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AGULHAS E FIOS CIRÚRGICOS MEDPORTAL Postado em 01/04/2015 por Paula Dayana Matkovski http://www.medportal.com.br/blog/cirurgia/agulhas-e-fios-cirurgicos/ A agulha tem como finalidade levar o material de síntese através dos tecidos, causando mínima lesão tecidual. A seleção da agulha é determinada pela acessibilidade do tecido a ser suturado; pelo diâmetro do fio de sutura e pelo tipo de tecido, levando-se em consideração sua constituição histológica, o que lhe confere maior facilidade em sua transecção (intestino delgado – agulha cilíndrica) ou maior dificuldade no afastamento dos tecidos (pele – agulha triangular cortante). As agulhas podem ser descartáveis (para uso único apenas) ou reutilizáveis. As agulhas podem ser classificadas quanto à dimensão, calibre, forma, ponta e fundo. Quanto à dimensão, existem agulhas de diversos tamanhos, cada uma se prestando para uso específico, e tendo o centímetro como unidade de medida. O calibre das agulhas também é muito variável. As mais longas não necessariamente são as mais calibrosas. Quanto à forma, podem ser curvas ou retas. As curvas são manobradas pelos porta-agulhas, e as retas, pelas mãos. As pontas das agulhas podem ser de secção transversa cilíndrica ou triangular. As de secção cilíndrica são chamadas agulhas cilíndricas, redondas, não- cortantes ou atraumáticas. As de secção triangular são chamadas triangulares, cortantes, lanceoladas ou traumáticas. Quanto ao fundo, as agulhas podem ser de fundo verdadeiro ou falso. O fundo verdadeiro é um orifício fechado, através do qual se introduz o fio cirúrgico a ser usado. O fundo falso delimita um orifício quase totalmente fechado, com uma estreita reentrância por onde se encaixa o fio no orifício. O comum é a mesma agulha, seja curva ou reta, apresentar dois fundos, sendo um falso e um verdadeiro. Tanto o fundo falso quanto o verdadeiro são mais largos do que o diâmetro da agulha, o que associado a dobra do fio, aumenta o diâmetro do orifício na pele, ao se fazer a sutura, piorando o aspecto final da cicatriz. Os fios industrializados já vêm montados com as respectivas agulhas. De acordo com Cirino, 2006 e Moriya et.al, 2011, as agulhas para sutura cirúrgica, conforme o seu ângulo interno, podem ser classificadas em curvas (ângulo interno de 180º), semi-retas (ângulo interno menor que 180º) e retas. De acordo com a secção transversal de sua ponta, as agulhas podem ser classificadas em cilíndricas, prismáticas e triangulares. Normalmente, a agulha é reconhecida em termos de frações de um círculo total, ou seja, semicírculo (utilizada em sutura intestinal), três quartos de círculo, cinco oitavos de círculo (utilizada em urologia) ou semi-reta (três oitavos de círculo, utilizada em sutura de pele). O corte transversal do corpo da agulha apresenta um perfil cilíndrico, plano ou triangular. Este perfil, associado ao tipo da ponta da agulha, que pode ser cortante, romba ou plana, confere à agulha sua capacidade de ultrapassar os tecidos, causando uma mínima lesão tecidual. Para tecidos densos como a pele, devem ser utilizadas agulhas triangulares com ponta cortante. Estruturas mais delicadas, como a parede de uma artéria, necessitam da escolha de agulhas cilíndricas com ponta romba. A sutura da córnea ocular requer agulha plana com ponta também plana. A prática da técnica correta, a experiência em campo e os conhecimentos básicos permitem ao cirurgião a melhor escolha. A escolha adequada do fio de sutura deve levar em consideração suas características de comportamento físico e biológico em relação ao processo de cicatrização do tecido a ser suturado. A sutura não deve ser isquemiante devido à tensão exagerada dos fios. Desta forma, leva-se em consideração a resistência tênsil do fio frente à sua constituição físico-química, com especial destaque ao seu diâmetro transversal, permitindo ao cirurgião escolher fios finos (quatro zeros ou mais), para estruturas delicadas (intestino delgado) ou fios grossos (número 0 ou 1), inabsorvíveis, para tecidos com cicatrização lenta e acostumados a submeter-se a grandes tensões (tendões). Os fios de sutura são encontrados em comprimentos padronizados que variam de 8 a 90 cm. Deve ser lembrado que dentro da classificação dos fios de sutura, o número de zeros que vem escrito na embalagem informa o calibre do fio e também sua força tênsil. Assim, quanto maior o número de zeros na classificação dos fios, menos calibroso ele será e terá menor força tênsil, porém será mais delicado. O contrário também é verdadeiro. FIOS ABSORVÍVEIS CATEGUTE Fio biológico obtido da submucosa do intestino delgado de ovelhas ou da serosa de bovinos. Conforme o tempo de absorção, os categutes podem ser simples ou cromados; aqueles apresentando absorção mais rápida, em torno de 8 dias, e estes de absorção mais lenta, ao redor de 20 dias. A espessura do fio é dada por seu diâmetro externo, crescente, a partir de 8/0, agulhados ou não, podendo as agulhas ser retas ou curvas, com diversos graus de curvatura. São muito utilizados em suturas gastrointestinais, amarraduras de vasos na tela subcutânea, cirurgias urológicas e ginecológicas. Não devem ser empregados em superfícies. Os fios de categute requerem um mínimo de quatro nós para uma fixação segura. ÁCIDO POLIGLICÓLICO Fio sintético, multifilamentado que possui resistência maior que a do categute. A reabsorção ocorre por hidrólise entre 60 e 90 dias após sua utilização. Entretanto, a resistência tênsil efetiva de seus nós é perdida muito antes, em torno da terceira semana. Muito usado na sutura de músculos, fáscias e tecido celular subcutâneo. ÁCIDO POLIGALÁCTICO Fio sintético que hidrolisa-se e é completamente absorvido em 60 dias. Comumente encontrado na cor violeta, pode também ser branco. É utilizado em cirurgias gastrointestinais, urológicas, ginecológicas, oftalmológicas e na aproximação do tecido celular subcutâneo. POLIDIOXANONA Fio sintético, monofilamentado, possui absorção lenta com manutenção da força tênsil por longo período. Utilizado em sutura de tendões, cápsulas articulares e fechamento da parede abdominal. Segurança na coaptação dos tecidos, indicado para cirurgia cardiopediátrica, gastrointestinal, ginecológica e fáscia aponeurótica. FIOS INABSORVÍVEIS SEDA Fácil de ser manuseado, produz nós firmes, multifilamentar e de origem animal. Apesar de ser classificado como não absorvível, é degradado ao longo dos anos, perdendo sua resistência tênsil. Os fios de seda requerem um mínimo de três nós para uma fixação segura. Excelente manuseio e ótima corrida dos nós devido ao fato de ser impregnado de cera. ALGODÃO Multifilamentar, fio maleável e agradável ao tato, o que propicia um nó forte. Os fios de algodão requerem um mínimo de três nós para uma fixação segura. POLIÉSTER Sintético, multifilamentado, resistente e de grande durabilidade. Excelentes para suturas de aponeuroses, tendões e vasos. Os fios de poliéster requerem um mínimo de cinco nós para uma fixação segura. Indicado para oftalmologia, cirurgia cardiovascular, gastrointestinal e ligaduras. NYLON Caracteriza-se pela elasticidade e resistência à água. Pode ser monofilamentar ou multifilamentar. Fio de pouca reação, mas de difícil manipulação, duro e corrediço, não produz nó firme. Perde resistência ao longo do tempo, podendo ser degradado e absorvido ao longo de dois anos, apesar de ser considerado inabsorvível. Os fios monofilamentados, negros ou incolores, são os preferidos para suturas de pele. POLIPROPILENO Sintético e monofilamentado, incolor ou azul, mantém sua resistência tênsil vários anos após sua utilização. Éo material que provoca menor reação tissular. Muito utilizado em sutura vascular. Facilmente removível, ideal para sutura intradérmica. AÇO INOXIDÁVEL O aço inoxidável do tipo autêntico, contem: ferro, cromo, níquel e molibdênio. Está disponível nas formas monofilamentosa ou torcida. Não promove reação inflamatória nos tecidos, possui ótima força tênsil, grande segurança nos nós e pode ser autoclavado. É pouco maleável, de difícil manuseio e incômodo para o paciente. Pode promover necrose tecidual pelo movimento dos tecidos contra as pontas não flexíveis. Usado quase exclusivamente em síntese óssea. REFERÊNCIAS 1. Goffi FS. Técnica Cirúrgica: Bases Anatômicas, Fisiopatológicas e Técnicas da Cirurgia. 4ª edição. São Paulo: Atheneu; 2004. p.68–70. 2. Fuller JR. Tecnologia Cirúrgica: Princípios e Prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2000. p.102-106. 3. Carvalho Monteiro EL de, Santana EM. Técnica Cirúrgica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2006. p.313–314. 4. Cirino LMI. Tipos de Agulhas, Fios de Sutura e Nós Cirúrgicos. In: Cirino LMI: Manual de Técnica Cirúrgica para a Graduação. São Paulo: Sarvier; 2006. p.18-20. 5. Moriya T, Andrade Vicente YAMV de, Fátima G Sorita Tazima M de. Instrumental Cirúrgico. Medicina – Simpósio de Ribeirão Preto: Fundamentos de Clínica Cirúrgica. 2011;44(1):18-32. Disponível em: URL: http://www.fmrp.usp.br/revista. 6. Margarido NF, Tolosa EMC de. Técnica Cirúrgica Prática. São Paulo: Atheneu; 2001. p. 73-75.
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