nervoso, se apresentou para a Banca de Defesa de seu trabalho monográfico, orientado pelo professor e amigo Clayton Reis. Senti que ali iniciava uma carreira, marcada pela vontade, pela busca 5 de um objeto valioso. Dei-lhe nota dez pelo trabalho, assim como os demais membros da banca. Alexandre entendeu sua função social, como homem, como advogado e como parte integrante da academia, e, neste passo, com a palavra chulea idéias para que não se desfiem no tempo (Escrevo para dividir o que aprendi, escrevo para mobilizar, para chamar a atenção em prol da pacificação social). Pedi ao Alexandre que me enviasse algumas de suas “peripécias” ou então o seu currículo. Prontamente e apenas me enviou o endereço de seu blog BULLYING E DIREITO, que imediatamente visitei. Ali valorizei mais ainda aquele menino irriquieto que com os óculos na ponta do nariz, passeava no pátio da faculdade. Permanecia em plena batalha, produzia suas letras: A RESPONSABILIDADE CIVIL DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO EM RELAÇÃO AOS EFEITOS DO BULLYING (Editora e Livraria JM) 2011, BULLYING, A ORIGEM DO MAL (Editora Online Corujito) 2012, O INEXISTENTE CONJUNTO DOS UNITÁRIOS VAZIOS – Livro de poemas. (Editora Online Corujito) 2012 e por último este trabalho que me honra apresentá-lo: NOVAS PERSPECTIVAS SOBRE BULLYING E OUTROS ENSAIOS (Editora Online Corujito) 6 2012. Não me surpreendi, aumentou ainda mais o meu apreço e a minha vaidade por tê-lo como colega. Alexandre transita pelo tema apontando todos os tópicos necessários, desde o conceito sobre bullyng e a distinção deste com o Mobbing, o Assédio Moral e o Assédio Sexual e nestas vias transita também, pela responsabilidade civil das escolas, dos pais e o respectivo direito à indenização pelo dano sofrido. Um conteúdo denso, inovador que espelha a atualidade, especialmente nos tópicos onde retrata a responsabilidade dos pais em relação aos atos de bullying praticados por seus filhos menores dentro do ambiente cybernetico; a solidarização da responsabilidade objetiva entre instituição de ensino e a família para os casos de bullying escolar e o interessante ensaio sobre bullying ascendente e bullying vertical, hipóteses nas quais o professor é praticante ou vítima de bullying. Estou convencido, que a leitura deste livro não deve ficar restrita aos círculos tradicionais do direito. A todos aqueles que lidam com pessoas, este livro será, indubitavelmente, capaz de demonstrar que só com amor e respeito se constrói uma sociedade. Ao meu “colega” Alexandre Saldanha deixo uma singela homenagem, parabenizando-o pela iniciativa de trazer ao público esta pequena preciosidade. 7 Ave, Ave, Ave, O que é que você faz aqui menino? Chuleo palavras na terra para que a água da chuva as leve onde devam ser sentidas...(Geraldo Doni Júnior) Namastê. Geraldo Doni Júnior/ Curitiba 21 de dezembro de 2012. Professor de Direito. 8 PREFÁCIO Preliminarmente os meus agradecimentos ao autor pela honra de prefaciar o seu trabalho. Todos nós, uns mais outros menos, já sofremos, na infância e na adolescência, o que, tardiamente, ficou conhecido como Bullyng e que se apresenta de diferentes formas marcando profundamente a alma, a mente e os corações daqueles que foram vítimas. A descoberta das razões ou motivos de tantas angústias guardadas lá no fundo de nossas memórias que afloram, em determinados momentos em nossas consciências, e, rapidamente são afastadas, porque ainda nos machucam, podem nos levar a elaborá-las e, com bastante dificuldade até mesmo superá-las. 9 Foi na defesa do seu Trabalho de Conclusão de Curso de Direito da Universidade Tuiutí do Paraná que Alexandre Saldanha trouxe à Banca, da qual participei como Membro, é que tomei conhecimento do tema porque até então nunca havia sido abordado em nossa Faculdade de Direito. Surpreendida e tomada por reflexões a partir do seu trabalho passei a entender que a perversidade de crianças e adolescentes, fruto do descaso ou reflexo do comportamento de seus pais, é possível de ser contida, transformada e canalizada para o caminho da solidariedade por pais e educadores sob pena de serem responsabilizados por sua omissão. Tenho comigo que tanto o trabalho da Psicanálise quanto de qualquer outro ramo da Psicologia só pode ser completado a partir de uma re-educação baseada em valores e atitudes que encaminhem o olhar do sujeito para o Outro e, principalmente para que aprenda a ser colocar no lugar do Outro. Com isto não estou querendo afirmar que apenas basta entender as diferenças, mas sim que se faz necessário se colocar no lugar do Outro. Para tanto, tenho a convicção de que precisamos ser um pouco bandeirantes e muito, mas muito, garimpeiros de nossas próprias consciências. 10 É um longo caminho ainda a ser percorrido, mas tenho a convicção de que a obstinação do autor há de levar, cada vez mais as pessoas a incorporarem uma nova visão do mundo, mais fraterna e mais solidária e, especialmente mais includente. Julieta Rodrigues Saboia Cordeiro Doutora em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina. 11 Tem gente que escreve por ego ou só para fazer firula. Meu texto é simples, sincero. É tinta que sai da medula. Eu chuto as palavras para fora, e são elas é que vem me buscar. (Gabriel O Pensador) Eu não tenho a pretensão de mudar o mundo com aquilo que eu escrevo. Eu apenas quero despertar a consciência das pessoas que mudarão o mundo. (Alexandre Saldanha) 12 Como eu penso O amor que ainda tenho é o amor da palavra É falar e (...), despertar consciências. Dediquei a vida a isso e maior recompensa É servir de referência pra quem pensa parecido Pra quem tenta se expressar e nunca é ouvido É olhar pra minha frente e enxergar um mar de gente E mergulhar no fundo dos seus corações e mentes É esse o meu mergulho, não é o do Tio Patinhas É esse o meu orgulho, escrever as minhas linhas Eu escrevo em linhas tortas, inspirado por alguém Que me deu uma missão que eu tento cumprir bem (Gabriel o Pensador- Linhas Tortas)13 Dedicatória Só no amor encontramos paz em tempos de cólera. Nele nos sentimos mais fortes, ainda que naturalmente frágeis. No amor ainda que nos encontremos presos na pequeneza humana, nos descobrimos grandiosos pelos aprimoramentos na alma por ele trazidos. Só na pureza magnífica do amor encontramos a oportunidade de nos tornarmos repletos de vida e felicidade. Só aí evoluímos espírito independentemente das condições da matéria. O amor é a única coisa que sobra de nossas existências terrenas. Amem muito todos os dias e incondicionalmente. Garanto que apenas no amor é que achamos o caminho para a eternidade. Dedico este estudo para as duas mulheres que inspiram minha existência: minha mãe, Rosemari Saldanha e para homenagear a memória de minha querida e sábia avó Gilda Saldanha. Alexandre Saldanha Castro, 31 de Outubro de 2012. 14 Agradecimentos Com todo carinho do mundo agradeço a minha família: Tio Ivo, Tia Leda, Tia Fátima, pessoas maravilhosas que acompanharam minha jornada desde sempre, e torceram e contribuíram incondicionalmente para o sucesso na minha jornada de ciência e ativismo. Agradeço a professora Bárbara Abib Neves Matos e ao professor Waldir Gomes Matos, mestres carinhosos que foram mecenas dos meus primeiros escritos sobre o bullying. Agradeço a presença dessas pessoas que sempre iluminou a minha vida. Alexandre Saldanha Castro, 31 de Outubro de 2012. 15 CONSIDERAÇÕES DO AUTOR De tempos em tempos minha mente é desassossegada pela consciência sobre a violência desmedida que toma a sociedade. Essa violência manifesta-se cada vez mais em crianças e adolescentes em forma de racismo, intolerância social, religiosa e cultural. Uma dessas formas traiçoeiras de violência é denominada de bullying. Esse novo mal social assola a sociedade em escolas, local antes tida como meios de socialização e engrandecimento cultural. A combinação desastrosa de escolas com postura corporativa, professores despreparados e pais permissivos ou desatentos resulta, em algumas vezes, em crianças e jovens sem noção de limites, sem capacidade de respeitar os valores sociais e cada vez mais competitivamente cruéis. Nossa sociedade tem de forma incansável, tentado levantar-se contra essa forma silenciosa de assédio. No entanto, os incontáveis desencontros técnicos sobre o tema dificultam o combate ao bullying. Pretende-se com este e-book, encerrar algumas dúvidas conceituais sobre o tema, e criar formas práticas para tratar do tema bullying no ambiente jurídico. Aqui juntarei ensaios jurídicos e filosóficos sobre o tema com o fim de traçar parâmetros de compreensão que proporcionem o despertar de uma consciência simples, entretanto, técnica sobre o bullying na ótica do direito. Assim acredito alcançar o mais número de pessoas desde advogados até professores, diretores, alunos, pais, mães, educadores e etc. A técnica do direito deve ser preparada para acomodar a intelecção de todos, sem verborragia ou parnasianismo linguístico. 16 Escrevo porque o que aprendi, ainda que seja pouco, não é somente meu é do mundo. Escrevo para dividir o que aprendi, escrevo para mobilizar, para chamar a atenção em prol da pacificação social. Escrevo porque aprendi que sozinho não sou nada, mas, juntos somos extraordinários. Juntos nós realizaremos feitos fantásticos como, por exemplo, frear completamente essa brutal e silenciosa de agressão chamada bullying. Alexandre Saldanha Castro 26 de Novembro de 2012. 17 A MULHER MAIS SÁBIA QUE CONHECI NA VIDA Descobri que o sonho, o amor e a morte são os três mais interessantes invenções de Deus. A consciência da morte nos traz lucidez face ao rumo que damos ao nosso tempo. O amor por sua vez, concede-nos uma importante razão para darmos um rumo mais precioso ao tempo que dispomos em sítio terreno. Já o sonho, nos dá a possibilidade de arquitetar a felicidade. Não somos senhores do tempo, nem mesmo da vida. Mas, somos senhores das intenções e vontades de transformar nosso tempo em momentos de amor a despeito da intermitência natural do cotidiano de rir e chorar. Podemos ser tudo que sonhamos mesmo que o tempo insista a nos negar sua benevolência. O sonho burla o tempo, motiva a vida, apressa o riso, aprecia o amor, e não nos deixa morrer. Ainda acredito que a única coisa que sobrevive a morte é a beleza do sonho. Só o sonho pode se dar agora. O sonho se dá na mente, no coração, do amanhecer ao cair da noite. Pelo sonho podemos amar a todo tempo, pelo sonho podemos amar até além da morte. Aliás, pelo sonho o amor não conhece a morte nem o tempo. Minha avó é a pessoa mais sábia que conheci na vida, porque mesmo tento cursado até a quarta série primária, em sua grandiosa simplicidade, me ensinou que o estudo abre as fronteiras do homem oferecendo-lhe novos horizontes. Também me ensinou que nesta vida tudo pode ser desfeito menos o amor que se dedicado para um sonho. 18 Com minha avó aprendi a amar todas as pessoas, compreendo-as em suas singularidades, fazendo deste amor decidi um sonho de igualdade e respeito. Fiz da igualdade e respeito uma filosofia de vida. E finalmente, aprendi com a sabedoria dela, a viver apenas por amor e compreensão ao próximo, pois assim, posso superar a dor, me refazer e lutar, sentindo- me completo na paz dos meus semelhantes. O medo de perder minha avó para a morte me fez mais corajoso para tomar em minhas mãos o tempo da minha vida. Firmou-me as mãos para que eu construísse a cada dia o sonho de felicidade que eu arquitetei. E como Martin Luther king, eu tenho um sonho: “O dia em que crianças, jovens e adolescentes não serão apontadas por suas diferenças sociais, por suas dificuldades físicas ou psicológicas, mas, sim pelo brilhantismo do seu caráter”. Dedico estas palavras à minha avó, Gilda Saldanha. Alexandre Saldanha. 19 A NOVA PERPECTIVA SOBRE O BULLYING. 1. O É BULLYNG? 2. BULLYING UMA FORMA TIRÂNICA DE PODER. 3. O CONFLITO ENTRE TERMO BULLYING USADO NO BRASIL E O TERMO ORIGINAL CRIADO POR DAN OLWEUS E APERFEIÇOADO PELA ORGANIZAÇÃO STOP BULLYING. 4. O COMPORTAMENTO DAS VÍTIMAS DE BULLYING E A RELAÇÃO COM A APRESENTAÇÃO DE ESTRESSE E DEPRESSÃO NESTES CASOS. 5. DANO MORAL UM ATO ILÍCIO EM QUE A INDENIZAÇÃO APENAS SERVE PARA COMPENSAR. 6. BULLYING, UM TIPO DE ASSÉDIO MORAL INDENIZÁVEL. 7. O DIREITO À INDENIZAÇÃO DAS VÍTIMAS DO BULLYING. 8. CONFUSÃO NO USO DAS NOMENCLATURAS: BULLYING E MOBBING. 9. A INFLÊNCIA DA FAMÍLIA NOS CASOS DE BULLYING. 10. A CONFUSÃO ENTRE AS NOMENCLATURAS BULLYING, ASSÉDIO MORAL E ASSÉDIO SEXUAL. 11. A RESPONSABILIDADE CIVIL DA ESCOLA E DOS PAIS EM RELAÇÃO AOS ATOS DE BULLYING. 12. A RESPONSABILIDADE DOS PAIS EM RELAÇÃO AOS ATOS DE BULLYING PRATICADOS POR SEUS FILHOS MENORES DENTRO DO AMBIENTE CYBERNETICO. 13. A SOLIDARIZAÇÃO DA RESPONSABILIZAÇÃO OBJETIVA ENTRE INSTITUIÇÃO DE ENSINO E A FAMÍLIA PARA OS CASOS DE BULLYING ESCOLAR. 14. ENSAIO SOBRE BULLYING ASCENDENTE E BULLYING VERTICAL, HIPÓTESES NAS QUAIS O PROFESSOR É PRATICANTE OU VÍTIMA DE BULLYING. 15. A JUSTIÇA RESTAURATIVA E SUA UTILIDADE AOS CASOS DE BULLYING. 16. OS BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA RESTAURATIVA PARA O AMBIENTE ESCOLAR. 20 OUTROS ENSAIOS 17. ATIVISMO ANTIBULLYING, UM IDEAL PELO QUAL VIVER, UMA CAUSA PELA QUAL LUTAR. 18. ÉTICA, MORAL E O DESVIO DE PERSONALIDADE. 19. O VERDADEIROSENTIDO DA EDUCAÇÃO. 20. A VIOLÊNCIA INFANTIL E OS VALORES EDUCACIONAIS FAMILIARES E ESCOLARES. 21. ENSAIO SOBRE A DITADURA DA BELEZA LÍQUIDA. 22. RACISMO E PRECONCEITO, OS SUTIS DISFARCES DA BRUTALIDADE DA INGORÂNCIA. 23. EPÍLOGO 24. BIBLIOGRAFIA 25. BIOGRAFIA DE ALEXANDRE SALDANHA 21 O É BULLYNG? Consideram-se como bullying as ações caracterizadas com a exposição continuada ao longo do tempo a um comportamento repetitivamente agressivo entre crianças, adolescentes e jovens idade escolar, que envolve um desequilíbrio de poder. 22 BULLYING UMA FORMA TIRÂNICA DE PODER Desde que se iniciaram as relações interpessoais, a busca pela satisfação dos interesses individuais tornou-se uma constante condicional destas relações. A vontade individual não exerce capacidade obrigacional quando isolada. No entanto, quando esta mesma vontade é imposta a uma pessoa ou grupo de pessoas através de comando ou obrigação, temos a figura abstrata do poder. Poder pode ser considerado como uma força absoluta que emana de um ser sem oposição de outro. Em outras palavras, poder também pode ser compreendido como vontade predominante que leva indivíduo ou grupo a um determinado fim 1 . A principal modalidade de exercício do poder em sociedade é o poder social, pois se relaciona com o caráter gregário do homem inserido em uma estrutura social organizada 2 . O poder é formado por duas premissas: a primeira é a vontade individual unilateral ou desejo egoístico; a outra é a força impositiva da vontade individual 3 . Esta sobreposição da vontade individual à coletiva através do poder é oriunda da consciência humana formada pela affectio societatis, ou seja, a necessidade de viver em grupo 4 . O exercício do poder pode ocorrer de várias formas que podem ir desde a forma pacífica a meios mais violentos e opressivos como os tirânicos como a coação moral ou física. 1 Castelo Branco, Eclir, Teoria Geral do Estado, Editora Saraiva, 1988, p. 137 2 Berloffa, Ricardo Ribas da Costa, Introdução ao Curso de Teoria Geral do Estado e Ciência Política, Campinas, Bookseller, 2004, p.288 3 Salvetti Neto, Pedro, Curso de Teoria Geral do Estado, Editora Saraiva, 1984, p. 134 4 Berloffa, Ricardo Ribas da Costa, Introdução ao Curso de Teoria Geral do Estado e Ciência Política, Campinas, Bookseller, 2004, p.290 23 O bullying deve ser classificado como um poder social exercido de forma tirânica, que lança mão da coação física e moral para a sua imposição perante um grupo de crianças, jovens e adolescentes em idade escolar. Equipara-se o bullying como uma forma tirânica de poder, por ser uma espécie de conduta opressiva considerada assédio moral. A ocorrência é fruto de desvios de conduta nas relações humanas, onde um indivíduo é assediado por um ou mais grupo de pessoas que buscam, através de atitudes e palavras, ferir a auto-estima e a imagem da vítima. Essa conduta opressiva ocorre geralmente pelo desequilíbrio de poder e ausência de respeito nas relações humanas. 24 O CONFLITO ENTRE TERMO BULLYING USADO NO BRASIL E O TERMO ORIGINAL CRIADO POR DAN OLWEUS E APERFEIÇOADO PELA ORGANIZAÇÃO STOP BULLYING. Conforme a literatura científica brasileira, o conceito de bullying é em suma, diferente dos conceitos originais propostos por Olweus, o cientista precursor dos estudos desta violência no mundo. Vejamos cada um destes conceitos brasileiros: Cleo Fante define bullying 5 como “o desejo consciente e deliberado de maltratar uma outra pessoa e colocá-la sob tensão (...)”. Para Ana Beatriz Barbosa Silva 6, o bullying “pode ser adotado para explicar todo tipo de comportamento agressivo, cruel, proposital e sistemático inerente às relações interpessoais”. Para Lélio Braga Calhau, o bullying “é um assédio moral, são atos de desprezar, denegrir, violentar, agredir, destruir a estrutura psíquica da outra pessoa sem motivação alguma e de forma repetida”.7 Já para Gabriel Chalita, bullying é o termo designado para descrever o “habito de usar a superioridade física para intimidar, tiranizar, amedrontar, humilhar outra pessoa”.8 Todos os conceitos acima descritos resumem o que Marie-France Hirigoyen 9 compreende como assédio moral Vejamos: 5 Fante, Cleo, Fenômeno Bullying: como prevenir violência escolar e educar para a paz, Campinas, 2. Ed. rev e ampl., Editora Versus, 2005, p. 27 6 Silva, Ana Beatriz Barbosa, Bullying, Mentes Perigosas na Escola, Rio de Janeiro, Objetiva, 2010, p.22. 7 Calhau, Lélio Braga, Bullying, o que você precisa saber: identificação, prevenção, e repressão, 2ª ed. Niterói, RJ, Impetus, 2010, p. 6. 8 Chalita Gabriel, Pedagogia da Amizade, Bullying, o sofrimento das vítimas e dos agressores, São Paulo, 4ª ed., Editora Gente, 2008, p. 81. 9 Hirigoyen, Marie-France. Assédio moral: a violência perversa no cotidiano/ Marie- France Hirigoyen; tradução de Maria Helena Kühner. 5ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002, p. 65. 25 “qualquer conduta abusiva, manifestando-se sobretudo por comportamentos, palavras, atos, gestos, escritos que possam trazer dano à personalidade, à dignidade ou à integridade física ou psíquica de uma pessoa (...)” Em verdade, o bullying é um gênero da espécie assédio moral. O assédio moral pode ser praticado por qualquer grupo de pessoas, enquanto o bullying é de exclusividade de crianças em idade escolar. O conceito técnico que mais se aproxima do original, criado por Dan Olweus e aprimorado pela organização norte americana STOP BULLYING encontra-se na obra Manual Antibullying, do autor Gustavo Teixeira. Neste livro o bullying é conceituado como “comportamento agressivo entre estudantes. São atos de agressão física, verbal ou moral ou psicológica que ocorrem de modo repetitivo, sem motivação evidente, por um ou vários estudantes contra outro indivíduo, em uma relação desigual de poder, normalmente dentro da escola. Ao trazer a baila todos os principais conceitos de bullying das mais respeitadas obras brasileiras, observamos um evidente conflito de conceituação, que abre precedentes para classificar como bullying diversos comportamentos agressivos ocorrido nas relações intersubjetivas. No entanto, o conceito adotado por Olweus em seu estudo vestibular do tema é muito específico, bem como o conceito adotado pela organização norte americana STOP BULLYING. Dan Olweus definiu o bullying ou vitimização da seguinte forma geral: Um estudante está sendo intimidado ou vitimado quando ele ou ela está exposto, repetidamente e ao longo do tempo, a ações negativas por parte de um ou mais estudantes 10 . 10 Olweus, Dan, Bullying At School, Editora Editora Blackwell Publishing, 2006, p. 9. “ I define bullying or victimization in the following general way: A student is being bullied or victimized 26 Já o site da organização STOP BULLYING 11 , o conceito de bullying é compreendido como um comportamento, indesejado agressivo entre crianças em idade escolar, que envolve um desequilíbrio de poder real ou percebida. O comportamento é repetido, ou tem o potencial de ser repetida, ao longo do tempo. Bullying inclui ações como fazer ameaças, espalhar rumores, atacar alguém fisicamente ou verbalmente, e excluindo alguém de um grupo de propósito. No mesmo site observa-se o que não pode ser considerado como bullying: Apesar de relatos da mídia, muitas vezes chamamos de comportamento,indesejado agressivo entre os jovens adultos "bullying", isso não é exatamente preciso. Muitas leis estaduais e federais abordam o bullying comportamentos semelhantes neste grupo etário sob condições muito graves, como trotes, assédio e perseguição. Além disso, a maioria dos jovens se sente desconfortáveis com o termo bullying ao associá-lo com crianças em idade escolar 12 . Primeira infância geralmente marca a primeira oportunidade para as crianças a interagirem umas com as outras. Entre as idades de 3 e 5, as crianças estão aprendendo a conviver umas com as outras, colaborar, compartilhar e entender seus sentimentos. As crianças pequenas podem ser agressivas e agirem quando raivosas ou when he or she is exposed, repedly and over time, to negative actions on the part of one or more other students.” 11 Stop Bullying Org.: http://www.stopbullying.gov/what-is-bullying/definition/index.html, acessado em 9 de novembro de 2012, às 20h:10. “Bullying is unwanted, aggressive behavior among school aged children that involves a real or perceived power imbalance. The behavior is repeated, or has the potential to be repeated, over time. Bullying includes actions such as making threats, spreading rumors, attacking someone physically or verbally, and excluding someone from a group on purpose.” 12 Stop Bullying Org.: http://www.stopbullying.gov/what-is-bullying/definition/index.html, acessado em 9 de novembro de 2012, às 21h:20. “Although media reports often call unwanted, aggressive behavior among young adults “bullying,” this is not exactly accurate. Many state and federal laws address bullying-like behaviors in this age group under very serious terms, such as hazing, harassment, and stalking. Additionally, most young adults are uncomfortable with the term bullying—they associate it with school-aged children.” 27 quando não conseguem o que querem, mas isso não é bullying. Ainda assim, há maneiras de ajudar as crianças 13 . A partir da inteligência dos conceitos originais e aperfeiçoados do bullying, percebemos que a doutrina brasileira abre precedentes para que muitas agressões sejam classificadas como bullying. Contudo e considerarmos somente os conceitos observados na literatura original bem como os aperfeiçoamentos realizados por seu criador, pode-se, somente, considerar bullying as ações caracterizadas com a exposição continuada ao longo do tempo a um comportamento repetitivamente agressivo entre crianças em idade escolar, que envolve um desequilíbrio de poder. 13 Stop Bullying Org.: http://www.stopbullying.gov/what-is-bullying/definition/index.html, acessado em 9 de novembro de 2012, às 21h:20. “Early childhood often marks the first opportunity for young children to interact with each other. Between the ages of 3 and 5, kids are learning how to get along with each other, cooperate, share, and understand their feelings. Young children may be aggressive and act out when they are angry or don’t get what they want, but this is not bullying. Still, there are ways to help children.” 28 O COMPORTAMENTO DAS VÍTIMAS DE BULLYING E A RELAÇÃO COM A APRESENTAÇÃO DE ESTRESSE E DEPRESSÃO NESTES CASOS. Originalmente o bullying é uma expressão para sinalizar o assédio moral praticado entre crianças e adolescentes, no entanto, nos anos de 2007 até 2011, ganhou enumeras variantes como o moblie bullying (bullying por mensagens de celular) e confundido com o mobbing, conhecido nos Estados Unidos e Inglaterra como bullying at the work e cyberbullying (bullying em ambiente virtual). O bullying é um gênero de uma espécie de agressão denominada assédio moral, pois, segundo o conceito de Marie- France Hirigoyen14, o assédio moral é um conjunto de atitudes perniciosas e imperceptíveis, praticadas no dia-a-dia, com a finalidade de humilhar o outro de forma perversa. A exposição contínua aos ataques do bullying torna suas vítimas inseguras e pouco sociáveis, ato que dificulta o pedido de auxílio. Outras sequelas são: a passividade quanto às agressões sofridas, um círculo restrito de amizades, e muitos passam a ter baixo rendimento escolar, resistindo e simulando doenças com o interesse de não comparecer mais as aulas, ou até mesmo abandonando os estudos, e em casos mais sérios pode levar ao suicídio15. Conforme o professor Gustavo Teixeira16, as vítimas de bullying apresentam comportamentos típicos. 14 Fante, Cleo, Bullying escolar: perguntas & respostas/ Cleo Fante José Augusto Pedra.-Porto Alegre: Artmed 2008, p.76 15 Abrapia. Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção a Infância e a Adolescência Programa de redução do comportamento agressivo entre estudantes, disponível em:http:// www.bullyng.com.br, acesso em 20/jun/2007. 16 Teixeira Gustavo, Manual Antibullying para alunos, pais, e professores, Rio de Janeiro, Best-seller, 2011, p.64 à p 66. 29 Esse perfil psicológico é valioso para identificar vítimas de bullying sem expô-las a situações de inquirição direta, que são, na maioria das vezes, vexatórias. Vamos a análise desses perfis: Conquista poucos amigos; Desinteressa-se pelos estudos; Passa o recreio sozinho; Não possui um “melhor amigo”; Tem medo de ir à escola; Chega em casa com material rasgado; Tem o dinheiro e outros pertences pessoais roubados com frequência; Evita atividades escolares em grupo como passeios e ou atividades esportivas; É xingado e ridicularizado ou recebe apelidos pejorativos por colegas da sala; É agredido fisicamente sem ser capaz de se defender. Nunca vai à casa de um colega da escola; É excluído de brincadeiras em grupo; Normalmente é o último a ser escolhido nos times de educação física; Parece estar sempre desmotivado para ir à escola; Fica inseguro e angustiado nos momentos de saída e entrada da aula; Prefere a companhia de adultos na hora do recreio; Mostra-se inseguro na sala de aula; Diz preferir ficar sozinho na escola sem ter uma explicação para isso; Nunca é convidado para festas de aniversário dos colegas da escola; 30 Apresenta queixas físicas como dores de cabeça enjoo ou indisposição nos momentos antecedentes à aula; Quer mudar de escola, sem apresentar um motivo plausível. Esses comportamentos geram um estado constante de estresse físico e mental que, em muitas vezes, resultam em graves patologias. Para compreendermos os males do bullying na vida cotidiana das vítimas, é necessário compreender como o estresse age no corpo humano. Vejamos o conceito de estresse e suas peculiaridades técnicas. Estresse é essencialmente o grau de desgaste no corpo, que produz certas modificações na estrutura e na composição química. Algumas dessas modificações são sintomas de lesão física, outras são reações de adaptação que, servem como mecanismo de defesa contra o estresse. O conjunto dessas modificações é conhecido como síndrome do estresse, é denominada como síndrome de adaptação geral (SAG), desenvolvida em três fases: reação de alarme, fase de resistência e fase da exaustão17. A reação de alarme subdivide-se em dois estágios, a do choque e a do contra-choque. As alterações fisiológicas na fase de choque o indivíduo experimenta o estímulo estressor demasiadamente intenso. Durante a Reação de Alarme, participa ativamente do conjunto das alterações fisiológicas o Sistema Nervos Autônomo (SNA).Este sistema trata-se de um conjunto neurológico que controla, de forma autônoma, todo o meio interno do organismo, através da ativação e inibição dos diversos sistemas, vísceras e glândulas18. Em outras palavras, as reações corporais desenvolvidas nesta fase são: dilatação das pupilas; estimulação do coração (palpitação), a noradrenalina, produzida 17 Seleye Hans, Stress a tensão da vida, Editora Ibrsa, 1965, p.01. 18 Ballone GJ, Moura EC - Estresse - Fisiologia - in. PsiqWeb, Internet, disponível emwww.psiqweb.med.br, revisto em 2008. 31 nas glândulas supra-renais acelera os batimentos cardíacos e provoca uma alta de pressão arterial, o que permite uma melhor circulação do oxigênio; a respiração se altera (tornando-se ofegante) e os brônquios se dilatam para poderem receber maior quantidade de oxigênio; aumento na possibilidade de coagulação do sangue (para assim poder fechar possíveis ferimentos); o fígado libera o açúcar armazenado para que este seja usado pelos músculos; redistribuição da reserva sangüínea da pele e das vísceras para os músculos e cérebro; frieza nas mãos e pés; tensão nos músculos; inibição da digestão (inibição da produção de fluidos digestivos, inibição dos movimentos peristálticos do percurso gastrointestinal); Inibição da produção de saliva (boca seca)19. A Fase de Resistência caracteriza, basicamente, pela hiperatividade da glândula supra-renal sob influência do Hipotálamo, particularmente da Hipófise. Nesta fase, mais aguda, ocorre o aumento no volume da supra-renal, juntamente a uma atrofia do baço e das estruturas linfáticas, assim como um continuado aumento dos glóbulos brancos do sangue (leucocitose). Dessa forma, a ação da Hipófise ao ativar todo o Sistema Endócrino ocorre porque o organismo precisa aumentar a concentração da quantidade de energia para a sua defesa. As descargas simpáticas na camada medular da Glândula Suprarrenal, ocasiona a liberação de catecolaminas nas situações emergenciais do estresse, ativando a glicogenólise no líquido extra-celular, e glicogênese no fígado, inibindo a insulina e estimulando o glucagon, estes dois últimos hormônios pancreáticos20. De forma simplificada na fase de resistência o organismo é provido com fontes de energia rapidamente mobilizadas, aumentando a potencialidade para outras 19 Fonte: http://www.marcelomarcia.na-web.net/estresse.html, acessado dia 30 de novembro de 2012, às 14h: 37 min. 20 Ballone GJ, Moura EC - Estresse - Fisiologia - in. PsiqWeb, Op.Cit. 32 ações no caso de novos perigos imediatos serem acrescentados ao seu quadro de "Estresse" contínuo. O organismo procura ajustar-se a situação em que se encontra21. Na fase de exaustão há uma queda na imunidade e surgimento de doenças, como: dores vagas; taquicardia; alergias; psoríase; caspa e seborréia; hipertensão; diabete; herpes; graves infecções; problemas respiratórios (asma, rinite, tuberculose pulmonar); intoxicações; distúrbios gastrointestinais (úlcera, gastrite, diarréia, náuseas); alteração de peso; depressão; ansiedade; fobias; hiperatividade; hipervigilância; alterações no sono (insônia, pesadelos, sono em excesso); sintomas cognitivos como dificuldade de aprendizagem, lapsos de memória, dificuldade de concentração; bruxismo o que pode ocasionar a perda de dentes; envelhecimento; distúrbios no comportamento sexual e reprodutivo22. Ao explanarmos sobre todas as alterações biológicas que estresse causa a uma vítima, conclui-se com certeza que este estado físico compromete as relações sociais e acadêmicas de um aluno que é exposto continuamente as agressões do bullying. Em casos nos quais a vítima é exposta sem trégua ao assédio moral do tipo bullying, é comum notar o acometimento de baixa auto estima e depressão em seus vários estados, o que necessita de acompanhamento profissional para amenizar os efeitos psicológicos da agressão. Observemos os conceitos de depressão e seus efeitos psicossomáticos em suas vítimas. A depressão, em especial nos casos de bullying, está intimamente ligada a perda ou a baixa da autoestima, a ausência de amor próprio é um dos sintomas mais característicos do bullying. 21 Fonte: http://www.marcelomarcia.na-web.net/estresse.html, Op. Cit. 22 Fonte: http://www.marcelomarcia.na-web.net/estresse.html, idem. 33 Conforme Andrew Solomon, a depressão “é a imperfeição no amor. Para podermos amar, temos que ser criaturas capazes de se desesperar ante as perdas, e a depressão é o mecanismo desse desespero. Quando ela chega, degrada o eu da pessoa e finalmente eclipsa sua capacidade de dar ou receber afeição23”. A depressão deve ser acompanhada por sofrimento ou prejuízo clinicamente significativo nas relações sociais, profissionais ou por outras áreas da vida cotidiana do indivíduo24. A manifestação típica da depressão depende sempre da maneira como ocorreu o episódio depressivo, ou, da forma atípica quando a depressão se manifesta sem a ocorrência de qualquer episódio depressivo25. Conforme o Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais,26 os transtornos depressivos são classificados da seguinte forma: Transtorno Depressivo Maior é caracterizado quando há um ou mais episódios depressivos maiores como humor deprimido e perda de interesse, por pelo período mínimo de duas semanas e acompanhados por quatro sintomas comuns da depressão. Transtorno Distímico é caracterizado por humor deprimido durante o período mínimo de dois anos, acompanhado por sintomas depressivos adicionais que não satisfazem os critérios para um episódio depressivo maior. 23 Solomon Andrew, O demônio da meia noite: uma anatomia da depressão, Rio de Janeiro, Objetiva, São Paulo, p.17. 24 Joubert, J., Reid, C., Joubert, L., Barton, D., Ruth, D., Jackson, D., Sullivan, J. O., & Davis, S. M. (2006). Risk factor management and depression post-stroke: The value of an integrated model of care. Journal of Clinical Neuroscience, 13(1), 84-90. 25 Paula, Margareth Pereira de; Pinto, Kátia Osternack e Lucia, Mara Cristina Souza de. Relação entre depressão e disfunção cognitiva em pacientes após acidente vascular cerebral: um estudo teórico. Psicol. hosp. (São Paulo) [online]. 2008, vol.6, n.1, pp. 21-38. ISSN 1677-7409. 26 Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (2002). DSM-IV-TR. 4ª ed., Texto Revisado. São Paulo: Artmed 34 Transtorno Depressivo Sem Outra Especificação27 são os transtornos com características depressivas que não satisfazem os critérios para: Transtorno Depressivo Maior, Transtorno Distímico, Transtorno da Adaptação Com Humor Depressivo ou, Transtorno da Adaptação Misto de Ansiedade e Depressão. A partir desses conceitos concluí-se que o bullying é um tipo de assédio moral que causa danos morais e materiais para a vítima. Concluí-se também que a vítima do bullying desenvolve um processo depressivo devido à alta carga de estresse diário, o que compromete sua psique e seu físico, impedindo-a de praticar a contento suas atividades sociais e acadêmicas. Concluí-se finalmente que, este estado doentio do corpo e da mente necessita de tratamento especializado, o que despende dinheiro e tempo dos familiares da vítima. 27 Paula, Margareth Pereira de; Pinto, Kátia Osternack e Lucia, Mara Cristina Souzade. Relação entre depressão e disfunção cognitiva em pacientes após acidente vascular cerebral: um estudo teórico. Op.Cit. 35 DANO MORAL UM ATO ILÍCIO EM QUE A INDENIZAÇÃO APENAS SERVE PARA COMPENSAR. Para a compreensão desse título que, para muitos soará sem clareza, é necessário trazer a baila os conceitos básicos da responsabilidade civil como ato ilícito, dano, dano moral, matéria. Vamos a eles: Ato ilícito é toda ação ou omissão praticada com negligência ou imprudência que violando um direito gera um dano 28 . Sobre este aspecto o artigo 186 do Código Civil prevê que “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.” Para Sergio Cavalieri Filho, o ato ilícito “é sempre um comportamento voluntário que infringe um dever jurídico” 29. Dano vem do latim “damnum” que significa ofensa, mal. De forma genérica, dano pode ser conceituado como um mal que uma ação causa a alguém. Etimologicamente dano tem o seguinte sentido de “mal que se faz a alguém; prejuízo ou deterioração de coisa alheia; perda.” 30 Para Clayton Reis 31 , dano pode ser compreendido como prejuízo ao patrimônio de alguém por conta da ação lesiva de outrem, ou de forma geral e conclusiva, “Dano consiste no prejuízo sofrido pelo agente 32.” O que gera o dever indenizatório nas relações humanas é o que o direito conceitua como Nexo causal, que é a ligação entre o ato e o dano que dele acarretou. 28 Soares, Alexandre Saldanha Tobias, A responsabilidade Civil das Instituições de Ensino em Relação ao Efeito Bullying, Monografia, UTP, 2007, p.15 29 Cavalieri Filho, Sergio, Programa de Responsabilidade Civil, 8ª Ed- 3. reimpr.- São Paulo: Atlas, 2009, p. 12. 30 Soares, Alexandre Saldanha Tobias, Op. Cit. p.20 31 Reis, Clayton (a). Dano Moral. Rio de Janeiro: Forense, 2001, p.01 32 Venosa, Sílvio de Salvo. Direito Civil: responsabilidade civil. 5 ed. São Paulo: Atlas, 2005. -Coleção de Direito Civil; v.4, p. 40 36 Esta ligação entre o binômio ação e dano é de vital importância para que exista na responsabilidade civil o dever de indenizar, sem ela não há dever de indenizar 33 . Para a responsabilidade civil, a compreensão de dano pode se bipartir em duas espécies: dano moral e dano material, mas, para o atual estudo, interessa-nos apenas o primeiro. Vamos ao conceito técnico dele: Dano moral consiste na lesão ao patrimônio psíquico ou ideal da pessoa, a sua dignidade em fim que se traduz nos modernos direitos da personalidade 34 . Ao citar Wilson de Mello da Silva, Clayton Reis 35 define dano moral como uma lesão sofrida pelo sujeito físico ou pessoa natural de direito em seu patrimônio ideal, entendendo-se patrimônio ideal, em contraposição a patrimônio material, o conjunto de tudo aquilo que não seja suscetível de valor econômico. Ainda conforme as palavras de Clayton Reis 36 , esse tipo de dano afeta a moral do indivíduo, causando-lhe um desconforto anormal em seu íntimo, uma aflição que abala o psíquico. O dano moral por ser um bem não material pode apenas ser compensado e nunca restituído na sua integralidade. Nesse particular Cavalieri Filho apud Silvio de Salvo Venosa 37 nos diz: “A condenação em dinheiro é mero lenitivo para a dor, sendo mais uma satisfação do que uma reparação.” Com isso concluí-se que o dano moral é uma lesão ao psicológico produzida por um ato ilícito, e por isso, apenas pode ser compensada por meio da indenização. 33 Diniz, Maria Helena, Curso de Direito Civil Brasileiro. 19 ed. São Paulo: Saraiva; 2002 p.108 34 Venosa, Sílvio de Salvo, Op. Cit. p. 227 35 Reis, Clayton, Dano Moral, 5ª Ed., Rio de Janeiro, Forense, 2010, p.8. 36 Reis, Clayton, Dano Moral. Op. Cit.p.15 37 Venosa, Sílvio de Salvo, Op. Cit. p. 48 37 BULLYING, UM TIPO DE ASSÉDIO MORAL INDENIZÁVEL. Ao compreender como bullying um gênero de agressão intencional praticada repetidamente e adotada sem motivo real por uma ou mais pessoas contra outro lhe causando uma extrema angústia. A exposição contínua aos ataques do bullying torna suas vítimas inseguras e pouco sociáveis, ato que dificulta o pedido de auxílio. Outras seqüelas observadas nas vítimas do bullying, conforme o estudo da ABRAPIA 38 é: a passividade quanto às agressões sofridas, um círculo restrito de amizades, e muitos passam a ter baixo rendimento escolar, resistindo e simulando doenças com o interesse de não comparecer mais as aulas, ou até mesmo abandonando os estudos. Há jovens que em conseqüência do bullying, apresentam um quadro de depressão profunda, que os levam, muitas vezes, ao suicídio. O bullying também causa um abalo emocional nos familiares da vítima, haja vista que sentem-se angustiados ao vivenciar o sofrimento de seu ente. Neste mesmo raciocínio Maria Helena Diniz 39 (2002, p.87), fala sobre a lesão indireta: O lesado indireto é aquele que, não sendo a vítima direta do fato lesivo, vem a sofrer com esse evento por experimentar um menoscabo ou uma lesão a um bem jurídico patrimonial ou moral em razão de sua relação ou vinculação com o lesado direto. Como se pode observar o bullying causa sérios danos à dignidade da pessoa e, bem sabemos que a dignidade é um bem fundamental (artigo 1º,III da 38 Abrapia. Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção a Infância e a Adolescência Programa de redução do comportamento agressivo entre estudantes, disponível em:http:// www.bullyng.com.br, acesso em 20/jun/2007. 39 Diniz, Maria Helena, Curso de Direito Civil Brasileiro. 19 ed. São Paulo: Saraiva; 2002 p.87. 38 Constituição Federal de 1988) para a evolução do ser humano. Sobre este aspecto proclama Maria Helena Diniz 40 : [...] é o primeiro bem da pessoa, que lhe pertence, como primeira utilidade, para que ela possa ser o que é, para sobreviver e se adaptar às condições do ambiente em que se encontra, servindo-lhe de critério para aferir, adquirir e ordenar outros bens. Ao conceituar o bullying e observar seus efeitos calha equipara-lo ao assédio moral, que para o direito é todo ataque contínuo à integridade psicológica de alguém com o fim de causar na vítima um sentimento de desprezo e humilhação. O assédio moral pode se caracterizar de muitas formas que vão desde um isolamento da vítima até atitudes hostis perante seus colegas. Como o bullying é uma forma de agressão repetitiva ao conjunto de bens imateriais que afeta o psicológico da vítima e diminui sua auto-estima, pode-se então equipará-lo ao assédio moral. O entendimento do bullying como uma forma de assédio moral, advém da sua equiparação ao mobbing. Ainda que tenham nomenclaturas diferentes ambos, “bullying” e “mobbing, significam a mesma coisa, ou seja, são sinônimos de referência ao assédio moral. O que os diferencia é que o primeiro é usado na Inglaterra e, o segundo tem seu uso mais freqüente na Alemanha e na França. No Brasil, ambas as nomenclaturas são usadas para referenciar o dano moral, mas diferenciam-se por seus modos de uso, pois o “mobbing” é o assédio moral no ambiente de trabalho e o “bullying” é no ambiente escolar. O bullying causa também dano no patrimônio material da vítima, pois além de perder a capacidade de aprender as matérias lecionadas em sala de aula, resulta também na necessidade de auxílio médico para superar o trauma psicológico.As 40 Diniz, Maria Helena, Curso de Direito Civil Brasileiro. 19 ed. São Paulo: Saraiva; 2002 p.75. 39 despesas decorrentes do tratamento profissional configuram dano patrimonial indenizável. Ao compreender o bullying como uma forma de agressão injusta ao direito fundamental que tira a paz de espírito da vítima, compreende-se também que há o dever de indenizá-lo. Neste aspecto Clayton Reis 41 nos ensina que: [...] Toda e qualquer lesão que transforma e desassossega a própria ordem social ou individual, quebrando a harmonia e a tranqüilidade que deve reinar entre os homens, acarreta o dever de indenizar. A Carta Magna de nosso País em seu artigo 5º X prevê a indenização nos casos de violação a qualquer direito fundamental do ser humano. São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurando o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrentes da sua violação. Quando se observa o efeito que o bullying afeta a dignidade de uma pessoa, um dano que acarreta num desconforto, numa angústia, num medo que impossibilita o lesado de evoluir nas relações intersubjetivas torna-se legítima a pretensão indenizatória. 41 Reis, Clayton, Dano Moral, 5ª Ed., Rio de Janeiro, Forense, 2010, p. 85. 40 O DIREITO À INDENIZAÇÃO DAS VÍTIMAS DO BULLYING A indenização é o ato de reparar o dano, tornar incólume o prejuízo. É como afirma Silvio de Salvo Venosa 42: “Reparar o dano qualquer que seja a sua natureza, significa indenizar, tornar indene o prejuízo”. Aquele que por ato ilícito causar dano a alguém fica obrigado a repará-lo. O código Civil Brasileiro prevê em seu artigo 927 o dever de indenizar um ato ilícito: Art. 927-“Aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem fica obrigado a repará-lo”. Sendo assim, toda lesão que atinja o direito de um terceiro terá como resultado a obrigação de indenizar. No mesmo sentido compreende Clayton Reis 43: “A lesão do direito que atinja o patrimônio da vítima resulta sempre em uma imediata obrigação indenizatória” E ao compreender o bullying como uma forma de agressão injusta ao direito fundamental que tira a paz de espírito da vítima, compreende-se também que há o dever de indenizá-lo. Neste aspecto Clayton Reis 44 nos ensina que: [...] Toda e qualquer lesão que transforma e desassossega a própria ordem social ou individual, quebrando a harmonia e a tranqüilidade que deve reinar entre os homens, acarreta o dever de indenizar. A Carta Magna de nosso País em seu artigo 5º X prevê a indenização nos casos de violação a qualquer direito fundamental do ser humano. 42 Venosa, Sílvio de Salvo. Direito Civil: responsabilidade civil. 5 ed. São Paulo: Atlas, 2005. -Coleção de Direito Civil; v.4, p. 270 43 Reis, Clayton Reis, Clayton, Dano Moral, 5ª Ed., Rio de Janeiro, Forense, 2010, p. 4 44 Reis, Clayton, Op. Cit. 85 41 São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurando o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrentes de sua violação. Quando qualquer ato atinge de maneira maléfica a intimidade há a existência de dano. Assim compreende o Egrégio Tribunal de Justiça de Minas Gerais: EMENTA: AÇÃO DE INDENIZAÇÃO - DANO MORAL - EMPREGADOR - COMENTÁRIOS PÚBLICOS DESAIROSOS - VIOLAÇÃO DA ESFERA PRIVADA - ALEGAÇÕES DA INTIMIDADE DO EMPREGADO - RECURSO A QUE SE NEGA PROVIMENTO. - O empregador que, munido de um microfone, propaga comentários desairosos à conduta pessoal de empregado, por ter freqüentado boate de má-fama, deve indenizar os danos morais deles resultantes. - "O intrometimento arbitrário na vida de alguém, o ataque à intimidade, caracteriza dano MORAL pelo só fato da intromissão não consentida na vida privada e na intimidade. A realização do ato considerado antijurídico que origine ofensa NO âmbito interno ou externo da pessoa e que perturbe o sentimento da vítima, faz surgir o dano".(MINAS GERAIS. Tribunal de Justiça. Apelação Cível Nº 449.864-0, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça de Minas Gerais, Relator: TARCISIO MARTINS COSTA, julgado em 14/12/2004. Publicado no Diário de Justiça do dia 19/02/2005). Observa-se que todo dano moral sofrido pelo aluno dentro da instituição de ensino deve ser indenizado. Assim entende o Egrégio Tribunal de Justiça de Minas Gerais: EMENTA: AÇÃO DE INDENIZAÇÃO - RESPONSABILIDADE CIVIL — ESTUDANTE QUE SOFRE CONSTRANGIMENTO E HUMILHAÇÃO NO INTERIOR DE ESTABELECIMENTO DE ENSINO PÚBLICO — CULPA OBJETIVA DO ESTADO — DEVER DE INDENIZAR - DANOS MATERIAIS E MORAIS - FIXAÇÃO DO "QUANTUM" - DENUNCIAÇÃO DA LIDE AO AGENTE - ADMISSIBILIDADE.( MINAS GERAIS. Tribunal de 42 Justiça. Apelação Cível Nº 1.0024.00.147114-3/001, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça de Minas Gerais, Relator: Wander Motta, Julgado em 21/12/2005. Publicado no Diário de Justiça do dia 16/02/2005). A moral é parte da personalidade enquanto patrimônio, assim concorda Maria Helena Diniz 45 apud Goffedro Telles Jr.: [...] é objeto do direito, é o primeiro bem da pessoa, que lhe pertence, como primeira utilidade, para que ela possa ser o que é, para sobreviver e se adaptar às condições do ambiente em que se encontra, servindo-lhe de critério para aferir, adquirir e ordenar outros bens. Sem possuir a moral incólume o indivíduo deixa de obter amor próprio, não acrescenta valores ao seu íntimo, não contribui com a sociedade e não evolui como pessoa. Quando se observa o efeito que o bullying afeta a dignidade de uma pessoa, um dano que acarreta num desconforto, numa angústia, num medo que impossibilita o lesado de evoluir nas relações intersubjetivas torna-se legítima a pretensão indenizatória. 45 Diniz, Maria Helena, Curso de Direito Civil Brasileiro. 19 ed. São Paulo: Saraiva; 2002. p. 75 43 CONFUSÃO NO USO DAS NOMENCLATURAS: BULLYING E MOBBING Bullying e mobbing são gêneros de uma espécie de agressão denominada assédio moral. Segundo o conceito ensinado pela vitimóloga francesa Marie- France Hirigoyen 46 , o assédio moral é um conjunto de atitudes perniciosas e imperceptíveis, praticadas no dia-a-dia do trabalho, com a finalidade de humilhar o outro de forma perversa. Para José Affonso Dellagrave Neto ao citar Márcia Novaes Guedes 47 ·, assédio moral são todos aqueles atos e comportamentos advindos do patrão, gerente ou dos colegas, que caracterizam uma atitude contínua e ostensiva de perseguição que resulta em grandes danos às condições físicas, psíquicas da vítima. Quando esta submissão a situações vexatórias tornam-se direcionadas, repetitivas e prolongadas, configura-se então o mobbing. Segundo Cleo Fante 48 , o termo mobbing remete à idéia de constituição de grupos que exercem pressões e ameaças sobre os outros trabalhadores. No Brasil, o mobbing é definido como assédio moral. Na compreensão de mobbing como uma forma de assédio moral é a jurisprudência da segunda turma do TST. Vejamos: Segundo a melhor doutrina, constitui assédio moral vertical a exposição do empregado a situação humilhante e embaraçosa, em que se vale o agressor da condição de superioridade hierárquica em relação à vítima. Também conhecido por mobbing, ele é caracterizado por conduta46 Fante, Cleo, Bullying escolar: perguntas & respostas/ Cleo Fante José Augusto Pedra.-Porto Alegre: Artmed 2008, p.76 47 Dallegrave Neto, José Affonso, Responsabilidade civil no direito do trabalho/José Affonso Dallegrave Neto, -4ª ed. São Paulo LTr, 2010.p.265 48 Fante, Cleo, op. Cit. p.35 44 abusiva, de forma usualmente repetitiva e prolongada, capaz de causar ofensa à personalidade, à dignidade ou à integridade psicológica do empregado, tendo por efeito diminuí-lo em seu ambiente de trabalho. (Processo: A- AIRR - 73940-86.2008.5.10.0010 Data de Julgamento: 02/06/2010, Relator Ministro: Flavio Portinho Sirangelo, 2ª Turma, Data de Divulgação: DEJT 18/06/2010.) Sobre os atos que compõe a caracterização do mobbing é a jurisprudência da terceira turma do TST: (...) De início, os doutrinadores o definiam como "a situação em que uma pessoa ou um grupo de pessoas exercem uma violência psicológica extrema, de forma sistemática e frequente (em média uma vez por semana) e durante um tempo prolongado (em torno de uns 6 meses) sobre outra pessoa, a respeito da qual mantém uma relação assimétrica de poder no local de trabalho, com o objetivo de destruir as redes de comunicação da vítima, destruir sua reputação, perturbar o exercício de seus trabalhos e conseguir, finalmente, que essa pessoa acabe deixando o emprego" (cf. Heinz Leymann, médico alemão e pesquisador na área de psicologia do trabalho, na Suécia, falecido em 1999, mas cujos textos foram compilados na obra de Noa Davenport e outras, intitulad Mobbing: Emotional "Abuse in The American Work Place"). O conceito é criticado por ser muito rigoroso. Hoje é sabido que esse comportamento ocorre não só entre chefes e subordinados, mas vice-versa e entre colegas de trabalho com vários objetivos, entre eles o de forçar a demissão da vítima, o seu pedido de aposentadoria precoce, uma licença para tratamento de saúde, uma remoção ou transferência. Não se confunde com outros conflitos que são esporádicos ou mesmo com más condições de trabalho, pois o assédio moral pressupõe o comportamento (ação ou omissão) por um período prolongado, premeditado, que desestabiliza psicologicamente a vítima.(Processo: AIRR - 145440- 36.2008.5.03.0067 Data de Julgamento: 12/05/2010, Relator Ministro: Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, 3ª Turma, Data de Divulgação: DEJT 28/05/2010.) Mesmo apresentando nomenclaturas diferentes, “bullying” e “mobbing”, no mundo do direito são utilizados como sinônimos para referência ao assédio moral. 45 É o que se observa na compreensão da jurisprudência da quinta turma do TST: O assédio moral, embora não se constitua em fato novo, uma vez que é tão antigo quanto o próprio trabalho, somente recentemente vem sendo estudado. É também conhecido como hostilização no trabalho, ou assédio psicológico no trabalho ou também, ainda, como `psicoterror, mobbing ou bullying -. Considera-se assédio moral no trabalho a exposição de empregados a situações humilhantes e constrangedoras ao longo da jornada laboral. Humilha-se o empregado fazendo-o sentir-se ofendido, menosprezado, rebaixado, magoado, envergonhado, etc. O empregado passa a sentir- se um ninguém, um inútil, sem qualquer valor-- (fls. 491v/492v). (Processo: RR - 114000-30.2007.5.04.0002 Data de Julgamento: 09/12/2009, Relator Ministro: João Batista Brito Pereira, 5ª Turma, Data de Divulgação: DEJT 18/12/2009.) Entretanto, ainda que ambas as nomenclaturas sirvam para a referência ao assédio moral, não se pode confundir o uso correto para cada uma. O mobbing é o assédio moral no ambiente de trabalho e o bullying é no ambiente escolar. As semelhanças guardadas entre os dois conceitos é a utilização do desequilíbrio de poder para ridicularizar as vítimas e amedrontar os espectadores, e os resultados nefastos para as vítimas como apatia social e sérios transtornos emocionais. Finalmente obtempera-se que a expressão mobbing é utilizada pelo ramo do direito trabalhista para denominar a exposição contínua do empregado a uma situação vexatória que viola a dignidade da vítima, também conhecida como assédio moral. 46 A INFLÊNCIA DA FAMÍLIA NOS CASOS DE BULLYING. Em tempos caóticos, em que todas as instituições sociais não estão mais seguras, a família tem o condão de estabelecer formas de preparar seus rebentos para uma vida social cada vez mais competitiva e individualista, sem perder o respeito pelos valores da natureza humana. A família é o primeiro núcleo social organizado que uma criança está inserida. É neste núcleo que a criança recebe parâmetros de comportamento social que a alertam quanto à importância do respeito pela liberdade física e psíquica individual. A família deve atentar-se para a formação afetiva, psicológica, humanista, cultural e social de suas crianças para que sua inserção na sociedade seja completa, sem conflitos permeados por preconceitos ou por egocentrismos que resultem em violências físicas ou morais a terceiros. É neste contexto que se observa a importância das intervenções familiares nas experiências infanto juvenil, pois, é na idade entre 2 a 8 anos que a criança desenvolve a sua capacidade de absorver os estímulos sociais advindos da família. Depois desta idade a criança reproduz esses comportamentos nos ambientes sociais exteriores como, por exemplo, na escola. Então, se uma criança não recebe intervenções corretivas em um eventual comportamento preconceituoso ou violento, certamente o reproduzirá em sua idade juvenil e adulta. Da mesa forma, se uma criança não recebe um elogio por uma atitude socialmente louvável como o respeito para com as demais pessoas, certamente não terá vontade de adotar essa postura socialmente pacífica em sua vida futura. 47 Ainda neste contexto, se uma criança não percebe carinho e atenção em seu núcleo familiar, é óbvio que terá uma postura de frieza ou apática nas relações intersubjetivas, que pode resultar em isolamento social. Finalmente, pode-se observar que se uma criança não tem um dialogo educacional frequente em casa, terá grandes chances de apresentar um comportamento individual afetado quando inserida num grupo. Uma criança que cresce num modelo familiar em que os pais são ausentes ainda que por conta do trabalho, certamente, não terá limites sociais nem saberá lidar com situações de frustração, pois, nunca ou pouco recebeu orientações para encarar essas situações. Outro modelo de educação familiar que compromete a formação psicológica de uma criança é o em que os pais que embora presentes, não impõem limite ou regra para seus filhos, deixando-os por conta e própria. Isso imprime na psique de uma criança que tudo ela pode e que não há limitações entre o direito dela e de outra pessoa. Ou seja, resultará em uma criança egoísta e sem valores morais. Esse modelo familiar também não oferece o apoio adequado para a criança que sofre agressões de seus colegas de classe. Daí restará impregnado no inconsciente desta criança a errada autoimagem de “sujeito sem importância para aquele núcleo familiar”. Da mesma forma prejudicial serão os pais que muito limitam seus filhos ou que impõe de forma agressiva o ponto de vista que reputam como resolução para um problema, porque, a criança crescerá com a informação de que a agressividade e a intolerância são formas adequadas de resolução de um problema podem se tornar praticantes de bullying como forma de autoafirmação. 48 É do modelo de educação familiar que emanam regras de convívio social e modelos de conduta nas relaçõesintersubjetivas. Exageros na educação de uma criança podem prejudicá-la em sua vida social e torná-la excessivamente agressiva ou apática, o que pode resultar em potenciais praticantes do ou vítimas bullying. Com isso é correto afirmar que o pisquê de uma criança sofre, de forma direta, influência de um histórico de experiências familiares. Essas experiências determinam seu caráter, seus valores morais e sua conduta ética. Se uma família possui em seu meio um modelo de educação ausente de balizamentos morais e retidão ética, seus filhos serão o fruto negativo deste modelo, seja com inclinações para atitudes violentas ou para apatia social. 49 A CONFUSÃO ENTRE AS NOMENCLATURAS BULLYING, ASSÉDIO MORAL E ASSÉDIO SEXUAL. ASSÉDIO MORAL Concerne em qualquer atitude abusiva na forma de palavras, gestos, escritos que resultam em dano à personalidade, à dignidade, à integridade física ou psíquica de uma pessoa 49 . BULLYING É toda e qualquer forma de agressão intencional, ocorrida dentro do ambiente escolar, praticada repetidamente e adotada sem motivo real por uma ou mais crianças, jovens ou adolescentes em idade escolar, contra outro causando-lhes uma extrema angústia 50 . ASSÉDIO SEXUAL Assédio sexual 51 é toda tentativa, por parte do superior hierárquico (chefe), ou de quem detenha poder hierárquico sobre o subordinado, de obter dele favores sexuais por meio de condutas reprováveis, indesejáveis e rejeitáveis, com o uso do poder que detém, como forma de ameaça e condição de continuidade no emprego. Sob este particular é a similitude pontificada no Código Penal Brasileiro no artigo 216 A, que classifica o assédio sexual como sendo o ato de constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função. 49 Carvalho, Nelson Gonçalves de, Assédio Moral na Relação de Trabalho, 1ªEd. São Paulo, Rideel 2009, p.59 50 Soares, Alexandre Saldanha Tobias, A Responsabilidade Civil das Instituições de Ensino em Relação aos Efeitos do Bullying, 1 ed., 1ª impr. Editora JM, 2012, p.53 51 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria-Executiva. Subsecretaria de Assuntos Administrativos Assédio: violência e sofrimento no ambiente de trabalho: assédio sexual / Ministério da Saúde, SecretariaExecutiva, Subsecretaria de Assuntos Administrativos. – Brasília : Editora do Ministério da Saúde, 200 36 p.– (Série F. Comunicação e Educação em Saúde), p. 9 50 CONCLUSÃO GERAL. Bullying é espécie reiterada prática do assédio moral por parte de um sujeito ou grupo contra outrem. Da mesma forma o assédio sexual é uma espécie de assédio moral que não guarda relação nenhuma com o bullying. 51 A RESPONSABILIDADE CIVIL DA ESCOLA E DOS PAIS EM RELAÇÃO AOS ATOS DE BULLYING. O bullying pode ser compreendido como um conjunto de ações caracterizadas com a exposição continuada ao longo do tempo a um comportamento repetitivamente agressivo entre crianças, adolescentes e jovens em idade escolar, que envolve um desequilíbrio de poder. Originalmente o bullying é uma expressão para sinalizar o assédio moral praticado entre crianças e adolescentes, no entanto, nos anos de 2007 até 2011, ganhou enumeras variantes como o moblie bullying (bullying por mensagens de celular); bullying at the work place (é o bullying no ambiente de trabalho, conhecido tecnicamente como mobbing) e cyberbullying. Qualquer variante do bullying é considerada ato ilícito por assediar o bem estar psíquico e físico da vítima. A dúvida reside na determinação do sujeito passivo do dever indenizatório para os casos de bullying escolar. Primeiramente trataremos da responsabilidade civil das instituições de ensino. Os fundamentos jurídicos que tratam da responsabilidade civil das escolas em relação ao efeito bullying, acham-se no âmbito da responsabilidade civil objetiva das pessoas jurídicas 52 . É a partir dessa afirmação, que Maria Helena Diniz 53 pontifica que o art.932, IV, 2ª alínea do Código Civil trata da responsabilidade dos donos de instituições de ensino, ou seja, daqueles que mediante uma remuneração mantém sob sua guarda e orientação pessoas para serem educadas. Deverão responder objetivamente 52 Diniz, Maria Helena, Curso de Direito Civil Brasileiro. 19 ed. São Paulo: Saraiva; 2002 p.59 53 Diniz, Maria Helena, Curso de Direito Civil Brasileiro. 19 ed.,p.59 52 e solidariamente (CC, arts. 933 e 942, parágrafo único) pelos danos causados a um colega ou a terceiros por atos ilícitos durante o tempo que exercem sobre eles vigilância e autoridade. Quanto à responsabilidade dos pais, deve-se ter em mente que eles têm o dever de garantir o conforto, a educação e transmitir valores morais para seus filhos com o intuito de prepará-los para o convívio social. Também é parte deste poder a previsão feita pelo Código Civil brasileiro de que os pais são sempre responsáveis pelos atos dos filhos menores, independentemente de culpa. Essa modalidade de responsabilidade também é chamada pelo direito de “objetiva”, porque independe da prova da culpa para que os pais arquem com o dever indenizatório oriundos dos danos causados pelos filhos menores. Vejamos os fundamentos jurídicos trazidos pelos artigos. 1.634, 932, inciso I e 933, todos do Código Civil Brasileiro: Art. 1634 - Compete aos pais, quanto às pessoas dos filhos menores: I - dirigir-lhes a criação e educação; II - tê-los em sua companhia e guarda; III - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para casar-lhes; IV - nomear-lhes tutor, por testamento ou documento autêntico, se o outro dos pais não sobreviver, ou o sobrevivo não puder exercitar o poder familiar; V - representá-los, até os 16(dezesseis) anos, nos atos da vida civil, e assisti-los, após essa idade, nos atos em que forem partes, suprimindo-lhes o consentimento; VI - reclamá-los de quem ilegalmente os detenha; VII - exigir que lhes prestem obediência, respeito e os serviços próprios de sua idade e condição. 53 Art. 932 do CCB. São também responsáveis pela reparação civil: I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia; Art. 933 do CCB. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos. Deve-se ressaltar que é do modelo de educação familiar que emanam regras de convívio social e modelos de conduta nas relações intersubjetivas que, até os oito anos de idade são recebidos, processados e reproduzidos como corretos em ambientes externos como escolas, colégios e ambientes cibernéticos. Quanto à responsabilidade civil das escolas em relação ao bullying, tem seu fundamento na responsabilidade civil objetiva não há a necessidade de se comprovar a culpa porque o risco do dano decorre da natureza da atividade praticada em face das pessoas jurídicas. Conforme Maria Helena Diniz 54 compreende a responsabilidade civil objetiva embasa-se, no risco, que explica essa responsabilidade no fato de haver o agente causado prejuízo à vitima ou a seus bens. Para a responsabilidade civil objetiva a conduta culposa ou dolosa do causador do dano é irrelevante, uma vez que basta a existência do nexo de causalidade entre o prejuízo sofrido pela vítima e a ação do agente para que exista o dever indenizatório. É a partirdessa teoria, que se observar o posicionamento de Maria Helena Diniz 55 (2002, p.59) em relação à responsabilidade objetiva dos estabelecimentos de ensino: O art.932, IV, 2ª alínea do Código Civil refere-se à responsabilidade dos donos de estabelecimento de ensino, isto é, daqueles que mediante uma remuneração têm sob 54 Diniz, Maria Helena, Op. Cit. p.59 55 Diniz, Maria Helena, Op. Cit. p.59 54 sua direção pessoas para serem educadas e receberem instrução. Deverão responder objetivamente e solidariamente (CC, arts. 933 e 942, parágrafo único) pelos danos causados a um colega ou a terceiros por atos ilícitos durante o tempo que exercem sobre eles vigilância e autoridade. O dispositivo do Código Civil supracitado por Maria Helena Diniz, na íntegra prevê: Art.932.C.C São também responsáveis pela reparação civil: IV- Os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo que para fins de educação, pelos seus hospedes, moradores e educandos. Como o bullying acontece dentro das dependências do estabelecimento de ensino no período de estadia dos educandos vê-se a figura da responsabilidade das escolas pelos danos causados pelos seus alunos entre eles ou a terceiros como bem observa Miguel Maria de Serpa Lopes, na obra Curso de Direito Civil, Fontes Acontratuais das Obrigações 56 quando sustenta que em razão da atividade oriunda de sua atribuição, o professor exerce sobre os seus pupilos um dever de vigilância que é sancionado pela culpa presumida, valendo ressaltar que o prejuízo causado pelo educando o seja no momento em que esteja sob a vigilância do educador é um pressuposto dessa responsabilidade. Com todos estes fundamentos legais é mais do que correto afirmar que há um dever dos pais, das instituições de ensino tanto públicas como privadas (decorrente da responsabilidade civil objetiva) de cuidado para com a integridade física e 56 Lopes, Miguel Maria de Serpa. Curso de Direito Civil / Miguel Maria de Serpa Lopes; Fontes Acontratuais das Obrigações-Responsabilidade Civil. 4 ed. rev. e atual. por José Serpa Santa Maria. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1995, p. 250 55 psicológica de seus respectivos filhos e alunos enquanto estes estiverem sob suas tutelas. 56 A RESPONSABILIDADE DOS PAIS EM RELAÇÃO AOS ATOS DE BULLYING PRATICADOS POR SEUS FILHOS MERORES DENTRO DO AMBIENTE CYBERNETICO O bullying é uma das questões mais comuns e atuais em nossa sociedade. Muito se debateu sobre suas variantes, seus danos ás suas vitimas, aos agressores, os locais de sua ocorrência. Sabe-se que, por previsão legal do Código Civil, do Código de Defesa do Consumidor e pela teoria do risco, independe de culpa a responsabilidade das instituições de ensino nas hipóteses em que o bullying ocorre em suas instalações. Mas, o que resta debater é a parcela de responsabilidade dos pais em face aos atos de bullying praticados por seus filhos no ambiente cibernético enquanto estavam sob sua guarda e companhia. Primeiramente deve-se ter em mente que os pais têm o dever de garantir o conforto, a educação e transmitir valores morais para seus filhos com o intuito de prepará-los para o convívio social. Também é parte deste poder a previsão feita pelo Código Civil brasileiro de que os pais são sempre responsáveis pelos atos dos filhos menores, independentemente de culpa. Essa modalidade de responsabilidade é chamada pelo direito de “objetiva”, porque independe da prova da culpa para que os pais arquem com o dever indenizatório oriundos dos danos causados pelos filhos menores. Agora o leitor me pergunta o porquê desta alta carga de responsabilidade imputada aos pais? Pois bem, vejamos: A família é o primeiro modelo de grupo organizado que a criança reconhece. Uma criança que cresce num modelo familiar em que os pais são ausentes ainda que por conta do trabalho, certamente, não terá limites sociais nem saberá lidar 57 com situações de frustração, pois, nunca ou pouco recebeu orientações para encarar essas situações. Outro modelo de educação familiar que compromete a formação psicológica de uma criança é o em que os pais que embora presentes, não impõem limite ou regra para seus filhos, deixando-os por conta e própria. Isso imprime na psique de uma criança que tudo ela pode e que não há limitações entre o direito dela e de outra pessoa. Ou seja, resultará em uma criança egoísta e sem valores morais. Da mesma forma prejudicial serão os pais que muito limitam seus filhos ou que impõe de forma agressiva o ponto de vista que reputam como resolução para um problema, porque, a criança crescerá com a informação de que a agressividade e a intolerância são formas adequadas de resolução de um problema. É do modelo de educação familiar que emanam regras de convívio social e modelos de conduta nas relações intersubjetivas que, até os oito anos de idade são recebidos, processados e reproduzidos como corretos em ambientes externos como escolas, colégios e ambientes cibernéticos. Exageros na educação de uma criança podem prejudicá-la em sua vida social e torná-la excessivamente agressiva, o que pode resultar em potenciais praticantes do bullying. O bullying é caracterizado com a exposição continuada ao longo do tempo a um comportamento repetitivamente agressivo entre crianças, adolescentes e jovens em idade escolar, que envolve um desequilíbrio de poder Essa forma de agressão ganhou enumeras variantes como o moblie bullying (bullying por mensagens de celular); bullying at the work place (é o bullying no ambiente de trabalho, conhecido tecnicamente como mobbing) e cyberbullying. Esta última variante é a que nos interessa no momento. Vamos a ela: 58 O cyberbullying é a modalidade de bullying praticada dentro dos ambientes cibernéticos como Orkut e Face book com o objetivo de realizar ataques sistemáticos a honra e ao psicológico de trceiro. Ocorre na maioria das vezes no momento em que os menores estão utilizando seus computadores caseiros ou os de uma lan house. Como essa modalidade de bullying acontece no momento em que os menores estão em suas casas sob a guarda e companhia dos pais, se neste momento os pais são permissivos, omissivos ou agem sem a diligencia natural da atividade paterna, permitindo que seus filhos pratiquem atos lesivos a terceiros, será deles o dever de indenizar o dano causado. No Brasil já são vários os casos em que os pais são responsabilizados pelos atos lesivos causados por seus filhos, um exemplo é a sentença proferida pela 6ª câmara cível do Tribunal de Justiça de São Paulo, que manteve a decisão de primeiro grau que condenou a mãe de um adolescente a pagar a indenização de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a outro adolescente vítima de cyberbullying. Pelo exposto conclui-se que uma educação diligente e consciente da importância dos limites da liberdade, das condutas de ética e respeito nas relações intersubjetivas e da inviolabilidade da integridade psicológica e física de uma pessoa, pode criar cidadãos pacíficos e evitar processos longos e desgastantes para as vítimas, para os agressores e suas famílias. 59 A SOLIDARIZAÇÃO DA RESPONSABILIZAÇÃO OBJETIVA ENTRE INSTITUIÇÃO DE ENSINO E A FAMÍLIA PARA OS CASOS DE BULLYING ESCOLAR A personalidade agressiva na infância é, sem dúvida, o resultado da somatória da educação basilar vinda do seio familiar com a educação formal e social adquirida nos bancos
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