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Universidade Federal do Rio de Janeiro Centro de Ciências da Saúde Instituto de Nutrição Josué de Castro Departamento de Nutrição Social e Aplicada Professora: Juliana Paulo e Silva Administração em Saúde Pública Aluna: Lisa Helena Corrêa de Moura 2018.1 AULA 1: História das Políticas de Saúde no Brasil ➔ Início do século XX até a década de 1980 No início do século XX, atividades de saúde pública começaram a ser realizadas no Brasil devido ao grande número de epidemias nas principais cidades. A abordagem autoritária de tais campanhas gerou revolta na população, o que acabou resultando na Revolta da Vacina em 1904. Nessa época, a população pobre tinha acesso apenas a atendimentos filantrópicos em hospitais de caridade mantidos pela igreja. Após a greve operária, Getúlio Vargas tomou posse em 1930 e passou a expandir o sistema de proteção social brasileiro, que foi mantido até o governo dos militares. Nesse período, o sistema de saúde era formado pelo Ministério da Saúde e subfinanciado pelo sistema de assistência médica da previdência social, que garantia acesso à saúde apenas para trabalhadores formais. Após o golpe militar, algumas reformas promoveram a expansão do sistema de saúde privada. Entre 1970 e 1974 foram disponibilizados recursos do orçamento federal para reforma e construção de hospitais privados. A responsabilidade pela oferta da atenção à saúde foi estendida aos sindicatos e instituições filantrópicas ofereciam assistência de saúde a trabalhadores rurais. O aumento da cobertura da previdência social e um mercado de saúde fundamentado em pagamentos a prestadores do setor privado com base nos serviços realizados originaram uma crise de financiamento na previdência social, que, junto com a recessão econômica da década de 80, aumentou a necessidade da reforma do sistema de saúde brasileiro. ➔ A Reforma Sanitária A saúde passou a ser analisada além do fator biológico, ganhando uma concepção social e política. Professores, pesquisadores e profissionais de saúde começaram a se engajar nas lutas dos movimentos de base e dos sindicatos. Em 1976, foi fundado o Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (CEBES), que organizou o movimento da reforma sanitária. Em 1979, formou-se Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (ABRASCO). As duas entidades proporcionaram uma base institucional para dar impulso às reformas. A partir daí, o movimento da reforma sanitária cresceu e formou aliança com parlamentares progressistas, gestores de saúde municipal e outros movimentos sociais. Em 1980 formou-se o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS). Em 1986, a 8ª Conferência Nacional de Saúde determinou a saúde como um direito do cidadão e, com base no desenvolvimento de múltiplas estratégias que permitiram a coordenação, a integração e a transferência de recursos entre as instituições de saúde federais, estaduais e municipais, projetou os fundamentos do SUS. O movimento da reforma sanitária foi aprovado durante a Assembleia Nacional Constituinte em 1987-1988, apesar da forte oposição. ➔ O Sistema de Saúde atual Atualmente, o sistema de saúde brasileiro é formado por uma rede complexa de prestadores e compradores de serviços que competem entre si, gerando uma combinação 1 público-privada financiada, sobretudo por recursos privados. O sistema possui três subsetores: o subsetor público, onde os serviços são financiados e providos pelo Estado nos níveis federal, estadual e municipal, incluindo os serviços de saúde militares; o subsetor privado (com fins lucrativos ou não), em que os serviços são financiados de diversas maneiras com recursos públicos ou privados; e, por último, o subsetor de saúde suplementar, com diferentes tipos de planos privados de saúde e de apólices de seguro, além de subsídios fiscais. Os componentes público e privado do sistema são distintos, mas estão interconectados, e as pessoas podem utilizar os serviços de todos os três subsetores, dependendo da facilidade de acesso ou de sua capacidade de pagamento. AULA 2: SUS - O desafio de ser universal. A saúde consta na Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, no artigo XXV, que define que todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar-lhe e a sua família, saúde e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis. Segundo o Art. 196 da Constituição: A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. - Sociais: Educação, lazer, segurança pública, previdência e assistência social – são capazes de reduzir o risco às doenças e agravos - Econômicas: Produção e distribuição da riqueza, acesso à terra, moradia, emprego, salário - Agravos: Acidentes, envenenamentos, violências - Universal: Possibilidade de todos os brasileiros poderem alcançar uma ação ou serviço de saúde de que necessitem sem qualquer barreira de acessibilidade (legal econômica, física, cultural) - Igualitário:Sem qualquer discriminação ou preconceito. - Promoção: Fomentar, cultivar, estimular, por intermédio de medidas gerais e inespecíficas a saúde e a qualidade de vida das pessoas e da comunidade. - Proteção: Reduzir ou eliminar riscos, por meio de ações específicas, como vacinação, combate a insetos transmissores de doenças, uso de cintos de segurança nos veículos, distribuição de preservativos, controle de qualidade da água, alimentos, medicamentos. - Recuperação: Diagnóstico precoce, tratamento oportuno e limitação do dano (doença ou agravo), evitando complicações e sequelas. 2 1. Sistema Único de Saúde Sistema de saúde: Conjunto de agências e agentes (serviços, estabelecimentos, profissionais, medicamentos, equipamentos, etc) cuja atuação tem como objetivo principal garantir a saúde das pessoas e das populações. O SUS é uma política de Estado construída pelas forças sociais que lutaram pela democracia e se organizaram no movimento pela Reforma Sanitária Brasileira (RSB), desencadeando diversos processos de mudança no âmbito jurídico, político, institucional, organizativo e operacional do sistema de saúde. A Reforma Sanitária Brasileira (RSB) tinha como proposta a ampliação do conceito de saúde (bem estar físico, mental e social), a garantia do direito da saúde à todos pelo Estado, além do acesso universal e equitativo de ações e serviços de prevenção de doenças, promoção e recuperação da saúde. Grupos de médicos e outros profissionais preocupados com a saúde pública desenvolveram teses e integraram discussões políticas. Este processo teve como marco institucional a 8ª Conferência Nacional de Saúde, realizada em 1986. Logo, o SUS é a expressão de uma política de estado que se fundamenta em uma concepção ampliada de saúde em uma perspectiva universalista do direito à saúde, traduzida em: - Princípios (valores) - Diretrizes (políticas e organizativas) - Dispositivos jurídicos (leis e normas) 1.1. Princípios do SUS O SUS possui princípios finalísticos, que expressam a natureza do sistema que se pretende conformar, como universalidade, equidade, integralidade; e princípios estratégicos, que dizem respeito a como deve vir a ser construído o sistema que se quer institucionalizar, como descentralização, regionalização, hierarquização e participação social. ➔ Universalidade Determina que todos os cidadãos brasileiros, sem qualquer tipo de discriminação, têm direito ao acesso às ações e serviços de saúde.Antes do SUS, apenas pessoas com vínculo formal de trabalho (carteira assinada) ou que estavam vinculadas à previdência social poderiam dispor dos serviços públicos de saúde. A opção para as demais pessoas era pagar pelos serviços privados. Exemplo: A distribuição gratuita de medicamentos para várias doenças crônicas e a reconhecida Política Nacional de DST/AIDS ➔ Equidade O objetivo desse princípio é diminuir desigualdades. Apesar de todas as pessoas possuírem direito aos serviços, as pessoas não são iguais e, por isso, têm necessidades 3 distintas. Em outras palavras, equidade significa tratar desigualmente os desiguais, investindo mais onde a carência é maior. O princípio da equidade também norteia políticas de saúde, reconhecendo necessidades de grupos específicos e atuando para reduzir o impacto dos determinantes sociais da saúde aos quais estão submetidos. Exemplo: Classificação de risco utilizada em hospitais, onde a prioridade no atendimento é definida por critérios combinados de ordem de chegada, urgência e gravidade. ➔ Integralidade Este princípio considera as pessoas como um todo, atendendo a todas as suas necessidades. Para isso, é importante a integração de ações, incluindo a promoção da saúde, a prevenção de doenças, o tratamento e a reabilitação. Juntamente, o princípio de integralidade pressupõe a articulação da saúde com outras políticas públicas, para assegurar uma atuação intersetorial entre as diferentes áreas que tenham repercussão na saúde e qualidade de vida dos indivíduos. ➔ Regionalização Os serviços devem ser organizados em níveis crescentes de complexidade, circunscritos a uma determinada área geográfica, planejados a partir de critérios epidemiológicos, e com definição e conhecimento da população a ser atendida. A regionalização é um processo de articulação entre os serviços que já existem, visando o comando unificado dos mesmos. Já a hierarquização deve proceder à divisão de níveis de atenção e garantir formas de acesso a serviços que façam parte da complexidade requerida pelo caso, nos limites dos recursos disponíveis numa dada região. ➔ Descentralização Descentralizar é redistribuir poder e responsabilidade entre os três níveis de governo. Com relação à saúde, descentralização objetiva prestar serviços com maior qualidade e garantir o controle e a fiscalização por parte dos cidadãos. No SUS, a responsabilidade pela saúde deve ser descentralizada até o município, ou seja, devem ser fornecidas ao município condições gerenciais, técnicas, administrativas e financeiras para exercer esta função. Para que valha o princípio da descentralização, existe a concepção constitucional do mando único, onde cada esfera de governo é autônoma e soberana nas suas decisões e atividades, respeitando os princípios gerais e a participação da sociedade. ➔ Participação Social A participação social é também denominada “participação comunitária” no contexto da saúde, sendo estabelecida e regulada pela Lei nº 8.142/90, a partir da criação de Conselhos de Saúde e Conferências de Saúde, nas três esferas de governo, bem como de colegiados de gestão nos serviços de saúde. Busca-se, desta maneira, que atores sociais historicamente não incluídos nos processos decisórios do país participem, com o objetivo de influenciarem a definição e a execução da política de saúde. 4 Os Conselhos de Saúde são órgãos deliberativos que atuam como espaços participativos estratégicos na reivindicação, formulação, controle e avaliação da execução das políticas públicas de saúde. Já as Conferências de Saúde consistem em fóruns públicos que acontecem de quatro em quatro anos, por meio de discussões realizadas em etapas locais, estaduais e nacional, com a participação de segmentos sociais representativos do SUS (prestadores, gestores, trabalhadores e usuários), para avaliar e propor diretrizes para a formulação da política de saúde. AULA 3: Modelos de Atenção à Saúde Os modelos de Atenção à Saúde tratam da forma de organização das unidades de prestação de serviços de saúde, ou seja, uma maneira de organização dos estabelecimentos de saúde (centros de saúde, policlínicas, hospitais). A mudança dos modelos preconiza a reorganização dos serviços e reorientação das práticas e do processo de trabalho em saúde. Os modelos de Atenção em Saúde articulam-se entre três dimensões: - Gerencial: mecanismos de condução do processo de reorganização das ações e serviços - Organizativa: estabelecimento das relações entre as unidades de prestação de serviços, levando em conta a hierarquização dos níveis de complexidade tecnológica do processo de produção em ações de saúde 5 - Técnico-assistencial (operativa): relações estabelecidas entre os sujeitos das práticas e seus objetos de trabalho, relações estas mediadas pelo saber e tecnologia que operam no processo de trabalho em saúde nos planos de promoção, prevenção, recuperação e reabilitação. 1. Práticas em saúde Podem ser promocionais, preventivas, assistenciais ou reabilitadoras. - Práticas de promoção: medidas de melhoria das condições gerais de vida e trabalho, incluindo ações de educação e comunicação em saúde – adoção de modos de vida saudáveis; Objeto: determinantes do processo saúde-doença - Práticas preventivas: Medidas específicas de prevenção de riscos e danos à saúde – vigilância epidemiológica e sanitária; Objeto: riscos a que as pessoas/grupos se expõem - Práticas assistenciais: cuidados dispensados às pessoas doentes; Objeto: doença/doente - Práticas reabilitadoras: medidas de recuperação da saúde e reabilitação das funções vitais – Pessoas com deficiências genético-hereditárias ou com sequelas de doenças e acidentes. 2. Modelos de atenção predominantes no Brasil Ao longo do século XX foram constituídos dois modelos distintos de atenção à saúde da população: Modelo médico-assistencial hospitalocêntrico e o Modelo sanitarista. ➔ Características dos modelos vigentes 6 O modelo predominante (hegemônico) é baseado na atenção médica (médico-centrado), centrado na produção de procedimentos e com ênfase no indivíduo doente, isolando-o de seu contexto social. Fragmenta o cuidado em saúde (especialidades) e possui atuação desarticulada, desintegrada e pouco cuidadora. Nele, o atendimento pouco eficaz e resolutivo, consome acriticamente tecnologias. Por ser hospitalocêntrico, desconhece outros níveis de assistência e medicaliza todas as questões, não se articulando com outras práticas terapêuticas ou racionalidades. Atende apenas a demanda que o procura e não avalia sistematicamente seus resultados, o que o torna um sistema de alto custo. A crise do modelo hegemônico teve início em 1970 a partir da redução da efetividade diante da transição epidemiológica, insatisfação dos profissionais trabalhadores, Insatisfação/perda da credibilidade /confiança pelos usuários e elevação dos custos. Para sair da crise, busca-se a criação de um novo modelo. ➔ Novo modelo: Usuário-Centrado - Acesso/ Acolhimento; - Vínculo/ Responsabilização (nova relação profissional de saúde-usuário); - Trabalho em equipe e multidisciplinar; - Integralidade da atenção – níveis, tecnologias e recursos; - Prática clínica cuidadora - Gestores do cuidado ou cuidadores monitorando e articulando as diversas intervenções em saúde através do acompanhamento do caminhar do usuário pela rede de serviços; - Eficiência – custo/efetividade; - Resolubilidade; - Qualidade da atenção (acesso, continuidade, coordenação e satisfação); - Profissionalização e democratização dos serviços; - Articulação em Rede. 7 2. Vigilância em Saúde Entendida como uma forma de organização das práticas de saúde que contempla a articulação das açõesde PROMOÇÃO da saúde, PREVENÇÃO e CONTROLE de riscos, ASSISTÊNCIA e REABILITAÇÃO, de modo a se desenvolver uma atenção integral a problemas de saúde e seus determinantes, a necessidade e demandas da população em territórios específicos. No contexto da Saúde Pública, atenta-se ao processo sistemático e contínuo de coleta, análise e interpretação de dados relacionados à saúde e sua oportuna disseminação para fins de controle e prevenção de doenças e agravos (redução da morbidade e da mortalidade). A Vigilância tem como objetivo a análise permanente da situação de saúde da população e consequente organização e execução de ações, medidas, procedimentos oportunos e pertinentes ao controle de determinantes, riscos e danos à saúde da população incluindo abordagens individuais e coletivas dos problemas identificados. Articula-se a partir de técnicas e conhecimentos de base multidisciplinar, requeridos pelo trabalho: na vigilância epidemiológica, vigilância da situação de saúde, vigilância em saúde ambiental, vigilância da saúde do trabalhador e na vigilância sanitária. Para a sua construção necessita: - Atuar sobre problemas de saúde (danos, riscos e/ou determinantes); - Focar nos problemas que exigem atenção e acompanhamento contínuos; - Operar sob o conceito epidemiológico de risco; - Articular promoção, prevenção, tratamento e reabilitação; - Atuar de forma intersetorial; - Desenvolver ações sobre o território. ➔ Pilares da Vigilância em Saúde TERRITÓRIO: Entendido como Território-Processo, espaço em permanente construção, produto de uma dinâmica social constituída por sujeitos sociais, arena política, transcende a uma superfície-solo. PROBLEMA DE SAÚDE: É a representação social de necessidades de saúde, derivadas das condições de vida, percepção de uma discrepância entre a realidade e uma norma ou referência, ou seja, é a identificação de uma diferença entre o que é e o que deveria ser. INTERSETORIALIDADE: A intersetorialidade busca vinculação, reciprocidade e complementaridade na ação humana; o conceito positivo de saúde não se restringe ao setor saúde, pois implica em qualidade de vida. Pressupõe o desenvolvimento da capacidade de observar e analisar os problemas de saúde da população, em seu território, em uma perspectiva interessada. 8 9 AULA 4: Desafios do SUS no século XXI: Integralidade, regionalização e Redes de Atenção à Saúde O SUS vive uma grave crise atualmente. Em parte, como reflexo da conjuntura nacional em que se combinam crises econômica e política; em parte, em função de problemas estruturais que não foram solucionados ao longo de sua existência. As principais mazelas da saúde devem ser resolvidas com a devida organização do SUS em Redes de Atenção à Saúde (RAS) coordenadas pela Atenção Primária à Saúde (APS). ➔ Atenção Básica - Tecnologias de baixa densidade Conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que abrangem a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a manutenção da saúde. É desenvolvida por meio do exercício de práticas gerenciais e sanitárias, democráticas e participativas, sob forma de trabalho em equipe, e dirigidas a populações de territórios bem delimitados, pelas quais assume a responsabilidade sanitária, considerando a dinamicidade existente no território em que vivem essas populações. Utiliza tecnologias de elevada complexidade e baixa densidade, que devem resolver os problemas de saúde de maior frequência e relevância em seu território. É o contato preferencial dos usuários com os sistemas de saúde. ➔ Média complexidade ambulatorial Ações e serviços que visam atender aos principais problemas e agravos de saúde da população, cuja complexidade da assistência na prática clínica demande a disponibilidade de profissionais especializados e a utilização de recursos tecnológicos, para o apoio diagnóstico e tratamento. Ex: procedimentos especializados realizados por profissionais médicos, outros profissionais de nível superior e nível médio; cirurgias ambulatoriais especializadas; procedimentos traumato-ortopédico; ações especializadas em odontologia; etc. ➔ Alta Complexidade Conjunto de procedimentos que, no contexto do SUS, envolve alta tecnologia e alto custo, objetivando propiciar à população acesso a serviços qualificados, integrando-os aos demais níveis de atenção à saúde (atenção básica e de média complexidade). Ex: assistência ao paciente portador de doença renal crônica (por meio dos procedimentos de diálise); assistência ao paciente oncológico; cirurgia cardiovascular; terapia nutricional; etc. 1. Redes de Atenção à Saúde (RAS) São arranjos organizativos de ações e serviços de saúde, de diferentes densidades tecnológicas, que integradas por meio de sistemas de apoio técnico, logístico e de gestão, buscam garantir a integralidade do cuidado. 10 “São organizações poliárquicas de conjuntos de serviços de saúde, vinculados entre si por uma missão única, por objetivos comuns e por uma ação cooperativa e interdependente, que permitem ofertar uma atenção contínua e integral a determinada população, coordenada pela atenção primária à saúde - prestada no tempo certo, no lugar certo, com o custo certo, com a qualidade certa e de forma humanizada -, e com responsabilidades sanitárias e econômicas por esta população”. ➔ Fundamentos normativos das RAS ● Art. 198 da CF/88: “As ações e os serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único organizado de acordo com as diretrizes de descentralização, atendimento integral e participação da comunidade”. ● Lei 8.080, 1990: Art. 7o, inciso II: “(...) integralidade de assistência, entendida como conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos, curativos, individuais e coletivos (....)” Art. 10o aponta “arranjos organizacionais para as redes loco-regionais através de consórcios intermunicipais e distritos de saúde como forma de integrar e articular recursos e aumentar a cobertura das ações. ● Portaria 4.279 de 30/12/2010: Estabelece diretrizes para organização da RAS no âmbito da SUS ● DECRETO 7.508 DE 28 DE JUNHO DE 2011 - CAPÍTULO II - Organização do SUS Art. 5o Para ser instituída, a Região de Saúde deve conter, no mínimo, ações e serviços de: I - atenção primária; II - urgência e emergência; III - atenção psicossocial; IV - atenção ambulatorial especializada e hospitalar; e V - vigilância em saúde. Comissão Intergestores Tripartites (CIT): Instância de articulação e pactuação na esfera federal que atua na direção nacional do SUS, integrada por gestores do SUS das três esferas de governo - União, estados, DF e municípios. A representação de estados e municípios nessa Comissão é regional, sendo um representante para cada uma das cinco regiões no País. Nesse espaço, as decisões são tomadas por consenso e não por votação. Comissão Intergestores Bipartites (CIB): Espaços estaduais de articulação e pactuação política que objetivam orientar, regulamentar e avaliar os aspectos operacionais do processo de descentralização das ações de saúde. 11 São constituídas, paritariamente, por representantes do governo estadual, indicados pelo Secretário de Estado da Saúde, e dos secretários municipais de Saúde, indicados pelo órgão de representação do conjunto dos municípios do Estado (Conselho de Secretários Municipais de Saúde - Cosems) Comissões Intergestores Regionais (CIR): São estruturas criadas pelo Pacto pela Saúde, com o intuito de qualificar o processo de regionalização no SUS, garantindo o exercício da ação cooperativa entre os gestores nas regiões de saúde, formando um espaço de governança em âmbitoregional. ➔ Objetivos das RAS - O alcance de um grau ótimo de saúde, distribuído de forma equitativa; - A garantia de uma proteção adequada dos riscos para todos os cidadãos; - O acolhimento humanizado de todos os cidadãos; - A garantia da prestação de serviços efetivos e de qualidade; - Garantia da prestação de serviços com eficiência. 12 As rede de atenção à saúde devem ser: - Organizadas por critérios de eficiência microeconômica na aplicação dos recursos. - Integradas a partir da complementaridade de diferentes densidades tecnológicas. - Objetivadas pela provisão de atenção contínua, integral, de qualidade, responsável e humanizada à saúde. - Construídas mediante planejamento, gestão e o financiamento intergovernamentais cooperativos - Voltadas para as necessidades populacionais de cada espaço regional singular 13 ➔ Características das RAS - Formação de relações horizontais entre os pontos de atenção, tendo Atenção Básica como centro de comunicação, porta de entrada principal, coordenadora do cuidado e ordenadora da RAS - Centralidade nas necessidades de saúde da população - Responsabilização por atenção contínua e integral - Cuidado multiprofissional - Compartilhamento de objetivos e compromissos com resultados sanitários e econômicos ➔ Componentes das RAS A estrutura operacional das redes de atenção à saúde compõe-se de cinco componentes: - Pontos de atenção à saúde: lugares institucionais onde se ofertam serviços de saúde. Ex: domicílios, UBS, unidades ambulatoriais, centro de apoio psicológico - Centro de comunicação - atenção básica: responsável por coordenar os fluxos e os contrafluxos dos usuários no sistema de serviços de saúde Acolhimento com classificação de risco clínico e social, ampliação do acesso, integralidade da atenção, implantação de diretrizes clínicas, vinculação e identificação de risco, SAÚDE DA FAMÍLIA como eixo principal, mas considerando os demais formatos organizativos da AB. - Sistemas logísticos: busca a integração dos pontos de atenção à saúde, sustentando-se através de potentes tecnologias de informação. Ex: cartão de identificação do SUS, prontuários eletrônicos - Sistemas de apoio: são constituídos pelos sistemas de apoio diagnóstico e terapêutico: patologia clínica, imagens, entre outros. Ex: exames laboratoriais, assistência farmacêutica - Sistema de governança: recurso de caráter organizativo responsável pelo gerenciamento e integração funcional dos componentes das redes no Sistema Único de Saúde - SUS. O Ministério da Saúde está priorizando a construção de redes temáticas, com ênfase em algumas linhas de cuidado: - Rede Cegonha: Atenção obstétrica e neonatal - Rede de Atenção às Urgências: IAM e AVE - Rede de Atenção Psicossocial: Enfrentamento do Álcool, Crack e outras Drogas - Rede de Atenção Oncológica: câncer de mama e do colo do útero, como início do esforço concentrado para o cuidado articulado com as doenças crônicas Há, na literatura internacional, provinda de vários países, evidências de boa qualidade de que as redes de atenção à saúde podem melhorar a qualidade clínica, os resultados sanitários, a satisfação dos usuários e reduzir os custos dos sistemas de atenção à saúde. 14 Esses resultados foram positivos em várias situações: na atenção às pessoas idosas; na saúde mental; no controle do diabetes; no aumento da satisfação dos usuários; no controle de doenças cardiovasculares; no controle de doenças respiratórias crônicas e na redução da utilização de serviços especializados. 15 AULA 5: Financiamento do SUS O Sistema Único de Saúde (SUS) tem uma clientela potencial de quase 200 milhões de pessoas, já que a Constituição de 1988 consagrou o acesso gratuito à Saúde como direito fundamental de todo cidadão, sem qualquer pré-condição. Embora caiba ao setor privado atuar de forma complementar ao serviço público de Saúde, 70% da população brasileira depende do SUS como único meio de acesso aos serviços de Saúde. O tamanho da clientela nos dá a dimensão da responsabilidade social do SUS e, ao mesmo tempo, do desafio de financiar o sistema – um debate que se arrasta desde a promulgação da Constituição até os dias atuais. Nesses mais de 20 anos da Constituição, o Sistema Único de Saúde (SUS) consolidou- -se como uma das mais importantes políticas sociais do Estado brasileiro, sob responsabilidade da União, dos estados e dos municípios. Falta, porém, evoluir o debate e construir um novo modelo de financiamento capaz de dar sustentabilidade ao sistema, de suportar as pressões de custos e evitar a obsolescência da rede de atendimento. É preciso mais recursos públicos e, simultaneamente, extrair mais saúde com o mesmo dinheiro. De acordo com a Constituição, a participação da União no SUS seria feita com recursos do Orçamento da Seguridade Social (OSS), dos quais viriam os recursos para a Saúde, Previdência e Assistência Social. Até que a regra de financiamento para a União fosse explicitada por lei complementar, a Saúde deveria ficar com 30% desse orçamento. Porém, na prática, este repasse nunca ocorreu. Este fato deu ensejo a vários projetos de emenda à Constituição, elaborados por deputados e senadores durante a década de 1990, com vistas a definir a regra de aplicação de recursos da União em Saúde. C 1. Introdução - Histórico do Financiamento No início do século XX surgiram iniciativas orientadas pelo preceito de seguro social – cobertura restrita aos associados, sendo o benefício uma contrapartida da contribuição. As demandas por proteção social intensificaram-se com o maior grau de organização dos novos trabalhadores urbano-industriais do início do século XX. Mas o modelo permanecia o mesmo, restrito a alguns segmentos. Não se pensava ainda que a sociedade como um todo, representada pelo Estado, deveria ser responsável por dar condições dignas de sobrevivência com proteção social a todos os seus cidadãos. Os trabalhadores organizados criavam associações de auxílio mútuo, mantidas com suas contribuições, para socorrer seus associados em momentos adversos como os de doença, invalidez e morte. Em 1923, fruto do crescimento industrial e da maior mobilização dos trabalhadores, foi criada a Lei Eloy Chaves que instituiu as “Caixas de Aposentadoria e Pensão- CAPs” que consistiam num fundo criado pelas empresas, com a contribuição dos empregados, para financiar a aposentadoria dos trabalhadores e a sua assistência médica. A criação das CAPs representou um avanço, pois estabeleceu uma política de garantia de ações de saúde e assistência. Contudo, consolidou a lógica de que só tinha direito à saúde quem contribuísse financeiramente. Além do mais, restringiu a atenção à saúde em ações médico-hospitalares. 16 Na década de 1930, Getúlio Vargas transforma as CAPs em Institutos de Aposentadoria e Pensão - IAPs, unificando as diversas CAPs de uma mesma categoria. Com a centralização da administração dos recursos, foi possível ampliar e estender os benefícios, já que na forma anterior as pequenas empresas encontravam dificuldades de organizar as suas CAPs. Os IAPs passaram a gerenciar grandes somas de recursos, pois o número de empregados com carteira assinada que contribuíam com os institutos crescia bastante e a quantidade de aposentados ainda era pequena. No entanto, o direito à saúde continuava restrito a quem contribuísse. Devemos salientar, também, que os IAPs dedicavam apenas uma pequena parcela para a saúde. Alguns investiam 33% dos recursos (como era o caso dos bancários); outros destinavam menos de 10% (como era o caso dos industriários, com 8,6%). Em 1966, os diversos IAPs são unificados no Instituto Nacional de Previdência Social– INPS, centralizando definitivamente a administração dos recursos e mantendo a lógica do direito apenas para quem contribuia. Aos indivíduos excluídos do mercado formal de trabalho, uma dupla penalidade: além da privação de melhores condições de trabalho associadas ao registro em carteira, a exclusão da cobertura médico-hospitalar, assistencial e previdenciária. Restava-lhes disputar com os mais pobres e indigentes a rede de assistência ofertada pelas Santas Casas de Misericórdia. Portanto, havia uma segmentação no cuidado à saúde. De um lado, a assistência médica integral aos trabalhadores do mercado formal; de outro, um atendimento residual aos pobres e indigentes sob a forma de caridade e filantropia. Para todos, somente as ações de saúde coletiva como as grandes campanhas de vacinação contra doenças transmissíveis. Esse modelo perdurou até 1988. A Constituição Federal de 1988 rompeu com o padrão e institucionalizou o conceito de seguridade social com a garantia de direitos básicos e universais de cidadania, independente de contribuição ou condição social. Todos, sem qualquer distinção, têm direito à saúde pública, à assistência social, ao seguro-desemprego e à cobertura previdenciária. 2. Do Seguro à Seguridade A instituição da Seguridade Social, em um conceito mais amplo de direitos, exigia maior aporte de recursos para suportar o aumento de gastos. Então, a Constituição dotou a seguridade social de um orçamento próprio, o Orçamento da Seguridade Social (OSS), que possui diversas fontes. Ao instituir diversas fontes de receita do OSS, os constituintes pretendiam dar maior segurança ao financiamento da política social, afastando o risco de dependência de uma única fonte. O modelo anterior de seguro, sustentado na contribuição sobre a folha de pagamento, dependia do comportamento do mercado de trabalho como o aumento do desemprego, por exemplo, que reduzia a arrecadação e criava dificuldades para a manutenção do sistema. Mesmo assim, ainda se procura um meio de assegurar, de forma estável, os recursos necessários às ações e serviços públicos de Saúde. O fato é que a Constituição consolidou o conceito de seguridade social com direitos iguais para todos e respeito à dignidade da pessoa humana. E o cumprimento da determinação constitucional demanda recursos financeiros. 17 A Seguridade Social, segundo o art. 194 da CF 1988, “compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinado a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social” (BRASIL, 1988). A nova Carta introduziu o conceito de seguridade social em uma clara ruptura com a lógica de seguro social que historicamente regia as iniciativas de proteção no País. Foi esse rompimento que possibilitou instituir o direito universal à saúde, bem como estender e regulamentar os direitos assistenciais, trabalhistas e previdenciários. Com essa transformação, a saúde, a assistência social e a previdência passaram a constituir direitos da cidadania assegurados no âmbito da Seguridade Social. Para garantir os recursos financeiros necessários à seguridade social, incluindo o SUS, a Assembleia Nacional Constituinte criou contribuições com destinação exclusiva à saúde, previdência e assistência social, e ainda previu a possibilidade de aporte extra de recursos oriundos de impostos. A Constituição estabeleceu ainda que os recursos das contribuições para a seguridade social só podem ser usados em ações do sistema de proteção social; já os impostos são destinados às diversas ações do governo, inclusive para completar o financiamento da seguridade social. Estabelece ainda a obrigatoriedade de estados e municípios participarem do financiamento do SUS. Com a promulgação da Emenda Constitucional nº 29 (BRASIL, 2000a), são fixados percentuais de gasto em Saúde para estados e municípios, respectivamente 12% e 15 % de suas receitas próprias. Porém, relativamente à regra de aplicação de recursos pela União em Saúde, abandona-se a vinculação a um percentual de receitas do Orçamento da Seguridade Social. O orçamento federal da Saúde passa a ser orientado por um piso mínimo, obtido a partir da correção dos valores de despesa empenhada no ano anterior pela variação nominal 18 do PIB (crescimento econômico mais a inflação), até edição de lei complementar, que definiria o mecanismo de fixação do orçamento da Saúde. 3. Financiamento O art. 31 e ss., da Lei nº 8.080/90, define a forma de financiamento do Sistema Único de Saúde, sendo que o orçamento da Seguridade Social é destinado ao SUS, de acordo com a receita estimada, os recursos necessários à realização de suas finalidades, previstos em proposta elaborada pela sua direção nacional, com a participação dos órgãos da Previdência Social e da Assistência Social, tendo em vista as metas e prioridades estabelecidas na Lei de Diretrizes Orçamentárias. De acordo com a legislação, o financiamento do Sistema Único de Saúde é responsabilidade da União, dos Estados e dos municípios. A Lei Complementar nº 141, de 13 de janeiro de 2012, define os percentuais de investimento financeiro de cada um no SUS. Municípios e o Distrito Federal devem aplicar no mínimo 15% da arrecadação de imposto em ações e serviços públicos de saúde por ano. Já o Estado, 12%. Para o governo federal, o total aplicado deve corresponder ao valor comprometido no exercício financeiro antecedente, adicionado do percentual relativo à variação do Produto Interno Bruto (PIB) do ano anterior ao da lei orçamentária anual. A não definição, em lei, do mínimo necessário deixa o financiamento da saúde refém da vontade política e da disponibilidade, ou não, de caixa. ➔ Lei 8.142/90 e o financiamento do SUS A Lei 8.142 é criada para normatizar a participação da comunidade na gestão do SUS e as transferências de recursos do Ministério da Saúde para as outras esferas de governo. Nos artigos 2º e 3º, ela trata do “Fundo Nacional de Saú- de” (FNS), e diz como e onde os recursos desse fundo serão investidos. O artigo 2º deixa claro que eles só podem ser utilizados para financiar os custos próprios do Ministério da Saúde; os custos com ações de saúde previstos no Orçamento e, principalmente, os custos das transferências de recursos para 19 os estados, o Distrito Federal e os municípios destinados à implementação de ações e serviços de saúde. O objetivo dessa lei é definir em que devem ser investidos os recursos da saúde. 20 Mesmo com a vinculação de receitas de impostos e a crescente participação dos estados, Distrito Federal e municípios no financiamento das ações e serviços públicos de Saúde, há necessidade de buscar novas fontes de recursos como forma de garantir o atendimento do princípio da universalidade, norteador do SUS. De modo geral, as fontes de receitas para o financiamento da Saúde são provenientes de: i. Para estados e municípios: a) impostos, multas, juros de mora e outros encargos decorrentes dos impostos; b) dívida ativa dos impostos, multas, juros de mora, atualização monetária e outros encargos da dívida ativa dos impostos; c) receitas de transferências constitucionais e legais; d) transferência de recursos do SUS; e) transferências voluntárias; f) receitas de operações de crédito vinculadas à Saúde; g) outras receitas orçamentárias. ii. Para União: fontes do orçamento da Seguridade Social. Com as alterações promovidas pela EC nº 29/2000, modificou-se a fonte de recursos do SUS: com a fixação constitucional do cálculo baseado no orçamento executado acrescido da variação nominal do Produto Interno Bruto (PIB), o Orçamento da Seguridade Social, mantido pelas contribuições, deixou de ser referência para a Saúde.21 ➔ Normas Operacionais Básicas No que se refere à capacidade de efetivação da política nacional de saúde, deve-se sempre considerar que estados e municípios se encontravam em diferentes estágios em relação às novas funções gestoras previstas no novo arcabouço legal. O processo de descentralização do sistema de saúde levou os municípios, com base na redefinição de funções e atribuições das diferentes instâncias gestoras do SUS, a assumirem papel de atores estratégicos, em virtude da sua competência constitucional, para prestar, com a cooperação técnica financeira da União e dos estados, serviços e atendimento à saúde da população. Como bem alertam Noronha, Lima e Machado (2008), “A base da regulação federal sobre a descentralização é a normatização.” Como uma das principais estratégias para esse fim, é constituído um arcabouço normativo que, nos anos 1990, é representado por quatro Normas Operacionais Básicas (NOB), de 1991, 1992 (similar à anterior), 1993 e 1996. Na década de 2000, foi publicada a Norma Operacional da Assistência à Saúde (Noas), nas versões 2001 e 2002, e, em 2006, as portarias relativas ao Pacto pela Saúde. As normas operacionais são fruto de um processo político de pactuação intergestores que, após a Lei Orgânica da Saúde, vem criando condições privilegiadas de negociação política no processo de descentralização e de construção do Sistema Único de Saúde. ➔ Sistema em crise permanente - Limitações - Herança do modelo de seguro social: Contribuição dos beneficiários e no pagamento dos prestadores de serviços privados afetando a característica das ações de tipo assistencial, com forte ênfase na especialização crescente da medicina e uso de tecnologias de diagnóstico e terapia. - Política econômica neoliberal a partir dos anos 90 - Endividamento Público: Dívida externa e interna submeteram a política social como um todo e o setor saúde - Crise Financeira da Previdência Social: Agravamento da crise da previdência levou a interrupção da transferência de recursos previdenciários para a saúde 22 AULA 6: Política Nacional de Promoção à Saúde A PNPS tem como objetivo geral promover a equidade e a melhoria das condições e dos modos de viver, ampliando a potencialidade da saúde individual e coletiva e reduzindo vulnerabilidades e riscos à saúde decorrentes dos determinantes sociais, econômicos, políticos, culturais e ambientais. ➔ Temas prioritários da PNPS - Formação e educação permanente - Alimentação saudável e adequada - Práticas corporais e atividade física - Enfrentamento do uso do tabaco e seus derivados - Enfrentamento do uso abusivo de álcool - Promoção da mobilidade segura e sustentável - Promoção da cultura da paz e de direitos humanos - Promoção do desenvolvimento sustentável 23 ➔ Promoção x Prevenção A Política Nacional de Promoção da Saúde é uma política transversal, integrada e intersetorial, que favoreça o diálogo entre as diversas áreas do setor sanitário, os outros setores do Governo e a sociedade, compondo redes de compromisso e corresponsabilidade com a qualidade de vida da população onde todos são partícipes no cuidado com a vida. ➔ Ações promovidas - Divulgação e implementação da PNPS - Promoção do desenvolvimento sustentável - Alimentação saudável - Prática corporal/Atividade física - Prevenção e controle do tabagismo - Redução da morbimortalidade em decorrência do uso abusivo do álcool e outras drogas - Redução da morbimortalidade por acidentes de trânsito - Prevenção da violência e estímulo à cultura de paz 24 AULA 7: Política Nacional de Atenção Básica e Estratégia de Saúde da Família A Atenção Primária à Saúde (APS) pressupõe um conjunto de ações individuais e coletivas relacionadas à promoção e proteção da saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento e reabilitação – redução de danos, cuidados paliativos e vigilância à saúde, desenvolvidas por meio de práticas de cuidado integrado e gestão qualificadas, realizadas em equipe multiprofissional e dirigidas a populações de territórios definidos, sobre as quais as equipes assumem responsabilidade sanitária. 1. Atenção Básica - Principal porta de entrada e centro de comunicação da RAS, coordenadora do cuidado e ordenadora das ações e serviços disponibilizados na rede - Deve ser ofertada integralmente e gratuitamente a todas as pessoas de acordo com suas necessidades e demandas do território, considerando os determinantes e condicionantes da saúde; proibida qualquer exclusão baseada em idade, gênero, raça/cor, etnia, crença, nacionalidade, orientação sexual, identidade de gênero, estado de saúde, condição socioeconômica, escolaridade, limitação física, intelectual, funcional e outras, com estratégias que permitam minimizar desigualdades/iniquidades, evitem exclusão social de grupos que sofram estigmatização ou discriminação, de maneira que impacte na autonomia e na situação de saúde. ➔ Princípios e Diretrizes do SUS e da Rede de Atenção à Saúde a serem operacionalizados na Atenção Básica a) Princípios: I – Universalidade; II – Equidade; III – Integralidade; b) Diretrizes: I - Regionalização e Hierarquização: II - Territorialização e População adstrita; III - População Adscrita; IV - Cuidado centrado na pessoa; V - Resolutividade; VI - Longitudinalidade do cuidado; VII - Coordenação do cuidado; VIII - Ordenação da rede; IX - Participação da comunidade. 25
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