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CORIZA INFECCIOSA DAS GALINHAS Definição: Doença contagiosa das aves, que acomete o trato respiratório superior, caracterizada por edema de face e descarga nasal. Acomete principalmente aves adultas e em recria. ETIOLOGIA: O agente causador é o Avibacterium paragallinarum, bactéria gram negativa, pleomorfica, da ordem Pasteurellales e família das Pasteurellaceae. As colônias formadas pelo microrganismo são pequenas, acinzentadas e semi-opacas. Nas provas bioquímicas, ela é positiva para frutose, manose, glicose e negativa para arabinose, celobiose, trealose, glicerol, galactose, indol e sorbitol. Os nitratos são reduzidos e a atividade catalase está ausente. O seu crescimento é fastidioso in vitro, uma vez que necessita do fator V (nicotinamina-adenina-dinucleotideo – NAD). Essa bactéria é sensível, rapidamente inativada fora do hospedeiro. Estudos realizados mostraram que as bactérias presentes no exsudato, quando armazenadas a 4ºC permanecem viáveis. Enquanto as bactérias do mesmo exsudato adicionadas a soro fisiológico e guardadas a 22ºC são inativadas depois de 24 horas. Sinais clínicos e lesões As aves acometidas pela Coriza Infecciosa com a forma mais branda da doença apresentam uma coriza simples, seguida de uma descarga nasal de forma persistente ou bastante rápida. Diminuição de apetite, bem como diminuição evidente da postura de ovos, não são comumente relatados em casos brandos de infecção. Quando associada a outros patógenos, a CI pode se complicar e se tornar grave. Nesses casos, frequentemente são observados inchaços edematosos na face, que se estende por muitas vezes para a barbela. Outras complicações vistas também são sinusite, conjuntivite, traqueite, aerossaculite e fechamento do globo ocular por destruição do globo ocular. Em aviários fechados, há um odor bastante característico. Quando há a o envolvimento do trato respiratório inferior na infecção, cursando com aves ofegantes, com tosse e morrendo por asfixia, tem-se um surto de caráter grave. As lesões observadas na macroscópica são inflamação, formação e acúmulo de exsudato na cavidade nasal, edema subcutâneo da face, conjuntivite com posterior destruição do globo ocular. Se houver uma infecção associada a Coriza Infecciosa pode haver traqueite, pneumonia e aerossaculite. Epidemiologia - As aves cronicamente doentes e as portadoras sadias são reservatórios da infecção. O período de incubação é 1 a 3 dias e o curso da doença geralmente é de 2 semanas. A bactéria causadora da Coriza Infecciosa está presente em todo o mundo. Acomete galinhas (em todas as modalidades de produção, galinhas d'angola, faisões e codornas. Atinge aves em qualquer idade e de qualquer linhagem. As aves portadoras, que apresentam sintomatologia ou não, são os principais reservatórios do agente, podendo transmitir por um longo período de tempo. A transmissão pode ocorrer de maneira direta, por meio do contato com secreção nasal de aves contaminadas, inalação de aerossóis, bem como a ingestão de água, ração, fezes ou de exsudato caseoso presente em outras aves. A Coriza Infecciosa não é transmitida de uma ave infectada para a sua progênie, ou seja, não ocorre transmissão vertical. É uma doença que apresenta baixa mortalidade, porém a taxa de morbidade é bastante elevada. Diagnóstico O diagnóstico da Coriza Infecciosa pode ser feito de acordo com os sinais clínicos clássicos, porém esse diagnóstico é especulativo e deve ser atrelado ao histórico da doença no criatório e na região, pois outras doenças podem apresentar um quadro semelhante. O diagnóstico laboratorial baseia-se no procedimento de necropsia, onde se espera encontrar inflamação catarral ou fibrino-purulenta das vias nasais e seios faciais, edema subcutâneo de face e barbela, traqueíte, aerossaculíte, pneumonia, degeneração celular com hiperplasia do epitélio mucoso e glandular e infiltração de células inflamatórias na lâmina própria. Ainda no tocante do diagnóstico laboratorial, se pode incluir o isolamento e identificação do agente em meios de cultura. A bactéria cresce bem em meio de cultura com fator V e/ ou juntamente com Staphylococcus epidermidis. Na bioquímica, ela é catalase negativa e não fermenta galactose e trealose. Também pode ser realizada a Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) ou a inoculação via nasal utilizando-se de um exsudato de ave suspeita em uma ave saudável. Nesse caso, se o exsudato for proveniente de um caso grave ou agudo, espera-se que a ave saudável apresente os sinais clínicos em até 48h e em casos brando, verifica-se os sinais em até 1 semana. A sorologia pode ser utilizada por meio de teste como inibição de hemoaglutinação, teste de precipitação em ágar gel e a soroaglutinação rápida em placa, com o objetivo de diagnosticar a doença e a partir de aí se tomar medidas profiláticas e dar início a um tratamento efetivo. Diagnóstico diferencial O diagnóstico diferencial é muito importante nessa enfermidade, e deve ser levado no direcionamento das doenças com comprometimento respiratório, tais como doença crônica respiratória, aspergilose, pulorose e bronquite. Quando o agente causador da Coriza Infecciosa atinge o trato respiratório inferior (TRI), a enfermidade deve ser diferenciada principalmente da laringotraqueíte. Tratamento Várias sulfonamidas e antibióticos são úteis para aliviar a gravidade e curso da coriza infecciosa. Deve notar-se a ocorrência de resistência aos medicamentos e, portanto, recomenda-se a realização de testes de sensibilidade aos antibióticos. A recaída muitas vezes ocorre após a interrupção do tratamento e se estabelece um estado de portador assintomático. Eritromicina e oxitetraciclina são dois antibióticos comumente utilizados. Prevenção e controle A doença clínica pode ser evitada por meio da vacinação das aves. É necessário haver na propriedade, ou na região, o isolamento e identificação do agente para que possa ser feita a caracterização do sorotipo que desafia a granja, bem como através do antibiograma saber quais os antimicrobianos mais adequados para o controle da doença. A vacinação pode ser feita em duas etapas da vida das aves, com intervalo de aproximadamente 70 dias. Estudos recentes apontam que há a possibilidade de se fazer apenas uma vacinação, em aves de um dia de idade, para conferir a imunidade contra o agente da coriza Infecciosa. Existem ainda outras medidas de prevenção da doença no plantel, como por exemplo, adotar o uso de quarentena para novas aves que forem ser introduzidas na propriedade, afim de observar se há o surgimento de sinais clínicos sugestivos da CI. Também é importante isolar das demais aves aquelas que já apresentem a sintomatologia da doença, para que não transmita para as aves saudáveis. Vale salientar a importância de se separar as aves por idade, bem como adotar medidas de limpeza nos utensílios utilizados na produção, como bebedouros e comedouros, que devem ser lavados diariamente e a água utilizada para as aves, preferencialmente deve ser clorada.