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MARKETING APLICADO AO SETOR PÚBLICO UIA 2 | PLANEJAMENTO E GESTÃO ESTRATÉGICA DE MARKETING NO SETOR PÚBLICO VERSÃO PARA IMPRESSÃO MARKETING APLICADO AO SETOR PÚBLICO | UIA 2 | Copyright © 2017 Centro Universitário IESB. Todos os direitos reservados. 2 Este material é destinado exclusivamente aos alunos e professores do Centro Universitário IESB, contém informações e conteúdos protegidos e cuja divulgação é proibida por lei. O uso e/ou reprodução total ou parcial não autorizado deste conteúdo é proibido e está sujeito às penalidades cabíveis, civil e criminalmente. MARKETING APLICADO AO SETOR PÚBLICO | UIA 2 | Copyright © 2017 Centro Universitário IESB. Todos os direitos reservados. 3 SUMÁRIO Aula 5 | Planejamento .................................................................................................................. 4 5.1. Contexto e História do Planejamento ............................................................................................ 4 5.1.1. Conceitos e Definições de Planejamento .......................................................................................................... 5 5.1.2. Como Elaborar um Planejamento de Marketing para o Setor Público .................................................. 6 No início dos anos 50 .......................................................................................................................................................................... 6 Em meados dos anos 50 .................................................................................................................................................................... 7 Início dos anos 60 ................................................................................................................................................................................. 7 No início dos anos 70 .......................................................................................................................................................................... 7 Hoje ........................................................................................................................................................................................................... 7 5.1.3. Elementos do Planejamento de Marketing Aplicados ao Setor Público ............................................... 9 Aula 6 | Estratégia ......................................................................................................................... 9 6.1. Contexto e história da Estratégia ................................................................................................ 10 6.1.1. Conceitos e Definições de Estratégia ................................................................................................................ 11 6.1.2. Elementos das Estratégias de Marketing para o Setor Público ............................................................... 12 6.1.3. Vantagem Competitiva no Setor Público ........................................................................................................ 13 6.1.4. Táticas de Marketing no Setor Público ............................................................................................................. 14 Aula 7 | Comunicação Pública ................................................................................................... 14 7.1. Comunicação Pública ................................................................................................................... 14 7.1.1. Comunicação de Interesse Público ................................................................................................................... 16 7.1.2. Comunicação de Utilidade Pública .................................................................................................................... 17 7.1.3. Comunicação Estratégica Integrada ................................................................................................................. 17 7.1.4. Canais de Comunicação do Setor Público ...................................................................................................... 18 Aula 8 | Gestão de Marketing no Setor Público ....................................................................... 19 8.1. Aplicações e Restrições ................................................................................................................ 20 8.1.1. Modelo de Gestão Aplicado ao Setor Público ............................................................................................... 21 8.1.2. Gestão Financeira e Precificação ........................................................................................................................ 22 8.1.3. Gestão de Pessoas e Comportamento Organizacional .............................................................................. 23 MARKETING APLICADO AO SETOR PÚBLICO | UIA 2 | Copyright © 2017 Centro Universitário IESB. Todos os direitos reservados. 4 Aula 5 | PLANEJAMENTO Você já pensou em realizar ou já realizou uma tarefa importante sem se preparar adequadamente para ela? O que aconteceu? Provavelmente os resultados foram aquém dos desejados ou esperados, certo? Então, esse é o fundamental papel do planejamento em nossas vidas: organizar as atividades de tal forma que possam gerar o máximo de resultados possível. Vamos conversar um pouco mais sobre isso. 5.1. CONTEXTO E HISTÓRIA DO PLANEJAMENTO O planejamento refere-se a um processo em constante evolução. Ao longo da história, ele passou por modificações em seu conceito, que foi ampliado para vários setores da vida das pessoas e da economia dos países. O avanço da sociedade e a elevação da complexidade das relações pessoais e empresariais representaram importantes impulsos nessas transformações – a revolução industrial, por exemplo, foi um marco no processo de melhoria do planejamento das empresas. Via de regra, percebemos que diversas ações requerem planejamento mais detalhado, mas outras não. Em nossas atividades cotidianas, por exemplo, estamos sempre em ação, agindo e reagindo diante das situações que vão surgindo – parece até que não nos planejamos previamente para elas, somente nos organizamos para executá-las. Contudo, algumas decisões requerem maior tempo de reflexão. Aqui, percebemos que, mesmo que de maneira pouco organizada e até mesmo intuitiva, nos planejamos minimamente para qualquer ação. Isso acontece de maneira quase automática. Em maior ou menor escala sempre nos organizamos para a ação. Todos, pessoas e empresas, que utilizam o planejamento como ferramenta no desenvolvimento das suas atividades demonstram um forte interesse em prever e organizar as ações e os processos que vão acontecer no futuro, de modo a aumentar as possibilidades de sucesso. Assim, fica evidente que o planejamento se refere a uma importante tarefa de gerenciar e administrar as tarefas, estando relacionado com a preparação, organização e estruturação das ações a serem executadas com um determinado objetivo. A origem do planejamento pode ser identificada nas mais antigas civilizações. Os reis, governantes e administradores sempre tiveram a necessidade de decidir antecipadamente suas atitudes, suas decisões para alcance do sucesso e manutenção de recursos no longo prazo. Atribui-se aos militares, mais especialmente às guerras, a criação da noção de planejamento tal como a conhecemos. Uma das definições de estratégias militares diz que: “Estratégia é a ciência do planejamento e direção em largaescala de operações militares, ou manobra de forças para adquirir a posição mais vantajosa para combater o inimigo” (GURALNIK, 1986). Percebemos que essa máxima vale não somente para a esfera militar, mas também para as pessoas e empresas como um todo. Com foco na estratégia, o planejamento tem sua origem datada na importante Revolução Industrial, em meados do século XVIII, especialmente quando da criação de mercados consumidores de massa ou em escala maior do que existiam até então. MARKETING APLICADO AO SETOR PÚBLICO | UIA 2 | Copyright © 2017 Centro Universitário IESB. Todos os direitos reservados. 5 • As características marcantes deste período são: • Desenvolvimento das fábricas; • Introdução da energia à indústria; • Melhoria dos meios de transporte e de comunicação; • Aumento do domínio do capital; • Impulso ao desenvolvimento tecnológico. O termo planejamento é multidisciplinar e pode ser aplicado às esferas política, econômica, financeira, empresarial, dentre outras. Acesse o vídeo do TED, com Simon Sinek, e veja como líderes podem inspirar pessoas e organizações e as moverem para a ação. http://tinyurl.com/hnjvpcg 5.1.1. CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE PLANEJAMENTO Planejar significa a formulação sistemática de objetivos e ações alternativas, que permitirá, ao final, a escolha da melhor ou das melhores opções apresentadas. Também diz respeito a implicações futuras provocadas por decisões presentes. Hindle (2002) diz que os primeiros conceitos de planejamento, ainda que não tenham sido reconhecidos dessa forma, surgiram ainda na pré-história, com as “donas de casa” daquela época que, não tendo espaço e tecnologia para conservação dos alimentos, precisavam se planejar para prepara-los e consumi-los no tempo adequado. Para Silva (2001), o planejamento é a parte fundamental da administração e tem suas origens nas mais antigas civilizações, quando o homem necessitou realizar tarefas e organizar recursos disponíveis dentro de um período de tempo. O planejamento diz respeito a uma ferramenta administrativa, que auxilia na percepção da realidade e na avaliação dos caminhos possíveis, que favorecem a tomada de decisão de forma embasada, sustentada. O escritor KOTLER (1998, p. 62), propõe o seguinte conceito: “O Planejamento Estratégico é uma metodologia gerencial que permite estabelecer a direção a ser seguida pela Organização, visando maior grau de interação com o ambiente”. A direção engloba os seguintes itens: mercado de atuação, políticas, filosofia de presença, estratégia, metas e objetivos. Ele afirma ainda que o planejamento estratégico: Encoraja a empresa a pensar sistematicamente no futuro e a melhorar as interações entre os executivos da empresa; obriga a empresa a definir melhor seus objetivos e políticas; proporciona uma melhor coordenação dos esforços da empresa e proporciona padrões de desempenho mais fáceis de controlar. (KLOTER, 1998, p. 168) Oliveira (2005, p. 47 e 48), diz que “é o processo administrativo que proporciona sustentação metodológica para se estabelecer a melhor direção a ser seguida para a empresa, visando ao otimizado grau de interação com o ambiente e atuando de forma inovadora e diferenciada”. MARKETING APLICADO AO SETOR PÚBLICO | UIA 2 | Copyright © 2017 Centro Universitário IESB. Todos os direitos reservados. 6 Já Cobra (1995), advoga que o planejamento estratégico é uma ação administrativa que visa prever o futuro ambiente e os desafios que uma organização deverá enfrentar, definindo as decisões cruciais para o direcionamento estratégico. Las Casas (2001) afirma que o planejamento estratégico é composto por uma série de aspectos importantes: • O planejamento estratégico é um processo; • Deve conter a análise de dados internos e externos; • É orientado para a concorrência; • Ocorre em vários níveis; • É um processo multifuncional. O autor chama atenção ainda para o fato do planejamento estratégico envolver toda a empresa, desde as áreas de gestão de pessoas, comercial, financeira, produção até o marketing. O planejamento é um processo contínuo, um guia permanente de orientação, que permite a retroalimentação de informações, organizada e sistematizada, para a melhor tomada de decisão. É importante que o planejamento seja entendido como um processo cíclico, o que lhe garante, assim, continuidade. O planejamento é de extrema importância nas áreas de gestão e administração, pois promove a preparação, a organização e a estruturação de objetivos, além de auxiliar na execução das atividades da empresa. O planejamento deve ser acompanhado de perto, por meio da avaliação das decisões, ou seja, pelo monitoramento1. 5.1.2. COMO ELABORAR UM PLANEJAMENTO DE MARKETING PARA O SETOR PÚBLICO O marketing é um termo extremamente controverso e polêmico. Muitos autores o consideram como a “alma do negócio”, já outros o classificam como um conjunto de estratégias que visam gerar lucro para as empresas, por meio da persuasão dos clientes. A falta de compreensão ou de aceitação do marketing pode ser entendida se conhecermos os significados a ele atribuídos ao longo da sua história recente pelas empresas. NO INÍCIO DOS ANOS 50 • O marketing era um conceito ou um conjunto de práticas e ideias que ganhou destaque no mundo empresarial, em especial nos EUA; • O marketing era praticado, quase que exclusivamente, por grandes empresas de bens de consumo2; • As pequenas empresas não contavam com profissionais de marketing, assim como as empresas de serviços; • As grandes empresas eram, predominantemente, orientadas para a produção ou para o produto. 1 Monitorar é observar, analisar e ficar atento aos possíveis sinais de que algo não está ocorrendo de forma adequada. 2 São utilizados pelos indivíduos ou famílias. A quantidade de bens de consumo que são comercializados em cada país reflete o nível de vida da população e também permitem avaliar os gostos e as características da sociedade em questão. Bem de consumo é um bem que tem o objetivo de satisfazer as necessidades de consumo de um indivíduo. EM MEADOS DOS ANOS 50 • O marketing era visto com ceticismo3 pela alta direção das grandes empresas, uma vez que estavam acostumadas a formular suas estratégias sem muita preocupação com o atendimento das necessidades e dos desejos dos clientes. INÍCIO DOS ANOS 60 • O marketing era tido como sinônimo de vendas em grandes empresas dos EUA; • O marketing passou a ser visto, nas grandes empresas, como sinônimo de propaganda. NO INÍCIO DOS ANOS 70 • O marketing era tido – especialmente na Europa – como um recurso utilizado por grandes empresas dos EUA com o propósito de manipular consumidores, cidadãos e funcionários das empresas. • Nos anos 80: • Os acadêmicos e as empresas – ao reconhecerem que muito do que se dizia sobre marketing não era praticado – redefiniram o conceito; • O caráter estratégico do marketing foi enfatizado e sua abordagem tática foi desafiada. HOJE • O marketing é definido como uma função gerencial, como uma filosofia da administração ou como um princípio social. Assista ao vídeo do TED, com Seth Godin, e conheça mais sobre a revolução do marketing promovida pela internet. Confira no link a seguir. http://tinyurl.com/oybb3l2 Segundo Kotler (2010), o marketing pode ser classificado em 1.0, 2.0 e 3.0. Em cada uma dessas fases, as ações foram orientadas pelas empresasde determinada forma, a saber: TIPO CARACTERÍSTICAS Orientado para a Produção A grande questão para as empresas era produzir e não vender. O papel do marketing era essencialmente entregar produtos em locais onde eles pudessem ser comprados – Marketing 1.0 Orientado para o Produto Os consumidores preferiam produtos de melhor qualidade, desempenho e aspectos inovadores. As organizações deveriam esforçar-se para aprimorar, permanentemente, seus produtos – Marketing 1.0 Orientado para as Vendas O propósito da empresa era vender o que fabricava, e não vender o que o cliente desejava. A preocupação da empresa era de curto prazo. Não havia interesse em saber se o cliente ficou ou não satisfeito – Marketing 1.0 Orientado A função principal da empresa não era mais produzir e vender, mas satisfazer seus 3 É o estado de quem duvida de tudo, de quem é descrente. MARKETING APLICADO AO SETOR PÚBLICO | UIA 2 | Copyright © 2017 Centro Universitário IESB. Todos os direitos reservados. 8 para o Cliente clientes, por meio de estudos de mercado, consultando-os antes de produzir bens e serviços de qualidade e valor – Marketing 2.0 Orientado para o ser Humano A organização deve identificar as necessidades, os desejos e os interesses do mercado. Dessa forma, proporcionar aos clientes um valor superior, de forma a manter ou melhorar o bem-estar dele e da sociedade – Marketing 3.0 Adaptado Kotler (2010) Uma das principais mudanças dos últimos tempos foi a maior competitividade dos mercados. Os consumidores passaram a exigir um nível cada vez maior dos produtos e serviços, o que forçou as empresas a se adaptarem. A competição dos mercados pelos consumidores ficou cada vez mais complicada, fazendo com que as organizações incorporassem o marketing sob uma perspectiva de longo prazo ou estratégica. Esse padrão intensificou-se com o crescimento do número de organizações comprometidas com os princípios de marketing. Tal padrão também atingiu as organizações governamentais e as organizações sem fins lucrativos. Ao longo dos últimos 40 anos, o marketing transformou-se em uma orientação estratégica fundamental ao desempenho de diferentes tipos de organização, em diferentes países, deixando de ser uma mera disciplina e transformando-se em um conceito sobre o comportamento das organizações no mercado. O marketing ainda tem sido aplicado no setor público sob uma abordagem de curto prazo, devido às dificuldades institucionais e históricas para o uso do marketing em empresas públicas. A noção de cliente e suas necessidades não fazia muito sentido para as organizações públicas até pouco tempo atrás, mas essa percepção se modificou em muito. Muitas organizações públicas introduzem o marketing em suas práticas de gestão sem reconhecer as diferenças fundamentais. Apesar da enorme importância alcançada pelo marketing nos últimos anos, em diferentes países e em diferentes tipos de organização, esse ainda é um conceito ou um conjunto recente de ideias e práticas. No mundo da administração pública, um dos principais problemas é a importação acrítica de conhecimentos e práticas relacionados ao marketing de empresas tipicamente privadas. Os cidadãos que detêm direitos por bens ou serviços públicos não devem ser tratados como meros consumidores ou clientes, com apenas necessidades e desejos. Eles representam, em última análise, uma categoria diferenciada de pessoas, ou seja, de clientes-cidadãos. Ainda que o conceito de marketing venha sendo modificado ao longo do tempo e seja diferente em diversos países qualquer coisa não pode ser chamada de marketing. Embora possamos achar que tudo é marketing ou marketing é tudo, devemos distinguir o que é e o que não é marketing. Segundo Rocha e Christensen (1999), o marketing não é somente uma função gerencial dedicada ao ajuste entre oferta da empresa e as demandas especificas do mercado, utilizando como ferramenta um conjunto de princípios e técnicas. O marketing é também um processo social por meio do qual são reguladas a oferta e a demanda de bens e serviços para atender às necessidades sociais. O marketing é ainda uma orientação da administração, uma filosofia, uma visão. MARKETING APLICADO AO SETOR PÚBLICO | UIA 2 | Copyright © 2017 Centro Universitário IESB. Todos os direitos reservados. 9 Leia o texto “Modelos de Administração Pública e reflexos na qualidade de gestão administrativa no Brasil”, para saber mais como o Governo pode atender melhor os desejos dos cidadãos. http://tinyurl.com/gncmr65 5.1.3. ELEMENTOS DO PLANEJAMENTO DE MARKETING APLICADOS AO SETOR PÚBLICO Diferentemente do marketing de mercado, o Marketing Público inclui sempre e muitas vezes prioritariamente as pessoas com baixo poder aquisitivo. Assim, o seu foco e a linguagem das mensagens devem ser adequados para atingir a todas as pessoas de forma indistinta. Muitas organizações públicas praticam o marketing sem reconhecer que as empresas privadas – especialmente, as de grande porte – são concorrentes potenciais, em termos institucionais. Elas atuam como se não estivem inseridas em um mercado maior. O setor público deveria seguir uma abordagem estratégica em marketing, pois as grandes empresas privadas sempre disputam o controle institucional do mercado, tanto com organizações públicas, quanto com ONGs. Aplicado ao setor público, segundo Rocha e Christensen (1999), o marketing poderia ser considerado da seguinte forma: uma função gerencial e uma orientação estratégica que segue o pressuposto de que os propósitos de longo prazo da organização são: • Satisfazer ao cliente-cidadão – levando em conta seu bem-estar e o bem-estar da sociedade; • Atender às necessidades do cliente-cidadão de forma superior à concorrência; • Atender aos objetivos da organização (empresa pública) e de seus parceiros. Para conhecer um pouco mais sobre as formas de marketing aplicadas ao setor público, assista aos vídeos disponíveis nos links a seguir. http://tinyurl.com/zj49ufg http://tinyurl.com/j9kgt8a Aula 6 | ESTRATÉGIA Assim como o conceito de planejamento, a estratégia, em sua origem, esteve ligada ao contexto militar, mais precisamente há cerca de 3.000 anos, tendo o estrategista chinês Sun Tzu (2006) como precursor. Ele afirmava que “todos os homens podem ver as táticas pelas quais eu conquisto, mas o que ninguém consegue ver é a estratégia a partir da qual grandes vitórias são obtidas”. Contudo, o campo da administração moderna de empresas se apropriou do conceito e o transformou em uma ferramenta para traçar objetivos, metas e aferir resultados. Vejamos um pouco mais sobre estratégia. MARKETING APLICADO AO SETOR PÚBLICO | UIA 2 | Copyright © 2017 Centro Universitário IESB. Todos os direitos reservados. 10 6.1. CONTEXTO E HISTÓRIA DA ESTRATÉGIA O termo “estratégia” tem sua origem na Grécia Antiga, quando significava “a arte do general”. Mais tarde, a palavra adquiriu uma conotação voltada para a guerra, denotando “a arte e a ciência de conduzir um exército por um caminho”, segundo Meirelles (1995). O termo ganhou conotação no contexto administrativo, para Mintzberg (1998), nos tempos de Péricles (450 a.C.), quando passou a estar relacionado com atividades de cunho gerencial (capacidade de liderança, funções administrativas, poder e capacidade de oratória, exercício do poder). Avançando na história, já no tempo de Alexandre (330 a.C.), o termo passou a expressar as habilidades necessáriaspara enfrentamento de um oponente em busca da vitória. Sendo assim, o termo estratégia esteve, em suas origens, intimamente ligado às atividades de comandar ou conduzir exércitos em tempo de guerra, representando a elaboração de formas capazes de se vencer o inimigo. Mais tarde, ainda segundo Mintzberg (1998), a estratégia foi estendida para outras áreas do relacionamento humano, como o político e o econômico, por exemplo. Mas foi somente depois da Segunda grande Guerra Mundial que a estratégia passou a fazer parte da realidade e do cotidiano das empresas, que experimentaram um crescimento significativo e passaram a demandar diretrizes, linhas e caminhos que pudessem ser compartilhados dentro de toda sua estrutura (BRACKER, 1980). Tal crescimento aumentou a complexidade das empresas e, paralelamente às mudanças ambientais, passou a exigir que as organizações desenvolvessem uma maior capacidade de criar e gerir processos que permitissem superar os desafios impostos pelo mercado, para atingimento dos objetivos de curto, médio e longo prazos. De acordo com Mintzberg (1998), foi somente na década de 1980 que as práticas estratégicas nas empresas apresentaram maior desenvolvimento. Ações como reestruturação empresarial, decisões matriciais e ações com dimensão organizacional e financeira se viram impulsionadas pelo desenvolvimento tecnológico dos meios de comunicação e dos transportes, acentuando-se com o advento da globalização, ao final dos anos 1990. Hoje, pensar e agir estrategicamente representa condição essencial para condução dos negócios das empresas, assim como sua permanência no mercado. Em resumo, falar de estratégia é tratar da ligação entre o mundo interior das empresas e seu ambiente externo, o mercado, sem o qual elas não têm razão para existir. Assim, podemos dizer que a estratégia passou por várias fases e significados, evoluindo do conceito de conjunto de ações e manobras militares para uma disciplina do conhecimento administrativo – Administração Estratégica – que é dotado de conteúdo, conceitos e razões práticas, conquistando espaços no âmbito acadêmico e empresarial. Em administração, estratégia significa o caminho que a empresa deve seguir com vistas a alcançar determinados resultados. A elaboração desse caminho deve ocorrer por meio do uso de técnicas e métodos adequados, para se obter os melhores resultados. Algumas perguntas são fundamentais para a correta definição das estratégias dentro das empresas: o que se deseja, como se deseja alcançar, em quanto tempo e com o emprego de qual quantidade de recursos. MARKETING APLICADO AO SETOR PÚBLICO | UIA 2 | Copyright © 2017 Centro Universitário IESB. Todos os direitos reservados. 11 Assista a uma breve entrevista com Michael Porter sobre o conceito de estratégia no vídeo a seguir. http://tinyurl.com/jfdpg5z 6.1.1. CONCEITOS E DEFINIÇÕES DE ESTRATÉGIA Diante do que vimos no tópico anterior, percebemos que nunca houve uma definição única e acabada para o termo estratégia. O termo já teve diversos significados, variando em amplitude e complexidade, podendo ser empregado no âmbito de políticas, objetivos, programas, táticas, metas, dentre outros. O conceito de estratégia vem sendo utilizado de forma muitas vezes indiscriminada na área da gestão, significando desde um conjunto de ações formuladas de modo preciso, todo o posicionamento no seu meio envolvente, até toda personalidade, a alma e a razão existencial de uma empresa. É um conceito de grande uso acadêmico e empresarial, dotado de uma grande diversificação e amplitude, que em alguns aspectos é complementar e em outros é divergente (PORTH, 2002). A palavra “estratégia”, para Fahey (1989), é uma daquelas palavras que são alvo de abusos no seu emprego pelas empresas. Sendo assim, o termo gera diversas discussões entre os teóricos, uma vez que a consideram como mal definida na literatura sobre gestão. A seguir, apresentamos conceituações do termo, por alguns teóricos: AUTOR DEFINIÇÃO Mintzberg (1979) Estratégia é uma mediação de forças entre a organização e seu ambiente: estabelece padrões consistentes de decisões organizacionais conforme o ambiente vivenciado. Bracker (1980) Estratégia tem duas características: uma análise situacional ou ambiental que determina a posição da empresa no mercado; o uso apropriado dos recursos da empresa para alcançar os seus objetivos. Porter (1981) Estratégia é a escolha pela empresa de variáveis de decisão-chave, como preço, promoção, quantidade e qualidade. A empresa, para ter bom desempenho, deve se posicionar corretamente na sua indústria. Porter (1985) Estratégia é um conjunto de ações ofensivas ou defensivas para criar uma posição defensável numa indústria, para enfrentar com sucesso as forças competitivas e, assim, obter um retorno maior sobre o investimento. Fahey (1989) Estratégia explicita como a empresa utilizará os seus recursos e capacidades para construir e sustentar as vantagens competitivas que influenciarão de forma favorável às decisões de compra dos clientes. Thompson Jr. e Strickland III (1995) Estratégia é um conjunto de mudanças competitivas e abordagens comerciais que os gerentes executam para atingir o melhor desempenho da empresa. É o planejamento do jogo de gerência para reforçar a posição da organização no mercado, promover a satisfação dos clientes e atingir os objetivos de desempenho. Miller e Dess Estratégia é um conjunto de planos feitos ou decisões tomadas num esforço para MARKETING APLICADO AO SETOR PÚBLICO | UIA 2 | Copyright © 2017 Centro Universitário IESB. Todos os direitos reservados. 12 (1996) ajudar as organizações a atingirem seus objetivos. Porter (1996) Estratégia significa desempenhar atividades diferentes das exercidas pelos rivais ou desempenhar as mesmas atividades de maneira diferente. Adaptado Fahey (1989) Os conceitos acima foram apresentados em ordem cronologia e como podemos ver até mesmo Michael Porter foi aprimorando sua percepção acerca da aplicação da estratégia no âmbito empresarial, ao longo do tempo. Os autores possuem abordagens complementares, ou seja, tocam em pontos comuns, com níveis de ênfase diferenciados. 6.1.2. ELEMENTOS DAS ESTRATÉGIAS DE MARKETING PARA O SETOR PÚBLICO Para sabermos as melhores estratégias com foco no setor público, há que se definir, em primeiro lugar “consumidor” e “cidadão”. Parecem a mesma coisa, mas será que realmente o são? A palavra “cidadão”, a exemplo do termo “estratégia” também foi criado pelos antigos gregos, significando ‘aquele que goza do direito de cidade’, pela obediência civil e cumprimento de determinados deveres para que, assim, tenha direito à proteção do governo. Então, “cidadania” nada mais é que o conjunto de direitos e deveres políticos e sociais de uma pessoa, um indivíduo. Já “consumidor” representa a pessoa que consome ou que adquire algo para consumo de outro, de um produtor. Nessa perspectiva, percebemos que “consumidor” e “cidadão” estão intimamente ligados, sendo considerado esse último como o consumidor dos serviços ofertados, providos pelo Estado. Na busca do atendimento dos seus clientes, cada empresa, levando em consideração seus aspectos internos, tais como a cultura organizacional, as experiências e lições aprendidas, os valores, as demandas do ambiente, a capacidade correr riscos, a amplitude financeira, os tipos de produtos e serviços disponibilizados, o posicionamento de mercado, o uso de tecnologias da informação, o grau educacional dos funcionários, assim como dos objetivos e metas traçadas, busca encontrar a melhor forma de elaborar e implantar suas estratégias, que não são somente de marketing, lembra? Cada uma dessas formas apresentará desafios e limitações diferentes, contudo, serão fundamentais para o sucesso da organização.No setor público, Santos (2006) afirma que o marketing está ligado à análise, planejamento e estabelecimento de um bem ou serviço público, necessários a satisfação dos anseios e necessidades da população, com o objetivo de alcançar o bem comum. Assim, as empresas públicas devem sempre buscar, em suas estratégias de marketing: • Atender aos cidadãos de forma igualitária e justa; • Satisfazer às necessidades e desejos de uma comunidade; • Agir com ética, transparência e responsabilidade fiscal; • Dar amplo acesso às criadas e campanhas veiculadas. Para o desenvolvimento de um plano de marketing nas empresas do setor público é necessário que elas sigam alguns passos de forma sistemática, como explica Kotler (2008): [...] inicie com a análise da situação atual e do ambiente, passe para o estabelecimento de objetivos e de metas do marketing identificando públicos-alvo, determinando o posicionamento desejado e projetando um composto (mix) de marketing estratégico (4 “Ps”) e, então, conclua com o desenvolvimento de planos de avaliação, orçamento e implementação. (KOTLER, 2008, p. 298) Santos (2006, p. 120), enfatiza que uma das principais preocupações do marketing aplicado ao setor público deve ser “desenvolver e implementar um plano que torne o bem ou o produto disponível a todos os cidadãos”. Diferentemente do que muitos pesam, o plano de marketing aplicado ao setor público deve conter todos os elementos existentes no processo de elaboração das estratégias das empresas privadas, como reforça Chaves, Cunha e Barbosa (2006): Um plano de marketing envolve as seguintes etapas: a) definição dos objetivos da instituição; b) análise SWOT; c) formulação de estratégias de marketing englobando os objetivos do marketing, público-alvo/segmentação e posicionamento; d) gestão do Mix de Marketing, que diz respeito aos quatro pês (produto, preço, praça e promoção); e) programa de Ações; f) recursos financeiros; g) acompanhamento e controle da estratégia. (CHAVES; CUNHA E BARBOSA, 2006 p. 114) Assim como qualquer outra empresa, as empresas públicas devem estar sempre atentas ao mercado e à satisfação dos clientes, ainda que seu funcionamento seja bastante diferente da iniciativa privada. 6.1.3. VANTAGEM COMPETITIVA NO SETOR PÚBLICO Para Kotler (2008), a vantagem competitiva de uma empresa diante do mercado e dos seus concorrentes refere-se ao fato dela conseguir ofertar um produto ou serviço aos consumidores de forma diferenciada em relação ao mercado. Esses diferenciais podem ser de preço, qualidade, quantidade ou até mesmo de oportunidade/acesso. A própria ausência de concorrentes pode ser considerada como uma vantagem competitiva, como ocorre, por exemplo, com os serviços públicos. Ainda segundo o mesmo autor, a definição do que precisa ou não ser produzido deve estar nas mãos dos consumidores. Às empresas, assim como aos governos, caberá apenas responder, ou seja, criar formas de atender à essa demanda colocada pelos cidadãos com a máxima qualidade possível, coordenando esforços internos e externos para tal. Na visão de Kotler e Roberto (1992) os funcionários, tanto das empresas privadas como os funcionários públicos, são fundamentais no processo de produção e entrega de serviços aos cidadãos. Funcionários pouco amistosos ou até mesmo rudes podem causar impressões que prejudicam a imagem das empresas diante dos cidadãos. Kotler e Lee (2008) argumentam que o Marketing Público se coloca como uma ferramenta inovadora à lógica burocrática, pois se vincula, de maneira estreita, à satisfação do cidadão-consumidor. Para os autores, é ele, o Marketing Público, o instrumento capaz de dar personificação às relações ocorridas no âmbito das empresas públicas, guarnecendo-as de ingredientes fundamentais: flexibilização, vínculo e comprometimento efetivo com a satisfação do cidadão-consumidor. MARKETING APLICADO AO SETOR PÚBLICO | UIA 2 | Copyright © 2017 Centro Universitário IESB. Todos os direitos reservados. 14 Assista ao TED com Beth Noveck e veja como se constrói uma democracia participativa. Confira o link a seguir. http://tinyurl.com/hr4h58y 6.1.4. TÁTICAS DE MARKETING NO SETOR PÚBLICO Para Kotler (2008), como dito anteriormente, o marketing no setor público refere-se a toda atividade dirigida a satisfazer as necessidades e desejos da sociedade, e não do mercado. Assim, o marketing público, deve incluir também as pessoas sem poder aquisitivo, indistintamente. O autor sustenta ainda que os administradores públicos buscam cada vez mais adotar conceitos de marketing em suas estratégicas pelo fato das mesmas se aproximarem da linguagem e do contexto dos cidadãos. Ele lembra ainda que o papel do marketing no setor público é semelhante ao de uma empresa privada, ou seja, visa reconhecer as necessidades dos públicos, desenvolver serviços adequados, distribui-los de forma eficiente e criar canais de comunicação junto aos clientes (cidadãos). Kotler (2008), chama atenção para o uso austero das táticas de marketing na administração pública, sob pena dos cidadãos entenderem determinadas ações como gastos desnecessários ou uso indevido dos recursos públicos. Assim, a melhor alternativa para as empresas públicas é a transparência no processo, deixando claro os benefícios de determinadas ações. No Brasil, por exemplo, ainda temos muitos questionamentos por parte da sociedade com relação ao uso do dinheiro público em estratégias de marketing. Veja alguns exemplos de campanha do Governo Federal brasileiro. http://tinyurl.com/jlfg3kh http://tinyurl.com/hy5h72u Aula 7 | COMUNICAÇÃO PÚBLICA Agora, que já conversamos bastante sobre estratégias de marketing com foco no setor público, vejamos alguns conceitos de comunicação que, muitas vezes, geram conflito e confusão de entendimento, tendo em vista suas peculiaridades e similaridades. 7.1. COMUNICAÇÃO PÚBLICA Comunicação e poder são dois conceitos que caminham juntos. Nas sociedades mais remotas, independentemente do grau de organização de seus membros, saber onde havia boa caça certamente representava um diferencial importante entre os responsáveis por obter alimento em quantidade, qualidade e com o menor esforço. Em nossa sociedade, extremamente complexa, conhecida como a sociedade da informação ou do conhecimento, obter dados, processá-los, acumulá-los e compartilhá-los por meio das novas tecnologias, configuram-se como o novo paradigma de poder. E, segundo, Perdigão (2010), pode aumentar ou diminuir o grau de dominação entre Estados, empresas ou cidadãos – nos diversos sentidos e direções, à medida que as informações são mais ou menos socializadas por meio dos processos comunicacionais. MARKETING APLICADO AO SETOR PÚBLICO | UIA 2 | Copyright © 2017 Centro Universitário IESB. Todos os direitos reservados. 15 A Comunicação Pública ganha, então, especial destaque e o debate acerca dos conceitos que orbitam em torno dela se apresenta como da maior importância. Para Perdigão (2010, p. 36), analisar o conceito de comunicação pública requer antes “entender a comunicação como um direito a construir direitos, uma liberdade de construir felicidades”. Para ele, é na Filosofia do Direito que reside uma das bases para a compreensão da comunicação pública no centro da Comunicação Social, além da Filosofia Política, onde a concepção de público remete a indivíduos que se tornam menos individuais e menos diferentes, perante a força gravitacional igualitária e coletivista de uma esfera pública. A comunicação pública que podemos compreender a partir de Habermas (2003) é aquela que fortalece o Estado, a democracia e a cidadania. É a que superpõe o compromisso do Estado com o interesse público, que aprofunda e amplia a comunicação social. Ela valoriza o conflitodos diferentes anseios e opiniões da sociedade civil – inclui o cidadão como sujeito numa esfera pública política. E este novo modo de operar tem como características principais uma consciência de crise, maior atenção pública, busca intensificada de soluções, tudo confluindo numa problematização. Nos casos em que a percepção dos problemas e as próprias problemáticas são transformadas em conflitos, cresce a atenção e se desencadeiam controvérsias na esfera pública, envolvendo aspectos normativos dos problemas enfocados. Então, a pressão da opinião pública consegue forçar um modo extraordinário de elaboração de problemas, que favorece a regulação da circulação do poder através do Estado de direito, atualizando, portanto, sensibilidades em relação às responsabilidades políticas reguladas juridicamente. (HABERMAS, 2003, p. 89) Para Habermas (2003), a comunicação pública, seja ela promovida por um ente público ou não, deve ser capaz de estimular um processo político que começa na escolha dos problemas latentes ou de alguma forma já manifestos na esfera pública – aqueles que atrapalham os projetos do direito à construção da liberdade, manutenção e fortalecimento da felicidade – que passa pelo acolhimento dos interessados para, em seguida, serem apresentados como possibilidade de solução, perante o poder constituído. Entendendo a comunicação como um direito fundamental e a comunicação pública como um direito institucional, Zémor (2003) propõe um conceito para comunicação pública pelo que este modo de comunicação tem de mais essencial: o interesse público e o caráter dialógico. Ele afirma que “o domínio da comunicação pública se define pela legitimidade do interesse geral. Ela ultrapassa o domínio público, tomado no estrito senso jurídico”. (ZÉMOR, 2003, p. 76). Ele ainda defende: As atribuições dos poderes públicos e as missões dos serviços públicos implicam as disposições constitucionais, legais e regulamentares próprias de um Estado de direito. A Comunicação Pública acompanha, portanto, a aplicação das normas e regras, o desenvolvimento de procedimentos, enfim, a tomada de decisão pública. As mensagens são, em princípio, emitidas, recebidas, tratadas pelas instituições públicas “em nome do povo”, da mesma forma com são votadas as leis ou pronunciados os julgamentos. (ZÉMOR, 2003, p. 76) Depois de depositar no Estado a responsabilidade da comunicação de interesse público, o autor defende que esta comunicação há de ser uma troca de informações de interesse público, capaz de manter acesa a relação entre cidadãos e seus governos eleitos – o que parece natural e necessário. MARKETING APLICADO AO SETOR PÚBLICO | UIA 2 | Copyright © 2017 Centro Universitário IESB. Todos os direitos reservados. 16 Assista à entrevista de Mario Sérgio Cortella sobre o papel da comunicação pública na construção da democracia no link a seguir. http://tinyurl.com/hx3mdk4 7.1.1. COMUNICAÇÃO DE INTERESSE PÚBLICO No campo institucional, ou seja, no campo dos atores que detêm importante parcela de poder na sociedade, isso significa dizer que governos e demais agentes públicos, empresas privadas e organizações não governamentais praticam ações concretas aos se comunicarem com os consumidores, clientes, cidadãos. Quando essas ações de comunicação têm como beneficiário direto a sociedade ou uma determinada parcela dela, estamos falando de comunicação de interesse público. (COSTA, 2006, p. 9). A comunicação de interesse público ocupa um local no espaço público midiatizado: o de instância de debate público e de proposições de soluções conjuntas para problemas que são comuns. Contudo, representa mais uma das facetas da comunicação que merece estudo, tendo em vista a necessidade de se apreender o quanto o cidadão comum entende essa diferenciação ou, em última análise, se faz ou não sentido que haja essa segmentação da comunicação. Segundo Costa (2006), a Comunicação de Interesse Público emerge em um novo cenário de comunicação, com o advento das novas tecnologias e o novo papel dos cidadãos nesse processo – que passa a ser não um receptor passivo, mas também um emissor criativo de mensagens. Esse novo cenário aponta para novos caminhos não apenas para a comunicação de governo, mas para todo o conjunto de atividades que chamamos de Comunicação de Interesse Público, que vai muito além da comunicação governamental. Para Zémor (2007), a globalização colocou a Comunicação de Interesse Público na ordem do dia, uma vez que fez crescer o fluxo financeiro e de informações globais, mas também a solidariedade como marca de compromisso social – “Na globalização, está colocada mais que uma questão de mercado. Está colocada a importância da solidariedade, e esta é registro de compromisso social, portanto, totalmente atinente à comunicação pública efetiva, de duas mãos”. (ZÉMOR, 2007, p. 158). As empresas privadas estão descobrindo que sua relação com a sociedade é tão importante para o sucesso dos seus negócios quanto a relação com seus clientes, fornecedores, empregados, acionistas. As organizações não governamentais estão inovando nas suas relações com a mídia, colocando na pauta de debates da sociedade temas de interesse global. Os governos de várias instâncias (Federal, Estadual e Municipal) estão descobrindo novas formas de se comunicar com os cidadãos, estabelecendo novas relações que produzem impactos nas políticas governamentais. Tudo isso, segundo Zémor (2007), tem um reflexo extremamente positivo ao se colocar o cidadão como centro do processo de comunicação dos governos e das empresas. Os novos caminhos abertos pela Comunicação de Interesse Público criam para Costa (2006), além de novos formatos de mídia, novas competências, funções e responsabilidades, tanto por parte dos tradicionais emissores, como governos, empresas, instituições sem fins lucrativos, como por parte dos cidadãos. Nessa medida, fica claro que a Comunicação de Interesse Público pode e deve ser praticada não somente pelo Governo, que muitas vezes dela se apropria para emissão de mensagens de utilidade pública – o que não deve ser em nenhuma medida confundido – mas também por empresas privadas que desejam ver sua imagem e suas ações repercutindo junto aos cidadãos que, por sua vez, passam a ser os maiores divulgadores das ideias com as quais se afiliam. 7.1.2. COMUNICAÇÃO DE UTILIDADE PÚBLICA Segundo a Secretaria de Comunicação da Presidência da República (SECOM4), a comunicação de utilidade pública é aquela que se destina a divulgar direitos, produtos e serviços do Governo Federal e do Congresso Nacional colocados à disposição dos cidadãos com o objetivo de informar, educar e orientar a população . A comunicação de utilidade pública deve estar comprometida em levar informações que possam, de alguma maneira, aumentar a qualidade de vida das pessoas. Trata-se de uma atividade comprometida com o bem-estar da população. Para ser de considerada como de utilidade pública, a comunicação de preencher alguns pré-requisitos fundamentais: estar vinculada a objetivos sociais de total interesse público; dever ser sempre de caráter educativo, informativo ou de orientação social. Na comunicação de utilidade pública a linguagem empregada deve ser de fácil entendimento, objetiva, direta e clara. O foco da mensagem não pode estar encoberto por conceitos subliminares, que desviem ou confundam o entendimento por parte do público alvo. Outra característica importante é que a comunicação de utilidade pública deve conter uma promessa de benefício, ou seja, uma chamada para a ação que venha melhorar a condição de vida da população diante da adoção de um determinado comportamento. Conheça algumas campanhas de utilidade pública do Governo Federal brasileiro acessando o link a seguir. http://tinyurl.com/hwys2vxhttp://tinyurl.com/jksxeuw 7.1.3. COMUNICAÇÃO ESTRATÉGICA INTEGRADA O conceito de comunicação integrada tem sido amplamente divulgado, especialmente a partir da obra de Kunsch (1986). Para a autora, integrar a comunicação é função de quem administra as ações que envolvem a troca de informações em uma organização, quer seja pública ou privada, ou seja, as áreas de comunicação institucional, comunicação mercadológica, comunicação interna e comunicação administrativa. O fato da comunicação ter se desmembrado como setor dentro das empresas, nos idos dos anos de 1970 e 1980, trouxe consequências ruins para ela, pois causou divisões do trabalho e das percepções acerca da integralidade dos relacionamentos entre as diversas atividades da organização, fragmentando seu entendimento interno e externamente. 4 Secretaria de Comunicação Social. É o órgão da Presidência do Brasil responsável pela liberação de verbas e gerenciamento de contratos publicitários firmados pelo Governo Federal. MARKETING APLICADO AO SETOR PÚBLICO | UIA 2 | Copyright © 2017 Centro Universitário IESB. Todos os direitos reservados. 18 O conceito de “Comunicação Integrada” trazido por Kunsch (1986) é exatamente o de congregar todas as áreas que cuidam da comunicação em uma empresa, com o objetivo de alinhar, de maneira coerente, os discursos e as informações a serem repassadas aos públicos. Em linhas gerais, a cada um dos setores da comunicação citados acima, segundo Kunsch (1986), caberia: COMUNICAÇÃO INTERNA é aquela comunicação voltada para aqueles que trabalham na organização – executivos e funcionários. Na prática, ela procura compatibilizar os interesses dos empregados da organização, tendo como propósito buscar a integração entre capital e trabalho; COMUNICAÇÃO INSTITUCIONAL é a comunicação responsável por transmitir o posicionamento da organização diante dos públicos, da opinião pública e da sociedade. Ela está ligada com a instituição propriamente dita, com a sua personalidade, com sua maneira de ser. Valoriza os aspectos corporativos que explicitam o lado público da empresa; COMUNICAÇÃO MERCADOLÓGICA é aquela voltada para divulgar os produtos e serviços da organização, especialmente para o público externo. Todas as manifestações simbólicas do composto formado por publicidade, promoção de vendas e merchandising da comunicação persuasiva estão vinculados às estratégias de marketing mercadológico; COMUNICAÇÃO ADMINISTRATIVA é aquela de uso interno das empresas, de caráter mais normativo, onde se encontram incluídos, principalmente, as ferramentas de comunicação entre os setores – memorando, circulares, dentre outros. Vale esclarecer que a Comunicação Interna ainda pode se dividir, para a mesma autora, em: 1. Comunicação Formal – é a comunicação endereçada através dos canais de comunicação existentes no organograma da empresa; é derivada da alta administração. A mensagem é transmitida e recebida dentro dos canais formalmente estabelecidos pela empresa na sua estrutura organizacional. É basicamente a comunicação veiculada pela estrutura formal da empresa, sendo quase toda feita por escrito e devidamente documentada através de correspondências ou formulários; 2. Comunicação Informal – é aquela desenvolvida espontaneamente através da estrutura informal e fora dos canais de comunicação estabelecidos pelo organograma, podendo ser considerada como todo tipo de relação social entre os colaboradores. É a forma dos funcionários obterem mais informações, através dos conhecidos 'fofocas’ e rumores ou especulações. Turbine seus conhecimentos! Veja, nas palavras da própria Margarida Kunsch, o conceito de Comunicação Integrada, acesse o link a seguir. http://tinyurl.com/h98odcs 7.1.4. CANAIS DE COMUNICAÇÃO DO SETOR PÚBLICO A cultura organizacional é uma área temática da administração que é fruto de contribuições das mais diversas ciências e áreas de conhecimento. O termo cultura organizacional popularizou-se como MARKETING APLICADO AO SETOR PÚBLICO | UIA 2 | Copyright © 2017 Centro Universitário IESB. Todos os direitos reservados. 19 resultado da combinação do conceito propriamente dito de cultura com outros provenientes do contexto das organizações e do mundo dos negócios, com o objetivo de chamar a atenção para a importância da dimensão simbólica do mundo organizacional (BARBOSA, 2002). As empresas, pública e privadas, segundo Iasbeck (2012), têm percebido a importância de se criar canais que possam dar voz aos cidadãos. Isso, favorece a criação de uma comunicação de mão dupla, especialmente na administração pública. Para Iasbeck (2012, p. 18) “o advento das ouvidorias, sobretudo no setor público, é sintoma e consequência de uma mudança de atitude das organizações em relação aos cidadãos, clientes e consumidores, assim como aos seus fornecedores de produtos e serviços”. As Ouvidorias passam a desempenhar papel de mídia organizacional na medida em que acolhem o pleito dos clientes e o acompanham até um desfecho final, dentro da empresa. Assim, a imagem da organização se reflete positivamente durante todo o processo de interação entre ouvidoria e clientes, ainda que o resultado não seja o esperado por esse último. A ouvidoria tem a capacidade de criar maior credibilidade junto aos clientes, uma vez que sua proposta é de tratar de modo igualitário as demandas não atendidas dos cidadãos. É no contexto da Comunicação Integrada entre todos os departamentos da empresa que a ouvidoria deve ser entendida e exercida, pois o trabalho que ela desempenha é, fundamentalmente, o de proporcionar o fluir do processo de comunicação no âmbito interno das organizações e dessas para com seus públicos. Além das ouvidorias, outros canais de comunicação colocados à disposição dos cidadãos pelas empresas públicas merecem destaque: • Centrais de atendimento telefônico gratuitas – 0800; • Sites na internet; • Pontos de atendimento presenciais; • Sistema de correio eletrônico – e-mail; • Canais em redes sociais, dentre outros. O que Iasbeck (2012) chama atenção é para o fato de que tão importante quanto abrir os canais de comunicação para o público é dar o devido tratamento às demandas recebidas por meio deles. O cliente/cidadão que entra em contato com a empresa pública por qualquer dos meios disponibilizados para tal, nunca deve ficar sem o devido retorno, ainda que esse não seja exatamente o desejado. Aula 8 | GESTÃO DE MARKETING NO SETOR PÚBLICO Vimos que o processo de gestão está associado à realização de ações coordenadas com vistas ao atingimento de determinado objetivo. Na Administração Pública, mesmo com todas as suas peculiaridades, não é diferente. Para se obter determinados resultados, é fundamental que os gestores públicos conheçam seu mercado de atuação e estruturem ações que possam satisfazer seus clientes, ou seja, os cidadãos, sempre tendo como base de apoio os 4Ps (Produto, Preço, Promoção e Praça). MARKETING APLICADO AO SETOR PÚBLICO | UIA 2 | Copyright © 2017 Centro Universitário IESB. Todos os direitos reservados. 20 8.1. APLICAÇÕES E RESTRIÇÕES Elaborar o Planejamento Estratégico no setor público é de extrema importância, assim como desafiador. As mudanças de Governo, assim como as restrições orçamentárias podem representar importantes gargalos ao administrador público. Contudo, mesmo diante de tais limitações e dificuldades, o processo de elaboração de um Plano Estratégico gera maior conhecimentoe maior assertividade das ações. O ponto de partida para realização do Planejamento Estratégico de Marketing é a correta identificação do perfil do público que se deseja atender/atingir. Para tal, uma ferramenta extremamente relevante nesse processo é a Pesquisa de Marketing, que tem como definição clássica a “elaboração, coleta, análise e edição de relatórios sistemático de dados relevantes para uma situação específica de marketing enfrentada por uma organização” (KOTLER, 2001, p. 138). O principal objetivo da Pesquisa de Marketing no setor público é transformar dados sobre os cidadãos em informação relevante que auxiliem no processo de planejamento e tomada de decisão. Sem ela, todos os esforços, por melhor e mais bem-intencionados que sejam, não passarão de meras especulações e oportunidades de dispêndio de energia e recursos de maneira aleatória. As informações sobre os cidadãos são de extrema importância para a definição dos 4Ps (produto, preço, promoção e praça). Além da Pesquisa de Marketing, para orientar a elaboração do Plano Estratégico, o administrador deve responder a algumas perguntas: PREMISSA DEFINIÇÃO Missão Representa a razão de ser e de existir da instituição – a justificativa do motivo da sua existência (para que essa entidade serve? O que ela busca resolver?). Visão É a condição desejada da instituição para o futuro, sempre relacionado a um tempo maior que 5 anos. Como ela se enxerga depois de um período de tempo decorrido. Objetivo É a condição desejada da organização para o futuro, dentro de um período menor que o da Visão (um ano, por exemplo), mas que seja quantificável. Metas Representa a quantificação do objetivo. Metas são normalmente mais que uma, mas não devem ser tantas que inviabilizem sua aferição. Mas metas nos dizem o quanto estamos no caminho correto. Políticas Representa a forma de atuação da instituição, no que ela acredita e quais ferramentas dispõe para atingir seus objetivos e metas. Regimento/Regras São os documentos formais que regem uma instituição, que devem ser seguidos independentemente das ações, dos objetivos e metas traçados. Valores Premissas que fazem parte do DNA da instituição. São eles que mantém as instituições no rumo correto. Adaptado Kotler (2010) MARKETING APLICADO AO SETOR PÚBLICO | UIA 2 | Copyright © 2017 Centro Universitário IESB. Todos os direitos reservados. 21 No setor público, via de regra, como estamos falando sobre prestação de serviços aos cidadãos, devemos sempre nos lembrar de algumas características importantes: • Os serviços são intangíveis; • Eles representam um esforço, uma performance; • Quando “vendidos”, não deixam nada que possa ser mostrado como tangível; • Eles são consumidos, mas não podem ser possuídos; • Eles são menos padronizados, menos uniformes; • Não podem ser estocados. Assim, os esforços na Administração Pública devem ser para proporcionar uma experiência agradável e positiva aos clientes/cidadãos quando em contado com os serviços disponibilizadas pelas empresas públicas. 8.1.1. MODELO DE GESTÃO APLICADO AO SETOR PÚBLICO Os princípios de marketing no setor de serviços – especialmente os 4 Ps – precisam ser adequados para atender às características próprias dos serviços públicos. Essa adaptação é possível na medida em que estudiosos de marketing criaram novos modelos para os serviços públicos. Esses estudiosos utilizaram como base as características do setor privado. Embora os modelos de marketing tenham sido adaptados aos serviços públicos, diversas questões ainda não foram contempladas. Diversos fatores dificultam a implantação desses modelos nas organizações públicas – pessoas, orçamento, burocracia, dentre outros. Em sua maioria, as instituições de serviços públicos ainda são vistas pela sociedade como atrasadas, pouco eficientes e burocráticas. Alguns fatores que dificultam a completa aplicação do marketing nos serviços públicos podem ser apontadas: POLÍTICA as políticas tendem a ser mais fragilmente definidas no setor público do que no setor privado. Além disso, elas mudam de acordo com o Governo vigente o que dificulta a continuidade e ações de longo prazo. As agendas políticas também tendem a beneficiar alguns grupos, mas não necessariamente todos; AMBIGUIDADE uma estratégia ou um objetivo claramente articulado por alguns gestores pode se tornar um recurso para a mobilização da oposição política, o que pode paralisar o governo vigente; PUBLICIDADE a divulgação da tomada de decisão pelos gestores públicos cria algumas restrições em comparação com o setor privado, uma vez que o Governo, em tese, não deveria alterar com frequência seus planos. A atividade estratégica no governo é um processo mais aberto, pois implica maior repercussão e maior exposição pública; INTERESSES aqueles que definem as políticas do setor público estão geralmente mais sujeitos à influência dos grupos de interesse do que os que definem as estratégias do setor privado; DIFICULDADES INTERNAS o desenvolvimento de políticas é restringido pela crença dos subordinados de que estes teriam o direito de participar do processo de tomada de decisão; TEMPO a restrição de tempo é mais complicada no setor público, em função da falta de MARKETING APLICADO AO SETOR PÚBLICO | UIA 2 | Copyright © 2017 Centro Universitário IESB. Todos os direitos reservados. 22 coordenação entre os subsistemas que o constituem – mandatos, recessos parlamentares, por exemplo. Mesmo diante de todas as restrições acima, Kotler (2010), reforça que a administração pública não deve se furtar de realizar seu Plano Estratégico, assim como monitorá-lo, com base nos princípios do marketing tradicional, a saber: Adaptado do modelo de Walter Andrew Shewhart (1931) A aplicado do Ciclo PDCA permite ao administrador público planejar as ações, criar formas de executá-la e avaliar seu desempenho, para implementação de melhorias. Veja uma abordagem diferenciada sobre a eficiência do governo no TED de Mariana Mazzucato, disponível no link a seguir. http://tinyurl.com/znxfruu 8.1.2. GESTÃO FINANCEIRA E PRECIFICAÇÃO Os autores Mintezberg e Quinn (2006) apontam quatro padrões de comportamento na gestão de marketing no setor público: 1. Manter a flexibilidade – os processos de estratégia tende a ser emergentes e mais abertos a influências externas. Assim, a flexibilidade e a adaptabilidade são requisitos essenciais ao setor público; 2. Lidar com mundos e demandas concorrentes – as instituições democráticas exigem do gestor público um grande compromisso com a moral nos processos estratégicos. O gestor público para atender a todos de forma satisfatória deve aprender a lidar com as demandas concorrentes, impostas por grupos rivais e pelos servidores do legislativo e demandas urgentes, que surgem de situações adversas e alheias à sua vontade; 3. Obter influência, não autoridade – o exercício de obter influência, no setor público é mais crítico do que obter autoridade. Assim, o gestor público deve: • Ter capacidade de convencimento; • Saber usar as ferramentas de comunicação; • Utilizar de símbolos para se fazer entender e ser mais efetivo e elucidativo em suas explicações. • Minimizar a descontinuidade – as coalizões, no setor público, são instáveis, o mandato político é curto e as agendas mudam com frequência. Assim, a gestão de marketing no setor público significa gerir descontinuidades. O gestor público, para lidar com essa situação deve: MARKETING APLICADO AO SETOR PÚBLICO | UIA 2 | Copyright © 2017 Centro Universitário IESB. Todos os direitos reservados. 23 • Ter habilidade para identificar e alocar recursos físicos e financeiros para manutenção e alimentação das coalizões; • Tercapacidade de mobilizar pessoas em torno da sua agenda e das suas propostas. Os recursos no setor público estão vinculados a um orçamento. Assim, o gestor público necessita compatibilizar as demandas da sociedade com os recursos disponíveis, uma vez que os serviços prestados aos cidadãos não são cobrados de maneira direta, ou seja, não representam fontes de recursos financeiros. Os serviços prestados aos cidadãos são cobrados na forma de impostos. Existem quatro importantes áreas para o exercício da atividade financeira do Estado: 1. A receita pública, representa o ingresso de dinheiro nos cofres públicos que se incorpora de maneira permanente ao patrimônio público, caracterizando-se como ingresso definitivo; 2. A despesa pública, se refere a aplicação de determinada quantia em dinheiro por parte da autoridade pública no processo de alcance de um objetivo devidamente estabelecido em lei. As despesas públicas podem ser entendidas como os gastos do Estado para a prestação dos serviços públicos autorizados aos cidadãos; 3. O orçamento público, consiste no ato de elaborar o plano de arrecadação e dos gastos públicos para um período de tempo definição, normalmente, um ano; 4. O crédito público é o conjunto de estratégias dos gestores público para obtenção de recursos junto a terceiros. Esse crédito é considerado uma receita temporária, um empréstimo que será devolvido futuramente. Ou seja, não incorpora de forma definitiva aos recursos do Governo. Por envolver recursos financeiros provenientes, em sua grande maioria, da arrecadação de impostos, a atividade de gestão financeira e orçamentária interessa a toda a sociedade e por ela deve ser acompanhada, a fim de fiscalizar o correto emprego dos recursos públicos. A gestão financeira, de modo geral, envolve o controle e a operação completa de um ciclo composto por: orçamento – execução – auditoria. Esse ciclo se insere no contexto de outro, ou seja, de gestão de políticas públicas: planejamento, tomada de decisão, implementação, monitoramento e controle, avaliação e feedback. A gestão financeira, combinada com a gestão orçamentária dos recursos públicos, busca alocar recursos de forma a direcioná-los para as atividades prioritárias, de modo a promover a interligação entre as demandas da sociedade e os propósitos da gestão. 8.1.3. GESTÃO DE PESSOAS E COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL Assim como a eficiente e correta gestão do orçamento, nas empresas públicas a gestão de pessoas é fator decisivo e fundamental para o sucesso das políticas públicas implementadas e para o efetivo cumprimento da missão dessas empresas. A área de Recursos Humanos deixou de ser um simples departamento de pessoal para ser um agente de transformação em qualquer organização, quer seja pública ou privada. O atual momento das empresas públicas requer ações de gestão que gerem comprometimento por parte dos servidores. Nesse sentido, o Marketing Interno vem desempenhar um importante papel. Ele é entendido como um processo planejado, dentro do âmbito de marketing, voltado para vencer resistências organizacionais a mudanças. MARKETING APLICADO AO SETOR PÚBLICO | UIA 2 | Copyright © 2017 Centro Universitário IESB. Todos os direitos reservados. 24 O marketing interno busca: • Alinhar; • Motivar; • Coordenar interfuncionalmente; • Integrar os membros da instituição; • Elevar a capacidade de implementação das estratégias focadas na satisfação do cliente/cidadão. • Os processos devem ser executados corretamente pelos funcionários para que o serviço atenda às necessidades do cliente/cidadão. O marketing interno utiliza as ferramentas de marketing para: • Satisfazer às necessidades dos funcionários; • Garantir a orientação da organização para o mercado; • Motivar os funcionários e focá-los no cliente. Os principais pressupostos do marketing interno são, segundo Chiavenato (2008): • Satisfação e motivação dos servidores: uma das principais funções do marketing interno é motivar e satisfazer os funcionários, a fim de que essa satisfação possa ser refletida nos resultados da empresa; • Orientação de mercado e satisfação do cliente: o marketing interno deve gerar uma orientação de mercado junto aos funcionários para que toda a empresa trabalhe em prol da satisfação do cliente externo; • O marketing interno representa uma convergência de interesses; • Ele não deve ser praticado de forma aleatória e descontinuada, ou seja, precisa ser planejado e executado de forma contínua. Diante da necessidade de atender de maneira mais satisfatória às demandas da sociedade, muitas empresas do setor público vêm adotando práticas de marketing interno, no sentido de motivar e manter seus servidores alinhados com as demandas da sociedade por um atendimento mais humanizado e mais eficiente. Além disso, elas têm implementando o sistema de gestão por competência, como forma de avaliar os empregados, o clima organizacional, as relações chefia/empregado e empregado/chefia. Essas avaliações permitem manter os agentes públicos capacitados, motivados e comprometidos com a excelência dos serviços prestados à sociedade. Acesse o link a seguir e veja uma abordagem diferenciada sobre liderança no TED de Drew Dudley, disponível no link: http://tinyurl.com/jyl8hsh MARKETING APLICADO AO SETOR PÚBLICO | UIA 2 | Copyright © 2017 Centro Universitário IESB. Todos os direitos reservados. 25 Você terminou o estudo desta unidade. Chegou o momento de verificar sua aprendizagem. Ficou com alguma dúvida? Retome a leitura. Quando se sentir preparado, acesse a Verificação de Aprendizagem da unidade no menu lateral das aulas ou na sala de aula da disciplina. Fique atento, essas questões valem nota! Você terá uma única tentativa antes de receber o feedback das suas respostas, com comentários das questões que você acertou e errou. Vamos lá?! MARKETING APLICADO AO SETOR PÚBLICO | UIA 2 | Copyright © 2017 Centro Universitário IESB. Todos os direitos reservados. 26 REFERÊNCIAS BARBOSA, Lívia. Cultura e Empresas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2002. BRACKER, J. The historical development of the strategic management concept, The Academy of Management Review, v. 5, iss. 2, abr., p. 219- 224, 1980. CHAVES, Carla Lordelo; CUNHA, Fabiana; BARBOSA, Jenny Dantas. Marketing Cultural para uma Instituição de Ensino Superior. Revista da Fapese. v. 2. n. 2, p.141-156, jul./dez. 2006. Disponível em: <http://www.fapese.org.br/revista_fapese/v2n2/artigo9.pdf>. Acesso em: 20 fev. 2017. CHIAVENATO, Idalberto. Administração geral e pública. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. COSTA, João Roberto Vieira da (Org). Comunicação de interesse público: ideias que movem pessoas e fazem um mundo melhor. 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A quantidade de bens de consumo que são comercializados em cada país reflete o nível de vida da população e também permitem avaliar os gostos e as características da sociedade em questão. Bem de consumo é um bem que tem o objetivo de satisfazer as necessidades de consumo de um indivíduo Ceticismo: É o estado de quem duvida de tudo, de quem é descrente Coalizão: Contrato de cooperação que, de modo verbal ou escrito, é feito entre partidos, na tentativa de consolidar um objetivo em comum EUA: Estados Unidos da América Monitoramento: Monitorar é observar, analisar e ficar atento aos possíveis sinais de que algo não está ocorrendo de forma adequada Monopólio: Forma de organização do mercado em que uma empresa domina a oferta de um determinado produto ou serviço que não pode ser substituído SECOM: Secretaria de Comunicação Social. É o órgão da Presidência do Brasil responsável pela liberação de verbas e gerenciamento de contratos publicitários firmados pelo Governo Federal