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Prévia do material em texto

1 
 
 
 
 
2 
 
 
 
ALEXANDRE SALDANHA 
 
 
 
 
 
 
 
A NOVA PERPECTIVA SOBRE BULLYING 
E 
OUTROS ENSAIOS 
 
 
 g 
 Editora Online Corujito 
3 
 
 
Copyright© / Editora Online Corujito 
 
Coordenação editorial: Eddy Khaos 
 
Organização de original: 
Alexandre Saldanha 
 
Ilustração da Capa: 
Eddy Khaos 
 
Diagramação: 
Eddy Khaos 
 
Ilustrações dos capitulos: 
Alexandre Saldanha 
 
Todos os direitos de imagens e textos reservados à seus devidos autores... 
 
 
Textos: 
Alexandre Saldanha 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 g 
 Editora Online Corujito 
4 
 
 
 
APRESENTAÇÃO 
Foi com surpresa que recebi o convite do Alexandre para 
apresentar sua mais nova obra. Surpresa que se transforma em emoção e ao 
mesmo tempo em orgulho. 
Aquele menino irriquieto que transitava simpático pelos 
corredores da faculdade, óculos sempre na ponta do nariz e a cabeça cheia 
de idéias e ideais, transformou-se em ícone na batalha contra o Bullyng. 
Penso, que fazer esta apresentação seja para mim uma 
oportunidade para um reencontro com a própria história, quando o menino 
Alexandre, mais seguro que nervoso, se apresentou para a Banca de Defesa 
de seu trabalho monográfico, orientado pelo professor e amigo Clayton 
Reis. Senti que ali iniciava uma carreira, marcada pela vontade, pela busca 
5 
 
de um objeto valioso. Dei-lhe nota dez pelo trabalho, assim como os 
demais membros da banca. 
Alexandre entendeu sua função social, como homem, como 
advogado e como parte integrante da academia, e, neste passo, com a 
palavra chulea idéias para que não se desfiem no tempo (Escrevo para 
dividir o que aprendi, escrevo para mobilizar, para chamar a atenção em 
prol da pacificação social). 
 
Pedi ao Alexandre que me enviasse algumas de suas 
“peripécias” ou então o seu currículo. Prontamente e apenas me enviou o 
endereço de seu blog BULLYING E DIREITO, que imediatamente visitei. 
Ali valorizei mais ainda aquele menino irriquieto que com os óculos na 
ponta do nariz, passeava no pátio da faculdade. Permanecia em plena 
batalha, produzia suas letras: 
A RESPONSABILIDADE CIVIL DAS INSTITUIÇÕES DE 
ENSINO EM RELAÇÃO AOS EFEITOS DO BULLYING (Editora e 
Livraria JM) 2011, BULLYING, A ORIGEM DO MAL (Editora Online 
Corujito) 2012, O INEXISTENTE CONJUNTO DOS UNITÁRIOS 
VAZIOS – Livro de poemas. (Editora Online Corujito) 2012 e por último 
este trabalho que me honra apresentá-lo: NOVAS PERSPECTIVAS 
SOBRE BULLYING E OUTROS ENSAIOS (Editora Online Corujito) 
6 
 
2012. Não me surpreendi, aumentou ainda mais o meu apreço e a minha 
vaidade por tê-lo como colega. 
Alexandre transita pelo tema apontando todos os tópicos 
necessários, desde o conceito sobre bullyng e a distinção deste com o 
Mobbing, o Assédio Moral e o Assédio Sexual e nestas vias transita 
também, pela responsabilidade civil das escolas, dos pais e o respectivo 
direito à indenização pelo dano sofrido. 
Um conteúdo denso, inovador que espelha a atualidade, 
especialmente nos tópicos onde retrata a responsabilidade dos pais em 
relação aos atos de bullying praticados por seus filhos menores dentro do 
ambiente cybernetico; a solidarização da responsabilidade objetiva entre 
instituição de ensino e a família para os casos de bullying escolar e o 
interessante ensaio sobre bullying ascendente e bullying vertical, hipóteses 
nas quais o professor é praticante ou vítima de bullying. 
Estou convencido, que a leitura deste livro não deve ficar 
restrita aos círculos tradicionais do direito. A todos aqueles que lidam com 
pessoas, este livro será, indubitavelmente, capaz de demonstrar que só com 
amor e respeito se constrói uma sociedade. 
Ao meu “colega” Alexandre Saldanha deixo uma singela 
homenagem, parabenizando-o pela iniciativa de trazer ao público esta 
pequena preciosidade. 
7 
 
Ave, Ave, Ave, O que é que você faz aqui menino? 
Chuleo palavras na terra para que a água da chuva as leve 
onde devam ser sentidas...(Geraldo Doni Júnior) 
Namastê. 
Geraldo Doni Júnior/ Curitiba 21 de dezembro de 2012. 
Professor de Direito. 
 
 
8 
 
 
 
 
PREFÁCIO 
Preliminarmente os meus agradecimentos ao autor pela honra 
de prefaciar o seu trabalho. 
 Todos nós, uns mais outros menos, já sofremos, na infância e 
na adolescência, o que, tardiamente, ficou conhecido como Bullyng e que 
se apresenta de diferentes formas marcando profundamente a alma, a mente 
e os corações daqueles que foram vítimas. 
A descoberta das razões ou motivos de tantas angústias 
guardadas lá no fundo de nossas memórias que afloram, em determinados 
momentos em nossas consciências, e, rapidamente são afastadas, porque 
ainda nos machucam, podem nos levar a elaborá-las e, com bastante 
dificuldade até mesmo superá-las. 
9 
 
Foi na defesa do seu Trabalho de Conclusão de Curso de 
Direito da Universidade Tuiutí do Paraná que Alexandre Saldanha trouxe à 
Banca, da qual participei como Membro, é que tomei conhecimento do 
tema porque até então nunca havia sido abordado em nossa Faculdade de 
Direito. 
Surpreendida e tomada por reflexões a partir do seu trabalho 
passei a entender que a perversidade de crianças e adolescentes, fruto do 
descaso ou reflexo do comportamento de seus pais, é possível de ser 
contida, transformada e canalizada para o caminho da solidariedade por 
pais e educadores sob pena de serem responsabilizados por sua omissão. 
Tenho comigo que tanto o trabalho da Psicanálise quanto de 
qualquer outro ramo da Psicologia só pode ser completado a partir de uma 
re-educação baseada em valores e atitudes que encaminhem o olhar do 
sujeito para o Outro e, principalmente para que aprenda a ser colocar no 
lugar do Outro. 
Com isto não estou querendo afirmar que apenas basta 
entender as diferenças, mas sim que se faz necessário se colocar no lugar 
do Outro. 
Para tanto, tenho a convicção de que precisamos ser um pouco 
bandeirantes e muito, mas muito, garimpeiros de nossas próprias 
consciências. 
10 
 
É um longo caminho ainda a ser percorrido, mas tenho a 
convicção de que a obstinação do autor há de levar, cada vez mais as 
pessoas a incorporarem uma nova visão do mundo, mais fraterna e mais 
solidária e, especialmente mais includente. 
 
Julieta Rodrigues Saboia Cordeiro 
Doutora em Direito pela Universidade Federal de Santa 
Catarina. 
 
11 
 
 
 
 
Tem gente que escreve por ego ou só para fazer 
firula. 
Meu texto é simples, sincero. É tinta que sai da 
medula. 
Eu chuto as palavras para fora, e são elas é que 
vem me buscar. 
 (Gabriel O Pensador) 
 
 
 
 
 
 
Eu não tenho a pretensão de mudar o mundo 
com aquilo que eu escrevo. 
Eu apenas quero despertar a consciência das 
pessoas que mudarão o mundo. 
(Alexandre Saldanha) 
 
 
 
12 
 
Como eu penso 
O amor que ainda tenho é o amor da palavra 
É falar e (...), despertar consciências. 
Dediquei a vida a isso e maior recompensa 
É servir de referência pra quem pensa parecido 
Pra quem tenta se expressar e nunca é ouvido 
É olhar pra minha frente e enxergar um mar de gente 
E mergulhar no fundo dos seus corações e mentes 
É esse o meu mergulho, não é o do Tio Patinhas 
É esse o meu orgulho, escrever as minhas linhas 
Eu escrevo em linhas tortas, inspirado por alguém 
Que me deu uma missão que eu tento cumprir bem 
(Gabriel o Pensador- Linhas Tortas)13 
 
Dedicatória 
 
Só no amor encontramos paz em 
tempos de cólera. Nele nos sentimos mais fortes, 
ainda que naturalmente frágeis. No amor ainda 
que nos encontremos presos na pequeneza 
humana, nos descobrimos grandiosos pelos 
aprimoramentos na alma por ele trazidos. Só na 
pureza magnífica do amor encontramos a 
oportunidade de nos tornarmos repletos de vida e 
felicidade. Só aí evoluímos espírito 
independentemente das condições da matéria. 
O amor é a única coisa que sobra de 
nossas existências terrenas. Amem muito todos os 
dias e incondicionalmente. Garanto que apenas 
no amor é que achamos o caminho para a 
eternidade. 
Dedico este estudo para as duas 
mulheres que inspiram minha existência: minha 
mãe, Rosemari Saldanha e para homenagear a 
memória de minha querida e sábia avó Gilda 
Saldanha. 
 
Alexandre Saldanha 
Castro, 31 de Outubro de 2012. 
 
14 
 
Agradecimentos 
 
Com todo carinho do mundo 
agradeço a minha família: Tio Ivo, Tia Leda, Tia 
Fátima, pessoas maravilhosas que acompanharam 
minha jornada desde sempre, e torceram e 
contribuíram incondicionalmente para o sucesso 
na minha jornada de ciência e ativismo. 
Agradeço a professora Bárbara Abib 
Neves Matos e ao professor Waldir Gomes Matos, 
mestres carinhosos que foram mecenas dos meus 
primeiros escritos sobre o bullying. 
Agradeço a presença dessas pessoas 
que sempre iluminou a minha vida. 
 
Alexandre Saldanha 
Castro, 31 de Outubro de 2012. 
 
 
 
 
 
15 
 
CONSIDERAÇÕES DO AUTOR 
De tempos em tempos minha mente é desassossegada pela consciência 
sobre a violência desmedida que toma a sociedade. 
Essa violência manifesta-se cada vez mais em crianças e adolescentes em 
forma de racismo, intolerância social, religiosa e cultural. 
Uma dessas formas traiçoeiras de violência é denominada de bullying. 
Esse novo mal social assola a sociedade em escolas, local antes tida 
como meios de socialização e engrandecimento cultural. 
A combinação desastrosa de escolas com postura corporativa, professores 
despreparados e pais permissivos ou desatentos resulta, em algumas vezes, em crianças 
e jovens sem noção de limites, sem capacidade de respeitar os valores sociais e cada vez 
mais competitivamente cruéis. 
Nossa sociedade tem de forma incansável, tentado levantar-se contra essa 
forma silenciosa de assédio. No entanto, os incontáveis desencontros técnicos sobre o 
tema dificultam o combate ao bullying. 
Pretende-se com este e-book, encerrar algumas dúvidas conceituais sobre 
o tema, e criar formas práticas para tratar do tema bullying no ambiente jurídico. 
Aqui juntarei ensaios jurídicos e filosóficos sobre o tema com o fim de 
traçar parâmetros de compreensão que proporcionem o despertar de uma consciência 
simples, entretanto, técnica sobre o bullying na ótica do direito. 
Assim acredito alcançar o mais número de pessoas desde advogados até 
professores, diretores, alunos, pais, mães, educadores e etc. 
A técnica do direito deve ser preparada para acomodar a intelecção de 
todos, sem verborragia ou parnasianismo linguístico. 
16 
 
Escrevo porque o que aprendi, ainda que seja pouco, não é somente meu 
é do mundo. 
Escrevo para dividir o que aprendi, escrevo para mobilizar, para chamar a 
atenção em prol da pacificação social. 
Escrevo porque aprendi que sozinho não sou nada, mas, juntos somos 
extraordinários. 
Juntos nós realizaremos feitos fantásticos como, por exemplo, frear 
completamente essa brutal e silenciosa de agressão chamada bullying. 
 
 
 
Alexandre Saldanha 
Castro 26 de Novembro de 2012. 
 
17 
 
A MULHER MAIS SÁBIA QUE CONHECI NA 
VIDA 
Descobri que o sonho, o amor e a morte são os três mais interessantes 
invenções de Deus. A consciência da morte nos traz lucidez face ao rumo que damos ao 
nosso tempo. O amor por sua vez, concede-nos uma importante razão para darmos um 
rumo mais precioso ao tempo que dispomos em sítio terreno. Já o sonho, nos dá a 
possibilidade de arquitetar a felicidade. 
Não somos senhores do tempo, nem mesmo da vida. Mas, somos 
senhores das intenções e vontades de transformar nosso tempo em momentos de amor a 
despeito da intermitência natural do cotidiano de rir e chorar. 
Podemos ser tudo que sonhamos mesmo que o tempo insista a nos negar 
sua benevolência. 
O sonho burla o tempo, motiva a vida, apressa o riso, aprecia o amor, e 
não nos deixa morrer. 
Ainda acredito que a única coisa que sobrevive a morte é a beleza do 
sonho. Só o sonho pode se dar agora. O sonho se dá na mente, no coração, do 
amanhecer ao cair da noite. 
Pelo sonho podemos amar a todo tempo, pelo sonho podemos amar até 
além da morte. Aliás, pelo sonho o amor não conhece a morte nem o tempo. 
Minha avó é a pessoa mais sábia que conheci na vida, porque mesmo 
tento cursado até a quarta série primária, em sua grandiosa simplicidade, me ensinou 
que o estudo abre as fronteiras do homem oferecendo-lhe novos horizontes. Também 
me ensinou que nesta vida tudo pode ser desfeito menos o amor que se dedicado para 
um sonho. 
18 
 
Com minha avó aprendi a amar todas as pessoas, compreendo-as em suas 
singularidades, fazendo deste amor decidi um sonho de igualdade e respeito. 
Fiz da igualdade e respeito uma filosofia de vida. 
E finalmente, aprendi com a sabedoria dela, a viver apenas por amor e 
compreensão ao próximo, pois assim, posso superar a dor, me refazer e lutar, sentindo-
me completo na paz dos meus semelhantes. 
O medo de perder minha avó para a morte me fez mais corajoso para 
tomar em minhas mãos o tempo da minha vida. Firmou-me as mãos para que eu 
construísse a cada dia o sonho de felicidade que eu arquitetei. 
E como Martin Luther king, eu tenho um sonho: 
“O dia em que crianças, jovens e adolescentes não serão apontadas por 
suas diferenças sociais, por suas dificuldades físicas ou psicológicas, mas, sim pelo 
brilhantismo do seu caráter”. 
 
Dedico estas palavras à minha avó, Gilda Saldanha. 
Alexandre Saldanha. 
 
19 
 
A NOVA PERPECTIVA SOBRE O BULLYING. 
 
1. O É BULLYNG? 
 
2. BULLYING UMA FORMA TIRÂNICA DE PODER. 
 
3. O CONFLITO ENTRE TERMO BULLYING USADO NO BRASIL E O TERMO 
ORIGINAL CRIADO POR DAN OLWEUS E APERFEIÇOADO PELA 
ORGANIZAÇÃO STOP BULLYING. 
 
4. O COMPORTAMENTO DAS VÍTIMAS DE BULLYING E A RELAÇÃO COM A 
APRESENTAÇÃO DE ESTRESSE E DEPRESSÃO NESTES CASOS. 
5. DANO MORAL UM ATO ILÍCIO EM QUE A INDENIZAÇÃO APENAS SERVE 
PARA COMPENSAR. 
 
6. BULLYING, UM TIPO DE ASSÉDIO MORAL INDENIZÁVEL. 
 
7. O DIREITO À INDENIZAÇÃO DAS VÍTIMAS DO BULLYING. 
 
8. CONFUSÃO NO USO DAS NOMENCLATURAS: BULLYING E MOBBING. 
 
9. A INFLÊNCIA DA FAMÍLIA NOS CASOS DE BULLYING. 
 
10. A CONFUSÃO ENTRE AS NOMENCLATURAS BULLYING, ASSÉDIO MORAL E 
ASSÉDIO SEXUAL. 
 
11. A RESPONSABILIDADE CIVIL DA ESCOLA E DOS PAIS EM RELAÇÃO AOS 
ATOS DE BULLYING. 
 
12. A RESPONSABILIDADE DOS PAIS EM RELAÇÃO AOS ATOS DE BULLYING 
PRATICADOS POR SEUS FILHOS MENORES DENTRO DO AMBIENTE 
CYBERNETICO. 
 
13. A SOLIDARIZAÇÃO DA RESPONSABILIZAÇÃO OBJETIVA ENTRE 
INSTITUIÇÃO DE ENSINO E A FAMÍLIA PARA OS CASOS DE BULLYING 
ESCOLAR. 
 
14. ENSAIO SOBRE BULLYING ASCENDENTE E BULLYING VERTICAL, 
HIPÓTESES NAS QUAIS O PROFESSOR É PRATICANTE OU VÍTIMA DE 
BULLYING. 
 
15. A JUSTIÇA RESTAURATIVA E SUA UTILIDADE AOS CASOS DE BULLYING. 
 
16. OS BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA RESTAURATIVA PARA O AMBIENTE 
ESCOLAR. 
 
 
20 
 
OUTROS ENSAIOS 
17. ATIVISMO ANTIBULLYING, UM IDEAL PELO QUAL VIVER, UMA CAUSA 
PELA QUAL LUTAR. 
 
18. ÉTICA, MORAL E O DESVIO DE PERSONALIDADE. 
 
19. O VERDADEIROSENTIDO DA EDUCAÇÃO. 
 
20. A VIOLÊNCIA INFANTIL E OS VALORES EDUCACIONAIS 
FAMILIARES E ESCOLARES. 
 
21. ENSAIO SOBRE A DITADURA DA BELEZA LÍQUIDA. 
 
22. RACISMO E PRECONCEITO, OS SUTIS DISFARCES DA 
BRUTALIDADE DA INGORÂNCIA. 
 
23. EPÍLOGO 
 
24. BIBLIOGRAFIA 
 
25. BIOGRAFIA DE ALEXANDRE SALDANHA 
 
21 
 
O É BULLYNG? 
Consideram-se como bullying as ações caracterizadas com a exposição 
continuada ao longo do tempo a um comportamento repetitivamente agressivo entre 
crianças, adolescentes e jovens idade escolar, que envolve um desequilíbrio de poder. 
 
22 
 
BULLYING UMA FORMA TIRÂNICA DE PODER 
Desde que se iniciaram as relações interpessoais, a busca pela satisfação 
dos interesses individuais tornou-se uma constante condicional destas relações. 
A vontade individual não exerce capacidade obrigacional quando isolada. 
No entanto, quando esta mesma vontade é imposta a uma pessoa ou grupo de pessoas 
através de comando ou obrigação, temos a figura abstrata do poder. 
Poder pode ser considerado como uma força absoluta que emana de um 
ser sem oposição de outro. Em outras palavras, poder também pode ser compreendido 
como vontade predominante que leva indivíduo ou grupo a um determinado fim
1
. 
A principal modalidade de exercício do poder em sociedade é o poder 
social, pois se relaciona com o caráter gregário do homem inserido em uma estrutura 
social organizada
2
. 
O poder é formado por duas premissas: a primeira é a vontade individual 
unilateral ou desejo egoístico; a outra é a força impositiva da vontade individual
3
. 
Esta sobreposição da vontade individual à coletiva através do poder é 
oriunda da consciência humana formada pela affectio societatis, ou seja, a necessidade 
de viver em grupo
4
. 
O exercício do poder pode ocorrer de várias formas que podem ir desde a 
forma pacífica a meios mais violentos e opressivos como os tirânicos como a coação 
moral ou física. 
 
1
 Castelo Branco, Eclir, Teoria Geral do Estado, Editora Saraiva, 1988, p. 137 
2
 Berloffa, Ricardo Ribas da Costa, Introdução ao Curso de Teoria Geral do Estado e Ciência 
Política, Campinas, Bookseller, 2004, p.288 
3 Salvetti Neto, Pedro, Curso de Teoria Geral do Estado, Editora Saraiva, 1984, p. 134 
4
 Berloffa, Ricardo Ribas da Costa, Introdução ao Curso de Teoria Geral do Estado e Ciência 
Política, Campinas, Bookseller, 2004, p.290 
23 
 
O bullying deve ser classificado como um poder social exercido de forma 
tirânica, que lança mão da coação física e moral para a sua imposição perante um grupo 
de crianças, jovens e adolescentes em idade escolar. 
Equipara-se o bullying como uma forma tirânica de poder, por ser uma 
espécie de conduta opressiva considerada assédio moral. A ocorrência é fruto de desvios 
de conduta nas relações humanas, onde um indivíduo é assediado por um ou mais grupo 
de pessoas que buscam, através de atitudes e palavras, ferir a auto-estima e a imagem da 
vítima. Essa conduta opressiva ocorre geralmente pelo desequilíbrio de poder e ausência 
de respeito nas relações humanas. 
 
 
24 
 
O CONFLITO ENTRE TERMO BULLYING USADO NO BRASIL E 
O TERMO ORIGINAL CRIADO POR DAN OLWEUS E APERFEIÇOADO PELA 
ORGANIZAÇÃO STOP BULLYING. 
Conforme a literatura científica brasileira, o conceito de bullying é em 
suma, diferente dos conceitos originais propostos por Olweus, o cientista precursor dos 
estudos desta violência no mundo. Vejamos cada um destes conceitos brasileiros: 
Cleo Fante define bullying
5
 como “o desejo consciente e deliberado de 
maltratar uma outra pessoa e colocá-la sob tensão (...)”. 
Para Ana Beatriz Barbosa Silva
6, o bullying “pode ser adotado para 
explicar todo tipo de comportamento agressivo, cruel, proposital e sistemático inerente 
às relações interpessoais”. 
Para Lélio Braga Calhau, o bullying “é um assédio moral, são atos de 
desprezar, denegrir, violentar, agredir, destruir a estrutura psíquica da outra pessoa sem 
motivação alguma e de forma repetida”.7 
Já para Gabriel Chalita, bullying é o termo designado para descrever o 
“habito de usar a superioridade física para intimidar, tiranizar, amedrontar, humilhar 
outra pessoa”.8 
Todos os conceitos acima descritos resumem o que Marie-France 
Hirigoyen
9
 compreende como assédio moral Vejamos: 
 
5
 Fante, Cleo, Fenômeno Bullying: como prevenir violência escolar e educar para a paz, 
Campinas, 2. Ed. rev e ampl., Editora Versus, 2005, p. 27 
6
 Silva, Ana Beatriz Barbosa, Bullying, Mentes Perigosas na Escola, Rio de Janeiro, Objetiva, 
2010, p.22. 
7
 Calhau, Lélio Braga, Bullying, o que você precisa saber: identificação, prevenção, e repressão, 
2ª ed. Niterói, RJ, Impetus, 2010, p. 6. 
8
 Chalita Gabriel, Pedagogia da Amizade, Bullying, o sofrimento das vítimas e dos agressores, 
São Paulo, 4ª ed., Editora Gente, 2008, p. 81. 
9
 Hirigoyen, Marie-France. Assédio moral: a violência perversa no cotidiano/ Marie-
France Hirigoyen; tradução de Maria Helena Kühner. 5ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 
2002, p. 65. 
 
25 
 
“qualquer conduta abusiva, manifestando-se sobretudo por 
comportamentos, palavras, atos, gestos, escritos que 
possam trazer dano à personalidade, à dignidade ou à 
integridade física ou psíquica de uma pessoa (...)” 
 
Em verdade, o bullying é um gênero da espécie assédio moral. O assédio 
moral pode ser praticado por qualquer grupo de pessoas, enquanto o bullying é de 
exclusividade de crianças em idade escolar. 
O conceito técnico que mais se aproxima do original, criado por Dan 
Olweus e aprimorado pela organização norte americana STOP BULLYING encontra-se 
na obra Manual Antibullying, do autor Gustavo Teixeira. Neste livro o bullying é 
conceituado como “comportamento agressivo entre estudantes. São atos de agressão 
física, verbal ou moral ou psicológica que ocorrem de modo repetitivo, sem motivação 
evidente, por um ou vários estudantes contra outro indivíduo, em uma relação desigual 
de poder, normalmente dentro da escola. 
Ao trazer a baila todos os principais conceitos de bullying das mais 
respeitadas obras brasileiras, observamos um evidente conflito de conceituação, que 
abre precedentes para classificar como bullying diversos comportamentos agressivos 
ocorrido nas relações intersubjetivas. 
No entanto, o conceito adotado por Olweus em seu estudo vestibular do 
tema é muito específico, bem como o conceito adotado pela organização norte 
americana STOP BULLYING. 
Dan Olweus definiu o bullying ou vitimização da seguinte forma geral: 
Um estudante está sendo intimidado ou vitimado quando ele ou ela está exposto, 
repetidamente e ao longo do tempo, a ações negativas por parte de um ou mais 
estudantes
10
. 
 
10
 Olweus, Dan, Bullying At School, Editora Editora Blackwell Publishing, 2006, p. 9. “ I define 
bullying or victimization in the following general way: A student is being bullied or victimized 
26 
 
Já o site da organização STOP BULLYING
11
, o conceito de bullying é 
compreendido como um comportamento, indesejado agressivo entre crianças em idade 
escolar, que envolve um desequilíbrio de poder real ou percebida. O comportamento é 
repetido, ou tem o potencial de ser repetida, ao longo do tempo. Bullying inclui ações 
como fazer ameaças, espalhar rumores, atacar alguém fisicamente ou verbalmente, e 
excluindo alguém de um grupo de propósito. 
No mesmo site observa-se o que não pode ser considerado como 
bullying: 
Apesar de relatos da mídia, muitas vezes chamamos de comportamento,indesejado agressivo entre os jovens adultos "bullying", isso não é exatamente preciso. 
Muitas leis estaduais e federais abordam o bullying comportamentos semelhantes neste 
grupo etário sob condições muito graves, como trotes, assédio e perseguição. Além 
disso, a maioria dos jovens se sente desconfortáveis com o termo bullying ao associá-lo 
com crianças em idade escolar
12
. 
Primeira infância geralmente marca a primeira oportunidade para as 
crianças a interagirem umas com as outras. Entre as idades de 3 e 5, as crianças estão 
aprendendo a conviver umas com as outras, colaborar, compartilhar e entender seus 
sentimentos. As crianças pequenas podem ser agressivas e agirem quando raivosas ou 
 
when he or she is exposed, repedly and over time, to negative actions on the part of one or more 
other students.” 
11
 Stop Bullying Org.: http://www.stopbullying.gov/what-is-bullying/definition/index.html, 
acessado em 9 de novembro de 2012, às 20h:10. “Bullying is unwanted, aggressive behavior 
among school aged children that involves a real or perceived power imbalance. The behavior is 
repeated, or has the potential to be repeated, over time. Bullying includes actions such as 
making threats, spreading rumors, attacking someone physically or verbally, and excluding 
someone from a group on purpose.” 
12
 Stop Bullying Org.: http://www.stopbullying.gov/what-is-bullying/definition/index.html, 
acessado em 9 de novembro de 2012, às 21h:20. “Although media reports often call unwanted, 
aggressive behavior among young adults “bullying,” this is not exactly accurate. Many state and 
federal laws address bullying-like behaviors in this age group under very serious terms, such as 
hazing, harassment, and stalking. Additionally, most young adults are uncomfortable with the 
term bullying—they associate it with school-aged children.” 
27 
 
quando não conseguem o que querem, mas isso não é bullying. Ainda assim, há 
maneiras de ajudar as crianças
13
. 
A partir da inteligência dos conceitos originais e aperfeiçoados do 
bullying, percebemos que a doutrina brasileira abre precedentes para que muitas 
agressões sejam classificadas como bullying. 
Contudo e considerarmos somente os conceitos observados na literatura 
original bem como os aperfeiçoamentos realizados por seu criador, pode-se, somente, 
considerar bullying as ações caracterizadas com a exposição continuada ao longo do 
tempo a um comportamento repetitivamente agressivo entre crianças em idade escolar, 
que envolve um desequilíbrio de poder. 
 
 
13
Stop Bullying Org.: http://www.stopbullying.gov/what-is-bullying/definition/index.html, 
acessado em 9 de novembro de 2012, às 21h:20. “Early childhood often marks the first 
opportunity for young children to interact with each other. Between the ages of 3 and 5, kids are 
learning how to get along with each other, cooperate, share, and understand their feelings. 
Young children may be aggressive and act out when they are angry or don’t get what they want, 
but this is not bullying. Still, there are ways to help children.” 
28 
 
O COMPORTAMENTO DAS VÍTIMAS DE BULLYING E A 
RELAÇÃO COM A APRESENTAÇÃO DE ESTRESSE E DEPRESSÃO NESTES 
CASOS. 
Originalmente o bullying é uma expressão para sinalizar o assédio moral 
praticado entre crianças e adolescentes, no entanto, nos anos de 2007 até 2011, ganhou 
enumeras variantes como o moblie bullying (bullying por mensagens de celular) e 
confundido com o mobbing, conhecido nos Estados Unidos e Inglaterra como bullying 
at the work e cyberbullying (bullying em ambiente virtual). 
O bullying é um gênero de uma espécie de agressão denominada assédio 
moral, pois, segundo o conceito de Marie- France Hirigoyen14, o assédio moral é um 
conjunto de atitudes perniciosas e imperceptíveis, praticadas no dia-a-dia, com a 
finalidade de humilhar o outro de forma perversa. 
A exposição contínua aos ataques do bullying torna suas vítimas 
inseguras e pouco sociáveis, ato que dificulta o pedido de auxílio. Outras sequelas são: a 
passividade quanto às agressões sofridas, um círculo restrito de amizades, e muitos 
passam a ter baixo rendimento escolar, resistindo e simulando doenças com o interesse 
de não comparecer mais as aulas, ou até mesmo abandonando os estudos, e em casos 
mais sérios pode levar ao suicídio15. 
Conforme o professor Gustavo Teixeira16, as vítimas de bullying 
apresentam comportamentos típicos. 
 
14
 Fante, Cleo, Bullying escolar: perguntas & respostas/ Cleo Fante José Augusto Pedra.-Porto Alegre: 
Artmed 2008, p.76 
15
 Abrapia. Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção a Infância e a Adolescência Programa de 
redução do comportamento agressivo entre estudantes, disponível em:http:// www.bullyng.com.br, acesso 
em 20/jun/2007. 
16
 Teixeira Gustavo, Manual Antibullying para alunos, pais, e professores, Rio de Janeiro, Best-seller, 
2011, p.64 à p 66. 
29 
 
Esse perfil psicológico é valioso para identificar vítimas de bullying sem 
expô-las a situações de inquirição direta, que são, na maioria das vezes, vexatórias. 
Vamos a análise desses perfis: 
Conquista poucos amigos; 
Desinteressa-se pelos estudos; 
Passa o recreio sozinho; 
Não possui um “melhor amigo”; 
Tem medo de ir à escola; 
Chega em casa com material rasgado; 
Tem o dinheiro e outros pertences pessoais roubados com frequência; 
Evita atividades escolares em grupo como passeios e ou atividades 
esportivas; 
É xingado e ridicularizado ou recebe apelidos pejorativos por colegas da 
sala; 
É agredido fisicamente sem ser capaz de se defender. 
Nunca vai à casa de um colega da escola; 
É excluído de brincadeiras em grupo; 
Normalmente é o último a ser escolhido nos times de educação física; 
Parece estar sempre desmotivado para ir à escola; 
Fica inseguro e angustiado nos momentos de saída e entrada da aula; 
Prefere a companhia de adultos na hora do recreio; 
Mostra-se inseguro na sala de aula; 
Diz preferir ficar sozinho na escola sem ter uma explicação para isso; 
Nunca é convidado para festas de aniversário dos colegas da escola; 
30 
 
Apresenta queixas físicas como dores de cabeça enjoo ou indisposição 
nos momentos antecedentes à aula; 
Quer mudar de escola, sem apresentar um motivo plausível. 
Esses comportamentos geram um estado constante de estresse físico e 
mental que, em muitas vezes, resultam em graves patologias. 
Para compreendermos os males do bullying na vida cotidiana das vítimas, 
é necessário compreender como o estresse age no corpo humano. 
Vejamos o conceito de estresse e suas peculiaridades técnicas. 
Estresse é essencialmente o grau de desgaste no corpo, que produz certas 
modificações na estrutura e na composição química. Algumas dessas modificações são 
sintomas de lesão física, outras são reações de adaptação que, servem como mecanismo 
de defesa contra o estresse. 
O conjunto dessas modificações é conhecido como síndrome do estresse, 
é denominada como síndrome de adaptação geral (SAG), desenvolvida em três fases: 
reação de alarme, fase de resistência e fase da exaustão17. 
A reação de alarme subdivide-se em dois estágios, a do choque e a do 
contra-choque. As alterações fisiológicas na fase de choque o indivíduo experimenta o 
estímulo estressor demasiadamente intenso. 
Durante a Reação de Alarme, participa ativamente do conjunto das 
alterações fisiológicas o Sistema Nervos Autônomo (SNA).Este sistema trata-se de um 
conjunto neurológico que controla, de forma autônoma, todo o meio interno do 
organismo, através da ativação e inibição dos diversos sistemas, vísceras e glândulas18. 
Em outras palavras, as reações corporais desenvolvidas nesta fase são: 
dilatação das pupilas; estimulação do coração (palpitação), a noradrenalina, produzida 
 
17
 Seleye Hans, Stress a tensão da vida, Editora Ibrsa, 1965, p.01. 
18
 Ballone GJ, Moura EC - Estresse - Fisiologia - in. PsiqWeb, Internet, disponível 
emwww.psiqweb.med.br, revisto em 2008. 
31 
 
nas glândulas supra-renais acelera os batimentos cardíacos e provoca uma alta de 
pressão arterial, o que permite uma melhor circulação do oxigênio; a respiração se altera 
(tornando-se ofegante) e os brônquios se dilatam para poderem receber maior 
quantidade de oxigênio; aumento na possibilidade de coagulação do sangue (para assim 
poder fechar possíveis ferimentos); o fígado libera o açúcar armazenado para que este 
seja usado pelos músculos; redistribuição da reserva sangüínea da pele e das vísceras 
para os músculos e cérebro; frieza nas mãos e pés; tensão nos músculos; inibição da 
digestão (inibição da produção de fluidos digestivos, inibição dos movimentos 
peristálticos do percurso gastrointestinal); Inibição da produção de saliva (boca seca)19. 
 A Fase de Resistência caracteriza, basicamente, pela hiperatividade da 
glândula supra-renal sob influência do Hipotálamo, particularmente da Hipófise. Nesta 
fase, mais aguda, ocorre o aumento no volume da supra-renal, juntamente a uma atrofia 
do baço e das estruturas linfáticas, assim como um continuado aumento dos glóbulos 
brancos do sangue (leucocitose). 
Dessa forma, a ação da Hipófise ao ativar todo o Sistema 
Endócrino ocorre porque o organismo precisa aumentar a concentração da quantidade 
de energia para a sua defesa. As descargas simpáticas na camada medular da Glândula 
Suprarrenal, ocasiona a liberação de catecolaminas nas situações emergenciais do 
estresse, ativando a glicogenólise no líquido extra-celular, e glicogênese no fígado, 
inibindo a insulina e estimulando o glucagon, estes dois últimos hormônios 
pancreáticos20. 
 De forma simplificada na fase de resistência o organismo é provido com 
fontes de energia rapidamente mobilizadas, aumentando a potencialidade para outras 
 
19
 Fonte: http://www.marcelomarcia.na-web.net/estresse.html, acessado dia 30 de novembro de 2012, às 
14h: 37 min. 
20
 Ballone GJ, Moura EC - Estresse - Fisiologia - in. PsiqWeb, Op.Cit. 
32 
 
ações no caso de novos perigos imediatos serem acrescentados ao seu quadro 
de "Estresse" contínuo. O organismo procura ajustar-se a situação em que se encontra21. 
Na fase de exaustão há uma queda na imunidade e surgimento de 
doenças, como: dores vagas; taquicardia; alergias; psoríase; caspa e seborréia; 
hipertensão; diabete; herpes; graves infecções; problemas respiratórios (asma, rinite, 
tuberculose pulmonar); intoxicações; distúrbios gastrointestinais (úlcera, gastrite, 
diarréia, náuseas); alteração de peso; depressão; ansiedade; fobias; hiperatividade; 
hipervigilância; alterações no sono (insônia, pesadelos, sono em excesso); sintomas 
cognitivos como dificuldade de aprendizagem, lapsos de memória, dificuldade de 
concentração; bruxismo o que pode ocasionar a perda de dentes; 
envelhecimento; distúrbios no comportamento sexual e reprodutivo22. 
Ao explanarmos sobre todas as alterações biológicas que estresse causa a 
uma vítima, conclui-se com certeza que este estado físico compromete as relações 
sociais e acadêmicas de um aluno que é exposto continuamente as agressões do 
bullying. 
Em casos nos quais a vítima é exposta sem trégua ao assédio moral do 
tipo bullying, é comum notar o acometimento de baixa auto estima e depressão em seus 
vários estados, o que necessita de acompanhamento profissional para amenizar os 
efeitos psicológicos da agressão. 
Observemos os conceitos de depressão e seus efeitos psicossomáticos em 
suas vítimas. 
A depressão, em especial nos casos de bullying, está intimamente ligada 
a perda ou a baixa da autoestima, a ausência de amor próprio é um dos sintomas mais 
característicos do bullying. 
 
21
 Fonte: http://www.marcelomarcia.na-web.net/estresse.html, Op. Cit. 
22
 Fonte: http://www.marcelomarcia.na-web.net/estresse.html, idem. 
33 
 
Conforme Andrew Solomon, a depressão “é a imperfeição no amor. Para 
podermos amar, temos que ser criaturas capazes de se desesperar ante as perdas, e a 
depressão é o mecanismo desse desespero. Quando ela chega, degrada o eu da pessoa e 
finalmente eclipsa sua capacidade de dar ou receber afeição23”. 
A depressão deve ser acompanhada por sofrimento ou prejuízo 
clinicamente significativo nas relações sociais, profissionais ou por outras áreas da vida 
cotidiana do indivíduo24. 
A manifestação típica da depressão depende sempre da maneira como 
ocorreu o episódio depressivo, ou, da forma atípica quando a depressão se manifesta 
sem a ocorrência de qualquer episódio depressivo25. 
Conforme o Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos 
Mentais,26 os transtornos depressivos são classificados da seguinte forma: 
Transtorno Depressivo Maior é caracterizado quando há um ou mais 
episódios depressivos maiores como humor deprimido e perda de interesse, por pelo 
período mínimo de duas semanas e acompanhados por quatro sintomas comuns da 
depressão. 
Transtorno Distímico é caracterizado por humor deprimido durante o 
período mínimo de dois anos, acompanhado por sintomas depressivos adicionais que 
não satisfazem os critérios para um episódio depressivo maior. 
 
23
 Solomon Andrew, O demônio da meia noite: uma anatomia da depressão, Rio de Janeiro, Objetiva, São 
Paulo, p.17. 
24
 Joubert, J., Reid, C., Joubert, L., Barton, D., Ruth, D., Jackson, D., Sullivan, J. O., & Davis, S. M. 
(2006). Risk factor management and depression post-stroke: The value of an integrated model of 
care. Journal of Clinical Neuroscience, 13(1), 84-90. 
25
 Paula, Margareth Pereira de; Pinto, Kátia Osternack e Lucia, Mara Cristina Souza de. Relação entre 
depressão e disfunção cognitiva em pacientes após acidente vascular cerebral: um estudo teórico. Psicol. 
hosp. (São Paulo) [online]. 2008, vol.6, n.1, pp. 21-38. ISSN 1677-7409. 
26
 Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (2002). DSM-IV-TR. 4ª ed., Texto Revisado. 
São Paulo: Artmed 
 
34 
 
Transtorno Depressivo Sem Outra Especificação27 são os transtornos com 
características depressivas que não satisfazem os critérios para: 
 Transtorno Depressivo Maior, 
Transtorno Distímico, 
Transtorno da Adaptação Com Humor Depressivo ou, 
Transtorno da Adaptação Misto de Ansiedade e Depressão. 
A partir desses conceitos concluí-se que o bullying é um tipo de assédio 
moral que causa danos morais e materiais para a vítima. 
 Concluí-se também que a vítima do bullying desenvolve um processo 
depressivo devido à alta carga de estresse diário, o que compromete sua psique e seu 
físico, impedindo-a de praticar a contento suas atividades sociais e acadêmicas. 
Concluí-se finalmente que, este estado doentio do corpo e da mente 
necessita de tratamento especializado, o que despende dinheiro e tempo dos familiares 
da vítima. 
 
 
 
 
 
27
 Paula, Margareth Pereira de; Pinto, Kátia Osternack e Lucia, Mara Cristina Souzade. Relação entre 
depressão e disfunção cognitiva em pacientes após acidente vascular cerebral: um estudo teórico. Op.Cit. 
35 
 
DANO MORAL UM ATO ILÍCIO EM QUE A INDENIZAÇÃO APENAS 
SERVE PARA COMPENSAR. 
Para a compreensão desse título que, para muitos soará sem clareza, é 
necessário trazer a baila os conceitos básicos da responsabilidade civil como ato ilícito, 
dano, dano moral, matéria. Vamos a eles: 
Ato ilícito é toda ação ou omissão praticada com negligência ou imprudência 
que violando um direito gera um dano
28
. Sobre este aspecto o artigo 186 do Código 
Civil prevê que “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou 
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, 
comete ato ilícito.” Para Sergio Cavalieri Filho, o ato ilícito “é sempre um 
comportamento voluntário que infringe um dever jurídico” 29. 
Dano vem do latim “damnum” que significa ofensa, mal. De forma genérica, 
dano pode ser conceituado como um mal que uma ação causa a alguém. 
Etimologicamente dano tem o seguinte sentido de “mal que se faz a alguém; 
prejuízo ou deterioração de coisa alheia; perda.” 30 
Para Clayton Reis
31
, dano pode ser compreendido como prejuízo ao patrimônio 
de alguém por conta da ação lesiva de outrem, ou de forma geral e conclusiva, “Dano 
consiste no prejuízo sofrido pelo agente
32.” 
O que gera o dever indenizatório nas relações humanas é o que o direito 
conceitua como Nexo causal, que é a ligação entre o ato e o dano que dele acarretou. 
 
28
 Soares, Alexandre Saldanha Tobias, A responsabilidade Civil das Instituições de Ensino em Relação ao 
Efeito Bullying, Monografia, UTP, 2007, p.15 
29
 Cavalieri Filho, Sergio, Programa de Responsabilidade Civil, 8ª Ed- 3. reimpr.- São Paulo: Atlas, 2009, 
p. 12. 
30
 Soares, Alexandre Saldanha Tobias, Op. Cit. p.20 
31
 Reis, Clayton (a). Dano Moral. Rio de Janeiro: Forense, 2001, p.01 
32
 Venosa, Sílvio de Salvo. Direito Civil: responsabilidade civil. 5 ed. São Paulo: Atlas, 2005. -Coleção 
de Direito Civil; v.4, p. 40 
36 
 
Esta ligação entre o binômio ação e dano é de vital importância para que exista na 
responsabilidade civil o dever de indenizar, sem ela não há dever de indenizar
33
. 
Para a responsabilidade civil, a compreensão de dano pode se bipartir em duas 
espécies: dano moral e dano material, mas, para o atual estudo, interessa-nos apenas o 
primeiro. Vamos ao conceito técnico dele: 
Dano moral consiste na lesão ao patrimônio psíquico ou ideal da pessoa, a sua 
dignidade em fim que se traduz nos modernos direitos da personalidade
34
. 
Ao citar Wilson de Mello da Silva, Clayton Reis
35
 define dano moral como 
uma lesão sofrida pelo sujeito físico ou pessoa natural de direito em seu patrimônio 
ideal, entendendo-se patrimônio ideal, em contraposição a patrimônio material, o 
conjunto de tudo aquilo que não seja suscetível de valor econômico. 
Ainda conforme as palavras de Clayton Reis
36
, esse tipo de dano afeta a moral 
do indivíduo, causando-lhe um desconforto anormal em seu íntimo, uma aflição que 
abala o psíquico. 
O dano moral por ser um bem não material pode apenas ser compensado e 
nunca restituído na sua integralidade. Nesse particular Cavalieri Filho apud Silvio de 
Salvo Venosa
37
 nos diz: “A condenação em dinheiro é mero lenitivo para a dor, sendo 
mais uma satisfação do que uma reparação.” 
Com isso concluí-se que o dano moral é uma lesão ao psicológico produzida 
por um ato ilícito, e por isso, apenas pode ser compensada por meio da indenização. 
 
 
33
 Diniz, Maria Helena, Curso de Direito Civil Brasileiro. 19 ed. São Paulo: Saraiva; 2002 p.108 
34
 Venosa, Sílvio de Salvo, Op. Cit. p. 227 
35
 Reis, Clayton, Dano Moral, 5ª Ed., Rio de Janeiro, Forense, 2010, p.8. 
36
 Reis, Clayton, Dano Moral. Op. Cit.p.15 
37
 Venosa, Sílvio de Salvo, Op. Cit. p. 48 
37 
 
BULLYING, UM TIPO DE ASSÉDIO MORAL INDENIZÁVEL. 
Ao compreender como bullying um gênero de agressão intencional 
praticada repetidamente e adotada sem motivo real por uma ou mais pessoas contra 
outro lhe causando uma extrema angústia. 
A exposição contínua aos ataques do bullying torna suas vítimas 
inseguras e pouco sociáveis, ato que dificulta o pedido de auxílio. Outras seqüelas 
observadas nas vítimas do bullying, conforme o estudo da ABRAPIA 
38
é: a passividade 
quanto às agressões sofridas, um círculo restrito de amizades, e muitos passam a ter 
baixo rendimento escolar, resistindo e simulando doenças com o interesse de não 
comparecer mais as aulas, ou até mesmo abandonando os estudos. 
Há jovens que em conseqüência do bullying, apresentam um quadro de 
depressão profunda, que os levam, muitas vezes, ao suicídio. 
O bullying também causa um abalo emocional nos familiares da vítima, 
haja vista que sentem-se angustiados ao vivenciar o sofrimento de seu ente. 
Neste mesmo raciocínio Maria Helena Diniz
39
 (2002, p.87), fala sobre a 
lesão indireta: 
O lesado indireto é aquele que, não sendo a vítima direta 
do fato lesivo, vem a sofrer com esse evento por 
experimentar um menoscabo ou uma lesão a um bem 
jurídico patrimonial ou moral em razão de sua relação ou 
vinculação com o lesado direto. 
 
Como se pode observar o bullying causa sérios danos à dignidade da 
pessoa e, bem sabemos que a dignidade é um bem fundamental (artigo 1º,III da 
 
38
 Abrapia. Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção a Infância e a Adolescência Programa de 
redução do comportamento agressivo entre estudantes, disponível em:http:// www.bullyng.com.br, acesso 
em 20/jun/2007. 
39
 Diniz, Maria Helena, Curso de Direito Civil Brasileiro. 19 ed. São Paulo: Saraiva; 2002 p.87. 
38 
 
Constituição Federal de 1988) para a evolução do ser humano. Sobre este aspecto 
proclama Maria Helena Diniz
40
: 
 [...] é o primeiro bem da pessoa, que lhe pertence, como 
primeira utilidade, para que ela possa ser o que é, para 
sobreviver e se adaptar às condições do ambiente em que 
se encontra, servindo-lhe de critério para aferir, adquirir e 
ordenar outros bens. 
 
Ao conceituar o bullying e observar seus efeitos calha equipara-lo ao 
assédio moral, que para o direito é todo ataque contínuo à integridade psicológica de 
alguém com o fim de causar na vítima um sentimento de desprezo e humilhação. 
O assédio moral pode se caracterizar de muitas formas que vão desde um 
isolamento da vítima até atitudes hostis perante seus colegas. 
Como o bullying é uma forma de agressão repetitiva ao conjunto de bens 
imateriais que afeta o psicológico da vítima e diminui sua auto-estima, pode-se então 
equipará-lo ao assédio moral. 
O entendimento do bullying como uma forma de assédio moral, advém 
da sua equiparação ao mobbing. Ainda que tenham nomenclaturas diferentes ambos, 
“bullying” e “mobbing, significam a mesma coisa, ou seja, são sinônimos de referência 
ao assédio moral. O que os diferencia é que o primeiro é usado na Inglaterra e, o 
segundo tem seu uso mais freqüente na Alemanha e na França. No Brasil, ambas as 
nomenclaturas são usadas para referenciar o dano moral, mas diferenciam-se por seus 
modos de uso, pois o “mobbing” é o assédio moral no ambiente de trabalho e o 
“bullying” é no ambiente escolar. 
O bullying causa também dano no patrimônio material da vítima, pois 
além de perder a capacidade de aprender as matérias lecionadas em sala de aula, resulta 
também na necessidade de auxílio médico para superar o trauma psicológico.As 
 
40
 Diniz, Maria Helena, Curso de Direito Civil Brasileiro. 19 ed. São Paulo: Saraiva; 2002 p.75. 
39 
 
despesas decorrentes do tratamento profissional configuram dano patrimonial 
indenizável. 
Ao compreender o bullying como uma forma de agressão injusta ao 
direito fundamental que tira a paz de espírito da vítima, compreende-se também que há 
o dever de indenizá-lo. 
Neste aspecto Clayton Reis
41
 nos ensina que: 
 [...] Toda e qualquer lesão que transforma e desassossega 
a própria ordem social ou individual, quebrando a 
harmonia e a tranqüilidade que deve reinar entre os 
homens, acarreta o dever de indenizar. 
 
A Carta Magna de nosso País em seu artigo 5º X prevê a indenização nos 
casos de violação a qualquer direito fundamental do ser humano. 
São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das 
pessoas, assegurando o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrentes da 
sua violação. 
Quando se observa o efeito que o bullying afeta a dignidade de uma 
pessoa, um dano que acarreta num desconforto, numa angústia, num medo que 
impossibilita o lesado de evoluir nas relações intersubjetivas torna-se legítima a 
pretensão indenizatória. 
 
 
41
 Reis, Clayton, Dano Moral, 5ª Ed., Rio de Janeiro, Forense, 2010, p. 85. 
40 
 
O DIREITO À INDENIZAÇÃO DAS VÍTIMAS DO BULLYING 
A indenização é o ato de reparar o dano, tornar incólume o prejuízo. É 
como afirma Silvio de Salvo Venosa
42: “Reparar o dano qualquer que seja a sua 
natureza, significa indenizar, tornar indene o prejuízo”. 
Aquele que por ato ilícito causar dano a alguém fica obrigado a repará-lo. 
O código Civil Brasileiro prevê em seu artigo 927 o dever de indenizar 
um ato ilícito: Art. 927-“Aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem fica obrigado 
a repará-lo”. 
Sendo assim, toda lesão que atinja o direito de um terceiro terá como 
resultado a obrigação de indenizar. No mesmo sentido compreende Clayton Reis
43: “A 
lesão do direito que atinja o patrimônio da vítima resulta sempre em uma imediata 
obrigação indenizatória” 
E ao compreender o bullying como uma forma de agressão injusta ao 
direito fundamental que tira a paz de espírito da vítima, compreende-se também que há 
o dever de indenizá-lo. 
Neste aspecto Clayton Reis
44
 nos ensina que: 
 [...] Toda e qualquer lesão que transforma e desassossega a própria 
ordem social ou individual, quebrando a harmonia e a tranqüilidade que deve reinar 
entre os homens, acarreta o dever de indenizar. 
 
A Carta Magna de nosso País em seu artigo 5º X prevê a indenização nos 
casos de violação a qualquer direito fundamental do ser humano. 
 
42
 Venosa, Sílvio de Salvo. Direito Civil: responsabilidade civil. 5 ed. São Paulo: Atlas, 2005. -Coleção 
de Direito Civil; v.4, p. 270 
43
 Reis, Clayton Reis, Clayton, Dano Moral, 5ª Ed., Rio de Janeiro, Forense, 2010, p. 4 
44
 Reis, Clayton, Op. Cit. 85 
41 
 
São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das 
pessoas, assegurando o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrentes de 
sua violação. 
Quando qualquer ato atinge de maneira maléfica a intimidade há a 
existência de dano. Assim compreende o Egrégio Tribunal de Justiça de Minas Gerais: 
EMENTA: AÇÃO DE INDENIZAÇÃO - DANO 
MORAL - EMPREGADOR - COMENTÁRIOS 
PÚBLICOS DESAIROSOS - VIOLAÇÃO DA ESFERA 
PRIVADA - ALEGAÇÕES DA INTIMIDADE DO 
EMPREGADO - RECURSO A QUE SE NEGA 
PROVIMENTO. 
- O empregador que, munido de um microfone, propaga 
comentários desairosos à conduta pessoal de empregado, 
por ter freqüentado boate de má-fama, deve indenizar os 
danos morais deles resultantes. 
- "O intrometimento arbitrário na vida de alguém, o ataque 
à intimidade, caracteriza dano MORAL pelo só fato da 
intromissão não consentida na vida privada e na 
intimidade. A realização do ato considerado antijurídico 
que origine ofensa NO âmbito interno ou externo da 
pessoa e que perturbe o sentimento da vítima, faz surgir o 
dano".(MINAS GERAIS. Tribunal de Justiça. Apelação 
Cível Nº 449.864-0, Sétima Câmara Cível, Tribunal de 
Justiça de Minas Gerais, Relator: TARCISIO MARTINS 
COSTA, julgado em 14/12/2004. Publicado no Diário de 
Justiça do dia 19/02/2005). 
 
 
Observa-se que todo dano moral sofrido pelo aluno dentro da instituição 
de ensino deve ser indenizado. Assim entende o Egrégio Tribunal de Justiça de Minas 
Gerais: 
EMENTA: AÇÃO DE INDENIZAÇÃO - 
RESPONSABILIDADE CIVIL — ESTUDANTE QUE 
SOFRE CONSTRANGIMENTO E HUMILHAÇÃO NO 
INTERIOR DE ESTABELECIMENTO DE ENSINO 
PÚBLICO — CULPA OBJETIVA DO ESTADO — 
DEVER DE INDENIZAR - DANOS MATERIAIS E 
MORAIS - FIXAÇÃO DO "QUANTUM" - 
DENUNCIAÇÃO DA LIDE AO AGENTE - 
ADMISSIBILIDADE.( MINAS GERAIS. Tribunal de 
42 
 
Justiça. Apelação Cível Nº 1.0024.00.147114-3/001, 
Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça de Minas 
Gerais, Relator: Wander Motta, Julgado em 21/12/2005. 
Publicado no Diário de Justiça do dia 16/02/2005). 
 
A moral é parte da personalidade enquanto patrimônio, assim concorda 
Maria Helena Diniz
45
 apud Goffedro Telles Jr.: 
[...] é objeto do direito, é o primeiro bem da pessoa, que 
lhe pertence, como primeira utilidade, para que ela possa 
ser o que é, para sobreviver e se adaptar às condições do 
ambiente em que se encontra, servindo-lhe de critério para 
aferir, adquirir e ordenar outros bens. 
 
Sem possuir a moral incólume o indivíduo deixa de obter amor próprio, 
não acrescenta valores ao seu íntimo, não contribui com a sociedade e não evolui como 
pessoa. 
Quando se observa o efeito que o bullying afeta a dignidade de uma 
pessoa, um dano que acarreta num desconforto, numa angústia, num medo que 
impossibilita o lesado de evoluir nas relações intersubjetivas torna-se legítima a 
pretensão indenizatória. 
 
 
 
 
45
 Diniz, Maria Helena, Curso de Direito Civil Brasileiro. 19 ed. São Paulo: Saraiva; 2002. p. 75 
43 
 
CONFUSÃO NO USO DAS NOMENCLATURAS: BULLYING E 
MOBBING 
Bullying e mobbing são gêneros de uma espécie de agressão denominada 
assédio moral. 
Segundo o conceito ensinado pela vitimóloga francesa Marie- France 
Hirigoyen
46
, o assédio moral é um conjunto de atitudes perniciosas e imperceptíveis, 
praticadas no dia-a-dia do trabalho, com a finalidade de humilhar o outro de forma 
perversa. 
Para José Affonso Dellagrave Neto ao citar Márcia Novaes Guedes
47
·, 
assédio moral são todos aqueles atos e comportamentos advindos do patrão, gerente ou 
dos colegas, que caracterizam uma atitude contínua e ostensiva de perseguição que 
resulta em grandes danos às condições físicas, psíquicas da vítima. 
Quando esta submissão a situações vexatórias tornam-se direcionadas, 
repetitivas e prolongadas, configura-se então o mobbing. 
Segundo Cleo Fante
48
, o termo mobbing remete à idéia de constituição de 
grupos que exercem pressões e ameaças sobre os outros trabalhadores. No Brasil, o 
mobbing é definido como assédio moral. 
 
Na compreensão de mobbing como uma forma de assédio moral é a 
jurisprudência da segunda turma do TST. Vejamos: 
Segundo a melhor doutrina, constitui assédio moral 
vertical a exposição do empregado a situação humilhante e 
embaraçosa, em que se vale o agressor da condição de 
superioridade hierárquica em relação à vítima. Também 
conhecido por mobbing, ele é caracterizado por conduta46
 Fante, Cleo, Bullying escolar: perguntas & respostas/ Cleo Fante José Augusto Pedra.-Porto 
Alegre: Artmed 2008, p.76 
47 Dallegrave Neto, José Affonso, Responsabilidade civil no direito do trabalho/José Affonso 
Dallegrave Neto, -4ª ed. São Paulo LTr, 2010.p.265 
48
 Fante, Cleo, op. Cit. p.35 
44 
 
abusiva, de forma usualmente repetitiva e prolongada, 
capaz de causar ofensa à personalidade, à dignidade ou à 
integridade psicológica do empregado, tendo por efeito 
diminuí-lo em seu ambiente de trabalho. (Processo: A-
AIRR - 73940-86.2008.5.10.0010 Data de Julgamento: 
02/06/2010, Relator Ministro: Flavio Portinho Sirangelo, 
2ª Turma, Data de Divulgação: DEJT 18/06/2010.) 
 
Sobre os atos que compõe a caracterização do mobbing é a jurisprudência 
da terceira turma do TST: 
(...) De início, os doutrinadores o definiam como "a 
situação em que uma pessoa ou um grupo de pessoas 
exercem uma violência psicológica extrema, de forma 
sistemática e frequente (em média uma vez por semana) e 
durante um tempo prolongado (em torno de uns 6 meses) 
sobre outra pessoa, a respeito da qual mantém uma relação 
assimétrica de poder no local de trabalho, com o objetivo 
de destruir as redes de comunicação da vítima, destruir sua 
reputação, perturbar o exercício de seus trabalhos e 
conseguir, finalmente, que essa pessoa acabe deixando o 
emprego" (cf. Heinz Leymann, médico alemão e 
pesquisador na área de psicologia do trabalho, na Suécia, 
falecido em 1999, mas cujos textos foram compilados na 
obra de Noa Davenport e outras, intitulad Mobbing: 
Emotional "Abuse in The American Work Place"). O 
conceito é criticado por ser muito rigoroso. 
Hoje é sabido que esse comportamento ocorre não só entre 
chefes e subordinados, mas vice-versa e entre colegas de 
trabalho com vários objetivos, entre eles o de forçar a 
demissão da vítima, o seu pedido de aposentadoria 
precoce, uma licença para tratamento de saúde, uma 
remoção ou transferência. 
Não se confunde com outros conflitos que são esporádicos 
ou mesmo com más condições de trabalho, pois o assédio 
moral pressupõe o comportamento (ação ou omissão) por 
um período prolongado, premeditado, que desestabiliza 
psicologicamente a vítima.(Processo: AIRR - 145440-
36.2008.5.03.0067 Data de Julgamento: 12/05/2010, 
Relator Ministro: Alberto Luiz Bresciani de Fontan 
Pereira, 3ª Turma, Data de Divulgação: DEJT 
28/05/2010.) 
 
Mesmo apresentando nomenclaturas diferentes, “bullying” e “mobbing”, 
no mundo do direito são utilizados como sinônimos para referência ao assédio moral. 
45 
 
É o que se observa na compreensão da jurisprudência da quinta turma do 
TST: 
 
O assédio moral, embora não se constitua em fato novo, 
uma vez que é tão antigo quanto o próprio trabalho, 
somente recentemente vem sendo estudado. É também 
conhecido como hostilização no trabalho, ou assédio 
psicológico no trabalho ou também, ainda, como 
`psicoterror, mobbing ou bullying -. 
Considera-se assédio moral no trabalho a exposição de 
empregados a situações humilhantes e constrangedoras ao 
longo da jornada laboral. Humilha-se o empregado 
fazendo-o sentir-se ofendido, menosprezado, rebaixado, 
magoado, envergonhado, etc. O empregado passa a sentir-
se um ninguém, um inútil, sem qualquer valor-- (fls. 
491v/492v). (Processo: RR - 114000-30.2007.5.04.0002 
Data de Julgamento: 09/12/2009, Relator Ministro: 
João Batista Brito Pereira, 5ª Turma, Data de Divulgação: 
DEJT 18/12/2009.) 
 
Entretanto, ainda que ambas as nomenclaturas sirvam para a referência 
ao assédio moral, não se pode confundir o uso correto para cada uma. O mobbing é o 
assédio moral no ambiente de trabalho e o bullying é no ambiente escolar. 
As semelhanças guardadas entre os dois conceitos é a utilização do 
desequilíbrio de poder para ridicularizar as vítimas e amedrontar os espectadores, e os 
resultados nefastos para as vítimas como apatia social e sérios transtornos emocionais. 
 Finalmente obtempera-se que a expressão mobbing é utilizada pelo ramo 
do direito trabalhista para denominar a exposição contínua do empregado a uma 
situação vexatória que viola a dignidade da vítima, também conhecida como assédio 
moral. 
 
46 
 
A INFLÊNCIA DA FAMÍLIA NOS CASOS DE BULLYING. 
Em tempos caóticos, em que todas as instituições sociais não estão mais 
seguras, a família tem o condão de estabelecer formas de preparar seus rebentos para 
uma vida social cada vez mais competitiva e individualista, sem perder o respeito pelos 
valores da natureza humana. 
A família é o primeiro núcleo social organizado que uma criança está 
inserida. É neste núcleo que a criança recebe parâmetros de comportamento social que a 
alertam quanto à importância do respeito pela liberdade física e psíquica individual. 
A família deve atentar-se para a formação afetiva, psicológica, 
humanista, cultural e social de suas crianças para que sua inserção na sociedade seja 
completa, sem conflitos permeados por preconceitos ou por egocentrismos que resultem 
em violências físicas ou morais a terceiros. 
É neste contexto que se observa a importância das intervenções 
familiares nas experiências infanto juvenil, pois, é na idade entre 2 a 8 anos que a 
criança desenvolve a sua capacidade de absorver os estímulos sociais advindos da 
família. Depois desta idade a criança reproduz esses comportamentos nos ambientes 
sociais exteriores como, por exemplo, na escola. 
Então, se uma criança não recebe intervenções corretivas em um eventual 
comportamento preconceituoso ou violento, certamente o reproduzirá em sua idade 
juvenil e adulta. 
Da mesa forma, se uma criança não recebe um elogio por uma atitude 
socialmente louvável como o respeito para com as demais pessoas, certamente não terá 
vontade de adotar essa postura socialmente pacífica em sua vida futura. 
47 
 
Ainda neste contexto, se uma criança não percebe carinho e atenção em 
seu núcleo familiar, é óbvio que terá uma postura de frieza ou apática nas relações 
intersubjetivas, que pode resultar em isolamento social. 
Finalmente, pode-se observar que se uma criança não tem um dialogo 
educacional frequente em casa, terá grandes chances de apresentar um comportamento 
individual afetado quando inserida num grupo. 
Uma criança que cresce num modelo familiar em que os pais são 
ausentes ainda que por conta do trabalho, certamente, não terá limites sociais nem 
saberá lidar com situações de frustração, pois, nunca ou pouco recebeu orientações para 
encarar essas situações. 
Outro modelo de educação familiar que compromete a formação 
psicológica de uma criança é o em que os pais que embora presentes, não impõem limite 
ou regra para seus filhos, deixando-os por conta e própria. Isso imprime na psique de 
uma criança que tudo ela pode e que não há limitações entre o direito dela e de outra 
pessoa. Ou seja, resultará em uma criança egoísta e sem valores morais. 
Esse modelo familiar também não oferece o apoio adequado para a 
criança que sofre agressões de seus colegas de classe. Daí restará impregnado no 
inconsciente desta criança a errada autoimagem de “sujeito sem importância para aquele 
núcleo familiar”. 
 Da mesma forma prejudicial serão os pais que muito limitam seus filhos 
ou que impõe de forma agressiva o ponto de vista que reputam como resolução para um 
problema, porque, a criança crescerá com a informação de que a agressividade e a 
intolerância são formas adequadas de resolução de um problema podem se tornar 
praticantes de bullying como forma de autoafirmação. 
48 
 
É do modelo de educação familiar que emanam regras de convívio social 
e modelos de conduta nas relaçõesintersubjetivas. Exageros na educação de uma 
criança podem prejudicá-la em sua vida social e torná-la excessivamente agressiva ou 
apática, o que pode resultar em potenciais praticantes do ou vítimas bullying. 
Com isso é correto afirmar que o pisquê de uma criança sofre, de forma 
direta, influência de um histórico de experiências familiares. Essas experiências 
determinam seu caráter, seus valores morais e sua conduta ética. 
Se uma família possui em seu meio um modelo de educação ausente de 
balizamentos morais e retidão ética, seus filhos serão o fruto negativo deste modelo, 
seja com inclinações para atitudes violentas ou para apatia social. 
 
49 
 
A CONFUSÃO ENTRE AS NOMENCLATURAS BULLYING, 
ASSÉDIO MORAL E ASSÉDIO SEXUAL. 
ASSÉDIO MORAL 
Concerne em qualquer atitude abusiva na forma de palavras, gestos, 
escritos que resultam em dano à personalidade, à dignidade, à integridade física ou 
psíquica de uma pessoa
49
. 
BULLYING 
É toda e qualquer forma de agressão intencional, ocorrida dentro do 
ambiente escolar, praticada repetidamente e adotada sem motivo real por uma ou mais 
crianças, jovens ou adolescentes em idade escolar, contra outro causando-lhes uma 
extrema angústia
50
. 
ASSÉDIO SEXUAL 
Assédio sexual
51
 é toda tentativa, por parte do superior hierárquico 
(chefe), ou de quem detenha poder hierárquico sobre o subordinado, de obter dele 
favores sexuais por meio de condutas reprováveis, indesejáveis e rejeitáveis, com o uso 
do poder que detém, como forma de ameaça e condição de continuidade no emprego. 
Sob este particular é a similitude pontificada no Código Penal Brasileiro 
no artigo 216 A, que classifica o assédio sexual como sendo o ato de constranger 
alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o 
agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de 
emprego, cargo ou função. 
 
49
 Carvalho, Nelson Gonçalves de, Assédio Moral na Relação de Trabalho, 1ªEd. São Paulo, 
Rideel 2009, p.59 
50
 Soares, Alexandre Saldanha Tobias, A Responsabilidade Civil das Instituições de Ensino em 
Relação aos Efeitos do Bullying, 1 ed., 1ª impr. Editora JM, 2012, p.53 
51
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria-Executiva. Subsecretaria de Assuntos Administrativos 
Assédio: violência e sofrimento no ambiente de trabalho: assédio sexual / Ministério da Saúde, 
SecretariaExecutiva, Subsecretaria de Assuntos Administrativos. – Brasília : Editora do 
Ministério da Saúde, 200 36 p.– (Série F. Comunicação e Educação em Saúde), p. 9 
 
50 
 
CONCLUSÃO GERAL. 
Bullying é espécie reiterada prática do assédio moral por parte de um 
sujeito ou grupo contra outrem. 
Da mesma forma o assédio sexual é uma espécie de assédio moral que 
não guarda relação nenhuma com o bullying. 
 
 
 
51 
 
A RESPONSABILIDADE CIVIL DA ESCOLA E DOS PAIS EM 
RELAÇÃO AOS ATOS DE BULLYING. 
O bullying pode ser compreendido como um conjunto de ações 
caracterizadas com a exposição continuada ao longo do tempo a um comportamento 
repetitivamente agressivo entre crianças, adolescentes e jovens em idade escolar, que 
envolve um desequilíbrio de poder. 
Originalmente o bullying é uma expressão para sinalizar o assédio moral 
praticado entre crianças e adolescentes, no entanto, nos anos de 2007 até 2011, ganhou 
enumeras variantes como o moblie bullying (bullying por mensagens de celular); 
bullying at the work place (é o bullying no ambiente de trabalho, conhecido 
tecnicamente como mobbing) e cyberbullying. 
Qualquer variante do bullying é considerada ato ilícito por assediar o bem 
estar psíquico e físico da vítima. 
A dúvida reside na determinação do sujeito passivo do dever 
indenizatório para os casos de bullying escolar. 
Primeiramente trataremos da responsabilidade civil das instituições de 
ensino. 
Os fundamentos jurídicos que tratam da responsabilidade civil das 
escolas em relação ao efeito bullying, acham-se no âmbito da responsabilidade civil 
objetiva das pessoas jurídicas
52
. 
É a partir dessa afirmação, que Maria Helena Diniz
53
 pontifica que o 
art.932, IV, 2ª alínea do Código Civil trata da responsabilidade dos donos de 
instituições de ensino, ou seja, daqueles que mediante uma remuneração mantém sob 
sua guarda e orientação pessoas para serem educadas. Deverão responder objetivamente 
 
52
 Diniz, Maria Helena, Curso de Direito Civil Brasileiro. 19 ed. São Paulo: Saraiva; 2002 p.59 
53
 Diniz, Maria Helena, Curso de Direito Civil Brasileiro. 19 ed.,p.59 
52 
 
e solidariamente (CC, arts. 933 e 942, parágrafo único) pelos danos causados a um 
colega ou a terceiros por atos ilícitos durante o tempo que exercem sobre eles vigilância 
e autoridade. 
Quanto à responsabilidade dos pais, deve-se ter em mente que eles têm o 
dever de garantir o conforto, a educação e transmitir valores morais para seus filhos 
com o intuito de prepará-los para o convívio social. Também é parte deste poder a 
previsão feita pelo Código Civil brasileiro de que os pais são sempre responsáveis pelos 
atos dos filhos menores, independentemente de culpa. Essa modalidade de 
responsabilidade também é chamada pelo direito de “objetiva”, porque independe da 
prova da culpa para que os pais arquem com o dever indenizatório oriundos dos danos 
causados pelos filhos menores. 
Vejamos os fundamentos jurídicos trazidos pelos artigos. 1.634, 932, 
inciso I e 933, todos do Código Civil Brasileiro: 
Art. 1634 - Compete aos pais, quanto às pessoas dos filhos menores: 
I - dirigir-lhes a criação e educação; 
II - tê-los em sua companhia e guarda; 
III - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para casar-lhes; 
IV - nomear-lhes tutor, por testamento ou documento autêntico, se o 
outro dos pais não sobreviver, ou o sobrevivo não puder exercitar o poder familiar; 
V - representá-los, até os 16(dezesseis) anos, nos atos da vida civil, e 
assisti-los, após essa idade, nos atos em que forem partes, suprimindo-lhes o 
consentimento; 
VI - reclamá-los de quem ilegalmente os detenha; 
VII - exigir que lhes prestem obediência, respeito e os serviços próprios 
de sua idade e condição. 
53 
 
Art. 932 do CCB. São também responsáveis pela reparação civil: 
I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia; 
Art. 933 do CCB. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo 
antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte, responderão pelos atos praticados 
pelos terceiros ali referidos. 
Deve-se ressaltar que é do modelo de educação familiar que emanam 
regras de convívio social e modelos de conduta nas relações intersubjetivas que, até os 
oito anos de idade são recebidos, processados e reproduzidos como corretos em 
ambientes externos como escolas, colégios e ambientes cibernéticos. 
Quanto à responsabilidade civil das escolas em relação ao bullying, tem seu 
fundamento na responsabilidade civil objetiva não há a necessidade de se comprovar a 
culpa porque o risco do dano decorre da natureza da atividade praticada em face das 
pessoas jurídicas. 
Conforme Maria Helena Diniz
54
 compreende a responsabilidade civil 
objetiva embasa-se, no risco, que explica essa responsabilidade no fato de haver o 
agente causado prejuízo à vitima ou a seus bens. Para a responsabilidade civil objetiva a 
conduta culposa ou dolosa do causador do dano é irrelevante, uma vez que basta a 
existência do nexo de causalidade entre o prejuízo sofrido pela vítima e a ação do 
agente para que exista o dever indenizatório. 
 É a partirdessa teoria, que se observar o posicionamento de Maria Helena 
Diniz
55
 (2002, p.59) em relação à responsabilidade objetiva dos estabelecimentos de 
ensino: 
O art.932, IV, 2ª alínea do Código Civil refere-se à 
responsabilidade dos donos de estabelecimento de ensino, 
isto é, daqueles que mediante uma remuneração têm sob 
 
54
 Diniz, Maria Helena, Op. Cit. p.59 
55
 Diniz, Maria Helena, Op. Cit. p.59 
54 
 
sua direção pessoas para serem educadas e receberem 
instrução. Deverão responder objetivamente e 
solidariamente (CC, arts. 933 e 942, parágrafo único) 
pelos danos causados a um colega ou a terceiros por atos 
ilícitos durante o tempo que exercem sobre eles vigilância 
e autoridade. 
 
O dispositivo do Código Civil supracitado por Maria Helena Diniz, na 
íntegra prevê: 
Art.932.C.C São também responsáveis pela reparação 
civil: 
IV- Os donos de hotéis, hospedarias, casas ou 
estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo 
que para fins de educação, pelos seus hospedes, moradores 
e educandos. 
 
Como o bullying acontece dentro das dependências do estabelecimento de 
ensino no período de estadia dos educandos vê-se a figura da responsabilidade das 
escolas pelos danos causados pelos seus alunos entre eles ou a terceiros como bem 
observa Miguel Maria de Serpa Lopes, na obra Curso de Direito Civil, Fontes 
Acontratuais das Obrigações
56
 quando sustenta que em razão da atividade oriunda de 
sua atribuição, o professor exerce sobre os seus pupilos um dever de vigilância que é 
sancionado pela culpa presumida, valendo ressaltar que o prejuízo causado pelo 
educando o seja no momento em que esteja sob a vigilância do educador é um 
pressuposto dessa responsabilidade. 
Com todos estes fundamentos legais é mais do que correto afirmar que há 
um dever dos pais, das instituições de ensino tanto públicas como privadas (decorrente 
da responsabilidade civil objetiva) de cuidado para com a integridade física e 
 
56
 Lopes, Miguel Maria de Serpa. Curso de Direito Civil / Miguel Maria de Serpa Lopes; Fontes 
Acontratuais das Obrigações-Responsabilidade Civil. 4 ed. rev. e atual. por José Serpa Santa 
Maria. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1995, p. 250 
 
55 
 
psicológica de seus respectivos filhos e alunos enquanto estes estiverem sob suas 
tutelas. 
 
56 
 
A RESPONSABILIDADE DOS PAIS EM RELAÇÃO AOS ATOS DE 
BULLYING PRATICADOS POR SEUS FILHOS MERORES DENTRO DO 
AMBIENTE CYBERNETICO 
O bullying é uma das questões mais comuns e atuais em nossa sociedade. 
Muito se debateu sobre suas variantes, seus danos ás suas vitimas, aos agressores, os 
locais de sua ocorrência. 
 Sabe-se que, por previsão legal do Código Civil, do Código de Defesa 
do Consumidor e pela teoria do risco, independe de culpa a responsabilidade das 
instituições de ensino nas hipóteses em que o bullying ocorre em suas instalações. 
Mas, o que resta debater é a parcela de responsabilidade dos pais em face 
aos atos de bullying praticados por seus filhos no ambiente cibernético enquanto 
estavam sob sua guarda e companhia. 
Primeiramente deve-se ter em mente que os pais têm o dever de garantir 
o conforto, a educação e transmitir valores morais para seus filhos com o intuito de 
prepará-los para o convívio social. Também é parte deste poder a previsão feita pelo 
Código Civil brasileiro de que os pais são sempre responsáveis pelos atos dos filhos 
menores, independentemente de culpa. Essa modalidade de responsabilidade é chamada 
pelo direito de “objetiva”, porque independe da prova da culpa para que os pais arquem 
com o dever indenizatório oriundos dos danos causados pelos filhos menores. 
Agora o leitor me pergunta o porquê desta alta carga de responsabilidade 
imputada aos pais? Pois bem, vejamos: 
A família é o primeiro modelo de grupo organizado que a criança 
reconhece. Uma criança que cresce num modelo familiar em que os pais são ausentes 
ainda que por conta do trabalho, certamente, não terá limites sociais nem saberá lidar 
57 
 
com situações de frustração, pois, nunca ou pouco recebeu orientações para encarar 
essas situações. 
Outro modelo de educação familiar que compromete a formação 
psicológica de uma criança é o em que os pais que embora presentes, não impõem limite 
ou regra para seus filhos, deixando-os por conta e própria. Isso imprime na psique de 
uma criança que tudo ela pode e que não há limitações entre o direito dela e de outra 
pessoa. Ou seja, resultará em uma criança egoísta e sem valores morais. 
 Da mesma forma prejudicial serão os pais que muito limitam seus filhos 
ou que impõe de forma agressiva o ponto de vista que reputam como resolução para um 
problema, porque, a criança crescerá com a informação de que a agressividade e a 
intolerância são formas adequadas de resolução de um problema. 
É do modelo de educação familiar que emanam regras de convívio social 
e modelos de conduta nas relações intersubjetivas que, até os oito anos de idade são 
recebidos, processados e reproduzidos como corretos em ambientes externos como 
escolas, colégios e ambientes cibernéticos. Exageros na educação de uma criança 
podem prejudicá-la em sua vida social e torná-la excessivamente agressiva, o que pode 
resultar em potenciais praticantes do bullying. 
O bullying é caracterizado com a exposição continuada ao longo do 
tempo a um comportamento repetitivamente agressivo entre crianças, adolescentes e 
jovens em idade escolar, que envolve um desequilíbrio de poder 
Essa forma de agressão ganhou enumeras variantes como o moblie 
bullying (bullying por mensagens de celular); bullying at the work place (é o bullying 
no ambiente de trabalho, conhecido tecnicamente como mobbing) e cyberbullying. Esta 
última variante é a que nos interessa no momento. Vamos a ela: 
58 
 
O cyberbullying é a modalidade de bullying praticada dentro dos 
ambientes cibernéticos como Orkut e Face book com o objetivo de realizar ataques 
sistemáticos a honra e ao psicológico de trceiro. Ocorre na maioria das vezes no 
momento em que os menores estão utilizando seus computadores caseiros ou os de uma 
lan house. 
Como essa modalidade de bullying acontece no momento em que os 
menores estão em suas casas sob a guarda e companhia dos pais, se neste momento os 
pais são permissivos, omissivos ou agem sem a diligencia natural da atividade paterna, 
permitindo que seus filhos pratiquem atos lesivos a terceiros, será deles o dever de 
indenizar o dano causado. 
No Brasil já são vários os casos em que os pais são responsabilizados 
pelos atos lesivos causados por seus filhos, um exemplo é a sentença proferida pela 6ª 
câmara cível do Tribunal de Justiça de São Paulo, que manteve a decisão de primeiro 
grau que condenou a mãe de um adolescente a pagar a indenização de R$ 5.000,00 
(cinco mil reais) a outro adolescente vítima de cyberbullying. 
Pelo exposto conclui-se que uma educação diligente e consciente da 
importância dos limites da liberdade, das condutas de ética e respeito nas relações 
intersubjetivas e da inviolabilidade da integridade psicológica e física de uma pessoa, 
pode criar cidadãos pacíficos e evitar processos longos e desgastantes para as vítimas, 
para os agressores e suas famílias. 
 
 
59 
 
A SOLIDARIZAÇÃO DA RESPONSABILIZAÇÃO OBJETIVA ENTRE 
INSTITUIÇÃO DE ENSINO E A FAMÍLIA PARA OS CASOS DE BULLYING 
ESCOLAR 
A personalidade agressiva na infância é, sem dúvida, o resultado da 
somatória da educação basilar vinda do seio familiar com a educação formal e social 
adquirida nos bancos

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