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Gestão do Conhecimento W B A 0 11 4 _ v2 _ 0 2/247 Gestão do Conhecimento Autoria: Alberto Pirró Ruggiero Como citar este documento: RUGGIERO, Alberto P. Gestão do Conhecimento. Valinhos: 2016. Sumário Apresentação da Disciplina 04 Unidade 1: Gestão do Conhecimento e do Capital Intelectual 06 Assista a suas aulas 28 Unidade 2: Conhecimento Tácito e Explícito 36 Assista a suas aulas 53 Unidade 3: Gestão do Conhecimento e Gestão por Competências 60 Assista a suas aulas 82 Unidade 4: Mensuração do Capital Intelectual 90 Assista a suas aulas 113 2/247 3/2473 Unidade 5: Balanced Scorecard e a gestão do capital intelectual 121 Assista a suas aulas 146 Unidade 6: Análise das perspectivas do Balanced Scorecard com foco na aprendizagem e cresci- mento 155 Assista a suas aulas 178 Unidade 7: Práticas de gestão do conhecimento e formação de comunidades de aprendizagem 186 Assista a suas aulas 210 Unidade 8: Elaboração de planos de ação e projetos em gestão do conhecimento 218 Assista a suas aulas 239 Sumário Gestão do Conhecimento Autoria: Alberto Pirró Ruggiero Como citar este documento: RUGGIERO, Alberto P. Gestão do Conhecimento. Valinhos: 2016. 4/247 Apresentação da Disciplina Você tem observado e vivenciado nestes tempos atuais situações e ambientes cada vez mais complexos. O impacto das ações humanas no meio ambiente, a instabilidade dos mercados, a sustentabilidade das organi- zações, a velocidade das mudanças, o futuro da educação e tantos outros são dilemas ur- gentes e que demandam o desenvolvimen- to de novas competências e posicionamento das companhias. Esse novo conjunto de referenciais exige atenção especial sobre a importância da ges- tão do conhecimento porque é através dela que as organizações inovam e sobrevivem. Uma organização deve ser percebida como uma entidade viva na qual a “saúde organi- zacional” é influenciada por aspectos subje- tivos e objetivos, valores, clima e cultura e os resultados que consegue alcançar. Dessa forma, assim como um organismo vivo é constituído por órgão e tecidos, formados por células que precisam agir harmoniosa- mente para a manutenção de um corpo sau- dável, uma companhia também é constitu- ída de partes, que são corresponsáveis pela manutenção de sua existência. Para isso, o conhecimento é o valor essencial para as companhias sobreviverem. O conhecimento é um recurso originado em cada pessoa que acaba fazendo parte do co- tidiano da empresa no estabelecimento das relações entre elas. Nessas circunstâncias, o esforço demandado das organizações é o desenvolvimento de políticas e estratégias que possibilitem produzir, reter e difundir o conhecimento. Administrar o conhecimento será visto cada vez mais como um diferencial competitivo no ambiente empresarial. Para 5/247 isso, a gestão do conhecimento organiza- cional deve ser compreendida como um pro- cesso que aumenta o conhecimento criado pelas pessoas, transformando-o em parte da rede de conhecimentos para possibilitar sua sustentabilidade. É disso que trata esta disciplina. 6/247 Unidade 1 Gestão do Conhecimento e do Capital Intelectual Objetivos 1. Mostrar a importância do conhecimen- to e da gestão do conhecimento para as organizações em um mundo sem fron- teiras. 2. Reconhecer e compreender as diferen- ças entre dados, informação e conheci- mento e sua influência no processo de elaboração de estratégias empresariais. 3. Diferenciar gestão do conhecimento de capital intelectual bem como compreen- der sua finalidade para as companhias. Unidade 1 • Gestão do Conhecimento e do Capital Intelectual7/247 Introdução Desde o princípio da humanidade, o conhe- cimento se faz notar como fator essencial da sobrevivência humana. Se isso já era ver- dade no período pré-histórico, como, por exemplo, o conhecimento para fazer fogo, muito mais hoje, na criação e produção de bens de alta tecnologia. As mudanças que vêm ocorrendo há algu- mas décadas têm sido acompanhadas por modificações impactantes em várias áreas. A economia, a sociedade, a política e a tec- nologia tornaram-se diferentes. Todavia, se a informação for introduzida nas empresas de forma isolada, não ajudará a acumular novos conhecimentos. É necessário que a companhia reconheça suas necessidades e compartilhe os conhecimentos obtidos com os colaboradores. Segundo Terra (2010), a conjuntura econô- mica atual atravessa uma mudança, na qual o conhecimento adquire papel fundamental para a competitividade. Porém, nem sempre foi dessa forma porque, no passado, a mão de obra era barata e os recursos financeiros determinavam o desenvolvimento da orga- nização. Da mesma maneira que na Era Industrial os recursos financeiros exerciam papéis fun- damentais no progresso econômico, a in- formação e o conhecimento tornaram-se importantes meios na sociedade atual que é denominada sociedade do conhecimento. Unidade 1 • Gestão do Conhecimento e do Capital Intelectual8/247 Sveiby (1998) discorreu que a utilização do conhecimento favorece a criação e o com- partilhamento de novos conhecimentos. Para o autor, o conhecimento é um recurso ilimitado, sem prazo de validade e sujeito à Para saber mais Período que teve início no século XVIII, a Era In- dustrial foi caracterizada pela mecanização da produção e consequente reformulação da con- cepção de trabalho, já que grande parte do tra- balho exercido pelos operários foi substituída por máquinas. Essa mudança na produção repercutiu na ordem econômica, política e social da época. A Era Industrial marca o início do desenvolvimento do capitalismo industrial, assim como o cresci- mento da produção em massa. multiplicação quando bem empregado por- que é um recurso que não se deprecia. Sendo assim, o conhecimento vem se tor- nando o fator chave para o sucesso e a con- tinuidade das organizações, trazendo uma visão mais extensa da importância da vida profissional, bem como modificando a men- te das pessoas, levando-as a refletir sobre suas crenças. As companhias necessitam aperfeiçoar es- tratégias que idealizem um cenário no qual o conhecimento é o diferencial. É essencial que seja verificado o nível de conhecimen- to dos empregados, se a estrutura física é adequada às necessidades da companhia e se empenhar no desenvolvimento das com- petências e habilidades das pessoas. Unidade 1 • Gestão do Conhecimento e do Capital Intelectual9/247 Atualmente, as organizações precisam es- tar preparadas para absorver a informação, bem como analisá-la, armazená-la, desen- volvê-la e distribuí-la. Esse é o grande de- safio da gestão do conhecimento. 1. Introdução à Gestão do Co- nhecimento A gestão do conhecimento tem sido cada vez mais pesquisada e utilizada como modelo de vantagem competitiva nas organizações deste século. Levando em consideração que a cada dia emergem novos conhecimentos, nos quais as companhias aprendem e rea- prendem novas formas de solucionar pro- blemas, presume-se que a capacitação de novos conhecimentos seja de grande impor- tância para essas companhias. Para entender às modificações que as em- presas têm passado, Stewart (1998) explica que é raro encontrar alguma organização que não tenha se tornado dependente do conhecimento como fonte de atração para clientes. Isso evidencia que o conhecimento e a in- formação sobre um determinado produto, serviço ou mesmo cliente, em dado mo- mento, torna-se um bem valioso para que as Link Vantagem competitiva: os modelos teóricos atu- ais e a convergência entre estratégia e teoria or- ganizacional. Disponível em: <http://www.scie- lo.br/pdf/rae/v40n4/v40n4a03.pdf>. Acesso em: 4 nov. 2016. Unidade 1 • Gestão doConhecimento e do Capital Intelectual10/247 companhias desenhem seus planejamentos e estratégias a curto, médio e longo prazos. Para que as estratégias traçadas tenham chance de êxito os funcionários das com- panhias necessitam ser incentivados a diri- gir seus esforços no intuito de maximizar os objetivos e metas instituídos pela empresa, buscando soluções práticas e ágeis para os problemas que surgem no dia a dia. E o que a gestão do conhecimento tem a ver com tudo isso? A gestão do conhecimento é um modelo administrativo voltado às organizações do mundo globalizado, que distinguiram não ser o ideal apenas obter e reter a informação. Informação, dados ou fatos necessitam ser analisados por pessoas que as transformem em conhecimento. Entretanto, a pergunta é: como saber que a empresa sabe? Afinal de contas, as companhias são constituídas por pessoas que sabem ou precisam saber. Para saber mais A gestão do conhecimento, do inglês KM (Know- ledge Management), trata-se de uma área de atu- ação que possui diversas áreas correlacionadas, principalmente a gestão estratégica, teoria das organizações e sistemas de informação. A gestão do conhecimento promove, com visão integrada, o gerenciamento e o compartilhamento de todo ativo possuído pela empresa. Esta informação pode estar em um banco de dados, em um proce- dimento ou documento, bem como nos colabora- dores com suas experiências e habilidades (SVEI- BY, K. E., 1998). Unidade 1 • Gestão do Conhecimento e do Capital Intelectual11/247 A partir dessas evidências a obtenção de uma nova forma de administrar recursos materiais e principalmente humanos tem chegado a níveis nunca antes obtidos an- teriormente. Devido a isso o grande desafio que se impõe neste século é ter em conta a gestão do conhecimento como uma ferra- menta estratégica que auxilie as empresas a sobreviverem a essa nova realidade, bus- cando não apenas aprender a aprender, mas também o aperfeiçoamento de processos, não como na era da Administração Cientí- fica, mas como forma de gerenciar pessoas que se esmerem por eficiência e eficácia. Para falar de gestão do conhecimento, de- vemos abordar conceitos relacionados a ela, tais como: dado, informação e conheci- mento porque é por meio dos dois primeiros que se chega ao conhecimento. Para saber mais A Administração Científica, criada pelo americano Frederick Winslow Taylor, no fim do século XIX e iní- cio do século XX, tinha em sua essência o intuito de aplicar a ciência à administração. Possuía ênfase nas tarefas, buscando a eliminação do desperdício, da ociosidade operária e a redução dos custos de produção, com o objetivo de garantir uma melhor relação custo/benefício aos sistemas produtivos das empresas da época (TAYLOR, 1990). Unidade 1 • Gestão do Conhecimento e do Capital Intelectual12/247 2. Diferenças entre dado, infor- mação e conhecimento Para se aprofundar no entendimento sobre a gestão do conhecimento, é de fundamen- tal importância estabelecer a distinção en- tre dado, informação e conhecimento. Link Elementos intervernientes na tomada de decisão. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ci/ v32n1/15969.pdf>. Acesso em: 4 nov. 2016. As empresas, de modo geral, dispõem de dados e informações que necessitam ser gerenciados para que sejam transformados em conhecimento, que por sua vez possam ser transformados em ações por meio de estratégias traçadas por elas próprias. “Dados são a coleção de evidências rele- vantes sobre um fato observado” (DE SOR- DI, 2008, pg. 7). Dessa forma, um dado pode ser considerado uma sequência de símbo- los, sejam códigos decifráveis ou não. Um dado não é, necessariamente, o resul- tado da intenção de se registrar algo. O som causado por um fenômeno natural, uma pegada, a sombra de um objeto, podem ser considerados dados. O registro ou sinal não precisa ser físico. Isso significa que uma ima- gem ou valor armazenado na memória de um indivíduo podem ser considerados dados. Porém, dados não são apenas códigos agrupados, podem ser também fonte para a Unidade 1 • Gestão do Conhecimento e do Capital Intelectual13/247 constituição de informações. Dados são a base do registro dos aspectos de um fenômeno estu- dado, trazidos por um investigador, e que correspondem a uma anotação direta das observações. Entretanto, trazem consigo pouca elaboração ou tratamento, permitindo apenas a compreen- são dos acontecimentos concretos. Tabela 1: Exemplo de um conjunto de dados L Pr DV M P JN X 10.000 10 6 1866,67 2 Y 10.000 5 6 1792,21 3 Fonte: Desenvolvido pelo autor Por exemplo, a tabela 1 pode ser visualizada apenas como um conjunto de dados, já que somente com ela não há condições de se estabelecer um contexto nem significado. Você pode até imagi- nar alguns significados, porém não há como garantir sua validade. A partir do momento em que são estabelecidos os parâmetros de coleta, pode-se decodificar, organizar e analisar os dados em torno de um objetivo, transformando-os em informação. Se- gundo De Sordi (2008, p. 10), “Informação é a interpretação de um conjunto de dados segundo um propósito relevante e de consenso para o público alvo (leitor)”. Unidade 1 • Gestão do Conhecimento e do Capital Intelectual14/247 Dessa forma, a informação é a leitura da- quilo que o conjunto de dados parece in- dicar, caracterizando-se numa abstração informal para alguém, apresentada sob a forma de textos, imagens, sons ou anima- ção. Apesar de existirem sistemas tecnoló- gicos avançadíssimos baseados em inteli- gência artificial, como as redes neurais, por exemplo, só as pessoas possuem condições de transformar dados em informações através de sua interpretação, já que elas utilizam da combinação da razão, emoção e criatividade. A informação passa a ser uma visão pessoal sobre um conjunto de dados. Neles, as re- lações percebidas os associam a um signifi- cado próprio à medida que são particulares para cada pessoa já que dependem de suas capacidades e experiências anteriores. Isso significa que um mesmo conjunto de dados não produz a mesma informação para dife- rentes indivíduos. Exemplo: na tabela mencionada, se for ex- plicado que se trata de uma comparação entre as condições de venda de um produto nas lojas X e Y, incluindo o preço de venda (Pr), desconto à vista (DV), prazo em meses (M), valor da prestação (P), juro nominal de- clarado (JN) e se esses conceitos fazem sen- tido para você, então passa a ser compre- ensível o contexto e o significado dos dados que se transformam em uma informação. Para alguém que não esteja familiarizado com compras a prazo, os dados podem ter menos sentido, não transmitindo a mesma informação. Unidade 1 • Gestão do Conhecimento e do Capital Intelectual15/247 Quando a informação adquire o caráter de conhecimento, o valor atribuído a ela tende a ser bem maior. “Conhecimento é o novo saber, resultante de análises e reflexões de informações segundo valores e modelo mental daquele que o desenvolve, propor- cionando a este, melhor capacidade adap- tativa às circunstâncias do mundo real” (DE SORDI, 2008, p. 12). O conhecimento representa a capacida- de obtida por um indivíduo, de interpretar e agir sobre um agrupamento de informa- ções. Essa capacidade origina-se a partir das relações que uma pessoa desenvolve sobre o conjunto de informações, e desse conjunto com outros conjuntos conhecidos (incluindo experiências, impressões, valo- res, crenças etc.) que possibilitam entender e chegar a uma decisão sobre ele e a partir dele. Exemplo: com relação à mesma tabela já de- monstrada, se você possui conhecimentos sobre juros e sobre as práticas habituais no comércio a prazo, é capaz de interpretar asinformações com maior profundidade, por exemplo, concluindo como cada loja aplica os juros e calculando os juros reais cobrados por cada uma. Unidade 1 • Gestão do Conhecimento e do Capital Intelectual16/247 Tabela 2: Exemplo de Dado x Informação X Conhecimento Dado Informação Conhecimento Valores das vendas hoje Histórico de vendas do mês; Histórico das vendas deste mês e nos últimos anos; Crescimento do mercado; Posição dos concorrentes Estudo do perfil do consumidor; Receptividade do consumidor a novas ofertas e promoções; Retorno de campanhas publicitárias; Estudos de ciclo de vida do produto Fonte: Desenvolvido pelo autor Você geralmente utiliza informação para formatar, selecionar e sintetizar dados como parte do processo de conversão dos mesmos em informação útil, em determinada situação. A partir daí, você interpreta uma dada informação, toma decisões e age. O resultado dessas decisões e ações o auxilia no acúmulo de conhecimento para ser usado nas próximas decisões. Para facilitar o entendimento conceitual, Davenport e Prusak (1998) apresentam uma composi- ção sobre dados, informação e conhecimento, descritos no quadro a seguir: Unidade 1 • Gestão do Conhecimento e do Capital Intelectual17/247 Quadro 1: Dados, informação e conhecimento. Dados Informação Conhecimento - Simples observação sobre o es- tado de alguma coisa. - De fácil estruturação. - Facilmente obtido por meio do uso de máquinas. - Geralmente quantificado. - Facilmente transferível. - Dados constituídos de relevân- cia e propósito. - Demanda unidade de análise. - Requer consenso em relação ao significado. - Demanda intervenção humana. - Contextual. - Intuitivo e é relativo às experiên- cias e valores do usuário. - Informação de grande valor da mente humana. - Compreende reflexão, síntese, contexto. - Difícil sua estruturação. - Complicado de ser obtido por máquinas. - Geralmente não expresso por palavras e de difícil transferência. Fonte: adaptado de Davenport e Prusak (1998) Para Davenport e Prusak (1998, p.3) “o conhecimento deriva da informação da mesma forma que a informação deriva dos dados”. Unidade 1 • Gestão do Conhecimento e do Capital Intelectual18/247 Concluindo, a diferença essencial entre dados, informação e conhecimento é que dados são elementos que descrevem um evento; a informação engloba coleta, clas- sificação e junção de dados para se chegar a determinado objetivo e; o conhecimento é a interpretação de um conjunto de informa- ções logicamente interligadas a fatos. 3. Gestão do Conhecimento e do Capital Intelectual Com a chegada da sociedade do conheci- mento, os recursos intelectuais formados pelo conhecimento, informação, compe- tência e criatividade tiveram mais atenção por parte das empresas porque se torna- ram elementos fundamentais para um de- sempenho aceitável. Se antes o foco era sobre o capital financeiro, matéria-prima, máquinas e ferramentas, atualmente são os recursos intelectuais o principal ponto de atenção das estratégias e políticas em- presariais. Unidade 1 • Gestão do Conhecimento e do Capital Intelectual19/247 Todavia, o processo administrativo dos dados, informações e conhecimento den- tro de uma companhia, não teve início por meio da gestão do conhecimento. A partir da década de 90 do século passado, pro- cessos como a reengenharia e a reconfi- guração de processos empresariais foram sendo retrabalhados, refeitos e incorpora- dos a novos conhecimentos, objetivando seu aperfeiçoamento. Para saber mais A economia baseada em conhecimento, não se refere somente às indústrias de software, compu- tação ou biotecnologia, ou a tecnologias da infor- mação e a internet. Tratam-se também de novas fontes de vantagens competitivas, como a capa- cidade de inovar e criar novos produtos e explorar novos mercados. A economia baseada em conhe- cimento desloca o eixo da riqueza e do desenvol- vimento de setores industriais tradicionais para setores cujos produtos, processos e serviços são intensivos em tecnologia e conhecimento. Link: A sociedade do conhecimento e a política industrial brasileira. Disponível em: <http://www.acade- mia.edu/559579/A_sociedade_do_conhe- cimento_ea_política_industrial_brasileira>. Acesso em: 5 abr. 2017. Unidade 1 • Gestão do Conhecimento e do Capital Intelectual20/247 Pode-se destacar que o que é denomina- do hoje como gestão do conhecimento é o resultado da pesquisa de vários campos de estudo, que vão desde a comunicação até a engenharia. Essa série de estudos propiciou ao tema uma grande diversidade de enten- dimentos. Para Takeushi e Nonaka (2008), a gestão do conhecimento é um processo de criação contínua de novos conhecimentos, difun- dindo-os amplamente através da organi- zação e integrando-os de forma veloz em produtos/serviços, tecnologias e sistemas. A coleta, organização, compartilhamento e disseminação do conhecimento no am- biente de trabalho são utilizados pelas or- ganizações como forma de diferencial com- petitivo. Para saber mais “A reengenharia é um sistema administrativo cria- do no início da década de 90 por Michael Hammer e James Champy. Ela é muito utilizada para manter as empresas competitivas no mercado, manten- do-as com foco no alcance de objetivos e metas, transformando seus processos e atividades de negócio, através do “rompimento” com costumes obsoletos, objetivando o aumento da produtivida- de por meio da redução de custos e do aumento do grau de satisfação do cliente.” Link: Reengenharia – o que é e como funciona? Disponível em: <http:// www.lyfreitas.com.br/ant/pdf/Reengenharia. pdf>. Acesso em: 5 abr. 2017. Unidade 1 • Gestão do Conhecimento e do Capital Intelectual21/247 Para terem condições de usar toda a sua capacidade intelectual, as companhias ne- cessitam realizar ações com o objetivo de conhecer, gerenciar e desenvolver os novos elementos intelectuais responsáveis por gerar valor a elas. Dessa forma, as companhias esforçam-se por encontrar uma gestão estratégica dos recursos fundamentados no capital intelec- tual e no conhecimento, por terem percebi- do que sua sobrevivência é derivada desses elementos. As pesquisas e estudos sobre o capital in- telectual apareceram na tentativa de se en- tender melhor os impactos econômicos ori- ginados pela valorização de elementos até então não considerados no cotidiano eco- nômico-financeiro das empresas. A expressão capital intelectual é muitas vezes usada como sinônimo de conheci- mento. Entretanto, nos estudos sobre o tema, tem-se percebido como constituídos vários elementos, dentre os quais estrutura, pessoas e clientes interagem e influenciam para a formação do capital intelectual. Link Gestão do capital intelectual: a nova vantagem competitiva das organizações. Disponível em: <http://www.scielo.mec.pt./pdf/cog/v14n2/ v14n2a07.pdf>. Acesso em: 4 nov. 2016. A dificuldade em lidar com o tema reside no fato de estar relacionado a seus aspectos intangíveis encontrados nos indivíduos, tais Unidade 1 • Gestão do Conhecimento e do Capital Intelectual22/247 como: conhecimento, know how, compe- tências, habilidades e outros. Sendo assim, o ponto mais argumentado sobre o capital intelectual equivale ao capital humano, vis- to que “não existe uma maneira simples de medir o que está na cabeça e no coração de gerentes e empregados” (EDVINSSON; MA- LONE, 1998, p. 113). Como toda e qualquer atividade é sujeita a gerar capital intelectual por meio da aplica- ção de todo o conhecimento existente a tal atividade, ele pode, então, ser visto como a soma dos conhecimentos utilizados em qualquer atividadeque revertam em resul- tados para as organizações. E a principal substância deste conceito, para gerar co- nhecimento, e posteriormente o capital in- telectual, é a informação. De acordo com Carbone et al. (2005), o capi- tal intelectual é um agrupamento de ativos intangíveis e subjetivos de natureza não fi- nanceira, constituído por capital estrutural (marcas, patentes, direitos autorais, tecno- logia, banco de dados etc.), capital de clien- tes (relação de clientes, grau de satisfação e de fidelização), capital humano (compe- tências dos funcionários, capacitação e de- senvolvimento, satisfação e engajamento e motivação) e por processos de inovação. Para concluir, “capital intelectual é a soma do conhecimento de todos em uma orga- nização, o que lhe proporciona vantagens competitivas; é a capacidade mental cole- tiva, a capacidade de criar continuamente e proporcionar valor de qualidade superior” (SANTOS et al., 2001, p. 35). Unidade 1 • Gestão do Conhecimento e do Capital Intelectual23/247 Glossário Eficiência: virtude ou característica de (alguém ou algo) ser competente, produtivo, de conse- guir o melhor rendimento com o mínimo de erros e/ou dispêndios. Eficácia: é a qualidade daquilo que se cumpre com as metas planejadas, ou seja, uma caracte- rística pertencente às pessoas que alcançam os resultados esperados. Decodificar: converter em linguagem comum e inteligível; decifrar. Intangível: que não possui existência física. Questão reflexão ? para 24/247 Você viu que o processo de organizar informações para gerar co- nhecimento a partir do capital intelectual e disseminá-lo entre a empresa faz com que gere valor para si a partir do momento em que cria riqueza para o cliente. Pensando nisso, reflita sobre os se- guintes pontos: os profissionais da sua organização fornecem ex- plicações completas quando são solicitadas informações? A sua empresa possui uma forma habitual de documentar e compartilhar as informações sobre suas competências? Os meios eletrônicos e físicos nos quais são armazenados o conhecimento da sua com- panhia são atualizados constantemente? Os conhecimentos das várias áreas da empresa são identificados, coletados, classificados, resumidos e disseminados para outras áreas? 25/247 Considerações Finais • O conhecimento adquire papel fundamental para a competitividade empre- sarial; • Nos dias de hoje, as companhias necessitam se preparar para absorver, ana- lisar, armazenar, desenvolver e distribuir as informações; • A gestão do conhecimento é um modelo administrativo que visa responder à questão sobre como as empresas sabem que sabem, ou seja, como utilizam as informações; • Dado, informação e conhecimento são considerados a matéria prima da ges- tão do conhecimento; • O capital intelectual engloba não apenas a somatória dos conhecimentos existentes na organização como também a estrutura, pessoas e clientes. Unidade 1 • Gestão do Conhecimento e do Capital Intelectual26/247 Referências CARBONE P. P.; BRANDÂO, H. P.; LEITE, J. B.; VILHENA, R. M. Gestão por competências e gestão do conhecimento. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 2005. DAVENPORT T. H.; PRUSAK, L. Conhecimento empresarial: como as organizações gerenciam seu capital intelectual. Rio de Janeiro: Campus, 1998. DE SORDI, J. O. Administração da informação: fundamentos e práticas para uma nova gestão do conhecimento. São Paulo: Saraiva, 2008. SANTOS, A. R. et al. Gestão do conhecimento. In: capítulo 1 – Gestão do conhecimento como mo- delo empresarial, 2001. Disponível em: <http://www1.serpro.gov.br/publicacoes/gco_site/m_ca- pitulo01.htm>. Acesso em: 3 nov. 2016. EDVINSSON, L.; MALONE, M. S. Capital intelectual. São Paulo: Makron Books, 1998. STEWART, T. A. Capital intelectual: a nova abordagem competitiva nas empresas. Rio de Janeiro: Campus, 1998. SVEIBY, K. E. A nova riqueza das organizações: gerenciando e avaliando patrimônios de conhe- cimento. Rio de Janeiro: Campus, 1998. TAKEUCHI, H.. NONAKA, I. Gestão do conhecimento. Porto Alegre: Bookman, 2008. Unidade 1 • Gestão do Conhecimento e do Capital Intelectual27/247 TAYLOR, F. W. Princípios de administração científica. São Paulo: Atlas, 1990. TERRA, J. C. C. Gestão do conhecimento: o grande desafio empresarial. Terra fórum consultores, 2010. Disponível em: <http://www.google.com.br/webhp?sourceid=chrome-instant&ion=1&esp v=2&ie=UTF-8#q=gest%C3#A3o20do%conhecimento%20desafio%20empresarial>. Acesso em: 3 nov. 2016. 28/247 Assista a suas aulas Aula 1 - Tema: Gestão do Conhecimento e do Capital Intelectual. Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ f1059110894f641de1583c75d19e32a6>. Aula 1 - Tema: Gestão do Conhecimento e do Ca- pital Intelectual. Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ 3216f13078e2770a04fcce139d00de6d>. 29/247 1. A gestão do conhecimento tem sido cada vez mais empregada pelas em- presas do século XXI: a) como modelo estratégico de recursos. b) como modelo de vantagem competitiva. c) como modelo de reengenharia de processos. d) como modelo de coleta e síntese de informações. e) como modelo de geração de lucros. Questão 1 30/247 2. O conhecimento pode ser descrito como: a) a capacidade obtida por uma pessoa de descrever um evento. b) a capacidade obtida por uma pessoa de se chegar a um determinado objetivo. c) a capacidade obtida por uma pessoa de coletar informações. d) a capacidade obtida por uma pessoa de classificar e unir dados. e) a capacidade obtida por uma pessoa de interpretar e agir sobre um conjunto de informações. Questão 2 31/247 3. As organizações têm à sua disposição dados e informações que, por sua vez, necessitam ser transformados em conhecimento para: a) a elaboração de estratégias que culminem na aceitação da diversidade. b) a elaboração de estratégias que culminem em inovação e criatividade. c) a elaboração de estratégias que resultem em disseminação do conhecimento. d) a elaboração de estratégias que resultem em ações a serem tomadas. e) a elaboração de estratégias que alcancem a totalidade da organização. Questão 3 32/247 4. Capital intelectual é o resultado: a) da soma do conhecimento de todas as pessoas de uma organização. b) da soma das competências de todas as pessoas de uma organização. c) da soma de todos os aspectos econômicos e financeiros de uma organização. d) da soma de todas as evidências relevantes sobre um fato observado. e) da soma de todas as estratégias traçadas pelas organizações com o objetivo de maximizar os resultados. Questão 4 33/247 5. O desafio da gestão do conhecimento é fazer com que as companhias: a) estejam preparadas para disseminar a informação. b) estejam preparadas para absorver, analisar, armazenar, desenvolver e distribuir a informa- ção. c) estejam preparadas para coletar dados, informações e transformá-las em conhecimento. d) estejam preparadas para melhorar o clima organizacional entre seus funcionários. e) estejam preparadas para as novas formas de solucionar problemas. Questão 5 34/247 Gabarito 1. Resposta: B. A gestão do conhecimento tem sido cada vez mais pesquisada e utilizada como mo- delo de vantagem competitiva nas organi- zações deste século. 2. Resposta: E. O conhecimento representa a capacidade obtida por um indivíduo de interpretar e agir sobre um agrupamento de informações. 3. Resposta: D. As empresas, de modo geral, dispõem de dados e informações que necessitam ser gerenciados para que sejam transformados em conhecimento, que por sua vez possam ser transformados em ações por meio de estratégias traçadaspor elas próprias. 4. Resposta: A. “Capital intelectual é a soma do conheci- mento de todos em uma organização, o que lhe proporciona vantagens competitivas; é a capacidade mental coletiva, a capacida- de de criar continuamente e proporcionar valor de qualidade superior” (SANTOS et al. 2001, p. 35). 5. Resposta: B. Atualmente, as organizações precisam es- tar preparadas para absorver a informação, 35/247 Gabarito bem como analisá-la, armazená-la, desen- volvê-la e distribuí-la. Esse é o grande de- safio da gestão do conhecimento. 36/247 Unidade 2 Conhecimento Tácito e Explícito Objetivos 1. Diferenciar conhecimento tácito de co- nhecimento explícito e sua importância no processo de aprendizagem organizacional. 2. Compreender como se dá a espiral do co- nhecimento, por meio da conversão do co- nhecimento tácito em explícito e vice-ver- sa para a disseminação do conhecimento no âmbito organizacional. 3. Entender as peculiaridades de ativos tan- gíveis e intangíveis e suas relações com o conhecimento no ambiente empresarial. Unidade 2 • Conhecimento Tácito e Explícito37/247 Introdução Segundo Nonaka e Takeuchi (1997), a cria- ção do conhecimento é efetuada pelas pes- soas. Depreende-se que as organizações necessitam das pessoas, das suas experi- ências e intuição no processo de aprendi- zagem e disseminação do conhecimento. Ainda de acordo com os autores, as pesso- as é que são os responsáveis pela criação e propagação do conhecimento no ambiente empresarial. Seguindo essa linha, Drucker (2002) men- ciona que um dos desafios que julga dos mais importantes para as companhias na era do conhecimento é procurar ferramen- tas ou procedimentos sistematizados para gerenciar a transformação. De acordo com o autor, as empresas devem aprender a ge- rar novos conhecimentos através da me- lhoria contínua e o desenvolvimento de novas aplicações baseadas em seus êxitos, e sustentar a inovação contínua objetivan- do responder aos desafios atuais e elevar de forma contínua sua competitividade. A criação do conhecimento envolve a capa- cidade de uma organização criar um novo conhecimento, ter êxito em sua dissemi- Para saber mais A melhoria contínua, também conhecida como Kaizen, “é uma abordagem estruturada e sistê- mica que visa assegurar que os processos da em- presa satisfaçam as necessidades e expectativas dos seus clientes, não apenas no momento atual, mas de forma continuamente melhor ao longo do tempo” (HONDA, A. K.; VIVEIRO, C. T., 1993). Unidade 2 • Conhecimento Tácito e Explícito38/247 nação e integrá-lo a produtos, serviços e sistemas. Para tanto, o compartilhamento de saberes, experiências e a criação de um banco de dados que possibilite o acesso a informações úteis, sistemáticas, claras e exatas, adiciona valor à estrutura empresa- rial assim como ao capital humano. Nos dias de hoje, um dos usos da tecnologia da informação está direcionado à captação do conhecimento tácito e seu processo de conversão em conhecimento explícito. 1. Definição de conhecimento tácito e explícito Um dos problemas que a gestão do conhe- cimento precisa enfrentar é o desenvolvi- mento de processos de exteriorização de conhecimentos, convertendo-os de tácitos para explícitos, sem que haja perda de deta- lhes essenciais durante o processo. Os da- dos são estímulos concebidos pelo ambien- te em situações cotidianas porque aquilo que ocorre está explícito a todos. Por exem- plo, a pesquisa de clima organizacional é uma série de dados já que a opinião isolada de cada funcionário não gera grande repre- sentatividade ao ser transcrita. Precisa de interpretação para se tornar informação. Ordenar e manusear as informações com o intuito de transformá-las em conhecimen- to depende de todos os envolvidos no pro- cesso, não é uma atividade que pertence apenas a uma pessoa. Para a gestão do conhecimento, é essencial distinguir entre conhecimento tácito e co- Unidade 2 • Conhecimento Tácito e Explícito39/247 nhecimento explícito. Nas empresas o co- nhecimento pode ser achado em processos, práticas, documentos, normas estabeleci- das, rotinas assim como pode ser encontra- do nas pessoas. Para Nonaka e Takeuchi (1997), o conhe- cimento pode ser determinado em dois ti- pos: tácito e explícito. Segundo os autores, o conhecimento explícito é o que pode ser Link A gestão do conhecimento como técnica de con- trole: uma abordagem crítica da conversão do conhecimento tácito em explícito. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/cebape/v6n1/ v6n1a03.pdf>. Acesso em: 7 nov. 2016. documentado e se manifesta por meio de linguagem formal, relatórios, planilhas, etc. podendo ser comunicado e difundido de forma mais fácil entre as pessoas. Já o conhecimento tácito é mais difícil de ser formatado e manifestado em linguagem formal porque, além de não estar documen- tado, trata-se de um conhecimento que se encontra na mente de um indivíduo e que é difícil de formalizar e comunicar às outras pessoas. O conhecimento tácito é geralmente utili- zado pelos integrantes de uma companhia para executar o seu trabalho. A dificulda- de de verbalizar, transmitir e compartilhar o conhecimento tácito dá-se pelo fato das habilidades serem manifestadas pela ação, nas experiências de uma pessoa, como tam- Unidade 2 • Conhecimento Tácito e Explícito40/247 bém por meio de seus valores, ideais e emo- ções. É o conhecimento que está guardado na mente dos indivíduos porque cada um é dono de seu conhecimento. Este tipo de conhecimento pode ser sub- dividido em dimensão técnica e dimensão cognitiva. A dimensão técnica está ligada ao conhecimento prático de saber execu- tar uma atividade. A dimensão cognitiva é composta por esquemas, modelos mentais, percepções e crenças que refletem a ima- gem da realidade e a visão de futuro. O conhecimento tácito é fundamental para tornar o conhecimento explícito útil, se- gundo Nonaka e Takeuchi (1997). Para os autores, os dois tipos de conhecimento são complementares e as empresas necessitam aprender a converter conhecimento tácito em explícito porque é daí que advém a ino- vação organizacional. Para Stewart (2002), quase todo o conheci- mento explícito está no domínio do capital estrutural, ao passo que o conhecimento tácito converge mais no capital humano e no capital de clientes. Dessa forma, o capi- tal intelectual é constituído em grande par- te por conhecimentos tácitos. Você verá a seguir como se dá a conversão do conhecimento tácito em explícito e vice- -versa, segundo o modelo de interação de ambos os conhecimentos. 2. A espiral do conhecimento A interação entre o conhecimento tácito e explícito resulta em quatro tipos de conver- Unidade 2 • Conhecimento Tácito e Explícito41/247 são do conhecimento: socialização (do tá- cito em tácito), externalização (do tácito em explícito), combinação (do explícito em ex- plícito) e internalização (do explícito em tá- cito), conforme Nonaka e Takeuchi (1997), conforme apresentado na figura a seguir: Figura 1: Conteúdo do conhecimento criado pelos qua- tro modos de conversão do conhecimento Fonte: NONAKA e TAKEUCHI (1997, pg. 81). A socialização é o método de compartilha- mento de experiências entre as pessoas de um mesmo grupo, ocorrendo, geralmente, por meio de observação, imitação e prá- tica. Sob a ótica organizacional, pode-se Para saber mais As empresas estão o tempo todo criando e con- vertendo conhecimento. A mensagem é: não são Importantes apenas os documentos ou registros! Algumas coisas simples como “conversas de cor- redor sobre o novo fluxograma de trabalho” re- presentam a socialização, por exemplo. O desa- fio consiste em tornar a mecânica de gestãodo conhecimento a mais proveitosa possível, sem perder a flexibilidade e o toque pessoal que torna cada conhecimento especial. Unidade 2 • Conhecimento Tácito e Explícito42/247 considerar que o treinamento prático é um exemplo que utiliza os mesmos princípios. As sessões de brainstorming também se enquadram nessa categoria, bem como os processos de interação entre organizações e seus clientes durante a fase de desenvol- vimento de um novo produto, segundo No- naka e Takeuchi (1997). A externalização é o método de estrutu- ração do conhecimento tácito em conhe- cimento explícito por meio da utilização de analogias, figuras de linguagem (me- táforas), hipóteses, conceitos ou modelos. Quando você elabora um relatório para ser apresentado ao seu superior imediato, por exemplo, você está codificando e registran- do seu conhecimento tácito. Dentre as quatro formas de conversão do conhecimento, a externalização é conside- rada chave para a criação do conhecimento porque ajuda a criar conceitos novos e ex- plícitos a partir do conhecimento tácito. A combinação é método de conversão de conceitos em um sistema de conhecimen- to. Essa forma de conversão do conheci- mento abrange a combinação de conjuntos diversos de conhecimento explícito como, por exemplo, classificação, sumarização, pesquisa e categorização das informações, com o emprego da tecnologia da informa- ção, que pode resultar na formação de no- vos conhecimentos. A internalização é o método de assimila- ção do conhecimento explícito ao conheci- mento tácito. Está relacionado ao “aprender Unidade 2 • Conhecimento Tácito e Explícito43/247 fazendo”, ou seja, é o conhecimento que a companhia passa aos seus funcionários. A espiral do conhecimento, proposta por Nonaka e Takeuchi (1997), diz respeito ao conhecimento possuir uma natureza dinâ- mica e interativa, sendo representada na figura a seguir: Figura 2: A espiral do conhecimento Fonte: adaptado de Nonaka e Takeuchi (1997) A espiral revela a dinâmica da interação en- tre o conhecimento tácito e o explícito no ambiente organizacional. A empresa deve colocar em ação o conhecimento tácito criado e acumulado pelas pessoas de for- ma que a transformação do conhecimento ocorra de forma contínua, ampliando-se numa escala cada vez maior, lembrando que a gestão do conhecimento é caracterizada Link Relação dos mecanismos de gestão do conheci- mento com a espiral do conhecimento. Disponí- vel em: <http://www.pucrs.br/edipucrs/XSa- laoIC/Ciencias_Sociais_Aplicadas/Adminis- tracao/70484-CRISTINA_DA_SILVA_TOR- RES.pdf>. Acesso em: 7 nov. 2016. Unidade 2 • Conhecimento Tácito e Explícito44/247 por uma série de processos que englobam a criação, a disseminação e a utilização do conhecimento no campo organizacional. Nonaka e Takeuchi (1997) ressaltam que a gestão do conhecimento tem como alvo principal caracterizar o fluxo do conheci- mento na companhia por meio da interação do conhecimento tácito, que é concebido entre os funcionários da empresa, com o conhecimento explícito, que é encontrado na empresa sob a forma de arquivos, docu- mentos, relatórios etc. Dessa forma, a criação do conhecimento está atrelada ao envolvimento dos empre- gados e da empresa em disponibilizar meios, como redes de comunicação, atividades em equipe, estimular a comunicação informal por meio de comunidades de prática, assim como apoiar o aprendizado individual. Segundo os autores mencionados, a princi- pal razão do êxito das companhias japone- sas foi sua competência na estruturação do conhecimento organizacional. Essa estru- turação é obtida quando são constituídos processos sociais capazes de conceber no- vos conhecimentos por meio da conversão do conhecimento tácito em explícito. 3. Ativos tangível e intangível e as relações com o conhecimento As organizações para poderem exercer suas atividades necessitam adquirir máquinas, móveis, imóveis, estoques, dentre outros. O registro da compra dos bens é feita pela Unidade 2 • Conhecimento Tácito e Explícito45/247 contabilidade através de demonstrativos contábeis, e a aplicação dos bens à contabi- lidade recebe o nome de ativo. Segundo Stewart (2002), ativo compõe toda a propriedade de uma companhia que pode ser evidenciada por um valor em dinheiro. Essa denominação leva à compreensão de que os ativos são bens materiais que podem ser controlados. Apesar de gerarem expec- tativas de benefícios futuros e o poder de propriedade que a companhia possui sobre eles, não se pode afirmar que uma compa- nhia possui controle sobre todos os seus bens porque há ainda os ativos denomina- dos intangíveis, que são imateriais e nem sempre podem ser reconhecidos ou mesmo controlados. Os ativos tangíveis são os que possuem existência física, constituídos por bens fí- sicos e materiais, podendo ser mensura- dos. Por sua vez, os ativos intangíveis di- zem respeito aos bens que a organização possui, apesar de serem de difícil mensura- ção. Como exemplos de ativos intangíveis, podem ser citados: ideias, marcas, paten- tes, softwares, direitos autorais, know-how, clientes, pesquisa e desenvolvimento etc. Link Ativos intangíveis, ciclo de vida e criação de va- lor. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ rac/v10n3/a05v10n3.pdf>. Acesso em: 7 nov. 2016. Unidade 2 • Conhecimento Tácito e Explícito46/247 Segundo Stewart (2002), compreendendo as companhias como organismos vivos influen- ciados pelo ambiente, o conhecimento não pode ser tratado como de domínio da em- presa, devido ao seu caráter intransferível e também por incluir aspirações pessoais. Para o autor, o conhecimento é pessoal e re- vela o contexto social e individual de cada pessoa. Muitas vezes o conhecimento não pode ser transferido através de conceitos, o que resultaria em conhecimento explícito. Se o conhecimento é uma competência in- dividual, compete aos gestores o gerencia- mento das competências dos funcionários como um fator estratégico, sem que sua de- missão provoque perdas para a companhia. Para saber mais Competência é a qualidade de ser adequado e qualificado física e/ou intelectualmente frente a desafios. É a capacidade de tomar decisões bem informadas e coerentes. Contempla grupos de habilidades, atitudes e conhecimentos necessá- rios para a realização eficaz de tarefas. Refere-se a ações e comportamentos identificados pelas li- deranças como efetivas contribuições na imple- mentação da mudança; estes comportamentos são necessários para um desempenho satisfató- rio ou excelente em qualquer desafio profissional. Link: Uma rápida revisão do conceito de compe- tência em um plano de desenvolvimento indivi- dual. Disponível em: <http://www.carpsi.com. br/Newsletter_16_abr-15.pdf>. Acesso em: 6 abr. 2017. Unidade 2 • Conhecimento Tácito e Explícito47/247 A vantagem do capital intangível sobre o tangível reside no fato de que o primeiro evidencia uma alta capacidade de se obter valor adicional, já que cada pessoa possui uma capacidade infinita de criar e inovar, desde que o ambiente propicie condições para tal. Partindo da suposição que o conhecimen- to está dentro das companhias por meio de seu capital intelectual, capital humano e ativos intangíveis, gerenciar o conheci- mento nas empresas é criar condições para que este conhecimento seja continuamente produzido, codificado e distribuído por toda a organização. Para Chiavenato (2002), não é o bastan- te reter ativos intangíveis, mas encontrar formas de avaliar e medir estes ativos com o objetivo de gerenciá-los de forma mais efetiva. Ainda segundo o autor, sabendo de seu verdadeiro valor, a organização e os gestores poderão analisar e comandartéc- nicas mais eficazes de criação e manuten- ção destes ativos. Essa nova perspectiva do capital intelectual sinaliza estratégias que considerem: 1. Reter e desenvolver o conhecimen- to; as empresas necessitam oferecer desafios no trabalho, que acumulem continuamente novas experiências e novos conhecimentos aos indivíduos. 2. O conhecimento propiciado pelos empregados e aperfeiçoado pelas or- ganizações consiste na riqueza mais importante das companhias. Unidade 2 • Conhecimento Tácito e Explícito48/247 3. A necessidade das empresas em ela- borar estratégias transparentes de Gestão de Pessoas para poderem ad- quirir, reter e engajar seus talentos. 4. Os empregados que conservam o co- nhecimento em seu poder como os principais contribuintes para o êxito da companhia. 5. A rápida transformação das organiza- ções para a aprendizagem para pode- rem empregar de forma adequada o conhecimento, rentabilizá-lo e alcan- çar retornos. 6. Que para terem sucesso na Era da In- formação, as companhias têm adota- do a perspectiva do conhecimento e investido pesadamente nele por se tratar de uma questão de sobrevivên- cia e de competitividade porque o capital intelectual, e não mais o cap- ital financeiro, é o determinante do valor de mercado de uma companhia. Unidade 2 • Conhecimento Tácito e Explícito49/247 Glossário Brainstorming: técnica de discussão em grupo na qual os participantes contribuem com suas opiniões e ideias a fim de encontrar uma solução para um problema ou conceber um trabalho mais criativo. Sumarizar: fazer sumário de, resumir, sintetizar. Categorizar: dispor, distribuir por categorias; classificar, ordenar. Imaterial: que ou aquilo que não é ou não tem matéria; que não se pode palpar; impalpável. Questão reflexão ? para 50/247 Como você viu neste tema, a espiral do conhecimento é uma forma que as organizações possuem para converter o conhe- cimento tácito (criado e acumulado pelos empregados) em co- nhecimento explícito, disseminando-o por toda a organização. Pensando na empresa em que você trabalha, como ela poderia utilizar a espiral do conhecimento para mapear o conhecimento que as pessoas trazem dentro de si? E como a espiral pode faci- litar e estimular que os colaboradores explicitem o que sabem? Outra questão a ser refletida diz respeito a como a tecnologia da informação poderia ser melhor utilizada para aumentar o co- nhecimento da sua empresa ao invés de apenas acelerar o fluxo de informações. 51/247 Considerações Finais • As pessoas é que são responsáveis pela criação e propagação do co- nhecimento no ambiente empresarial; • Diferenças entre conhecimento tácito e explícito e o desafio no de- senvolvimento de processos que exteriorizem os conhecimentos, convertendo-os de tácitos para explícitos; • A interação entre conhecimento tácito e explícito resulta em quatro tipos de conversão do conhecimento: socialização, externalização, combinação e internalização que dizem respeito à espiral do conhe- cimento; • As organizações são constituídas por bens tangíveis (possuem exis- tência física e são de fácil mensuração) e intangíveis (difícil mensura- ção, pois são imateriais). Unidade 2 • Conhecimento Tácito e Explícito52/247 Referências CHIAVENATO, I. (2002). O capital intelectual. Disponível em: <http://www.administradores.com. br/artigos/negocios/do-capital-intelectual-chiavenato/24237/> Acesso em: 7 nov. 2016. DRUCKER, P. F. Prática da administração de empresas. São Paulo: Editora Pioneira Thomson, 2002. HONDA, A. K.; VIVEIRO, C. T. Qualidade e excelência através da metodologia Kaizen. São Paulo: Editora Érica Ltda. 1993. MASCARENHAS, A. O. Gestão estratégica de pessoas: evolução, teoria e crítica. São Paulo: Cen- gage Learning, 2008. NONAKA, I.; TAKEUCHI, H. Criação de conhecimento na empresa: como as empresas japonesas geram a dinâmica da inovação. Rio de Janeiro: Campus, 1997. STEWART, T. A. A riqueza do conhecimento: o capital intelectual e a nova organização do século XXI. Rio de Janeiro: Campus, 2002. 53/247 Assista a suas aulas Aula 2 - Tema: Conhecimento Tácito e Explícito. Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/c48c102c80dc0d1708616962b9cf- d47a/191c7d909307291020e0ff33672bdde4>. Aula 2 - Tema: Conhecimento Tácito e Explícito. Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/c48c102c80dc0d1708616962b9cf- d47a/7a72a3e9de44a8b7b28cc73e2701d80a>. 54/247 1. Podem ser considerados exemplos de ativos intangíveis: a) máquinas, estoques, imóveis. b) ideias, estoques, clientes. c) imóveis, pesquisa e desenvolvimento, softwares. d) know-how, clientes, móveis. e) direitos autorais, ideias, marcas. Questão 1 55/247 2. As quatro formas de conversão do conhecimento são: Questão 2 a) externalização, internalização, combinação e mediação. b) socialização, externalização, mediação e combinação. c) externalização, internalização, combinação e socialização. d) socialização, internalização, mediação e externalização. e) externalização, internalização, mediação e socialização. 56/247 3. A gestão do conhecimento é composta pelos conhecimentos: Questão 3 a) tácito e implícito b) explícito e implícito c) tácito e explícito d) implícito e compartilhado e) explícito e compartilhado 57/247 4. Em relação aos quatro modos de conversão de conhecimento, a considerada chave para a criação do conhecimento é a: Questão 4 a) combinação. b) externalização. c) mediação. d) socialização. e) internalização. 58/247 5. Ativo está relacionado a tudo aquilo que uma empresa possui e que pode ser evidenciado por um valor em: Questão 5 a) dinheiro. b) máquinas. c) estoques de matéria-prima e de produtos acabados. d) marcas e patentes. e) móveis e imóveis. 59/247 Gabarito 1. Resposta: E. Os ativos intangíveis dizem respeito aos bens que a organização possui apesar de serem de difícil mensuração. Como exem- plos de ativos intangíveis podem ser citados: ideias, marcas, patentes, softwares, direitos autorais, know-how, clientes, pesquisa e de- senvolvimento etc. 2. Resposta: C. A interação entre o conhecimento tácito e explícito resulta em quatro tipos de conver- são do conhecimento: socialização (do tácito em tácito), externalização (do tácito em ex- plícito), combinação (do explícito em explíci- to) e internalização (do explícito em tácito). 3. Resposta: C. Para Nonaka e Takeuchi (1997), o conheci- mento pode ser determinado em dois tipos: tácito e explícito. 4. Resposta: B. Dentre as quatro formas de conversão do conhecimento, a externalização é conside- rada chave para a criação do conhecimento porque ajuda a criar conceitos novos e ex- plícitos a partir do conhecimento tácito. 5. Resposta: A. Segundo Stewart (2002), ativo compõe toda a propriedade de uma companhia que pode ser evidenciada por um valor em dinheiro. 60/247 Unidade 3 Gestão do Conhecimento e Gestão por Competências Objetivos 1. Compreender a relação entre gestão do conhecimento e aprendizagem or- ganizacional. 2. Entender os conceitos de competência, gestão de competências e sua relevân- cia para a gestão do conhecimento. 3. Perceber as diferenças e similaridades entre a gestão por competências e ges- tão do conhecimento. 4. Saber como se operacionaliza o proces- so de mapeamento de competências. Unidade 3 • Gestão do Conhecimento e Gestão por Competências61/247 Introdução Segundo Fleury e Oliveira Junior (2001), as companhias são estabelecidas atualmente pelo tripé: pessoas, conhecimento e tec- nologia. Diante desse fato, para que o crescimento da companhia tenha possibilidadede ocor- rer, é imprescindível que os modelos de ges- tão administrativa e o de gestão de pessoas estejam direcionados para esse princípio. Os autores salientam que a gestão do co- nhecimento e a gestão por competências aparentam possuir informações conceituais e práticas indispensáveis a esse fim. A gestão efetiva do conhecimento organi- zacional tornou-se necessária para alcan- çar o sucesso competitivo, bem como se constitui em conceito fundamental para os gestores contemporâneos. Estes devem se empenhar em mapear o conjunto do conhe- cimento existente e na determinação de es- tratégias que possibilitem a gestão de todo o fluxo de dados, informação e conhecimen- to, de forma que contribua para o desenvol- vimento das competências essenciais. Unidade 3 • Gestão do Conhecimento e Gestão por Competências62/247 Para saber mais “O autor indiano C. K. Prahalad define competên- cia essencial como um conjunto de habilidades e tecnologias que possibilitam a uma companhia oferecer um determinado benefício aos clientes. Você identifica uma competência essencial quan- do ela gera valor percebido pelo cliente, provoca diferenciação entre concorrentes e possui ca- pacidade de expansão. Qualidade na entrega do produto ou serviço e respostas rápidas no aten- dimento ao cliente não são competências essen- ciais, são atributos obrigatórios para qualquer companhia.” (Fonte: Você sabe o que é compe- tência essencial?. Disponível em: <http://www. administradores.com.br/artigos/tecnolo- gia/voce-sabe-o-que-competencia-essen- cial/63873/>. Acesso em 6 abr. 2017. A gestão por competências possui papel es- sencial em guiar as decisões de uma orga- nização na entrega de resultados com alto valor agregado aos clientes, tendo como suporte suas competências essenciais. Como ressaltam Prahalad e Hamel (1995), as competências empresariais são a origem do desenvolvimento de novos negócios. Elas devem compor o foco da estratégia no nível corporativo. Na essência da nova sociedade, que se dis- tingue pela adaptação e trabalho com o co- nhecimento (DRUCKER, 2001), é complica- do compreender empresas que não estejam organizadas e habilitadas para o desenvol- vimento sustentável através da elaboração de competências que garantam vantagem competitiva. E a vantagem competitiva es- Unidade 3 • Gestão do Conhecimento e Gestão por Competências63/247 tará sob influência da aptidão organizacio- nal em identificar, elaborar e promover no- vas competências (CARBONE et al., 2005). 1. Gestão do conhecimento e aprendizagem organizacional Neste século XXI, a gestão do conhecimen- to e da inovação empresarial tem se mani- festado como um instrumento de essencial importância aos novos modelos de negó- cio, seja para a sobrevivência organizacio- nal, seja para a manutenção da vantagem competitiva sustentável. Para Nonaka e Takeuchi (1997), o concei- to de conhecimento é um agrupamento de experiências, valores, informações e insights que fazem com que um indivíduo assimile e incorpore novas experiências e informações. Para saber mais Vantagem competitiva é a razão pela qual os clien- tes escolhem a oferta de uma determinada empre- sa, e não a de seus concorrentes, justamente por- que a primeira tem algo, a vantagem competitiva que eles procuram, e é única ou melhor do que a oferta dos concorrentes. Ela se torna sustentá- vel quando não puder ser facilmente copiada pela concorrência, ou seja, o diferencial se sustenta por um longo período de tempo fazendo com que a companhia obtenha vantagens no seu ramo. Unidade 3 • Gestão do Conhecimento e Gestão por Competências64/247 Como a gestão do conhecimento é consti- tuída por uma série de ações e políticas que objetivam proteger o patrimônio do conhe- cimento empresarial, pode-se concluir que um dos maiores patrimônios de uma com- panhia é o conhecimento que ela reúne. E é muito importante que num processo de gestão do conhecimento os colaboradores contribuam com o conhecimento, indepen- dentemente de este ser explícito ou tácito. Entretanto, para que se reúna conheci- mento é necessário falar de aprendizagem. Para Freitas e Brandão apud Carbone et al. (2005), a aprendizagem é a ação pela qual se adquire competência, ou seja, o desem- penho do indivíduo no trabalho revela uma demonstração de suas competências, uma expressão do que a pessoa aprendeu ao longo de toda uma vida. Dessa forma, a uti- lização adequada do conhecimento atribui competência às pessoas. As ações de aprendizagem e criação de con- dições para constituição do conhecimento começam no nível individual, ou seja, nas pessoas. Elas são o ponto inicial de apoio para a ação estratégica da companhia. O papel estratégico do conhecimento tem sido cada vez mais disseminado. Para Da- venport e Prusak apud Fleury e Fleury (2001), as empresas passaram a dar mais valor à ex- periência e ao know-how de seus emprega- dos porque desligamentos ou aposentado- rias são ações que podem fazer com que os profissionais levem consigo o conhecimen- to produzido ao longo de suas experiências de trabalho, que é, na verdade, o conheci- mento organizacional. Unidade 3 • Gestão do Conhecimento e Gestão por Competências65/247 2. Gestão por competências A elaboração de um processo de gestão por competências prova ser válido pelo fato de que colaboradores desengajados, com bai- xa remuneração e ou desqualificados em termos técnicos acabam realizando servi- ços de baixa qualidade. Essa é uma das ra- zões pelas quais se tem procurado utilizar a gestão por competências como meio para aperfeiçoar a qualidade e a eficiência dos serviços prestados. Segundo Davenport e Prusak (1998) as companhias passaram a valorizar a experi- ência e o know-how de seus empregados, levando em conta que demissões ou apo- sentadorias são eventos que podem fazer com que os colaboradores levem consigo o conhecimento construído ao longo de suas vivências laborais. Dessa forma, o conheci- mento organizacional, que é somatório do conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes de cada profissional de uma com- panhia, em suma, de suas competências, deve ser compartilhado, apoiado no desen- volvimento e aprimoramento do processo de gestão por competências. A gestão por competências consiste num modelo gerencial baseado na suposição de que o bom desempenho de indivíduos e em- presas tem relação com o domínio de certos recursos. Segundo Fleury e Fleury (2001), esse modelo visa alinhar as competências necessárias à execução da estratégia orga- nizacional com aquelas já presentes na com- panhia, segundo padrões estabelecidos. Unidade 3 • Gestão do Conhecimento e Gestão por Competências66/247 Partindo desse discurso, a gestão por com- petências é uma opção aos modelos geren- ciais até então utilizados, com a sugestão de compreender as competências organi- zacionais primordiais para a empresa, es- tendendo aos seus colaboradores. É uma metodologia de gestão moderna, que tem como ponto principal o mercado, o negócio e o desenvolvimento profissional constante. A competência tem se tornado um dos orientadores dos modernos modelos de gestão empresarial. Prahalad e Hamel (1995) identificaram que as empresas pos- suem competências essenciais, que são indispensáveis para o estabelecimento da vantagem competitiva e o posicionamen- to de mercado. Na visão desses autores, as competências essenciais: • Reforçam o acesso da companhia em uma gama maior de mercados; • Contribuem de forma importante para melhoria da percepção dos clientes sobre o produto final e; • Tornam difícil a imitação dos produtos pelos competidores. Para saber mais Leia o artigo “Construindo o conceito de compe- tência” que tem como objetivo “recuperar o debateteórico a respeito da noção de competência, explici- tando o conceito em seus vários níveis de compre- ensão, relacionando-o à estratégia e aos processos de aprendizagem organizacional”. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rac/v5nspe/v5ns- pea10.pdf>. Acesso em: 23 mar. 2017. Unidade 3 • Gestão do Conhecimento e Gestão por Competências67/247 É necessário entender que as competências essenciais e a gestão do conhecimento são conectadas de tal forma que, a partir dessa ligação, haverá condições de se obter uma melhor performance empresarial. Em suma, quando se utiliza o termo compe- tência, há alguns pontos a serem destaca- dos: 1. Significa um conjunto de conhecimen- tos, habilidades e atitudes necessárias ao desempenho de uma determinada atividade, objetivando o atingimento dos objetivos da companhia. 2. Representa comportamentos que po- dem ser observados de forma objeti- va no cotidiano de um colaborador da empresa. 3. Expressa capacidades desejadas do colaborador para realização de suas atividades no conjunto da equipe e da empresa. 4. Indica o que cada área espera do cola- borador para alcançar seus objetivos e metas. Essas reflexões revertem em três definições: competências individuais, competências específicas e competências organizacionais. As competências individuais estão ligadas ao comportamento dos indivíduos como, por exemplo: orientação para resultados, relacionamento pessoal, liderança, iniciati- va, visão sistêmica, foco no cliente, atuação estratégica, negociação, capacidade de de- cisão e criatividade. Unidade 3 • Gestão do Conhecimento e Gestão por Competências68/247 As competências específicas estão ligadas ao conhecimento dos colaboradores. Dessa forma, são obtidas a partir da interação en- tre colaboradores ou pela incorporação por parte destes da informação explícita dispo- nível por meio de livros, relatórios, e-mails etc. Como exemplos, temos: gestão de pes- soas, gestão de processos, orientação para o mercado, inovação e tecnologia de ne- gócios, gestão do relacionamento com os clientes etc. Podem ser até mais específi- cas como: programação java, fluxo de caixa, contabilidade societária etc. As competências específicas estão direta- mente ligadas ao conhecimento e habilida- des que os indivíduos apresentam. As competências organizacionais estão li- gadas às competências que a companhia reconhecidamente possui. Isso significa que ela não depende apenas das pessoas como também da gestão que emprega e da tec- nologia que dá suporte. Isso quer dizer que a companhia só será detentora de certa competência quando houver afinidade dos itens processos, tecnologia e pessoas, com o objetivo de conceber e conservar uma de- terminada competência empresarial reco- nhecida pelos clientes, fornecedores, acio- nistas, sociedade, concorrentes e colabora- dores. As competências organizacionais podem ser descritas como um conjunto de pro- cessos, funções, tecnologias e pessoas que possibilitam a uma organização entregar Unidade 3 • Gestão do Conhecimento e Gestão por Competências69/247 produtos e serviços de alta qualidade, com rapidez, eficiência e um serviço ao cliente de alto nível. Como exemplo, destacamos: • 3M: Gestão da inovação; • Hewlett-Packard: Velocidade de lan- çamento de novos produtos; • Petrobras: Tecnologia de produção em águas profundas; • Eastman-Kodak: Tecnologia de pro- cessamento de imagens fotográficas; • Wal-Mart: Gestão de logística; • Microsoft: Desenvolvimento de sof- tware. As competências organizacionais estão li- gadas à imagem da companhia. Isso signi- fica que, ao elaborar a gestão de seus pro- cessos, tecnologias à disposição e da ges- tão dos talentos, a companhia estará cons- truindo competências que fortalecerão sua imagem institucional no mercado. Se a competência é formada por um conjun- to de conhecimentos que, reunidos, rever- tem em uma ação competente, competên- cias podem ser desenvolvidas pela gestão do conhecimento, devido à característica de compartilhamento que este modelo sus- tenta, isto é, compartilhar e disseminar as melhores práticas e torná-las padrão para as diferentes áreas da organização. Os principais ganhos oriundos da imple- mentação da gestão por competências di- zem respeito a: incremento do desempe- nho; diminuição dos índices de rotativida- de; identificação de necessidades de desen- Unidade 3 • Gestão do Conhecimento e Gestão por Competências70/247 volvimento; alinhamento entre objetivos e metas corporativas nas equipes; maior ob- jetividade relacionada aos processos de se- leção de talentos; aperfeiçoar o relaciona- mento entre líderes e liderados e manuten- ção e incremento do nível de engajamento e motivação organizacional, elevando o compromisso com a empresa. 3. A relação entre gestão do co- nhecimento e gestão por com- petências A relação entre gestão do conhecimento e gestão por competências pode ser entendi- da à medida que se percebem e se analisam seus objetivos. A gestão do conhecimento se preocupa em efetivar políticas e técnicas que têm por objetivo gerenciar o conheci- mento organizacional para que a empresa tenha condições de alcançar a eficiência. A gestão por competências importa-se em gerenciar os insumos que florescem na companhia, de forma que as competências necessárias sejam incorporadas ao alcan- ce dos objetivos empresariais. Como já dito anteriormente, a competência tem sua ori- gem a partir da relação entre indivíduos e conhecimento. Na figura a seguir podemos fazer a seguinte comparação entre ambas: Unidade 3 • Gestão do Conhecimento e Gestão por Competências71/247 Figura 3: Análise comparada entre gestão do conhecimento e gestão por competências Fonte: adaptado de Carbone et. al. (2005). Pode-se assimilar que a gestão do conhecimento e a gestão por competências são semelhan- tes em seus processos. Segundo Carbone et al. (2005), ambas se atentam em: selecionar, classi- ficar, registrar, armazenar, recuperar e disseminar o conhecimento. Unidade 3 • Gestão do Conhecimento e Gestão por Competências72/247 Para o autor, os elementos básicos que orientam as duas abordagens mostram-se parecidos. Seus focos principais podem ser descritos como a competência, o conheci- mento e a inovação, fontes de excelência para a obtenção da vantagem competitiva sustentável. Link Gestão por competências e gestão do conheci- mento: suas características e a área de recursos humanos. Disponível em: <http://www.con- tecsi.fea.usp.br/envio/index.php/contec- si/9contecsi/paper/viewFile/3434/1936>. Acesso em 23 mar. 2017. Sendo assim, os resultados desejados pe- las companhias serão reforçados se forem capazes de refletir e agir sobre essas duas abordagens ao mesmo tempo. 4. Critérios para mapeamento de competências A gestão do conhecimento pode atuar em todos os níveis empresariais, culminando no aperfeiçoamento dos processos, na redução de retrabalho e em melhorias nos produtos, resultando em performance organizacional superior em termos de resultados. A proposta da gestão do conhecimento é que o conhecimento organizacional deve ser reconhecido e, para tal, é necessário se- guir as etapas do mapeamento do conheci- Unidade 3 • Gestão do Conhecimento e Gestão por Competências73/247 mento antes de colocar em execução as di- retrizes de gestão desse ativo. O mapeamento de competências, também denominado diagnóstico de competências, está fundamentado numa metodologia que possibilita organizar um mapa de compe- tências com os perfis profissionais de cada grupo de funções ou cargos. Ela é elaborada com o objetivo de responder às seguintes questões: • Quais competências existem na orga- nização? • Quais sãoseus tipos? Qual a impor- tância de cada tipo? • Como estão conectadas entre si? • Como se relacionam com as áreas da organização? Para Carbone et al. (2005), o mapeamento de competências possui como finalidade identificar a lacuna de competências, ou seja, a dissonância entre as competências necessárias à realização da estratégia or- ganizacional com as competências internas presentes na companhia. Ainda segundo os autores, o passo inicial do processo de mapeamento de competências equivale a Link Veja: Gestão por competências: métodos e técni- cas para mapeamento de competências. Disponí- vel em: <http://www.spell.org.br/documen- tos/ver/35846/gestao-por-competencias- -metodos-e-tecnicas-par--->. Acesso em 14 nov. 2016. Unidade 3 • Gestão do Conhecimento e Gestão por Competências74/247 identificar as competências (organizaciona- is e profissionais) necessárias à realização dos objetivos da companhia. Guimarães et al. (2006) afirmam que são várias as fontes de informação que podem ser empregadas no processo de identifi- cação de competências. Além de dados e in- formações conectados com a estratégia da organização, a empresa pode utilizar tam- bém os relatórios de avaliações de desem- penho, pesquisas de satisfação de clientes e até de pesquisas de clima organizacional, bem como análise de documento, dentre outros. Outro fato comum é o uso de ferra- mentas de pesquisa desenvolvidas particu- larmente para identificar competências im- portantes para a companhia. Além da análise documental já mencionada, há outros critérios que também podem ser utilizados para mapear competências, tais como: entrevistas, grupo focal (focus group), observação e a utilização de questionários. Para saber mais “Pesquisa que verifica as reações das pessoas em relação a um assunto. Antes de uma pesquisa mais específica (com perguntas objetivas), preci- sa haver uma noção sobre o assunto pesquisado para se criar foco no levantamento. Reúne-se um grupo de 8 a 12 pessoas escolhidas de acordo com o tema. Elas se reúnem em uma sala e começam a debater sobre o tema proposto sendo que a con- versa é livre para poder se extrair o maior número de informações” (MASCARENHAS, A. O., 2008). Unidade 3 • Gestão do Conhecimento e Gestão por Competências75/247 Na entrevista, mediante a formulação de perguntas, o entrevistador procura con- hecer a percepção do entrevistado sobre a forma como conduz seu trabalho para pod- er cruzar tal percepção com dados obtidos por meio de análise documental, a fim che- gar a um consenso e eliminar inconsistên- cias e imprecisões. O grupo focal (focus group) é uma metodolo- gia de pesquisa cuja orientação é realizada por um moderador que estimula e coordena uma discussão objetiva sobre as competên- cias importantes para a empresa (ou área), com um grupo de participantes que pos- suem conhecimentos mais aprofundados sobre os processos de trabalho da compan- hia e tem por objetivo coletar um número maior de informações. A observação é a análise do registro detal- hado das competências que se destacam acerca do trabalho de um determinado co- laborador. É um método que deve ser uti- lizado com outras técnicas para descrever competências, e tem como finalidade ex- aminar detalhes das competências mani- festadas por colaboradores ou equipes em seu cotidiano de trabalho, principalmente pela verificação de itens que poderiam ser omitidos nas entrevistas ou na aplicação de questionários. O questionário é uma ferramenta de coleta de dados com perguntas lidas e preenchi- das pelos respondentes, sem a interferência de terceiros, possibilitando a coleta de da- dos de um número considerável de colab- oradores. Unidade 3 • Gestão do Conhecimento e Gestão por Competências76/247 Glossário Insight: compreensão intuitiva e repentina dos elementos necessários para compreensão e so- lução de um problema ou situação. Contemporâneo: que é do tempo atual. Performance: ato ou processo de realizar algo; atuação, desempenho. Dissonância: ausência de harmonia, de concordância (entre duas ou mais coisas). Lacuna: espaço não ocupado, falha, falta. Questão reflexão ? para 77/247 Neste tema você se deparou, além de outras coisas, com o conceito de competência, um conjunto de conheci- mentos, habilidades e atitudes que, reunidos, retornam a uma ação competente. Diante desse fato, reflita sobre as questões a seguir, relacionadas ao trabalho que você desenvolve atualmente: • Como você avalia sua capacidade de organizar seu dia, semana e mês de trabalho? • Como é seu relacionamento com os demais colegas de trabalho da sua empresa? Questão reflexão ? para 78/247 • Você consegue se fazer entender mediante sua forma de se comunicar com outros? • Como você tem reagido frente a adversidades rela- cionadas ao trabalho? • Como é que você analisa seu poder de focar suas me- tas e como age diante de um resultado parcialmente ruim? • Como você avalia seu crescimento profissional e pes- soal no que se refere principalmente a conhecimento e preparação para o futuro? 79/247 Considerações Finais (1/2) • O conhecimento é um dos maiores patrimônios de que as organizações dis- põem; • Competências são uma demonstração da aprendizagem, ou seja, do que o indivíduo aprendeu ao logo de toda uma vida; • A gestão por competências parte do pressuposto de que o bom desempe- nho das pessoas e organizações está relacionado ao domínio de determina- dos conhecimentos, habilidades e atitudes; • As competências se subdividem em: individuais, específicas e organizacio- nais; • Tanto a gestão do conhecimento como a gestão por competências têm sua preocupação dirigida a: selecionar, classificar, registrar, armazenar, recupe- rar e disseminar o conhecimento; 80/247 • O mapeamento de competências serve para verificar quais competências existem na empresa, quais os seus tipos e a sua importância, como estão ligadas a outras competências existentes e como se relacionam aos setores da empresa. Considerações Finais (2/2) Unidade 3 • Gestão do Conhecimento e Gestão por Competências81/247 Referências CARBONE P. P.; BRANDÂO, H. P.; LEITE, J. B.; VILHENA, R. M. Gestão por competências e gestão do conhecimento. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 2005. DAVENPORT T. H.; PRUSAK, L. Conhecimento empresarial: como as organizações gerenciam seu capital intelectual. Rio de Janeiro: Campus, 1998. DRUCKER, P.F. O melhor de Peter Drucker: o homem. São Paulo: Nobel, 2001. FLEURY, A.; FLEURY, M. T. L. Estratégias empresariais e formação de competências: um caleido- scópio da indústria brasileira. São Paulo: Atlas, 2001. FLEURY, M. T. L.; OLIVEIRA JUNIOR, M. de M. Aprendizagem e gestão do conhecimento. In: FLEURY, M. T. L. (coord.) As pessoas na organização. São Paulo: Gente, 2002. p. 133-146. GUIMARÃES, T. de A.; FARIA-BRUNO, M. de F.; BRANDÃO, H. P. Aspectos metodológicos de di- agnóstico de competências em organizações. In: BORGES-ANDRADE, J. E.; ABBAD, G. (org.) Tre- inamento, desenvolvimento e educação em organizações e trabalho: fundamentos para a gestão de pessoas. Porto Alegre: Artmed, 2006. NONAKA, I.; TAKEUCHI, H. Criação de conhecimento na empresa: como as empresas japonesas geram a dinâmica da inovação. Rio de Janeiro: Campus, 1997. PRAHALAD, C. K.; HAMEL, G. Competindo pelo futuro: estratégias inovadoras para obter o con- trole do seu setor e criar os mercados de amanhã. Rio de Janeiro: Campus, 1995. 82/247 Assista a suas aulas Aula 3 - Tema: Gestão do Conhecimento e Ges- tão por Competências. Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ 02f0fa76b357c949ed36343b4e169a14>. Aula 3 - Tema:Gestão do Conhecimento e Ges- tão por Competências. Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f- 1d/7e834990d2552afe951efe5e79125cb5>. 83/247 1. Dentre uma das características das competências essenciais, podemos ci- tar: a) dificultam a imitação dos produtos pelos concorrentes. b) comportamentos que podem ser observados de forma objetiva no cotidiano de um colabo- rador da empresa. c) guiam as decisões de uma companhia na entrega de resultados com alto valor agregado aos clientes. d) mapeiam o conjunto do conhecimento existente. e) são constituídas por uma série de ações e políticas que objetivam proteger o patrimônio do conhecimento empresarial. Questão 1 84/247 2. Competência pode ser definida como: a) conjunto de habilidades individuais, específicas e organizacionais indispensáveis para o de- sempenho de uma atividade. b) conjunto de processos, pessoas e tecnologias indispensáveis para o desempenho de uma atividade. c) conjunto de práticas, compartilhamentos e conhecimentos indispensáveis para o desempe- nho de uma atividade. d) conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes indispensáveis para o desempenho de uma atividade. e) conjunto de representações, transformações e incorporações indispensáveis para o desem- penho de uma atividade. Questão 2 85/247 3. As competências organizacionais são constituídas por: a) processos, funções, tecnologias e pessoas. b) funções, tecnologias, pessoas e imagem da empresa. c) tecnologias, máquinas, edifícios e recursos financeiros. d) imagem da empresa, recursos financeiros, máquinas e processos. e) processos, pessoas, produtos e recursos financeiros. Questão 3 86/247 4. O mapeamento de competências pode ser obtido através das seguintes técnicas: a) análise documental, entrevistas e redução dos índices de rotatividade. b) redução dos índices de rotatividade, entrevistas e observação. c) entrevistas, observação e utilização de questionários. d) redução de retrabalho, utilização de questionários e redução dos índices de rotatividade. e) análise documental, redução dos índices de rotatividade e redução de retrabalho. Questão 4 87/247 5. Um dos maiores bens que uma empresa possui: a) é a sua marca. b) são seus produtos e serviços. c) são suas máquinas e edificações d) é a sua tecnologia e) é o seu conhecimento Questão 5 88/247 Gabarito 1. Resposta: A. As competências essenciais: • Reforçam o acesso da companhia em uma gama maior de mercados; • Contribuem de forma importante para melhoria da percepção dos clientes sobre o produto final e; • Tornam difícil a imitação dos produtos pelos competidores. 2. Resposta: D. Em suma, quando se utiliza o termo compe- tência, seu significado está atrelado ao con- junto de conhecimentos, habilidades e ati- tudes necessárias ao desempenho de uma determinada atividade, objetivando o atin- gimento dos objetivos da companhia. 3. Resposta: A. As competências organizacionais podem ser descritas como conjunto de processos, funções, tecnologias e pessoas que possi- bilitam a uma organização entregar produ- tos e serviços de alta qualidade com rapidez e eficiência, e um serviço de alto nível ao cliente. 4. Resposta: C. Além da análise documental já mencionada, há outros critérios que também podem ser utilizados para mapear competências, tais como: entrevistas, grupo focal (focus group), observação e utilização de questionários. 89/247 Gabarito 5. Resposta: E. Um dos maiores patrimônios de uma com- panhia é o conhecimento que ela reúne. 90/247 Unidade 4 Mensuração do Capital Intelectual Objetivos 1. Entender a importância da mensura- ção do capital intelectual e seus des- dobramentos. 2. Compreender a utilização de indica- dores e competências na medição do capital intelectual e seu valor para as organizações atualmente 3. Assimilar um modelo clássico de men- suração do capital intelectual Unidade 4 • Mensuração do Capital Intelectual91/247 Introdução Com as constantes alterações que têm ocor- rido nos mercados, acrescentadas pelo fe- nômeno da globalização e a introdução de novos produtos e serviços, as organizações precisam ajustar-se a uma nova realidade, na qual o conhecimento tem se tornado um meio econômico mais importante que os insumos e, muita vezes, até mais do que o capital financeiro. Os bens tangíveis, assunto abordado em tema anterior, são aqueles que possuem existência física e que são constituídos por ativos físicos e materiais, podendo ser men- surados contabilmente. Como os bens tangíveis tornaram-se aces- síveis a qualquer companhia, as empresas têm dedicado esforços no sentido de des- cobrir quais diferenciais poderiam utilizar para alcançar vantagem sobre seus con- correntes, condição necessária para se di- ferenciare no mercado globalizado. Dentre as opções encontradas, algo que ainda está em discussão é a mensuração do capital in- telectual. O estudo relativo ao capital intelectual vem ocupando espaço uma vez que o termo faz parte dos ativos intangíveis e que podem agregar valor aos bens tangíveis. Segundo Carbone et al. (2005), o capital in- telectual consiste em um agrupamento de ativos intangíveis e subjetivos de natureza não financeira, constituído por capital es- trutural (marcas, patentes, tecnologia etc.), capital de clientes (relação de clientes, grau de satisfação e de fidelização), capital hu- mano (competências dos funcionários, ca- Unidade 4 • Mensuração do Capital Intelectual92/247 pacitação e desenvolvimento, satisfação, engajamento e motivação), e por processos de inovação. Link Veja: Capital humano: fonte de vantagem com- petitiva? – A visão de duas organizações do se- tor farmacêutico. Disponível em: <http://www. anpad.org.br/admin/pdf/ENGPR396.pdf>. Acesso em: 17 nov. 2016. intelectual de uma companhia não tem sido exposto claramente em seus relatórios con- tábeis devido à dificuldade em tornar explí- citos os aspectos intangíveis. O esforço por encontrar um modelo capaz de medir algo não palpável ainda é um mistério para os contadores, já que o grande poten- cial das companhias está reunido nos ativos intangíveis, principalmente em seu capital intelectual. A atribuição de valor monetário a este ativo tem se tornado um desafio. A utilização do conhecimento tem exercido forte impacto sobre as organizações. Devi- do a isso, é necessário o emprego de novas formas de mensurar o valor das companhias já que nem sempre os valores existentes no interior das mesmas são demostrados con- tabilmente. Um dos conceitos mais aceitos sobre ca- pital intelectual é o que diz que o mesmo é a subtração entre o valor de mercado e o valor dos seus ativos exibidos em suas de- monstrações contábeis, também chamado Goodwill. Mesmo assim, o valor do capital Unidade 4 • Mensuração do Capital Intelectual93/247 Neste tema será realçada a importância da mensuração do capital intelectual, tornan- do claro que não há uma fórmula ideal que se encaixe em todas as companhias, e sim modelos que se harmonizam individual- mente para cada uma delas. 1. Mensuração do capital inte- lectual Mensurar é atribuir números, de acordo com regras pré-estabelecidas, tornando particular o objeto a ser medido bem como a escala utilizada. O processo de mensuração é um dos mais difíceis quando se aborda o capital intelec- tual, já que este é composto por ativos in- tangíveis. Góis (2000) ressalta que o capital intelectual pode influenciar e ser influen- ciado pela cultura corporativa assim como pelos processos e relacionamentos ligados a ela. Link Veja: Mensuraçãodo capital intelectual: um de- safio importante para a contabilidade. Disponível em: <http://periodicos.ufsm.br/contabilida- de/article/view/72>. Acesso em 24 mar. 2017. Unidade 4 • Mensuração do Capital Intelectual94/247 Essa complicada relação demanda a neces- sidade de realizar uma análise cuidadosa de forma a mensurar e fazer constar o capital intelectual de determinada organização. Empregar uma forma de mensuração que avalie o capital intelectual com variáveis financeiras, tratando-o como um item do balanço patrimonial e utilizando o dinhei- ro como unidade de medida tem se mostra- do pouco eficiente. A razão para este expe- rimento seria fornecer uma satisfação aos acionistas, ansiosos em observar um com- portamento gerencial que possa elevar os valores de suas participações em forma de ações. Para saber mais “Cultura corporativa é o conjunto de hábitos e crenças estabelecidos através de normas, valo- res, atitudes e expectativas compartilhadas por todos os membros da organização e que as dis- tingue das demais. Constitui o modo de pensar e agir que existe em uma companhia. Ela é expres- sa pela forma como a empresa faz seus negócios, como trata seus clientes e funcionários, o grau de autonomia ou liberdade que existe em suas uni- dades e o grau de lealdade expresso pelos em- pregados”. (Cultura organizacional: conceitos e aspectos. Disponível em: <http://www.portal- -administracao.com/2014/10/cultura-orga- nizacional-conceito-aspectos.html>. Acesso em 13 abr. 2017) Unidade 4 • Mensuração do Capital Intelectual95/247 A determinação da medida do capital inte- lectual pode dar origem a informações de grande utilidade para os gestores de uma companhia, tornando possível verificar as competências dos profissionais que geram receitas para a empresa bem como oferecer ajuda para a tomada de decisão relacionada a pessoas e investimentos. Para Stewart (1998) é indispensável que se- jam realizadas medições experimentais re- lativas ao capital intelectual, pelo fato das companhias perceberem que a mensuração pode resultar em maior valorização de seus ativos e, consequentemente, da companhia como um todo. Todavia, ao elaborar ou adotar um mode- lo de mensuração do capital intelectual, os gestores precisam estar atentos ao uso ex- Para saber mais “Balanço patrimonial é a principal demonstração financeira existente. Mostra como de fato está o patrimônio da empresa, refletindo sua posição fi- nanceira em um determinado momento. No ba- lanço, o patrimônio se encontra em equilíbrio, equilibra os bens e direitos com as obrigações e as participações dos acionistas. Desta forma, ele é a igualdade patrimonial. O BP mostra o patri- mônio da entidade tanto quantitativa quanto qualitativamente (apresenta cada item que faz parte do patrimônio e quanto se tem de cada um).” (Disponível em: <http://www.academia. edu/12416395/Desafio_Elda>. Acesso em: 13. abr. 2017) Unidade 4 • Mensuração do Capital Intelectual96/247 cessivo de medidas, independentemente de elas serem financeiras ou não. Caso isso venha ocorrer, pode gerar mais confusão do que precisão tanto pelos gestores como pe- los acionistas. O autor indica três componentes que de- vem orientar uma companhia na escolha das medidas do capital intelectual: a) Simplicidade: selecionar no máximo três medidas para cada um dos itens do capital intelectual: capital humano, capital estrutural e capital do cliente; b) Importância estratégica: os indicado- res devem ter total alinhamento com os objetivos estratégicos da compa- nhia e; c) Riqueza intelectual: os indicadores escolhidos devem determinar a rique- za intelectual e não atividades opera- cionais ou apenas valores contábeis e financeiros. A companhia, ao mensurar o capital inte- lectual, necessita possuir objetivos claros e específicos. Stewart (1998) sustenta que os dados devem ser capazes para que os ges- tores avaliem o desempenho da companhia ano após ano, avaliando seu progresso em direção às metas da companhia. O autor afirma ainda que a medição do capital inte- lectual deve possibilitar comparações entre organizações. Unidade 4 • Mensuração do Capital Intelectual97/247 2. Definição de indicadores e competências Indicadores de performance são atualmen- te primordiais para as organizações. O con- trole, os procedimentos corretivos, as novas ações, a diminuição de gastos, praticamen- te todas as decisões que as grandes compa- nhias tomam precisam ser fundamentadas em análises de performance para que sejam minimizados riscos de decisões prejudiciais, falhas de julgamento e retrabalho. Na era atual, na qual a informação e o co- nhecimento exercem grande domínio no ambiente empresarial, muitas companhias ainda insistem em levar em conta apenas os ativos tangíveis como os únicos elementos Para saber mais “Indicadores são instrumentos de gestão essen- ciais nas atividades de monitoramento e avaliação das organizações, assim como seus projetos, pro- gramas e políticas, pois permitem acompanhar o alcance das metas, identificar avanços, melhorias de qualidade, correção de problemas, necessida- des de mudança etc.” (Disponível em: <http:// www.gespublica.gov.br/sites/default//files/ documentos/guia_indicadores_jun2010. pdf>. Acesso em: 13 abr. 2017) Unidade 4 • Mensuração do Capital Intelectual98/247 de produção importantes na análise dos sis- temas contábeis. Contudo, a literatura es- pecializada no tema estimula que as orga- nizações que anseiam êxito precisam bus- car mais informações acerca de seus ativos intangíveis. Mesmo sendo definido como um ativo in- tangível e de alta complexidade, o capital intelectual pode ser medido. Esta mensura- ção produz informações úteis aos gestores, tornando possível uma minuciosa verifica- ção da competência dos colaboradores que efetivamente geram receitas à companhia. Por sua vez, a averiguação da competência auxilia na tomada de decisão relativa aos clientes, pessoal e investimentos. Alguns esquemas têm sido empregados a fim de mensurar o capital intelectual. 3. Modelo Skandia O grupo Skandia foi o pioneiro nesse as- pecto ao divulgar, em meados dos anos 90, um relatório contendo dados acerca da ava- liação do capital intelectual de suas compa- nhias. Unidade 4 • Mensuração do Capital Intelectual99/247 O grupo chegou à conclusão de que a teoria de administração tradicional não harmoni- zava mais com o desenvolvimento de com- Para saber mais A Skandia é o quarto maior grupo financeiro do mundo e o maior da Escandinávia, e vem atuando na área de prestação de serviços financeiros e de seguros, com matriz sediada na Suécia. Opera em mais de vinte países e tem como foco principal a criação de valor para seus acionistas por meio do foco em seus clientes, pela oferta de serviços ino- vadores e pelo aumento da produtividade e efici- ência. (Capital intelectual: formas de avaliação e métodos de mensuração. Disponível em: <http:// rica.unibes.com.br/index.php/rica/article/ viewFile/84/79>. Acesso em 30 abr. 2017) panhias prestadoras de serviços, em espe- cial as que se baseavam em conhecimento intensivo. Link Veja: O processo de inovação em empresas inten- sivas em conhecimento. Disponível em: <http:// www.scielo.br/scielo.php?script=sci_art- text&pid=S1415-65552002000300003>. Acesso em: 18 nov. 2016. Esse fato ocorreu ao reconhecerem que o poder competitivo de uma companhia esta- va cada vez menos concentrado nos ativos contábeis tradicionais, e mais em um novo agrupamento de fatores tais como o talento individual, relações de mercado sinérgicas e Unidade 4 • Mensuração do CapitalIntelectual100/247 a capacidade para administrar a manifesta- ção das competências. Para avaliar o capital intelectual da Skandia, a equipe de Edvinsson e Malone (1998) de- finiram determinados índices e indicadores que foram agrupados em cinco áreas assim estabelecidas: área de foco financeiro, área de foco de cliente, área de foco de proces- so, área de foco de renovação e desenvolvi- mento e área de foco humano. Área de foco financeiro: Os autores deduzem que o investimento em capital intelectual transforma-se em valor no futuro. Aqui estão incluídos in- vestimentos em tecnologia ou índices de satisfação dos clientes e engajamento dos colaboradores. Há a transformação de re- novação e desenvolvimento para clientes e processos, e destes para os demonstrati- vos financeiros. Indicadores: 4. Ativo total ($) 5. Ativo total/colaborador ($) 6. Receitas/ativo total ($) 7. Lucros/ativo total ($) 8. Valor de mercado ($) Área de foco de cliente: Atualmente os clientes precisam de serviços e produtos que se encaixem perfeitamente a eles, satisfazendo suas expectativas únicas. Para isso, as companhias têm se preparado, cada vez mais, para assegurar a satisfação dos clientes. Necessitam ser flexíveis, ágeis Unidade 4 • Mensuração do Capital Intelectual101/247 e passar confiança, lealdade e compromisso com o objetivo de cativar o cliente e ganhar da concorrência. Indicadores: 1. Participação de mercado (%) 2. Número de clientes (%) 3. Vendas anuais/clientes ($) 4. Número de clientes/número de colaboradores 5. Índice de satisfação do cliente (%) Área de foco de processo: Cuida do papel da tecnologia na companhia. O investimento em tecnologia possui vali- dade a partir do momento em que o retorno deste eleva a eficiência, a produtividade e a flexibilidade organizacional. Indicadores: 1. Despesas administrativas/receita to- tal 2. Equipamentos de informática adqui- ridos 3. Meta corporativa de qualidade Área de foco de renovação e desenvolvi- mento: Verifica as oportunidades futuras. Enquan- to os demonstrativos financeiros mostram a performance passada da companhia, este foco projeta o futuro, mostrando o presente e preparando-se para as oportunidades que aparecerem. Unidade 4 • Mensuração do Capital Intelectual102/247 Indicadores: 1. Despesas com o desenvolvimento de competência/colaborador ($) 2. Índice de satisfação dos colaborado- res (%) 3. Despesas de marketing/cliente ($) 4. Porcentagem das horas de treina- mento 5. Despesas de treinamento/despesas administrativas (%) Área de foco humano: Todos os itens interagem entre si em níveis distintos, porém só o fator humano tem re- lação com todos os outros no mesmo nível. Um fator humano, bem-sucedido, pode ser considerado o diferencial, entretanto, é a parte mais difícil do modelo do capital in- telectual porque é praticamente impossível mensurar o intelecto, o emocional, o com- portamento ou o engajamento dos colabo- radores, o que dificulta sobremaneira sua medição. Indicadores: 1. Índice de liderança (%) 2. Índice de motivação (%) 3. Rotatividade dos colaboradores (%) 4. Idade média dos colaboradores 5. Duração média dos contratos. A reunião dos cinco focos culmina em um relatório que mostra os pontos de vista e que dão caráter dinâmico ao modelo, por isso é denominado navegador. A figura a seguir apresenta o formato do navegador: Unidade 4 • Mensuração do Capital Intelectual103/247 Figura 4: Modelo de navegador da Skandia Fonte: adaptado de (ANTUNES, 2000) Link Veja: Modelo para a mensuração do capital intelectual: uma abordagem fundamentada em recursos. Dispo- nível em: <http://www.scielo.br/pdf/prod/v20n3/AOP_200709097.pdf>. Acesso em: 18 nov. 2016. Unidade 4 • Mensuração do Capital Intelectual104/247 Este modelo, que é parecido com uma casa, Edvinsson e Malone (1998) o justifica por metáforas. A casa desempenha o papel da própria companhia, o triângulo é o pavimen- to formado pelo foco financeiro, represen- tando o passado da companhia mediante as demonstrações financeiras tradicionais. Á medida que se insere na casa, há o con- tato com o presente da companhia, desem- penhado pelo foco no cliente e no processo. A base do triângulo é voltada para o futuro e desempenha o papel de alicerce da casa, representado pelo foco na renovação e de- senvolvimento. Na região central encontra- -se o foco humano, que oferece suporte aos demais focos, considerado como força ativa da companhia. Para estabelecer a fórmula do capital inte- lectual, a Skandia chegou à decisão de que não há um modelo universal que se adapte a todas as companhias, porém cada organi- zação pode criar um método que melhor lhe atenda. A fim de indicar com exatidão uma equação que desse sentido em números ao valor do capital intelectual, a Skandia sugeriu os se- guintes passos, segundo Edvinsson e Ma- lone apud Oliveira (2014): 1. Identificar um agrupamento padrão de índices que sirva a toda a socieda- de com mínimos ajustes. 2. Reconhecer que cada companhia pos- sa ter um capital intelectual adicional que seja necessário ser avaliado por outros indicadores. Unidade 4 • Mensuração do Capital Intelectual105/247 3. Determinar uma variável que capte a não tão perfeita previsibilidade do fu- turo, assim como a das pessoas, orga- nizações e equipamentos que a cons- tituem. Edvinsson e Malone apud Oliveira (1998, p. 166) estabeleceram a seguinte representa- ção: Capital Intelectual Organizacional = iC “Em que C é a medida monetária do capital intelectual e i significa o coeficiente de efi- ciência na utilização do capital intelectual”. O valor de C é obtido através de uma relação que compõe os indicadores mais represen- tativos de cada área de foco, de forma mo- netária e que estão relacionados ao exercí- cio social: 1) Receitas resultantes da atuação em novos negócios. 2) Investimento no desenvolvimento de novos mercados. 3) Investimento no desenvolvimento do setor industrial. 4) Investimento no desenvolvimento de novos canais. 5) Investimento em Tecnologia da Infor- mação (TI) aplicada a vendas, serviço e suporte. 6) Investimento em TI aplicada à admi- nistração. 7) Novos equipamentos de TI. 8) Investimento no suporte aos clientes. Unidade 4 • Mensuração do Capital Intelectual106/247 9) Investimento no serviço aos clientes. 10) Investimento no treinamento de clientes. 11) Despesas com clientes não-relacio- nadas ao produto. 12) Investimento no desenvolvimento da competência dos empregados. 13) Investimento em suporte e treina- mento relativo a novos produtos para os empregados. 14) Treinamento especialmente direcio- nado aos empregados que não traba- lham nas instalações da empresa. 15) Investimento em treinamento, co- municação e suporte direcionados aos empregados permanentes em período integral. 16) Programas de treinamento e suporte especialmente direcionados aos empre- gados temporários em período integral. 17) Programas de treinamento e suporte especialmente direcionados aos empre- gados temporários de tempo parcial. 18) Investimento no desenvolvimento de parcerias. 19) Upgrades no sistema. 20) Investimento na identificação da marca (logotipo/nome). 21) Investimento em novas patentes e direitos autorais. O índice de coeficiente de eficiência do cap- ital intelectual é obtido através dos indica- dores mais representativos de cada área de Unidade 4 • Mensuração do Capital Intelectual107/247 foco que se apresenta em termos de percen- tuais, quocientes e índices, da qual a média aritmética dos índices permite colocá-los em um percentual único. Essas variáveis dizem respeito ao presente: 1) Participaçãode mercado (%). 2) Índice de satisfação dos clientes (%). 3) Índice de liderança (%). 4) Índice de motivação (%). 5) Índice de investimento em pesquisa & desenvolvimento/investimento total (%). 6) Índice de horas de treinamento (%). 7) Desempenho/meta de qualidade (%). 8) Retenção dos empregados (%). 9) Eficiência administrativa/receitas (%) Unidade 4 • Mensuração do Capital Intelectual108/247 Glossário Insumos: todo tipo de elemento que entra no processo de produção de mercadorias e/ou servi- ços, matérias-primas, equipamentos, capital, trabalho humano etc. Fidelização: estratégia que visa manter o cliente fiel a um produto ou serviço. Performance: conjunto de fatores que determinam o desempenho de algo. Questão reflexão ? para 109/247 Com relação ao navegador Skandia, modelo agrupado em cinco categorias (foco financeiro, foco de cliente, foco de processo, foco de renovação e desenvolvimento e foco humano) reflita, de forma abrangente, para cada um dos focos, a seguinte questão: o que, em sua opi- nião, necessita ser aperfeiçoado em cada um dos cinco focos, de forma geral, sem se ater aos indicadores? 110/247 Considerações Finais (1/2) • O valor do capital intelectual é a somatória dos ativos tangíveis e intangí- veis; • Avaliar o capital intelectual com variáveis financeiras tem se mostrado pou- co eficiente; • Simplicidade, importância estratégica e riqueza intelectual são três aspec- tos que devem ser considerados pelas companhias na escolha das medidas do capital intelectual; • Apesar da informação e do conhecimento exercer grande domínio no am- biente empresarial atual, muitas empresas ainda consideram apenas os ati- vos tangíveis como os únicos elementos importantes em sua análise contá- bil; • O modelo Skandia foi o pioneiro na tentativa de mensurar o capital inte- lectual e se baseia em cinco áreas: foco financeiro, foco de cliente, foco de processo, foco de renovação e desenvolvimento e foco humano; 111/247 • A equação do capital intelectual é estabelecida pela multiplicação entre o coeficiente de eficiência na utilização do capital intelectual e a medida mo- netária do capital intelectual. Considerações Finais (2/2) Unidade 4 • Mensuração do Capital Intelectual112/247 Referências ANTUNES, M. T. P. Capital intelectual. São Paulo: Atlas, 2000. CARBONE P. P.; BRANDÂO, H. P.; LEITE, J. B.; VILHENA, R. M. Gestão por competências e gestão do conhecimento. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 2005. EDVINSSON, L.; MALONE, M. S. Capital intelectual. São Paulo: Makron Books, 1998. GOIS, C. G. Capital intelectual: o intangível do século XXI. Espanha, 2000. OLIVEIRA, T. F. Capital intelectual: o bem intangível como diferencial no mercado globalizado. Revista InterAtividade, Edição Especial, 1º semestre, 2014. STEWART, T. A. Capital intelectual: a nova abordagem competitiva nas empresas. Rio de Janeiro: Campus, 1998. SVEIBY, K. E. A nova riqueza das organizações: gerenciando e avaliando patrimônios de conhe- cimento. Rio de Janeiro: Campus, 1998. 113/247 Assista a suas aulas Aula 4 - Tema: Mensuração do Capital Intelec- tual. Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f- 1d/4c8676cd066ab804d25764a6743cf932>. Aula 4 - Tema: Mensuração do Capital Intelec- tual. Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f- 1d/1110ea5e2785300810c5da7924af3016>. 114/247 1. O modelo do navegador Skandia contempla: a) foco financeiro, foco de cliente, foco de processo, foco humano e foco em competências. b) foco de cliente, foco humano, foco de processo, foco de renovação e desenvolvimento e foco financeiro. c) foco em competências, foco de processo, foco de renovação e desenvolvimento, foco finan- ceiro e foco de cliente. d) foco humano, foco em competências, foco de renovação e desenvolvimento, foco de pro- cesso e foco de cliente. e) foco de renovação e desenvolvimento, foco financeiro, foco humano, foco de processo e foco em competências. Questão 1 115/247 2. O capital intelectual pode influenciar e ser influenciado: a) pela inovação em produtos e serviços, tecnologia e processos produtivos. b) pelo clima organizacional, processos produtivos e tecnologia. c) pelos processos produtivos, marketing e inovação em produtos e serviços. d) pela tecnologia, inovação em produtos e serviços e marketing. e) pela cultura corporativa, trabalho em equipe e liderança. Questão 2 116/247 3. A área de foco de processo lida especificamente com: a) as oportunidades futuras da organização. b) a imagem da empresa. c) os aspectos financeiros da companhia. d) as pessoas inseridas na organização. e) o papel da tecnologia na organização. Questão 3 117/247 4. Constituem indicadores da área foco de cliente: a) número de clientes, duração dos contratos, índice de satisfação do cliente. b) receitas/ativos total, número de clientes, vendas anuais/clientes. c) número de clientes/número de colaboradores, receitas/ativo total, liderança. d) Índice de satisfação do cliente, participação de mercado, vendas anuais/clientes. e) Índice de satisfação do cliente, despesas de marketing/cliente, participação de mercado. Questão 4 118/247 5. A preocupação da mensuração do capital intelectual decorre: a) das empresas avaliarem seus ativos monetariamente. b) da pressão da sociedade em obter mais produtos e serviços inovadores. c) do acesso, a qualquer companhia, dos bens tangíveis, deixando de ser um diferencial com- petitivo. d) do investimento intensivo em tecnologia. e) da preocupação das companhias em elevar sua eficiência, produtividade e flexibilidade or- ganizacional. Questão 5 119/247 Gabarito 1. Resposta: B. Para avaliar o capital intelectual da Skandia, a equipe de Edvinsson e Malone (1998) de- finiram determinados índices e indicadores que foram agrupados em cinco áreas assim estabelecidas: área de foco financeiro, área de foco de cliente, área de foco de proces- so, área de foco de renovação e desenvolvi- mento e área de foco humano. 2. Resposta: E. O processo de mensuração é um dos mais difíceis quando se aborda o capital intelec- tual, já que este é composto por ativos in- tangíveis. Góis (2000) ressalta que o capital intelectual pode influenciar e ser influen- ciado pela cultura corporativa assim como pelos processos e relacionamentos ligados a ela, tais como: trabalho em equipe e lide- rança. 3. Resposta: E. A área de foco de processo cuida do papel da tecnologia na companhia. O investimen- to em tecnologia possui validade a partir do momento em que o retorno deste eleva a eficiência, a produtividade e a flexibilidade organizacional. 4. Resposta: D. Atualmente os clientes precisam de serviços e produtos que se encaixem perfeitamente a eles, satisfazendo suas expectativas únicas. 120/247 Gabarito Para isso, as companhias têm se preparado cada vez mais para assegurar a satisfação dos clientes. Necessitam ser flexíveis, ágeis e passar confiança, lealdade e compromisso com o objetivo de cativar o cliente e ganhar da concorrência. Indicadores: 1. Participação de mercado (%) 2. Número de clientes (%) 3. Vendas anuais/clientes ($) 4. Número de clientes/número de cola- boradores 5. Índice de satisfação do cliente (%) 5. Resposta: C. Como os bens tangíveis tornaram-se aces- síveis a qualquer companhia, as empresas têm dedicado esforços no sentido de des- cobrir quais diferenciais poderiam utilizar para alcançar vantagem sobre seus con- correntes, condição necessária para se di- ferenciar no mercado globalizado. Dentre as opções encontradas,algo que ainda está em discussão é a mensuração do capital in- telectual. 121/247 Unidade 5 Balanced Scorecard e a gestão do capital intelectual Objetivos 1. Compreender a utilização da ferra- menta denominada Balanced Score- card. 2. Entender a relação do Balanced Sco- recard sobre o capital intelectual por meio de quatro perspectivas. 3. Assimilar e compreender a utilização do Balanced Scorecard como instru- mento para gestão do desempenho profissional. Unidade 5 • Balanced Scorecard e a gestão do capital intelectual122/247 Introdução Se você sugerisse a um piloto de avião dois modelos diferentes para pilotar, qual deles você acha que ele escolheria? O primeiro modelo é uma aeronave que conta apenas com os equipamentos básicos tais como medidores de altitude, velocidade e consumo de combustível. O outro modelo, além dos equipamentos menciona- dos, fornece também informações detalhadas sobre controle de combustível, loca- lização exata da aeronave, rota, previsão do tempo e de turbulências. A resposta é evidente até para quem não é piloto. Entretanto, são muitas as com- panhias que voam de forma arriscada se servindo apenas de equipamentos básicos apesar dos vários instrumentos à disposição para se navegar com mais tranquilida- de e segurança nesses agitados tempos de globalização. O Balanced Scorecard (BSC) é uma das ferramentas mais importantes que despon- taram recentemente no campo da gestão estratégica. Sua função primordial é per- mitir ao gestor principal “conduzir o seu voo” utilizando um rol de indicadores que lhe permita uma visão abrangente de toda a empresa. Unidade 5 • Balanced Scorecard e a gestão do capital intelectual123/247 As companhias vêm demandando de seus gestores a compreensão de que estão rodeadas por um cenário de complexidade, incerteza e mudanças. Isso exige, por parte das organizações, certo patamar de agilidade e flexibilidade frente às deman- das originárias do mercado. Sem essas características, há o risco de que as com- panhias não atinjam suas metas ou, se os atingirem, não conseguirem conservar e aperfeiçoar os resultados obtidos. Dessa forma, os tomadores de decisão organizacional necessitam ser fundamenta- dos por dados e informações apropriadas que permitam o alinhamento e a coesão entre as práticas gerenciais e operacionais com a missão e visão da companhia. As- sim, a administração da informação torna-se o elemento crítico de uma organização. A estratégia organizacional necessita ser executada por meio de um sistema de gestão que permita determinar a integração entre os processos alavancadores do desempenho, procurando efetivar uma relação de causa e efeito entre os resulta- dos financeiros com os resultados operacionais. O alcance dos resultados precisa ser identificado e evidenciado por meio de indicadores que orientem e destaquem os esforços de todos os envolvidos. (RUGGIERO, 2016) Unidade 5 • Balanced Scorecard e a gestão do capital intelectual124/247 1. Introdução ao Balanced Scorecard (BSC) A recente propagação de ferramentas gerenciais de mensuração de resultados é um indicador de que muitas organizações estão cada vez mais atentas não só com a qualidade de seus produtos e serviços, como também com outros fatores que possuem forte relação, como redução de custos, atendimento aos clientes e com o valor do próprio colaborador, denominado de capital intelectual. Para saber mais “Estratégia organizacional é a arte de planejar e colocar o plano em ação, com o objetivo de alcançar algo desejado pela organização levando em consideração os fatores internos (forças e fraquezas) e os exter- nos (ameaças e oportunidades). A estratégia organizacional é uma forma de direcionar a organização ao aproveitamento dos recursos disponíveis, e a orientar um caminho a seguir, perante aos diferentes desafios e objetivos”. (Fonte: Estratégia Organizacional: Conceito. O que é? Definição, origem. Disponível em: <http://www.gestaodesegurancaprivada.com.br/estrategia-organizacional-conceito/>. Acesso em 13 abr. 2017) Unidade 5 • Balanced Scorecard e a gestão do capital intelectual125/247 Foi daí que surgiu nos anos 90 o conceito de Balanced Scorecard (BSC), concebido por Robert S. Kaplan e David P. Norton, uma metodologia de gestão que tem como objetivo integrar e balancear os indicadores de desempenho mais importantes de uma companhia, com o estabelecimento de objetivos. Ambos tinham a certeza de que as medidas financeiras do desempenho até então utilizadas pelas companhias, eram ineficazes. (RUGGIERO, 2016) Link Veja: Fatores críticos na implantação do Balanced Scorecard. Disponível em: <http://spell.org.br/do- cumentos/ver/29300/fatores-criticos-na-implantacao-do-balanced-scorecard-bsc>. Acesso em: 28 nov. 2016. Segundo Kaplan e Norton (1997), os indicadores do BSC além de servirem para arti- cular a estratégia organizacional, são utilizados também para comunicar e dissemi- nar a estratégia para toda a companhia bem como para auxiliar a alinhar iniciativas individuais, organizacionais e interdepartamentais, objetivando o atingimento de uma meta comum. Isso significa que o BSC contribui para o alinhamento de toda a companhia com suas estratégias. Unidade 5 • Balanced Scorecard e a gestão do capital intelectual126/247 O BSC propõe que os fatores incentivadores do desempenho não são inteiramente re- presentados pelas medidas contábeis e fi- nanceiras, devendo existir uma ligação que evidencie relações de influência entre indi- cadores não financeiros e financeiros. (RU- GGIERO, 2016) Essa relação de causa e efeito proporcionada pelo BSC disponibiliza melhor alinhamento empresarial com a visão e missão da compa- Link Veja: <https://www.albertopruggiero.blogs- pot.com.br/2016/12/desmistificando-o-ba- lanced-scorecard.html>. Acesso em 13 abr. 2017. nhia, à medida que se concretiza uma base de indicadores ligados por quatro perspecti- vas estratégicas, denominadas: perspectiva do cliente, perspectiva interna, perspectiva de aprendizado e crescimento e perspectiva financeira (KAPLAN e NORTON, 2001). Link Veja: Um estudo sobre indicadores de desempe- nho na perspectiva do cliente a partir do balanced scorecard. Disponível em: <http://www.spell. org.br/documentos/ver/9960>. Acesso em 28 nov. 2016. Cada uma das perspectivas traz em sua concepção uma questão que embasa os desdobramentos lógicos que delimitarão a elaboração de objetivos e indicadores e que Unidade 5 • Balanced Scorecard e a gestão do capital intelectual127/247 serão utilizados para a condução das ações, como também das principais tomadas de decisão na companhia, conforme pode ser observado na figura a seguir: Figura 5: Questões relacionadas com as perspectivas do BSC Fonte: adaptado de Kaplan e Norton (2001) Para cada uma das perspectivas do BSC, devem ser determinados os seguintes itens, segundo Kaplan e Norton (2001): Unidade 5 • Balanced Scorecard e a gestão do capital intelectual128/247 • Objetivos: o que a estratégia define para ser obtido em cada perspectiva; • Indicadores: como será mensurado o progresso em um determinado obje- tivo estratégico; • Ativos: o que deverá ser obtido como meta em cada indicador; • Iniciativas: o que deverá ser feito para facilitar o atingimento da meta esti- pulada para um determinado indica- dor. Para mensurar o desempenho organiza- cional, o BSC baseia-se em indicadores fi- nanceiros e não financeiros. Os objetivos fi- nanceiros servem de foco para os objetivos e mensuração das outras perspectivas do BSC. Os indicadores não financeiros estão li- gados a outras três perspectivas: a de clien- tes, em termos de satisfação; a perspectiva interna, em termos de produtos sem defei-tos, entregues sem atraso e inovadores; e a perspectiva de recursos e infraestrutura, baseados em pessoas motivadas e que pos- suem as competências para executar as ati- vidades. Para Rezende (2003), essa metodologia de- termina uma ligação entre a estratégia con- cebida e a agenda estratégica da compa- nhia, agindo como um modelo de avaliação, uma organização gerencial e um sistema de gestão. Ainda de acordo com o autor, uma das filo- sofias do BSC tem como finalidade possibili- tar a administração de processos gerenciais críticos, tais como: Unidade 5 • Balanced Scorecard e a gestão do capital intelectual129/247 • Esclarecer e traduzir a visão e a estra- tégia: partindo da alta administração, tem início o processo que objetiva traduzir a estratégia organizacional em objetivos estratégicos específicos para cada setor dentro da companhia; • Comunicar e associar objetivos e me- didas estratégicas: estes devem ser comunicados a toda companhia por meio de mecanismos internos mos- trando aos colaboradores os objetivos críticos que devem ser obtidos para que a estratégia tenha sucesso; • Planejar, estabelecer metas e alinhar iniciativas estratégicas: o BSC pro- duz impacto maior ao ser usado para inspirar a mudança empresarial com o estabelecimento de metas para os objetivos do scorecard; • Melhorar o feedback e o aprendizado estratégico: talvez seja o processo ge- rencial mais inovador e de maior im- portância do BSC, pois concebe instru- mentos para o aprendizado organiza- cional em nível executivo, permitindo que a estratégia possa ser monitorada e ajustada, se for o caso. Esse agrupamento de medidas pode ser ob- servado na figura a seguir: Unidade 5 • Balanced Scorecard e a gestão do capital intelectual130/247 Figura 6: Os quatro processos da gestão da estratégia Fonte: adaptado de Kaplan e Norton (2004) Unidade 5 • Balanced Scorecard e a gestão do capital intelectual131/247 2. Balanced Scorecard e a gestão do capital intelectual sob quatro perspectivas Para Kaplan e Norton (2004 apud GUSMÃO, BATISTA, 2008) a complexidade do geren- ciamento das companhias atualmente de- manda que os gestores tenham condições de visualizar o desempenho da organização sob quatro importantes pontos de vista: Perspectiva financeira (como parecemos aos acionistas?): estes indicadores eviden- ciam se a implementação e a realização da estratégia da companhia contribuem para o incremento dos resultados. Os objetivos financeiros padrões estão relacionados à rentabilidade, ao crescimento e valor aos acionistas. Perspectiva dos clientes (como os clientes nos enxergam?): o Balanced Scorecard im- põe que os gestores traduzam a declaração da missão sobre os serviços aos clientes em indicadores que revelem os fatores real- mente importantes para eles. O interesse dos clientes compreende basicamente qua- tro categorias: qualidade, prazo, desempe- nho e serviços e custo. Perspectiva interna da empresa (em que precisamos ser excelentes?): estes indica- dores necessitam refletir os processos or- ganizacionais que exercem o maior impac- to sobre a satisfação do cliente, tais como a qualidade, a habilidade dos colaborado- res e a produtividade. As companhias tam- bém precisam esforçar-se em estabelecer e medir suas competências essenciais, bem Unidade 5 • Balanced Scorecard e a gestão do capital intelectual132/247 como definir processos e competências nos quais alcançarão a excelência com o desenvolvi- mento de indicadores. Para saber mais Competência essencial é um conjunto de habilidades e tecnologias que permite a uma organização ofe- recer um determinado benefício aos clientes. Você identifica uma competência essencial quando ela gera valor percebido pelo cliente, provoca diferenciação entre concorrentes e possui capacidade de expan- são. Qualidade na entrega do produto ou serviços e respostas rápidas no atendimento ao cliente não são competências essenciais, são atributos obrigatórios para qualquer empresa. Veja: Você sabe o que é competência essencial? Disponível em: <http://www.administradores.com.br/artigos/tecnologia/ voce-sabe-o-que-e-competencia-essencia/63873/>. Acesso em: 2 maio 2017. Perspectiva de inovação e aprendizado (teremos condição de melhorar e criar valor?): a capa- cidade da companhia de inovar, aperfeiçoar e aprender está diretamente relacionada ao valor da organização. Isso significa que a companhia terá condições de entrar em novos mercados e aumentar suas receitas e margens e aumentar o valor para os acionistas se for capaz de lançar novos produtos, criar mais valor para os clientes e aperfeiçoar continuamente a eficiência ope- racional. Unidade 5 • Balanced Scorecard e a gestão do capital intelectual133/247 Ainda segundo Kaplan e Norton apud Gus- mão e Batista (2004), as quatro perspecti- vas, quando observadas em conjunto, pos- sibilitam uma visão geral da estratégia em uma estrutura que pode ser compreendida, com as perspectivas se integrando por re- lações de causa e efeito. Ou seja, a capaci- tação da companhia possibilita aperfeiçoar seus processos que, por sua vez, satisfazem mais aos clientes e, por isso, propicia me- lhores resultados financeiros. Percebido como um sistema gerencial, o BSC é útil como instrumento de integração interna, à medida que mobiliza os integran- tes das áreas da companhia para identifica- rem (utilizando a visão e missão como base) os fatores críticos das quatro perspectivas. A partir daí, desenvolvem-se os indicadores Para saber mais Eficiência operacional significa exercer atividades semelhantes melhor do que os competidores. In- clui práticas que permitem a uma empresa utilizar os seus recursos da melhor forma. Por exemplo, quanto mais se produz, maior é o poder de bar- ganha, já que o alto volume de aquisições permi- te a negociação de melhores preços, o que gera ganho de escala. Com isso, o custo de fabricação cai, gerando uma economia de escala, e é possí- vel obter uma margem mais vantajosa. Disponível em: <http://www.guiaempreendedor.com/ ganho-de-escala-e-eficiencia-operacional- -conceitos-que-geram-valor/>. Acesso em 13 abr. 2017. Unidade 5 • Balanced Scorecard e a gestão do capital intelectual134/247 que mostrarão se as ações estarão ou não aprumadas com o rumo desejado. As perspectivas apresentadas pelo BSC complementam as medições financeiras existentes, uma vez que evidenciam alguns itens até mesmo não levados em considera- ção pelas avaliações, tais como: avaliação do cliente, identificação de processos internos a serem aperfeiçoados e/ou trabalhados e análise das possibilidades de aprendizado e crescimento, assim como os investimentos realizados em recursos humanos e sistemas de capacitação que podem apresentar mu- danças nas atividades. 3. Balanced Scorecard como ins- trumento para gestão do desem- penho profissional Não tardou para que os administradores enxergassem a possibilidade de aumentar a utilização da metodologia sugerida por Kaplan e Norton (como um modelo geren- cial de mensuração de desempenho) para a utilização do BSC como um modelo central da gestão, passando a ser encarado como um modelo gerencial estratégico com con- dições de nivelar o chão de fábrica ao pri- meiro nível da companhia, tendo por obje- tivo enfrentar as situações na busca da so- brevivência, êxito e crescimento no âmbito competitivo atual. Unidade 5 • Balanced Scorecard e a gestão do capital intelectual135/247 Levando em conta o tamanho da compa- nhia, o BSC pode ser aplicado em organi- zações de pequeno e médio porte, necessi- tando de ajustes nos níveis de complexida- de devido às peculiaridades de cada com- panhia. Nesse sentido, Becker et al. (2001) apresentam uma proposta da utilizaçãodo BSC na área de RH, com a descrição de ma- pas estratégicos de complexidades diver- sas e indicadores conectados à área, tendo como referencial básico as relações de cria- ção de valor propostas por Kaplan e Norton, observadas na próxima figura. Link Veja: Mapa estratégico e painel de desempenho: um estudo numa empresa da grande Florianó- polis. Disponível em: <http://www.periodi- cos.uem.br/ojs/index.php/Enfoque/article/ download/7276/4185>. Acesso em: 28 nov. 2016. Unidade 5 • Balanced Scorecard e a gestão do capital intelectual136/247 Figura 7: Ilustração sobre criação de valor Fonte: adaptado de Kaplan e Norton (2004) A formalização de um alinhamento estratégico de RH depende da ligação dos “produtos” de RH ao processo de implementação da estratégia da companhia (BECKER, HUSELID e ULRICH, 2001). A próxima figura mostra, de forma resumida, os sete passos propostos e que serão expostos em detalhes a seguir. Unidade 5 • Balanced Scorecard e a gestão do capital intelectual137/247 Figura 8: Transformando a arquitetura de RH em ativo estratégico Fonte: Becker, Huselid e Ulrich (2001 p.157) Unidade 5 • Balanced Scorecard e a gestão do capital intelectual138/247 Em primeiro lugar os empregados precisam visualizar de forma clara e pôr em prática os objetivos estratégicos do negócio de forma que compreendam seu papel e a companhia tenha meios para medir seu desempenho com base nesses termos. Uma vez que a es- tratégia da companhia torna-se clara a to- dos, o RH necessita verificar como adicionar valor para a estratégia da companhia. Isso integra de forma direta a influência do RH na implementação da estratégia como também no papel dos sistemas de medição orientados para a estratégia. A criação de um mapa estratégico, segun- do Kaplan e Norton (1997), denota como e onde a companhia cria valor, bem como o impacto das suas várias áreas no processo, podendo ser considerado como um modelo de diagnóstico organizacional. Para saber mais Diagnóstico organizacional é uma radiografia da situação atual da empresa e de seu sistema de gestão. Pode ser desenvolvido com uma aborda- gem mais geral de todo o contexto da gestão ou ter focos específicos em determinados proces- sos. O diagnóstico permite uma visão integrada e articulada da organização ou de um problema específico, resultando em mais agilidade para su- perar os obstáculos e melhor direcionamento dos investimentos. Para o RH, é importante averiguar a sua atu- ação dentro da cadeia de valor da compan- Unidade 5 • Balanced Scorecard e a gestão do capital intelectual139/247 hia por meio do diagnóstico e do mapea- mento desta cadeia de valor, considerando como base os seus indicadores. Esta etapa fará com que o RH faça a si próprio a se- guinte questão: que produtos de RH apoiam os elementos de desempenho no nível da companhia, representados no mapa es- tratégico? (BECKER, HUSELID e ULRICH, 2001). Outra questão que guiará as ações relativas ao próximo passo é: como estruturar o siste- ma de RH (competências, recompensas, or- ganização do trabalho etc.) para que tenha condição de fornecer esses produtos? Neste momento, o alinhamento estratégico de RH aparece mais claramente aos olhos da com- panhia e do próprio RH, sendo necessário um alinhamento sobre os sistemas internos de RH que darão suporte ao alinhamento externo. Neste caso, é importante que se estabeleça uma visão sistêmica da companhia, bem como dos processos de RH. O sétimo e úl- timo passo diz respeito à implementação de uma gestão que use, eficazmente, os in- dicadores mensurados com a aplicação de práticas e estratégias, objetivando o au- mento do desempenho da companhia. Para saber mais Uma cadeia de valor representa o conjunto de atividades desempenhadas por uma organização desde as relações com os fornecedores e ciclos de produção e de venda até à fase da distribuição fi- nal. O conceito foi introduzido por Michael Porter, em 1985. Unidade 5 • Balanced Scorecard e a gestão do capital intelectual140/247 Glossário Despontar: começar a aparecer, surgir, tornar-se visível. Fundamentado: que tem fundamento; que assenta em bases ou razões sólidas, bem embasa- das. Aprumado: correto nas formas de proceder. Questão reflexão ? para 141/247 Como você viu, foi-se o tempo em que mensurar o êxito de uma companhia por seu desempenho financeiro bas- tava. Com a evolução da administração, percebeu-se que mensurar a performance de uma organização apenas pe- los seus dados financeiros gerava resultados incompletos e ineficientes para auxiliar na tomada de decisão. Reflita, na empresa em que atua, sobre as quatro questões estra- tégicas que o BSC contempla: • Para sua empresa alcançar os objetivos pretendidos, como deveria ser percebida pelos clientes? • Para satisfazer os clientes e colaboradores, quais pro- cessos deveriam ser aprimorados? Questão reflexão ? para 142/247 • Para alcançar a visão, o que deveria ser feito para sus- tentar as habilidades, conhecimentos e atitudes das equipes, a fim de que prossigam em um caminho de inovação e aprendizado? • Para obter sucesso financeiro, como deveriam aparecer para os investidores? 143/247 Considerações Finais (1/2) • O Balanced Scorecard (BSC), uma metodologia de gestão criada nos anos 90, por Kaplan e Norton, visa integrar e balancear os indicadores de desempe- nho mais importantes de uma empresa; • O alinhamento empresarial com a visão e missão da companhia é facilitado por meio de quatro perspectivas estratégicas: perspectiva do cliente, pers- pectiva interna, perspectiva de aprendizado e crescimento e perspectiva fi- nanceira; • Para cada perspectiva, devem ser observados os seguintes itens: objetivos, indicadores, ativos e iniciativas; • Para mensurar o desempenho organizacional, o BSC baseia-se em indica- dores financeiros e não financeiros; 144/247 • O BSC tem como finalidade também administrar processos gerenciais críti- cos, tais como: esclarecer e traduzir a visão e a estratégia; comunicar e asso- ciar objetivos e medidas estratégicas; planejar, estabelecer metas e alinhar iniciativas estratégicas; e aperfeiçoar o feedback; • Utiliza-se de mapas estratégicos para mostrar como e onde a empresa cria valor e o impacto das várias áreas organizacionais no processo como um todo. Considerações Finais (2/2) Unidade 5 • Balanced Scorecard e a gestão do capital intelectual145/247 Referências BECKER, B. E.; HUSELID M. A; ULRICH, D. Gestão estratégica de pessoas com scorecard: interli- gando pessoas, estratégia e performance. Rio de Janeiro: Campus, 2001. GUSMAO, S. S.; BATISTA, I. V. C. Balanced Scorecard (BSC): Análise de sua implementação e uti- lização em uma empresa farmacêutica no norte de Minas Gerais. 18º Congresso de Brasileiro de Contabilidade, 2008. KAPLAN, R. S.; NORTON, D. P. A estratégica em ação: balanced scorecard. Rio de Janeiro: Campus, 1997. ________________________________. Organização orientada para a estratégia. Rio de Janeiro: Campus, 2001. ________________________________. Kaplan & Norton na prática. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. REZENDE, J. F. Balanced scorecard e a gestão do capital intelectual. Rio de Janeiro: Campus, 2003. RUGGIERO, Alberto. Desmistificando o Balanced Scorecard. 2016. Disponível em: <https://al- bertopruggiero.blogspot.com.br/2016/12/desmistificando-o-balanced-scorecard.html>. Acesso em: 25 abr. 2017. 146/247 Assista a suas aulas Aula 5 - Tema: Balanced Scorecard e a Gestão do Capital Intelectual. Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/c48c102c80dc0d1708616962b9cf- d47a/3c1074cc2bc9ba995161ceea38874558>. Aula 5 - Tema: Balanced Scorecarde a Gestão do Capital Intelectual. Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/c48c102c80dc0d1708616962b9cf- d47a/b62eff062af797c24a0a11fe11ae2184>. 147/247 1. A criação de um mapa estratégico é importante porque: a) integra a área de RH na implementação da estratégia. b) nivela o chão de fábrica ao topo da companhia. c) possibilita à organização aperfeiçoar seus processos. d) define unicamente a estratégia de negócios. e) mostra como e onde a empresa cria valor e o impacto de suas áreas no processo. Questão 1 148/247 2. Para mensurar o desempenho organizacional, o BSC se baseia em: Questão 2 a) indicadores não financeiros e de qualidade. b) indicadores não financeiros e de RH. c) indicadores financeiros e de marketing. d) indicadores financeiros e não financeiros. e) indicadores financeiros e de processos. 149/247 3. Planejar, estabelecer metas e alinhar iniciativas estratégicas diz res- peito a: Questão 3 a) um dos processos de criação de valor. b) um dos processos de esclarecimento e tradução da visão e da estratégia. c) um dos quatro processos gerenciais críticos. d) um dos processos de visualização do desempenho organizacional. e) um dos processos de comunicação e associação de objetivos e medidas estratégicas. 150/247 4. O Balanced Scorecard permite que os gestores tenham condições de vi- sualizar o desempenho da organização sob as perspectivas: Questão 4 a) dos clientes, do feedback e aprendizado estratégico, financeira e inovação e aprendizado. b) financeira, dos clientes, interna da empresa e inovação e aprendizado. c) interna da empresa, dos clientes, do feedback e aprendizado estratégico e financeira. d) inovação e aprendizado, financeira, interna da empresa e do feedback e aprendizado estra- tégico. e) do feedback e aprendizado estratégico, dos clientes, interna da empresa e inovação e apren- dizado. 151/247 5. O objetivo do Balanced Scorecard é o de: Questão 5 a) integrar e balancear os indicadores de desempenho mais importantes de uma empresa. b) esclarecer e traduzir a visão e a estratégia da companhia. c) traduzir e disseminar a missão e a visão a todos os funcionários da organização. d) definir com clareza a estratégia de negócios da companhia. e) estabelecer uma visão sistêmica da empresa. 152/247 Gabarito 1. Resposta: E. A criação de um mapa estratégico, segun- do Kaplan e Norton (1997), denota como e onde a companhia cria valor, bem como o impacto das suas várias áreas no proces- so, podendo ser considerado um modelo de diagnóstico organizacional. 2. Resposta: D. Para mensurar o desempenho organizacio- nal, o BSC baseia-se em indicadores finan- ceiros e não financeiros. 3. Resposta: C. Para Rezende (2003), essa metodologia de- termina uma ligação entre a estratégia con- cebida e a agenda estratégica da compa- nhia, agindo como um modelo de avaliação, uma organização gerencial e um sistema de gestão. Ainda de acordo com o autor, uma das filo- sofias do BSC tem como finalidade possibili- tar a administração de processos gerenciais críticos, tais como: • Esclarecer e traduzir a visão e a estra- tégia: partindo da alta administração, tem início o processo que objetiva traduzir a estratégia organizacional em objetivos estratégicos específicos para cada setor dentro da companhia; • Comunicar e associar objetivos e me- didas estratégicas: estes devem ser comunicados a toda companhia por 153/247 Gabarito meio de mecanismos internos mos- trando aos colaboradores os objetivos críticos que devem ser obtidos para que a estratégia tenha sucesso; • Planejar, estabelecer metas e alinhar iniciativas estratégicas: o BSC pro- duz impacto maior ao ser usado para inspirar a mudança empresarial com o estabelecimento de metas para os objetivos do scorecard; • Melhorar o feedback e o aprendizado estratégico: talvez seja o processo ge- rencial mais inovador e de maior im- portância do BSC, pois concebe instru- mentos para o aprendizado organiza- cional em nível executivo, permitindo que a estratégia possa ser monitorada e ajustada, se for o caso. 4. Resposta: B. Para Kaplan e Norton (2004), a complexida- de do gerenciamento das companhias atu- almente demanda que os gestores tenham condições de visualizar o desempenho da organização sob quatro importantes pon- tos de vista: Perspectiva financeira (como parecemos aos acionistas?); perspectiva dos clientes (como os clientes nos enxergam?); perspec- tiva interna da empresa (em que precisa- mos ser excelentes?); e perspectiva de ino- vação e aprendizado (teremos condição de melhorar e criar valor?). 154/247 Gabarito 5. Resposta: A. O conceito de Balanced Scorecard (BSC), concebido por Robert S. Kaplan e David P. Norton, é uma metodologia de gestão que tem como objetivo integrar e balancear os indicadores de desempenho mais impor- tantes de uma companhia, com o estabele- cimento de objetivos. 155/247 Unidade 6 Análise das perspectivas do Balanced Scorecard com foco na aprendizagem e crescimento Objetivos 1. Compreender a importância e o impac- to da perspectiva de aprendizagem e crescimento sobre outras perspectivas 2. Estar ciente acerca da estrutura dos indicadores da perspectiva de apren- dizagem e crescimento 3. Perceber o efeito dos indicadores cha- ve da perspectiva da aprendizagem e crescimento sobre os outros indicado- res. 4. Ter conhecimento do que é uma orga- nização de aprendizagem. Unidade 6 • Análise das perspectivas do Balanced Scorecard com foco na aprendizagem e crescimento156/247 Introdução Levando em conta a velocidade e a com- plexidade das transformações sociais, eco- nômicas, políticas, culturais e tecnológicas bem como considerando a maior competi- tividade reinante no mundo organizacional e a consequente necessidade de se desta- car diante dos concorrentes, as companhias têm modificado seu foco, fruto não apenas da evolução tecnológica, mas principal- mente do aumento dos padrões de exigên- cia dos consumidores atuais e clientes po- tenciais. Mudanças de paradigmas e reflexão dos modelos organizacionais, conceitos e técni- cas adotadas pelas empresas levam a essa reflexão e transformação. Isso implica, por parte das companhias, numa preocupação maior acerca de seus recursos humanos, abrangendo crescimento pessoal e profis- sional dos colaboradores, ambiente ajusta- do, engajamento e segurança. As companhias aumentaram sua sensibili- dade em relação às suas próprias exigências resultantes dessa preocupação, elevando a percepção sobre como estes tópicos cola- boram na motivação dos empregados para alcançar os objetivos organizacionais. É desta forma que se torna indispensável a utilização de um sistema de medição do de- sempenho dos recursos humanos. Ao contrário de alguns anos, as formas tra- dicionais de avaliação de desempenho fun- damentadas em custo e eficiência não pre- enchem as necessidades da gestão em re- lação ao alcance dos objetivos estratégicos. Unidade 6 • Análise das perspectivas do Balanced Scorecard com foco na aprendizagem e crescimento157/247 O ponto central passa a ser a criação de va- lor por meio dos colaboradores, que neces- sitam estar preparados para atender às de- mandas específicas dos clientes. As vanta- gens competitivas até então utilizadas que se assentam em ativos tangíveis têm sido gradualmente substituídas por novas van- tagens conectadas a recursos baseados no conhecimento. Isso significa que a perspectiva de apren- dizado e crescimento é aspecto-chave por formar a base do aperfeiçoamento da qua- lidade e da inovação. Mesmo porque não adianta a companhia funcionar muito bem no aspecto financeiro, possuirboas relações com os clientes e ser dotada de excelentes processos se não se alterarem e se aperfei- çoarem continuamente. 1. Análise da perspectiva apren- dizado e crescimento Os objetivos estipulados nas perspectivas financeira, do cliente e dos processos inter- nos mostram em quê a companhia precisa se destacar para alcançar alto desempenho. A perspectiva de aprendizado e crescimen- to é a que possibilita a integração dos ati- vos intangíveis da companhia com os ativos financeiros que, unidos, manifestam o valor da empresa. Por isso, várias organizações têm dado ênfase aos projetos de gestão do conhecimento valorizando, com isso, seu capital intelectual. Nesta perspectiva, averigua-se o gerencia- mento da companhia, se com êxito no de- senvolvimento e retenção das pessoas, no Unidade 6 • Análise das perspectivas do Balanced Scorecard com foco na aprendizagem e crescimento158/247 conhecimento e nos sistemas. Isso supõe recrutamento mais rígido, a fim de incorpo- rar empregados com maior capacidade de análise. Kaplan e Norton (1997) classificam a pers- pectiva do aprendizado e crescimento em três categorias: 1. Capacidade dos funcionários: efetuar o mesmo trabalho, da mesma forma, com o mesmo nível de eficiência não é mais o bastante para o sucesso em- presarial. Mesmo para manter a posi- ção atual as companhias se veem ins- tigadas a melhorar continuamente. As ideias que possibilitam aperfeiçoar os procedimentos e a performance, cada vez mais, originam-se dos colabo- radores da linha de frente, que estão mais próximos dos processos internos e dos clientes da companhia. Isso sig- nifica que o processo de desenvolvi- mento dos empregados deve ser con- tínuo, tendo em vista o alinhamento das competências dos colaboradores com a estratégia empresarial, o que permite à organização realizar seus objetivos. 2. Capacidade dos sistemas de informa- ção: esse indicador determina a situ- ação atual das informações frente às necessidades previstas e às tecnolo- gias à disposição para o desempenho da função com eficiência e eficácia. Para assegurar um desempenho ade- quado às necessidades dos clientes, as companhias necessitam prover os Unidade 6 • Análise das perspectivas do Balanced Scorecard com foco na aprendizagem e crescimento159/247 colaboradores de informações que os possibilitem atuar com eficácia, fazendo com que fiquem informados que suas ações poderão ter impacto direto sobre os clientes, os processos internos e, como consequência, para as finanças da companhia. 3. Motivação, empowerment e alinha- mento: até para colaboradores habi- litados, que contam com adequado acesso às informações, não contribui- rão para o êxito empresarial se não fo- rem estimulados a atuar no melhor in- teresse da companhia, ou se não pos- suírem liberdade de decisão ou ação. Por isso, esta categoria contempla o clima organizacional para motivação e iniciativa dos empregados. De forma diferente do que ocorre com as outras perspectivas, a quantidade de me- didas para a perspectiva do aprendizado e crescimento é menor. Para Kaplan e Norton (1997) isso é um indicador de que ainda não estão unidos de forma adequada os objeti- vos estratégicos ligados às pessoas e os ob- jetivos de longo prazo da organização. Link Veja: A perspectiva de aprendizado e crescimen- to do balanced scorecard como elemento nortea- dor das ações de endomarketing. Disponível em: <http://www.simpep.feb.unesp.br/anais/ anais_13/artigos/753.pdf>. Acesso em: 30 nov. 2016. Unidade 6 • Análise das perspectivas do Balanced Scorecard com foco na aprendizagem e crescimento160/247 Kaplan e Norton (2001) salientam que or- ganizações precisam investir em formação para os empregados, com o objetivo de ali- nhar as suas mentes às estratégias da com- panhia, assim como investir no desenvolvi- mento dos novos produtos e serviços, nas estruturas organizacionais e na gestão dos processos operacionais. Para estes autores, isso supõe a apreciação de um novo papel do empregado, ou seja, antecipar-se às necessidades dos clientes, oferecendo-lhes produtos e serviços que excedam suas expectativas. São os empre- gados que fornecem as ideias com o intuito de aperfeiçoar os processos da companhia. Isso dá origem a uma forte necessidade de conceder formação para que venham a ser mais produtivos e criativos. Com isso, po- dem conquistar a satisfação dos clientes e a produtividade almejada pela companhia. A área de RH das companhias que desen- volvem o BSC pode aprofundar sua impor- tância dentro do contexto organizacional se aplicar as medidas indispensáveis desta perspectiva. A satisfação, retenção e pro- dutividade dos empregados precisam ser as dimensões mais trabalhadas para a formu- lação de estratégias. Na perspectiva de aprendizado e cresci- mento, o ator principal é o próprio funcio- nário, que por meio de seu valor aprenderá, criará e compartilhará conhecimento, cola- borando com suas competências para a ge- ração de valor de forma integrada, em todas as outras perspectivas do BSC. Unidade 6 • Análise das perspectivas do Balanced Scorecard com foco na aprendizagem e crescimento161/247 2. Definição de indicadores Segundo Kaplan e Norton (1997), a maioria das companhias estabelece objetivos para os colaboradores retirados de uma base co- mum de três mensurações de resultados: satisfação dos colaboradores; retenção dos colaboradores; e produtividade dos co- laboradores. A estrutura dos indicadores da perspectiva de aprendizagem e crescimento é represen- tada na figura a seguir. Link Veja: A relação entre a satisfação dos funcioná- rios e a satisfação dos clientes: estudo nas em- presas de software do município de Belo Horizon- te. Disponível em: <http://scielo.br/pdf/rausp/ v50n1/0080-2107-rausp-50-01-0056.pdf>. Acesso em: 30 nov. 2016. Unidade 6 • Análise das perspectivas do Balanced Scorecard com foco na aprendizagem e crescimento162/247 Figura 9: Estrutura dos indicadores da perspectiva aprendizagem e crescimento Fonte: Adaptado de Kaplan e Norton (2001). Kaplan e Norton (2001) consideram a retenção, a produtividade e a satisfação dos emprega- dos como indicadores-chave. Ainda segundo os autores, esses três fatores são os impulsiona- Unidade 6 • Análise das perspectivas do Balanced Scorecard com foco na aprendizagem e crescimento163/247 dores dos resultados da companhia, sendo auxiliados por: competência das pessoas, infraestrutura tecnológica e clima laboral. Daí ser necessário refletir sobre a forma de mensurar cada uma dessas dimensões. • Mensuração da satisfação dos em- pregados: de acordo com Ulrich (2003), as companhias que obtêm su- cesso na compreensão da motivação de seus colaboradores têm obtido êxi- to, pois esse fato resulta em práticas e políticas de recursos humanos mais alinhadas para a promoção e manu- tenção do engajamento dos funcio- nários. Kaplan e Norton (2001) sus- tentam que para o atingimento de um elevado grau de satisfação dos clien- tes, estes precisam ser atendidos por empregados satisfeitos. • Mensuração da retenção dos empre- gados: para Kaplan e Norton (2001), a rotatividade das pessoas pode ser Para saber mais “A satisfação dos funcionários é um fator funda- mental para que os níveis de motivação e de pro- dutividade de uma companhia estejam sempre em alta tendo em vista que, quanto maior a satis- fação de um funcionário em relação ao seu tra- balho, maior será o seu empenho e, consequen- temente, as suas conquistas (tanto para si como para a organização como um todo).” (A relação da motivação para o trabalho com as metas do tra- balhador. Disponível em: <http://www.scielo. br/pdf/rac/v7n4/v7n4a03.pdf>. Acesso em: 13 abr.2017) Unidade 6 • Análise das perspectivas do Balanced Scorecard com foco na aprendizagem e crescimento164/247 uma das formas mais apropriadas de mensurar a retenção das pessoas na companhia. Os autores salientam que pessoas leais e com ligação de longo prazo na companhia garantem o conhecimento dos processos e a sensibilidade necessária diante dos clientes. Para saber mais “A rotatividade dos funcionários, também conhecida como turnover, é a frequência com que emprega- dos entram e saem de uma empresa. O que mais preocupa as companhias é quando essa rotatividade torna-se alta, pois, além de gerar custos de demissões e contratações, o trabalho acaba não evoluindo, uma vez que diversos profissionais passam pelo mesmo cargo sem que haja progresso significativo para a companhia.” (Disponível em: <http://www.ibccoaching.com.br/portal/rh-gestao-pessoas/cau- sas-rotatividade-de-funcionarios/>. Acesso em 13 abr. 2017) • Mensuração da produtividade dos empregados: os ganhos por colaborador compõem um indicador simples que permite mensurar a produtividade dos mesmos. Entretanto, a estru- tura interna da companhia não pode ser alterada com base somente nesse indicador uma vez que o mesmo apresenta limitações. A mensuração da motivação individual dos colabo- radores deverá sem complementada com outros indicadores econômicos. Unidade 6 • Análise das perspectivas do Balanced Scorecard com foco na aprendizagem e crescimento165/247 Em se tratando das três categorias já apre- sentadas (capacidade dos funcionários, capacidade dos sistemas de informação e motivação, empowerment e alinhamento), os indicadores e suas respectivas fórmu- las mais utilizados por categoria são relata- dos a seguir: • Capacidade dos funcionários: • Satisfação dos colaboradores (nú- mero de colaboradores satisfeitos/ número total de colaboradores) x100; • Retenção dos colaboradores (nú- mero de colaboradores-chave de- mitidos/número total de funcioná- rios-chave) x100; • Produtividade por colaborador (produtividade/número de colabo- radores); • Lucratividade por colaborador (lu- cro líquido antes dos impostos/nú- mero de colaboradores); • Tempo necessário para que os co- Link Veja: Análise dos indicadores de desempenho sob a ótica da perspectiva aprendizado e cresci- mento: estudo de caso no ramo de embalagens plásticas. Disponível em: <http://www.seer. ufrgs.br/ProdutoProducao/article/viewFi- le/47018/33656>. Acesso em 30 nov. 2016. Unidade 6 • Análise das perspectivas do Balanced Scorecard com foco na aprendizagem e crescimento166/247 laboradores atinjam os patamares de competência exigidos (valor do investimento no desenvolvimento na competência dos colaboradores x número de colaboradores); • Qualidade do serviço prestado (va- lor agregado x número de colabo- radores); • Percentual de licenciados (número de colaboradores licenciados/nú- mero total de colaboradores) x100; • Taxa de absenteísmo (total de fal- tas injustificadas/total de dias úteis trabalhados x número de colabora- dores) x100; • Rotatividade média por colabora- dor (turnover) (número de colabo- radores desligados no mês/núme- ro de colaboradores no fim do mês) x100; • Idade média dos colaboradores (somatório das idades dos colabo- radores/número total de colabora- dores); • Evolução do número de colabo- radores (número total de colabo- radores no início do ano/número total de colaboradores no final do ano) x100; • Quantia total de prêmios e incenti- vos (quantia total de prêmios e in- centivos em $). • Capacidade dos sistemas de informa- ção: Unidade 6 • Análise das perspectivas do Balanced Scorecard com foco na aprendizagem e crescimento167/247 • Investimento em tecnologia da in- formação por colaborador (investi- mentos em tecnologia da informa- ção/número de colaboradores); • Novos equipamentos adquiridos (valor dos novos equipamentos ad- quiridos/número de colaborado- res); • Valor dos sistemas de informação da companhia (valor dos sistemas de informação gerenciais da com- panhia em $); • Contratos por colaborador na área de tecnologia da informação (nú- mero de contratos/número de co- laboradores na área de tecnologia da informação); • Número de PC’s por colaborador (número de PC’s/número de cola- boradores); • Percentual de processos que ofere- cem feedback em tempo real sobre qualidade, tempo e custo (número de processos que oferecem fee- dback em tempo real sobre quali- dade, tempo e custo/número total de processos) x100; • Percentual de colaboradores que lidam diretamente com clientes e têm acesso online às informações relacionadas a eles (número de co- laboradores que lidam diretamente com o cliente e têm acesso online às informações do cliente/número Unidade 6 • Análise das perspectivas do Balanced Scorecard com foco na aprendizagem e crescimento168/247 de colaboradores que lidam com cliente) x 100; • Número de postos de trabalho in- formatizados (número de postos de trabalho informatizados/núme- ro de postos de trabalho total). • Motivação, empowerment e alinha- mento: • Motivação dos colaboradores (nú- mero de colaboradores motivados/ número de colaboradores) x100; • Número de sugestões por colabo- rador (sugestões/número de cola- boradores) x100; • Número de sugestões por colabo- rador implementadas (número de sugestões implementadas/número de sugestões) x100; • Promoção baseada no mérito (nú- mero de promoções baseadas em mérito/número de promoções to- tais) x100; • Número de horas de formação/ano por colaborador; (número de horas de formação/ano por colaborador x número de colaboradores); • Determinação dos colaboradores para alcançar os objetivos (núme- ro de colaboradores determinados/ número de colaboradores) x100; • Despesas de formação por número de colaboradores ($) (despesas de Unidade 6 • Análise das perspectivas do Balanced Scorecard com foco na aprendizagem e crescimento169/247 formação por número de colabora- dores em $); • Tempo de formação (dias/ano); • Envolvimento nas decisões (núme- ro de colaboradores envolvidos nas decisões); • Índice de alinhamento das pessoas com o BSC (índice de colaborado- res alinhados com o BSC/número de colaboradores) x100. 3. Impactos na produção e pro- dutividade Segundo Kaplan e Norton (1997), a gestão do conhecimento e a perspectiva de apren- dizado e crescimento somadas à modifi- cação do papel dos colaboradores, foi uma das modificações mais fundamentais do pensamento gerencial dos últimos anos. O pensamento gerencial que era o da força física passa a ser o de analista de dados ab- stratos, extraídos de ambientes automa- tizados. São os trabalhadores do conhec- imento. Unidade 6 • Análise das perspectivas do Balanced Scorecard com foco na aprendizagem e crescimento170/247 As ideias que possibilitam incrementar o desempenho para os clientes externos são oriundas dos colaboradores operacionais, aqueles com atuação direta nos processos internos da companhia e junto aos clientes dos outros setores. Um processo mais criterioso de recruta- mento de colaboradores, com mais capaci- dade de análise e alinhado aos objetivos empresariais é demandado devido a esta mudança de patamar, na qual é cada vez mais exigida análise crítica de dados e in- formações por parte dos empregados, in- dependente do cargo ou nível de atuação. Dessa forma, a escolha de colaboradores representa uma importante decisão de in- vestimento por parte da alta administração. Para saber mais O trabalhador do conhecimento é aquele que uti- liza suas capacidades intelectuais no desempenho de uma atividade profissional, permitindo agregar valor ao resultado do seu trabalho. Peter Drucker, o famoso guru daadministração, cunhou este termo há mais de 50 anos, prevendo que o trabalhador do conhecimento aplicaria seus recursos intelec- tuais e não sua capacidade física no desempenho das atividades, produzindo muito mais riqueza do que os trabalhadores manuais. (O trabalhador do conhecimento e o aproveitador de oportunidades. Disponível em: <https://www.portal-gestao. com/artigos/6227-o-trabalhador-do-co- nhecimento-e-o-aproveitador-de-oportuni- dades.html.>. Acesso em: 13 abr. 2017) Unidade 6 • Análise das perspectivas do Balanced Scorecard com foco na aprendizagem e crescimento171/247 O efeito da perspectiva de aprendizado e crescimento é o de elevar o nível agregado de conhecimento das demais perspectivas, objetivando não só a melhoria dos resulta- dos financeiros como também o aumento da produção e da produtividade. Para que as companhias possam ser vistas como organizações de contínua aprendiza- gem, é imprescindível alterar a forma frag- mentada de enxergar as coisas e permitir que as pessoas ampliem sua capacidade de criação, de liberação das aspirações coleti- vas e as equipes a aprenderem em conjunto (SENGE, 2001). Levando em conta que as mudanças ne- cessitam de um determinado tempo para serem aperfeiçoadas e depois integradas pelas companhias, Senge apresenta cinco disciplinas da organização de aprendizagem, que têm como proposta tornar claro como o aprendizado ocorre em uma companhia. Seguem as cinco disciplinas referentes ao pensamento do autor: Link Organizações de aprendizagem ou aprendizagem organizacional. (Disponível em: <http://www. scielo.br/pdf/raeel/v3n1/v3n1a08>. Acesso em: 30 nov. 2016) 1. O domínio pessoal aprimora a paciên- cia, você aprende, aprofunda e enxer- ga com mais nitidez a realidade dos fatos. Auxilia-o a esclarecer o que é realmente importante para você, per- Unidade 6 • Análise das perspectivas do Balanced Scorecard com foco na aprendizagem e crescimento172/247 mitindo que foque suas energias em seus objetivos. 2. Os modelos mentais são ideias enrai- zadas e generalizações que impac- tam sua atitude e como você enxerga o mundo. O modelo que você retém muitas vezes é o que causa o impedi- mento da sua modificação. Você ne- cessita submergir seus modelos men- tais e analisá-los, consentido que so- fram questionamentos e influências dos outros. 3. O objetivo comum é a imagem do fu- turo que você pretende conceber. Possuir um objetivo compartilhado possibilitará a participação conjunta Para saber mais modelo mental é o conjunto de sentidos, pres- supostos, regras de raciocínio, inferências etc. que nos leva a fazer determinada interpretação e julgamento das coisas. Os modelos mentais de- finem como percebemos, sentimos, pensamos e interagimos. Os modelos mentais são condicio- nados pela biologia, linguagem, cultura e expe- riência pessoal. Modelo mental é o modo como uma pessoa percebe, compreende e interpreta o mundo ao seu redor, levando-o a efetuar inferên- cias e julgamentos sobre coisas e pessoas. Unidade 6 • Análise das perspectivas do Balanced Scorecard com foco na aprendizagem e crescimento173/247 com outros dos valores e compromis- sos com toda a companhia. Quando o objetivo é concreto e legítimo, as pes- soas o trazem para si fazendo desta sua imagem de futuro. 4. O aprendizado em grupo é consequên- cia do diálogo, da troca, da capacidade de ações organizadas, de reconhecer o que dificulta a interação e o apren- dizado do grupo. Quando as equipes aprendem, os resultados são excep- cionais o crescimento individual tam- bém se pronuncia. 5. A compreensão do raciocínio sistêmi- co: para compreender um sistema é preciso entender o conjunto como um todo e não somente as partes isoladas. Nos negócios, na vida, você precisa ter o raciocínio sistêmico porque os atos estão interligados e exercem impacto uns sobre os outros. Quando os colab- oradores de uma companhia preocu- pam-se apenas com sua função, não se sentem responsáveis pelo resul- tado e fica mais difícil reconhecer a razão do erro. Como não se sentem responsáveis, a culpa será sempre do outro e não se conseguirá perceber os efeitos de suas ações. Unidade 6 • Análise das perspectivas do Balanced Scorecard com foco na aprendizagem e crescimento174/247 Glossário Paradigma: algo que serve de exemplo geral ou modelo, ou seja, um padrão. Instigado: aquele que é estimulado. Agregado: que está associado, reunido; anexo. Generalização: extensão de um princípio, conceito, bem como de resultados ou de observações de ocorrências particulares a todos os casos a que se pode aplicá-los. Questão reflexão ? para 175/247 Como você viu, o termo “aprendizado e crescimento” é uma das perspectivas do Balanced Scorecard que se baseia nas pessoas e na infraestrutura de RH necessárias ao sucesso da companhia, con- siderando vários indicadores para mensurar o desempenho. Uti- lizando os componentes dessa perspectiva (capacidade dos fun- cionários, capacidade dos sistemas de informação e motivação, empowerment e alinhamento), reflita sobre quaisquer três indica- dores de cada categoria (visto nas páginas anteriores), conforme sua percepção e análise, verificando se os mesmos estão alinhados aos objetivos da sua empresa. 176/247 Considerações Finais • A perspectiva de aprendizado e crescimento é a que possibilita a integração dos ativos intangíveis com os ativos tangíveis de uma empresa; • A perspectiva de aprendizado e crescimento é classificada em três catego- rias: capacidade dos funcionários, capacidade dos sistemas de informação e motivação, empowerment e alinhamento; • Grande parte das organizações estabelece objetivos para os funcionários, extraídos de uma base comum das medidas: satisfação dos colaboradores; retenção dos colaboradores e produtividade dos colaboradores; • As cinco disciplinas de uma organização de aprendizagem consistem em: domínio pessoal, modelos mentais, objetivo comum, aprendizado em grupo e raciocínio sistêmico. Unidade 6 • Análise das perspectivas do Balanced Scorecard com foco na aprendizagem e crescimento177/247 Referências KAPLAN, R. S.; NORTON, D. P. A estratégia em ação: balanced scorecard. Rio de Janeiro: Campus, 1997. ________________________________. Organização orientada para a estratégia. Rio de Janeiro: Campus, 2001. SENGE, P. M. A quinta disciplina: arte e prática da organização que aprende. São Paulo: Best Sell- er, 2001. ULRICH, D. Recursos humanos estratégicos: novas perspectivas para os profissionais de RH. São Paulo: Futura, 2003. 178/247 Assista a suas aulas Aula 6 - Tema: Análise das Perspectivas do Ba- lanced Scorecard com Foco na Aprendizagem e Crescimento. Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/c48c102c80dc0d1708616962b9cf- d47a/23be1bcf25699f586d9c38b21e5dd481>. Aula 6 - Tema: Análise das Perspectivas do Ba- lanced Scorecard com Foco na Aprendizagem e Crescimento. Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/c48c102c80dc0d1708616962b9cf- d47a/c81b36805aa1974d2d4d5afd8ce86a2b>. 179/247 1. A consequência da perspectiva de aprendizado e crescimento é o de: Questão 1 a) transformar a empresa numa organização que aprende. b) elevar o nível agregado de conhecimento das demais perspectivas. c) aumentar o nível de satisfação dos funcionários. d) aumentar o nível de produtividade dos funcionários. e) aperfeiçoar o processo de retenção dos funcionários. 180/247 2. O item mais importante da perspectiva de aprendizado e crescimento é: Questão 2 a) o clima organizacional. b) o número de sugestões. c) o número de equipamentos informatizados disponíveis.d) o feedback. e) o funcionário. 181/247 3. A perspectiva da aprendizagem e crescimento é constituída por: Questão 3 a) capacidade dos funcionários, capacidade dos sistemas de informação e motivação, em- powerment e alinhamento. b) capacidade dos funcionários, capacidade dos sistemas de informação e aprendizado em grupo. c) motivação, empowerment e alinhamento, retenção dos funcionários e capacidade dos fun- cionários. d) motivação, empowerment e alinhamento, capacidade dos sistemas de informação e raciocí- nio sistêmico. e) capacidade dos sistemas de informação, capacidade dos funcionários e modelos mentais. 182/247 4. As cinco disciplinas da organização que aprende compreendem: Questão 4 a) domínio pessoal, modelos mentais, objetivo comum, aprendizado em grupo e motivação, empowerment e alinhamento. b) modelos mentais, objetivo comum, capacidade dos funcionários, aprendizado em grupo e raciocínio sistêmico. c) capacidade dos sistemas de informação, aprendizado em grupo, raciocínio sistêmico, mo- delos mentais e domínio pessoal. d) domínio pessoal, modelos mentais, objetivo comum, aprendizado em grupo e raciocínio sis- têmico. e) objetivo comum, aprendizado em grupo, modelos mentais, satisfação dos empregados e raciocínio sistêmico. 183/247 5. Os indicadores chave da perspectiva da aprendizagem e crescimento são: Questão 5 a) o empowerment, a produtividade e a retenção dos funcionários. b) o alinhamento, o domínio pessoal e a produtividade dos funcionários. c) a retenção, a produtividade e a satisfação dos funcionários. d) a produtividade, a satisfação e a capacidade dos funcionários. e) a satisfação, o alinhamento e a retenção dos funcionários. 184/247 Gabarito 1. Resposta: B. O efeito da perspectiva de aprendizado e crescimento é o de elevar o nível agregado de conhecimento das demais perspectivas, objetivando não só a melhoria dos resulta- dos financeiros como também o aumento da produção e da produtividade. 2. Resposta: E. Na perspectiva de aprendizado e cresci- mento, o ator principal é o próprio funcio- nário, que por meio de seu valor aprenderá, criará e compartilhará conhecimento, cola- borando com suas competências para a ge- ração de valor de forma integrada, em todas as outras perspectivas do BSC. 3. Resposta: A. Kaplan e Norton (1997) classificam a pers- pectiva do aprendizado e crescimento em três categorias: capacidade dos funcioná- rios, capacidade dos sistemas de informa- ção e motivação, empowerment e alinha- mento. 4. Resposta: D. Senge (2001) apresenta cinco disciplinas da organização de aprendizagem. São elas: do- mínio pessoal, modelos mentais, objetivo comum, aprendizado em grupo e raciocínio sistêmico. 185/247 Gabarito 5. Resposta: C. Kaplan e Norton (2001) consideram a re- tenção, a produtividade e satisfação dos empregados como indicadores-chave. 186/247 Unidade 7 Práticas de gestão do conhecimento e formação de comunidades de aprendizagem Objetivos 1. Entender o que são práticas de gestão do conhecimento, para que servem e os tipos mais utilizados pelas organi- zações. 2. Compreender a finalidade das comuni- dades de aprendizagem e sua diferen- ciação dentre outros arranjos grupais. 3. Ter conhecimento sobre a importân- cia da formação dos multiplicadores de gestão do conhecimento e sua con- tribuição para o desenvolvimento das equipes. Unidade 7 • Práticas de gestão do conhecimento e formação de comunidades de aprendizagem187/247 Introdução Apesar de toda a discussão que tem gerado nos últimos anos, no que diz respeito ao acú- mulo de saberes, a gestão do conhecimento vem se tornando uma forma de inovação organizacional, à medida que requer um novo modo de ver e pensar a companhia. A questão que tem gerado embate é a de que, por se tratar de um valioso recurso estraté- gico para as empresas, acumular cada vez mais conhecimento sobre algo, como de- sejam alguns, não possibilita à companhia maior poder de competição, se o conheci- mento acumulado não estiver alinhado à estratégia empresarial. Como já menciona- do anteriormente, a criação e implantação de processos que coordenem, armazenem e propaguem o conhecimento são encaradas como desafio por parte das organizações. Para saber mais “A inovação organizacional diferencia uma com- panhia da outra, por meio da qualidade e produti- vidade. É por meio da reorganização de processos e métodos de trabalho que é possível potencia- lizar as inovações com as tecnologias. As altera- ções permitem mudanças no processo de gestão, modificando a natureza das tomadas de decisões, aplicação dos recursos, definições dos processos gerenciais e de responsabilidades, incluindo ain- da a sistemática de relacionamentos e avaliação do desempenho dos colaboradores.” (Gestão da inovação. Disponível em: <http://www.amc- consult.com.br/gestao-da-inovacao-6-ino- vacao-organizacional/>. Acesso em: 18 abr. 2017. Unidade 7 • Práticas de gestão do conhecimento e formação de comunidades de aprendizagem188/247 Nesse contexto, a gestão do conhecimento tem sido uma das principais formas utiliza- das pelas organizações para se manterem em patamar competitivo, pois é a Gestão do Conhecimento (GC) que possibilita ala- vancar práticas de gestão capazes de criar e compartilhar conhecimentos por toda a companhia, incentivando inovações e ten- do como efeito resultados positivos. Na nova economia a gestão do conheci- mento tornou-se um método de uso cor- riqueiro na maior parte das empresas, seja formal ou informalmente, de forma sistêmi- ca. A GC vem sendo empregada em alguns níveis e áreas da companhia e como apoio da utilização das tecnologias de informa- ção, como apoio aos processos de criar, coletar, compartilhar e empregar conhe- cimento para criação de valor por meio de resultados de desempenho, aprendizagem e inovação. Para saber mais nova economia é uma expressão criada no final da década de 1990, para descrever o resultado da transição de uma economia baseada na indústria para uma economia baseada nos serviços. O uso dessa expressão foi bastante popular no final dos anos 1990, quando ocorreu a chamada bolha das empresas ponto com. Fonte: Wikipedia A disponibilidade das ferramentas tecno- lógicas e de comunicação tem promovido acesso a uma quantidade enorme de infor- mações que passam a ser incorporadas pelo Unidade 7 • Práticas de gestão do conhecimento e formação de comunidades de aprendizagem189/247 dia a dia das companhias. Para que essas informações possam ser empregadas ade- quadamente é necessário que os envolvidos no processo estejam habilitados a geri-las de forma eficaz. O êxito das companhias na economia do conhecimento encontra-se nos resultados da mobilização dos ativos de conhecimen- to e do investimento na capacitação de seus funcionários para lidar com um novo am- biente de trabalho, no qual o conhecimento torna-se fator categórico para o sucesso. 1. Práticas de gestão do conhe- cimento Como qualquer outro modelo, a gestão do conhecimento requer a determinação de uma forma lógica para a obtenção de seus objetivos de criar, coletar, compartilhar e empregar o conhecimento nas companhias. Ela contém funções ou atividades que se inter-relacionam, objetivando o alcance de resultados positivos, melhorias e inovações. Em seu conjunto, essas atividades são co- nhecidas como práticas de gestão de co- nhecimento e incluem: a identificação, cria- ção, armazenamento, compartilhamento e aplicação do conhecimento, considerando o ciclo de vida da GC. Segundo Batista (2004), práticas de gestão do conhecimento são definidas como mé- todos de gestão empresarial dirigidos para a produção,retenção, disseminação, com- partilhamento e aplicação do conhecimen- to no interior das companhias bem como a Unidade 7 • Práticas de gestão do conhecimento e formação de comunidades de aprendizagem190/247 relação desses itens com o mundo externo. Isso abrange a captura, absorção e feedback de todo o repertório de conhecimento que incentive a aprendizagem organizacional. Isso ocorre, ainda de acordo com o autor, se as práticas de GC estão alinhadas à missão, visão e estratégias organizacionais. Para Batista (2004), podem ser considera- das como prática de gestão do conhecimen- to as atividades que agrupam as seguintes condições: são realizadas regularmente; têm como objetivo administrar a compa- nhia; são fundamentadas em padrões de trabalho; e dirigidas para a produção, re- tenção, disseminação e compartilhamento ou aplicação do conhecimento no interior das companhias. Pesquisas mostram que várias companhias vêm se ajustando e progredindo na aplica- ção de práticas de gestão do conhecimento. As práticas mais empregadas pelas organi- zações são: Link Veja: Análise das práticas de gestão do conhe- cimento de empresas do setor farmacêutico no Brasil. Disponível em: <http://www.spell.org. br/documentos/ver/24556/analise-das-pra- ticas-de-gestão-do-conhecimento-de-em- presas-do-setor-farmaceutico-no-brasil>. Acesso em: 6 dez. 2016. Unidade 7 • Práticas de gestão do conhecimento e formação de comunidades de aprendizagem191/247 • Aprendizagem organizacional: baseia-se em alterações na base de conhecimento da companhia e no crescimento da competência da empresa para agir e solucionar problemas; Para saber mais “Aprendizagem organizacional é o alcance de novos, múltiplos e contínuos conhecimentos sobre as di- nâmicas e demandas corporativas, de maneira direta e/ou indireta, dentro e fora da companhia. Embora busque uma formalização do conhecimento, muito do que aprendemos no ambiente de trabalho é in- formalmente, ou seja, por meio dos exemplos dos líderes, colegas, do aprendizado com os erros e, em especial, pela troca e acúmulo de experiências. A aprendizagem organizacional é uma junção de conheci- mentos formais e informais.” (O que é aprendizagem organizacional. Disponível em: <https://www.ibc- coaching.com.br/portal/rh-gestao-pessoas/o-que-e-aprendizagem-organizacional/.> Acesso em: 18 abr. 2017. • Benchmarking: processo contínuo e sistemático para avaliar produtos, serviços e processos de trabalho de companhias identificadas como representantes das melhores práticas, ten- do como objetivo a melhoria empresarial; Unidade 7 • Práticas de gestão do conhecimento e formação de comunidades de aprendizagem192/247 • Coaching: processo por meio do qual o gestor ajuda seu liderado a compre- ender a finalidade de seu trabalho e a identificar forças e fraquezas. Além disso, orienta o liderado, auxiliando- -o a analisar as situações do cotidiano e a achar soluções para os problemas do dia a dia; • Comunidades de prática: é compos- to por pessoas conectadas informal- mente devido a um interesse comum no aprendizado, essencialmente na aplicação prática; • Comunicação institucional: consiste em um conjunto de atividades, ações, estratégias, produtos e processos ela- borados para criar e manter a imagem de uma companhia junto a seus públi- cos de interesse: consumidores, fun- cionários, fornecedores, formadores de opinião, acionistas etc.; • Educação corporativa: compreende processos de educação continuada, objetivando a atualização profissional de forma idêntica a todos os setores da companhia; Unidade 7 • Práticas de gestão do conhecimento e formação de comunidades de aprendizagem193/247 • Gestão de competências: a forma como a companhia planeja, organi- za, desenvolve, acompanha e avalia as competências necessárias ao negó- cio; Para saber mais Educação continuada representa os cursos de curta duração e contínuos, nos quais os profis- sionais fazem reciclagem de seus conhecimentos ou conhecem uma nova área ou atividade pro- fissional. Tem como objetivo reciclar e renovar os conhecimentos. Eleva a empregabilidade do co- laborador e aumenta o engajamento profissional para com o trabalho por meio do incremento da performance no trabalho. • Gestão de marcas e patentes: tem como finalidade a criação de uma identidade que seja reconhecida pelo público-alvo a atingir; a gestão de pa- tentes tem como objetivo proteger a propriedade intelectual da compa- nhia; • Gestão de relacionamento com clien- tes: estratégia cuja intenção é trans- formar os processos de negócios para conservar e obter mais clientes; • Inteligência competitiva: “processo constante e ético de prospecção de informações das atividades desenvol- vidas pelos concorrentes e das ten- dências gerais dos ambientes de ne- gócio” (CAVALCANTI, M.; GOMES, E.; PEREIRA NETO, 2001, p. 59); Unidade 7 • Práticas de gestão do conhecimento e formação de comunidades de aprendizagem194/247 • Lições aprendidas: denotam a ideia principal da experiência adquirida em um projeto. As companhias as utili- zam para criticar e incorporar ativi- dades passadas e para aprender com seus êxitos e fracassos; • Mapeamento de conhecimentos: é o retrato do que existe no interior da companhia. Revela quem sabe o quê na empresa; • Mapeamento de processos: meio ge- rencial que tem como propósito a me- lhoria dos processos existentes ou a implantação de uma nova estrutura dirigida para os processos dentro da companhia; • Melhores práticas: são aquelas que produziram resultados excepcionais em determinada situação e que pode- riam ser adaptadas para outra situa- ção; • Memória organizacional: sistema de conhecimento e habilidades que con- serva e mantém percepções e experi- ências, após o momento em que apa- receram, para que possam ser recupe- radas posteriormente; • Mentoring: compreende em reunir uma pessoa com mais experiência e habi- lidade em uma área específica, com outra menos experiente e tem como objetivo fazer com que esta última progrida e desenvolva habilidades es- pecíficas; Unidade 7 • Práticas de gestão do conhecimento e formação de comunidades de aprendizagem195/247 • Normalização e padronização: A nor- malização procura alcançar a defi- nição, unificação e simplificação, de modo racional, dos produtos acaba- dos. A padronização é uma atividade sistêmica de estabelecer e utilizar pa- drões; • Portal corporativo: sistema de infor- mação direcionado ao usuário interno, que integra e revela conhecimentos e experiências de pessoas e equipes; • Data Warehouse: monitoração de da- dos com arquitetura hierarquizada, ordenado em bases relacionais, pro- porcionando flexibilidade no manu- seio de grandes massas de dados (BA- TISTA et al., 2005); • Data mining: garimpar dados com dis- positivos de elevada capacidade de associação de termos, no sentido de prospectar assuntos ou temas especí- ficos (BATISTA et al., 2005). 2. Formação de comunidades de aprendizagem Toda reunião de indivíduos, por mais sim- ples que seja, é capaz de originar o fenôme- no conhecido como comunidades de apren- dizagem. As comunidades estão, dessa for- ma, no centro dos processos de criação e compartilhamento do conhecimento. Comunidade de aprendizagem está rigoro- samente associada ao conceito de “comuni- dades de prática” – CdP, criado por Etienne Unidade 7 • Práticas de gestão do conhecimento e formação de comunidades de aprendizagem196/247 Wenger, e pode ser definida como um grupo de indivíduos que interagem regularmente para compartilhar as mesmas práticas, in- teresses ou objetivos de trabalho, de forma presencial ou virtual (WENGER, 1998). Em relação ao formato virtual, o surgimen- to dainternet como forma de comunicação rápida, flexível e barata, e sua propagação Link Veja: O processo de gestão do conhecimento em comunidades virtuais de aprendizagem. Disponí- vel em: <http://www.spell.org.br/documen- tos/ver/9263/o-processo-de-gestao-do- -conhecimento-em-comunidades-virtuais- -de-aprendizagem>. Acesso em: 29 mar. 2017. nas companhias, contribuiu para o surgi- mento de comunidades virtuais de prática. No ambiente de trabalho cujo foco é o apren- dizado contínuo, a colaboração e a troca de informações são muito mais informais do que formais. Apoiadas formalmente ou não pelas companhias, o fato é que propiciam uma extensa fonte de aprendizagem e ino- vação para seus integrantes. Segundo Wenger e Snyder (2000), a CdP distingue-se de outros arranjos de grupos de trabalho devido à razão que liga seus in- tegrantes, pelo modo como se comunicam e pela forma como utilizam os conhecimen- tos compartilhados. O quadro a seguir mos- tra um comparativo entre CdP e outras es- truturas de grupo: Unidade 7 • Práticas de gestão do conhecimento e formação de comunidades de aprendizagem197/247 Quadro 2: Comparação entre CdP e outras estruturas de grupo Objetivo Participantes O que os une Duração Comunidade de Prática Desenvolver as competências dos integrantes; gerar e compartilhar co- nhecimentos Integrantes se au- to-selecionam Paixão, compro- misso e identifica- ção com os conhe- cimentos especiali- zados do grupo Enquanto houver interesse em man- ter o grupo Grupo de trabalho formal Desenvolver um produto ou prestar um serviço Qualquer um que se apresente ao gestor do grupo Requisitos do tra- balho e metas co- muns Até a próxima reor- ganização Equipe Realizar determi- nada atividade Os membros são escolhidos pelos gestores As metas e pon- tos importantes do projeto Até o final do pro- jeto Rede informal Coletar e transmitir informações em- presariais Amigos e conheci- dos do ambiente de trabalho Necessidades mú- tuas Enquanto houver um motivo para manterem contato Fonte: Adaptado de Wenger e Snyder (2000). Unidade 7 • Práticas de gestão do conhecimento e formação de comunidades de aprendizagem198/247 No interior das companhias, a comunidade de prática possibilita a realização de dois elementos importantes na formação do capital humano: transferência do conheci- mento e inovação. De acordo com Wenger, Snyder e McDermott (2002), para que uma comunidade seja apreciada como “de prá- tica”, ela deve possuir as seguintes caracte- rísticas: domínio, comunidade e prática. Em relação a domínio, os membros da co- munidade devem ter um interesse comum, sobre o qual discutem e que instiga a parti- cipação e o comprometimento de seus in- tegrantes. Sobre comunidade, deve haver a percepção de fazer parte de um conjunto de pessoas que possuem algo em comum. Há identi- ficação quando os integrantes percebem uma característica comum entre eles. Essa identificação contribui para o compartilha- mento de informações e construção de re- lacionamentos que possibilita aprender uns com os outros. Em termos de prática, os integrantes ne- cessitam desenvolver um conjunto com- partilhado de recursos (documentos, infor- mações, vocabulário comum, experiências, histórias, soluções de problemas etc.) que formem o compartilhamento das práticas individuais e coletivas. Ao socializar e exteriorizar o conhecimento, os indivíduos empregam símbolos, lingua- gem, imagens e outras formas para com- partilhar até mesmo o que não é dito, ou seja, o conhecimento tácito. Unidade 7 • Práticas de gestão do conhecimento e formação de comunidades de aprendizagem199/247 Identificar as comunidades de prática e de- senvolvê-las é um desafio para as compa- nhias que desejam manusear o conheci- mento que possuem como ativo intangível valioso e fonte de vantagem competitiva sustentável. Esse diferencial possibilita- -lhes conhecerem-se mais profundamen- te, determinando objetivos de uma forma mais coerente com os recursos à disposição e fornecendo sustentação para a tomada de decisão. As salas de bate papo, as salas do cafezinho, e mesmo nos restaurantes ou lanchonetes para os empregados podem vir a se tornar locais que favorecem o desenvolvimento do conhecimento, sendo espaços importantes para a concretização das comunidades de prática. O conhecimento de uma organização é a soma dos conhecimentos individuais de cada colaborador. Logo, o desenvolvimen- to de comunidades de prática poderá ser essencial para a obtenção de uma posição mais sólida, já que o conhecimento se eleva à medida que é passado adiante (WENGER; McDERMOTT; SNYDER, 2002). 3. Desenvolvimento de equipes e multiplicadores em GC Mesmo nos dicionários atuais ainda não consta uma identificação para a palavra multiplicador com o sentido de multiplicar o conhecimento. Todavia, o que multiplica, enquanto definição, possibilita a compre- ensão do que se espera de alguém que te- nha o desafio de multiplicar. Unidade 7 • Práticas de gestão do conhecimento e formação de comunidades de aprendizagem200/247 Para saber mais O multiplicador é a pessoa que detém um conhecimento específico sobre um processo, modelo, ferra- menta, forma de gerir pessoas e mudanças ou qualquer conhecimento que seja importante para a compa- nhia, e que tem condições de replicar esse conhecimento a outras pessoas por meio de cursos e reuniões internas. O multiplicador promove mudanças para agilizar a aprendizagem organizacional, propagando os conhecimentos necessários para essa continuidade e os conhecimentos necessários para promover a mudança. Fonte: KÄFER, Paulo R.; MIKULSKI, Jaqueline C.. Multiplicadores de Treinamento: Os jardineiros da mudança. 2013. Disponível em: <http://www.mkaplus.com.br/blog/multiplicadores-e-facilita- dores-de-treinamento/multiplicadores-de-treinamento-os-jardineiros-da-mudanca>. Acesso em: 2 maio 2017. Há alguns anos, a preocupação com a propagação do conhecimento deixou de pertencer apenas às escolas e universidades. Dentro das companhias, o conceito tem sido cada vez mais dissemi- nado, seja por meio de programas de capacitação formal, seja pela criação de um clima organi- zacional que possibilite um ambiente de constante aprendizado. Inúmeras companhias têm investido na formação de multiplicadores, sejam eles funcionários que atuem exclusivamente com esse papel, o de multiplicador interno, sejam eles funcionários Unidade 7 • Práticas de gestão do conhecimento e formação de comunidades de aprendizagem201/247 de diversos setores que possuem dentre seu rol de responsabilidades difundir o conheci- mento. No caso dos profissionais que praticam a função de multiplicador interno e têm como responsabilidade desenvolver ou- tros, os desafios estão ligados à sua prepa- ração para treinar funcionários de diversos níveis e áreas. O multiplicador necessita ter visão sistêmica do negócio e muita clareza do seu papel, ou seja, absorver a informa- ção, atuando unicamente em sua difusão, preparando outros para a utilização da in- formação. Por outro lado, há funcionários que têm como parte de suas responsabilidades mul- tiplicar conhecimento. Exercem as mais di- versas funções e necessitam, às vezes, en- trar em sala para transmitir algo ou parte de algo que executam, ou no que são especia- listas. O desafio, neste caso, está em ajustar a linguagem ao público para que haja ali- nhamento da informação. As companhias começaram a enxergar a necessidade de deslocar o ponto central dos esforços de treinamento e educação em sala, no qual o objetivo é desenvolver questões isoladas, para conceber uma cul- turade aprendizagem contínua, na qual os funcionários aprendem uns com os outros e compartilham melhores práticas e inova- ções com o intuito de resolver questões em- presariais. Unidade 7 • Práticas de gestão do conhecimento e formação de comunidades de aprendizagem202/247 O ponto central do treinamento vai além do funcionário de forma isolada e se direciona ao de- senvolvimento da capacidade de aprendizado da companhia, gerando soluções que possibilitem o debate de problemas comuns e soluções por meio da aprendizagem coletiva. Segundo Meister (1999, p. 23), os ambientes de aprendizagem passam a ser reestruturados de forma a tor- narem-se proativos, centralizados, determinados e estratégicos e o resultado desejado é o “aprender fazendo”, com o desenvolvimento da capacidade de aprender e dar continuidade a esse processo no retorno às atividades. ”uma mudança bastante significativa é que a responsabilidade pelo processo de aprendizagem sai do departamento de treinamento para chegar aos gerentes”. (MEISTER, 1999 p. 23) Link Veja: cultura de aprendizagem contínua, atitudes e desempenho no trabalho: uma comparação entre empresas do setor público e privado. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rap/v49n6/0034- 7612-rap-49-06-01555.pdf>. Acesso em: 29 mar. 2017. Unidade 7 • Práticas de gestão do conhecimento e formação de comunidades de aprendizagem203/247 Quadro 3: Elementos de mudanças da empresa fundamentada na performance Dept. de Treinamento Educação Corporativa Foco Reativo Preventivo Organização Fragmentada e descentralizada Coesa e centralizada Alcance Tático Estratégico Apresentação Instrutor Experiência com várias tecnolo- gias Responsável Chefia de treinamento Gestores Audiência Profundidade limitada, público alvo amplo Eventos personalizados por famí- lias de cargos Inscrições Abertas Aprendizagem no momento certo Resultado Elevação das qualificações profis- sionais Elevação do desempenho de tra- balho Fonte: adaptado de Meister (1999) Unidade 7 • Práticas de gestão do conhecimento e formação de comunidades de aprendizagem204/247 Glossário Corriqueiro: que é bastante comum; habitual. Instigar: levar uma ou mais pessoas a praticar uma ação; incitar, induzir. Patente: registro de uma invenção ou descoberta. Questão reflexão ? para 205/247 Você viu que as organizações têm adotado a aplicação de práticas de gestão do conhecimento para alavancar a aprendizagem orga- nizacional e, consequentemente, elevar seu conhecimento. Você viu também que, dentre as várias práticas utilizadas pelas empresas, as mais comuns são: aprendizagem organizacional, ben- chmarking, coaching, comunidades de prática, comunicação insti- tucional, educação corporativa, gestão de competências, gestão de marcas e patentes, gestão de relacionamento com clientes, in- teligência competitiva, lições aprendidas, mapeamento de conhe- cimentos, mapeamento de processos, melhores práticas, memória organizacional, mentoring, normalização e padronização e portal corporativo. Questão reflexão ? para 206/247 Reflita sobre a companhia na qual trabalha, analisando quais das práticas mencionadas ela utiliza com o intuito de aumentar seu aprendizado. 207/247 Considerações Finais (1/2) • A GC tornou-se um método corriqueiro nas empresas, seja formal ou infor- malmente, sistêmico ou utilizado apenas em alguns níveis e áreas da com- panhia e com diversas intensidades do uso das tecnologias de informação como apoio aos processos de GC; • Práticas de gestão do conhecimento são métodos de gestão empresarial di- rigidos para a produção, retenção, disseminação, compartilhamento e apli- cação do conhecimento; • As práticas mais empregadas pelas organizações são: Aprendizagem or- ganizacional, benchmarking, coaching, comunidades de prática, comunica- ção institucional, educação corporativa, gestão de competências, gestão de marcas e patentes, gestão de relacionamento com clientes, inteligência competitiva, lições aprendidas, mapeamento de conhecimentos, mapea- mento de processos, melhores práticas, memória organizacional, mento- ring, normalização e padronização e portal corporativo; 208/247 • Comunidade de aprendizagem está rigorosamente associada ao conceito de “comunidades de prática” – CdP, criado por Etienne Wenger e pode ser definida como um grupo de indivíduos que interagem regularmente para compartilhar as mesmas práticas, interesses ou objetivos de trabalho, de forma presencial ou virtual; • A comunidade de prática possibilita a realização de duas coisas muito im- portantes na formação do capital humano: transferência do conhecimento e inovação; • A responsabilidade pela ação de aprendizagem desloca-se da área de trei- namento e transfere-se aos gestores. Considerações Finais (2/2) Unidade 7 • Práticas de gestão do conhecimento e formação de comunidades de aprendizagem209/247 Referências BATISTA, F. F. Governo que aprende: gestão do conhecimento em organizações do executivo fe- deral. IPEA: Brasília, 2004. BATISTA, F. F.; QUANDT, C. O.; PACHECO, F. F.; TERRA, J. C. C.; Gestão do conhecimento na admi- nistração pública. Brasília: IPEA, 2005. CAVALCANTI, M.; GOMES, E.; PEREIRA NETO, A. Gestão de empresas na sociedade do conheci- mento: um roteiro para a ação. Rio de Janeiro: Campus, 2001. MEISTER, J. C. Educação corporativa: a gestão do capital intelectual através das universidades corporativas. São Paulo: Makron Books, 1999. WENGER, E. Communities of practice: learning, meaning and identity. Cambridge: Cambridge University Press, 1998. WENGER, E.; SNYDER, W. M. Communities of practice: the organizational frontier. Cambridge: Harvard Business School Press, Jan/feb. p. 139-145, 2000. WENGER E.; McDERMOTT, R.; SNYDER, W. M. Cultivating communities of practice. Boston: Har- vard Business School, 2002. 210/247 Assista a suas aulas Aula 7 - Tema: Práticas de Gestão do Conheci- mento e Formação de Comunidades de Apren- dizagem. Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/c48c102c80dc0d1708616962b9cf- d47a/9fdb1e02136e928d00ba22712d8c5e5f>. Aula 7 - Tema: Práticas de Gestão do Conheci- mento e Formação de Comunidades de Aprendi- zagem. Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/pA- piv2/embed/c48c102c80dc0d1708616962b9cfd47a/ 3c4bcf8a88eb3c97e62659e55448c6dc>. 211/247 1. As práticas de gestão do conhecimento são constituídas por: Questão 1 a) coleta, criação, armazenamento, compartilhamento e aplicação do conhecimento. b) identificação, criação, armazenamento, compartilhamento e disseminação do conhecimen- to. c) identificação, criação, armazenamento, compartilhamento e aplicação do conhecimento. d) identificação, desenvolvimento, armazenamento, compartilhamento e disseminação do co- nhecimento. e) identificação, criação, disseminação, compartilhamento e aplicação do conhecimento. 212/247 2. São consideradas práticas de gestão do conhecimento: Questão 2 a) Benchmarking, coaching, educação corporativa, mapeamento de conhecimentos e mento- ring. b) Aprendizagem organizacional, comunidades de prática, educação corporativa, mapeamen- to de conhecimentos e transmissão de informações empresariais. c) Comunicação institucional, gestão de competências, gestão de marcas e patentes, trans- missão de informações empresariais e coaching. d) Memória organizacional, normalização e padronização, recrutamento e seleção, aprendiza- gem organizacional e benchmarking. e) Recrutamento e seleção, mapeamento de conhecimentos, comunidades de prática, gestão de competências e memória organizacional. 213/247 3. Comunidade de prática ou comunidade de aprendizagem é definida como: Questão 3 a) agrupamentode pessoas que interagem regularmente durante certo período de tempo com o intuito de executar determinado projeto. b) agrupamento de pessoas que interagem e trabalham juntas formando uma equipe de tra- balho. c) agrupamento de pessoas de diversas áreas da empresa que se reúnem para solucionar um problema por meio da técnica de brainstorming. d) agrupamento de pessoas de diversas áreas da empresa que se reúnem para trocar informa- ções acerca da condição econômico-financeira da organização. e) agrupamento de pessoas que interagem regularmente no sentido de compartilhar as mes- mas práticas, interesses ou objetivos de trabalho. 214/247 4. A responsabilidade pela ação da aprendizagem vem sendo transferida nas organizações: Questão 4 a) da área de RH para cada uma das outras áreas da organização. b) da área de treinamento para cada uma das outras áreas da organização c) da área de treinamento para a área de RH corporativo. d) da área de RH para as lideranças. e) da área de treinamento para as lideranças. 215/247 5. A comunidade de prática torna possível na formação do capital huma- no da organização: Questão 5 a) desenvolvimento de um produto e a prestação de um serviço. b) transferência do conhecimento e inovação. c) transferência do conhecimento e o desenvolvimento de um produto. d) desenvolvimento de um produto e inovação. e) inovação e a prestação de um serviço. 216/247 Gabarito 1. Resposta: C. A prática de gestão do conhecimento con- tém funções ou atividades que se inter-re- lacionam, objetivando o alcance de resulta- dos positivos, melhorias e inovações. Em seu conjunto, essas atividades são conhecidas como práticas de gestão de conhecimento e incluem: a identificação, criação, armaze- namento, compartilhamento e aplicação do conhecimento, considerados o ciclo de vida da GC. 2. Resposta: A. Pesquisas mostram que várias companhias vêm se ajustando e progredindo na aplica- ção de práticas de gestão do conhecimento. As práticas mais empregadas pelas organi- zações são: Aprendizagem organizacional, benchmarking, coaching, comunidades de prática, comunicação institucional, educa- ção corporativa, gestão de competências, gestão de marcas e patentes, gestão de rela- cionamento com clientes, inteligência com- petitiva, lições aprendidas, mapeamento de conhecimentos, mapeamento de processos, melhores práticas, memória organizacional, mentoring, normalização e padronização e portal corporativo. 3. Resposta: E. Comunidade de aprendizagem está rigor- osamente associada ao conceito de “co- munidades de prática” – CdP, criado por 217/247 Gabarito Etienne Wenger, e pode ser definida como um grupo de indivíduos que interagem regularmente para compartilhar as mes- mas práticas, interesses ou objetivos de trabalho, de forma presencial ou virtual. 4. Resposta: E. De acordo com Meister (1999), uma alte- ração importante é que a responsabilida- de pela ação de aprendizagem desloca-se da área de treinamento e transfere-se aos gestores. 5. Resposta: B. A comunidade de prática possibilita a reali- zação de duas coisas muito importantes na formação do capital humano: transferência do conhecimento e inovação. 218/247 Unidade 8 Elaboração de planos de ação e projetos em gestão do conhecimento Objetivos 1. Compreender as etapas de execução de um plano de gestão do conheci- mento. 2. Saber o que distingue e diferencia cada etapa do plano. 3. Ter conhecimento dos exemplos de utilização da gestão de conhecimento bem como de caso prático de sucesso. Unidade 8 • Elaboração de planos de ação e projetos em gestão do conhecimento219/247 Introdução O conceito de gestão do conhecimento, em sua concepção original, destinava-se so- mente em agregar valor às informações e distribui-las. Inclusive, houve muita discus- são acerca da utilização dessa metodologia porque para muitos estudiosos a ideia era a de que seria mais uma abordagem de mo- mento, passageira, no âmbito empresarial. Atualmente, com as mudanças do mundo globalizado e com o conhecimento tendo se tornado o principal ativo interno às com- panhias em termos de diferencial compe- titivo, a gestão do conhecimento tem sido apontada como parte essencial da estraté- gia empresarial. Dessa forma, a gestão do conhecimento tem concebido um novo tipo de profissio- nal, com novas competências, habilidades e atitudes, além de demandar capacidade in- telectual com senso crítico e sistêmico, fa- zendo com que cada profissional reconheça o valor de seu comportamento para o su- cesso da organização. Ainda buscando embasar que o processo de gestão do conhecimento é fundamental para o planejamento estratégico empresa- rial, as novas ferramentas que são concebi- das, com o intuito de administrar informa- ções gerenciais, tornam evidente como o conhecimento passa a fundamentar e de- marcar decisões empresariais. Muitas companhias têm tido sucesso na im- plantação de programas de gestão do co- nhecimento, assim como Xerox e Embraer, que é utilizado neste tema como exemplo prático. Unidade 8 • Elaboração de planos de ação e projetos em gestão do conhecimento220/247 1. Etapas de execução do Plano de Gestão do Conhecimento A execução do Plano de Gestão do Conhe- cimento envolve quatro etapas: diagnósti- co, planejamento, desenvolvimento e im- plementação. Ressaltamos que este plano de Gestão do Conhecimento tem como base as apresentações de Fábio Ferreira Batista, professor doutor do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e da Universida- de Católica de Brasília (UCB). Link Veja: O desenvolvimento de uma prática de Ges- tão do Conhecimento em um hospital geral de Belo Horizonte. Disponível em: <http://www. scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttex- t&pid=S1645-44642010000200007>. Aces- so em: 29 mar. 2017. Cada uma das quatro etapas é subdivida em itens que apoiam o desenvolvimento de cada uma delas. Na primeira etapa (diagnóstico), determi- na-se o grau de utilização da gestão do co- nhecimento na companhia bem como se a empresa possui condições adequadas para implementar e manter de forma sistemática os processos de GC. Unidade 8 • Elaboração de planos de ação e projetos em gestão do conhecimento221/247 Dessa forma, há que se identificar, nesta etapa, os pontos fortes e as oportunidades de melhoria da GC e, com base na autoava- liação, se procede à elaboração de um caso de negócios justificando a importância da GC para a companhia. Resumindo, a etapa de diagnóstico é cons- tituída por: Link Veja: A utilização do diagnóstico de gestão do co- nhecimento (DCG): um estudo exploratório em empresas incubadas. Disponível em: <http:// pg.utfpr.edu.br/dirppg/ppgep/ebook/2010/ CONGRESSOS/ENEGEP/43.pdf>. Acesso em: 29 mar. 2017. • realização da autoavaliação; • elaboração do caso de negócios para justificar a importância da GC. A segunda etapa (planejamento) é onde a companhia define a visão, os objetivos e estratégias de GC, identificando e prio- rizando os projetos de GC a serem imple- mentados (individual, em equipe, intraor- ganizacional e interorganizacional). Nesta etapa também é definida a estrutura de governança de GC e as práticas de GC, bem como a sensibilização das pessoas e elabo- ração do plano de Gestão do Conhecimento (PGC). Unidade 8 • Elaboração de planos de ação e projetos em gestão do conhecimento222/247 Resumindo, a etapa de planejamento é constituída por: • definir a visão de GC; • definir os objetivos da GC; • definir as estratégias de GC; • identificar e priorizar os projetos de GC a serem implementados (individu- al, em equipe, intraorganizacional e interorganizacional); • definir a estrutura degovernança de GC: comitê estratégico, unidade cen- tral e equipes de GC; • definir as práticas de GC; • sensibilizar as pessoas na organiza- ção; Para saber mais “O foco da gestão do conhecimento é o de apro- veitar os recursos que já existem na empresa para que as pessoas procurem, encontrem e empre- guem as melhores práticas, ao invés de tentar criar algo que já havia sido criado. Trata-se de uma ges- tão que tem como finalidade agregar valor à infor- mação existente, filtrando e resumindo os dados dispersos, as informações e o conhecimento, para que assim se desenvolva numa característica de utilização pessoal e organizacional, auxiliando no alcance da informação necessária para a execução de determinada ação.” (Gestão do Conhecimento – Conceito e objetivo. Disponível em: <http://www. portal-administracao.com/2014/03/gestao- -do-conhecimento-nas-organizacoes.html>. Acesso em: 20 abr. 2017. Unidade 8 • Elaboração de planos de ação e projetos em gestão do conhecimento223/247 • elaborar o Plano de Gestão do Conhe- cimento (PGC). Na terceira etapa (desenvolvimento), a companhia escolhe um projeto piloto para ser testado, implementando o projeto pilo- to, bem como avaliando seus resultados. E utiliza as lições aprendidas para implemen- tar o projeto em toda a companhia. A utilização de projetos piloto nessa fase tem como objetivo testar a eficácia e efe- tividade do processo de implementação do projeto, gerando informações para melho- ria e convencer as partes interessadas dos benefícios da mudança ou inovação bem como minimizar os riscos do projeto. Resumindo, a etapa de desenvolvimento é constituída por: • escolha e implementação de um pro- jeto piloto; • avaliação dos resultados do projeto piloto; • utilização das lições aprendidas para implementar o projeto em toda a com- panhia. A quarta e última fase (implementação) é a que a companhia discute os fatores críti- cos de sucesso na implementação do PGC, definindo formas de lidar com a resistência à implementação da GC, bem como desen- volvendo o plano de comunicação do PGC. Ainda nesta fase, elabora-se a estratégia de avaliação contínua na implementação do PGC. Unidade 8 • Elaboração de planos de ação e projetos em gestão do conhecimento224/247 Resumindo, a etapa de implementação con- siste em: • discutir os fatores críticos de sucesso na implementação da GC; Para saber mais “Fatores críticos de sucesso são pontos-chaves que, quando bem executados, definem e garan- tem o desenvolvimento e o crescimento de uma empresa e seu negócio, atingindo seus objetivos. Em contrapartida, quando estes mesmos fato- res são negligenciados ou ignorados, contribuem e muito para o fracasso da organização.” (Pla- nejamento e gestão estratégica. Disponível em: <http://www.academia.edu/24030978/Pla- nejamento_e_gestao_Estrategica>. Acesso em: 20 abr. 2017. • definir os meios para manter os resul- tados a serem obtidos com a imple- mentação da GC; • definir as formas de lidar com a resis- tência à implementação da GC; • desenvolver o plano de comunicação do PGC; • elaborar estratégia de avaliação con- tínua na implementação do PGC. 2. Exemplo de utilização da GC – Embraer Este exemplo foi extraído do case “Gestão do Conhecimento”, apresentado na 14ª edição do Fórum de Boas Práticas da Fundação Na- cional da Qualidade (FNQ), realizado em 2014. Unidade 8 • Elaboração de planos de ação e projetos em gestão do conhecimento225/247 No ano de 2014, a Embraer contava com mais de 19 mil funcionários, dentre os quais 89% estão localizados no Brasil. A empresa atua em três segmentos: aviação comercial, executiva e defesa e segurança. Para José Eduardo Carara Júnior (2014), Ge- rente de Sistemas de Gestão da Embraer, o conhecimento é um ativo que deve ser tra- balhado nas organizações devido ao seu caráter intangível. Ainda segundo o enge- nheiro, se o conhecimento não for dissemi- nado, não basta tê-lo porque é essencial ter foco para executar as atividades. Além dis- so, trabalhar com pessoas e processo, para o engenheiro, é o que produz o diferencial da organização. Dessa forma, a Embraer concebeu quatro fases, com o intuito de trabalhar pessoas e processos tendo como foco a disseminação do conhecimento: • Identificar; • Desenvolver; • Reter/proteger; • Disseminar e utilizar. A empresa trabalha com processos em duas linhas de atuação: práticas estimuladas e práticas gerenciadas. Para José Eduardo, se fossem trabalhados somente os proces- sos, a Embraer não conseguiria evoluir com a questão do conhecimento. Isso significa que ambos precisam ser trabalhados juntos. Nas práticas estimuladas, não há a obriga- toriedade da participação do funcionário, ela é espontânea. O foco desse item é a ge- Unidade 8 • Elaboração de planos de ação e projetos em gestão do conhecimento226/247 ração e a disseminação do conhecimento e do aprendizado. Já as práticas gerenciadas têm como base início e fim definidos. Seu foco é direciona- do à aplicação e ao registro do conhecimen- to, ou seja, na incorporação do mesmo. São práticas que estabelecem aonde a empresa deseja chegar. A empresa conta também com a mentoria, que é a transferência de conhecimento de indivíduo para indivíduo; o storytelling, do qual se capta o conhecimento através de ví- deos com grande know-how para que o co- nhecimento fique registrado na companhia; e a gestão documental, que é a dissemina- ção da informação certa com a qualidade certa. Para saber mais “A mentoria tem como foco ajudar a alcançar ob- jetivos, aprimorando o resultado obtido porque seu propósito é o de auxiliar uma pessoa a encon- trar um caminho mais promissor, tendo como alvo o progresso e o crescimento pessoal e profissio- nal do mentorado (a pessoa que passa pelo pro- cesso de mentoria). O mentorado receberá con- selhos de um mentor mais experiente para chegar a um patamar mais elevado na carreira e até na própria vida.”(O que é mentoria e como ela pode ajudar você a atingir seus objetivos. Disponível em: <http://www.administradores.com.br/ artigos/empreendedorismo/o-que-e-men- toria-e-como-ela-pode-ajudar-voce-a-a- tingir-seus-objetivos/94864/>. Acesso em: 20 abr. 2017). Unidade 8 • Elaboração de planos de ação e projetos em gestão do conhecimento227/247 A Embraer zela pela segurança da informa- ção e propriedade intelectual. Devido a isso, concebeu as comunidades de práticas, que são grupos que compartilham conhecimen- to. Elas têm como objetivo aperfeiçoar deter- minado assunto no âmbito interno da com- panhia, integrando as pessoas conforme os assuntos, porque assim há a geração de di- versos pontos de vista, fazendo com que haja riqueza e diversidade de informações. Para saber mais Storytelling é uma palavra em inglês, que está re- lacionada com uma narrativa, e significa a capa- cidade de contar histórias relevantes. Em inglês, a expressão “tell a story” significa “contar uma história” e storyteller é um contador de histórias. Consiste em um método que utiliza palavras ou recursos audiovisuais para transmitir uma his- tória. Esta história pode ser contada de improvi- so ou pode ser uma história polida e trabalhada. Também é muito usado no contexto da aprendiza- gem, sendo uma importante forma de transmis- são de elementos culturais como regras e valores éticos. (Guia completo do storytelling. Disponível em: <http://www.atocomunicacional.com. br/2016/07/guia-completo-do-storytelling. html>. Acesso em: 20 abr. 2017). Link Veja: Comunidades de prática enquanto viabili- zadoras de projetos comuns em ambientes tur- bulentos: uma abordagem crítica. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rac/v16n6/a04v16n6.pdf>. Acesso em 16 dez. 016. Unidade 8 • Elaboração de planos de ação e projetos em gestão do conhecimento228/247 A comunidade, segundo o gerente, não é uma prática gerencial que caminha sozinha porque há na empresa uma ação que ele de- nominou lições aprendidas, prática segundo a qual o conhecimento é reutilizado e disse- minado para a companhia. Acrescentou que em todas as comunidades há um ambiente aberto para as outras comunidades e as reu- niões são presenciais, ocorrendo pelo menos uma vez ao mês para gerar confiança. Segundo José Eduardo, as premissas das comunidades são: voluntárias; criadas por assunto; o número de membros varia de 20 a 40 para facilitar o conhecimento e a inte- gração de pessoas; o coordenador necessi- ta ser referência técnica; e as comunidades devem ser integradas aos processos do dia a dia. Um exemplo do conhecimento que foi pos- to em prática é o manual de práticas aero- náuticas, no qual tudo o que foi aprendido é nele registrado, formando-se um know- -how de aprendizagem. É também realizado o SETI (Seminário Embraer de Tecnologia e Inovação), que tem por finalidade reconhe- cer e prestigiar trabalhos inovadores, tendo como objetivo instigar, mobilizar e compar- tilhar trabalhos inovadores. 3. Projeto Eureka (Xerox) – exem- plo de GC bem-sucedido No final dos anos 90, a Xerox elaborou um projeto nomeado Eureka, cujo objetivo era tornar a companhia mais competitiva, com a contribuição de seus funcionários. Como a Unidade 8 • Elaboração de planos de ação e projetos em gestão do conhecimento229/247 Xerox é uma companhia que presta serviços de assistência técnica aos clientes, era deci- sivo alavancar o know-how dos empregados. O Eureka é um sistema baseado nos repre- sentantes de campo com o uso de laptops e internet, com a utilização de um sistema comum a todos os representantes, facili- tando a comunicação entre eles. Dessa for- ma, o projeto oferece suporte aos técnicos da Xerox, compartilhando suas histórias no formato de dicas eletrônicas. Os próprios representantes de campo ti- nham a responsabilidade de gerar e man- ter a base de conhecimentos, com a utiliza- ção de uma plataforma padronizada para o compartilhamento de conhecimentos nos cinco continentes, contribuindo com novas dicas sobre como reparar máquinas; depois, é realizada uma revisão formal que confir- ma as dicas. O programa se autossustenta porque, uma vez que um determinado representante co- labora com uma dica, seu nome aparece no sistema em uma estratégia de reconheci- mento que engaja os técnicos a assumirem a responsabilidade da formação dessa base de conhecimento comum. A justificativa para a concepção desse pro- jeto era a de que havia necessidade de cap- turar e codificar o conhecimento dos empre- gados da assistência técnica que estavam informalmente compartilhando suas expe- riências bem como disponibilizar o conheci- mento para toda a companhia com o intuito de estimular soluções e estratégias criativas e garantir a satisfação dos consumidores. Unidade 8 • Elaboração de planos de ação e projetos em gestão do conhecimento230/247 Os objetivos delineados para o projeto fo- ram: 1. Descobrir os meios mais adequados para compartilhar o conhecimento codificado em toda a organização; 2. Permitir acesso fácil e rápido ao co- nhecimento e; 3. Engajar os empregados a facilitarem o compartilhamento de conhecimento e estimular a criatividade e a inovação. Como se deu a concepção do projeto? Um grupo de antropólogos do Centro de Pesquisa de Palo Alto da Xerox recebeu a in- cumbência de estudar e analisar o compor- tamento dos empregados da área de assis- tência técnica. Os pesquisadores compartilharam os resul- tados com outros colegas que também par- ticiparam do estudo. A Xerox entregou um laptop com acesso à internet (em qualquer lugar do planeta) para 25 mil funcionários da área de assistência técnica. Para motivar e engajar os funcionários, ao invés de con- ceder incentivos monetários, os emprega- dos sugeriram que fosse realizado um reco- nhecimento pessoal. A ideia, dica ou expe- riência aprovada por um comitê de seleção recebia o nome do empregado. A intervenção, em termos de gestão do co- nhecimento, foi a concepção desse projeto com a criação de um banco de dados eletrô- nico no qual eram armazenadas as melho- res práticas, ideias e soluções. Foi disponibi- lizado também o intranet para os profissio- Unidade 8 • Elaboração de planos de ação e projetos em gestão do conhecimento231/247 nais disponibilizarem o conhecimento para toda a companhia e também para facilitar o compartilhamento da informação. Os fatores críticos de sucesso do Projeto Eureka foram a habilidade de reconhecer a necessidade de um método de gestão do conhecimento para resolver os problemas da empresa, ligados aos funcionários da as- sistência técnica e também a criação de um sistema de incentivos. Em termos de análise custo-benefício, esse projeto contribuiu para que a Xerox econo- mizasse US$ 10 milhões aproximadamente em componentes e substituição de equipa- mentos. Dessa forma, o principal gap de conhecimen- to estratégico que o projeto Eureka abordou foi o conhecimento tácito dos profissionais da área de assistência técnica sobre como resolver problemas de equipamentos dani- ficados que não estavam armazenados nem documentados. O objetivo, então, foi o de capacitar os em- pregados da área de assistência técnica a resolver de forma efetiva os problemas dos consumidores no uso dos equipamentos. E a estratégia utilizada foi a de documentar de forma sistemática o conhecimento pro- duzido e compartilhado nas comunidades de prática locais por profissionais das áreas de assistência técnica. Em termos de suporte tecnológico ao proje- to, são destacados: Unidade 8 • Elaboração de planos de ação e projetos em gestão do conhecimento232/247 • Captura e disseminação de conhe- cimento com a utilização de ferra- mentas de TI, compartilhamento de conhecimento e transferência de in- formação e foco geral na atuação da organização; • Base de conhecimento: criação de um sistema de repositório para capturar ideias, soluções, melhores práticas e lições aprendidas dos empregados da área de assistência técnica; • Intranet/internet: possibilitar a cone- xão dos profissionais com redes onde poderão compartilhar seu conheci- mento tácito; • Ferramentas de colaboração: tornar disponível aos empregados acesso ao conhecimento útil para solucionar problemas de assistência técnica. Unidade 8 • Elaboração de planos de ação e projetos em gestão do conhecimento233/247 Glossário Efetividade: que produz ou é capaz de produzir o efeito pretendido; eficaz, eficiente. Know-how: saber adquirido com a experiência e a prática. Projeto piloto: esforço temporário empreendido para testar a viabilidade de novas ideias e chegar a uma solução para sua posterior implantação, definitiva ou não. Questão reflexão ? para 234/247 Como você viu, este tema se baseou no diagnóstico e na elabora- ção de planos de GC, sendo acrescentados casos de empresas que têm utilizado a metodologia. Como processo de diagnóstico inicial, reflita sobre algumas questões da sua empresa relacionadas aos tópicos abordados: • a sua empresa estabelece alguma forma para que as pessoas possam documentar e compartilhar informação? • na sua organização as pessoas podem utilizar a informação que obtêm para melhorar o desempenho de seu trabalho? • na companhia onde você trabalha o fracasso é considerado uma oportunidade para aprender? Questão reflexão ? para 235/247 • a sua empresa procura formas de remover as barreiras impostas ao compartilhamento do conhecimento? • as pessoasconhecem qual medida é utilizada para monitorar o processo de gestão do conhecimento e os seus resultados? • geralmente, as pessoas confiam na informação que encontram nos sistemas de TI da empresa? • antes de demitir alguém, a empresa tenta determinar se as ha- bilidades daquele profissional podem ser aproveitadas em outro setor? 236/247 Considerações Finais (1/2) • A execução do Plano de Gestão do Conhecimento envolve quatro etapas: diagnóstico, planejamento, desenvolvimento e implementação; • A etapa do diagnóstico consiste em: realização da autoavaliação e elabora- ção do caso de negócios para justificar a importância da GC; • A etapa do planejamento é constituída por: definição da visão, objetivos e estratégias de GC; identificação e priorização dos projetos de GC a serem implementados; definição da estrutura de governança e das práticas de GC; sensibilização das pessoas na organização e elaboração do plano de gestão do conhecimento (PGC); • A etapa do desenvolvimento consiste em: escolha e implementação de um projeto piloto; avaliação dos resultados do projeto piloto e utilização das lições aprendidas para implementar o projeto em toda a companhia; 237/247 • A etapa da implementação é constituída por: discussão dos fatores críticos de sucesso na implementação da GC; definição dos meios para manter os resultados a serem obtidos com a implementação da GC; definição das for- mas de lidar com a resistência à implementação da GC; desenvolvimento do plano de comunicação do PGC e elaboração da estratégia de avaliação contínua na implementação do PGC. Considerações Finais (2/2) Unidade 8 • Elaboração de planos de ação e projetos em gestão do conhecimento238/247 Referências BATISTA, F. F. Governo que aprende: gestão do conhecimento em organizações do executivo federal. IPEA: Brasília, 2004. 239/247 Assista a suas aulas Aula 8 - Tema: Elaboração de Planos de Ação e Projetos em Gestão do Conhecimento. Bloco I Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/c48c102c80dc0d1708616962b9cf- d47a/e3781d503856645f421b5eb106db9665>. Aula 8 - Tema: Elaboração de Planos de Ação e Projetos em Gestão do Conhecimento. Bloco II Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/ pApiv2/embed/c48c102c80dc0d1708616962b9cf- d47a/5e08ba573f66690fb286650bc59049ce>. 240/247 1. A Gestão do Conhecimento tem demandado um novo tipo de profissio- nal, embasado em: a) gestão da estratégia empresarial. b) identificar os pontos fortes e as oportunidades de melhoria. c) engajar os empregados e facilitar o compartilhamento de conhecimento. d) capacidade intelectual, com senso crítico e sistêmico. e) disponibilizar o conhecimento tácito para toda a companhia. Questão 1 241/247 2. A definição da estrutura de governança de GC, bem como as práticas de GC, são trabalhadas na etapa: Questão 2 a) de desenvolvimento. b) de planejamento c) de diagnóstico. d) de implementação. e) de disseminação. 242/247 3. O conceito de gestão do conhecimento originalmente foi concebido para: Questão 3 a) agregar valor às informações e distribuí-las. b) permitir acesso fácil e rápido ao conhecimento. c) identificar, desenvolver, reter/proteger e disseminar/utilizar o conhecimento. d) elaboração do manual de práticas. e) elaborar estratégias de avaliação contínua da GC. 243/247 4. A etapa de diagnóstico do PGC diz respeito a: Questão 4 a) a escolha, pela companhia, de um projeto piloto para ser testado, implementando-o bem como avaliando seus resultados. E utiliza as lições aprendidas para implementar o projeto em toda a companhia. b) determinação do grau de utilização da GC na organização, bem como se a mesma possui condições adequadas para implementar e manter de forma sistemática os processos de GC. c) descoberta dos meios mais adequados para compartilhar o conhecimento codificado em toda a organização. d) engajamento dos empregados para facilitar o compartilhamento de conhecimento e esti- mular a criatividade e a inovação. e) permitir acesso fácil e rápido ao conhecimento. 244/247 5. A fase da implementação: Questão 5 a) é onde ocorre a descoberta dos meios mais adequados para compartilhar o conhecimento codificado em toda a organização. b) é onde ocorre a captura e disseminação de conhecimento com a utilização de ferramentas de TI, compartilhamento de conhecimento e transferência de informação e foco geral na atuação da organização. c) é onde há disponibilização do conhecimento para toda a companhia com o intuito de esti- mular soluções e estratégias criativas e garantir a satisfação dos consumidores. d) é onde a companhia define a visão, os objetivos e estratégias de GC, identificando e priori- zando os projetos de GC a serem implementados. e) é onde a companhia discute os fatores críticos de sucesso na implementação do PGC, defi- nindo formas de lidar com a resistência à implementação da GC bem como desenvolvendo o plano de comunicação do PGC. 245/247 Gabarito 1. Resposta: D. A gestão do conhecimento tem concebi- do um novo tipo de profissional, com novas competências, habilidades e atitudes, além de demandar capacidade intelectual com senso crítico e sistêmico, fazendo com que cada profissional reconheça o valor de seu comportamento para o sucesso da organi- zação. 2. Resposta: C. A segunda etapa (planejamento) é onde a companhia define a visão, os objetivos e es- tratégias de GC, identificando e priorizando os projetos de GC a serem implementados (individual, em equipe, intraorganizacional e interorganizacional). Nesta etapa também é definida a estrutura de governança de GC e as práticas de GC, bem como a sensibili- zação das pessoas e elaboração do plano de Gestão do Conhecimento (PGC). 3. Resposta: A. O conceito de gestão do conhecimento, em sua concepção original, destinava-se so- mente em agregar valor às informações e distribuí-las. 4. Resposta: B. Na etapa do diagnóstico, determina-se o grau de utilização da gestão do conheci- mento na companhia bem como se a em- presa possui condições adequadas para im- 246/247 Gabarito plementar e manter de forma sistemática os processos de GC. 5. Resposta: E. A fase da implementação é onde a organi- zação discute os fatores críticos de sucesso na implementação do PGC, definindo for- mas de lidar com a resistência à implemen- tação da GC, bem como desenvolvendo o plano de comunicação do PGC. Ainda nesta fase, elabora-se a estratégia de avaliação contínua na implementação do PGC.