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LEptospirose tratamento

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ISSN 21774080
31
Investigação, 14(6):31-37, 2015
RESUMO
No tratamento da leptospirose canina podem ser empregados diferentes tipos e formulações de antibióticos, porém 
a efi ciência dos mesmos ainda não foi adequadamente revisada. Desta forma, realizou-se uma revisão sistemática na 
qual foi avaliada a efi cácia da antibioticoterapia no tratamento da leptospirose em cães. Três bases de dados (Pubmed, 
Scielo e Bireme) foram utilizadas para testar três hipóteses: Os tratamentos da leptospirose canina com antibióticos são 
mais efetivos do que o placebo; o tratamento da leptospirose canina com antibióticos não promove efeitos colaterais 
indesejáveis; a droga de escolha para o tratamento da leptospirose canina é a doxiciclina. Os critérios de inclusão foram 
qualquer tipo de estudo clínico, revisão sistemática e meta-análise, em língua portuguesa e inglesa, que tenham avaliado 
a efi cácia e efeitos colaterais de qualquer antibiótico em pacientes com leptospirose, independentemente da forma de 
confi rmação do diagnóstico. Foram selecionados doze estudos, publicados entre 1996 e 2010. Ao contrário dos estudos 
realizados em humanos, nenhum estudo realizado com cães relata qualquer tipo de efeito colateral associado à terapia 
com antibióticos. Na literatura revisada não há qualquer investigação que compare a efi cácia da doxiciclina com outras 
classes de antibióticos ou placebo em cães. Não há evidências científi cas que os tratamentos da leptospirose canina 
com antibióticos são mais efetivos do que o placebo, assim com não há estudos confi áveis que permitam afi rmar que 
tais tratamentos não causem efeitos colaterais indesejáveis. Portanto não foi possível concluir que a doxiciclina é o 
tratamento de escolha para o tratamento da leptospirose canina.
Palavras-chave: cão, doxiciclina, efeitos colaterais, leptospiremia, placebo 
MV. Orlando M. Mariani1*, MV. Dr. Paulo C. Ciarlini2, MV. Elaine C. Stupak1, MV. Dr. Cristiane S. Honsho1, 
MV. Jessica C. Barros1, MV. Natacha A. Alexandre1
TRATAMENTO DA 
LEPTOSPIROSE CANINA: 
UMA REVISÃO SISTEMÁTICA
Canine leptospirosis treatment : a systematic review
ABSTRACT
As treatment of canine leptospirosis can be employed various types and antibiotic formulations, but the effi ciency 
thereof has not been adequately reviewed. Thus, there was a systematic review in which we evaluated the eff ectiveness 
of antibiotic therapy in the treatment of leptospirosis in dogs. Three databases ( Pubmed , Scielo and Bireme) were 
used to test three hypotheses: The treatment of canine leptospirosis with antibiotics are more eff ective than placebo; 
Treatment of canine leptospirosis with antibiotics does not promote undesirable side eff ects; The drug of choice for the 
treatment of canine leptospirosis is doxycycline. Inclusion criteria were any clinical trial, systematic review and meta- 
analysis, in Portuguese and English, which have evaluated the effi cacy and side eff ects of any antibiotic in patients 
with leptospirosis, whatever the form of confi rmation of the diagnosis. We selected twelve studies published between 
1996 and 2010. Unlike the studies performed in humans, no study with dogs report any side eff ects associated with 
antibiotic therapy. In the literature reviewed there is no research that compares the eff ectiveness of doxycycline with 
other classes of antibiotics or placebo in dogs. There is no scientifi c evidence that the treatment of canine leptospirosis 
with antibiotics are more eff ective than placebo , with so there are no reliable studies to assert that such treatments do 
not cause undesirable side eff ects. Therefore it was not possible to conclude that doxycycline is the treatment of choice 
for the treatment of canine leptospirosis.
Keywords: dog, doxycycline, leptospiremia, placebo, side eff ects
1Universidade de Franca - UNIFRAN, Franca, São Paulo, Brasil.
2Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP – Araçatuba, São Paulo, Brasil.
*Av. Dr Armando Sales Oliveira, 201, CEP: 14.404-600, Pq. Universitário, Franca – SP.
Email: omm1988@hotmail.com
Investigação, 14(6):31-37, 2015
REVISÃO DE LITERATURA | CLÍNICA DE PEQUENOS ANIMAIS
ISSN 21774080
32
Investigação, 14(6):31-37, 2015
INTRODUÇÃO
A leptospirose é uma enfermidade infecciosa de 
importância mundial, pois afeta seres humanos e animais. O 
gênero Leptospira é dividido em duas espécies, L. interrogans, 
considerado patogênico para humanos e animais e L. bifl exa, 
classifi cada como não patogênica (LEVETT, 2001). Os cães 
podem se infectar por diferentes sorovares da espécie 
L. interrogans, sendo o icterohaemorrhagiae, grippotyohosa, 
pomona e bratislava os mais comuns (GREENE, 2006).
O gênero patogênico pode infectar o hospedeiro, a 
partir da água contaminada com urina de animais doentes ou 
portadores, através da pele lesada ou íntegra, pela mucosa do 
trato gastrointestinal, nasal e conjuntival (CORRÊA e CORRÊA, 
1992). Após penetrar no organismo do hospedeiro, a bactéria 
se multiplica de forma rápida e ativamente no sangue dando 
origem à fase de leptospiremia. Em seguida, espalha-se 
rapidamente pelo organismo, replicando-se em diversos 
tecidos como o fígado, baço, rins, sistema nervoso central, olhos 
e no trato genital (GREENE, 2006). Sherding (2003), afi rma que 
a leptospiremia ocorre entre quatro e doze dias pós-infecção e 
que os alvos primários são os rins e o fígado.
Em cães, a enfermidade é caracterizada por diversos sinais 
clínicos, podendo os animais infectados apresentarem desde um 
quadro assintomático até forma superaguda, aguda, subaguda 
ou crônica da doença (FREIRE et al. 2008). A severidade dos 
sinais clínicos varia de acordo com o estado de vacinação do 
cão, idade, virulência do sorovar, grau de exposição à doença e 
resposta imune do hospedeiro (McDONOUGH, 2001). Em suma, 
os Médicos Veterinários devem suspeitar de leptospirose em 
casos em que os cães apresentem sinais clínicos de insufi ciência 
renal e/ou hepática, uveíte, hemorragia pulmonar, febre aguda 
e aborto (SYKES et al. 2011).
Leucopenia seguida de leucocitose, anemia, hiponatremia, 
hipocalcemia, hiperfosfatemia, hipoalbuminemia, azotemia, 
hiperbilirrubinemia, aumento de ALT, FA e AST são achados 
laboratoriais que podem estar presentes em animais doentes 
(LAPPIN, 2006).
O teste de aglutinação microscópica (MAT) é o teste 
laboratorial mais utilizado para a detecção de anticorpos anti-
Leptospira (LANGSTON e HEUTER, 2003). O diagnóstico defi nitivo 
é obtido através da identifi cação do agente na urina, sangue ou 
tecidos. Essa identifi cação pode ser feita pela microscopia de 
campo escuro ou contraste de fase da urina e por PCR de fl uídos 
biológicos (LEVETT, 2001). 
O tratamento da leptospirose canina varia de acordo 
com cada caso específi co. Entre as condutas terapêuticas, 
as que se destacam incluem a hidratação e correção dos 
distúrbios hidroeletrolíticos, diálise, transfusão sanguínea 
e antibioticoterapia (GUIDUGLI, 2000). Existe uma gama de 
antibióticos (doxiciclina, penicilina, ampicilina, amoxicilina, 
quinolonas e macrolídeos) de diferentes formulações e doses 
que podem ser considerados no tratamento da leptospirose 
canina, dentre eles a doxiciclina por via oral na dose de 5 mg/kg a 
cada 12 horas durante o período de três semanas, é considerada 
a droga de escolha (GREENE, 2006; GOLDSTEIN, 2010).
Segundo Guidugli (2000) o estudo clínico randomizado é 
considerado o melhor tipo de estudo para determinar a efi cácia 
de uma droga no tratamento de determinada doença, entretanto, 
mesmo este modelo de investigação pode apresentar resultados 
discordantes. Portanto, para a escolha do tratamento mais efi caz, 
o ideal seria realizar uma revisão sistemática de ensaios clínicos, 
pois além de ser um método reprodutível, apresenta critérios 
defi nidos de avaliação, para inclusãoe exclusão de estudos, 
de acordo com sua qualidade. Neste sentido Guidugli (2000) 
realizou uma revisão de literatura sistemática e metanálise 
sobre o tratamento da leptospirose em humanos e concluiu 
que não é possível determinar a efetividade nem a segurança 
dos antibióticos, incluindo a doxiciclina, devido à ausência de 
poder estatístico e à baixa qualidade dos estudos. O mesmo 
autor constatou que em relação à leptospirose humana não há 
ensaios clínicos aleatórios que tenham comparado diferentes 
tipos de antibióticos entre si, ou outros regimes terapêuticos com 
antibióticos que não sejam penicilina e doxiciclina comparadas 
ao placebo.
O tratamento da leptospirose canina com antibióticos vem 
sendo empregado há muitos anos e não obstante à resistência 
microbiana a estes fármacos tenha sido relatada (GREENE, 2006), 
a efi cácia dessa terapia não tem sido adequadamente revisada. 
Neste sentido foi realizada uma revisão de literatura sistemática 
sobre a efetividade e segurança de antibióticos no tratamento 
da leptospirose em cães.
 DESENVOLVIMENTO
Tendo como base as diretrizes da Medicina baseada em 
evidências realizou-se uma revisão sistemática que objetivou 
testar as seguintes hipóteses:
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1. Os tratamentos da leptospirose canina com antibióticos 
são mais efetivos do que o placebo.
2. O tratamento da leptospirose canina com antibióticos 
não promove efeitos colaterais indesejáveis.
3. A droga de escolha para o tratamento da leptospirose 
canina é a doxiciclina.
Para tal foi elaborada uma pergunta estruturada de acordo 
com a situação, intervenção e desfecho, conforme preconizado 
Castro (2001): Quais antibióticos são efi cazes no tratamento da 
leptospirose canina? Tal pergunta gerou a seguinte estratégia 
para busca na base de dados Pubmed, Scielo e Bireme 
(((leptospirosis) AND (treatment) AND (canine) AND (antibiotic))).
A pesquisa sistemática foi realizada entre os meses de 
dezembro de 2012 e janeiro de 2013. Em todas as bases de 
dados foi utilizada a ferramenta “full text available”. Não foi 
utilizado limite de data de publicação, sendo incluindo apenas 
textos em inglês e português. Com base na análise dos títulos 
e resumos, foram selecionados qualquer tipo de estudo clínico, 
revisão sistemática e metanálise que tenham avaliado a efi cácia 
e efeitos colaterais de qualquer antibiótico em pacientes com 
leptospirose, independentemente da forma de confi rmação do 
diagnóstico. Devido à escassez de publicações sobre a espécie 
canina (n=4), estudos realizados em outras espécies também 
foram incluídos e a pesquisa foi complementada utilizando-se 
os termos “treatment and leptospirosis canine” no site Google 
acadêmico.
Dos 164 artigos localizados, foram selecionados e analisados 
doze, que avaliaram a efi cácia de diferentes antibióticos no 
tratamento da Leptospirose (Quadro 1). Dos doze artigos 
selecionados, três foram relatos de caso, um foi série de casos, 
três foram ensaios clínicos randomizados, quatro foram ensaios 
clínicos controlados e uma revisão sistemática com meta-análise 
(Quadro 1). Três estudos foram realizados com humanos doentes 
naturalmente infectados (DAHER, 2000; COSTA et al. 2003; 
PHIMDA et al., 2007), três utilizaram hamsters inoculados com 
leptospiras de diferentes sorovares (TRUCOLLO, 2002; MOON et 
al. 2006; GRIFFITH et al. 2007 ) e cinco estudos foram realizados 
com cães doentes, naturalmente infectados por diferentes 
sorotipos de leptospiras (BROWN et al.1996; KALLIN et al. 1999; 
MATHEWS, 2001; CLAUS, 2008; OLIVEIRA, 2010).
Os trabalhos de maior confi abilidade, ou seja, os ensaios 
clínicos randomizados e a revisão sistemática, compararam 
a penicilina com placebo, doxiciclina com azitromicina e 
penicilina com controle (DAHER, 2000; COSTA et al. 2003), 
sendo que o tratamento controle não foi descrito no tratamento 
da leptospirose humana. Estudos não randomizados, de 
menor qualidade, avaliaram o uso da amoxicilina, ampicilina, 
azitromicina, ciprofl oxacina, claritromicina, doxiciclina, 
gatifl oxacina, levofl oxacina, ofl oxacina, penicilina, telitromicina 
no tratamento de hamsters e cães doentes. 
Os estudos avaliaram tanto indivíduos suspeitos quanto 
casos confi rmados da doença. Pode-se observar que os artigos 
selecionados para a presente revisão variaram entre si quanto 
ao tipo do estudo, amostra, tratamento, via de administração e 
tempo de tratamento.
Como forma de avaliar a efi ciência dos tratamentos, os 
estudos levaram em consideração fatores como presença de 
Leptospira na urina, sangue e tecidos, função renal e hepática 
dos pacientes. Porém os fatores de maior relevância para a 
avaliação eram a taxa de sobrevivência e cura clínica.
Ressalta-se que nenhum estudo realizado em cães recebeu 
a pontuação três que garante a qualidade mínima conforme 
Jadad (1996).
 
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Quadro 1. Resumo da efi cácia e efeitos colaterais de tratamentos da leptospirose em diferentes espécies, de acordo com o tipo de estudo, qualidade (pontuação Jadad), tipo e tempo de uso do antibiótico.
Referência Estudo Jadad Espécie (N) Tratamento Tempo Efeitos Colaterais Resultados
Brown et al. (1996) SC 0 Canina (11)
Ampicilina, Doxiciclina, Amoxicilina, 
Penicilina.
2 – 4 semanas
Ausência de 
efeitos colaterais.
2 (18) cães eutanaziados; 8 (82%) sobreviveram e 2 recuperaram a função 
renal.
Claus (2008) RC 0 Canina (6)
Amoxicilina (20mg/kg IV. TID e 10mg/
kg VO. BID) seguida de Doxiciclina 
(10mg/kg VO. BID).
4 semanas
Ausência de 
efeitos colaterais.
5 (83%) sobreviveram e recuperaram a função renal. Apenas um animal 
foi eutanaziado.
Costa et al. (2003) ECR 3 Humano (253)
Penicilina (6000000U/dia dividida em 
6 doses de 1000000U); Controle.
7 dias NI Penicilina: 110 (88%) sobreviveram; Controle: 120 (94,7) sobreviveram.
Daher (2000) ECR 3 Humano (35) Penicilina (6000000U/dia); Controle. 8 dias
Penicilina 
aumentou a 
proteinúria.
Penicilina: 15 (94%) sobreviveram.
Griffi th et al. (2007) ECC 0 Hamster (250)
Docixiclina (5mg/kg IP SID); 
Ciprofl oxacina (5, 25 e 50 mg/kg IP 
SID); Gatifl oxacina (5, 25 e 50 mg/
kg IP SID); Levofl oxacina (5, 25 e 50 
mg/kg IP SID); Controle (não recebeu 
tratamento).
5 dias
Diarréia induzida 
pela Gatifl oxacina 
(50 mg/kg)
Grupo Controle: 50 (100%) vieram a óbito; Doxiciclina: 49 (98%) 
sobreviveram; Levofl oxacina: 48 (95%) animais tratados com 25 e 50mg/
kg sobreviveram e 20 (40%) animais tratados com 5mg/kg sobreviveram; 
Ciprofl oxacina: 45 (90%) animais tratados com 50mg/kg sobreviveram, 30 
(60%) animais tratados com 25mg/kg sobreviveram e todos os animais 
tratados com 5mg/kg morreram antes do fi nal do estudo; Gatifl ixacina: 
45 (90%) animais tratados com 5mg/kg sobreviveram, 50 (100%) animais 
tratados com 25mg/kg sobreviveram e 30 (60%) animais tratados com 
50mg/kg sobreviveram.
Guidugli (2000) RSM _ Humano (150) Placebo; Doxiciclina; Penicilina. NI NI
Penicilina e Doxiciclina: 74 (99%) sobreviveram; Placebo 72 (96%) 
sobreviveram.
Kalin et al. (1999) RC 0 Canina (3)
Caso 1 e 2: Penicilina G (40000 U/
Kg dividida em duas doses) seguida 
de Amoxicilina (350mg VO. BID) + 
Doxiciclina (75mg VO. BID) e Caso 3: 
Ampicilina (22 mg/kg IV.) seguida de 
Amoxicilina (250mg VO. BID) seguida 
de Doxiciclina (60 mg VO. BID).
Trat. 1 e 2: 5 
semanas; Trat. 
3: 4 semanas
Ausência de 
efeitos colaterais.
3 (100%) sobreviveram e foram curados.
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Mathews (2001) ECC 0 Canina (18)
Controle: Ampicilina (20mg/kg IV 
QID); Ampicilina (20mg/kg IV QID) + 
Diltiazem (0,2-0,5mg/kg IV lenta).
1 - 7 dias
Ausência de 
efeitos colaterais.
Ampicilina: 5 (71%) sobreviveram; Ampicilina+ Diltiazem: 11 (100%) 
sobreviveram.
Moon et al. (2006) ECC 0 Hamster (200)
Controle 1 (não recebeu tratamento); 
Controle 2 (doxiciclina 5mg/kg IP 
SID); Doxiciclina (1, 5, 10, 15, 50, e 
100 mg/kg IP SID); Azitromicina (6.25, 
12.5, 25, 50, 100, e 200 mg/kg IP SID); 
Telitromicina (1, 5, 10, 15, 20, e 40 mg/
kg IP SID); Claritromicina (1, 5, 10, 15, 
20, e 40 mg/kg IP SID).
5 dias
Doxiciclina (50 
e 100 mg/kg) 
causou diarreia; 
Azitromicina (100 
e 100 mg/kg) 
causou agitação 
e desconforto 
abdominal; 
Telitromicina (15, 
20 e 40 mg/kg) 
causou agitação e 
descarga nasal.
Controle 1:Todos os animais vieram à óbito; Controle 2: 9 (90%) animais 
sobreviveram; Doxiciclina 1 e 50mg/kg: 8 (80%) animais sobreviveram; 
Doxiciclina 100mg/kg: 9 (90%) animais sobreviveram; Doxiciclina 5, 
10, 15mg/kg: 10 (100%) animais sobreviveram; Todos os animais (60) 
tratados com Azitromicina sobreviveram; Telitromicina: 59 (98%) animais 
sobreviveram; Claritromicina 1, 5, 10, 15mg/kg: Todos os animais (40) 
vieram à óbito; Claritromicina 60mg/kg: 9 (90%) animais sobreviveram; 
Claritromicina 100mg/kg: 7 (70%) animais sobreviveram; Claritromicina 
40mg/kg: 6 (60%) animais sobreviveram; Claritromicina 20mg/kg: 3 (30%) 
animais sobreviveram.
Oliveira (2010) RC 0 Canina (4) Doxiciclina (5mg/kg VO BID). 2 semanas
Ausência de 
efeitos colaterais.
Todos os animais sobreviveram até o fi nal do estudo.
Phimda et al. (2007) ECR 3 Humano (296)
Doxiciclina (200mg/kg VO na primeira 
dose seguida de 100mg/kg VO BID); 
Azitromicina: (1g de dose inicial 
seguido de 500mg SID).
Doxiciclina: 
7 dias 
Azitromicina: 2 
dias
Vômito e náusea, 
principalmente 
em pacientes 
tratados com 
Doxiciclina.
Doxiciclina: 140 (96,5) pacientes sobreviveram; Azitromicina: 147 (97,4%) 
pacientes sobreviveram.
Trucollo (2002) ECC 0 Hamster (72)
Ampicilina (40 e 100mg/kg IM SID); 
Ofl oxacina (15 e 30mg/kg IM SID); 
Doxiciclina (10mg/kg IM SID).
1 - 6 dias
Ampicilina 40mg/kg: Ao fi nal do estudo esta dose não foi sufi ciente para 
eliminar a Leptospira do organismo dos animais; Ampicilina 100mg/kg: 
Eliminou a Leptospira do sangue, fígado e baço, porém, não foi capaz de 
eliminar dos rins. Ofl oxacina 15 e 30mg/kg: Não foi capaz de eliminar a 
leptospira do sangue ao fi nal do estudo; Doxiciclina: Eliminou totalmente 
a Leptospira do organismo dos animais até o fi nal do estudo.
SC = Série de casos RC = Relato de casos ECC = Estudo clínico controlado ECR = Estudo clínico randomizado RSM = Revisão sistemática e meta-análise SID = Uma vez ao dia BID = Duas vezes ao dia TID = Três vezes ao dia IV = Intravenoso IM = Intramuscular IP = Intraperitoneal VO = Via oral
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Evidências de que os antibióticos são mais efetivos que 
o placebo no tratamento da leptospirose canina
Não foram encontrados nas bases de dados consultadas 
estudos que comparassem a efi ciência do uso de uma substância 
inerte em relação ao uso de antibióticos no tratamento de cães 
infectados por leptospirose. Portanto, dentre os 12 estudos 
selecionados, não existem evidências para confi rmar ou negar 
a hipótese de que os antibióticos são mais efi cientes que o 
placebo.
Há um pequeno número de estudos realizados em pacientes 
humanos nos quais foi comparada ao placebo a efi cácia de 
antibióticos em pacientes com leptospirose. Guidugli (2000) 
realizou uma revisão sistemática com meta-análise abordando 
este tema em humanos e chegou à conclusão de que, também 
na medicina humana, não existem evidências convincentes de 
que a antibioticoterapia é mais efi ciente do que a terapia com 
placebo no tratamento da leptospirose.
Evidências de que tratamento da leptospirose com os 
antibióticos não causam efeitos colaterais em cães
Os cinco estudos realizados com cães não relataram 
qualquer tipo de efeito colateral associado à terapia com 
antibióticos, entretanto dois trabalhos com humanos (DAHER, 
2000; PHIMDA et al. 2007) e dois com hamsters (MOON et al. 
2006; GRIFFITH, 2007) apontaram evidências de que o uso da 
antibioticoterapia pode acarretar em efeitos colaterais.
Phimda et al. (2007) comparando o uso da doxiciclina em 
relação à azitromicina, relataram que em humanos os efeitos 
adversos mais frequentes são a náusea e o vômito e estão mais 
relacionados ao uso da doxiciclina. DAHER (2000) ainda afi rma 
que o uso da penicilina pode contribuir na piora do quadro de 
proteinúria.
A gatifl oxacina (50 mg/kg) pode induzir diarreia em 
hamsters, diminuindo a taxa de sobrevivência destes animais 
(GRIFFITH, 2007). Segundo Moon et al. (2006), o uso da doxiciclina, 
azitromicina e telitromicina em altas doses pode levar hamsters 
a apresentarem diversos efeitos colaterais, incluindo diarreia, 
agitação e desconforto abdominal.
No entanto, estes resultados devem ser avaliados com 
cautela, pois os estudos em questão apresentam pobre qualidade 
metodológica e principalmente, os trabalhos envolvendo cães, 
foram realizados em uma amostragem muito pequena e existe 
a difi culdade em realizar a comparação desses estudos, pois 
eles variam entre si quanto a intervenções como dose, critérios 
de inclusão e exclusão, duração do tratamento e defi nição das 
variáveis estudadas.
Evidência de que a doxiciclina é a droga de escolha para 
o tratamento da leptospirose canina
Apesar dos estudos em cães preconizarem o uso da 
doxiciclina e apresentarem bons resultados tanto na taxa de 
sobrevivência quanto na eliminação da leptospiúria em casos 
tratados com doxiciclina (BROWN et al. 1996; KALIN et al. 1999; 
MATHEWS, 2001; CLAUS, 2008 ; OLIVEIRA, 2010), não existem 
trabalhos comparando o uso desta droga com outras classes de 
antibióticos ou placebo em cães.
Não existem evidências de que a doxiciclina é a droga de 
escolha para o tratamento da leptospirose canina pois, conforme 
critérios Jadda (1996), são estudos de série de casos ou relatos 
de caso que apresentam baixa confi abilidade e qualidade 
metodológica. Também os trabalhos realizados em cães 
apresentaram amostras pequenas, que podem infl uenciar de 
forma negativa nos resultados das intervenções (Quadro 1). É 
de conhecimento geral que ensaios clínicos de baixa qualidade 
metodológica costumam superestimar os resultados de uma 
intervenção (GUIDUGLI, 2000).
O uso da doxiciclina pode ou não interferir na mortalidade 
e no desaparecimento da Leptospira interrogans da urina, 
porém segundo Guidugli (2000) a maioria dos casos de 
leptospirose são autolimitantes, resolvendo-se sem nenhuma 
intervenção médica e isto representa uma difi culdade na 
escolha do critério de cura a ser adotado nos estudos que 
avaliam a efi cácia terapêutica.
Para solucionar tal questão o ideal seria a realização de 
ensaios clínicos randomizados de boa qualidade metodológica 
que levassem em consideração critérios como: duração da 
internação hospitalar, critérios para alta, presença do agente 
infeccioso na urina e incidência de complicações (GUIDUGLI, 
2000).
Portanto, devido à falta de estudos confi áveis na 
literatura, não é possível responder à hipótese sugerida de 
que a doxiciclina é a droga de escolha para o tratamento da 
leptospirose canina. 
 
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Investigação, 14(6):31-37, 2015
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os escassos estudos sobre tratamento da leptospirose 
canina apresentam baixa confi abilidade e grande limitação, 
não permitindo aceitar as hipóteses de que os antibióticos 
atualmente utilizados são mais efetivos que o placebo e não 
causam efeitos colaterais. Com base na literatura revisada não 
é possível afi rmar que a doxiciclina seja mais efi caz do qualquer 
outro antibiótico no tratamento da leptospirose canina.
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