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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Economia Política Aplicada Aula 5 Professor Rodolfo dos Santos Silva CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 Conversa Inicial Olá, seja bem-vindo à quinta aula da disciplina “Economia Política Aplicada”! Nesse encontro, você vai ver que a Economia Política tem uma relação profunda com a economia e as mudanças políticas estabelecidas nos países. A crise de 1929 mudou o modo de produção capitalista, e você perceberá como isso foi determinante para o reestabelecimento das economias após a Segunda Guerra Mundial. Após esse conflito, o mundo se divide em dois grandes blocos econômicos: os socialistas e os capitalistas. Durante o pós-guerra, o mundo capitalista passa por um processo de desenvolvimento econômico promovido pela forte presença do Estado na economia e pelo papel desempenhado pelas instituições de Bretton Woods: o FMI e o Banco Mundial. O Plano Marshall e a Doutrina Truman vão ser decisivos para o endurecimento das relações entre capitalistas e socialistas e para o acirramento da Guerra Fria. A crise do petróleo de 1973 estabelece grandes problemas para o mundo capitalista, além do empobrecimento dos países da América Latina. Os anos de 1990 são um marco para o retorno do discurso neoliberal, que ao ser levado ao pé da letra tem grande responsabilidade pela crise econômica de 2008. Antes de começar, acesse o material on-line e confira o vídeo com os comentários introdutórios do professor Rodolfo! Contextualizando Acesse o material on-line e confira a videoaula do professor Rodolfo, que traz uma contextualização dos temas que serão trabalhados nessa aula. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 Pesquise Tema 1 – As crises econômicas e políticas que impactaram sobre o desenvolvimento econômico no Brasil e no mundo Terminada a Segunda Guerra Mundial, os acordos fechados para o encerramento do conflito redesenharam o mapa geográfico e político mundial. Os territórios ocupados pelos nazistas, desde 1937, foram devolvidos aos antigos donos. A União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) obteve seus territórios ao leste europeu devolvidos (Letônia, Lituânia e Estônia), sem contar que a Alemanha teve seu território dividido entre os socialistas e capitalistas formando a Alemanha Oriental e Ocidental. Os problemas causados pela guerra impactaram sobre a economia de diversas partes do mundo, principalmente a Europeia, que descontente com os atuais governantes, tinha a possibilidade de firmar aliança com dois grandes países imperialistas, que saíram fortalecidos do conflito: EUA ou URSS. A partir de 1947, exaltaram-se os ânimos entre essas duas potências, devido principalmente à Doutrina Truman, que estabelecia que os EUA poderiam intervir, através de ajuda militar e econômica, em qualquer país ameaçado pelo comunismo soviético. Conforme Aquino et al. (1986) essa doutrina foi aplicada primeiramente na Grécia e na Turquia, objetivando evitar que tais países europeus se aliassem ao comunismo. No mesmo ano em que estabeleceu a Doutrina Truman (1947) os EUA também colocaram em prática o Plano Marshall, com o objetivo de reconstruir os países destruídos pela Segunda Guerra Mundial. Em 1949, influenciada pelo marxismo, os revolucionários chineses de Mao Tsé Tung, com apoio dos Soviéticos, impuseram uma derrota aos governistas, apoiado pelos EUA, impondo o socialismo na China. Isso desencadeou uma reação dos EUA, forçando a criação, em 1949, da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), um acordo de fortalecimento militar e econômico que reuniu os países da América do Norte e CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 os países europeus. A partir de 1955, ocorreu um acirramento da Guerra Fria, principalmente após a assinatura do Pacto de Varsóvia, de cooperação militar e econômica entre os países do Leste Europeu e a URSS, que visava fortalecer o leste europeu contra qualquer agressão com presença constante de militares russos nesses países. As mudanças provocadas pelas alianças em torno da Guerra Fria proporcionaram um fortalecimento maior do Estado como regulador e indutor das economias tanto do lado socialista (tendo na economia marxista sua referência teórica) quando do lado capitalista (tendo como base teórica a economia keynesiana). O modelo de planificação dos soviéticos e a economia do estado de bem-estar social americano e europeu impulsionavam as economias nos países, que passaram a viver uma realidade de crescimento e desenvolvimento econômico. Acesse o material on-line e confira o vídeo do professor Rodolfo sobre o acirramento da Guerra Fria: Acesse o material on-line e confira a videoaula do professor Rodolfo. Ele vai trazer mais algumas informações sobre a economia política mundial do pós-guerra. No Brasil, a era Getúlio Vargas (1930-1945) trouxe avanços em vários segmentos da sociedade, que permitiu ao país dar um importante passo no caminho da industrialização. Algumas vantagens foram alcanças no campo social, como: A possibilidade dos trabalhadores se sindicalizarem; O estabelecimento da jornada de trabalho de oito horas; A licença maternidade; A carteira de trabalho; A concessão de férias e o pagamento de indenizações ao trabalhador CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 que fosse mandado embora pelo empregador sem justa causa. Foram construídas as indústrias de base, com apoio norte-americano, como a Companhia Siderúrgica Nacional, a Companhia Mineradora Vale do Rio Doce e a Fábrica Nacional de Motores (FNM), dando início ao processo de industrialização brasileira, com abertura ao capital internacional. O Brasil recebeu um grande impulso ao seu processo de industrialização durante a Segunda Guerra Mundial. Por meio do Programa Nacional de Substituição de Importações, o país buscou atrair indústrias internacionais para o país. Em todo o mundo, os acordos firmados no pós-guerra acabaram por fortalecer as grandes corporações internacionais em detrimentos das empresas locais. O Brasil realizou um processo de industrialização atraindo as grandes empresas internacionais e suas maquinarias importadas e não se preocupou demasiadamente em desenvolver aqui a sua própria indústria de equipamentos e infraestrutura. Quando retorna ao poder pelo voto direto, Getúlio Vargas (1951-1954) concede uma série de benefícios aos trabalhadores, como a Lei do Salário Mínimo e a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). Ele tenta, ainda, retomar o programa de industrialização brasileiro, favorecendo a burguesia nacional. Porém, a aliança entre a burguesia industrial e o capital internacional prosperou ainda mais nesse segundo governo, que ficou conhecido como Estado Novo. Pressionado a retroceder em suas propostas nacionalistas, Vargas suicida-se em 24 de agosto de 1945. O que se tem depois da década de 1950 é uma intensificação prática estabelecida pela Doutrina Truman em diversos países do mundo. No Brasil, a segunda metade da década de 1950 continua movida por forte presença do Estado, com abertura para o capital estrangeiro. Juscelino Kubistchek assumiu o governo em 1956, tendo como principal promessa crescer cinquenta anos em cinco. Dentro de um modelo keynesiano, a partir de um regime de metas a CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 serem cumpridas, a promessa de fato surtiu resultado, colocando o país no processo de industrialização o que atraiuinúmeras empresas de capital internacional para atuarem no país. Foram resultado desse processo a construção de rodovias, a edificação da capital federal no centro do país e as indústrias automobilísticas. A partir de 1960, é eleito Jânio Quadros, tendo como seu vice João Goulart. Jânio renuncia alguns meses depois de assumir a Presidência da República. Os militares tentam impedir o seu vice, João Goulart, de assumir por associá-lo à ameaça de implantação do comunismo no Brasil. Através de uma campanha denominada “Campanha da Legalidade”, que enfraqueceu a iniciativa militar, Goulart acabou assumindo a presidência. A aprovação do parlamentarismo, foi outra forma utilizada para enfraquecer o governo de Goulart. Jango, como era conhecido, insistia em colocar em prática uma série de medidas para promover o desenvolvimento econômico. Suas iniciativas eram barradas pelos parlamentares, até que em 1963, em um plebiscito entre parlamentarismo e presidencialismo, a população escolheu o presidencialismo dando mais poderes ao presidente João Goulart. Com isso, o presidente começou a implantar as chamadas reformas de base, que tinham como objetivo distribuir renda e fazer a reforma agrária. Em 1° de abril de 1964, os militares através de um golpe, depõem o presidente João Goulart e instalam um governo ditatorial, que vai perdurar por 21 anos no país. Acesse o material on-line e confira a videoaula do professor Rodolfo. Ele vai trazer mais algumas informações sobre a economia política brasileira do pós-guerra. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 Tema 2 – As mudanças no padrão de acumulação, suas implicações nos mecanismos de regulação social e sua expressão na realidade brasileira e internacional Enquanto no Brasil se acentua a repressão militar com a publicação do Ato Institucional n. 5, em todo o mundo ocorriam manifestações por liberdade e democracia. Através de investimentos estatais em infraestrutura, como no setor de energia (construção de grades hidrelétricas), transporte (Rodovia Transamazônica) e comunicação, o pais obteve um crescimento econômico de 7% por ano, passando pelo período que ficou conhecido como “Milagre Econômico”, entre 1967 e 1973. Diante do crescimento acelerado, era esperado que houvesse na mesma proporção uma ampliação na renda da população. Porém, o que houve foi o aumento da concentração de renda. Para explicar a razão disso, o governo militar afirmava que era necessário esperar o bolo crescer para depois ser repartido, argumento que ficou conhecido como “Teoria do Bolo”. A quantidade de moeda americana teve aumento significativo, a fim de bancar o financiamento da reconstrução dos países depois Segunda Guerra Mundial e das obras de infraestrutura e recursos para apoiar os países aliados ao capitalismo internacional. Sem ter como converter todo dinheiro emitido em ouro, os americanos decidiram, em 1971, desvincular a sua moeda (o dólar americano) do metal precioso. Tal medida foi tomada quando os americanos propuseram em Bretton Woods (1944) que sua moeda fosse internacional, sendo questionados por Keynes. A manobra foi espetacularmente pensada por um dos maiores nomes do neoliberalismo econômico mundial, Milton Friedman. O mundo capitalista vivenciava desde a Segunda Guerra Mundial a hegemonia dos EUA, que tinha sua economia baseada no welfare state (estado de bem-estar social), por meio da reconstrução dos países destruídos pela guerra e da evolução nos processos de produção e inovação tecnológica. Porém, o país vem a ter um grande golpe com a primeira grande crise, ocorrida CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 em 1973, devido ao embargo efetuado e ao aumento no preço do barril de petróleo pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP). Essas medidas provocaram enormes danos à economia americana, que importava 30% de todo o petróleo que consumia. Os preços subiram, aumentou a inflação e o país mergulhou em uma recessão. Dado a sua dependência em relação aos EUA, o Brasil e a maioria dos países capitalistas também foram atingidos por essa crise. Após 1973, a Economia Política passa a ter de volta o discurso da não regulação do mercado, da ineficiência estatal e da redução da participação do Estado na economia. Esse discurso é realizado por dois grandes economistas políticos: Friedrich A. von Hayek (1899-1992) e Milton Friedman (1912-2006), e é encampado pelos principais países industrializados. Visando manter a acumulação de capital, a partir dos anos de 1980, os EUA de Ronald Reagan, realizam mudanças radicais em sua economia: Fim da complexa estrutura de bem-estar social promovida pelo welfare state; Elevação da taxa de juros; Estabelecimento de cortes de benefícios sociais e direitos obtidos pelos sindicatos de trabalhadores; Redução de impostos aos mais ricos e às grandes empresas. Acesse o material on-line e confira a videoaula do professor Rodolfo a respeito das mudanças em relação ao modelo de acumulação capitalista. Margareth Thatcher (1925-2013), Primeira Ministra da Grã-Bretanha, elevou a taxa de juros e reduziu ao mínimo os gastos governamentais, com a privatização de empresas estatais e cortes no número de funcionários públicos, além da imposição de severos cortes sobre antigas conquistas dos trabalhadores e do beneficiamento do grande capital e das multinacionais. Em CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 seu primeiro mandato, o desemprego aumentou em mais de 300% e a economia entrou em recessão, só retomando com a Guerra das Malvinas. Ao impor uma derrota vexatória aos argentinos, reelegeu-se para um segundo mandato, no qual manteve a sua política de cortes governamentais, reduzindo os direitos dos trabalhadores. Por isso, enfrentou a população, que realizou muitas greves, as quais foram reprimidas com mãos de ferro pelo Estado. Não recuou em sua proposta de desregulamentação da economia, beneficiando o grande capital em detrimento dos benefícios sociais dos trabalhadores. Foi eleita, em 1987, para um terceiro mandato. Outro nome forte da implantação das políticas neoliberais foi Helmut Khol, chanceler alemão que mais tempo ocupou esse cargo na Alemanha unificada, assumindo o cargo em outubro de 1982 e permanecendo nele por 16 anos. Esse importante político alemão recebeu em seu país o líder soviético Mikhail Corbatchev, em 1989, para discutir os caminhos da Glasnost (transparência) que transformaram o mundo a partir daquele ano. Quando implementava suas políticas econômicas na Alemanha, poucos meses depois de receber o líder soviético, Khol é surpreendido quando estava em viajem à Polônia, pela queda do muro de Berlim, que separava a Alemanha Ocidental (capitalista) da Alemanha Oriental (socialista). Após a unificação, Khol buscou implantar políticas econômicas e sociais que atendessem os dois lados da Alemanha unificada, porém, o desemprego no lado ocidental e o desmantelamento do modelo estatal do lado oriental ampliou os problemas sociais e as propostas de Khol não tiveram o êxito esperado. A derrocada da URSS foi um grande golpe para mundo socialista. Esse processo teve uma contribuição importante de Mikhaill Gorbachev, o último grande líder da União Soviética, que buscou implementar dois grandes planos de governo durante a sua gestão: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 A Glasnost, implementada em 1986, consistia na abertura política e concedia o direito à liberdade de expressão e à livre manifestação da população, passo importantepara a instalação da Perestroika; A Perestroika (reestruturação político-econômica), estabeleceu que as empresas soviéticas deveriam ser lucrativas, do contrário seriam fechadas. Além disso, a economia deveria ser descentralizada; o mercado deveria ser aberto para empresas privadas nacionais e internacionais e os salários deveriam ser concedidos por mérito e por produtividade. Em dezembro de 1991, Bóris Ieltisin, sucessor de Gorbachev, declara a Rússia como país desmembrado da URSS. Acesse o material on-line e confira a videoaula do professor Rodolfo a respeito do capitalismo internacional depois de 1970. Enquanto o mundo vivia aspirações de transformações econômicas e políticas, durante a década de 1980 o Brasil obteve grandes mudanças, iniciando com a abertura democrática em 1982. A partir de 1983, a Campanha para Eleições Diretas para Presidência da República mobilizou milhões de pessoas em todo país, que foram deixadas de lado em uma manobra dos deputados federais e senadores, que optaram por eleger em um Colégio Eleitoral o Presidente da República. No Colégio Eleitoral, Tancredo Neves (PMDB), foi eleito presidente, tendo como vice José Sarney (PMDB). Antes de assumir o governo, Tancredo Neves vem a falecer e o país passa a ser governado por José Sarney. O grande avanço social da década de 1980 foi a elaboração da Constituição de 1988, na qual grandes avanços no campo social foram obtidos. Alguns exemplos são a redução da jornada de trabalho de 48 para 44 horas semanais; a instituição do décimo terceiro salário para aposentados; o abono de férias; o seguro-desemprego, extensão da licença-maternidade de 90 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 11 para de 120 dias, além da licença-paternidade de cinco dias. Os trabalhadores rurais passaram a ter os mesmos direitos trabalhistas que os trabalhadores urbanos. O racismo passou a ser crime inafiançável e imprescritível. Foram criadas as bases para o Código de Defesa do Consumidor e também para o Estatuto das Cidades. A Carta Magna brasileira abriu espaços para muitas outras conquistas. Foi um importante passo dado na transição de um país de ditatura para um país democrático. Acesse o material on-line e confira a videoaula do professor Rodolfo a respeito das mudanças com a Constituição de 1988: Tema 3 – Os objetivos da Política Econômica, seus instrumentos e as Políticas Sociais A teoria keynesiana da década de 1930 continuou por muito tempo dando a base de sustentação para a economia capitalista. Tendo como princípio a presença do Estado como o indutor de investimentos e regulador das formas de agir do mercado, esse modelo foi bastante questionado por muitos economistas políticos, como Friedrich von Hayek, que afirmou que a economia capitalista estava se transformando em socialista dado o nível de intervenção estatal. Apesar das críticas, o modelo de economia baseado nos pressupostos keynesianos, segundo o qual o Estado tem um papel importante na economia, ainda existe. A macroeconomia e a microeconomia são disciplinas constantes dos diversos cursos que envolvem o mundo dos negócios e a política, o que comprova que a Economia Política de Keynes continua presente. As Políticas Econômicas colocadas em prática pelos governantes se estabelecem a partir de um modelo teórico, cujos princípios estão no livro “Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda”, de John Maynard Keynes, publicado em 1936. A seguir, você confere seus principais objetivos: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 Manter elevado o nível de emprego O primeiro grande objetivo da Política Econômica é manter elevado o nível de emprego. Para isso, é necessário entender que o desemprego é um problema macroeconômico e há um grande número de pessoas que ficam desempregados involuntariamente, devido a desarranjos estruturais e inovações tecnológicas que possam a vir a ser introduzidas na produção de bens e serviços. Para combater o desemprego, são necessárias ações governamentais que criem empregos, como a utilização de instrumentos de Política Econômica, tais como a redução da taxa de juros; o aumento do nível de crédito para o consumo; a redução de impostos para os produtores de bens e serviços; os investimentos em setores específicos onde o desemprego é maior e tantas outras formas, nas quais o Estado tem um papel fundamental. Também há formas de inibir as empresas de demitirem, como o estabelecimento de multas e indenizações para demissão sem justa causa; a geração de medidas paliativas para combater o desemprego momentaneamente e a manutenção do seguro-desemprego como proteção ao trabalhador enquanto estiver desempregado. Estabilização da economia Outro grande objetivo da Política Econômica é a estabilização da economia, evitando a elevação dos preços através de medidas que combatam a inflação, tendo em vista que uma alta da inflação atinge a todos os setores, e os que mais perdem são os trabalhadores assalariados. Há uma contradição muito grande nas medidas adotadas para combater o desemprego (aumento dos investimentos governamentais, ampliação do crédito e redução na taxa de juros) com as tomadas para combater a inflação (redução de gastos governamentais, aumento da taxa de juros e redução do crédito) que devem ser dosadas de acordo com os interesses da sociedade. Muitas vezes, há que se suportar um pouco de inflação para garantir a CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 13 geração de empregos. O grande problema no sistema capitalista contemporâneo são os muitos investidores do mercado financeiro que exigem taxas de juros cada vez mais altas para as suas aplicações, o que torna inviável, muitas vezes, que governantes mantenham taxas de juros reduzidas e créditos ampliados para o consumo dos trabalhadores. Distribuição de renda A distribuição de renda é outro grande problema para a Política Econômica. Durante muitos anos, o Brasil cresceu em níveis de países desenvolvidos, principalmente no chamado “milagre econômico”, entre 1967 e 1973. Porém, ao invés de haver uma maior distribuição de renda, os níveis de concentração aumentaram. Durante o período do “milagre econômico”, as pessoas de maior nível de escolaridade e qualificação aumentaram a sua renda, porém, devido a problemas estruturais, a maioria da população brasileira possuía baixa qualificação e poucos anos de escolaridade e quase não tiveram acesso ao crescimento econômico anunciado. Acessando o material on-line você confere a explicação do professor Rodolfo a respeito dos objetivos principais da política econômica. Durante o Regime Militar, para apresentar o nível elevado do crescimento econômico, os militares utilizavam o percentual da renda per capita, o que demonstrava que a renda apenas havia crescido, mas não apontava nenhum indicativo que havia ocorrido melhoria na distribuição de renda da população. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) foi criado na década de 1990 por Mahbub ul Hak e Amartya Sen (ganhadores do Prêmio Nobel de Economia de 1998). É baseado em três variáveis econômicas: o nível de renda, a educação e o índice de longevidade e facilita a identificação de alguns avanços ou retrocessos na qualidade de vida das populações. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 14 O índice demonstra, em uma escada de 0 a 1, que quanto mais próximo de 1 estiver o país, mais desenvolvido ele será. Conforme o Relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD, 2014), os países que obtiveram os maioresíndices no IDH foram: 1° Noruega: 0,9444; 2° Austrália: 0,935; 3° Suíça: 0,930; 4° Dinamarca: 0,933 5° Países Baixos: 0,922. O Brasil ocupava a 79° posição entre 187 países. Políticas de inclusão e de distribuição de renda contribuem para ampliação do IDH dos países. Tema 4 – A crise de 2008 e os impactos sobre a economia política Em 2008, o capitalismo mundial enfrentou uma das maiores crises econômicas e financeiras de sua história. De acordo com Krugman (2008) ela foi influenciada por uma bolha imobiliária sem precedentes, favorecida pela ampliação do crédito e por medidas de desregulamentação do mercado financeiro ocorridas nas décadas antecedentes, provocando uma depressão na qual as políticas monetárias e fiscais utilizadas no combate das crises não foram suficientes. Boa parte dessa crise ocorreu devido a nova dinâmica econômica imposta pelo capitalismo a partir da queda do muro de Berlin, na Alemanha (1989), e à desintegração da URSS, em 1992. Além disso, contribuíram para essa situação a implantação de políticas neoliberais, por parte de Ronald Reagan e George Bush, ex-presidentes americanos, que foram ratificadas para toda a América Latina e Caribe a partir do Consenso de Washington, realizado em 1989. O Consenso de Washington foi realizado em 1989 e reuniu 34 países da América Latina e Caribe e mais os países que possuíam territórios no CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 15 continente, com exceção de Cuba. Também participaram as instituições criadas em Bretton Woods (New Hampshire — EUA), como o FMI e o Banco Mundial e, ainda, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). As diretrizes apresentadas no Consenso foram imediatamente acatadas por todos os países presentes e começaram a ser colocadas em prática a partir dos anos de 1990. Entre as medidas apresentadas pelo Consenso a serem implementadas nos países estão as políticas de reforma estrutural, que visam ajustar as economias dos países para uma abertura econômica internacional, e as que buscavam combater o déficit público, como as que alteram a valorização da taxa cambial, pregam a redução da oferta monetária e dos gastos públicos, influenciando negativamente a remuneração e os direitos dos trabalhadores. As medidas do Consenso de Washington foram implantadas na América Latina, primeiro no Chile e depois no México, e objetivaram combater a crise econômica e a inflação. Elas foram apresentadas como experiências bem-sucedidas na reunião do Consenso de Washington em novembro de 1989, para depois serem implantadas em outros países. De acordo com Pires (2006) essas medidas foram impostas a todos os países da América Latina a partir de 1990, com exceção de Cuba. Conforme Batista (1994) foram dez as medidas adotadas por tais países: Disciplina Fiscal; Racionalização dos gastos públicos; Reforma Tributária; Liberalização Financeira; Reforma Cambial; Supressão de restrição aos investimentos estrangeiros; Abertura comercial; CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 16 Privatização; Desregulamentação; Respeito à propriedade intelectual. O Brasil deu início à implementação dessas medidas através do presidente Collor, em 1990, o qual não conseguiu o seu intento de efetivar a implantação das medidas do Consenso. Errou na dose da abertura de mercado para importações de produtos manufaturados, que concorriam de forma desleal com a produção nacional, deixando descontente a burguesia local. Collor foi caçado e seus sucessores acabaram por lograrem êxito na implantação das medidas apresentadas pelo Consenso. O discurso que imperou durante quase toda a década de 1990 era de que o Estado tinha que deixar a economia fluir de acordo com as forças de mercado. A retórica dos economistas políticos clássicos (Adam Smith, David Ricardo e John Stuart Mill) sob uma nova roupagem, foi muito defendida por Friedrich Von Hayek e Milton Friedman, ambos economistas neoliberais. No final da década de 1990, as medidas adotadas pelos países latino- americanos como a Argentina, o Brasil e o Peru, davam sinais de que haviam ampliado o desemprego e a concentração de renda, acentuados pela desnacionalização das empresas e pelas privatizações das empresas estatais. A manutenção de uma moeda forte, paritária ao dólar americano não vingou, e os países começaram a rever a aplicação das medidas. A partir do início dos anos 2000, o esgotamento das medidas levou à presidência da República, nos principais países latino-americanos, governantes de centro-esquerda ou de esquerda. Acessando o material on-line você confere a videoaula do professor Rofolfo a respeito do Consenso de Washington. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 17 Porém, em âmbito internacional, o discurso do neoliberalismo e da globalização imperou por quase todo o início do século XXI, quando explodiu a crise do subprime norte-americano em 2008. Após o atentado ao Word Trade Center em 2001, nos EUA, o incentivo ao consumo aumentou através da ampliação do crédito. Aproveitando-se da falta de regulação do setor financeiro, os bancos e as instituições financeiras passaram a emprestar elevadas somas de dinheiro, inclusive para pessoas que não tinham como comprovar sua renda. As hipotecas foram lançadas, o consumo aumentou e se elevaram também os preços. Nas bolsas de valores, o nível de negociações dos ativos financeiros disparou. As pessoas foram incentivadas a hipotecar suas casas em troca de dinheiro a juros abaixo do preço de mercado. Tudo parecia prosperar, quando se percebeu uma grande bolha de crise de liquidez. Os juros se elevaram e as pessoas passaram a não ter mais como honrar seus compromissos. Assim, os bancos e as financeiras que haviam emitido as hipotecas passaram a cobrar os credores das pessoas, que vão cobrar de quem não possuem dinheiro para pagar. Com juros altos, preço dos imóveis e consumo caindo, o mercado de ações despenca, provocando em valores monetários a maior crise econômica que o mundo capitalista viu. A crise teve início nos EUA, onde o primeiro grande banco a decretar falência foi Lehman Brothers, depois outras tantas empresas fecharam ou ameaçaram fechar as suas portas, como a GM, a Chrysler, a Ford e o City Bank. O governo americano teve que intervir novamente, colocando um fim aos discursos segundo os quais o mercado deve ser o verdadeiro regulador da economia. O governo socorreu as grandes empresas, os grandes bancos e o capital, porém não socorreu os pequenos investidores e as pessoas que ficaram sem seus empregos. A crise se alastrou pelo mundo derrubando as bolsas de valores e milhões de empregos, primeiramente na Europa com a Espanha e Grécia e depois nos demais países. No Brasil, a crise passou a ser CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 18 sentida a partir do final de 2013 e a se acentuou nos anos seguintes. Acessando o material on-line você confere a videoaula do professor Rodolfo sobre a crise de 2008. Para mais informações sobre a crise de 2008, acesse o link a seguir e assista a um vídeo explicativo: https://www.youtube.com/watch?v=ZyLzFSmbDVk Trocando Ideias Ficou com alguma dúvida ou tem um material interessante para compartilhar? Então entre no fórum! Veja também o que seus colegas têm a dizer, esse é o momento de compartilhar informação e conhecimento, não deixe de participar! Na Prática Converse com as pessoas que viveram antes da Constituição de 1988. Anote, veja e compare como eram asleis antes e depois dela. Pergunte também como era a inflação antes da década de 1990 no Brasil e qual impressão deles sobre a inflação hoje. Síntese O texto desta aula abordou as mudanças ocorridas no século XX, especialmente as principais crises econômicas e como elas transformaram o modo de produção capitalista. Foram abordados também a ascensão da Alemanha como grande império e os conflitos que levaram à Primeira Grande Guerra Mundial. Vimos que a destruição de muitos países europeus e as severas punições à Alemanha deixaram iminente a possibilidade de novos conflitos. A crise de 1929 mudou o capitalismo, e o Estado passou a intervir diretamente na economia. Com a explosão da Segunda Guerra Mundial, países CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 19 como o Brasil e os EUA cresceram economicamente durante o conflito. O Brasil também avançou no campo de benefícios aos trabalhadores e desenvolveu uma indústria de base. O fim da Segunda Guerra Mundial proporcionou a criação do FMI e do Banco Mundial para financiamento da reconstrução dos países destruídos pela guerra. A Guerra Fria entre URSS e os EUA forçaram revoluções e intervenções militares em muitos países. O fim da Guerra Fria trouxe de volta o discurso da não intervenção do Estado na economia, que foi superado durante a grande crise econômica de 2008. Não finalize seus estudos sem antes acessar o material on-line e conferir a síntese do professor Rodolfo! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 20 Referências ARAÚJO, Carlos Roberto Vieira. História do pensamento econômico: uma abordagem introdutória. São Paulo: Atlas, 2006. BATISTA, Paulo Nogueira. O Consenso de Washington: a visão neoliberal dos problemas latino-americanos. São Paulo: FAU-USP, 1994. FRANCO JUNIOR, Hilário; CHACON, Pulo Pan. História econômica geral. 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