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MOVIMENTO PENTECOSTAL NO BRASIL: UM RETORNO À FÉ RACIONAL COMO CONDUTA DA VIDA CRISTÃ

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FACULDADE CRISTÃ DA BAHIA
BACHAREL EM TEOLOGIA
CLAUDESNILTON SILVA AIRES DE ALCANTARA
ERECI ERASMO NERES DOS SANTOS
JIVALDO SANTANA DE SENA
MOVIMENTO PENTECOSTAL NO BRASIL: UM RETORNO À FÉ RACIONAL COMO CONDUTA DA VIDA CRISTÃ
Salvador, BA
2017
FACULDADE CRISTÃ DA BAHIA
CLAUDESNILTON SILVA AIRES DE ALCANTARA
ERECI ERASMO NERES DOS SANTOS
JIVALDO SANTANA DE SENA
MOVIMENTO PENTECOSTAL NO BRASIL: UM RETORNO À FÉ RACIONAL COMO CONDUTA DA VIDA CRISTÃ
Monografia apresentada à Coordenação de Graduação da Faculdade Kurios como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Teologia, sob a orientação do professor Francisco Anderson Alves Silva
Salvador, BA
2017
Salvador
2017
TERMO DE APROVAÇÃO
A Monografia MOVIMENTO PENTECOSTAL NO BRASIL: UM RETORNO À FÉ RACIONAL COMO CONDUTA DA VIDA CRISTÃ, elaborada por, CLAUDESNILTON SILVA AIRES DE ALCANTARA, ERECI ERASMO NERES DOS SANTOS e JIVALDO SANTANA DE SENA como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Teologia.
Foi aprovada pelos membros da Banca Examinadora e homologada pelo Departamento de Graduação da Faculdade Unicristã.
Salvador, 20 de Maio de 2017
Resultado: _____
BANCA EXAMINADORA
Assinatura_________________________________________
Prof. Esp. Pedro Paulo Borges da Costa Nunes
Assinatura_________________________________________
 Prof.Esp Francisco Anderson Alves da Silva
Assinatura_________________________________________
Prof. Esp. Vítor Souza da Silva
---------------------------------------------------------------------------------
Prof. Esp. Pedro Paulo Borges da Costa Nunes
Orientador
Agradecemos primeiramente a Deus, o autor e consumador da nossa fé, fonte de toda a sabedoria, por nos proporcionar tamanha vitória. Dedicamos as nossas esposas: Raquel, Luiane e Assenate. A todos os nossos professores, ao nosso orientador Prof. Andersom e ao nosso consultor, teólogo e filósofo, Pr Jesiel.
Quando, porém vier o Filho do Homem, porventura achará fé na terra?
(Jesus Cristo)
RESUMO
Movimento pentecostal no Brasil: um retorno à fé racional como conduta da vida cristã busca direcionar um olhar clínico para os cultos que se apresentam nos tempos hodiernos, vê-se um desvio da genuína fé cristã. O objetivo deste trabalho é identificar a fé e suas manifestações no decorrer das sacras escrituras e contrapor com o que hoje é apresentada aos cristãos. Evidenciar-se-á a fé construída em um fundamento sólido, a saber, o Cristo, mesmo que a ultramodernidade inflame a sociedade com sua ideologia líquida e passageira das coisas. Para tanto, mostrar-se-á que a fé não pode vir separada da razão, e que, tanto como fruto ou dom do Espírito Santo, essa fé genuína só será alcançada, por conseguinte, mantida, mediante a busca incessante do conhecimento de Deus, através de homens eleitos pelo Espírito e dotado de habilidades que os capacitam a apresentar a Igreja ao seu Noivo.
Palavras-chaves: Fé; Razão; Espírito Santo; Desvio.
ABSTRACT
Pentecostal Movement in Brazil: the return to the faith as the way of the Christian life passes a critical eye over the worships present day-to-day, one can notice a deviation from the genuine Christian faith. The purpose of this work is to identify the faith and its manifestations in the Holy Bible and to counter what is presented to Christian’s community today. The Faith built on a solid foundation, i.e. the Christ, even if the ultramodernity inflames the society with its liquid and transitory ideology of the things. Therefore, it will be shown that faith cannot be separated from the reason, so, as fruit or gift of the Holy Spirit, this genuine faith will only be achieved, consequently, maintained through the incessant search for the knowledge of God, Through men elected by the Holy Spirit and gifted with skills that enable them to introduce the Church to their Bridegroom.
Key-words: Faith; Reason; Holy Spirit; Deviation.
SUMÁRIO
RESUMO	5
ABSTRACT	6
1	INTRODUÇÃO	8
2	MOVIMENTO PENTECOSTAL NO BRASIL E A FÉ RACIONAL	10
2.1	O outro Consolador	10
2.2	Definição do termo Pentecostal	12
2.3	Movimento Pentecostal Brasileiro	13
2.4	O que tem a ver Atenas com Jerusalém?	16
2.4.1	Razão	16
2.4.1.1	Definição	16
2.4.1.2	Razão no cotidiano cristão	18
2.4.2	Fé	19
2.4.2.1	– Definição	19
2.4.2.2	– Atenas e Jerusalém	21
2.4.2.3	O Fruto do Espírito – Fidelidade	24
2.4.2.4	Uma visão introdutória – Dons Espirituais	26
2.4.2.5	O dom da fé	29
3	A LITURGIA DO CULTO CRISTÃO	33
3.1	O Desvio da Liturgia	33
3.2	A Verdadeira Liturgia	34
3.2.1	Os sermões	35
3.2.2	Os cânticos	36
3.2.3	As orações e intercessões	38
4	A IGREJA AVIVADA E FIRME EM MUNDO LÍQUIDO	40
4.1	Mantendo-se firme como Igreja de Cristo	40
4.2	A hipermodernidade e a customização da fé	44
4.2.1	A Hipermodernidade de Lipovetsky	44
4.2.2	A Customização da Fé	45
4.3	Avivamento – a Igreja clama	48
5	CONCLUSÃO	52
REFERÊNCIAS	55
INTRODUÇÃO
Nos tempos hodiernos, urge-se a necessidade que se levantem servos do Senhor para lutarem em defesa da real fé cristã. Esta fé que de uma vez por todas nos foi dada para salvação de almas por intermédio da graça do Senhor Jesus Cristo, mediante sua morte no calvário e vitória sobre a morte no ato de sua ressurreição ao terceiro dia.
Sendo assim, gera-se esta monografia com o objetivo geral de alertar os servos do Senhor que surge um desvio do foco da fé, evidenciado no meio do movimento pentecostal brasileiro. O foco da fé de todo cristão, não pode ser nada mais nada menos que o Cristo ressurreto.
Portanto, uma fé genuína no Cristo sempiterno e na Inerrante Palavra de Deus se tem como o único pilar de sustentação para a salvação de todos aqueles que dela possuir. Por que se diz fé genuína e não apenas fé? Porque se trata de uma fé racional, verídica, nascida de uma verdade absoluta e não relativista e muito menos líquida, como sugere a era pluralista e de uma ideologia centrada no prefixo hiper em que vivemos. Uma sociedade que se diz pós-moderna, contudo faz uso de uma filosofia hipermodernista. 
A problemática está em homens que levam o rebanho de Supremo Pastor a crença de que se pode alcançar as bênçãos do Pai através de obras que não correspondem com os ditames da Bíblia sagrada. Assim como a definição de salvação através de sacrifícios, rituais e regras que acabam pôr colocar uma carga maior do que se carregava no mundo; a criação de cadeias mascaradas em rituais, campanhas, promessas, obrigatoriedade de entregas de dízimos e ofertas; a manipulação da massa cristã para uma obediência cega em um governo autoritário instalado nas sacras assembleias litúrgicas que se fazem presentes nas igrejas desde os seus tempos primitivos são obras de homens que buscam caminhos para fama, sucesso e/ou riquezas materiais.
Para tanto, abordar-se-á uma fé racional e intelectual, a saber, Intellectus Fidei, onde se separa o evangelho dos contos de fadas. Buscar-se-á nesta monografia definir o que na realidade é fé, fazer apologia desta fé genuína e apontar os desvios dados a ela.
Apresentar-se-á no decorrer desta escrita os fundamentos necessários para apologia da verdadeira fé, pois o maior, se não o principal papel, deste trabalho, não é outro, se não, que as igrejas pentecostais voltem a pregar em suas liturgias a fé como firme fundamento de conduta da vida cristã. 
Todavia, não uma fé medíocre, ou desviada. Mas uma fé genuína, madura e proveniente do seu Santo Espírito. Uma fé que nos justifique perante o Pai e perante os homens, que nos leva a salvação, a “chegar ao trono da graça” (Hb 4.16).
Contudo, antes de adentrarmos no cerne da questão fé, abrir-se-á um breve tópico sobre o movimento pentecostal no Brasil, uma vez que os autores desta monografia creem ser deste movimento o surgimento das maiores manobras e artimanhas para arrebanhar os incautos e assim inchar os templos. Fazendo pouco caso se suas ovelhasvivem na miséria, desde que eles mesmos vivam na riqueza.
Usando de uma metodologia dedutiva, pode-se observar que desde a primeira onda pentecostal até os dias de hoje, mudou-se o foco da busca pelas coisas do reino, e busca-se as coisas terrestres. Tendo a Bíblia como foco principal e buscando-se em teólogos renomados, este trabalho trouxe, através de um método racionalista, verdades que tentam exortar a comunidade evangélica à prática do estudo da bíblia como real maneira de avivamento e conduta de uma real vida cristã.
Sendo assim, que ao final deste trabalho acadêmico o leitor possa ter uma real percepção de fé, sendo sabedor que, assim como Paulo escreve aos romanos, “porque dEle e por Ele, e para Ele, são todas as coisas: glória, pois, a Ele eternamente. Amém” (Rm 11.36). 
MOVIMENTO PENTECOSTAL NO BRASIL E A FÉ RACIONAL
O outro Consolador
O Espírito Santo é considerado a terceira pessoa da trindade. Contudo isso não indica que ele tenha menos importância, ou sua autoridade seja menor que a das outras duas pessoas. O que confere ao Espírito Santo a mesma autoridade, deidade e importância no Deus triuno é quando o próprio Cristo promete dar “outro consolador”. 
O Consolador é uma tradução do grego “parakletos”, que significa “alguém para ficar do lado de outro para ajudar”, desta forma ela possui um vasto conceito que vai desde consolador a advogado. Já “outro” é uma tradução do grego “allon” um adjetivo que em seu cognato gera no receptor da mensagem a não distinção da comparação de dois objetos em questão, ainda que não seja de conhecimento pleno do receptor o segundo objeto. Trocando por menores: Cristo que até o momento estava com os discípulos lado a lado, ajudando, ensinado e os consolando, teria que partir, mas não os deixaria só, pois enviaria um outro igual a ele, com todas as suas características, e este outro (allon) seria o Espírito Santo (Parakletos).
Este Espírito, não mais está sobre o seu povo, ou entre os cristãos, mas agora Ele está em cada pessoa que crê que o Filho morreu e ao terceiro dia ressuscitou. Desta feita, passou ele a habitar em cada cristão. Com temor de Deus e uma vida de santidade, qualquer pessoa pode compreender a obra realizada por Ele.
Quando Cristo se apresenta aos seus discípulos, sopra e diz: “recebei o Espírito Santo” (Jo 20.22), Ele realiza um ato simbólico de como cada criatura passaria a ser uma nova criatura através da regeneração do Espírito de Deus no homem. Este ato remonta a criação do homem em Gn 2.7 – “façamos o homem” – o autor do Gênesis relata uma clara ação trinitária, que resulta no homem como a mais perfeita evidência da pericórese divina. No concernente a modelagem do homem e logo na sequência o sopro do fôlego de vida em suas narinas. Este tema é compartilhado com Köstenberger quando escreve em seu artigo:[2: Perichoresis (ou Interpenetração) é um termo da teologia cristã encontrado na literatura patrística e novamente em uso entre expoentes como C. Baxter Kruger, Jurgen Moltmann, Miroslav Volf e John Zizioulas, entre outros. O termo aparece pela primeira vez em Gregório de Nazianzo, mas foi explorado de forma mais ampla na obra de João Damasceno. Ele se refere à mútua interpenetração e coabitação das três pessoas da Trindade. (Disponível em: https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Perichoresis. Acesso em: 30 de abr. de 2017)]
De modo análogo, (Jo 20.22 e Gn 2.7), num exemplo do tema da “nova criação”, o sopro de Jesus sobre os discípulos os estabelece como a nova comunidade messiânica, na expectativa do derramamento do Espírito após a ascensão. (Köstenberger, Andreas J. João. In: In: Comentário do Uso do Antigo Testamento no Novo Testamento. Organizadores: BEALE; CARSON, 2014, p 633).
Esta “nova criação” faz de cada ser humano que aceita Cristo como seu salvador um templo para morada do próprio Deus, já que Deus não habita em templos construídos por mãos de homens (At 17.24), Ele cria e recria o homem no ato que este permite que o seu Santo Espírito haja em seu ser. É iniciado um novo relacionamento com o Deus Pai e desta feita, a nova criatura passa a compreender o autor e consumador da fé. Entenda melhor o agir do Espírito de Deus em cada cristão através das palavras de Horton:
A obra do Espírito Santo como Consolador inclui o seu papel como Espírito da Verdade que habita em nós (Jo 14.16; 15.26), como ensinador de todas as coisas, como aquEle que nos faz lembrar tudo o que Cristo nos tem dito (Jo 14.26), como aquEle que dará testemunho de Cristo e como aquEle que convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.8). Não se pode subestimar a importância dessas tarefas. O Espírito Santo, dentro de nós, começa a esclarecer as crenças incompletas e errôneas sobre Deus, sua obra, seus propósitos, sua Palavra, o mundo, crenças estas que trazemos conosco ao iniciarmos nosso relacionamento com Deus. (HORTON, 2006 p. 397)
Pode-se perceber que a obra do Espírito Santo é de fundamental importância para a igreja atual, mas acima de todas as funções a principal é saber que ele é “a garantia da nossa herança, para a redenção da propriedade de Deus, para o louvor da sua glória” (Ef 1.14).
Entenda-se aqui que se Cristo foi assunto aos céus e deixou “outro Consolador”, e este passou a ser o protagonista da história da Igreja nos escritos joaninos e lucanos (Lucas e Atos), o esquecimento do Espírito Santo no meio pentecostal faz com que os cristãos percam o foco da fé genuína e por consequência, é inevitável o esfriamento dos cultos. 
 Precisa-se voltar a buscar com urgência o Espírito Santo de Deus. É Ele que gera o Fruto e dar os dons, ou seja, é Ele que molda o caráter e concede habilidades aos crentes para peleja. A Igreja precisa voltar à comunhão com o Espírito Santo de Deus, a fim de manter vivos os ensinamentos de Cristo, que são as verdades bíblicas que fundamentam a verdadeira fé cristã.
Definição do termo Pentecostal
O termo pentecostal é originado em uma festa judaica que ocorre 50 dias após a Páscoa, a saber, Pentecostes. Tal evento é o encerramento das festividades do calendário judaico. Em Atos dos Apóstolos, capítulo dois, Lucas registra nesta festividade a descida do Espírito Santo de Deus sobre todos que se faziam presente num determinado local em Jerusalém. 
Com a descida do Espírito Santo, surgiram “línguas como de fogo” sobre as cabeças dos apóstolos e todos que receberam o Espírito começaram a falar em outras línguas e cada qual a entender na sua língua materna como se pode observar no livro dos Atos dos Apóstolos capítulo dois, como se segue:
Ao cumprir-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar. De repente veio do céu um ruído, como que de um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam sentados. E lhes apareceram umas línguas como que de fogo, que se distribuíam, e sobre cada um deles pousou uma. E todos ficaram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que falassem. Habitavam então em Jerusalém judeus, homens piedosos, de todas as nações que há debaixo do céu. Ouvindo-se, pois, aquele ruído, ajuntou-se a multidão; e estava confusa, porque cada um os ouvia falar na sua própria língua. E todos pasmavam e se admiravam, dizendo uns aos outros: Pois quê! não são galileus todos esses que estão falando? Como é, pois, que os ouvimos falar cada um na própria língua em que nascemos? Nós, partos, medos, e elamitas; e os que habitamos a Mesopotâmia, a Judéia e a Capadócia, o Ponto e a Ásia, a Frígia e a Panfília, o Egito e as partes da Líbia próximas a Cirene, e forasteiros romanos, tanto judeus como prosélitos, cretenses e árabes - ouvímo-los em nossas línguas, falar das grandezas de Deus. E todos pasmavam e estavam perplexos, dizendo uns aos outros: Que quer dizer isto? (AT 2.1-12)
Não cabe aqui fazer nenhum estudo aprofundado sobre o evento supracitado, mas apenas, deixar registrado para melhor compreensão do tema abordado por este trabalho.
Movimento Pentecostal Brasileiro
O movimento Pentecostalbrasileiro se inicia em 20 de abril de 1910, com Luigi Francescon, na cidade de Santo Antonio da Platina, no Paraná. Contudo, tal movimento ganha força no território nacional com a chegada dos missionários Daniel Berg e Gunnar Vingren em 19 de novembro de 1910, onde se agregaram a Primeira Igreja Batista, em Belém, no Pará. 
Esses missionários Suecos partiram dos Estados Unidos rumo ao Brasil com uma mensagem central que Jesus Cristo salva, cura e batiza com Espírito Santo. A mensagem paracletológica dos missionários não foi aceita pela Igreja acolhedora dos viajantes, onde se gerou uma ruptura e foram excluídos do rol de membros.
Em 18 de junho de 1911, eles fundaram a Igreja Missão de Fé Apostólica, a qual seis anos e meio depois, em 1918 veio a chamar-se “Igreja Evangélica Assembleia de Deus”, principal referência pentecostal no Brasil.
 As IEAD foram uma potência tão evidente na propagação do pentecostalismo em terras brasileiras que alguns artigos lhe concedem a responsabilidade pelo início deste movimento por aqui, como atesta Vinson Synan em seu artigo The Pentecostal Movement:
No Brasil, o movimento (pentecostal) começou em 1910, sob a liderança de dois imigrantes suecos, Daniel Berg e Gunnar Vingren, que deram início aos cultos pentecostais em uma igreja batista de Belém, no Pará. Surgiu-se um cisma, resultando na primeira congregação pentecostal do Brasil, que passou a se chamar Assembleia de Deus. O crescimento fenomenal da igreja a partir daí fez do pentecostalismo a principal força protestante do Brasil. (SYNAN; in: HORTON, 2013, p 483)
Contudo, não é propósito desta monografia atesta quem iniciou o movimento pentecostal em solo nacional. Contudo, marcar na linha do tempo o seu inicio e desta forma apresentar os desvios da fé nesses quase 107 anos de pentecostes brasileiros.
Como mencionado acima, o foco da mensagem do pentecostalismo, quando surgiu, era: a salvação, o batismo no Espírito Santo, a cura divina e a segunda vinda de Cristo numa visão pré-milenista. Tais aquisições eram alcançadas mediante a fé por parte do individuo em Cristo, fides qua creditur.
As mensagens deste movimento eram totalmente cristocêntricas: Cristo cura, batiza com o Espírito Santo e leva para o Céu. Essa mensagem era tão forte, que gera uma ênfase fortíssima ao elemento cristocêntrico no processo de compreensão da divindade quando se trata de uma visão analítica no que diz respeito ao Deus triuno.
Quiçá Cristo ainda fosse o centro das mensagens nos tempos e templos atuais. Passaram-se os anos e aos poucos a fé cristã começou a ser desviada, adulterada e o Cristo começou a ser posto de fora das igrejas e desde 1910 ondas de teorias pentecostais passaram em nossas terras.
Aqui, dividir-se-á em quatro ondas o movimento pentecostal brasileiro, a fim de mostrar o desvio da fé contemporânea, eis as quatro ondas: pentecostalismo histórico, deuteropentecostalismo, movimento renovado e Neopentecostalismo, ou Ultrapentecostalismo.
Primeira onda – o pentecostalismo histórico tinha a ênfase no batismo no Espírito Santo, evidenciado pela glossolalia. Os pregadores dessa mensagem entendiam que tal ação geraria crentes mais cheios do Espírito e melhores anunciadores do Evangelho. Nesta primeira onda se encontram as Igrejas Evangélicas Assembleia de Deus e Congregação Cristã do Brasil.
Segunda onda – o deuteropentecostalismo possuía no seu núcleo das mensagens as curas e libertações, e entendiam que o papel da igreja era eliminar a expressão física do mal no mundo. Possuíam um rígido regime de usos e costumes e nesta onda, entre outras igrejas, estão a Deus é Amor e a Brasil para Cristo.
Terceira onda – o movimento renovado focava mais nos temas intraeclesial, pois via na contemporaneidade dos dons, uma maneira da igreja se manter viva e revitalizada através do uso bíblico dos dons. Nesta terceira onda, faz-se presente as igrejas com melhores fundamentos teológicos, que são elas: a Batista Renovada e a Presbiteriana Renovada.
Quarta onda – Já nos tempos atuais, temos o Neopentecostalismo, ou Ultrapentecostalismo. Nesta quarta onda, o que impera é o antropocentrismo, o bem estar humano. A mensagem cristocêntrica desaparece, e o que se vê é a divindade a serviço da humanidade, em troca de “ofertas”, que não são mais ofertas voluntárias e sim com valores estipulados (não baixos valores). O Cristo foi colocado de escanteio e o que se vê são homens e mulheres pousando bem de vida, em sistema de televisões, a mensagem sendo pregada e como pano de fundo, saltam aos olhos dos telespectadores, carros importados, mansões, lanchas, iates e etc. Se aproximam, e muito, dos cultos pagãos primitivos do Médio Oriente Antigo, e até mesmo das causas católicas que geraram a reforma protestante. Nesta onda, a maior força representativa é a Igreja Universal do Reino de Deus, seguida pelas Igreja Internacional da Graça de Deus e a Igreja Mundial do Poder de Deus, entre outras.
Ao analisar o pentecostalismo brasileiro desde a primeira onda até a quarta, pode-se perceber o total desvio do culto e do tema fé ao longo da evolução sociológica. As igrejas estão cheias de pessoas vazias de Deus, pois lhes roubaram a fé, deram ao povo o que eles queriam e não o que precisavam, e a causa desse efeito são pessoas emotivas, que buscam o que é terreno e passageiro.
Eis um fragmento da epístola de Judas que tão contemporâneo se faz: “Mas, vós, amados, edificando-vos sobre a vossa santíssima fé, orando no Espírito Santo,” (Jd 20 BKJ – grifos nossos). O texto em destaque é o termo grego usado para fazer alusão à edificação de um prédio, à construção de uma casa. 
Diz-se contemporâneo, uma vez que se percebem pessoas sendo edificadas fora do alicerce da fé, fundamento na fé em Cristo Jesus, a Rocha – “sobre esta pedra edificarei minha igreja” (Mt 16.18 – grifos nossos). Uma vida edificada em outro fundamento que não o da fé genuína em Cristo, por certo gerará queda e destruição.
Essa fé santíssima esta cravada na Palavra de Deus e é pelo pregar esta verdadeira palavra que a Intellectus Fidei é gerada nos corações dos ouvintes. Portanto, concorda-se plenamente com Hernandes Dias Lopes quando escreve:
A nossa fé santíssima tem o conteúdo exarado na Palavra de Deus. A igreja precisa ser edificada na Palavra. Os pregadores precisam ter compromisso com a Palavra. Não temos o direito de usar o púlpito, a mídia e a página escrita para levar o povo para fora das escrituras. A ordem apologética é: prega a Palavra.. (2 Tm 4.2). A palavra é o alicerce da vida cristã. A palavra é a bússola que guia nossa viajem rumo à glória. A Palavra é o mapa do peregrino rumo ao céu. A Palavra é o alimento do cristão rumo ao céu. (LOPES, 2013. p 132)
O tempo agora é de unir Jerusalém e Atenas novamente e instar as ovelhas a buscarem a Palavra e beberem da fonte da vida. A prestarem um culto racional e adorarem em espírito e em verdade. O momento agora é mostrar que a vida cristã é uma locomotiva que tem como sua última estação, o Céu. E esta locomotiva segue o seu destino sobre dois trilhos: a fé e a razão.
 O que tem a ver Atenas com Jerusalém?
O título desse tópico é resultante de um dito de Tertuliano que acreditava que existia um conflito entre a filosofia e a teologia, priorizando a fé e a lei, não se aprofundando na questão racional e filosófica. Algumas frases conhecidas suas a respeito do assunto são: “que tem a ver Atenas com Jerusalém?” “Que tem a ver a academia com a igreja?” E, “há de se crer porque é absurdo”.
Contudo, quando se trata de Fé e Razão em uma mesma perspectiva é nítido que o choque de ideias e a oposição que norteiam tal área remontam de séculos atrás, ainda mais em se tratando de uma cultura ocidental. Este assunto vem sendo discutido desde a era medieval, de um lado os seguidores da religião cristã, do outro lado os gregos e romanos, enquanto estes com seu moralismo aflorado, aqueles vinham impondo o seu ponto de vista firme e mais amplo.
Por que este trabalho acadêmico se envereda por este campo e tenta aproximar Atenasde Jerusalém – a razão da fé? Primeiro, ao olhar para os cultos cristãos que se apresentam nos templos evangélicos, notadamente, há uma apropriação de uma fé emotiva e longe do racional. Segundo, urge a necessidade de trazer para as reuniões a fé racional firmada, não em objetos terrenos e temporários, contudo em objetos atemporais, eternos e santos. 
Não se pode desvincular a razão da fé. Atenas e Jerusalém estão mais próximas do que imaginavam os filósofos Pitágoras, Heráciclos e Xenofánes que eram céticos quanto à religião.
2.4.1 Razão
Definição
Há uma frase muito conhecida do grande filósofo francês Pascal, “O coração tem razões que a própria razão desconhece”. Pode-se a partir desse pensamento intuir que razão é a consciência moral do ser humano que o norteia em seus desejos e lhe proporciona fins éticos às suas atitudes. 
A razão é o objeto que difere o ser humano dos demais animais, a saber, racionais e irracionais, segundo Aristóteles, “um animal político”. Logo é a faculdade ativada na hora de tomada de decisões. Para que decisões sejam tomadas, a razão se utiliza de outras faculdades, tais como a intuição, a emoção, superstição ou até mesmo a fé.
Ilustrando o uso da razão na tomada de decisão fazendo-se o uso da fé, pode-se partir do pressuposto que alguém estar preso em uma enchente, em pé no telhado de sua casa e a correnteza ameaça levar o seu único ponto segurança. Ele avista um bote com alguém ali dentro. A razão analisa toda aquela situação; telhado, correnteza que se avoluma e a necessidade de sobrevivência. Através da razão, o individuo calcula e não vê outra alternativa a não ser o bote com alguém dentro. Ela (a razão) aciona a faculdade fé e se projeta a criar alternativas que traga o bote ao seu encontro, e através de sua própria vontade o aceita como objeto de sua salvação.
Logo, nesta perspectiva, pode-se perceber que a razão é o objeto que organiza o caos e torna a realidade compreensível. Entretanto, não é um objeto fácil de definir, uma vez que ela deve estar inserida no cotidiano daquele que a usa. Portanto, concorda-se com Granger quando diz que “a razão só pode definir-se utilmente num contexto; não é uma noção simples e imediatamente dada, mas um dos complexos culturais mais ricos de sentido como tema de observação e de reflexão” (1985, p11).
Para se ter uma especificação mais precisa com que segmento da razão se está trabalhando, a fim de se estabelecer uma confrontação mais específica, entre fé e razão, vale ainda, o esforço de um olhar no texto que se segue de Marie-Joseph Nicolas:
No primeiro sentido, a razão pode confundir-se com a inteligência. Mas nela pode distinguir-se: a função discursiva se distingue da função intuitiva do espírito. A razão é a inteligência tal qual se apresenta no homem, não somente abstrativa, mas ainda avançando de uma verdade a outra por um encadeamento denominado raciocínio. (NICOLAS, 2001, Verbete: “Razão, Raciocínio (Ratio)”).
Cabe aqui, então, destacar-se que a razão a qual este trabalho cientifico em questão abordará é mais bem definida como que a capacidade do homem alcançar o objeto em sua forma inteligível das coisas sensíveis que lhe cercam, sejam elas abstratas ou não. Trata-se do intelllectus, intus-legere – ler dentro, ou seja, uma leitura aprofundada do objeto em estudo.
Razão no cotidiano cristão
Sabemos que a razão é muito melhor resolvida na filosofia do que na área teológica, talvez porque esta tem por objeto de conquista um mundo espiritual que só se pode ser alcançado pela fé, por conseguinte, irreal àquela.
Contudo, até mesmo para se alcançar o mundo espiritual deve-se fazer uso da razão, haja vista o que o apóstolo Paulo relata na epístola direcionada aos romanos: 
Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos como um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis a este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus. (Romanos 12.1,2 – grifo nosso)
O capítulo doze da carta aos romanos é uma ligação entre doutrina teórica e prática, e não há como pôr em prática qualquer teoria sem o uso da razão, já que esta organiza a realidade em que o ser humano vive, tornando-a compreensível, ou seja, no cotidiano cristão, não há como alcançar o mundo espiritual apenas pelo uso da fé. Se assim o fizer ele se tornará um alienado, fanático e/ou emotivo. O que torna um perigo à realidade de um viver cristão íntegro.
Ao ler os dois primeiros versículos do capítulo doze da epístola aos romanos, dois verbetes saltam aos olhos, sendo estes de suma importância para este capítulo: racional (logiken) e mente (nous). 
“...vosso culto racional.” Neste texto, o verbete em destaque apresenta o autor da carta em questão preocupado com o culto que será apresentado a Deus. Logiken era uma palavra utilizada para separar os homens dos animais. Deveras, não poderia se apresentar a Deus algo de qualquer maneira. Um culto agradável a Deus teria que ser um culto que, apesar de espiritual, não ficasse apenas no místico, interiorizado e não palpável. Contudo, atingisse a Deus através de atos práticos.
“...renovação da vossa mente,”. Em sequência a uma advertência no tocante ao culto apresentado a Deus, o autor lança-se da pena e lança ao leitor o desafio de não se conformar com o mundo que lhe é apresentado, contudo o exorta a “transformá-lo pela renovação do nous”, ou seja, pela renovação do intelecto; pela renovação da capacidade de avançar no conhecimento da verdade, possível somente através de um encadeamento lógico.
Pode-se inferir, a partir do texto supracitado, que para “experimentar qual seja a boa, perfeita e agradável vontade de Deus” (Rm 12.2b) não se pode fazer uso apenas da fé, é necessário utilizar-se também da razão (logikos) e da sua capacidade intelectiva e discursiva dos porquês que tanto se faz presente na vida do ser humano. 
Aqui cabe uma advertência a todo cristão que alimenta o seu estilo de vida apenas na fé, sem olhar em volta, sem maximizar sua própria capacidade intelectiva, aquele que assim procede será apenas um cristão emotivo levado a qualquer vento de doutrina, como o próprio apóstolo Paulo relata em sua epístola aos efésios:
O objetivo é que não sejamos mais como crianças, levados de um lado para o outro pelas ondas teológicas, nem jogados para cá e para lá por todo vento de doutrina e pela malícia de certas pessoas que induzem os incautos ao erro. Longe disso, seguindo a verdade em amor, creçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo (Efésios 4.14-15).
2.4.2 Fé
2.4.2.1 Definição
Se se perguntar a qualquer cristão o que é fé, logo virá à mente o primeiro versículo da carta aos hebreus no capítulo 11: “Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se veem”. Ao leitor mais atencioso é perceptível que neste texto temos dois elementos fundamentais da fé nos personagens que se seguem no mesmo capítulo.
Logo, a fé é o firme fundamento e a prova de todas as coisas, sejam elas objetivas ou subjetivas, alcançáveis ou não, sensoriais ou reveladas. É confiar na Palavra e nAquele que a proferiu. É crer no Deus sempiterno, que se faz presente pela sua presença, e que, também, se faz presente no futuro pelo cumprimento de sua promessa no passado. 
Não se pode fechar as lentes apenas neste versículo para moldarmos uma definição de fé a vida cristã. Ao ampliarmos o ângulo de visão nesta epístola, retrocederemos na leitura e teremos o seguinte texto:
Porque necessitais de perseverança, para que, depois de haverdes feito a vontade de Deus, alcanceis a promessa. Pois ainda em bem pouco tempo aquele que há de vir virá, e não tardará. Mas o meu justo viverá da fé; e se ele recuar, a minha alma não tem prazer nele. (Hb 10.36-38. – grifo nosso).
No texto em destaque acima, “Mas o justo viverá da fé”, tem-se uma clara inferência, ou um eco da passagem veterotestamentária: “Eiso soberbo! A sua alma não é reta nele: mas o justo viverá da fé” (Hc 2.4). Logo, descortina-se a fé como uma virtude em crer, confiar, esperar e perseverar em Deus e nas suas promessas.
González diz que a fé, numa teologia patrística nunca poderia existir sozinha, pois ela carrega consigo a esperança e o amor, uma vez que, quando o verdadeiro cristão tem por objeto de fé a Cristo e nele fundamenta toda a sua vida, ele gera em si a esperança do cumprimento das promessas de um Deus fiel a sua palavra (Dt 7.9; Nm 23.19; entre outros) e o amor revelado em seu Filho para salvação daquele que nEle crê (Jo 3.16). Eis o que alega González:
Na teologia patrística, a fé comumente era contada entre as três virtudes teológicas: fé, esperança e amor. Quando é considerada assim, a fé é somente um elemento da vida cristã, e deve levar tanto à esperança quanto ao amor. Em tal caso a ênfase cai sobre a fé e como sentimento ou aceitação de certas doutrinas ou crenças – o que não quer dizer que seja um mero sentimento intelectual, porque a vontade tem um lugar na fé, e essa não pode existir sem levar a esperança e ao amor.(GONZÁLEZ, 2009, p. 136)
Em ambos os textos, vetero ou neotestamentário, os olhos estão voltados à fé pela qual cada justo vive a sua vida. E isso é evidenciado nas mais de quatorze vezes que a expressão “pela fé” aparece no capítulo 11 da epístola aos hebreus.
Há-se de evidenciar, três colunas de sustentação da fé, para que assim se perceba o quão aquém os cristãos ultrapentecostais estão da genuína fé pela qual o Filho do Homem pretende achar quando vier: a) se Deus não for o foco em vão traçaremos qualquer plano (Sl 127.1; 128.1); b) ela é a força motriz da esperança, ou seja, a expectativa segura do que se espera da parte de Deus; e por fim c) ela é a convicção antecipada.
Nessa passagem de Hebreus 11, pode-se perceber a intensão do autor em exortar os leitores a viver uma vida de fé, como se vê nos exemplos de vida apresentados a partir do versículo quatro – apesar de o versículo três direcionar o nosso entendimento de fé para os versículos subsequente que devemos crer que Deus tem o poder de criar a partir do nada, bara. Pela fé, homens e mulheres seguiram a Deus nos vários aspectos de suas vidas.
2.4.2.2 Atenas e Jerusalém
Enquanto a razão caminha majestosa no campo da filosofia, ela é destronada pela fé no campo teológico. Pelo menos, assim foi durante longos séculos, a ponto do teólogo e filósofo Giordano Bruno ser condenado à morte em pira pela Inquisição Romana.[3: Para mais informações sobre Giordano Bruno recomenda-se o seguinte site: https://educacao.uol.com.br/biografias/giordano-bruno.htm?cmpid=copiaecola. Acesso em 03 de mai. de 2017.]
Quando o cristianismo começou a crescer e a fé começou a ser aceita por muitos, as indagações da Filosofia e suas exigências em provas concretas a respeito de um mundo não palpável transformaram o cristianismo em Teologia. Os que outrora eram apenas textos sacros, hoje, passaram a ser teorias que se punham em práticas.
Logo, o que era apenas para crer, passou-se algo a ser debatido e fundamentado. O que apenas era apoiado pela fé, se torna em dogma. Como dogma, não há necessidade de compreensão por meio da razão, e nem de provas lógicas.
Destarte, se veem duas ordens de verdades. Uma que pode ser admitida pela razão e outra, que por ultrapassar a capacidade da razão humana, só pode existir através da fé. Tal divisão encontra apoio nas palavras de Tomás de Aquino:[4: A Summa Contra os Gentios, de Tomas de Aquino, escrita para combater a filosofia greco-árabe, é a maior obra de apologética da Idade Média e por isso merece a nossa atenção. Tomás de desenvolve um quadro para a relação entre a fé e a razão que inclui os sinais de credibilidade agostinianos. (CRAIGE, Willian Lane. Apolegética Contemporânea – A Veracidade da Fé Cristã. Vida Nova. 2ª ed. São Paulo.2012. p.29)]
Como se viu, há duas ordens de verdade referentes às realidades divinas inteligíveis, uma, a das verdades possíveis de serem investigadas pela razão humana: outra a daquelas que estão acima de toda a capacidade da razão. Ambas, no entanto, são convenientemente propostas por Deus aos homens para serem acreditadas (AQUINO, 2016, p.21)
 
Esta monografia traz à tona, e desde o início, leva o leitor a crer que: a fé ela pode existir em concomitância com a razão, ou sozinha. Todavia, seja como for, ela foi criada por Deus e dada ao homem para conhecer o seu criador.
A fé são os olhos da razão que foram fechados na queda do homem no jardim do Éden. Quando Deus criou o homem, o fez à sua própria imagem, conforme a sua semelhança (Gn 1.26). Sendo assim, o fez totalmente racional e com toda a faculdade intelectiva a ponto de dominar sobre toda a terra. Entretanto, com a sua queda o homem macula a sua Imago Dei, e ele passa a viver uma vida de sobras, trevas e caminhos ofuscados pelos seus próprios prazeres. Ele lança a semelhança com o criador em uma penumbra tamanha que se fecham os olhos da razão. Passam a viver em um caos absoluto, onde o seu viver no pecado, a busca em saciar os próprios deleites, a falta de amor pelos que o cercam, toda obra da carne o faz chegar a ponto de se nivelar aos animais irracionais.[5: Expressão oriunda do latim e que traduzida quer dizer "Imagem de Deus". Ele refere-se à doutrina de que o homem foi criado à imagem Divina. (...) O conceito de Imago Dei nos ensina que os seres humanos foram criados à  imagem e semelhança de Deus. Há algo de Deus em todos os seres humanos. É claro que o pecado manchou esta Imago Dei original, mas não a destruiu totalmente. (PEREIRA, Herbert A. Disponível em <http://www.keryxestudosbiblicos.com.br/files/O-SIGNIFICADO-DA-IMAGO-DEI.pdf>. Acesso em: 03 de mai de 2017)]
A própria manutenção da capacidade de racionalidade do homem é uma evidência da não perda da Imago Dei, antes sim ela sofre uma debilitação. Há teólogos que sustentarão a tese que quando um homem responde a partir de elementos bons, mesmo ele sendo um não salvo, isso são o que eles denominam por "fagulhas da Imago Dei".
O homem no estágio máximo do pecado, em verdade, suas ações chegam a expressar irracionalidade. Todavia, ele pratica esta ação intelectivamente consciente dos seus atos. A dimensão sociológica da ação expressa irracionalidade, todavia ele só faz o pecado, porque ele pensa, engendra, projetar o pecar (ser psicológico), e ele só pensa porque em verdade ele é pecador em sua dimensão ontológica (pecador em sua essência pela herança adâmica).
Faz-se necessário então que o homem abra os olhos da alma e deixe a luz entrar. Contudo, para que esta luz entre é preciso que o mesmo busque o conhecimento das coisas espirituais, volte os seus olhos aos céus e conecte novamente a sua alma à razão, e isso só será possível por meio de uma educação volitiva. Corroborando com o que foi dito, deixa-se o relato de Champlin em se tratando de empecilhos que ligue a alma à mente consciente:
Vidas pecaminosas, saliência demasiada a coisas físicas (mesmo que legítimas), falta de interesse pelo próximo, egoísmo. Falta de crescimento espiritual. Educação proposital da mente consciente para que não creia, não se permitindo, assim, que o testemunho da alma chegue à mente consciente. (ENCICLOPÉDIA de Bíblia, Teologia e Filosofia, Vol 2, D/G. Champlin, R. N. São Paulo. Hagnos, 2015. 13ª ed. p 695.)
Não se pode deixar de citar dois textos chaves que corroboram com a exposição em que se trata da busca pela luz que iluminará seus caminhos:
Mas, se ainda o nosso evangelho está encoberto, é naqueles que se perdem que está encoberto, nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, o que é a imagem de Deus. (...) Porque Deus, que disse: Das trevas brilhará a luz, é quem brilhou em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus na face de Cristo (2 Co 4.3-4).
Dizia, pois, Jesus aos judeus que nele creram: Se vós permanecerdes na minhapalavra, verdadeiramente sois meus discípulos; e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará (Jo 8.31-32 – grifo nosso)
O texto em destaque – (...) e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. – em ipisis literis poder-se-ia ter uma melhor tradução como: “Busque a verdade, e a verdade promoverá em você a libertação”.
O resultado da análise do texto supracitado escrito na segunda epístola aos coríntios remete o leitor a fazer um paralelo entre a criação e a extraordinária conversão do homem a Cristo, ou seja, ambas as ações só são possíveis, unicamente, mediante a intervenção do próprio Deus. Assim como em meio às trevas Deus cria a luz, “Haja luz; e houve luz (Gn 1.3)”, em meio à razão fechada e entenebrecida pelo pecado: “Deus, que disse: das trevas brilhará a luz”.
Não se pode ter a luz do entendimento da verdade por nenhum outro meio, não se pode chegar a Deus por nenhum outro caminho, não se pode conhecer a Deus por nenhum outro se não Jesus Cristo. Balla ratifica tal ideia quando relata:
Assim a alusão de Paulo à criação da luz satisfaz sua ênfase cristológica: o verdadeiro conhecimento de Deus só pode ser obtido por meio de Jesus Cristo, e o próprio Deus tornou possível que o ser humano viesse a conhecê-lo dessa maneira – e somente dessa maneira. (BALLA, In: BEALE; CARSON, 2014).
 
2.4.2.3 O Fruto do Espírito – Fidelidade
Como um maestro guia a sua orquestra e tira dela as mais belas músicas, Paulo, majestosamente, orquestra uma bela sinfonia quando lança mão da pena para redigir a carta aos Gálatas. E nesta sinfonia, ele faz um paradoxo entre o fruto do Espírito e as obras da carne. Enquanto estas tratam de esforços meramente humano, aquele é originado do poder que não é dele, se não do Espírito que no homem habita.
A finalidade do fruto do Espírito é gerar no homem o caráter de Cristo. Se Cristo, como Deus, é fiel a sua palavra; logo, através do fruto do Espírito gerado no homem, ele passa a ser fiel aquilo que ele professa. Desta feita, se ele professa que crê que Deus é o centro, e que os milagres só podem ser realizados mediante o Filho de Deus em sua vida, que não há outro caminho se não o Filho de Deus, a saber – o Cristo que morreu e ao terceiro dia ressuscitou – jamais, se deixará desviar a sua fé para outros ventos de doutrina, ainda que do céu façam descer fogo, ou outro evangelho lhe seja pregado (Gl 1.8).
Eis o texto abaixo: 
Ora as obras da carne são conhecidas e são: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias (...). Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. Contra essas coisas não há lei (Gl 5.22,23, grifo nosso). 
Como se pode ver no texto supracitado, em destaque, têm-se duas palavras: idolatria e fidelidade. É sabedor, que no campo teológico, idolatria é tudo aquilo que usurpa de Deus o seu lugar na vida do homem. A história mostra imoralidades, abusos sexuais, alcoolismo, sacrifícios de infantes, tudo relacionados a deuses como se realmente fosse algo normal. 
Era de costume grego em sua literatura uma confrontação em tábuas que contrapunham vícios versus virtudes. Paulo parece assumir essa forma em alguns textos que orientam os crentes na vida cristã, e Gl 5.22,23 é um bom exemplo dessa confrontação. É evidente que fazendo uso deste estilo literário, Paulo deixa claro que estes dois elementos não podem dominar juntos o mesmo seguimento, ou prevalece um ou o outro, ou a fidelidade ou a idolatria.
E parece que ao olhar para dentro das igrejas contemporâneas o que se tem prevalecido é a idolatria. Entretanto, de uma forma, mais sorrateira, mais discreta, mais encoberta. Mascarada pela Palavra, por um ensino que não é o verdadeiro evangelho. O Espírito Santo está sendo posto de fora das igrejas e com isso o seu fruto não está mais nos corações dos homens. Aniquilando o fruto do Espírito, esses falsos mestres desviam a fé do povo para superstições, ídolos, tais como: vassouras santas, copos de água ungida, rosa que liberta, entre outras patifarias.
A fé como fruto do Espírito deve ser urgentemente cultivada nos corações dos santos, para que não se deixe dominar por heresias que outrora o apóstolo Pedro já havia alertado, como se segue:
E também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que se introduzirão encobertamente heresias de perdição e negarão o Senhor que os regatou, trazendo sobre si mesmo repentina perdição. E muitos seguirão as suas dissoluções, e por causa deles será blasfemado o caminho da verdade: também, movidos pela ganância, e com palavras fingidas, eles farão de vós negócio; a condenação dos quais já de largo tempo não tarda e a sua destruição não dormita (2 Pe 2.1-3)
Os verdadeiros cristãos precisam produzir frutos para o arrependimento (Mt 3.8) gerados pelo fruto do Espírito Santo em cada coração. Para que esses frutos sejam produzidos, não existe outra maneira a não ser deixar que o Espírito de Deus molde o seu caráter, através dos dons “tendo em vista o aperfeiçoamento dos santos” até que atinja o “estado de homem feito, à medida da estatura da plenitude de Cristo” (Ef 4.14).
O cristão deve ter a consciência que o fruto do Espírito deve ser uma prática cotidiana, a fim de que amadureça com o tempo. É perceptível, ao longo das escrituras, que como a graça nos justifica perante Deus, o fruto do Espírito nos justifica perante os homens. Esta última justificação pode ser de uma maturação plena, ou morta, como Tiago nos aponta, no que diz respeito à fé: 
Desse mesmo modo em relação à fé: por si só, se não for acompanhada de obras, está morta. Entretanto, alguém poderá afirmar: “Tu tens fé, e eu tenho as obras; mostra-me tua fé sem obras, e eu te demonstrarei minha fé mediante as obras que realizo”. Crês, tu, na existência de um só Deus? Fazes bem! Até mesmo os demônios crêem e tremem!  Queres, pois, assegurar-te, ó homem insensato, de que a fé sem obras é de fato inútil?  (Tg 2.17-20)
Como foi dito anteriormente, em um paralelo de Hc 2.4 com Hb 11, pode-se ver que não há nenhuma outra forma de se alcançar Deus e suas bênçãos se não pelo verdadeiro fundamento: a fé em Cristo.
A fidelidade leva o cristão a pratica de obras que glorificam a Deus, geram obras para o arrependimento e o justifica perante o homem. A ausência dessa característica no cristão gera a incredulidade e a desobediência que sempre levou o povo de Deus à idolatria e, por sua vez, trouxeram o juízo de Deus sobre si. 
Tanto o autor aos hebreus quanto Paulo aos coríntios mostram o fracasso do povo de Israel em entrar na Terra Prometida, embora esse povo tivesse visto toda sorte de manifestação divina em sua jornada, desde a libertação da escravidão no Egito, passando a pés secos pelo meio do Mar Vermelho e vagando pelo deserto, não puderam alcançar a promessa, pelo valioso fato de não ter perseverado na fé.
Como exemplo para os dias de hoje, os cristãos precisam perseverar na fé e na obediência até o fim se quiserem entrar no Reino dos céus. A Igreja do Senhor precisa olhar para Cruz, para face do Cristo ressurreto que reflete a verdadeira Glória de Deus e parar de buscar milagres em objetos milagreiros e em homens que são como nuvens sem águas, que se formam, mas não molham a terra seca.
2.4.2.4 Uma visão introdutória – Dons Espirituais 
Antes de entrar no tema fé como um dom do Espírito, cabe-se aqui um breve hiato para definição do que vem a ser Dons do Espírito. Dons do Espírito são habilidades dadas pelo Espírito Santo de Deus a Igreja do Senhor com a finalidade de edificar o seu povo e expandir o Reino aqui na terra. 
Como se vê em capítulos anteriores, com a descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes sobre os 120 que ali se encontravam, ações sobrenaturais foram vistas pela plateia ali presente. Ações estas, como: (i) som como vento veemente, (ii) línguas como de fogo repartidas, (iii) os que ali estavam presentes falaram em outras línguas.
A descida do Espírito Santo é precedida pela teofaniado próprio Deus em vento e fogo. Ao olhar para o primeiro testamento, percebe-se que quando Deus visitava o seu povo, trovões, ventos e relâmpagos, o acompanhava. 
Mas pelo sinal revelador de que o Espírito que estava em Cristo, agora está sobre a Igreja, é tido ao ler Nm 11.25 e ver que: “o Senhor desceu na nuvem, e lhe falou; e tirando do espírito que estava sobre ele (Moisés), pô-lo sobre aqueles setenta anciãos; e aconteceu que quando o espírito repousou sobre eles, profetizaram, mas nunca mais o fizeram”. É maravilhoso ver os extraordinários pontos em comuns em ambas as cenas: (a) a presença de Deus como um vento, (b) o espírito do líder sendo distribuído sobre seus liderados e (c) a ação verbal – seja no Antigo Testamento em profecias, como no Novo Testamento em “outras línguas”.
Outro evento de suma importância para a finalidade dos dons do Espírito é o vínculo que se pode fazer entre a descida do Espírito Santo de Deus em At 2 e a descida de Elohin enquanto os homens perversos construíam uma torre para tocar os céus, a saber, a Torre de Babel. Enquanto em Gn 11.1-9 Deus desce dos céus com a finalidade de separar os povos pela face da terra fazendo com que eles falassem em línguas que nenhum entendesse o outro; no Pentecostes, Deus desce a Terra e une todos os povos pelo seu Espírito, e faz com que cada um entenda o que se falava em seu próprio idioma.
A partir destes fatos, fica evidente que a finalidade dos dons do Espírito Santo, além de edificar a Igreja, é também de uni-la em um só Espírito. Para apoiar a ideia aqui exposta, a Mestre em Teologia Iône Lobo, em sua tese de defesa de mestrado, relata:
A descida do Espírito Santo sobre a igreja cristã, trazendo um renovo para a igreja, que está entristecida com a morte de Jesus, mesmo após a sua ressureição e após os 40 dias em que Jesus conviveu com os discípulos, a ascensão, era um momento de despedida que trazia aos crentes um sentimento de perda, de separação. (...) O Espírito Santo estabeleceu a união entre os crentes, porque foi nesse dia que começou a forma-se no mundo, de maneira especial, a Igreja de Jesus Cristo como um corpo. (LOBO, 2001, 117f). 
A Igreja de Corinto era pautada no partidarismo, nas dissensões, e totalmente retalhada pelo egoísmo, egocentrismo e guerras baseadas na eloquência e vã sabedoria de seus líderes. Logo, as únicas habilidades capazes de aniquilar essas facções e unir a igreja em um só corpo seriam os dons do Espírito. 
Abaixo seguem dois trechos que evidenciam essas facções que se formaram no meio dos cristãos de Corinto:
Suplico-vos, queridos irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que concordeis uns com os outros no que falam, a fim de que não haja entre vós divisões; antes, sejais totalmente unidos, sob uma mesma disposição mental e no mesmo parecer. Caros irmãos, fui informado a vosso respeito, pelos da família de Cloé, que existem discórdias entre vós. Refiro-me ao fato de um de vós afirmardes: “Eu sou de Paulo”; enquanto o outro declara: “Eu sou de Apolo”; e outro: “Eu sou de Pedro”; e outro ainda: “Eu sou de Cristo!” (I Co 1.10-12)
Pois, ainda que venhais a ter dez mil tutores em Cristo, não teríeis, entretanto, muitos pais. Porquanto em Cristo Jesus eu mesmo os gerei por intermédio do Evangelho. Sendo assim, suplico-vos que sejam meus imitadores. (I Co 4.15-16)
Ora, já foi dito que os dons foram dados pelo Espírito com a finalidade de servir a igreja e promover a união entre os irmãos. Jamais, nenhuma igreja pode fazer uso desses dons para autopromoção, como se tais dons fossem derramados pelo Espírito para evidenciar a sua espiritualidade, e quanto a isso, Champlin é bem enfático quando diz:
Os dons espirituais sempre subentenderam serviço prestado na igreja, a edificação da igreja. Os dons não eram dados meramente a fim de autenticar a natureza espiritual da igreja, embora talvez exercessem essa função secundária. Mas um dom não é dom enquanto a igreja não for ajudada, por seu intermédio, a crescer em Cristo. (ENCICLOPÉDIA de Bíblia, Teologia e Filosofia, Vol 2, D/G. Champlin, R. N. São Paulo. Hagnos, 2015. 13ª ed. p 695.)
Para encerrar esta seção e deter-se apenas na fé como dom do Espírito, a carta aos coríntios desde o capítulo 12 ao 14 aborda o tema dons espirituais, contudo, não como um tema maior, uma vez que se ampliar o foco da leitura, ver-se-á que o tema adoração já começou a ser iniciado no capítulo 11, quando o autor lista os regulamentos da adoração a partir de seus ensinamentos sobre as tradições cristãs. 
Destarte, ratificam-se então os dons como habilidades para serviço da igreja com a finalidade de ensinar e levar a união de um corpo, que de per si não se pode está separado. Ainda que, haja vários dons, nas mais diversas manifestações, em seus vários serviços e atuações, é um só Espírito que vivifica a Igreja e a torna depende de um só Senhor, tudo, em todos originados de uma só fonte – o Deus Pai – para que homem nenhum se glorie por aquilo que faz no seio da Igreja.
2.4.2.5 O dom da fé
Os dons são diversos e estão listados em vários textos do NT. Em Rm 12.6-8 são elencados sete dons, em Ef 6.11 estão dispostos mais cinco dons, a primeira epístola de Pedro traz em seu capítulo seis dons. Contudo, é na epístola de Paulo que todo o ensino sobre os dons do Espírito Santo é apresentado, e é exatamente neste texto que se encontra o dom da fé. Este dom é um dos três dons de poder – fé, cura e operação de milagres.
Esta fé não é a salvífica, que leva o homem a ser justificado e alcança a paz mediante Cristo (Rm 5.1), contudo, aqui se fala de uma fé sobrenatural, capaz de realizar milagres maiores que curas ou operações de maravilhas. O homem que é agraciado com este dom, ele pode ser usado no ensino da palavra, confiando que ao abrir a sua boca, vidas sejam alcançadas pelo Espírito Santo; caminhos sejam endireitados; almas sejam saqueadas do inferno através do ministrar a Palavra de Deus.
Ao ler o capítulo onze da carta aos hebreus, pode-se ver que cada uma daquelas personagens que ali se encontram foi dotada pelo dom da fé. Cada personagem usou do dom que lhe fora agraciado para situações adversas em suas vidas. Situações relatadas desde uma predição de fatos que seriam totalmente improváveis acontecerem, como um dilúvio por meio de chuvas, até a salvação de sua vida através de um fio de escarlate amarrado na janela.
Notadamente, o dom da fé é a base para realização dos demais dons, juntamente com o amor, que é a origem de todos os dons, tem-se assim a fé como algo imprescindível, não só para a vida cristã, mas para a vida da igreja universal, como para a Igreja de Cristo.
O amor e a fé reverberam desde o capítulo oito da carta aos coríntios até o catorze da mesma carta. Ainda que o amor tenha um destaque maior nesta seção da carta por estar escrito em dois capítulos, a fé vem ecoando em sons fortes quando Paulo afirma que “para nós há um só Deus, o Pai, de quem são todas as coisas e para quem nós vivemos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual existem todas as coisas, e por ele nós também” (I Co 8.6).
A fé como dom é uma ação do Espírito Santo no homem, logo não é algo que o homem utiliza ao seu bel prazer. Há de se julgar essas igrejas que propagam o “show da fé”, que a todo o momento se utilizam para fazer levantes emotivos nos cultos, usando mais de poder de hipnose do que espirituais. Campanhas com trabalhos exclusivos de milagres, profecias e revelações em dias especiais servindo de atrativos para o público sofrido e aflito pelas intempéries do mundo. Movimentos, que se denominam avivamento, mas que não passam de barulhos e levantes emotivos e que em nada refletem a glória de Deus.
Percebe-se, então, que as advertências e orientações quanto aos dons espirituais à igreja em Corinto são muito bem-vindas nos dias de hoje, uma vez que se nota o uso inadequado, desviado e irresponsável dos dons, e com maior veemência, os dons de poder.
Ora, a igreja foi constituída na terra para influenciar o mundo e todos os dons devem ser usadosem todos os cultos da igreja. Bergsntém coaduna com essa ideia no que relata em sua obra:
Convém, portanto, que os dons sejam usados na igreja. Assim, a igreja poderá exercer a sua influência espiritual de modo constante. Todos os dons cabem no trabalho da igreja (At 5.12-16; 6.7,8;14.7-10). Alguns acham que, tendo recebido um dom, tornam-se mais convenientes exercê-lo em um trabalho particular, isto é, desvinculado da igreja. A igreja não precisa de nenhum trabalho “especializado” à parte dela (ou nela), como por exemplo, um trabalho profético, ou de cura, ou de discernimento de espíritos e de revelação. Não, mas todos os dons podem e devem funcionar na Igreja, no seu trabalho normal. (BERGSTÉN, 2005, pp. 105,106).
O revestimento de poder aos seus discípulos foi uma promessa de nosso Senhor Jesus Cristo antes de subir aos céus. A finalidade desse revestimento foi capacitá-los na divulgação das Boas Novas “tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra”. (At 1.8). Sinais, prodígios e maravilhas os seguiriam (Mc 16.9-20; At 1.8) como evidência da obra capacitadora do Espírito Santo.
Cabe aqui o entendimento, ou até mesmo, lembrar aos que estão esquecidos ou distanciados da genuína Palavra, que o Senhor disse que esses sinais acompanhariam aos que crerem (Mc 16.17), e não pertenceriam. É entendível então que esta fé como dom para operação de maravilhas e curas pertence ao Espírito Santo, que por sua vez é o agente capacitador para realização dessas obras, a fim de que o nome de Cristo, e não o nome do homem portador, seja conhecido em toda a face da terra.
A concessão do dom da fé, assim como todos os outros dons espirituais, não depende de méritos pessoais, e nem é um troféu para autopromoção do homem ou da igreja, como Paulo mesmo afirma na sua epístola aos coríntios: “A cada um, porém, é dada a manifestação do Espírito para o proveito comum”(I Co 12.7). Desta maneira, aqueles que usam para se autopromoverem, seja lá qual for a intensão, está em um caminho contrário ao que prega as sacras escrituras de Deus.
Como dito em capítulos anteriores, os cristãos devem buscar o crescimento intelectual e uma renovação espiritual que se inicia pela sua mente, capaz de crescer na graça e no conhecimento, como consequência, haverá um amadurecimento espiritual que os distinguirão dos cristãos infantis ou carnais.
Um cristão “adulto”, com sua mente transformada pelo Espírito Santo, buscando o conhecimento de Deus, mantém firme a sua fé e com clareza sabe que o uso dos dons não é faccioso, mas sim, provoca a união no meio da igreja. 
Por outro lado, os crentes carnais criam novas ideias, princípios e atitudes sem respaldo bíblico, ou tentando fundamentar em textos sem uma exegese aprofundada, abrindo portas para ventos de doutrinas que sopram no meio da igreja e acabam por levar consigo os “meninos” na fé. A conduta corrompida destes crentes carnais, que falam baseados em falsas revelações, serve apenas para distorcer a verdade de acordo com as suas conveniências pessoais.
Tanto para os infantes na fé quanto para os carnais, Paulo já havia alertado quando escrevia a Timóteo dizendo que chegaria um momento em que a sã doutrina já não serviria para atender os seus prazeres, eis o texto em questão:
Por quanto, chegará o tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo grande desejo de ouvir coisas agradáveis, ajuntarão para si mestres segundo os seus próprios desejos, e não só desviarão os ouvidos da verdade, mas se voltarão às fábulas. (2 Tm 4.3,4). 
Essa percepção não era exclusiva de Paulo, a que Judas também alertou a esse respeito, tanto dos que buscavam palavras que massageassem o seu ego, quanto os que atendiam a esses desejos para proveito próprio, como está escrito em se tratando desses carnais que não passam de “murmuradores, queixosos, andando segundo as suas concupiscências; e a sua boca diz coisas muito arrogantes, adulando pessoas por causa do interesse.” (Jd 1.16 – grifos nossos).
Cresce a necessidade da busca pelos dons espirituais, o que não se vê, ou se vê em pouca escala. Os cristãos contemporâneos estão buscando as ações do Espírito Santo através dos outros, sem ter a ciência que este mesmo Espírito habita nele. A busca pelos dons deve ser orientada pelos líderes das igrejas, e assim como Paulo fez, aqueles que detêm a patente de líder, seja em qual estância for, deve ensinar a igreja a respeito dos dons a fim de não transformar sua igreja em uma “creche cristã”. O ensino da Palavra de Deus gera no indivíduo a fé, pois que, “a fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela Palavra de Deus” (Rm 10.17).
Aqui, assegura-se que a fé em qualquer um de seus significados não pode ser ensinada, pois ela é gerada pelo Espírito Santo de Deus, contudo a sua busca e o seu uso deve ser ensinado. Um neófito é uma criança que possui todas as suas habilidades inatas, contudo, devem ser ensinadas a pôr em prática, e só mediante o exercício da fé o cristão será capaz de libertar o seu coração de um amor egoísta, alçar suas mãos aos céus e realizar os sinais e maravilhas em prol da expansão do Reino aqui na Terra.
A LITURGIA DO CULTO CRISTÃO
O Desvio da Liturgia 
Muitos ostentam os dons, gritam aos ventos que realizam curas e fazem prodígios, arrastam a massa como verdadeiros milagreiros – no teor pejorativo do verbete, contudo não possuem uma vida transformada. Não produzem frutos dignos de arrependimento, não possuem mensagens que atinjam o âmago dos que adentram os templos. Suas obras não passam de palha que lançada ao fogo se consomem e viram cinzas.
Os cultos ministrados por homens e mulheres que possuem os dons, mas não cultivam o fruto do Espírito Santo são verdadeiros espetáculos. Muita emoção, prantos, cada um buscando as mãos de Deus para realizações de seus próprios deleites. Pulam, correm, marcham e rodopiam dentro do templo, entram em transe no espírito, mas quando saem, voltam a sua rotina de crentes vazios, cada um para o seu lar, sem experimentar um real avivamento que só a verdadeira Palavra traz.
A grande concentração da fé não está mais em levar o homem a Deus, mas em leva-los a si próprios. Moldaram a liturgia do culto visando a arrecadação de verbas. Fizeram dos templos mercados, dos púlpitos um balcão de negócios, e os membros são apenas clientes. Esqueceram a finalidade da liturgia em um culto.
 “Eis que estou à porta e bato” (Ap 3.20). Esta é a voz do Cristo querendo entrar na sua igreja através do seu Espírito. Mas como ele pode entrar se os ouvidos da “membresia” cristã não estão atentos à voz do Espírito e sim, aos seus desejos imediatos.
A liturgia do culto hoje está tão obsoleta que não se ouve falar e nem ser ensinada no meio pentecostal. A sua finalidade de “adorar a Deus, declarando que Deus está verdadeiramente entre nós”, como relata Paulo à carta aos coríntios, na liturgia se distanciou e muito.
A Bíblia King James divide o capítulo quatorze da primeira epístola aos coríntios com dois títulos: a) I Co 14.1-25 – O correto uso dos dons; b) I Co 14.26-10 – Ordem nas reuniões da Igreja. É plausível tal divisão segundo os títulos, porque se pode perceber mais nitidamente o cuidado de Paulo em levar os crentes a um culto, não vazio, não apenas emocional, mas com o entendimento, seja em orações, seja em louvores, para que haja um culto equilibrado e racional os dons são derramados na igreja reunida pelo Espírito Santo de Deus, os quais levarão os incrédulos à conversão e os crentes à edificação, exortação e consolação. 
“Que fareis, pois, irmãos?” Essa questão do apóstolo leva os seus irmãos a avaliar se realmente eles estão usando os dons corretamente, e se estão apresentando uma liturgia adequada, pois ele completa, “quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação”. Eis a liturgia de um verdadeiro culto de adoração a Deus, e o apóstolo finaliza esse texto concluindo: “faça-se tudo para edificação” (I Co 14.26).
Reverência, ordem e temor a Deus são ações que abrem ascomportas dos céus e provoca o derramamento do Espírito. Essas três ações fazem com que os cristãos não iniciem e terminem o seu culto a Deus apenas no tempo em que estão na igreja, mas firmam um estado de culto permanente em seus corações, desde o deitar até o levantar.
O salmista se questiona o que ele “poderia dar ao Senhor por todas as suas bênçãos se não tomar o cálice da salvação e invocar o nome do todo-poderoso” (Sl 116.12,13). Invocar o nome do Senhor e adorar a Santa Trindade formam a finalidade da liturgia dos cultos. Contudo, não é isso que se apresenta nos cartazes e nas placas das denominações distribuídas pelo Brasil afora.
O chamariz da publicidade gospel estampa os rostos de pregadores, cantores, conjuntos, seminaristas e etc e escondem o Cristo. As frases de efeito, “eu tenho uma palavra para o seu coração”, “eu profetizo bênçãos”, “eu declaro” abafam a voz do Espírito. As estrelas errantes que Judas alertou em sua epístola querem ofuscar o Sol da Justiça e desviam os olhares dos indoutos.
Os que se apresentam nas assembleias dos santos, muitos deles, estão participando do culto sem entender seu real significado. Eles vão atraídos pelos espetáculos e movimentos do “eu abençoo a sua vida” e esquecem que a liturgia é o serviço de adoração a Deus. Vão barganhar favores de Deus, mas não vão busca-lo em espírito e em verdade.
A Verdadeira Liturgia
A palavra Liturgia tem origem no grego leitourgos, que servia para descrever alguém que fazia serviço público ou liderava uma cerimônia sagrada. A liturgia dos cultos pentecostais tem sua origem luterana proveniente das missas católicas compostas por sermões, cantos e orações. A finalidade da liturgia pentecostal, a priori, é enaltecer a morte vicária de Cristo, a sua ressurreição e a adoração a Deus.
A verdadeira liturgia é um serviço público cristão dirigido pelo Espírito Santo de Deus que leva o homem, única e exclusivamente, a adoração a Deus. Deve-se existir elementos fundamentais para uma execução genuína de adoração a Deus, elementos que avivem os fiéis, que convertam os ímpios, que edifiquem a igreja no coletivo, tais elementos são: os sermões, os cânticos e as orações.
3.2.1 Os sermões 
Os sermões devem se fazer presentes em todas as reuniões cristãs como prática de fé que leve o homem a reflexão de como está sua vida em relação aos mandamentos do Senhor Jesus. Esses sermões devem ser reverenciados, e devem ter um espaço primordial na liturgia cristocêntrica. Se Cristo não for o centro, algo lhe tomou o lugar, tem-se que de imediato remover aquilo, ou aquele que quer está no centro da adoração. 
O estudo bíblico e a pregação devem ter apoio escriturístico. “Logo a fé vem pelo ouvir, e o ouvir vem pela palavra de Cristo”(Rm 10.17). A Palavra é alimento da vida espiritual de todo cristão, se lhe falta o alimento, como poderá haver cristãos fortes dentro da casa de Deus?
Aprender de Deus através da Palavra é algo que leva todo o crente a santidade. Haja vista o que diz o salmista: “Escondi tua Palavra em meu coração, para eu não pecar contra ti” (Sl 119.11). Destarte, uma igreja que não possui a Palavra de Deus, os seus ensinamentos, o incentivo ao conhecer e seguir em conhecer a Deus caíra na nefasta consequência de uma igreja vazia e murcha.
Contudo, os sermões cristocêntricos têm perdido a primazia e sendo a Palavra de Deus luz, muitos cristãos andam como cegos guiados pelas palavras de homens que interpretam a bíblia meramente através de experiências pessoais ou ideias preconcebidas. Fanfarrões que se intitulam homem de Deus, mas estão a serviço de seus próprios desejos. Andam nos caminhos de Balaão, nos deleites de Coré e vivem as atitudes de Caim.
Que o Espírito de Deus levante homens e mulheres que nutra em seus corações discursos apologéticos como os de Paulo, Pedro e Estevão que continham em seu coração grandes doses de Palavra que até hoje está viva revela o verdadeiro Deus, gera vida e por essa Palavra a genuína fé de cada cristão é aumentada.
3.2.2 Os cânticos
Notadamente, os cânticos é a forma mais expressiva de adoração cristã. E isto, já dizia o próprio Apóstolo Paulo quando escreve aos efésios exortando-os a se deixarem encher pelo Espírito de Deus, cultuando com “salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando e louvando de coração ao Senhor” (Ef 5.18,19). Eis a realização da verdadeira liturgia cristã: louvores de coração ao Senhor. Louvores estes que exaltem o nome do Senhor, que tenham Deus no centro de suas letras. A tinta que escreva as canções seja o sangue do cordeiro e o Espírito Santo de Deus, assim como inspirou todas as escrituras, também seja a inspiração das melodias entoadas em nosso meio.
Contudo, não é isso que vemos. Muitas músicas que circulam no meio evangélico geram confusão e dividem a igreja em grupos a favor e contra, e só por essas simples razões, essas canções não estão mais apoiada nas sacras escrituras que apresenta ao seu povo um Deus que não é um Deus dado à confusão, como orienta o Apóstolo Paulo: “Porque Deus não é Deus de confusão, senão de paz, como em todas as igrejas dos santos” (I Co 14.33).
Ao executarmos hinos com o intuito de louvar a Deus, claramente, Ele deve ser o centro, mas não é isso que relata a letra da música abaixo:
Não consigo ir além do teu olhar 
Tudo que eu consigo é imaginar 
A riqueza que existe dentro de você 
O ouro eu consigo só admirar 
Mas te olhando eu posso a Deus adorar 
Sua alma é um bem que nunca envelhecerá 
O pecado não consegue esconder 
A marca de Jesus que existe em você 
O que você fez ou deixou de fazer 
Não mudou o início: Deus escolheu você 
Sua raridade não está naquilo que você possui 
Ou que sabe fazer. 
Isso é mistério de Deus com você. 
Você é um espelho Que reflete a imagem do Senhor 
Não chore se o mundo ainda não notou 
Já é o bastante Deus reconhecer o seu valor 
Você é precioso, mais raro que o ouro puro de ofir 
Se você desistiu, Deus não vai desistir 
Ele está aqui pra te levantar Se o mundo te fizer cair....
(FREIRE, Anderson. Raridade. Intérprete: Anderson Freire. MK Music. Rio de Janeiro. c2013. CD Raridade)
Numa análise superficial da letra, já se pode identificar o homem como o foco da letra, logo, a música é antropocêntrica, nunca deveria ser cantada em cultos de louvor e adoração a Deus. 
Já uma análise mais sintética de uma canção de tão pouca profundidade bíblica, pode-se perceber que a letra é tão antropocêntrica que o cantor chega até Deus através do homem, como relata o verso cinco da primeira estrofe. Toda a segunda estrofe exime o homem da sua culpabilidade, a letra mostra que o pecado ainda está no homem, e não a natureza pecaminosa. O que o homem fez ou deixou de fazer não quer dizer nada, ora, se as ações dos homens não têm peso perante a humanidade, o que se há de fazer com a carta de Tiago? E para não se prolongar, e não se tornar repetidor, o último verso, chega à máxima de alegar que o homem não deve se importar se o mundo não conseguiu ver nele a imagem de Cristo.
O valor do homem foi notado por Deus, e por esse valor Ele enviou o seu Filho para morrer pela humanidade (Jo 3.16). Se não for para refletir a imagem do Cristo, para que serve o cristão na terra?
Para contrapor uma canção antropocêntrica a uma teocêntrica, apresentar-se-á a canção “Deus é Deus” de Delino Marçal:
É Deus
Delino Marçal
Minha fé não está firmada
Nas coisas que podes fazer
Eu aprendi a Te adorar pelo que és
Dele vêm o sim e o amém
Somente dele e mais ninguém
A Deus seja o louvor
Se Deus fizer, Ele é Deus
Se não fizer, Ele é Deus
Se a porta abrir, Ele é Deus
Mas se fechar, continua sendo Deus
Se a doença vier, Ele é Deus
Se curado eu for, Ele é Deus
Se tudo der certo, Ele é Deus
Mas se não der, continua sendo Deus
Não o adoro pelo que Ele faz
Eu o adoro pelo que Ele é
Haja o que houver, sempre será Deus
Não o adoro pelo que Ele faz
Eu o adoro pelo que Ele é
Haja o que houver, sempre será Deus
Deus é Deus
Deus é Deus
Deus é Deus
Deus é Deus(MARÇAL, Delino. Deus é Deus. Intérprete: Delino Marçal. Mk Music. Rio de Janeiro. c2015. CD Nada Além da Graça)
Este é um louvor que não importa a situação a que o homem esteja sujeito, Deus continuará sendo Deus, sua deidade não é afetada, não está sujeita as vontades do homem. Uma bela canção que serve para adorar e edificar tanto o cristão como indivíduo, quanto a igreja no coletivo.
A fé cristã deve ser uma fé racional, investigativa, que leve o homem a analisar tudo o que lhe é posto a frente antes de digerir. Àqueles que buscam fama, que procure programas de TV para se apresentarem, porque na Casa do Senhor só a lugar para sua glória, uma vez que Ele é o único digno de honra, glória e poder, Cristo o Senhor de todos (Ap 15.12-14)
3.2.3 As orações e intercessões 
As orações e intercessões são armas poderosas contra todas as intempéries da vida Cristã, e ambas devem estar presentes na liturgia dos cultos, uma vez que é através dessas ações que falamos diretamente com Cristo, aquele que intercede por nós.
Quando Pedro declara que a Igreja é sacerdócio real de Deus (I Pe 2.9), ele mostra que a Igreja foi eleita para ministrar a Deus em favor dos homens. O propósito primeiro está na glorificação do Pai e expansão do Reino aqui na terra. Em Cristo, a Igreja tem um pacto com Deus para que tudo o que ocorra aqui na terra seja por intermédio dos intercessores estabelecidos pelo Pai.
Todas as ocorrências registradas na história, de uma forma ou de outra, são reveladas por Deus mediante a oração. Antes de destruir Sodoma e Gomorra, Deus conversa com Abraão (Gn 18); quando nos intentos de Deus estava a destruição dos hebreus, Deus fala com Moisés (Ex 32); Deus revela a libertação do seu povo do cativeiro babilônico a Daniel (Dn 9); não foi diferente ao anunciar o castigo que viria a Israel aos seus profetas, como registra o livro de Jeremias; até para enviar um salvador, Deus anunciou com antecedência, como registra a carta aos hebreus em seu primeiro versículo (cf Dt 18.15; At 28.25).
Todos estes homens, Abraão, Moisés, Daniel foram homens de oração e de íntima comunhão com Deus. Através de suas orações e intercessões, o curso da história foi mudado, aos olhos dos homens, pelo menos, uma vez que toda história já é conhecida por Deus.
Uma liturgia que tem a oração como um fim para adorar e engrandecer ao Pai e apresentar todos os povos da terra para que o conheça e o receba como Salvador, experimentará da sua boa e agradável vontade. O apóstolo Paulo diz que orar e interceder por todos “é bom e agradável diante de Deus, nosso Salvador, o qual deseja que todas as pessoas sejam salvas e cheguem ao pleno conhecimento da verdade” (I Tm 2.3,4).
As orações e intercessões não podem ser usadas como meios de buscas para proveitos próprios. Aquele que ora ou intercede deve possuir como fundamentos: obediência e submissão à verdade, amor altruísta e humildade para que o Espírito Santo realize sua obra nas vidas dos que são levados em orações, e enfatiza-se aqui mais uma vez, tudo para glória de Deus.
A oração unânime leva a igreja à unidade com Cristo, assim como Cristo está em unidade com o Pai, como dito em oração nos escritos joaninos (Jo 17.11) pelo maior intercessor de toda a história, o exemplo de homem perfeito: O Cristo. 
Que as orações e intercessões no meio das reuniões pentecostais tomem seus espaços devidos com suas devidas prioridades e propósitos, e deixem de ser encenações teatrais criadas por homens que buscam a manipulação da massa que busca a Deus para atender os seus próprios deleites, e essa é a razão pela qual pedem e não recebem (Tg 4.3). E se recebem, morrem em si mesmo.
A IGREJA AVIVADA E FIRME EM MUNDO LÍQUIDO
Mantendo-se firme como Igreja de Cristo
Quando o pentecostalismo chega ao Brasil no século XX, a modernidade moldara a realidade com conceitos sólidos; as ideias e ideais tinham um foco; os pensamentos bem definidos, por si só, geravam grupos seguros de suas convicções, e o conjunto do todo era expresso na interação interpessoal. Logo, mesmo, nas décadas de 80 e 90, via-se um grupo de cristãos que saiam as ruas para proclamar um evangelho sólido, com um fundamento firme. Era o evangelho da contra-cultura. Desafiador, pela sua ortodoxia e ortopraxia.
Entretanto, na virada do século, a pós-modernidade entra em cena, e numa visão de Zygmunt Bauman, ela traz a fluidez líquida dos sentimentos e dilui em si as ideias, barreiras, pensamentos e formas. A entrada da tecnologia nos lares, as grandes disputas políticas pelo mundo a fora e as inúmeras guerras travadas entre nações e nas nações em tão curto espaço de tempo e espaço levou em suas águas as certezas, crenças e práticas. Tudo se tornou passageiro, e não apenas o que é material, mas o abstrato corre rumo ao nada. Os sentimentos humanos estão focados no aqui e agora. O futuro é o presente, o passado não importa, o futuro não importa.[6: Zygmunt Bauman foi sociólogo, professor da London School of Economics e autor de mais de 50 livros.]
Em um mundo caótico, onde os moldes da sociedade são líquidos, nem mesmo as crises se sustentam, o que era manchete hoje, já some para dar lugar a outra amanhã, que já se perdeu no ontem. Surge a indagação: como se manter firme como Igreja escolhida de Cristo? Cada cristão que professa sua fé (firme fundamento) em Cristo (a Rocha) deve meditar a respeito desse tema. Os que são escolhidos para preparar a noiva para o Noivo – os Apóstolos, Pastores, Evangelistas, Profetas, Mestres e Doutores – devem se engajar em estudar com mais afinco a sociedade em que sua igreja está inserida, e desta feita, ensiná-la a prevalecer firme em um mundo líquido.
Segundo Bauman, o século XIX as pessoas eram otimistas e estavam convencidas que com a revolução tecnológica e o grande desenvolvimento da ciência era possível recriar o mundo. As pessoas viviam despreocupadas com a realidade. As pessoas tinham foco no futuro e lutavam por ideais coletivos, e seguiam para a formatação de uma sociedade perfeita.
Em terras brasileiras, no final do século XIX para o início do século XX, começa a existir uma transição do Brasil colônia de Portugal para a um Brasil Industrial. Getúlio Vargas incentiva a indústria nacional e grandes estatais surgiram na década de 40 – A Companhia Vale do Rio Doce, Fábrica Nacional de Motores entre outras. Essa industrialização traz a independência econômica, gerando empregos diretos e indiretos. A sociedade brasileira vislumbra no horizonte um futuro melhor através da CLT, dos avanços nas áreas dos transportes, iluminação e infraestrutura. 
Todos trabalhando! A sociedade brasileira se transforma numa grande fábrica com funcionários satisfatórios. A igreja se projeta nesse cenário mostrando que o caminho para uma sociedade perfeita é Cristo. A ideia de uma mensagem sólida que projeta o indivíduo a uma comunidade perfeita, quase utópica, não era difícil de ser vivida, e ficava nítida em uma época que todos os pensamentos eram apresentados em blocos.
Agora, em um mundo líquido, onde tudo é possível. As pessoas podem fazer o que quiser. Não há mais a regulamentação do mercado de trabalho. A desigualdade social aumenta e se mistura, como tudo hoje, ela também é líquida. A classe C pode conversar de igual para igual com a classe A sem nada que lhe atrapalhe ou fique no seu caminho. Mas a desigualdade não está no pobre ou no rico, mas no proletariado, naquelas pessoas que não sabem onde estão, vivem inseguras e na fluidez das ideias se perdem na correnteza da acelaração do tempo.
E onde está a fé sólida nessa sociedade líquida? Se antes, pregava-se que a igreja deveria nadar contra correnteza quando tudo era sólido, o que deverá a igreja fazer agora quando tudo é líquido? Não há outra saída ou outra solução, senão, lembrar-se do Espírito Santo de Deus, e deixa-lo entrar novamente em nossos cultos e fazer morada nos corações dos crentes, moldando o caráter através de seu Fruto e habilitando a cada um através dos dons, dotando-lhes de sabedoria para se permanecerem firmes

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