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1 PRAGUICIDAS PARTE I Universidade Federal do Ceará – UFC Faculdade de Farmácia, Odontologia e Enfermagem - FFOE 2 PRAGUICIDAS • Definição: • “Qualquer substância ou mistura de substâncias utilizadas com a finalidade de prevenir, destruir, repelir ou mitigar qualquer tipo de praga (insetos, roedores, nematóides, fungos, ervas daninhas) ou outras formas de vida aquática ou terrestre” – Federal Environmental Pesticide Control Act. • “Qualquer substância ou mistura de substâncias utilizadas como reguladores de crescimento de plantas, desfolhantes e dessecantes” - Federal Environmental Pesticide Control Act. 3 PRAGUICIDAS • Definição: – Ausência de seletividade BIOCIDAS: • Vantagens: Único composto Várias pragas; • Desvantagens: Efeitos tóxicos paralelos; – Controle: Restrições na sua utilização (dosagem, frequência, etc); 4 PRAGUICIDAS • Classificação: – Uso; – Praga alvo; – Modo de penetração; – Forma de apresentação; – Toxicidade; – Persistência; – Estrutura química / origem; 5 PRAGUICIDAS • Classificação quanto ao uso: • Agricultura / agropecuária: – Defensivos agrícolas ou Defensivos Químicos ou Agrotóxicos; – “Alimentos orgânicos”; • Na erradicação de vetores de doenças contagiosas: – Agentes fitossanitários; • No ambiente doméstico: – Praguicidas domésticos; 6 PRAGUICIDAS • Classificação quanto à praga alvo: Praga Alvo Classificação Animais invertebrados Insetos Inseticidas Ácaros Acaricidas Nematóides Nematicidas Moluscos Moluscocidas Animais vertebrados Roedores Rodenticidas (raticidas) Aves Avicidas Peixes Piscicidas 7 PRAGUICIDAS • Classificação quanto à praga alvo: Praga Alvo Classificação Vegetais superiores Ervas daninhas Herbicidas Culturas Reguladores de crescimento Desfolhantes Dessecantes Vegetais inferiores Fungos Fungicidas Algas Algicidas 8 PRAGUICIDAS • Classificação quanto ao modo de penetração: • De contato: absorvido pela pele (tegumento) da praga. • De ingestão: penetra no organismo da praga por via oral. • Sistêmico: absorvido por uma planta e eliminam a praga que se alimenta da planta. • Fumigante: penetra na praga na forma de vapor através da via respiratória da mesma. A maioria dos praguicidas pode penetrar, simultaneamente, por diferentes vias no organismo da praga. Ex.: Lindano atua por contato, ingestão ou fumigação; 9 PRAGUICIDAS • Classificação quanto à forma de apresentação: – Brasil: ~ 200 compostos, milhares de formulações ( c/ ou s/ registro); Diversas espécies de organismos. Compostos com características físico- químicas diferentes. Gama considerável de formulações. 10 PRAGUICIDAS • Classificação quanto à forma de apresentação: Pós / poeiras: – Mistura mecânica, partículas de 3 - 30m, diluentes geralmente minerais hidrofóbicos (talco e caolim). Granulados: – Aplicados junto com adubos ou fertilizantes. Pós molháveis: – Suspensões estáveis em água. – Mais efetiva das formulações para aplicação em spray; 11 PRAGUICIDAS • Classificação quanto à forma de apresentação: Soluções aquosas: – Altamente solúveis em água. Soluções em solventes orgânicos: – Considerar ação fitotóxica e toxicidade do solvente para homem e animais, além de reatividade do mesmo. Concentrados emulsionáveis: – Emulsões estáveis em água. Uso posterior em spray. Aerossóis: – Combate a insetos em ambientes confinados. 12 PRAGUICIDAS • Classificação quanto à toxicidade: • CLASSE I - EXTREMAMENTE TÓXICOS: somente devem ser utilizados por operadores profissionais licenciados, que tenham um bom conhecimento da química, usos, perigos e precauções no uso. • CLASSE II - ALTAMENTE TÓXICOS: devem ser utilizados por operadores que aplicam, seguindo estritas condições controladas e supervisionadas por operadores treinados. • CLASSE III - MEDIANAMENTE TÓXICOS: seus operadores devem observar as normas rotineiras de segurança na aplicação. • CLASSE IV - POUCO TÓXICOS: utilizados por operadores treinados que observem medidas de proteção rotineiras. Esta categoria inclui praguicidas comercialmente liberados, excluído o uso pelo público em geral. 13 PRAGUICIDAS • Classificação quanto à persistência: – Persistência: tempo necessário para que 75 a 100% do composto não seja mais encontrado no local de aplicação. 14 PRAGUICIDAS • Classificação quanto à persistência: Classificação Tempo de persistência Exemplos Persistentes ou Altamente Residuais 2 - 5 anos Inseticidas organoclorados Moderadamente Persistentes ou Moderadamente Residuais 1 -18 meses Herbicidas derivados da uréia Não persistentes ou ligeiramente persistentes 1 - 12 semanas Inseticidas organofosforados, carbamatos e piretróides. 15 PRAGUICIDAS • Classificação quanto à estrutura / origem ( Inseticidas): – 1ª Geração: compostos inorgânicos ou de origem vegetal extrativa; – 2ª Geração: sintéticos por excelência • Organoclorados, IOFs, carbamatos, dentre outros; – 3ª Geração: Reguladores do crescimento de insetos: • Ação diversa dos demais compostos; • Vírus, fungos e bactérias isoladas e cultivadas; • Alta seletividade para insetos; • Ex.: Bacillus thuringiensis – esporos capazes de induzir morte de insetos. 16 PRAGUICIDAS • Classificação quanto à estrutura / origem (inseticidas): Inorgânicos Orgânicos Compostos que não apresentam carbono na estrutura Origem vegetal ou botânicos Sintéticos Fosfina Enxofre Piretro Rotenona Nicotina Piretróides Organoclorados Organofosforados Carbamatos Organossulfurados Organotinas Formamidinas 17 PRAGUICIDAS • Inseticidas inorgânicos: – Emprego bastante restrito; – Compostos à base de mercúrio, boro, tálio, arsênico, antimônio, selênio, flúor, enxofre, alumínio, dentre outros; – Uso no Brasil: enxofre coloidal e fosfetos de alumínio e de magnésio: AlPH3 + H2O AlOH3 + PH3 FOSFINA 18 PRAGUICIDAS • Inseticidas botânicos: – Conhecidos há vários séculos; – Importância histórica: nicotina ( extrato bruto de tabaco); – Piretro e piretrinas; – Rotenóides (Rotenona): ainda utilizados como paralisantes de peixes por indígenas sul-americanos – obtida a partir de raízes de diversas espécies; Rotenona 19 PRAGUICIDAS • Rotenona: inibição cadeia transportadora de elétrons ( NADH-UQ-redutase): 20 PRAGUICIDAS • Inseticidas orgânicos sintéticos: – Organoclorados; – Organofosforados; – Carbamatos; 21 ORGANOCLORADOS 22 ORGANOCLORADOS • Histórico: – Uso - apogeu nas décadas de 40-60; – Efeitos tóxicos de caráter retardado; – DDT – Protótipo,mais conhecido e notório inseticida do Séc. XX; – Maioria de uso banido a partir de 1973: • Alto poder residual: alta persistência no ambiente; • Bioacumulação; • Biomagnificação; • Neurotoxicidade em vertebrados; 23 ORGANOCLORADOS • Características comuns dos organoclorados: – Derivados de hidrocarbonetos ( massa molecular 300 – 500 D); – Presença do cloro na sua estrutura; – Alta lipossolubilidade; – Alta resistência aos mecanismos de decomposição dos sistemas biológicos; – Neurotoxicidade para o homem e demais vertebrados; Sinônimo: inseticidas clorados ou simplesmente clorados; 24 ORGANOCLORADOS • Estrutura química dos organoclorados: – Derivados do cicloexano; – Derivados do difeniletano; – Derivados dos ciclodienos; – Derivados do policloroterpeno; 25 ORGANOCLORADOS • Derivados do cicloexano: – Inseticidas de contato, de ingestão, de ação fumegante. – Leve ação fungicida. – Insolúvel em água. – Não se decompõe sob temperatura ambiente. – Não se decompõe em meio alcalino. – Odor característico a bolor. 26 ORGANOCLORADOS • Derivados do cicloexano: – HCH ou “BHC”: mistura de estereoisômeros; – Conformação em cadeira (mais estável) ou barco; – Conformação segundo substituintes: posições equatorial ou axial: 13 possibilidades, 5 conhecidas: – Isômeros a, b, g, d e e: grande diferença na atividade inseticida, toxicidade e características físico-químicas; – Apenas composto gama-HCH apresenta atividade inseticida; 27 ORGANOCLORADOS • Composição do hexaclorocicloexano técnico: ISÔMERO COMPOSIÇÃO PERCENTUAL a-hexaclorocicloexano 55 – 80 b-hexaclorocicloexano 5 – 14 g-hexaclorocicloexano 8 – 15 d-hexaclorocicloexano 2 – 16 e-hexaclorocicloexano 3 – 5 28 ORGANOCLORADOS • Derivados do cicloexano: – Lindano: • Formula comercial: 99 % g – hexaclorocicloexano; • Alto preço: uso inviável na lavoura; • Princípio ativo de formulações farmacêuticas uso humano (escabiose); 29 ORGANOCLORADOS • Derivados do difeniletano: – Diclorodifeniltricloroetano (DDT): – Inseticida - acaricida de contato e ingestão, altamente persistente; – Insolúvel em água; – Milhões de toneladas aplicadas a partir da década de 40 (80% na agricultura); – Inseticida mais barato já sintetizado; – Uso contra piolhos transmissores do tifo (II Guerra Mundial); – Biomagnificação; – Uso agrícola e doméstico banido; – Uso no controle da malária em áreas endêmicas (África do sul e México); 30 ORGANOCLORADOS • Derivados do difeniletano: – Síntese do DDT: 31 ORGANOCLORADOS • Derivados do difeniletano: – Diclorodifeniltricloroetano ( DDT): – Produto técnico - mistura de isômeros: – Apenas isômero p, p’ apresenta atividade inseticida; ISÔMERO COMPOSIÇÃO PERCENTUAL o, o’ DDT 0,01 o, p’ DDT 20 p, p’ DDT 75 - 76 32 ORGANOCLORADOS • Derivados do difeniletano: – Outros compostos importantes: • Diclorodifenildicloroetano (DDD): Alta persistência; • Metoxicloro; • Pertane; • Clorobenzilato; • Difeniltricloroetanol (Dicofol, keltane): ainda usado em culturas de algodão, uva e feijão; 33 ORGANOCLORADOS • Derivados dos ciclodienos: – Clordano, heptacloro, aldrin, endrin, dieldrin, isodrin, endossulfam e mirex; 34 ORGANOCLORADOS • Derivados dos ciclodienos: – Aldrin: – Insolúvel em água; – Estável em pH superior a 3; – Uso como inseticida – formicida; – Altamente persistente; – Uso restringido no Brasil. 35 ORGANOCLORADOS • Derivados dos ciclodienos: – Dieldrin: – Insolúvel em água; – Estável em meio alcalino e ácido; – Decomposição lenta sob luz; – Alta persistência; 36 ORGANOCLORADOS • Derivados dos policloroterpenos: – Toxafeno, canfecloro ou canfeno clorado; 37 ORGANOCLORADOS • Toxicocinética: HCH • Via de absorção: TGI, respiratória e dérmica. • 96% de absorção pelo TGI beta-HCH. • 85% de absorção pelo TGI gama-HCH. • beta-HCH maior acúmulo toxicidade crônica. • gama-HCH menor acúmulo toxicidade aguda. • Excreção na urina sob a forma conjugada. • Excreção no leite materno: • Lindano – 0,02 ppm no leite logo após a absorção e decai rapidamente quando cessa a absorção. • Beta-HCH – 0,20 ppm no leite logo após a absorção e persiste por muito tempo mesmo sem a exposição. 38 ORGANOCLORADOS • Toxicocinética: DDT • Via de absorção: gastrintestinal (lenta); • Distribuição em todos os tecidos ( no tecido adiposo); • Passagem barreira placentária (concentração no sangue e tecidos do feto sempre inferior à concentração materna); • Passagem barreira hematoencefálica: efeitos neurológicos; • Ciclo entero-hepático; 39 ORGANOCLORADOS • Toxicocinética: DDT 40 ORGANOCLORADOS • Toxicocinética: Ciclodienos • Via de absorção: gastrintestinal, dérmica; • Via dérmica importante para ciclodienos: DL50 dérmica próxima da DL50 oral; • Aldrin dieldrin (no fígado e nos pulmões dos mamíferos); • Endrin: principal via de biotransformação é oxidativa (formação de ceto e hidroxicompostos mais tóxicos) com excreção sob a forma conjugada nas fezes e bile; 41 ORGANOCLORADOS • Toxicodinâmica: • Lindano: Inibe a Na+, K+, Ca++ ATPase extrusão do íon cálcio no axônio cálcio livre no terminal sináptico neurotrasmissores hiperexcitabilidade, distúrbios no equilíbrio, tremores e convulsões. • DDT: Altera o transporte de íons sódio e potássio através da membranas do axônio hiperexcitabilidade, distúrbios no equilíbrio, tremores e convulsões. • Ciclodienos: Interferência na remoção do íon cálcio no axônio e ligação com receptores GABA, interferindo na entrada de cloretos na função neuronal excitabilidade e convulsões. 42 ORGANOCLORADOS • Toxicodinâmica: • Potencial carcinogenicidade*: DDT (tumores hepáticos), dodecacloro (tumores hepáticos) e toxafeno (tumores hepáticos e na tireóide), metoxicloro (carcinomas), aldrin e dieldrin (tumores hepáticos); • Na reprodução*: Lindano (alterações no ciclo ovulatório); • Potencial teratogênico*: toxafeno * Estudos em animais e microorganismos. 43 ORGANOCLORADOS • Sinais e sintomas: • Intoxicação aguda: – Cefaléia (não cede a analgésicos comuns), náuseas, vômitos, vertigem, hiperexcitabilidade, tremores e convulsões; – Convulsões com confusões, incoordenação, cianose e coma (em alguns casos, envenenamento por endrin); – Convulsões súbitas: envenenamento por lindano ou ciclodienos; – Hipertermia moderada (HCH), acentuada (42o C, ciclodienos); 44 ORGANOCLORADOS • Sinais e sintomas: • Intoxicação crônica:– Perda de peso; – Cefaléia; – Tremores (braços); – Fraqueza muscular; – Ataxia; – Dificuldade na fala e no aprendizado; – Dor torácica; – Erupções cutâneas; • Podem variar conforme o composto em questão; 45 ORGANOCLORADOS • Primeiros socorros: • Retirar a vítima de intoxicação do local de exposição. • Banhar a vítima com água fria e sabão alcalino e trocar sua roupa em caso de acidente por exposição dérmica. • Em caso de ingestão, observar se a pessoa está consciente, lúcida, com capacidade para deglutir, e promover lavagem gástrica com solução de bicarbonato de sódio a 5% (p/v) adicionada de carvão ativo. • Na ingestão simultânea de solventes evitar vômitos. 46 ORGANOCLORADOS • Primeiros socorros: • Desobstrução vias aéreas superiores; • Não fazer fricções ou massagens, pode aumentar absorção cutânea do produto; • Todo sistema sensorial do intoxicado está ativo: evitar tapas na face ou chamados. Local não claro, evitar ruídos e movimentações desnecessárias do intoxicado. • Não administrar leite: absorção dos organoclorados; 47 ORGANOFOSFORADOS 48 ORGANOFOSFORADOS • Histórico: • Ação inseticida desde 1937 (Alemanha): Sarin e Tabun; • Substituintes dos organoclorados; • Vantagens: alta atividade inseticida, largo espectro de ação, ação sistêmica para a maioria dos insetos, baixa ação residual, não persistentes, rápida biotransformação sem acúmulo nos organismos. • Desvantagem: importante toxicidade aguda; • Terapêutica: metrifonato (antihelmíntico); 49 ORGANOFOSFORADOS • Considerações: • Compostos com fósforo pentavalente na estrutura; • Ésteres dos ácido fosfórico, tiofosfórico, ditiofosfórico, fosfônico, etc; • Insolúveis ou pouco solúveis em água elevada lipossolubilidade; • Decomposição lenta em meio aquoso; • Decomposição rápida em meio alcalino; • Ex.: Malation, paration, fention, etc. 50 ORGANOFOSFORADOS 51 ORGANOFOSFORADOS • Toxicocinética: – Absorção: • Todas as vias, incluindo membranas mucosas (alta lipossolubilidade); • Via Oral: intoxicações acidentais (crianças), intencionais (adultos) e acidentais ocupacionais; • Via dérmica: intoxicações ocupacionais (durante ou após a pulverização) envenenamentos sérios difícil remoção com banho normal e sabões neutros; • temperatura e presença de dermatites absorção dérmica; • Via respiratória: exposição ocupacional (indústrias de formulação, aplicação por pulverização e uso doméstico de aerossóis); 52 ORGANOFOSFORADOS • Toxicocinética: – Distribuição: • Alta lipossolubilidade: distribuição por todo o organismo; • Concentração: nos tecidos adiposos, fígado, rins, glândulas salivares, tireóide, pâncreas, pulmões paredes do estômago e intestinos. • Concentração em menor proporção: SNC e músculos. 53 ORGANOFOSFORADOS • Toxicocinética: – Biotransformação (organismo e ambiente): • Oxidação; • Redução; • Clivagem hidrolítica; 54 ORGANOFOSFORADOS • Biotransformação: – Oxidação: • Dessulfuração oxidativa (principal); • Oxidação do grupo tioéter; • O-desalquilação; • Oxidação de substituintes alifáticos; Bioativação 55 ORGANOFOSFORADOS • Biotransformação: – Dessulfuração oxidativa: P=S P=O • Forma oxon: Maior afinidade com colinesterases (maior toxicidade), Menor lipossolubilidade: maior eliminação; Forma tion Forma oxon 56 ORGANOFOSFORADOS • Biotransformação: – Redução: • Complexos enzimáticos microssomais; • Após oxidação ou não; • Nitro-redução; • Sistema NAPH-citocromo C-redutase; 57 ORGANOFOSFORADOS • Biotransformação: – Hidrólise: Na ligação aril-fosfato ácido dietil ou dimetilfosfórico + composto hidroxilado fácil excreção na urina a partir de conjugação com substratos endógenos 58 ORGANOFOSFORADOS • Toxicocinética: – Excreção: • Principal via: urinária (maior parte nas primeiras 48 horas após absorção, na forma conjugada); • Fezes em menor grau; 59 ORGANOFOSFORADOS • Toxicodinâmica: – Mecanismo de ação tóxica: • Atividade agonista e/ou antagonista colinérgica; • Inibição das colinesterases: – Ligação ao centro esterásico; – Ligação considerada irreversível: envelhecimento da enzima; 60 ORGANOFOSFORADOS 61 ORGANOFOSFORADOS Regeneração espontânea da acetilcolinesterase: 62 ORGANOFOSFORADOS • Colinesterases: – 2 Enzimas: • Acetilcolinesterase, colinesterase verdadeira, eritrocitária ou específica; • Butirilcolinesterase, pseudocolinesterase, plasmática ou inespecífica; 63 ORGANOFOSFORADOS • Colinesterases: – Função fisiológica: • Clivagem hidrolítica da acetilcolina a colina e ácido acético; • Mecanismo de controle da neurotransmissão colinérgica; – Inibição: acúmulo de Acetilcolina; 64 ORGANOFOSFORADOS 65 ORGANOFOSFORADOS • Acetilcolina: – Neurotransmissor extremamente difundido no organismo, liberado: – Diversos neurônios centrais; – Neurônios relacionados aos movimentos voluntários; – Todos os neurônios pré-ganglionares autônomos; – Todos os neurônios pós-ganglionares parassimpáticos; – Alguns neurônios pós-ganglionares simpáticos; 66 Intoxicação aguda - sinais e sintomas: Local Sinais e sintomas nas intoxicações por IOF 1. SNC 1.1. Distúrbios do sono, dificuldade de concentração, comprometimento da memória, ansiedade, agitação, convulsões, tremores, depressão respiratória, torpor e coma. 2. Sistema nervoso autônomo (Efeitos muscarínicos) 2.1. Aparelho digestivo: perda de apetite, náuseas, vômitos, dores abdominais, diarréia, defecação involuntária. 2.2. Aparelho respiratório: rinorréia, secreção bronquiolar, dispnéia, opressão torácica, edema pulmonar. 2.3. Sistema circulatório: bradicardia, bloqueio aurículo- ventricular. 2.4. Sistema ocular: visão enfraquecida, miose, pupilas puntiformes sem reação. 2.5. Aparelho urinário: diurese freqüente e involuntária 2.6. Glândulas exócrinas: transpiração excessiva 2. Sistema somático (Efeitos nicotínicos) 3.1. Contração involuntária dos músculos, câimbras, fasciculações e enfraquecimento muscular generalizado. 67 ORGANOFOSFORADOS Sistema Nervoso Central: 68 ORGANOFOSFORADOS Sintomas nicotínicos: 69 ORGANOFOSFORADOS Sintomas muscarínicos: 70 ORGANOFOSFORADOS • Sinais e sintomas – Intoxicação aguda: – Envenenamento severo: inconsciência, ausência dos reflexos pupilares, secreção bronquiolar excessiva, dificuldade respiratória e cianose; – Óbito: insuficiência respiratória (broncoconstricção, secreção brônquica, fraqueza dos músculos respiratórios e depressão do centro respiratório SNC); 71 ORGANOFOSFORADOS • Primeiros socorros: • Retirar a vítima de intoxicação do local de exposição. • Banhar a vítima com água fria e sabão alcalino e trocarsua roupa em caso de acidente por exposição dérmica. • Em caso de ingestão, observar se a pessoa está consciente, lúcida, com capacidade para deglutir, e provocar vômito ou fazer a lavagem gástrica com solução de bicarbonato de sódio a 5% (p/v) adicionada de carvão ativo. • Na ingestão simultânea de solventes evitar vômitos (produtos formulados com solventes orgânicos). 72 ORGANOFOSFORADOS • Primeiros socorros: • Não administrar laxativos oleosos, leite, alimentos e produtos gordurosos. • Remoção de muco de vômitos da cavidade oral e eliminar obstruções mecânicas. • Pacientes em choque: afrouxar as roupas, elevar as pernas e aquecê-los. • Não fazer fricções ou massagens, pode vir a agravar o quadro clínico facilitando a absorção do produto pela pele. • Todo sistema sensorial do intoxicado está ativo, evitar despertar o paciente com tapas na face ou com chamados. Mantê-lo em local não claro, evitar ruídos, evitar movimentações desnecessárias do intoxicado. 73 ORGANOFOSFORADOS • Síndrome Neurotóxica Intermediária (SNI): – 24-96 horas depois dos sinais e sintomas agudos; – Mais comum com agentes mais lipofílicos; – Não há correlação com inibição das colinesterases; – Fraqueza muscular; – Acentuada debilidade da musculatura inervada pelos nervos cranianos, dos músculos flexores do pescoço, da respiração e dos membros; – Sem fasciculações; – Tratamento: medidas de suporte em UTI ( mortalidade); – Em geral, morte precedida por coma e cianose; 74 ORGANOFOSFORADOS • Síndrome Neurotóxica Tardia (SNT): – IOF com flúor ligado ao fósforo. – Inibição da carboxiesterase neuronal inespecífica. – Manifestações iniciais: fraqueza muscular nos membros e depressão dos reflexos tendinosos. – Manifestações posteriores: hipertonia, hiperreflexia e anormalidades nos reflexos. – Lesão nos nervos periféricos (radial, tibial superior e ciático) com degeneração da bainha mielina. – Polineuropatia motora, em geral quadriplegia. – Músculos enervados pelos nervos cranianos e respiratórios poupados em geral. – Tratamento: medidas de suporte em UTI ( mortalidade). – Em geral, morte precedida por coma e cianose. 75 CARBAMATOS 76 CARBAMATOS • Considerações: • Estrutura fundamental: ácido N-metilcarbâmico. • Características: 1) Alta atividade inseticida; 2) Baixa ação residual, devido à instabilidade química das moléculas; 3) Comparativamente menos tóxicos que compostos Organofosforados; • Principais representantes: benfuracarb, carbaril, carcofuran, carbosulfan, pyrolan, aldicarb, propoxur (Baygon), etc. • Intoxicações ocupacionais; • O Aldicarb, tem sido usado ilegalmente (como raticida), sendo responsável por um grande número de intoxicações humanas na forma ilegal de “Chumbinho”; • O Aldicarb é legalizado para uso agrícola; 77 CARBAMATOS Propoxur Carbaril 78 CARBAMATOS • Toxicocinética: Absorção e distribuição – Podem ser absorvidos por via oral, respiratória e dérmica; – absorção dérmica pelo organismo humano pó ou pó molhado; – absorção através do TGI; – Toxicidade influenciada pelo veículo e via de exposição; – Rápida distribuição pelos tecidos e órgãos; 79 CARBAMATOS • Toxicocinética: Biotransformação – Hidrólise ácido N-metilcarbâmico + fenol. – Hidroxilação do grupamento N-metil compostos menos tóxicos. – Hidroxilação do anel aromático produtos inibidores da AChE mais tóxicos, em geral BIOATIVAÇÃO – N-desalquilação importância secundária; – Conjugação com ácido glucurônico e sulfato, especialmente dos compostos hidroxilados; 80 CARBAMATOS • Toxicocinética: Biotransformação e excreção • Biotransformação do carbaril: Carbaril hidroxilação do anel aromático 5-hidroxi-carbaril DL50 aguda oral = 500-850/kg DL50 aguda oral = 300mg/kg • Excreção: – Urinária (principal) e nas fezes, em menor grau; – Rápida – Ex.: 70-80% de uma única dose de carbaril em ratos é excretada nas primeiras 24 horas na urina. 81 CARBAMATOS • Toxicodinâmica: – Mecanismo de ação tóxica: • Atividade agonista / antagonista colinérgica; • Inibição das colinesterases; – Maior semelhança com Acetilcolina; – Ligação reversível com colinesterases; – Regeneração da enzima carbamilada regeneração da enzima fosforilada. 82 CARBAMATOS • Sinais e sintomas: • Sem síndrome intermediária ou tardia; • Diminuição da atividade hepática; • Diminuição da atividade tireoideana; • Sintomas centrais, nicotínicos e muscarínicos semelhantes aos IOFs; • Crianças: sintomas centrais mais comuns – diagnóstico;
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