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Aula 3

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Aula 3 – O Exercício do Olhar Cotidiano no Campo de Estágio e a Trajetória Escolar dos Alunos: Experiencia e os Projetos Individuais/Profissionais
Para que possamos mergulhar no cotidiano escolar e explorarmos todas as suas possibilidades, cheiros, gostos e saímos deste mergulho com aprendizado, temos que refletir sobre quais são os caminhos teóricos e metodológicos da pesquisa educacional, pois é esta que irá nos levar a experimentar esse cotidiano, transformando a sala de aula em um laboratório, que irá ajudar na formação de sua identidade profissional. trataremos sobre a pesquisa que dará origem ao relatório enquanto o produto final de uma busca e reflexão participativa. Além disso, veremos como desenvolver essa ação.
A pesquisa, a partir do ponto de vista de Nóvoa, é formadora, pois reflete a experiência. Esta por si só, por ser uma mera repetição, uma mera rotina, não é ela a formadora, quem forma é a reflexão sobre a experiência, ou a pesquisa sobre a experiência. O que percebemos logo de início é que a pesquisa não se resume à simples coleta de dados, mas está ligada a uma prática reflexiva, pois é essa prática que nos fará desenvolver o novo que nos fará ressignificar a realidade. Você, enquanto futuro professor, não pode apenas copiar uma realidade existente, mas, olhá-la, analisá-la e refletir sobre as transformações necessárias. A escola precisa mudar! E nós somos responsáveis por isso! A sociedade muda, as leis mudam, por que as práticas educativas não mudariam?
O estágio supervisionado está em consonância com este princípio; é ele que irá ajudar na sua formação inicial, através da pesquisa participativa nas unidades escolares que será desenvolvida ao longo dos Estágios I, II e III. Mais do que cumprir uma determinação legal do MEC, as 400 horas do campo de estágio são determinantes para a sua formação, pois iremos refletir sobre as dinâmicas observadas por você nas escolas, ou seja, vamos pesquisar, refletir e produzir conhecimentos sobre a prática docente, sobre a formação de sentido que conjuga sensibilidade, intenção, orientação e significação.
A reflexão neste contexto é ponto de partida para novos questionamentos, experiências pedagógicas que transformam o futuro professor em um investigador de sua realidade, dos seus saberes: construindo-os, desconstruindo-os e (re) construindo-os. Vivenciando, conscientemente, o sentido do trabalho docente, pois “ser professor obriga a opções constantes que cruzam nossa maneira de ser com nossa maneira de ensinar, e que desvendam à nossa maneira de ser.” (NÓVOA, 1997). Ser professor é uma construção cotidiana onde o trabalho se dá em um mundo mutável, em constante transformação.
Mas o que é uma Pesquisa?
Você, certamente, ao longo de sua vida acadêmica, já foi convocado inúmeras vezes para desenvolver um trabalho, no qual teria que colocar em prática alguns métodos e procedimentos específicos para concluí-lo. Um desses métodos é a pesquisa, que na verdade é compreendida não apenas como uma simples técnica de coletas de dados, mas como um princípio educativo. É difícil definir precisamente o que é uma pesquisa científica, pois na verdade ela aparece a partir de várias formas, de acordo com o período ou o contexto na qual está sendo utilizada. Na verdade, a pesquisa é uma parte do desenvolvimento de um trabalho científico que se diferencia em sua essência do senso comum, pois este aparece como uma forma de compreensão do mundo resultante de um conjunto de experiências acumuladas por um grupo, povo ou cultura e pode ser vista como a construção de um saber que resulta das experiências vividas do cotidiano.
O trabalho científico não apreende a realidade de forma tão imediata e espontânea. Ele é:
Observe a definição do que é pesquisa para alguns autores.
Para Demo (2000, p. 33), “Na condição de princípio científico, pesquisa apresenta-se como a instrumentação teórico-metodológica para construir conhecimento.”.
“Atividade básica das ciências na sua indagação e descoberta da realidade. É uma atitude, uma prática de constante busca que define um processo intrinsecamente inacabado e permanente.” (MINAYO, 1993).
“É um processo formal e sistemático de desenvolvimento do método científico.” (GIL,  1999).
Se relacionarmos as três definições, podemos observar que a pesquisa é a construção de um conhecimento novo, na qual são utilizadas técnicas e metodologias para a exploração de novas realidades. Além disso, ela é contínua, ou seja, seus resultados não carregam em si uma verdade absoluta, podem ser mutáveis. A pesquisa pode ser utilizada para o indivíduo construir um conhecimento sobre si mesmo ou sobre o mundo observado, o que contribui para uma explicação, sistematização e resoluções de problemas relacionados ao espaço no qual a sociedade está inserida, por exemplo. Pode-se afirmar ainda que uma pesquisa possui uma historicidade e é intencional, ou seja, é datada historicamente, uma vez que expressa determinados interesses da época na qual foi, ou será produzida.
É importante destacar que a construção da ciência é um fenômeno social e a pesquisa não se realiza isolada das atividades correntes do cotidiano, ou seja, podemos perceber que ela é sensível às interpenetrações que são inerentes às relações sociais, e que carrega uma carga de valores, preferências, interesses e princípios que comprometem a sua imparcialidade, pois o conhecimento cientifico não é um conhecimento neutro e objetivo, mas, sim, um saber interessado a partir de determinadas necessidades produzidas por um conjunto de fatores e de relações de poder de um contexto específico. Observamos então que a pesquisa possui um papel social e que este tem um caráter fundamental na busca e legitimação do conhecimento científico, pois esse conhecimento leva ao registro de seu tempo e tem um compromisso com a realidade histórico-social na qual é produzido. 
A pesquisa científica que você desenvolverá nessa disciplina será parte da construção de um trabalho acadêmico, nesse caso: o relatório final de prática de ensino em História I. Por isso, é importante perceber que trazer para o campo da formação docente reflexões sobre a relevância da pesquisa científica como mecanismo de articulação entre a ciência da educação, e entre formação docente e a realidade escolar representa um compromisso político com a produção e democratização do conhecimento.
Por isso é importante refletir sobre:
Qual é a finalidade de um trabalho acadêmico em nossa formação?
Qual é a finalidade de um trabalho acadêmico para a sociedade?
Essas reflexões também são fundamentais para que você pense sobre a importância social de sua formação continuada, bem como sobre o quanto é fundamental associar a teoria à prática, a partir da leitura dos textos sugeridos ao longo de seu curso e da observação do cotidiano escolar. Você pode ainda procurar as suas próprias fontes de pesquisa, entretanto, alertamos para o fato de que a pesquisa através da Internet deve ser realizada em sites com credibilidade, como por exemplo, sites de universidades, centros de pesquisa, jornais, revistas etc. Procure evitar pesquisar em blogs, pois os mesmos são de caráter pessoal e o seu conteúdo não foi submetido à uma comissão de avaliação científica.
O Relatório e a Pesquisa
Está claro que o nosso relatório será desenvolvido a partir de uma pesquisa de campo participativa, onde poderão ser utilizados os diferentes instrumentos ligados à pesquisa qualitativa. O relatório de estágio supervisionado é parte do movimento de produção de conhecimento científico. A pesquisa sobre o cotidiano escolar produz conhecimento teórico-prático fundamental para as discussões no meio acadêmico, sobretudo para os cursos de formação docente, tanto quanto podem fundamentar as práticas docentes nas escolas. Por isso, conhecer a escola não é apenas quantificar, ou adquirir noções de seu funcionamento administrativo e pedagógico, mas, principalmente, compreender seu papel como instituição produtora de conhecimentos científicos a partir de um contextosociopolítico.
Ao fazermos uma pesquisa de campo, que terá como produto final o relatório, temos que ter uma preparação para que possamos entrar nesse cotidiano escolar que é um espaço-tempo de produções e enredamentos de saberes, imaginações, criações, memórias, projetos institucionais, discursos, representações e significados. Você perceberá que existe toda uma gama de ações diversas neste espaço-tempo com o qual nós, pesquisadores, estabeleceremos relações com os sujeitos que lá estarão, o que quer dizer que faremos parte do cotidiano estudado. Por isso estudar esse cotidiano utilizando um modelo tradicional, focado, somente no olhar, na quantificação não dá conta da complexidade e da realidade escolar, temos que incluir outros sentimentos, atitudes e sentidos como: discutir, compartilhar, ajudar, ouvir, tocar, degustar, cheirar, compartilhar.
(...) o modo de ‘ver’ dominante no mundo moderno deverá ser superado por um ‘mergulho’ com todos os sentidos no que desejamos estudar; a ES ‘mergulho’ temos chamado, pedindo licença ao poeta Drummond, de ‘o sentimento do mundo’ (...) Querer saber mais, buscando respeitar aquilo que Lefebvre (1991) chama de ‘a humilde razão do cotidiano’, (...) exige do(a) pesquisador(a) a isto dedicado que se ponha a sentir o mundo e não só a olhá-lo, soberbamente, do alto. Não há para nós a postura de isolamento da situação possível a outra postura epistemológica. Nós também estamos vivendo e produzindo conhecimento no cotidiano. Assumir, portanto, este nosso compromisso e comprometimento é garantia de que não vamos nos iludir com uma possibilidade inexistente. Não há outra maneira de se compreender a lógica do cotidiano senão sabendo que nela estamos inteiramente mergulhados.(...) Buscar entender, de maneira diferente do aprendido, as atividades do cotidiano escolar, ou do cotidiano comum exige que estejamos dispostos a ver além daquilo que os outros já viram e muito mais: que sejamos capazes de mergulhar inteiramente em uma determinada realidade, buscando referências de sons, sendo capazes de engolir sentindo variedades de gostos, caminhar tocando coisas e pessoas e se deixando levar por elas, cheirando os cheiros que a realidade vai colocando a cada ponto do caminho Dário.
Ao assumirmos essas atitudes conseguiremos compreender a complexidade das relações do cotidiano escolar, não é verdade? Não se esqueça de que, apesar da nossa pesquisa caracterizar-se por possuir uma estrutura, pois trouxemos os principais pontos a serem observados na escola, conforme o observado na aula 1, você também pode e deve construí-la de forma espontânea, pois as relações presentes na escola também são reinventadas diariamente. Não perca o foco! Uma formação profissional reflexiva deve:
Buscar uma educação transformadora, o que implica no questionamento do caráter da formação inicial dos professores, do papel das instituições escolares e, especialmente, no papel da prática do estágio supervisionado;
Focar-se na capacitação para resolução de conflitos no exercício da prática docente; 
Discutir modificações na estrutura, organização e nos conteúdos da formação dos professores.
A reflexão deve ainda ultrapassar o plano da competência, no sentido do aprender a refletir, e se posicionar como um caminho para a compreensão dos problemas e necessidades, dando sentido às ideias, à teoria (BARRETO, 2006). Vale ressaltar que os caminhos que conduzem à práxis são norteados pela teoria e pela consciência de que ela é determinante da práxis. Teoria e prática são indissociáveis (KOSIK,1976, p. 23 apud BARRETO, 2006, p. 21). A formação inicial de professores em História, ou seja, nossa graduação, e o estágio devem buscar apoio na investigação da realidade, intencionalmente, marcados por um processo dialético contínuo entre os professores-formadores e os futuros professores.
O Caderno de Campo
Em relação a todas as idas que serão realizadas na instituição escolhida para o campo de estágio, será importante fazer registros sistemáticos que permitam identificar os principais momentos vivenciados durante as observações e as atuações pedagógicas. O caderno de campo é um instrumento fundamental que irá ajudar na organização dos registros e que oferecerá subsídios para a redação do relatório final, além de permitir que os acontecimentos não sejam esquecidos.
Isso porque, durante o decorrer do estágio, são muitas situações que irão surgir, e será o caderno de campo que facilitará a dissertação dos aspectos mais importantes, com uma riqueza de detalhes que só o registro diário permitirá. Além desses aspectos, descrever todos os acontecimentos considerados importantes ou incomuns que ocorreram no dia, para que, em seguida, na universidade, durante a aula, o estagiário possa compartilhar em sala com a professora e os outros colegas de estágio. É possível encontrar instituições que não oferecem estrutura de trabalho adequada, capaz de permitir um atendimento de qualidade às crianças. Os relatórios dos estagiários são documentos que permitirão denunciar as inadequações que não atendem aos critérios e diretrizes indicados pelo Governo Federal. É preciso fazer considerações que contextualizem a prática inadequada, relacionando-a, em algumas circunstâncias, à ausência da formação continuada destinada aos professores, às reuniões de equipe e à supervisão pedagógica.
Esses aspectos refletem diretamente a qualidade do trabalho que será oferecido. Será necessário que o estagiário faça o exercício constante de se colocar no lugar do professor que estará observando, compreendendo as causas histórico-sociais que o constituíram profissionalmente.
Por um Resgate da Memória: o Estereótipo da Escola e do Professor
Antes de entrar para a faculdade para ser formar em professor, você já tem um ideal de docência a seguir, ou seja, provavelmente você tem modelos internalizados de professor e aluno. Resgatar a memória da importância de professores, e da escola na sua vida de aluno, com as suas referências e valores construídos, as lembranças agradáveis e as experiências desagradáveis, por exemplo, possibilitam uma abordagem que ressignifica a situação atual vivida, ampliando a perspectiva do ser professor. Através da memória temos a oportunidade para o exercício de reflexão e autorreflexão, a partir do rememorar e avaliar as vivências marcantes de nossa vida escolar, pois, ao mesmo tempo “A memória é central na estruturação da mente. Somos o que somos pela memória. Vivo, porque me lembro quem sou” (IZQUIERDO, 1998, p. 4). A prática da memória é fundamental para reflexão e autorreflexão, sobre o itinerário de formação do futuro professor, provocando a relembrar a época escolar da infância e/ou adolescência.
A partir das lembranças e da análise sobre estas, tomamos ciência dos (pré) conceitos subjetivos do ser professor e o ser aluno. Desta maneira abre-se um espaço para o exercício do refletir sobre si mesmo, suas ideias e pensamentos possibilitando a construção de uma nova rede de significados do que significa ser professor e aluno.
Veja o que Bosi (1994) nos diz sobre o assunto: Através dos resgates de memória podemos identificar, também, as qualidades dos professores com relação ao afeto, cuidado, dedicação e paciência. Além dessas posturas e atitudes do professor, há o destaque do trabalho de mediação efetuado pelo docente, demonstrando o mérito de ‘aprenderensinaraprender’ o conteúdo com prazer e gosto. “(...) a memória permite a relação do corpo presente com o passado e, ao mesmo tempo, interfere no processo “atual” das representações. Pela memória, o passado não só vem à tona das águas presentes, misturando-se com as percepções imediatas, como também empurra, “desloca” estas últimas, ocupando o espaço todo da consciência. A memória aparece como força subjetiva ao mesmo tempo profunda e ativa, latente e penetrante, oculta e invasora” (BOSI, p. 47, 1994).
Ao investigar a sua biografia, entende-se momentos e sentimentos na promoção do autoconhecimento, que ajudam na tomada da consciência reflexiva do passado,das situações e das redes de relações complexas que o formam como um ser histórico, como nos alerta Paulo Freire: “Gosto de ser gente porque, como tal, percebo afinal que a construção de minha presença no mundo, que não se faz no isolamento, isenta da influência das forças sociais, que não se compreende fora da tensão entre o que herdo geneticamente e o que herdo social, cultural e historicamente, tem muito a ver comigo mesmo.“.
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