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31 SUPRIMENTO DE MÃO DE OBRA Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : L éo - 2 1/ 06 /2 01 0 Unidade III 5 10 15 20 8 O PROCESSO DE SELEÇÃO E SUAS PRINCIPAIS FERRAMENTAS 8.1 Seleção de pessoal: características gerais A seleção de pessoal é um processo em que são escolhidas pessoas para uma determinada tarefa ou esquema operacional, objetivando a entrada de recursos humanos na organização. De acordo com Pontes (2001, p. 159), “seleção de pessoal é o processo de escolha do profissional para o preenchimento das posições abertas entre aqueles recrutados”. O candidato mais adequado aos cargos existentes com o intuito de manter ou aumentar a eficiência e o desempenho do capital humano, assim como o progresso da organização, é convidado a ocupar os cargos em aberto. O principal objetivo da seleção pode ser definido como um posicionamento estratégico que atua de forma direta na cultura da organização, visando à saúde organizacional. Tem, como principal tarefa, a escolha, entre os candidatos recrutados, daqueles que tenham maiores probabilidades de se ajustar ao cargo vago. Diante disso, podemos afirmar que o processo de seleção nos oferece um diagnóstico (situação atual), bem como um prognóstico (previsão de variáveis, como tempo de aprendizagem) do candidato. 32 Unidade III Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : L éo - 2 1/ 06 /2 01 0 Os procedimentos básicos do processo seletivo são: • descrição e análise do cargo: conforme já abordamos anteriormente, na descrição do cargo, são analisados o que o ocupante faz, quando, como e por que faz e, na análise do cargo, são analisados os requisitos mentais e físicos, as responsabilidades envolvidas e as condições de trabalho exigidos pelo cargo; • técnicas de seleção: entrevista, testes de conhecimentos ou de capacidades, testes psicométricos, testes de personalidade, dinâmicas de grupo e/ou técnicas de simulação, grafologia, seleção 360º, programa de perfil de pessoal; • avaliação e pareceres finais: parecer final, processo de decisão; • controle da seleção: adaptação do novo trabalhador à empresa e vice-versa; acompanhamento e avaliação do período probatório. Disso, pode-se concluir que a seleção de pessoal não é ou não deve ser: • um mero preenchimento de vaga; • apenas a tarefa de recrutar pessoas; • a simples aplicação e correção de provas psicológicas, práticas e técnicas; • a restrita ação de entrevistar pessoas; • uma ação a curto prazo; • um instrumento para colocar em prática os itens restritivos a candidatos e que envolvem discriminação de pessoas. 5 10 15 20 25 33 SUPRIMENTO DE MÃO DE OBRA Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : L éo - 2 1/ 06 /2 01 0 8.2 Seleção enquanto processo de comparação Trata-se da comparação entre os requisitos necessários à ocupação do cargo e o perfil dos candidatos, devendo haver uma equiparação dos dois elementos. Por exemplo: quando o candidato não possui um perfil que corresponda às especificações do cargo ou o seu potencial de desenvolvimento não é identificado no processo seletivo, dizemos que ele não está apto ao cargo. Quando o candidato possui um perfil muito além dos requisitos necessários ao cargo, podemos afirmar que ele se encontra acima das expectativas e, neste caso, trata-se de uma delicada decisão para a organização, pois ela dispõe de um candidato que poderá ficar desmotivado, em pouco tempo, frente às limitações do cargo. Como nos alerta Chiavenato (1997), essa comparação não deve ser feita com extrema rigidez. Deve-se, portanto, admitir certa maleabilidade em torno do eixo ideal. Para Chiavenato (2004, p. 90), “a comparação permite indicar os candidatos que foram aprovados no processo de seleção, isto é, aqueles cujos resultados se aproximam do nível ideal de comparação. Porém, além de ser um processo de comparação, a seleção é também um processo de escolha, onde a decisão final de escolha ou de rejeição caberá ao órgão requisitante”. Seleção enquanto processo de decisão Após a realização desse processo de comparação, se o candidato encontrar-se dentro da faixa de aceitação em relação ao cruzamento dos dados (requisitos do cargo x perfil do candidato), ele é encaminhado ao órgão requisitante. Entretanto, o órgão selecionador jamais deve se opor à aceitação de um candidato pelo órgão requisitante, sob pena de cometer um grave erro e arcar com as consequências negativas que, porventura, ocorram. Por isso, afirmamos que o processo seletivo deve ser realizado por meio de uma parceria entre estes dois órgãos (requisitante e selecionador), que somam seus conhecimentos em prol de um 5 10 15 20 25 30 34 Unidade III Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : L éo - 2 1/ 06 /2 01 0 único objetivo: selecionar o candidato mais adequado para o momento. Chiavenato (2004) afirma que, enquanto processo de decisão, a seleção está ancorada em três modelos comportamentais: • modelo de colocação: neste caso, existe apenas um candidato para uma vaga, não há possibilidade de rejeição, a única opção é contratar; Candidato Cargo • modelo de seleção: existem vários candidatos para apenas uma vaga em aberto. Neste caso, há opção de aprovação ou rejeição, já que o perfil de cada candidato será comparado com os requisitos do cargo; Candidato 1 Candidato 2 Cargo Candidato 3 • modelo de classificação: existem vários candidatos para cada vaga e diversas vagas para cada candidato. O candidato é analisado segundo os requisitos do cargo, havendo a opção de ser aprovado ou rejeitado para esse cargo específico. Quando rejeitado, passa a ser comparado com os requisitos de outro cargo em aberto, ocorrendo esse processo até se extinguirem os cargos vagos. Esse processo ocorre quando o perfil do candidato é considerado interessante pela organização que deseja tê- lo em seu quadro funcional. Neste caso, também existem vários candidatos disputando cada cargo. Candidato 1 Cargo Candidato 2 Cargo Candidato 3 Cargo 5 10 15 20 25 35 SUPRIMENTO DE MÃO DE OBRA Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : L éo - 2 1/ 06 /2 01 0 O modelo de classificação é considerado superior aos demais, pois proporciona um melhor aproveitamento de candidatos, dá maior eficiência aos processos e reduz custos. 8.3 Fluxograma do processo de recrutamento e seleção Acreditamos que esteja claro que o processo de seleção é uma continuação do processo de recrutamento, ambos intimamente relacionados. Portanto, podemos dizer que, se optamos por um recrutamento interno, obviamente, a seleção também será interna e, se o processo consistir em recrutamento externo, a seleção será externa. Veja o fluxo a seguir: Requisição de pessoal Levantamento de perfil do cargo Recrutamento Tiragem Técnicas de seleção Seleção final: órgão solicitante Processo admissional Em face do comprovado acréscimo dos custos de demissão, as funções de recrutar e selecionar pessoas são de primordial importância, tendo grande impacto na dinâmica de funcionamento da organização. Embora esse processo dependa do clima e da cultura organizacional, em geral, tende a trazer muitas vantagens como a diminuição dos custos, as melhores 5 10 15 36 Unidade III Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : L éo - 2 1/ 06 /2 01 0 condições de adaptação trabalhador-empresa (se houver acompanhamento),o aprimoramento dos produtos e serviços produzidos com a entrada de profissionais especializados e a maior segurança econômica em virtude de maior estabilidade de pessoal. Tudo isso poderá ocorrer a curto, médio e longo prazo e dependerá de uma visão mais ampla do que seja o processo de recrutamento e seleção. 9 TÉCNICAS DE SELEÇÃO Nota: o presente módulo tem como objetivo apresentar as principais técnicas de seleção, bem como incentivar reflexões sobre sua escolha como ferramenta estratégica na tomada de decisão. As técnicas de seleção são utilizadas com o objetivo de obter informações sobre os candidatos. Essas informações serão cruzadas com as informações sobre os requisitos básicos dos cargos e servirão como subsídios essenciais para a tomada de decisão. Divididas em cinco grupos, as técnicas de seleção apresentam- se da seguinte forma: • entrevistas: dirigidas (com roteiro) e não dirigidas (sem roteiro ou livres); • provas de conhecimento ou de capacidade: gerais (de cultura geral, de línguas) ou específicas (de conhecimentos técnicos); • testes psicométricos: testes de aptidões (gerais ou específicas); • testes de personalidade: projetivos ou inventários (de interesses, motivação e frustração); • técnicas de simulação: psicodrama ou dramatização. 5 10 15 20 25 37 SUPRIMENTO DE MÃO DE OBRA Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : L éo - 2 1/ 06 /2 01 0 Confiabilidade e rapidez são características básicas para classificar uma técnica de seleção que terá como meta principal realizar uma amostragem do comportamento dos candidatos como eficiente. Claro que as técnicas de seleção realizam apenas uma amostra do comportamento, mas elas devem tentar aproximar-se o máximo possível do comportamento real desses candidatos, pois, como bem sabemos, alguns candidatos tentam, por motivos diversos e muito particulares, apresentar um comportamento ideal, de acordo com o que imaginam como tal. Além de tentar identificar o comportamento real e atual, as técnicas de seleção devem fornecer subsídios para predizer o comportamento futuro do candidato. Não se trata de adivinhar! É preciso ter cuidado com esse tipo de comportamento, pois se trata da utilização de técnicas sérias que, baseadas no comportamento passado e presente, fornecerão subsídios para predizer, com maior probabilidade de acerto, o comportamento futuro. A escolha da técnica mais apropriada deve considerar os seguintes pontos: • cargo para o qual se está selecionando; • tempo e recursos disponíveis; • aplicabilidade da técnica para o público (candidatos) em questão. O mais indicado é a combinação de várias técnicas, pois o cruzamento dos resultados de cada uma delas poderá fornecer informações mais completas sobre os candidatos. 5 10 15 20 25 38 Unidade III Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : L éo - 2 1/ 06 /2 01 0 Descrição e análise do cargo Padrões de desempenho desejado para cada atividade Especificações das pessoas Comparação para verificar adequação Decisão Fontes de informação sobre os candidatos obtidas por meio das técnicas de seleção A seguir, faremos uma breve explanação sobre as principais técnicas de seleção: 9.1 Entrevista Método desenvolvido nas ciências sociais que dá ênfase à obtenção e ao registro de informações e dados. Trata-se da técnica de seleção que mais influencia o processo decisório sobre a aprovação ou não de um candidato para o cargo em questão. Dada a sua grande utilização e importância no processo seletivo, abordaremos em maior profundidade essa técnica no próximo módulo. Seus principais objetivos são: • verificar as condições do candidato ao emprego e, em caso positivo, estabelecer qual cargo é mais apropriado para o pleno desenvolvimento de suas aptidões; • fornecer ao candidato uma imagem explícita sobre a empresa, dar transparência sobre o cargo e sobre as 5 10 15 39 SUPRIMENTO DE MÃO DE OBRA Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : L éo - 2 1/ 06 /2 01 0 condições que lhe são oferecidas para o desenvolvimento das atividades. Esse objetivo reforça a concepção de que a seleção é um processo de mão dupla, tanto a empresa seleciona o candidato como ele seleciona a empresa; • conduzir a entrevista dando ao candidato a certeza de que ele teve tratamento equivalente ao dos demais candidatos, mesmo que não seja o selecionado. 9.2 Testes de capacidade ou de conhecimentos Atividades estruturadas e previamente planejadas, por meio das quais os candidatos são expostos a situações-problema, reais ou fictícias, tendo por objetivo: • avaliar como está o nível de conhecimentos gerais e específicos dos candidatos; • relacionar o nível de conhecimentos gerais e específicos dos candidatos com o que é exigido para o cargo ao qual está sendo realizada a seleção; • medir o grau de conhecimentos técnicos e/ou profissionais; • avaliar, com precisão, o grau de noções, habilidades e conhecimentos adquiridos pelos candidatos, por meio do estudo, do exercício e da prática; • verificar a habilidade dos candidatos para atividades exigidas pelo cargo. 9.3 Testes psicométricos Trata-se de uma definição objetiva de amostra do comportamento humano. Relaciona-se a aptidões, interesses ou características do comportamento, envolvendo a determinação da quantidade de aptidões e interesses. Sua aplicação obedece a condições padronizadas, de uso exclusivo de psicólogos(as). 5 10 15 20 25 40 Unidade III Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : L éo - 2 1/ 06 /2 01 0 Possuem como características principais: a predição (oferece resultados que possibilitam fazer um prognóstico sobre o desempenho do candidato no cargo); a validade (afere com exatidão a variável que se propõe medir) e a precisão (quando aplicado à mesma pessoa várias vezes, apresenta resultados semelhantes). Seu principal objetivo é oferecer um prognóstico futuro do potencial de desenvolvimento das aptidões encontradas. 9.4 Testes de personalidade São instrumentos de pesquisa e investigação psicológica que objetivam avaliar atitudes, interesses, valores e traços de personalidade, bem como sua dinâmica de funcionamento. A utilização, interpretação e devolução do resultado dos testes de personalidade só podem ser realizadas por um psicólogo(a). Seu principal objetivo é analisar os diversos traços determinados pelo caráter (traços adquiridos) e pelo temperamento (traços inatos). 9.5 Técnicas de simulação Vivência grupal e lúdica que deve ser aplicada por profissionais preparados para lidar com situações que mobilizem o conteúdo interno das pessoas, pois essa vivência pode ativar questões profundas nos indivíduos. Assim como as entrevistas, também são bastante utilizadas, e nos deteremos com maior profundidade nesta técnica no módulo 11. Seu principal objetivo é reconhecer as potencialidades e as dificuldades dos candidatos de forma mais espontânea e criativa. 9.6 Seleção 360º Técnica de seleção na qual todas as interfaces relacionadas ao cargo participam do processo. O candidato é entrevistado em diversos níveis hierárquicos, tais como: futuro superior, pares, fornecedores e clientes. Possibilita o contato com todas 5 10 15 20 25 41 SUPRIMENTO DE MÃO DE OBRA Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : L éo - 2 1/ 06 /2 01 0 as áreas nas quais irá atuar, caso seja aprovado. Apresenta como vantagem o estabelecimento da corresponsabilidade pelo êxito ou fracasso do selecionado.Diante do exposto anteriormente, concluímos que a escolha das técnicas de seleção deve seguir critérios que primem pela eficiência, validade e rapidez, pois serão ferramentas fundamentais no processo decisório, que, por sua vez, apresentará importantes repercussões na vida dos candidatos (selecionados ou não) e da empresa contratante. Uso de computadores na avaliação Os computadores estão sendo cada vez mais utilizados na realização e na pontuação de testes e outros dispositivos. Os testes de papel e lápis são facilmente adaptados para serem aplicados pelo computador. Os testes de desempenho como os testes de digitação também são adaptáveis. Vantagens: • pontuação automática; • as pessoas podem completar os testes de personalidade de forma mais honesta; • os computadores permitem testes adaptados mais fáceis nos quais itens específicos, dados para um candidato, variam de acordo com as respostas já dadas; • permitem a adaptação do teste à habilidade do indivíduo (se errar, você recebe um mais fácil, se acertar, você recebe um mais difícil); • exigem poucos itens para avaliar com segurança qualquer coisa que esteja sob avaliação. 5 10 15 20 25 42 Unidade III Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : L éo - 2 1/ 06 /2 01 0 Desvantagens: • alto custo com hardware (equipamentos) e alguns softwares (programas); • os testes computadorizados não são necessariamente equivalentes aos impressos, especialmente em testes que têm como objetivo medir a velocidade em alguma tarefa, como cálculos, por exemplo. 10 TÉCNICA DE ENTREVISTA Nota: este módulo apresentará alguns pontos específicos sobre uma importante técnica de seleção: a entrevista. 10.1 Introdução A entrevista de seleção é uma técnica muito difundida nas organizações, podendo, se bem utilizada, servir como importante complemento do processo de decisão. Entretanto, antes de dar início a uma entrevista, é necessário ter clareza das principais competências organizacionais, e quais competências individuais essa organização considera essenciais. Outro aspecto importante é o planejamento da entrevista. Estes e outros pontos serão abordados nos tópicos a seguir. 10.2 Principais competências organizacionais Rodriguez (2005) expõe que as competências institucionais são valores e ideias que fazem parte do perfil da organização, como, por exemplo, Criatividade e Inovação, ou Qualidade Total e Perfeição Absoluta, e, em termos de gestão, o conceito de competência associa-se à capacidade das pessoas de gerar resultados para a organização e agregar valores mais amplos. Ainda segundo Rodriguez (2005, p. 16), “o primeiro dos grandes exercícios está exatamente em conciliar os objetivos pessoais com os objetivos da empresa”. 5 10 15 20 25 43 SUPRIMENTO DE MÃO DE OBRA Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : L éo - 2 1/ 06 /2 01 0 Estas competências essenciais geram um diferencial competitivo para a empresa. A definição dessas competências organizacionais deve ser realizada por grupos de trabalhadores de variadas áreas da empresa. Pimenta (2004) salienta que trabalhar em equipe de maneira cooperativa permite a integração de conhecimentos e habilidades de cada um, o que possibilita superar deficiências para atingir um objetivo. A ideia da autora deve ser implantada não só no ambiente interno da organização, mas deve haver a inclusão dos stakeholders, que são todas as pessoas ou empresas influenciadas pelas ações da organização. Após a identificação das competências organizacionais, é primordial identificar de quais competências humanas a organização precisa para sustentar aquelas. O passo seguinte seria o desenvolvimento das competências das pessoas que formam a organização, visto que são elas que diferenciam relacionamentos, criam e implementam novas tecnologias, produtos ou serviços. 10.3 Competências humanas essenciais Segundo Rodriguez (2005, p. 40): O termo competência em si é um conceito que existe há muito tempo na história. Na Idade Média, por exemplo, competência significava “a capacidade de apreciar e julgar certas questões ou realizar determinados atos”. Já durante o Renascimento, competência era “a capacidade de realizar determinado trabalho”. Mais recentemente, competência está relacionada com a capacidade das pessoas, tem um quê de adjetivo. Quando dizemos, por exemplo, “Fulano é competente”, isso significa que o indivíduo é bom no que faz profissionalmente, de um modo geral. 5 10 15 20 25 30 44 Unidade III Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : L éo - 2 1/ 06 /2 01 0 Para o autor, há quatro parâmetros de competências: competências institucionais, técnicas, instrucionais e comportamentais. As que se relacionam às competências humanas (ibidem, p. 41) são: • competências técnicas: voltadas a suprir necessidades específicas; conhecimento específico de uma área, cursos ou experiências etc; • competências instrucionais: voltadas ao nível de educação formal, pedagógica; • competências comportamentais: conjunto de características que compõem o perfil pessoal de cada indivíduo, suas emoções, a forma como se comportam social e profissionalmente, seus agentes motivadores, seus medos básicos e como isso se relaciona com as necessidades de preenchimento das funções ou atividades em uma organização. Portanto, é o desenvolvimento das competências humanas que forma a competência organizacional, e, para que haja sucesso nesse processo, é imprescindível a soma das competências humanas, o que só acontece por meio do trabalho em equipe, facilitado pelas competências comportamentais. 10.4 Considerações gerais sobre entrevista de seleção A seguir, apresentamos alguns pontos que consideramos imprescindíveis na entrevista de seleção: a. prepare um roteiro/orientação, antes de iniciar uma entrevista. Dessa forma, você sentirá mais segurança em sua condução, bem como estará focado nos pontos que busca averiguar; b. durante a entrevista, atente para: 5 10 15 20 25 45 SUPRIMENTO DE MÃO DE OBRA Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : L éo - 2 1/ 06 /2 01 0 • o histórico profissional: caso já tenha experiência profissional, verifique o tempo de permanência, os períodos sem atividade de trabalho, as atividades desenvolvidas, o relacionamento com os colegas de trabalho e superiores, entre outros; • o histórico educacional: procure verificar como o candidato trilha seu percurso educacional, seus planos de continuidade ou não; • o histórico familiar e social: verifique como é a estrutura familiar e que impacto o trabalho do candidato tem sobre a dinâmica da família. Verifique, também, como o candidato ocupa seu tempo livre; c. desenvolva um tipo de entrevista menos previsível. Entrevistas padronizadas e perguntas já bem conhecidas dos candidatos tendem a obter respostas óbvias, sem muita sinceridade. Entrevistas menos previsíveis tendem a evitar dissimulações; d. lembre-se de que seu propósito não é o de dificultar a entrevista para o candidato e sim o de encontrar a pessoa mais apropriada para o cargo, por isso, deixe o candidato bem à vontade para expressar aquilo que deseja. Isso será um importante dado no processo de decisão sobre o candidato mais apropriado ao cargo; e. as entrevistas que causam estresse e tensão raramente funcionam, por isso, não faça das entrevistas um interrogatório; f. para obter informações sobre o candidato a um cargo, seu histórico profissional é uma das fontes mais seguras e concretas e pode ser obtido por meio do currículo. Quando usadocorretamente, poderá servir não só como um retrato da vida da pessoa, mas também como um álbum de pontos fortes e limitações; 5 10 15 20 25 30 46 Unidade III Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : L éo - 2 1/ 06 /2 01 0 g. leia e analise os currículos, eles servirão como um guia durante a entrevista; h. lembre-se de que a entrevista só avalia quão bom é o desempenho de alguém. Alguns candidatos têm o inadequado comportamento de dissimular durante a entrevista, por isso fique atento; i. caso o entrevistado diga “tem mais uma coisa...” ou “quase esqueci...”, fique atento e escute-o com cuidado, pois pode ser um dado muito importante que ele só conseguiu expressar naquele momento e que pode dizer muito sobre seu comportamento; j. a entrevista pode começar na sala de espera ou na saída da empresa. Quando possível, procure observar o candidato em momentos de maior descontração, como, por exemplo, antes ou depois da entrevista. 10.5 Etapas da entrevista • preparação: leia o currículo e tenha claro o que pretende observar; • ambiente: crie um ambiente favorável à entrevista, tente eliminar barulhos e interrupções. Além disso, procure deixar o candidato bem à vontade para expressar suas ideias; • processamento: trata-se da entrevista propriamente dita. Considere o conteúdo da entrevista, bem como o comportamento do candidato; • encerramento: assim como o momento inicial, o encerramento também deve fluir naturalmente, sem dúvidas quanto ao procedimento seguinte, portanto, deixe claro qual será a próxima etapa da seleção e dê um retorno ao candidato sobre o seu desempenho na entrevista; 5 10 15 20 25 30 47 SUPRIMENTO DE MÃO DE OBRA Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : L éo - 2 1/ 06 /2 01 0 • avaliação: trata-se da análise da entrevista. É o momento em que o entrevistador irá cruzar as competências essenciais da organização com as competências essenciais do candidato em análise. 10.6 Entrevista comportamental A entrevista comportamental, utilizada em larga escala nos últimos anos, é estruturada para investigar o comportamento passado do candidato numa situação semelhante à que evidencia aquela competência que se pretende investigar. Acredita-se que o comportamento passado prediz o comportamento futuro. Parte do pressuposto de que toda resposta comportamental pode ser desmembrada em três partes: contexto (contexto compreensível), ação (deve esclarecer a ação tomada) e resultado (deve informar os resultados obtidos com a ação). Dicas de como conduzir uma entrevista: • identifique os objetivos principais da entrevista; • crie um bom clima para a entrevista; • conduza a entrevista orientada para objetivos; • evite questões discriminatórias; • responda às questões feitas e às outras que não foram feitas; • anote as impressões imediatamente após a entrevista. Acreditamos que uma seleção pode ser composta por várias etapas, mas não pode prescindir da entrevista, quer seja de triagem (visa a triar / pré-selecionar os candidatos), técnica (focada nos conhecimentos técnicos e geralmente desenvolvida por um especialista) ou comportamental (desenvolvida por um profissional de RH, com o objetivo de obter maiores 5 10 15 20 25 48 Unidade III Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : L éo - 2 1/ 06 /2 01 0 conhecimentos sobre o candidato, bem como observá-lo). Ela deve possuir lugar de destaque no processo seletivo e envolver tanto o RH como a área que solicitou a vaga. Neste aspecto, um fator importante que não podemos esquecer é o treinamento desses gestores para a condução das entrevistas, tarefa que deve ser desenvolvida pelo RH. 11 DINÂMICA DE GRUPO Nota: o presente módulo focará outra importante técnica de seleção: a técnica de simulação e, em especial, a dinâmica de grupo. 11.1 Definindo e caracterizando o conceito de grupo Os estudiosos concordam que um conjunto de pessoas constitui um grupo quando possui: uma ligação definível, consciência de coletivo, noção de objetivos comuns e partilhados, interdependência na satisfação de necessidades, interação e habilidade para agir de maneira unificadora. 11.2 Conceituando dinâmica de grupo Dinâmica de grupo é uma técnica que ajuda a avaliar e detectar competências pessoais entre vários candidatos, para selecionar aquele que se adapta às necessidades da organização. Segundo Gil (2001), a dinâmica de grupo consiste basicamente em colocar os candidatos reunidos em grupo diante de situações em que terão que demonstrar sua forma de reação. Pode-se considerar que o campo da dinâmica de grupo se define como um conhecimento sistematizado das relações interpessoais e intergrupais de pequenos grupos, considerando os aspectos históricos, políticos e sociais, bem como a natureza das leis que norteiam seus comportamentos. 5 10 15 20 25 49 SUPRIMENTO DE MÃO DE OBRA Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : L éo - 2 1/ 06 /2 01 0 11.3 O jogo e suas características básicas Podemos definir o jogo como uma atividade espontânea, realizada por mais de uma pessoa e orientada por regras que determinam quem será o vencedor. Em tais regras são estabelecidos o tempo de duração, o que é permitido e o que é proibido, o valor de cada jogada e os indicadores de como terminará o jogo. O jogo simulado é uma situação previamente planejada pelo facilitador, no qual os participantes são convidados a enfrentar algum desafio que esteja relacionado com a realidade do dia a dia da empresa. 11.4 Dinâmica de grupo como uma técnica do processo de seleção Podemos definir a dinâmica de grupo como uma vivência grupal, lúdica, que tem por objetivo reconhecer as potencialidades e as dificuldades dos candidatos, de forma mais espontânea e criativa. As técnicas de simulação, nas quais podemos incluir a dinâmica de grupo, procuram passar do tratamento individual e isolado para o tratamento em grupo e do método exclusivamente verbal ou de execução para a ação social. Seu ponto de partida é o drama, que significa reconstituir em cima de um palco (contexto dramático), no momento presente (aqui e agora), o acontecimento que se pretende estudar e analisar o mais próximo do real. O aspecto relacionamento interpessoal é profundamente trabalhado nesse tipo de atividade, daí a necessidade de o facilitador estar bem-preparado para as situações que irão emergir no decorrer do processo. 5 10 15 20 25 50 Unidade III Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : L éo - 2 1/ 06 /2 01 0 As técnicas de dinâmica de grupo aplicadas ao processo de seleção são recursos complementares ao processo como um todo, mas possuem características que permitem uma avaliação mais detalhada, pois, no momento dessa atividade, podem ser percebidas posturas e reações propícias, ou não, ao cargo vago. É possível dividir os jogos, também chamados de técnicas de dinâmica de grupo, em fases: • proposta da atividade; • divisão do grupo; • introdução do jogo; • demonstração; • esclarecimentos; • jogo em si; • observação do jogo; • parada do jogo; • emoções percebidas no decorrer do jogo; • feedback / discussão; • finalização do processo. No caso de dinâmicas em processos seletivos, o feedback não precisa ser realizado no momento da dinâmica, visto que se trata de um processo de avaliação, o que deve ser bem explicado logo no início das atividades, para que se obtenha a devida transparência do processo. As dinâmicas possibilitam aos participantessair do que imaginam ser o papel de um participante e demonstrar claramente a forma como reagem e interagem em situações de vida real. 5 10 15 20 25 51 SUPRIMENTO DE MÃO DE OBRA Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : L éo - 2 1/ 06 /2 01 0 11.5 Principais aspectos a serem observados numa dinâmica de grupo aplicada à seleção O facilitador deve atentar a alguns pontos antes do início da atividade: • o local para a realização da atividade; • a disposição dos móveis; • as acomodações; • o horário e a duração da atividade; • o número de participantes e sua idade; • possíveis riscos e segurança; • os materiais a serem utilizados, entre outros. Existem alguns elementos que devem ser observados com muita atenção no processo de dinâmica de grupo e que servem como alicerces para a tomada de decisão no processo seletivo: a participação, os estilos de influência, a forma como se processam as decisões, as funções, a atmosfera do grupo, a inclusão, os sentimentos e as normas. A participação verbal indica o envolvimento num grupo, devendo ser observados os seguintes pontos: quem mais participou e quem menos participou, como são tratadas as pessoas que ficam em silêncio e quem facilita a interação no grupo. Outro aspecto considerado importante é a forma como se processam as decisões no grupo, analisar se há alguém que procura impor sua própria decisão sobre o grupo, enquanto outros preferem que todos compartilhem ideias e participem do processo da tomada de decisão. 5 10 15 20 25 52 Unidade III Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : L éo - 2 1/ 06 /2 01 0 A atmosfera do grupo dá uma impressão geral sobre a forma como estão trabalhando. As pessoas diferem muito na aceitação da atmosfera de um grupo em que gostam de trabalhar, portanto, é importante observar quem gosta de uma atmosfera amigável, quem prefere uma atmosfera de conflito e discordância, quem parece interessado e participante. Pontos a serem observados em uma dinâmica de grupo: • iniciativa; • determinação; • criatividade; • habilidades de relacionamento; • liderança; • conhecimento pessoal; • expressão de sentimentos; • confronto de ideias; • comunicação não verbal; • solução de conflitos; • trabalho em grupo; • capacidade de empatia para as atitudes negativas etc. Esses aspectos são de fundamental importância para a posterior análise dentro do processo de seleção. Outros tipos de comportamentos também podem ser observados, como verborragia (pessoas que falam sem permitir que os outros expressem sua opinião), obsessividade (preocupação 5 10 15 20 53 SUPRIMENTO DE MÃO DE OBRA Re vi sã o: G er al do - D ia gr am aç ão : L éo - 2 1/ 06 /2 01 0 e angústia com detalhes de menor importância para o grupo), viscosidade (apego exagerado a ideias ou pessoas), idealização (superestima de si mesmo, exagero das próprias aptidões, das aquisições e da importância pessoal).
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