Buscar

Administração em Saúde Pública

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Universidade Federal do Rio de Janeiro 
Centro de Ciências da Saúde 
Instituto de Nutrição Josué de Castro 
Departamento de Nutrição Social e Aplicada 
Professora: Juliana Paulo e Silva 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Administração em Saúde Pública 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aluna: Lisa Helena Corrêa de Moura 
 
2018.1 
 
 
AULA 1: História das Políticas de Saúde no Brasil 
 
➔ Início do século XX até a década de 1980 
 No início do século XX, atividades de saúde pública começaram a ser realizadas no 
Brasil devido ao grande número de epidemias nas principais cidades. A abordagem autoritária 
de tais campanhas gerou revolta na população, o que acabou resultando na Revolta da Vacina 
em 1904. Nessa época, a população pobre tinha acesso apenas a atendimentos filantrópicos 
em hospitais de caridade mantidos pela igreja. 
Após a greve operária, Getúlio Vargas tomou posse em 1930 e passou a expandir o 
sistema de proteção social brasileiro, que foi mantido até o governo dos militares. Nesse 
período, o sistema de saúde era formado pelo Ministério da Saúde e subfinanciado pelo 
sistema de assistência médica da previdência social, que garantia acesso à saúde apenas para 
trabalhadores formais. Após o golpe militar, algumas reformas promoveram a expansão do 
sistema de saúde privada. Entre 1970 e 1974 foram disponibilizados recursos do orçamento 
federal para reforma e construção de hospitais privados. A responsabilidade pela oferta da 
atenção à saúde foi estendida aos sindicatos e instituições filantrópicas ofereciam assistência 
de saúde a trabalhadores rurais. 
O aumento da cobertura da previdência social e um mercado de saúde fundamentado 
em pagamentos a prestadores do setor privado com base nos serviços realizados originaram 
uma crise de financiamento na previdência social, que, junto com a recessão econômica da 
década de 80, aumentou a necessidade da reforma do sistema de saúde brasileiro. 
 
➔ A Reforma Sanitária 
A saúde passou a ser analisada além do fator biológico, ganhando uma concepção 
social e política. Professores, pesquisadores e profissionais de saúde começaram a se engajar 
nas lutas dos movimentos de base e dos sindicatos. 
Em 1976, foi fundado o Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (CEBES), que organizou 
o movimento da reforma sanitária. Em 1979, formou-se Associação Brasileira de 
Pós-Graduação em Saúde Coletiva (ABRASCO). As duas entidades proporcionaram uma base 
institucional para dar impulso às reformas. A partir daí, o movimento da reforma sanitária 
cresceu e formou aliança com parlamentares progressistas, gestores de saúde municipal e 
outros movimentos sociais. Em 1980 formou-se o Conselho Nacional de Secretários de Saúde 
(CONASS). 
Em 1986, a 8ª Conferência Nacional de Saúde determinou a saúde como um direito do 
cidadão e, com base no desenvolvimento de múltiplas estratégias que permitiram a 
coordenação, a integração e a transferência de recursos entre as instituições de saúde 
federais, estaduais e municipais, projetou os fundamentos do SUS. 
O movimento da reforma sanitária foi aprovado durante a Assembleia Nacional 
Constituinte em 1987-1988, apesar da forte oposição. 
 
➔ O Sistema de Saúde atual 
Atualmente,​ ​o sistema de saúde brasileiro é formado por uma rede complexa de 
prestadores e compradores de serviços que competem entre si, gerando uma combinação 
1 
público-privada financiada, sobretudo por recursos privados. O sistema possui três subsetores: 
o subsetor público, onde os serviços são financiados e providos pelo Estado nos níveis federal, 
estadual e municipal, incluindo os serviços de saúde militares; o subsetor privado (com fins 
lucrativos ou não), em que os serviços são financiados de diversas maneiras com recursos 
públicos ou privados; e, por último, o subsetor de saúde suplementar, com diferentes tipos de 
planos privados de saúde e de apólices de seguro, além de subsídios fiscais. Os componentes 
público e privado do sistema são distintos, mas estão interconectados, e as pessoas podem 
utilizar os serviços de todos os três subsetores, dependendo da facilidade de acesso ou de sua 
capacidade de pagamento. 
 
 
AULA 2: SUS - O desafio de ser universal. 
 
A saúde consta na Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, no artigo 
XXV, que define que todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar-lhe 
e a sua família, saúde e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados 
médicos e os serviços sociais indispensáveis. 
 
Segundo o Art. 196 da Constituição: A saúde é direito de todos e dever do Estado, 
garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e 
de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, 
proteção e recuperação. 
- Sociais: Educação, lazer, segurança pública, previdência e assistência social – são 
capazes de reduzir o risco às doenças e agravos 
- Econômicas: Produção e distribuição da riqueza, acesso à terra, moradia, emprego, 
salário 
- Agravos: Acidentes, envenenamentos, violências 
- Universal: Possibilidade de todos os brasileiros poderem alcançar uma ação ou serviço 
de saúde de que necessitem sem qualquer barreira de acessibilidade (legal econômica, 
física, cultural) 
- Igualitário:Sem qualquer discriminação ou preconceito. 
- Promoção: Fomentar, cultivar, estimular, por intermédio de medidas gerais e 
inespecíficas a saúde e a qualidade de vida das pessoas e da comunidade. 
- Proteção: Reduzir ou eliminar riscos, por meio de ações específicas, como vacinação, 
combate a insetos transmissores de doenças, uso de cintos de segurança nos veículos, 
distribuição de preservativos, controle de qualidade da água, alimentos, medicamentos. 
- Recuperação: Diagnóstico precoce, tratamento oportuno e limitação do dano (doença 
ou agravo), evitando complicações e sequelas. 
 
 
 
 
 
2 
1. Sistema Único de Saúde 
 
Sistema de saúde: Conjunto de agências e agentes (serviços, estabelecimentos, profissionais, 
medicamentos, equipamentos, etc) cuja atuação tem como objetivo principal garantir a saúde 
das pessoas e das populações. 
 
O SUS é uma política de Estado construída pelas forças sociais que lutaram pela 
democracia e se organizaram no movimento pela Reforma Sanitária Brasileira (RSB), 
desencadeando diversos processos de mudança no âmbito jurídico, político, institucional, 
organizativo e operacional do sistema de saúde. 
A ​Reforma Sanitária Brasileira (RSB)​ tinha como proposta a ampliação do conceito de 
saúde (bem estar físico, mental e social), a garantia do direito da saúde à todos pelo Estado, 
além do acesso universal e equitativo de ações e serviços de prevenção de doenças, 
promoção e recuperação da saúde. ​Grupos de médicos e outros profissionais preocupados 
com a saúde pública desenvolveram teses e integraram discussões políticas. Este processo 
teve como marco institucional a 8ª Conferência Nacional de Saúde, realizada em 1986. 
Logo, o SUS é a expressão de uma política de estado que se fundamenta em uma 
concepção ampliada de saúde em uma perspectiva universalista do direito à saúde, traduzida 
em: 
- Princípios (valores) 
- Diretrizes (políticas e organizativas) 
- Dispositivos jurídicos (leis e normas) 
 
1.1. Princípios do SUS 
O SUS possui ​princípios finalísticos​, que expressam a natureza do sistema que se 
pretende conformar, como universalidade, equidade, integralidade; e ​princípios estratégicos​, 
que dizem respeito a como deve vir a ser construído o sistema que se quer institucionalizar, 
como descentralização, regionalização, hierarquização e participação social. 
 
➔ Universalidade 
Determina que todos os cidadãos brasileiros, sem qualquer tipo de discriminação, têm 
direito ao acesso às ações e serviços de saúde.Antes do SUS, apenas pessoas com vínculo formal de trabalho (carteira assinada) ou 
que estavam vinculadas à previdência social poderiam dispor dos serviços públicos de saúde. 
A opção para as demais pessoas era pagar pelos serviços privados. 
Exemplo: A distribuição gratuita de medicamentos para várias doenças crônicas e a 
reconhecida Política Nacional de DST/AIDS 
 
➔ Equidade 
O objetivo desse princípio é diminuir desigualdades. Apesar de todas as pessoas 
possuírem direito aos serviços, as pessoas não são iguais e, por isso, têm necessidades 
3 
distintas. Em outras palavras, equidade significa tratar desigualmente os desiguais, investindo 
mais onde a carência é maior. 
O princípio da equidade também norteia políticas de saúde, reconhecendo 
necessidades de grupos específicos e atuando para reduzir o impacto dos determinantes 
sociais da saúde aos quais estão submetidos. 
Exemplo: Classificação de risco utilizada em hospitais, onde a prioridade no 
atendimento é definida por critérios combinados de ordem de chegada, urgência e gravidade. 
 
➔ Integralidade 
Este princípio considera as pessoas como um todo, atendendo a todas as suas 
necessidades. Para isso, é importante a integração de ações, incluindo a promoção da saúde, 
a prevenção de doenças, o tratamento e a reabilitação. Juntamente, o princípio de integralidade 
pressupõe a articulação da saúde com outras políticas públicas, para assegurar uma atuação 
intersetorial entre as diferentes áreas que tenham repercussão na saúde e qualidade de vida 
dos indivíduos. 
 
➔ Regionalização 
Os serviços devem ser organizados em níveis crescentes de complexidade, 
circunscritos a uma determinada área geográfica, planejados a partir de critérios 
epidemiológicos, e com definição e conhecimento da população a ser atendida. 
A regionalização é um processo de articulação entre os serviços que já existem, visando 
o comando unificado dos mesmos. Já a hierarquização deve proceder à divisão de níveis de 
atenção e garantir formas de acesso a serviços que façam parte da complexidade requerida 
pelo caso, nos limites dos recursos disponíveis numa dada região. 
 
➔ Descentralização 
Descentralizar é redistribuir poder e responsabilidade entre os três níveis de governo. 
Com relação à saúde, descentralização objetiva prestar serviços com maior qualidade e 
garantir o controle e a fiscalização por parte dos cidadãos. No SUS, a responsabilidade pela 
saúde deve ser descentralizada até o município, ou seja, devem ser fornecidas ao município 
condições gerenciais, técnicas, administrativas e financeiras para exercer esta função. Para 
que valha o princípio da descentralização, existe a concepção constitucional do mando único, 
onde cada esfera de governo é autônoma e soberana nas suas decisões e atividades, 
respeitando os princípios gerais e a participação da sociedade. 
 
➔ Participação Social 
A participação social é também denominada “participação comunitária” no contexto da 
saúde, sendo estabelecida e regulada pela Lei nº 8.142/90, a partir da criação de Conselhos de 
Saúde e Conferências de Saúde, nas três esferas de governo, bem como de colegiados de 
gestão nos serviços de saúde. Busca-se, desta maneira, que atores sociais historicamente não 
incluídos nos processos decisórios do país participem, com o objetivo de influenciarem a 
definição e a execução da política de saúde. 
4 
Os Conselhos de Saúde são órgãos deliberativos que atuam como espaços participativos 
estratégicos na reivindicação, formulação, controle e avaliação da execução das políticas 
públicas de saúde. Já as ​Conferências de Saúde​ consistem em fóruns públicos que acontecem 
de quatro em quatro anos, por meio de discussões realizadas em etapas locais, estaduais e 
nacional, com a participação de segmentos sociais representativos do SUS (prestadores, 
gestores, trabalhadores e usuários), para avaliar e propor diretrizes para a formulação da 
política de saúde. 
 
AULA 3: Modelos de Atenção à Saúde 
 
Os modelos de Atenção à Saúde tratam da forma de organização das unidades de 
prestação de serviços de saúde, ou seja, uma maneira de organização dos estabelecimentos 
de saúde (centros de saúde, policlínicas, hospitais). 
A mudança dos modelos preconiza a reorganização dos serviços e reorientação das 
práticas e do processo de trabalho em saúde. 
 
 
 
Os modelos de Atenção em Saúde articulam-se entre três dimensões: 
- Gerencial: mecanismos de condução do processo de reorganização das ações e 
serviços 
- Organizativa: estabelecimento das relações entre as unidades de prestação de serviços, 
levando em conta a hierarquização dos níveis de complexidade tecnológica do processo 
de produção em ações de saúde 
5 
- Técnico-assistencial (operativa): relações estabelecidas entre os sujeitos das práticas e 
seus objetos de trabalho, relações estas mediadas pelo saber e tecnologia que operam 
no processo de trabalho em saúde nos planos de promoção, prevenção, recuperação e 
reabilitação. 
 
1. Práticas em saúde 
Podem ser promocionais, preventivas, assistenciais ou reabilitadoras. 
 
- Práticas de promoção: medidas de melhoria das condições gerais de vida e trabalho, 
incluindo ações de educação e comunicação em saúde – adoção de modos de vida 
saudáveis; 
Objeto: determinantes do processo saúde-doença 
- Práticas preventivas: Medidas específicas de prevenção de riscos e danos à saúde – 
vigilância epidemiológica e sanitária; 
Objeto: riscos a que as pessoas/grupos se expõem 
- Práticas assistenciais: cuidados dispensados às pessoas doentes; 
Objeto: doença/doente 
- Práticas reabilitadoras: medidas de recuperação da saúde e reabilitação das funções 
vitais – Pessoas com deficiências genético-hereditárias ou com sequelas de doenças e 
acidentes. 
 
2. Modelos de atenção predominantes no Brasil 
Ao longo do século XX foram constituídos dois modelos distintos de atenção à saúde da 
população: Modelo médico-assistencial hospitalocêntrico e o Modelo sanitarista. 
 
➔ Características dos modelos vigentes 
 
 
6 
O modelo predominante (hegemônico) é baseado na atenção médica 
(médico-centrado), centrado na produção de procedimentos e com ênfase no indivíduo doente, 
isolando-o de seu contexto social. Fragmenta o cuidado em saúde (especialidades) e possui 
atuação desarticulada, desintegrada e pouco cuidadora. Nele, o atendimento pouco eficaz e 
resolutivo, consome acriticamente tecnologias. Por ser hospitalocêntrico, desconhece outros 
níveis de assistência e medicaliza todas as questões, não se articulando com outras práticas 
terapêuticas ou racionalidades. Atende apenas a demanda que o procura e não avalia 
sistematicamente seus resultados, o que o torna um sistema de alto custo. 
 
A crise do modelo hegemônico teve início em 1970 a partir da redução da efetividade 
diante da transição epidemiológica, insatisfação dos profissionais trabalhadores, 
Insatisfação/perda da credibilidade /confiança pelos usuários e elevação dos custos. Para sair 
da crise, busca-se a criação de um novo modelo. 
 
➔ Novo modelo: Usuário-Centrado 
- Acesso/ Acolhimento; 
- Vínculo/ Responsabilização (nova relação profissional de saúde-usuário); 
- Trabalho em equipe e multidisciplinar; 
- Integralidade da atenção – níveis, tecnologias e recursos; 
- Prática clínica cuidadora - Gestores do cuidado ou cuidadores monitorando e 
articulando as diversas intervenções em saúde através do acompanhamento do 
caminhar do usuário pela rede de serviços; 
- Eficiência – custo/efetividade; 
- Resolubilidade; 
- Qualidade da atenção (acesso, continuidade, coordenação e satisfação); 
- Profissionalização e democratização dos serviços; 
- Articulação em Rede. 
 
 
7 
2. Vigilância em Saúde 
Entendida como uma forma de organização das práticas de saúde que contempla a 
articulação das açõesde PROMOÇÃO da saúde, PREVENÇÃO e CONTROLE de riscos, 
ASSISTÊNCIA e REABILITAÇÃO, de modo a se desenvolver uma atenção integral a 
problemas de saúde e seus determinantes, a necessidade e demandas da população em 
territórios específicos. 
 No contexto da Saúde Pública, atenta-se ao processo sistemático e contínuo de coleta, 
análise e interpretação de dados relacionados à saúde e sua oportuna disseminação para fins 
de controle e prevenção de doenças e agravos (redução da morbidade e da mortalidade). 
A Vigilância tem como objetivo a análise permanente da situação de saúde da 
população e consequente organização e execução de ações, medidas, procedimentos 
oportunos e pertinentes ao controle de determinantes, riscos e danos à saúde da população 
incluindo abordagens individuais e coletivas dos problemas identificados. 
Articula-se a partir de técnicas e conhecimentos de base multidisciplinar, requeridos 
pelo trabalho: na vigilância epidemiológica, vigilância da situação de saúde, vigilância em 
saúde ambiental, vigilância da saúde do trabalhador e na vigilância sanitária. 
 Para a sua construção necessita: 
- Atuar sobre problemas de saúde (danos, riscos e/ou determinantes); 
- Focar nos problemas que exigem atenção e acompanhamento contínuos; 
- Operar sob o conceito epidemiológico de risco; 
- Articular promoção, prevenção, tratamento e reabilitação; 
- Atuar de forma intersetorial; 
- Desenvolver ações sobre o território. 
 
➔ Pilares da Vigilância em Saúde 
 
TERRITÓRIO: Entendido como Território-Processo, espaço em permanente construção, 
produto de uma dinâmica social constituída por sujeitos sociais, arena política, transcende a 
uma superfície-solo. 
PROBLEMA DE SAÚDE: É a representação social de necessidades de saúde, derivadas das 
condições de vida, percepção de uma discrepância entre a realidade e uma norma ou 
referência, ou seja, é a identificação de uma diferença entre o que é e o que deveria ser. 
INTERSETORIALIDADE: A intersetorialidade busca vinculação, reciprocidade e 
complementaridade na ação humana; o conceito positivo de saúde não se restringe ao setor 
saúde, pois implica em qualidade de vida. 
 
Pressupõe o desenvolvimento da capacidade de observar e analisar os problemas de 
saúde da população, em seu território, em uma perspectiva interessada. 
 
 
 
 
 
8 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
AULA 4: Desafios do SUS no século XXI: Integralidade, regionalização e Redes de 
Atenção à Saúde 
 
O​ SUS vive uma grave crise atualmente. Em parte, como reflexo da conjuntura nacional 
em que se combinam crises econômica e política; em parte, em função de problemas 
estruturais que não foram solucionados ao longo de sua existência. As principais mazelas da 
saúde devem ser resolvidas com a devida organização do SUS em Redes de Atenção à Saúde 
(RAS) coordenadas pela Atenção Primária à Saúde (APS). 
 
➔ Atenção Básica - Tecnologias de baixa densidade 
Conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que abrangem a promoção 
e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a 
manutenção da saúde. 
É desenvolvida por meio do exercício de práticas gerenciais e sanitárias, democráticas 
e participativas, sob forma de trabalho em equipe, e dirigidas a populações de territórios bem 
delimitados, pelas quais assume a responsabilidade sanitária, considerando a dinamicidade 
existente no território em que vivem essas populações. 
Utiliza tecnologias de elevada complexidade e baixa densidade, que devem resolver os 
problemas de saúde de maior frequência e relevância em seu território. É o contato preferencial 
dos usuários com os sistemas de saúde. 
 
➔ Média complexidade ambulatorial 
Ações e serviços que visam atender aos principais problemas e agravos de saúde da 
população, cuja complexidade da assistência na prática clínica demande a disponibilidade de 
profissionais especializados e a utilização de recursos tecnológicos, para o apoio diagnóstico e 
tratamento. 
Ex: procedimentos especializados realizados por profissionais médicos, outros profissionais de 
nível superior e nível médio; cirurgias ambulatoriais especializadas; procedimentos 
traumato-ortopédico; ações especializadas em odontologia; etc. 
 
➔ Alta Complexidade 
Conjunto de procedimentos que, no contexto do SUS, envolve alta tecnologia e alto 
custo, objetivando propiciar à população acesso a serviços qualificados, integrando-os aos 
demais níveis de atenção à saúde (atenção básica e de média complexidade). 
Ex: assistência ao paciente portador de doença renal crônica (por meio dos procedimentos de 
diálise); assistência ao paciente oncológico; cirurgia cardiovascular; terapia nutricional; etc. 
 
1. Redes de Atenção à Saúde (RAS) 
São arranjos organizativos de ações e serviços de saúde, de diferentes densidades 
tecnológicas, que integradas por meio de sistemas de apoio técnico, logístico e de gestão, 
buscam garantir a integralidade do cuidado. 
 
 
10 
“São organizações poliárquicas de conjuntos de serviços de saúde, vinculados entre si por uma 
missão única, por objetivos comuns e por uma ação cooperativa e interdependente, que 
permitem ofertar uma atenção contínua e integral a determinada população, coordenada 
pela atenção primária à saúde - prestada no tempo certo, no lugar certo, com o custo certo, 
com a qualidade certa e de forma humanizada -, e com responsabilidades sanitárias e 
econômicas por esta população”. 
 
➔ Fundamentos normativos das RAS 
 
● Art. 198 da CF/88: “As ações e os serviços públicos de saúde integram uma rede 
regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único organizado de acordo com 
as diretrizes de descentralização, atendimento integral e participação da comunidade”. 
 
● Lei 8.080, 1990: 
Art. 7o, inciso II: “(...) integralidade de assistência, entendida como conjunto articulado e 
contínuo das ações e serviços preventivos, curativos, individuais e coletivos (....)” 
Art. 10o aponta “arranjos organizacionais para as redes loco-regionais através de consórcios 
intermunicipais e distritos de saúde como forma de integrar e articular recursos e aumentar a 
cobertura das ações. 
 
● Portaria 4.279 de 30/12/2010: Estabelece diretrizes para organização da RAS no âmbito 
da SUS 
 
● DECRETO 7.508 DE 28 DE JUNHO DE 2011 - CAPÍTULO II - Organização do SUS 
Art. 5o Para ser instituída, a Região de Saúde deve conter, no mínimo, ações e serviços 
de: 
I - atenção primária; 
II - urgência e emergência; 
III - atenção psicossocial; 
IV - atenção ambulatorial especializada e hospitalar; e 
V - vigilância em saúde. 
 
Comissão Intergestores Tripartites (CIT): Instância de articulação e pactuação na esfera federal 
que atua na direção nacional do SUS, integrada por gestores do SUS das três esferas de 
governo - União, estados, DF e municípios. A representação de estados e municípios nessa 
Comissão é regional, sendo um representante para cada uma das cinco regiões no País. 
Nesse espaço, as decisões são tomadas por consenso e não por votação. 
 
Comissão Intergestores Bipartites (CIB): Espaços estaduais de articulação e pactuação política 
que objetivam orientar, regulamentar e avaliar os aspectos operacionais do processo de 
descentralização das ações de saúde. 
11 
São constituídas, paritariamente, por representantes do governo estadual, indicados pelo 
Secretário de Estado da Saúde, e dos secretários municipais de Saúde, indicados pelo órgão 
de representação do conjunto dos municípios do Estado (Conselho de Secretários 
Municipais de Saúde - Cosems) 
 
Comissões Intergestores Regionais (CIR): São estruturas criadas pelo Pacto pela Saúde, com 
o intuito de qualificar o processo de regionalização no SUS, garantindo o exercício da ação 
cooperativa entre os gestores nas regiões de saúde, formando um espaço de governança em 
âmbitoregional. 
 
 
 
➔ Objetivos das RAS 
- O alcance de um grau ótimo de saúde, distribuído de forma equitativa; 
- A garantia de uma proteção adequada dos riscos para todos os cidadãos; 
- O acolhimento humanizado de todos os cidadãos; 
- A garantia da prestação de serviços efetivos e de qualidade; 
- Garantia da prestação de serviços com eficiência. 
 
12 
 
 
 
 
As rede de atenção à saúde devem ser: 
- Organizadas por critérios de eficiência microeconômica na aplicação dos recursos. 
- Integradas a partir da complementaridade de diferentes densidades tecnológicas. 
- Objetivadas pela provisão de atenção contínua, integral, de qualidade, responsável e 
humanizada à saúde. 
- Construídas mediante planejamento, gestão e o financiamento intergovernamentais 
cooperativos 
- Voltadas para as necessidades populacionais de cada espaço regional singular 
 
13 
➔ Características das RAS 
- Formação de relações horizontais entre os pontos de atenção, tendo Atenção Básica 
como centro de comunicação, porta de entrada principal, coordenadora do cuidado e 
ordenadora da RAS 
- Centralidade nas necessidades de saúde da população 
- Responsabilização por atenção contínua e integral 
- Cuidado multiprofissional 
- Compartilhamento de objetivos e compromissos com resultados sanitários e 
econômicos 
 
➔ Componentes das RAS 
A estrutura operacional das redes de atenção à saúde compõe-se de cinco 
componentes: 
- Pontos de atenção à saúde: lugares institucionais onde se ofertam serviços de saúde. 
Ex: domicílios, UBS, unidades ambulatoriais, centro de apoio psicológico 
- Centro de comunicação - atenção básica: responsável por coordenar os fluxos e os 
contrafluxos dos usuários no sistema de serviços de saúde 
Acolhimento com classificação de risco clínico e social, ampliação do acesso, 
integralidade da atenção, implantação de diretrizes clínicas, vinculação e identificação 
de risco, SAÚDE DA FAMÍLIA como eixo principal, mas considerando os demais 
formatos organizativos da AB. 
- Sistemas logísticos: busca a integração dos pontos de atenção à saúde, sustentando-se 
através de potentes tecnologias de informação. Ex: cartão de identificação do SUS, 
prontuários eletrônicos 
- Sistemas de apoio: são constituídos pelos sistemas de apoio diagnóstico e terapêutico: 
patologia clínica, imagens, entre outros. Ex: exames laboratoriais, assistência 
farmacêutica 
- Sistema de governança: recurso de caráter organizativo responsável pelo 
gerenciamento e integração funcional dos componentes das redes no Sistema Único de 
Saúde - SUS. 
 
O Ministério da Saúde está priorizando a construção de redes temáticas, com ênfase em 
algumas linhas de cuidado: 
- Rede Cegonha: Atenção obstétrica e neonatal 
- Rede de Atenção às Urgências: IAM e AVE 
- Rede de Atenção Psicossocial: Enfrentamento do Álcool, Crack e outras Drogas 
- Rede de Atenção Oncológica: câncer de mama e do colo do útero, como início do 
esforço concentrado para o cuidado articulado com as doenças crônicas 
 
Há, na literatura internacional, provinda de vários países, evidências de boa qualidade de que 
as redes de atenção à saúde podem melhorar a qualidade clínica, os resultados sanitários, a 
satisfação dos usuários e reduzir os custos dos sistemas de atenção à saúde. 
 
14 
Esses resultados foram positivos em várias situações: na atenção às pessoas idosas; na saúde 
mental; no controle do diabetes; no aumento da satisfação dos usuários; no controle de 
doenças cardiovasculares; no controle de doenças respiratórias crônicas e na redução da 
utilização de serviços especializados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
AULA 5: Financiamento do SUS 
 
O Sistema Único de Saúde (SUS) tem uma clientela potencial de quase 200 milhões de 
pessoas, já que a Constituição de 1988 consagrou o acesso gratuito à Saúde como direito 
fundamental de todo cidadão, sem qualquer pré-condição. Embora caiba ao setor privado atuar 
de forma complementar ao serviço público de Saúde, 70% da população brasileira depende do 
SUS como único meio de acesso aos serviços de Saúde. 
O tamanho da clientela nos dá a dimensão da responsabilidade social do SUS e, ao 
mesmo tempo, do desafio de financiar o sistema – um debate que se arrasta desde a 
promulgação da Constituição até os dias atuais. 
Nesses mais de 20 anos da Constituição, o Sistema Único de Saúde (SUS) consolidou- 
-se como uma das mais importantes políticas sociais do Estado brasileiro, sob responsabilidade 
da União, dos estados e dos municípios. Falta, porém, evoluir o debate e construir um novo 
modelo de financiamento capaz de dar sustentabilidade ao sistema, de suportar as pressões de 
custos e evitar a obsolescência da rede de atendimento. É preciso mais recursos públicos e, 
simultaneamente, extrair mais saúde com o mesmo dinheiro. 
De acordo com a Constituição, a participação da União no SUS seria feita com recursos 
do Orçamento da Seguridade Social (OSS), dos quais viriam os recursos para a Saúde, 
Previdência e Assistência Social. Até que a regra de financiamento para a União fosse 
explicitada por lei complementar, a Saúde deveria ficar com 30% desse orçamento. Porém, na 
prática, este repasse nunca ocorreu. Este fato deu ensejo a vários projetos de emenda à 
Constituição, elaborados por deputados e senadores durante a década de 1990, com vistas a 
definir a regra de aplicação de recursos da União em Saúde. C 
 
1. Introdução - Histórico do Financiamento 
No​ início do século XX ​surgiram iniciativas orientadas pelo preceito de seguro social – 
cobertura restrita aos associados, sendo o benefício uma contrapartida da contribuição. 
 As demandas por proteção social intensificaram-se com o maior grau de organização 
dos novos trabalhadores urbano-industriais do início do século XX. Mas o modelo permanecia o 
mesmo, restrito a alguns segmentos. Não se pensava ainda que a sociedade como um todo, 
representada pelo Estado, deveria ser responsável por dar condições dignas de sobrevivência 
com proteção social a todos os seus cidadãos. Os trabalhadores organizados criavam 
associações de auxílio mútuo, mantidas com suas contribuições, para socorrer seus 
associados em momentos adversos como os de doença, invalidez e morte. 
 
Em ​1923​, fruto do crescimento industrial e da maior mobilização dos trabalhadores, foi 
criada a Lei Eloy Chaves que instituiu as “Caixas de Aposentadoria e Pensão- CAPs” que 
consistiam num fundo criado pelas empresas, com a contribuição dos empregados, para 
financiar a aposentadoria dos trabalhadores e a sua assistência médica. A criação das CAPs 
representou um avanço, pois estabeleceu uma política de garantia de ações de saúde e 
assistência. Contudo, consolidou a lógica de que só tinha direito à saúde quem contribuísse 
financeiramente. Além do mais, restringiu a atenção à saúde em ações médico-hospitalares. 
16 
Na ​década de 1930​, Getúlio Vargas transforma as CAPs em Institutos de Aposentadoria 
e Pensão - IAPs, unificando as diversas CAPs de uma mesma categoria. Com a centralização 
da administração dos recursos, foi possível ampliar e estender os benefícios, já que na forma 
anterior as pequenas empresas encontravam dificuldades de organizar as suas CAPs. Os IAPs 
passaram a gerenciar grandes somas de recursos, pois o número de empregados com carteira 
assinada que contribuíam com os institutos crescia bastante e a quantidade de aposentados 
ainda era pequena. No entanto, o direito à saúde continuava restrito a quem contribuísse. 
Devemos salientar, também, que os IAPs dedicavam apenas uma pequena parcela para a 
saúde. Alguns investiam 33% dos recursos (como era o caso dos bancários); outros 
destinavam menos de 10% (como era o caso dos industriários, com 8,6%). 
Em ​1966​, os diversos IAPs são unificados no Instituto Nacional de Previdência Social– 
INPS, centralizando definitivamente a administração dos recursos e mantendo a lógica do 
direito apenas para quem contribuia. 
Aos indivíduos excluídos do mercado formal de trabalho, uma dupla penalidade: além 
da privação de melhores condições de trabalho associadas ao registro em carteira, a exclusão 
da cobertura médico-hospitalar, assistencial e previdenciária. Restava-lhes disputar com os 
mais pobres e indigentes a rede de assistência ofertada pelas Santas Casas de Misericórdia. 
Portanto, havia uma segmentação no cuidado à saúde. De um lado, a assistência médica 
integral aos trabalhadores do mercado formal; de outro, um atendimento residual aos pobres e 
indigentes sob a forma de caridade e filantropia. Para todos, somente as ações de saúde 
coletiva como as grandes campanhas de vacinação contra doenças transmissíveis. 
Esse modelo perdurou até 1988. A Constituição Federal de 1988 rompeu com o padrão 
e institucionalizou o conceito de seguridade social com a garantia de direitos básicos e 
universais de cidadania, independente de contribuição ou condição social. Todos, sem 
qualquer distinção, têm direito à saúde pública, à assistência social, ao seguro-desemprego e à 
cobertura previdenciária. 
 
 2. Do Seguro à Seguridade 
A instituição da Seguridade Social, em um conceito mais amplo de direitos, exigia maior 
aporte de recursos para suportar o aumento de gastos. Então, a Constituição dotou a 
seguridade social de um orçamento próprio, o Orçamento da Seguridade Social (OSS), que 
possui diversas fontes. 
Ao instituir diversas fontes de receita do OSS, os constituintes pretendiam dar maior 
segurança ao financiamento da política social, afastando o risco de dependência de uma única 
fonte. O modelo anterior de seguro, sustentado na contribuição sobre a folha de pagamento, 
dependia do comportamento do mercado de trabalho como o aumento do desemprego, por 
exemplo, que reduzia a arrecadação e criava dificuldades para a manutenção do sistema. 
Mesmo assim, ainda se procura um meio de assegurar, de forma estável, os recursos 
necessários às ações e serviços públicos de Saúde. O fato é que a Constituição consolidou o 
conceito de seguridade social com direitos iguais para todos e respeito à dignidade da pessoa 
humana. E o cumprimento da determinação constitucional demanda recursos financeiros. 
 
17 
 
 
A Seguridade Social, segundo o art. 194 da CF 1988, “compreende um conjunto 
integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinado a assegurar 
os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social” (BRASIL, 1988). 
A nova Carta introduziu o conceito de seguridade social em uma clara ruptura com a 
lógica de seguro social que historicamente regia as iniciativas de proteção no País. Foi esse 
rompimento que possibilitou instituir o direito universal à saúde, bem como estender e 
regulamentar os direitos assistenciais, trabalhistas e previdenciários. Com essa transformação, 
a saúde, a assistência social e a previdência passaram a constituir direitos da cidadania 
assegurados no âmbito da Seguridade Social. 
Para garantir os recursos financeiros necessários à seguridade social, incluindo o SUS, 
a Assembleia Nacional Constituinte criou contribuições com destinação exclusiva à saúde, 
previdência e assistência social, e ainda previu a possibilidade de aporte extra de recursos 
oriundos de impostos. A Constituição estabeleceu ainda que os recursos das contribuições 
para a seguridade social só podem ser usados em ações do sistema de proteção social; já os 
impostos são destinados às diversas ações do governo, inclusive para completar o 
financiamento da seguridade social. Estabelece ainda a obrigatoriedade de estados e 
municípios participarem do financiamento do SUS. 
Com a promulgação da Emenda Constitucional nº 29 (BRASIL, 2000a), são fixados 
percentuais de gasto em Saúde para estados e municípios, respectivamente 12% e 15 % de 
suas receitas próprias. Porém, relativamente à regra de aplicação de recursos pela União em 
Saúde, abandona-se a vinculação a um percentual de receitas do Orçamento da Seguridade 
Social. O orçamento federal da Saúde passa a ser orientado por um piso mínimo, obtido a 
partir da correção dos valores de despesa empenhada no ano anterior pela variação nominal 
18 
do PIB (crescimento econômico mais a inflação), até edição de lei complementar, que definiria 
o mecanismo de fixação do orçamento da Saúde. 
 
 3. Financiamento 
O art. 31 e ss., da Lei nº ​8.080​/90, define a forma de financiamento do Sistema Único de 
Saúde, sendo que o orçamento da Seguridade Social é destinado ao SUS, de acordo com a 
receita estimada, os recursos necessários à realização de suas finalidades, previstos em 
proposta elaborada pela sua direção nacional, com a participação dos órgãos da Previdência 
Social e da Assistência Social, tendo em vista as metas e prioridades estabelecidas na Lei de 
Diretrizes Orçamentárias. De acordo com a legislação, o financiamento do Sistema Único de 
Saúde é responsabilidade da União, dos Estados e dos municípios. 
A Lei Complementar nº 141, de 13 de janeiro de 2012, define os percentuais de 
investimento financeiro de cada um no SUS. Municípios e o Distrito Federal devem aplicar no 
mínimo 15% da arrecadação de imposto em ações e serviços públicos de saúde por ano. Já o 
Estado, 12%. Para o governo federal, o total aplicado deve corresponder ao valor 
comprometido no exercício financeiro antecedente, adicionado do percentual relativo à variação 
do Produto Interno Bruto (PIB) do ano anterior ao da lei orçamentária anual. A não definição, 
em lei, do mínimo necessário deixa o financiamento da saúde refém da vontade política e da 
disponibilidade, ou não, de caixa. 
 
➔ Lei 8.142/90 e o financiamento do SUS 
A Lei 8.142 é criada para normatizar a participação da comunidade na gestão do SUS e 
as transferências de recursos do Ministério da Saúde para as outras esferas de governo. 
Nos artigos 2º e 3º, ela trata do “Fundo Nacional de Saú- de” (FNS), e diz como e onde 
os recursos desse fundo serão investidos. O artigo 2º deixa claro que eles só podem ser 
utilizados para financiar os custos próprios do Ministério da Saúde; os custos com ações de 
saúde previstos no Orçamento e, principalmente, os custos das transferências de recursos para 
19 
os 
estados, o Distrito Federal e os municípios destinados à implementação de ações e serviços de 
saúde. O objetivo dessa lei é definir em que devem ser investidos os recursos da saúde. 
 
 
 
20 
 
 
Mesmo com a vinculação de receitas de impostos e a crescente participação dos 
estados, Distrito Federal e municípios no financiamento das ações e serviços públicos de 
Saúde, há necessidade de buscar novas fontes de recursos como forma de garantir o 
atendimento do princípio da universalidade, norteador do SUS. 
De modo geral, as fontes de receitas para o financiamento da Saúde são provenientes de: 
 
i. Para estados e municípios: 
a) impostos, multas, juros de mora e outros encargos decorrentes dos impostos; 
b) dívida ativa dos impostos, multas, juros de mora, atualização monetária e outros 
encargos da dívida ativa dos impostos; 
c) receitas de transferências constitucionais e legais; 
d) transferência de recursos do SUS; 
e) transferências voluntárias; 
f) receitas de operações de crédito vinculadas à Saúde; 
g) outras receitas orçamentárias. 
 
ii. Para União: fontes do orçamento da Seguridade Social. 
Com as alterações promovidas pela EC nº 29/2000, modificou-se a fonte de recursos do 
SUS: com a fixação constitucional do cálculo baseado no orçamento executado acrescido da 
variação nominal do Produto Interno Bruto (PIB), o Orçamento da Seguridade Social, mantido 
pelas contribuições, deixou de ser referência para a Saúde.21 
➔ Normas Operacionais Básicas 
No que se refere à capacidade de efetivação da política nacional de saúde, deve-se 
sempre considerar que estados e municípios se encontravam em diferentes estágios em 
relação às novas funções gestoras previstas no novo arcabouço legal. O processo de 
descentralização do sistema de saúde levou os municípios, com base na redefinição de 
funções e atribuições das diferentes instâncias gestoras do SUS, a assumirem papel de atores 
estratégicos, em virtude da sua competência constitucional, para prestar, com a cooperação 
técnica financeira da União e dos estados, serviços e atendimento à saúde da população. 
Como bem alertam Noronha, Lima e Machado (2008), “A base da regulação federal sobre a 
descentralização é a normatização.” 
Como uma das principais estratégias para esse fim, é constituído um arcabouço 
normativo que, nos anos 1990, é representado por quatro Normas Operacionais Básicas 
(NOB), de 1991, 1992 (similar à anterior), 1993 e 1996. Na década de 2000, foi publicada a 
Norma Operacional da Assistência à Saúde (Noas), nas versões 2001 e 2002, e, em 2006, as 
portarias relativas ao Pacto pela Saúde. 
As normas operacionais são fruto de um processo político de pactuação intergestores 
que, após a Lei Orgânica da Saúde, vem criando condições privilegiadas de negociação 
política no processo de descentralização e de construção do Sistema Único de Saúde. 
 
➔ Sistema em crise permanente - Limitações 
 
- Herança do modelo de seguro social: Contribuição dos beneficiários e no pagamento 
dos prestadores de serviços privados afetando a característica das ações de tipo 
assistencial, com forte ênfase na especialização crescente da medicina e uso de 
tecnologias de diagnóstico e terapia. 
- Política econômica neoliberal a partir dos anos 90 
- Endividamento Público: Dívida externa e interna submeteram a política social como um 
todo e o setor saúde 
- Crise Financeira da Previdência Social: Agravamento da crise da previdência levou a 
interrupção da transferência de recursos previdenciários para a saúde 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 
AULA 6: Política Nacional de Promoção à Saúde 
 
 A PNPS tem como objetivo geral promover a equidade e a melhoria das condições e 
dos modos de viver, ampliando a potencialidade da saúde individual e coletiva e reduzindo 
vulnerabilidades e riscos à saúde decorrentes dos determinantes sociais, econômicos, 
políticos, culturais e ambientais. 
 
➔ Temas prioritários da PNPS 
- Formação e educação permanente 
- Alimentação saudável e adequada 
- Práticas corporais e atividade física 
- Enfrentamento do uso do tabaco e seus derivados 
- Enfrentamento do uso abusivo de álcool 
- Promoção da mobilidade segura e sustentável 
- Promoção da cultura da paz e de direitos humanos 
- Promoção do desenvolvimento sustentável 
 
 
 
 
 
 
23 
➔ Promoção x Prevenção 
 
 
 
A Política Nacional de Promoção da Saúde é uma política transversal, integrada e 
intersetorial, que favoreça o diálogo entre as diversas áreas do setor sanitário, os outros 
setores do Governo e a sociedade, compondo redes de compromisso e corresponsabilidade 
com a qualidade de vida da população onde todos são partícipes no cuidado com a vida. 
 
➔ Ações promovidas 
- Divulgação e implementação da PNPS 
- Promoção do desenvolvimento sustentável 
- Alimentação saudável 
- Prática corporal/Atividade física 
- Prevenção e controle do tabagismo 
- Redução da morbimortalidade em decorrência do uso abusivo do álcool e outras drogas 
- Redução da morbimortalidade por acidentes de trânsito 
- Prevenção da violência e estímulo à cultura de paz 
 
 
 
 
 
 
 
24 
AULA 7: Política Nacional de Atenção Básica e Estratégia de Saúde da Família 
 
A Atenção Primária à Saúde (APS) pressupõe um conjunto de ações individuais e 
coletivas relacionadas à promoção e proteção da saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, 
tratamento e reabilitação – redução de danos, cuidados paliativos e vigilância à saúde, 
desenvolvidas por meio de práticas de cuidado integrado e gestão qualificadas, realizadas em 
equipe multiprofissional e dirigidas a populações de territórios definidos, sobre as quais as 
equipes assumem responsabilidade sanitária. 
 
 
1. Atenção Básica 
- Principal porta de entrada e centro de comunicação da RAS, coordenadora do cuidado 
e ordenadora das ações e serviços disponibilizados na rede 
- Deve ser ofertada integralmente e gratuitamente a todas as pessoas de acordo com 
suas necessidades e demandas do território, considerando os determinantes e 
condicionantes da saúde; 
proibida qualquer exclusão baseada em idade, gênero, raça/cor, etnia, crença, 
nacionalidade, orientação sexual, identidade de gênero, estado de saúde, condição 
socioeconômica, escolaridade, limitação física, intelectual, funcional e outras, com estratégias 
que permitam minimizar desigualdades/iniquidades, evitem exclusão social de grupos que 
sofram estigmatização ou discriminação, de maneira que impacte na autonomia e na situação 
de saúde. 
 
➔ Princípios e Diretrizes do SUS e da Rede de Atenção à Saúde a serem 
operacionalizados na Atenção Básica 
 
a) Princípios: 
I – Universalidade; 
II – Equidade; 
III – Integralidade; 
 
b) Diretrizes: 
I - Regionalização e Hierarquização: 
II - Territorialização e População adstrita; 
III - População Adscrita; 
IV - Cuidado centrado na pessoa; 
V - Resolutividade; 
VI - Longitudinalidade do cuidado; 
VII - Coordenação do cuidado; 
VIII - Ordenação da rede; 
IX - Participação da comunidade. 
 
 
25

Continue navegando