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DIREITO INTERNACIONAL – PONTO 04

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DIREITO INTERNACIONAL – PONTO 04
Personalidade internacional. Estado. Imunidade à jurisdição estatal. Consulados e embaixadas.
Elaborado por Ingrid Aragão Freitas Porto em maio de 2010
Atualizado e revisado por Diogo Souza Santa Cecília em agosto de 2012
1 - SUJEITOS DE DIREITO INTERNACIONAL
A sociedade internacional é formada por atores internacionais, que são os sujeitos internacionais. Sujeito internacional ou pessoa de direito internacional, é toda aquela a quem se reconhece a capacidade de possuir direitos e obrigações na esfera internacional Atualmente, os atores da sociedade internacional (sujeitos de DIP) podem ser sintetizados em (PORTELA, 2012): 
	TRADICIONAIS
Possuem ampla capacidade de ação no plano internacional
	NOVOS(Fragmentários)
Não podem celebrar Tratados (atuação restrita)
	OUTROS ENTES QUE TAMBÉM PODEM ATUAR NA COMUNIDADE INTERNACIONAL (podem ou não celebrar tratados, a depender do caso concreto)
	1 – Estados
2 – Organizações nternacionais
3 – Santa Sé
	1 – Indivíduo
2 – ONGs
3 - Empresas
	1 – Beligerantes
2 – Insurgentes
3 – Nações em luta pela soberania
4 – Blocos Regionais
Pessoas ou sujeitos do DI (segundo Celso Albuquerque de Mello):
Coletividades estatais (Estados)
Coletividades interestatais (organizações internacionais)
Coletividades� não estatais com representação plena (Beligerantes, Insurgentes, Santa Sé, territórios sob mandato e tutela, Ordem de Malta, Cruz Vermelha, territórios internacionalizados, sociedades comerciais)
Indivíduo
ESTADOS
São os sujeitos clássicos de direito internacional público. O estado sempre foi o principal ator do DIP, e ainda são os sujeitos mais importantes no plano internacional. Além de direitos, os Estados têm deveres no plano internacional. É exatamente na acepção de deveres que surge a noção de responsabilidade do Estado. 
Não interessa o tamanho, a riqueza e a localização dos Estados, todos terão a mesma condição de Estados, no plano internacional, ou seja, juridicamente, estão em igualdade dentro das negociações. EXEMPLO: a Santa Sé é bem pequena mas é um Estado.
Países são as demarcações territoriais. 
Os Estados são os principais sujeitos do DIP. Eles são os sujeitos “primários e fundadores” da sociedade internacional. É por sua iniciativa que surgiram outras pessoas internacionais, como as organizações internacionais.
Até o século XX o Estado era o único sujeito de DIP.
Estado não se confunde com nação e povo.
Estado é toda nação politicamente organizada. Estado é uma instituição organizada política, social e juridicamente, ocupando um território definido, normalmente onde a lei máxima é uma Constituição escrita, e dirigida por um governo que possui soberania reconhecida tanto interna como externamente. Um Estado soberano é sintetizado pela máxima "Um governo, um povo, um território". O Estado é responsável pela organização e pelo controle social, pois detém, segundo Max Weber, o monopólio da violência legítima (coerção, especialmente a legal).
A soberania, pressuposto fundamental da existência do Estado, teve gênese no século XVI. O conceito foi teorizado e desenvolvido pelo filósofo francês Jean Bodin, que, em sua obra “Os seis livros da República”, sustentava a tese pela qual a hereditariedade da Monarquia francesa dava ao Soberano a prerrogativa de não se sujeitar a nenhuma condição a ser imposta pelo povo.
A idéia de nação está associada a valores e tradições históricos de um povo, mas em síntese nação pode se conceituada como uma forma particular de agrupamento humano que apresenta valores e realidades históricas comuns, juntamente com seu território.
O povo é o conjunto dos cidadãos de um país, ou seja, as pessoas que estão vinculadas a um determinado regime jurídico, a um estado. Um povo está normalmente associado a uma nação e pode ser constituído por diferentes etnias.
COLETIVIDADES INTERESTATAIS
São sujeitos mediatos ou secundários do DIP porque dependem da vontade dos seus membros para a sua existência (através de tratado) e para a concretude e eficácia dos objetivos por ela perseguidos. 
São formadas pelas organizações internacionais (ORG’s). EXEMPLOS: ONU, OEA, OIT�, OMC, OMS e outras. Essas organizações internacionais (ORG’s) NÃO se confundem com as ONG’s.
As Organizações Internacionais são associações de sujeitos de Direito Internacional, ou seja, constituídas por Estados. Decorrem do crescimento das relações internacionais e da cooperação necessária entre as nações. As organizações internacionais passaram a ter maior relevância a partir da criação da Liga das Nações. Estas organizações têm como objetivo diversas questões, tais como: obtenção ou manutenção de paz, resolução de conflitos armados, desenvolvimento econômico e social etc. 
Convém discriminar que os tipos de organizações dividem-se em: 
•Intergovernamentais (os objetivos podem ser específicos ou generalizados): 
a) globais: ONU (Organização das Nações Unidas) – objetivo generalizado; UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e Cultura) – objetivo específico visa à cooperação. 
b) regionais: OEA – objetivo generalizado. 
•Não - governamentais: Greenpeace - objetivo específico. 
Organizações não-governamentais (ONGs) 
São associações de direito privado, em que as atividades são relacionadas às questões de interesse público. Têm como objetivo específico desenvolver ações em promoção ou defesa de valores e interesses relativos à moralidade, religião, ideologia ou cultura. As ONGs não são obrigatoriamente organizações internacionais, inicialmente sendo organizadas em âmbito nacional. 
O modo de atuação das ONGs depende da natureza de suas ações, em razão disso, elas não têm uma estrutura específica, dado a sua grande diversidade, além da enorme variedade temática. 
As ONGs classificam-se como: ONGs de concertação e ONGs de intervenção. 
•ONGs de Concertação: são caracterizadas pela contínua e permanente procura por posições comuns entre os parceiros. Exemplos: partidos políticos (ex.: Partido Liberal); organizações esportivas (ex.: FIFA); cooperação entre sindicatos (ex.: FSM - Federação Sindical Mundial). 
•ONGs de Intervenção: são caracterizadas pela necessidade de resolução de desafios concretos e imediatos. Exemplos: organização atuante em questões ambientais (ex.: Greenpeace); organização atuante em questões relativas à pobreza (ex.: Care); organização atuante em questões relativas à proteção e promoção de direitos humanos (ex.: OMCT - Organização Mundial Contra Tortura). 
O GREEMPEACE não é uma ORG, é uma ONG. Há outros autores que afirmam tratar-se de uma ORG. 
Questão problemática surge quando a ONG está dentro ou intrinsecamente relacionada a uma ORG. EXEMPLO: dentro ou relacionada à ONU há várias ONG’s. A CRUZ VERMELHA INTERNACIONAL é tida como uma ONG.
	ORG
	ONG
	São criadas por Estados
	São criadas por particulares
	São criadas por meio do instrumento jurídico: tratado
	São criadas por meio de ato constitutivo, destituídos da natureza jurídica de tratado
A partir da 2a. guerra mundial, com a criação da ONU, surgiram muitas organizações internacionais. A ONU reconhece a esses personagens do direito internacional o status de OBSERVADORES. 
As organizações internacionais variam de acordo com a sua finalidade, podem ser econômica, financeira, social. EXEMPLO: sistema de BRETTON WOODS, é o sistema financeiro internacional, nessa cidade dos EUA, quando foram criados o FMI e BANCO MUNDIAL.
Podem existir coletividades estatais formadas por coletividades estatais. EXEMPLO: organizações internacionais formadas por organizações internacionais. 
COLETIVIDADES NÃO ESTATAIS
São certos grupos que não guardam a característica de Estado, mas pela sua contingência no momento, passam a ser equiparadas a um Estado. Pelo papel que algumas delas representam no momento podem ser equiparadasa Estados. São os seguintes tipos:
os BELIGERANTES;
os INSURGENTES;
os MOVIMENTOS DE LIBERTAÇÃO NACIONAL;
a SOBERANA ORDEM MILITAR DE MALTA.
BELIGERANTES: o ato de beligerância é o movimento que inflama dentro de um Estado um movimento de desmembramento. Se os beligerantes alcançam uma determinada força (revoluções de grande vulto, em que há a formação de tropas regulares e a tomada do controle de parte do território estatal) podem ser reconhecidos como sujeitos de direito internacional pelos demais Estados. EXEMPLO: 1979 o movimento dos SANDINISTAS, na NICARÁGUA, foi reconhecido por tratado, com o status de Estados. O reconhecimento por outros países gera conseqüências: os emissários dos revolucionários são recebidos como diplomatas, celebram acordos, etc.
Estado de Beligerância - Aqui, o grupo subversivo envolve uma parte da população e pretende a formação de um novo Estado, que se desmembraria do Estado-mãe. Essa situação poderá criar condições que favoreçam o reconhecimento de beligerância.
O reconhecimento só se configurará se adquirirem um grau tal de poder e domínio sobre a parte do território que ocupam, que não implique qualquer dúvida sobre as possibilidades da aplicação da medida. Nesta altura, os revoltosos seriam possuidores de exército próprio, regular e disciplinado, exerceriam ação governamental, semelhante a do Estado, sobre parte do seu território e conduziriam a luta nos moldes e dentro dos padrões fixados pelo Direito Internacional para a condução de qualquer guerra.
Os efeitos imediatos do reconhecimento do estado de beligerância são os de conferirem-se aos revoltosos os direitos e obrigações atribuíveis a qualquer Estado que se encontra envolvido em conflito armado. Em outras palavras, os sublevados, após a concessão da medida, estarão sob a ação do direito de guerra. Não serão mais tratados como simples rebeldes pelos Estados que os reconheceram como beligerantes. Se entre estes está o Estado contra o qual lutam, a afirmativa anterior também se lhe aplicará, contudo estará ele exonerado de quaisquer responsabilidades pelos atos praticados pelos insurretos que envolvam danos e prejuízos aos Estados estrangeiros.
O reconhecimento de beligerância não deve ser prematuro. Mas, se é a própria mãe-pátria quem a reconhece, por declaração expressa ou, implicitamente, por atos inequívocos, considera-se que o mesmo reconhecimento, por parte de governos estrangeiros, não será intempestivo.
Em geral, o reconhecimento da beligerância toma a forma de uma declaração de neutralidade.
O reconhecimento como beligerante decorre de princípios humanitários e do direito de autodeterminação dos povos.
A característica marcante do movimento beligerante é a luta armada e a finalidade desta luta é normalmente a modificação do sistema político no qual se encontra o Estado. Ocorre beligerância tanto quando se desencadeia guerra civil para desmembramento, e também quando um ou mais partidos políticos promovem luta civil para mudar o governo vigente. Mas apenas serão beligerantes quando demonstrarem poder de fato similares aos exercidos pelo Estado contra os que se rebelam. O status de beligerante equipara-os aos Estados.
INSURGENTES: o movimento de insurgência também está relacionado à rebelião, mas, não chega a ser beligerante, já que não assume proporções tão grandes como os atos dos beligerantes. É um movimento mais fraco, que nunca será considerado como Estado, NÃO TERÃO PERSONALIDADE JURÍDICA DE DIREITO INTERNACIONAL.
Estado de Insurgência - A insurgência pode ser reconhecida quando, num determinado Estado, ocorre uma subversão de caráter eminentemente político, que não assume a proporção de uma guerra civil.
A situação dos insurgentes é diferente da dos beligerantes porque o reconhecimento não cria automaticamente determinados direitos e deveres. O ato de reconhecimento é que fixa os efeitos que pretende.
Efeitos mais restritos ao do beligerante: a) não podem ser considerados com simples piratas ou bandidos pelo Estado que os reconheceram; b) o governo legal, se os reconhecer, deverá tratar os capturados como prisioneiros de guerra; c) o governo “de jure” não é responsável pelos atos dos insurgentes.
Os insurreitos não têm território sob seu domínio. A prática internacional mostra que ou a insurgência ganha força e torna-se beligerância ou desaparece. Ex.: Vietnã, Colômbia.
MOVIMENTOS DE LIBERTAÇÃO NACIONAL: esses movimentos começaram a aparecer no cenário internacional, a partir do séc. XX. EXEMPLO: a França tinha a Legião Estrangeira na Argélia. A diferença dos movimentos de libertação nacional para outros sujeitos de direito internacional reside no fato de que aqueles que estão lutando nesse movimento NÃO fazem parte do regime governamental, ou seja, são alheios ao governo. As pessoas que os integram são, na maioria das vezes, populações indígenas, que lutam contra governos geralmente racistas ou contra ocupações estrangeiras ilegais. Portanto, a personalidade jurídica internacional desse movimento ganha certa força, que se dá em 03 âmbitos: 
DIREITO HUMANITÁRIO;
DIREITO DOS TRATADOS;
RELAÇÕES DIPLOMÁTICAS E CONSULARES.
EXEMPLO: OLP – ORGANIZAÇÃO PARA LIBERTAÇÃO DA PALESTINA que tem celebrado vários tratados, nas diversas ordens acima listadas. O reconhecimento da personalidade jurídica dependerá da postura do Estado que se relaciona com a organização. 
SOBERANA ORDEM MILITAR DE MALTA: é mantida pela Igreja Católica. Pretende ser Estado, mas não é. Tem inclusive uma pseudoconstituição. Funciona em estrita dependência da Santa Sé.
CIDADE ESTADO DO VATICANO OU SANTA SÉ
É reconhecido como Estado, emergindo como sujeito de direito internacional a partir da separação entre Estado e Igreja Católica, após a unificação italiana. Nenhum Estado deixou de reconhecer personalidade jurídica à Santa Sé, e a Itália o fez através dos Acordos de Latrão, criando a cidade-estado do Vaticano, base territorial da Santa Sé. Tem como povo os indivíduos que trabalham no vaticano (com discussão). 
Sua condição de não-estatal seria devido ao fato de, apesar de possuir governo (o Papa), território (os 44 hectares da Cidade do Vaticano), não possui povo, no sentido de nacionais, pois os que ali residem conservam suas nacionalidades de origem, e o vínculo que se estabelece entre o Vaticano e eles mais de aproxima de um vínculo funcional (afirmação de Rezek, p. 246), além do que o seu aspecto teleológico não se adequaria aos de um Estado soberano. Os fins do primeiro (Vaticano) seriam a propagação da fé Católica e a administração das propriedades da Igreja, enquanto os do último seria a organização sócio-jurídico-político de um determinado povo sobre determinado território.
Ela atua, no âmbito internacional, através do instrumento da Concordata, que regem as relações da Igreja com o Estado, e também através de tratados multilaterais e mesmo bilaterais (Convenção Financeira de Latrão).
COMITÊ INTERNACIONAL DA CRUZ VERMELHA: O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) é uma organização humanitária, independente e neutra, que se esforça em proporcionar proteção e assistência às vítimas da guerra e de outras situações de violência. Com sua sede em Genebra, Suíça, possui um mandato da comunidade internacional para servir de guardião do Direito Internacional Humanitário, além de ser o órgão fundador do Movimento da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho. No seu constante diálogo com os Estados, o CICV insiste continuamente no seu caráter neutro e independente. Somente sendo assim, livre para atuar de forma independente em relação a qualquer governo ou a qualquer outra autoridade, a organização tem condições de atender aos interesses das vítimas dos conflitos, que constituem o centro da sua missão humanitária.
A missão do CICV é proteger e assistir vítimas dos conflitos armados e outras situações de violência, sem importar quem elas sejam. Esta missão foi outorgada pela comunidade internacional e possui duas fontes:
- as Convenções de Genebrade 1949, que incumbem o Comitê de visitar prisioneiros, organizar operações de socorro, reunir familiares separados e realizar atividades humanitárias semelhantes durante conflitos armados;
- os Estatutos do Movimento Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, que encorajam a organização a empreender um trabalho semelhante em países que não vivem uma guerra internacional, mas possuem situações de violência interna, às quais portanto as Convenções de Genebra não se aplicam.
A natureza jurídica da CICV é a de organização internacional não-governamental. Detém capacidade para celebrar tratados com os Estados ou com OI (organizações internacionais) intergovernamentais. è uma associaão de direito privado.
INDIVÍDUOS
Sobretudo a partir da 2a Guerra Mundial, e com o reforço do TPI, os indivíduos passam a ser tidos como sujeitos de direito internacional (sujeitos fragmentários de DIP), ao lado das organizações e dos Estados, podendo, em determinadas situações (ainda que com uma menor amplitude do que aqueles), invocar normas de DIP, ser réus, autores, ou legitimados a peticionar diretamente em algumas comissões/cortes no plano internacional. Importa ressaltar que este tema ainda é controvertido, podendo ser apontados, em linhas gerais, os seguintes posicionamentos conflitantes: 
1ª corrente (tradicional): (Rezek) - Os indivíduos não têm personalidade de direito internacional (assim como as empresas públicas ou privadas) uma vez que não se envolvem, a título próprio, na produção do acervo normativo internacional, nem guardam qualquer relação direta e imediata com essa ordem, apesar de existirem normas internacionais que criam direitos e deveres a essas pessoas. O autor aduz que a flora e a fauna também são objetos de proteção por normas de direito das gentes, e nem por isso tem personalidade jurídica de direito das gentes. Rezek informa que ainda é experimental a idéia de que o indivíduo tenha deveres diretamente impostos pelo DIP, independente de qualquer compromisso que vincule o Estado. Ele lembra que no Tribunal Internacional de Nuremberg entendeu-se que os indivíduos podem cometer crimes suscetíveis de punição pelo direito internacional, apesar da licitude de sua conduta ante a ordem jurídica interna a que estivessem subordinados. Inobstante isso, Rezek informa que o caso de Nuremberg não constitui jurisprudência, em razão de sua exemplar singularidade.
2ª corrente (mais moderna e que vem ganhando força a cada dia, podendo ser considerada a majoritária atualmente): (Celso D. Albuquerque Mello, Valério Mazzuoli, Portela e muitos outros) – São sujeitos de DIP todos os entes cujas condutas estão diretamente previstas pelo direito das gentes, entidades ou pessoas a quem as normas de DIP são destinadas, quer atribuindo direitos ou obrigações. Mazzuoli explica que o conceito de “sujeito de DIP” não se confunde com o conceito de “personalidade jurídica internacional”, que é a capacidade para agir internacionalmente. Desta forma, não seria necessário para deter a qualidade de sujeito de direito das gentes, ter capacidade para participar do processo de formação das normas jurídicas internacionais.
Mazzuoli afirma que além do Tribunal de Nuremberg, os dois tribunais internacionais ad hoc criados pela ONU em 1993 e 1994, respectivamente o instituído para julgar as atrocidades praticadas no território da antiga Iugoslávia desde 1991, o criado para julgar inúmeras violações de direitos humanos de idêntica gravidade perpetuados em Ruanda, também confirmam a qualidade do indivíduo como sujeito de DIP.
Para o autor o TPI veio acabar de vez com as discussões relativas à legalidade dos tribunais ad hoc da ONU e a competência do TIP para julgar pessoas físicas deve ser considerada a maior prova de responsabilidade individual internacional, reforçando a idéia de que também são sujeitos de direito internacional os indivíduos.
Além disso existe o caso da pirataria, proibida pela norma costumeira internacional que condena os atos de violência em alto-mar contra pessoas ou propriedades, somente podendo ser efetuada pela tripulação de um navio com intento de pilhagem. Quem a pratica são indivíduos e não o estado, e mesmo assim o DIP autoriza a todos os Estados capturar e punir os piratas, qualquer que seja a sua nacionalidade.
Há também o caso da violação do bloqueio, que proíbe que um cidadão de Estado neutro contrabandeie, em caso de guerra, material bélico. Caso assim faça tal cidadão não viola o Direito interno do Estado a que pertence, e não há crime do estado, mas dos próprios indivíduos que violaram o DIP.
Inclusive, a Convenção Européia dos Direitos Humanos elevou os indivíduos à categoria de sujeito de direito internacional quando previu a possibilidade de qualquer cidadão, nacional ou estrangeiro, ajuizar petições junto à Comissão Européia de Direitos Humanos.
São sujeitos ativos e sujeitos passivos. Ativos porque podem reclamar direitos em instâncias internacionais, podem vindicar direitos em cortes ou instâncias internacionais. Passivos porque podem ser punidos pelo direito internacional enquanto tal.
EMPRESAS TRANSNACIONAIS
Para a corrente tradicional supracitada, não têm personalidade jurídica internacional, não sendo sujeitos de direito internacional público.
Para a corrente mais moderna abordada acima, como Mazzuoli, são SUJEITOS NÃO-FORMAIS DO DIP (fragmentários):
EMPRESAS TRANSNACIONAIS: Entende-se por transnacionais as empresas constituídas sob as leis de determinado Estado e que têm representações ou filiais em dois ou mais países, neles exercendo seu controle, acionário ou contratual, ainda que o seu capital provenha de um único Estado ou de uma única pessoa. Multinacionais, por sua vez, são empresas cujo capital provém de mais de um Estado, (podendo ser bilaterais com capital de dois países) ou multilaterais (com capital proveniente de três ou mais Estados). Não se pode equiparar as empresas transnacionais à OI intergovernamentais, mas não se descarta que tais empresas participam da sociedade internacional na qualidade de atores.
MÍDIA GLOBAL: Não pode sequer ser considerada como sujeito não-formal, eis que é abstrata.
2 - ESTADOS
ELEMENTOS DOS ESTADOS
Elementos dos Estados (sem eles não é possível o reconhecimento de um Estado como sujeito de DIP pelos demais entes):
COMUNIDADE DE INDIVÍDUOS (ELEMENTO HUMANO): pessoas que habitam o âmbito da soberania estatal. Esses indivíduos formam dentro do Estado, o que se entende por POVO (SÃO OS NACIONAIS NATOS E NATURALIZADOS) e o que se entende por POPULAÇÃO (SÃO OS NACIONAIS E OS ESTRANGEIROS).
TERRITÓRIO (ELEMENTO FÍSICO): é a porção de terra (extensiva ao espaço aéreo e marítimo) fixa e determinada onde o Estado exerce a sua soberania.
GOVERNO AUTÔNOMO E INDEPENDENTE (ELEMENTO POLÍTICO): capacidade do Estado de eleger o governo que quer adotar e a capacidade do Estado de gerir (administrativa, legislativa e judicialmente) os interesses do seu povo.
FINALIDADE (ELEMENTO SOCIAL): não existe Estado contemporâneo sem a finalidade, que objetivamente, é o papel que o Estado desempenha no seu desenvolvimento e na busca do bem-estar dos seu povo. Com discussões.
A questão da soberania como elemento necessário da personalidade internacional: alguns têm a soberania como um quarto elemento constitutivo (admitindo que certos entes não têm soberania, são os quase-Estados, ou Estados compostos por Subordinação, adiante elencados). Para outros, a soberania é característica que deflui logicamente das outras três. 
A relativização da soberania e as entidades supranacionais: o conceito de soberania passa por um processo de relativização, dada a interdependência entre os entes de direito internacional ser cada vez maior; avança-se na idéia de integração, abrindo-se mão de competências consideradas intransferíveis tempos atrás. O Direito Internacional seria impossível se não se relativizasse a soberania, mantendo-se, porém, uma parcela desta, porque a total submissão dos Estados significariaa autofagia do direito internacional, que passaria, assim, a ser supranacional.
O povo e o território são os elementos materiais do Estado; e o poder(governo) é o elemento formal. É a presença do elemento formal (poder/governo) que distinguem Estados de Organizações Internacionais.
Pode-se definir o Estado como sendo um agrupamento humano, estabelecido permanentemente num território determinado e sob um governo independente. 
Desta definição pode-se destacar os elementos constitutivos do Estado, entender este corroborado pela Convenção Pan-Americana sobre Direitos e Deveres dos Estados, a saber: a) povoação permanente; b) território determinado; c) governo; d) capacidade de entrar em relações com os demais Estados:
Povoação permanente. A população tem sido dividida em nacionais e estrangeiros, sendo que os primeiros possuem os direitos políticos, bem como se encontram sujeitos ao serviço militar. Direitos e deveres estes que via de regra não são dados aos estrangeiros. O aspecto quantitativo da população é irrelevante para o DIP, apesar de no campo da política internacional o número de habitantes poder se constituir em um elemento que fortaleça o poder do Estado. Há que se estabelecer, ainda, uma diferença entre população e povo. A primeira é a massa de indivíduos nacionais e estrangeiros que habitam o território em determinado momento histórico; é a expressão demográfica, um conceito aritmético, quantitativo. Já a palavra povo relaciona-se a um sentido social, ou seja, povo em oposição a governo, ou uma parte da coletividade determinada pelo aspecto social.
Território determinado. A exigência de um território determinado não deve ser entendida em sentido absoluto. O termo determinado não significa perfeitamente delimitado. Mesmo porque, em decorrência do princípio da igualdade jurídica dos Estados, a extensão territorial não influi sobre a personalidade internacional do Estado, apesar de apresentarem grande importância no campo da política internacional fatores como: localização estratégica, recursos, etc., que vão aumentar ou diminuir a sua dependência externa. O território não se limita ao domínio terrestre, mas se estende ao espaço aéreo e determinados espaços marítimos.
Governo e capacidade de manter relações com os demais Estados. Estes dois últimos requisitos complementam-se, ou seja, é necessária a existência de um governo soberano, isto é, de um governo não subordinado a qualquer autoridade exterior e cujos únicos compromissos sejam pautados pelo próprio DI.
FORMAÇÃO DO ESTADO:
FUNDAÇÃO DIRETA: Consiste no estabelecimento permanente de uma população em um dado território sem dono (RS nullius), com a instituição de um governo organizado e permanente. Foi a forma de nascimento dos Estados na antiguidade clássica e também na idade média.
EMANCIPAÇÃO: Por meio do qual um Estado se liberta de seu dominante (como foi o caso das 13 colônias).
SEPARAÇÃO OU DESMEMBRAMENTO
FUSÃO
AQUISIÇÃO E PERDA DE TERRITÓRIO
Descoberta: No passado, as potências navais adquiriram territórios pela descoberta, seguide de ocupação efetiva ou presumida. O objeto da descoberta era a terra nullius (ou terra de ninguém ), não necessariamente inabitadas, desde que o eventual elemento indígena não oferecesse resistência. Ex.: O caso do descobrimento do Brasil por Portugal é o modelo perfeito do que os europeus da época e épocas posteriores entendia como descoberta e apossamento de terra nullius.
Terra Derelicta: Outra forma efetuada pelos Estados de intensa presença nos mares era a terra derelicta, ou seja, a terra abandonada pelo seu primitivo descobridor, tornando-a igual ao estatuto da terra nullius. Exemplos: caso da Espanha que abandonou a ilha de Palmas, Malvinas e as Carolinas, ocupada depois pelos Países Baixos, Grã-Bretanha e Alemanha.
Conquista: Emprego de força unilateral ou como resultado do triunfo no campo de batalha. Exemplos: vários pontos do continente americano, a Espanha aniquilou o ocupante nativo e era a forma mais rude de conquista. Cessão Onerosa: ( Compra e Venda ou permuta ) Exemplos: EUA compraram a Louisiânia da França, em 1803, por 60 milhões de francos. Alaska, da Rússia, em 1867, por 7,2 milhões de dólares. Brasil adquiriu o Acre da Bolívia em 1903 por 2 milhões de Libras Esterlinas e a prestação de determinados serviços. 
Cessão Gratuita: Eufemismo. Típica dos Tratados de Paz. Exemplo: a França cedeu gratuitamente a Alsácia-Lorena para Alemanha, após ter sido derrotada na guerra bilateral de 1871. Ao tempo da 1ª Guerra, nova cessão gratuita no sentido inverso, em que a Alemanha cedeu gratuitamente a Alsácia-Lorena pelo Tratado de Versalhes de 1919.
OUTRAS FORMAS:
1)- SEPARAÇÃO DE PARTE DA POPULAÇÃO E DO TERRITÓRIO DO ESTADO, SUBSISTINDO A PERSONALIDADE INTERNACIONAL DA MÃE-PÁTRIA.
Grande maioria dos Estados do séc. XIX E XX.
Situação ocorrida com os EUA, Brasil e demais países hispano-americanos.
2)- DISSOLUÇÃO TOTAL DO ESTADO, NADA SUBSISTINDO. Grã-Colômbia (1830): República de Nova Granada ( Colômbia ), Venezuela e Equador. URSS: Federação Russa, sede em Moscow. Ucrânia, Geórgia e Bielo-Rússia.
3)- FUSÃO EM TORNO DE UM ESTADO NOVO
Pode ocorrer pacíficamente ou por conquistas.
Ex.: Itália ( 1860 ): Ducado de Modena, Parma e Toscana e o Reino de Nápoles, foram incorporados ao Piemonte.
CLASSIFICAÇÃO DOS ESTADOS
Classificação dos Estados quanto à sua estrutura:
São considerados simples (ou unitário) aqueles que apresentam um único poder centralizado, sendo, por conseguinte, a sua personalidade internacional una e única (ex.: França). Para o DI, portanto, estes Estados não apresentam maiores problemas. 
Já os Estados compostos, por sua vez, classificam-se em Estados Compostos por Coordenação e em Estados Compostos por Subordinação.
Os Estados compostos por coordenação podem ser classificados em:
Estado Federal – caracteriza-se pela união de vários Estados que perdem a soberania para a União Federal, como no caso dos EUA e Brasil; nestes, embora haja uma variedade de Estados federados, somente a União, expressão de todos num só, é sujeito de DI;
Confederação de Estados – são agrupamentos de Estados, com a finalidade de assegurar a defesa comum; permite o direito de secessão, ou seja, a possibilidade de se separar do resto dos membros da Confederação, e o direito de legação (enviar e receber representantes diplomáticos) (ex.: a República Árabe Unida – RAU);
Uniões de Estados – caracterizam-se pela presença de dois ou mais Estados, que possuam o mesmo soberano. Só eram possíveis nos Estados monárquicos, como Portugal e Espanha na chamada União Ibérica. Em função da perda da importância do poder monárquico, a união de Estados tornou-se mais uma referência histórica;
União incorporada – surge quando um Estado, em função de conflitos bélicos, passa a exercer domínio sobre o outro. Foi o que aconteceu na formação do Reino Unido, que resultou da incorporação, por parte da Inglaterra, de País de Gales, Escócia e Irlanda, esta última desincorporando-se em 1921. A Commonwealth das Nações Britânicas não é um Estado, mas uma formação sui generis de ex-domínios, protetorados, dependências e colônias britânicas que foram obtendo independência, mas optaram por manter um vínculo com a Coroa Britânica. Tal ente, todavia, não possui personalidade internacional.
Já os Estados Compostos por Subordinação, onde há hierarquia a poder, ou seja, relação de poder nas forças (não possuem uma soberania no mesmo nível dos demais Estados, sua capacidade internacional seria limitada), são classificados em:
Estado-vassalo – eram Estados que, apesar de dominados pelo Império Otomano, mantinham alguma autonomia. No entanto pagavam tributos e prestavam auxílio militar ao Império Otomano. Foram Estados-vassalos a Romênia e a Bulgária;
Protetorados –caracterizam-se pela subordinação de um Estado a outro com a obrigação do Estado Protetor oferecer sua proteção ao Estado protegido.
Estado-Clientes – eram Estados da AméricaCentral, que entregavam a administração de sua alfândega, do exército e de parcela do serviço público para os EUA. Ex. Haiti, Panamá.
Estado-Satélites – tinham situação semelhante a dos Estados-clientes, todavia estavam vinculados à União das Repúblicas Socialistas Soviéticas – URSS. Desapareceram com o esfacelamento da URSS.
Estado-exíguos – em virtude de terem território muito pequeno, não podem exercer, em todos os aspectos, sua soberania, subordinando-se, em geral, ao Estado que lhe é limítrofe. São providos de água, segurança, e outros serviços essenciais através de outros Estados. Não possuem moeda própria e até a década de 90 não podiam participar plenamente da ONU. São exemplos San Marino e Vaticano (Itália), Andorra (França/Espanha), Mônaco (França), Lesoto (África do Sul).
Estados divididos. Caracteriza-se por existirem dois sistemas de poder com uma tensão entre eles, mesmo na ausência de uma guerra civil. Os dois têm um estatuto do DI. Os Estados divididos têm personalidade internacional.
Estados associados. São um resultante do processo de descolonização em que certos Estados pequenos e subdesenvolvidos atingiram a independência sem terem meios para mantê-la. Assim eles mantêm uma associação com a antiga metrópole que se encarrega de sua defesa e política externa. Estes Estados de um modo geral gozam de autonomia nos assuntos internos e muitas vezes podem por fim livremente à associação com a grande potência.
COMPETÊNCIA
Todo Estado tem o direito de exercer a sua jurisdição no seu território e sobre a população permanente, com as exceções estabelecidas pelo direito internacional. O direito do Estado sobre o território e os respectivos habitantes é exclusivo, ou seja, nenhum outro Estado pode exercer a sua jurisdição sobre o território, a não ser com o consentimento do primeiro. É bem verdade que a legislação do Estado pode prever o exercício de sua jurisdição em país estrangeiro sobre os respectivos nacionais, o que significa que a jurisdição do Estado em relação aos estrangeiros não é exclusiva. Para alguns autores, a palavra competência exprime melhor o fenômeno.
Embora o Estado possua soberania, ou seja, tenha competência sobre o seu território, as pessoas e coisas que nele se encontram, existem certas pessoas ou coisas, ou mesmo trechos de seu território em que ele (Estado) não possui competência plena. São as restrições aos direitos fundamentais dos Estados, originadas sob a forma de costume internacional ou convencional. Essas restrições existem em nome do interesse da comunidade internacional.
NASCIMENTO E RECONHECIMENTO
Quando do surgimento de um Estado na sociedade internacional, os já existentes devem reconhecer (expressa ou tacitamente, através, p. ex., da aceitação em celebrar acordo com aquele ente) a sua existência como novo membro da ordem internacional.
Para o DI não existe um momento específico para esse reconhecimento. Todavia, a prática internacional e a doutrina têm salientado que ele não deve ser um ato prematuro, como ocorreu no reconhecimento dos EUA pela França, ainda na Guerra de Independência com a Inglaterra. Só considera uma coletividade como Estado quando esta preenche três requisitos: a) possuir governo independente, com autonomia na conduta dos seus negócios exteriores; b) esse governo ter uma autoridade efetiva sobre o seu território e população, cumprindo, também, com as suas obrigações internacionais; c) possuir um território delimitado.
Pode-se acrescentar que a ONU não reconhece situações contrárias à descolonização (Rodésia).
Teorias sobre a natureza jurídica do reconhecimento de Estado.
1. Teoria Constitutiva (Também chamada de teoria do efeito atributivo) (Openheim, Jellinek, Triepel, Kelsen): a personalidade do Estado seria constituída a partir do reconhecimento do Estado. Tal teoria justifica a idéia de que o ente deveria primeiramente ser reconhecido pela Metrópole, refletindo um pensamento eurocêntrico. Objeções: quantos reconhecimentos seriam necessários para aquele ente se tornar Estado? E como ficam os atos praticados pelo Estado antes do seu reconhecimento pelos outros?
2. Teoria Declaratória (Scelle e Aciolly, Beviláqua): o reconhecimento é simples ato de constatação de um Estado preexistente. O ente seria Estado desde que reunisse os elementos essenciais para tanto. O Estado não deixa de sê-lo por estar isolado, mas hoje é difícil conceber um Estado que consiga sobreviver no isolacionismo completo. O reconhecimento apenas declara que o estado faz juz a esta qualificação jurídica. Um novo organismo, possuidor dos elementos constitutivos do Estado, não deixa de ser Estado por não ter sido reconhecido.
3. Teoria Mista (Lauterpach): congrega as duas, o reconhecimento, por um lado, constata um fato (elemento declaratório da teoria), mas, por outro, a partir deste reconhecimento se estabelece uma relação de direitos e deveres desse novo Estado com aquele que o reconhece (elemento constitutivo da teoria).
MODALIDADES DE RECONHECIMENTO:
INDIVIDUAL OU COLETIVO
Obs. Existe também o não-reconhecimento coletivo, que se dá atualmente do seio da ONU quando esta organização manifesta-se no sentido de ter ocorrido determinado ato ilegal.
DE DIREITO OU DE FATO: O reconhecimento de direito se dá de forma definitiva e irrevogável. O reconhecimento de fato decorre de um fato que implique essa intenção.
EXPRESSO OU TÁCITO: O expresso se dá através de documento escrito, o tácito através de atitudes implícitas.
INCONDICIONADO OU CONDICIONADO: Conforme dependa ou não de condições para o reconhecimento.
Não confundir o Reconhecimento de Estado com o Reconhecimento de Governo! O primeiro pressupõe o segundo, mas pode haver o reconhecimento de governo não originário, em um Estado que já existe há tempo, quando há mudanças políticas. Uma vez emitido, o reconhecimento, que é ato unilateral, não pode ser revogado, o que não impede o Estado de expressar seu repúdio à conduta do novo Estado ou do novo governo instalado.
Antigamente, podia-se subordinar o ato do reconhecimento a uma condição, o que, hodiernamente, não se admite por não ser mais o reconhecimento de Estado ato meramente político, mas também jurídico.
Ato unilateral. A sua validade repousa na manifestação de vontade de um único sujeito de direito e produz efeitos jurídicos.
Ato irrevogável. Quem efetuou o reconhecimento não pode retirá-lo discricionariamente. Sendo, contudo, dado ao Estado que preencha os requisitos antes enunciados. Deixando de existir um dos requisitos o reconhecimento desaparece.
Ato discricionário. O Estado reconhece um outro no momento de sua vontade.
Ato retroativo. Decorre da natureza declaratória do ato, uma vez que o Estado existe antes dele, e o reconhecimento é apenas uma constatação.
Espécies de reconhecimento. O reconhecimento é dividido pelos autores em espécies, a saber: tácito ou expresso, “de jure” ou “de facto”, individual ou coletivo.
Será tácito o reconhecimento quando o propósito se revela através de atos que tornam aparentes a aceitação do novo Estado como pessoa de direito internacional. E é expresso se provém de um ato emanado de um órgão competente, através de uma nota, decreto ou tratado que declara inequivocamente o propósito de reconhecer.
“De jure” é o reconhecimento completo, definitivo e irrevogável e “de facto” se provisório ou limitado a certas relações jurídicas e revogáveis. Esta distinção é insubsistente por ser todo reconhecimento irrevogável.
Individual será o reconhecimento emanado de um único Estado e coletivo se de vários Estados.
O reconhecimento de Governo não importa no reconhecimento de sua legitimidade, mas significa apenas que este possui, de fato, o poder de dirigir o Estado e o de o representar internacionalmente. O reconhecimento do Estado comporta automaticamente o do governo que está no poder. Se a forma do governo muda, isto não altera o reconhecimento do Estado. Só o novo governo terá necessidade de novo reconhecimento.
Expresso: nota diplomática.Tácito: início de relações diplomáticas ou celebração de um tratado.
De fato: quando provisório ou limitado a certas relações jurídicas.
RECONHECIMENTO DO ESTADO DE BELIGERÂNIA: Precede ao reconhecimento de um Estado.Havendo o reconhecimento do Estado de beligerânica, o beligerante passará a desfrutar das regras do D.I. aplicáveis nos casos de neutralidade. Os governos estrangeiros poderão por as duas partes em luta no mesmo pé de igualdade jurídica, reconhecendo- lhes a qualidade de beligerantes.
Efeitos: Se são reconhecidos pela pátria-mãe como beligerantes ( ou pelo governo legal), não os pode tratar como rebeldes, mas ao mesmo tempo exonera da responsabilidade decorrente dos danos causados.
 RECONHECIMENTO DA INSURREIÇÃO: A Insurreição, com fins puramente políticos, deixando de Ter caráter de motim e passa a guerra civil ( sem, contudo se poder reconhecer o caráter jurídico deste), considera-se que existe uma situação de fato que, não podendo ser qualificada de beligerância, não deve ser qualificada como situação de pura violência ou banditismo. A este estado de fato dá-se o nome de insurgência. Efeitos: a) não podem ser tratados como piratas ou bandidos pelos governos que os reconheçam; b) se reconhecidos pela pátria mãe ou pelo governo legal, deverão ser tratados como prisioneiros de guerra.Os atos dos insurretos não comprometem a Pátria-mãe ou o governo legal.
Posição Brasileira: Princípio da Situação de fato. Para aplicá-lo, leva em consideração: a)- a existência real de um governo aceito e obedecido pelo povo; b)- estabilidade desse governo; c)- a aceitação pelo Estado da aceitação da responsabilidade pelas obrigações internacionais.
DOUTRINAS SOBRE O RECONHECIMENTO (de Governo)
A DOUTRINA TOBAR (Ministro das Relações Exteriores do Equador- 1907)
 Não se deve reconhecer governo algum oriundo de golpe de Estado ou de revolução, enquanto o povo do respectivo país, por meio de representantes livremente eleitos não o tenham reorganizado constitucionalmente. A Venezuela ( Anos 60 ), sob o Governo de Betancourt e Raúl de Leone, praticou declaradamente a doutrina Tobar. Rompeu relações diplomáticas com o Brasil em 1964 e restabeleceu-a após dois anos e meio; com a Argentina, 1966 e com o Perú, 1968 ( governo de esquerda). Rafael Caldeira assumiu em l969 e repudiu a doutrina Betancourt, sucedânea da doutrina Tobar. A doutrina desgastou-se e hoje, a regra pragmática é a da efetividade ( tem ele controle sobre o território ? mantém a ordem nas ruas ? honra os tratados internacionais ?).
A DOUTRINA ESTRADA (TAMBÉM CHAMADA DE DOUTRINA DA EFETIVIDADE) (Genaro Estrada (1930) Secretário das Relações Exteriores do México)
“o reconhecimento do governo constitui prática afrontosa, que fere a soberania da nação interessada e importa em atitude crítica”. Esta doutrina restou triunfante. A postura mais comum se for o caso, é a ruptura de relações diplomáticas com um regime que se avalie impalatável. O que se pretendeu com esta doutrina foi repudiar as ingerências indevidas e os juízos críticos dos Estados sobre o governo estrangeiro, baseada no princípio da não-intervenção em assuntos internos estatais.
Conclusão: O reconhecimento acaba sendo um ato de conveniência política.
SUCESSÃO DE ESTADOS: Sucessão de Estados é uma teoria em relações internacionais quanto ao reconhecimento e aceitação de um novo Estado criado por outros Estados, baseado em uma relação histórica percebida que o novo Estado possui com o Estado anterior. A teoria tem suas raízes na diplomacia do século XIX.
Sucessão pode se referir a transferência de direitos, obrigações, e/ou propriedade de um Estado anteriormente bem estabelecido (o Estado predecessor) ao novo (o Estado sucessor). Transferência de direitos, obrigações, e propriedade podem incluir ativos estrangeiros (embaixadas, reservas monetárias, artefatos de museus), participação em tratados, organizações internacionais, e dívidas. Frequentemente um Estado escolhe aos poucos se quer ou não ser considerado o estado sucessor.
Em uma tentativa de codificar as regras para a sucessão de Estados, uma Convenção em Viena fez um esboço em 1978. Ele entrou em vigor em 6 de novembro de 1996.
EFEITOS DA SUCESSÃO DE ESTADOS
QUANTO AOS TRATADOS: 
Teoria da sucessão automática – Os tratados anteriormente concluídos pelo Estado sucedido passam a valer automaticamente no território do estado sucessor;
Teoria da Tábula rasa – O Estado sucessor não é obrigado a aceitar os tratados então em vigor no território do Estado sucedido. Essa teoria tem prevalecido, e com ela a idéia de que os tratados internacionais devem ser extintos por efeito da sucessão de Estados.
No caso da anexação total, extinto o Estado, com ele também se extinguem os tratados por ele celebrados.
No caso de anexação parcial, o entendimento corrente é no sentido de que os tratados gerais concluídos entre o Estado anexado também se extinguem, permanecendo em vigor somente aqueles tratados reais, relativos à parte territorial incorporada pelo outro Estado. Essa oscilação dos tratados é chamada de princípio da mobilidade das fronteiras nos tratados, significando que a autoridade dos acordos internacionais concluídos pelo Estado desanexado cedem lugar ao Estado anexante. Na anexação total, os tratados ratificados pelo Estado anexador estendem-se ao estado anexado, salvo se circunstancias muito excepcionais indicarem o contrario (não sendo a recíproca verdadeira).
* O art. 16 Convenção de Viena sobre sucessão de Estados em matéria de tratados demonstra uma inclinação pela teoria da tabula rasa.
QUANTO À NACIONALIDADE: Seja no caso de anexação total ou parcial, a nacionalidade do Estado anexador se estende à população do estado anexado. No caso de separação, divisão ou desmembramento de Estado, a solução seria estender a nacionalidade dos novos Estados aos nacionais do antigo.
QUANTO ÀS OBRIGAÇÕES FINANCEIRAS: No que respeita à dívidas de Estado, a Convenção de Viena de 1983, no art. 33, as define como toda obrigação financeira de um Estado, face a outro Estado ou a uma organização internacional ou qualquer outro sujeito de Direito Internacional. Nota-se, assim, que aquela Convenção não cogita das situações de direitos dos particulares (denominação genérica para designar pessoas de direito interno, físicas ou jurídicas), que possam ser atingidos por uma mudança na titularidade da soberania de um Estado, sobre o território onde se encontram seus bens e direitos, quaisquer que sejam os polos das obrigações: outros particulares ou o próprio Estado sucessor. O princípio fundamental se encontra definido no art. 36 daquela Convenção, em virtude do qual uma sucessão de Estados não atinge, enquanto tal, quaisquer direitos dos credores do Estado, dependendo, contudo do tipo de sucessão. No caso de descolonização (art. 38), nenhuma dívida passa ao novo Estado, salvo no caso de haver acordos formais em contrário, que podem eventualmente considerar certas dívidas anteriormente contraídas em benefício exclusivo do território colonial e a importância dos ativos imobilizados, os quais se incorporaram automaticamente ao novo Estado, sem compensação. No caso de dissolução de Estados, e no caso de secessão de Estados, as dívidas dos Estados precedentes passam, em proporções eqüitativas, ao(s) Estado(s) sucessor(es), levando-se em conta os bens, direitos e interesses que tais dívidas representam para os territórios dos Estados sucessores. Na falta de uma definição pela Convenção de Viena de 1983 dos critérios para a determinação daquela proporção, o assunto cai na dificuldade e no casuísmo de dizer-se o que seja a eqüidade nas relações internacionais, tema cuja complexidade já demonstramos na Seção 4.6 do Cap. 4o deste trabalho.
QUANTO À LEGISLAÇÃO INTERNA: A regra é que ocorrendo anexação 9total ou parcial), o estado anexado passa a reger-se pelas leis que estão em vigor no território do Estado incorporador, que regula soberanamente a vigência das novas regras jurídicas do território.
QUANTOAO DOMÍNIO DO ESTADO: Todos os bens que integram o domínio público do Estado são transferidos pro Estado anexador.
DIREITOS FUNDAMENTAIS DOS ESTADOS
Todos os Estados gozam de direitos e deveres no plano internacional.
A primeira categoria de direitos estatais são os direitos fundamentais, entendidos como os direitos essenciais dos Estados, ou seja, direitos que são prerrogativas de sua existência e dos quais derivam outras prerrogativas jurídicas dos Estados. Estes direitos têm como base o direito à existência, que é o direito que tem o Estado de existir e de continuar existindo enquanto ente soberano. Por conta deste direito, os Estados podem/devem:
a) tomar todas as medidas necessárias em relação ao ingresso ou saída de estrangeiros do território nacional;
b) organizar a dar competência aos tribunais internos, para que estes apliquem as leis necessárias à existência do Estado;
c) criar um braço armado nacional.
Todos os direitos estatais derivam do direito à existência, que por sua vez não é absoluto e deve ser exercido nos limites das normas de Direito Internacional Público.
OBS: Para Accioly só existe um Direito fundamental: Direito à Existência (primordial) e do qual decorrem todos os demais.
Para Verdross ( 5 direitos ): Direito à Independência, Direito à Conservação, Direito à Igualdade, Direito à Honra ( ou ao respeito mútuo ) e o Direito a Comerciar.
Para Gerson Britto Mello Boson: Direito Fundamental à Existência, Direito à Igualdade, Direito ao Respeito Mútuo e Direito ao Comércio Internacional.
A Carta da OEA enumera dos arts. 9 ao 22 os direitos e deveres fundamentais.
A C.D.I. apresentou um projeto com uma listagem, o qual foi rejeitado.
 Relativamente aos direitos e deveres fundamentais do Estado, existe controvérsia doutrinária. Todavia, no âmbito da ONU, a Comissão de Direito Internacional (1949), quando da elaboração de um projeto de Declaração considerou como direitos fundamentais: 
a) direito à independência; 
b) direito de exercer sua jurisdição no território nacional: Todo Estado tem o direito de exercer sua jurisdição no seu território e sobre a população permanente, com as exceções estabelecidas no D.I. O Direito do Estado sobre o território e os respectivos habitantes é, em tese, exclusivo.
O Estado exerce no seu domínio territorial, todas as competência de ordem legislativa, administrativa e jurisdicional (F. Rezek). Portanto, ele exerce a generalidade da jurisdição.
A exclusividade quer dizer que, no exercício de sua competência, o Estado local não enfrenta a concorrência de qualquer outra soberania. Só o Estado pode tomar medidas restritivas contra pessoas, detentor que é do monopólio do uso legítimo da força pública.
Atos de autoridade (jure imperii): pessoa pública ou no exercício do direito.
De soberania: Imune à competência de qualquer tribunal alienígena.
Atos de simples gestão (jure gestionis): atos do Estado, mas próprios das pessoas privadas.
c) direito de igualdade jurídica: O direito à igualdade veda que um Estado submeta um outro à sua exclusiva autoridade. Carta da ONU, art. 2.º, § 1.º. Trata-se de igualdade formal, jurídica, e não material, de fato.
Consequências da igualdade jurídica: a)- qualquer questão que deva ser decidida pela Comunidade Internacional, cada Estado terá direito de voto e o voto do mais fraco valerá tanto quanto o do mais forte; b)- nenhum Estado tem o direito de reclamar jurisdição sobre outro Estado soberano.
Nas relações internacionais, a igualdade jurídica tenta compensar a desigualdade de poder. De tal direito, derivam outros: a)- nos Congressos e Conferências, os Estados se assentam e assinam os textos segundo a ordem alfabética, podendo os seus representantes falar na língua nacional do país. (não impede, contudo, a fixação de uma “língua de trabalho”); b)- em qualquer questão que deva ser decidida pela comunidade internacional, cada Estado, grande ou pequeno, tem direito a um só voto, de igual valor. É o princípio democrático em direito internacional; c) imunidade de jurisdição, em que nenhum Estado pode ter jurisdição sobre os seus pares. As questões em que seja parte um Estado não podem ser levadas aos tribunais de outro, mas tão-só aos tribunais internacionais.
d) direito de legítima defesa (direito de conservação e de defesa): O direito de conservação e de defesa compreende todas as medidas estatais necessárias à conservação e defesa do Estado. O direito de conservação implica nos direitos necessários à garantia do Estado contra qualquer mal que este possa vir a sofrer no futuro e à manutenção dos elementos constitutivos sem as quais é impossível garantir sua estabilidade como pessoa de Direito Internacional Público. É um direito-dever do Estado mas não é absoluto. O direito de conservação não justifica todo e qualquer ato do Estado que o preserve, ainda que injustos ou ilegais contra outros Estados, pois isto significaria a negação do Direito. O direito de conservação, exercido dentro de seus justos limites, assemelha-se ao direito de defesa, admitido pelas normas de Direito Internacional Público quando legítimo, cuja principal finalidade é resguardar o Estado de agressões e conflitos armados que possam quebrar a inviolabilidade de seu território. O direito de defesa só deve ser exercido dentro de limites razoáveis, utilizando-se moderadamente os meios indispensáveis para fazer cessar a agressão injusta, atual ou iminente (legítima defesa).
e) direito à liberdade e soberania: O direito à liberdade e soberania significa que nenhum Estado pode ser considerado como tal sem que seja livre para atuar com independência no cenário internacional, afastadas quaisquer coações ou interferências externas. Tal direito confunde-se com a própria noção de soberania enquanto direito que o Estado tem de autogovernar-se, sem a ingerência indevida de qualquer outro Estado. O direito à soberania estatal apresenta-se em dois aspectos:
a) soberania interna, entendida como o poder supremo do Estado de impor dentro de seu território suas decisões;
b) soberania externa, que se manifesta pela capacidade de autodeterminação do Estado nas suas relações com outros entes soberanos internacionais.
Pode-se distinguir a soberania, ainda, em:
a) soberania negativa, que se consubstancia no direito de não-intervenção;
b) soberania positiva, que é a capacidade do governo do Estado de prover bens de natureza coletiva a todos os cidadãos.
f) direito ao comércio internacional: O direito ao comércio internacional é o direito que os Estados têm de ter liberdade no comércio internacional, desde que obedecidos as normas de Direito Internacional Público e os princípios da igualdade de tratamento, vedando que um Estado se valha de sua melhor situação econômica para impor sua vontade nos atos de comércio praticados com outros Estados menos favorecidos economicamente.
g) direito de legislação: ( formular suas próprias leis e aplicá-las aos nacionais e estrangeiros, dentro, naturalmente, de certos limites ); c)- de jurisdição, ou seja, de submeter à ação dos seus próprios tribunais as pessoas e coisas que se achem em seu território, bem como o de estabelecer sua organização judiciária; d)- de domínio, em virtude do qual o Estado possui uma espécie de domínio eminente sobre o próprio território. Soberania externa: afirmação da liberdade do Estado em suas relações com os demais membros. Confunde-se com a independência. Dentre tais direitos, pode-se mencionar: a)- Ajustar Tratador Internacionais ; b)- De Legação ou de Representação; c)- O de fazer guerra e a paz; d)- o de igualdade e o de respeito mútuo.
h) direito de firmar tratados: Qualquer Estado pode iniciar negociações com outro ou vários Estados até chegar a um Tratado. Este direito decorre do fato que os Estados são legisladores, e apenas obedecer às regras que os criam. Um Tratado é um acordo entre Estado com o objetivo de produzir efeitos de direito.
O Estado tem o direito de recorrer à justiça internacional, tem legitimidade paraisso. A C.I.J. está prevista no art. 92 da Carta da ONU e com sede em Haia. Tem competência segundo o art. 36 do Estatuto da C.I.J. “voluntariedade de submissão”.
i) direito internacional do desenvolvimento: Difere do D.I. ao Desenvolvimento, matéria afeta aos Direitos Humanos. A Declaração de Concessão de Independência aos Países Coloniais e Povos ( 1960 ) abriu as portas a novos membros que não poderiam sobreviver sem o auxílio, principalmente econômico, da Comunidade Internacional. Alguns Estados argumentaram que o reconhecimento do Direito Internacional do Desenvolvimento colidia com os Princípios de Reciprocidade e da Não- Discriminação, ambos corolários da Igualdade Jurídica dos Estados. Daí porque passou-se a falar em igualdade jurídica, mas economicamente desiguais. O caso dos microestados. No entanto, a A.G. tomou várias medidas para apoiar os Estados menos capacitados.
Embora o art. 12 da Carta da OEA diga que “os direitos fundamentais dos Estados não podem ser restringidos de maneira alguma”, é certo que nenhum direito é absoluto. Logo, tais direitos sofrem limitações que ora atingem a soberania em sua faceta externa (independência), ora atingem a soberania interna (Supremacia) de um Estado. São elas:
a) capitulações: são garantias, privilégios e isenções especiais concedidos pelos Estados aos estrangeiros em seu território. Derivavam de tratados por meio dos quais os estrangeiros domiciliados no território do Estado continuavam subordinados à sua lei penal e à jurisdição dos cônsules de seu país de origem;
b) garantias internacionais: garantias que os Estados davam a outros Estados para garantir a fiel execução de tratados internacionais e de obrigações por tais Estados. Podem consistir no penhor temporário dos rendimentos do Estado ou em ocupação parcial de seu território;
c) servidões internacionais: são restrições que determinado Estado tem em relação ao livre exercício de sua soberania territorial, estabelecidas por tratados expressos, consistindo ou na obrigação de permitir certo uso do território do Estado em favor de um ou mais Estados ou na de não exercer o poder territorial em toda a sua extensão. As servidões podem ser:
c.1) positivas, ou permissivas, ou in faciendo: obrigam um Estado a permitir que outro Estado utilize seu território, ou parte dele, para diversos fins;
c.2) negativas, ou restritivas, ou in non faciendo: vedam a um Estado exercer o seu poder territorial completo. Ex.: proibição de fortificar certa ilha;
O Direito Internacional Público reconhece como válida apenas a segunda forma de servidão internacional.
São requisitos do tratados que institui uma servidão internacional:
a) serem ambas as partes Estados;
b) haver uma permanência de tempo;
c) haver incidência sobre certo território.
As servidões internacional extinguem-se por tratado entre as partes ou por ato unilateral, pois a permanência que lhe caracteriza não induz sua perpetuidade.
d) concessões: primeiramente, eram assim chamadas as partes ou quarteirões de uma cidade que o Estado destinava à moradia de estrangeiros. Depois, passou a designar a faculdade que tem um Estado de renunciar a certos direitos relativos ao seu território em favor de um outro Estado, passando o cessionário a exercer sobre o território cedido os direitos que eram inerentes ao cedente, durante o tempo estabelecido no tratado de concessão;
e) arrendamento de território: é a cessão de competências que um Estado faz a outro, mediante certas compensações estipuladas no tratado de arrendamento, sobre parte de seu território que, apesar de continuar a fazer parte do território nacional sobre a qual o Estado arrendador continua a exercer sua soberania, passa a estar sob a jurisdição e supremacia territorial do Estado arrendatário. Embora para o prof. Mazzuoli, o “arrendamento difere da cessão de território, onde o Estado cede sua jurisdição ao outro Estado, conservando, nominalmente, a sua soberania, transferindo a plenitude do poder ao cessionário, não exercendo qualquer autoridade sobre a área objeto do tratado, o prof. Celso Mello diz que, no fundo, o arrendamento é uma cessão de território a título provisório;
f) condomínio internacional ou coimpério: ocorre quando sobre um mesmo território, ou parte dele, dois ou mais Estados exercem simultaneamente sua competência, por meio de uma administração local autônoma. Tem sempre por base um tratado.
g) neutralidade permanente: consiste em uma restrição à soberania de um Estado que fica impedido de declarar guerra a qualquer outro Estado. O Estado que se compromete a tal restrição o faz por meio de tratado com outro Estado (chamado potência-garante) que se compromete a garantir a inviolabilidade do Estado neutro. Instituto já estudado. O Estado se compromete a não fazer guerra a nenhum outro, salvo em defesa própria contra a agressão sofrida. Deve ser reconhecida pelos Estados, que devem garantir, pelo menos, o dever de não violar. Ex: Suíça, Cidade do Vaticano.
h) neutralização de territórios: sempre estabelecida em tratados, importa para os Estados contratantes na proibição de exercer atos de beligerância na zona neutralizada, que é objeto de disputa pelos Estados contratantes, ou, em certos casos, de nela estabelecer fortificações ou bases militares. É normalmente temporária.
i) imunidade de jurisdição: Chama-se também de extraterritorialidade pelo costume (não é mais tida como absoluta, conforme será visto no tópico oportuno). Imunidade jurisdicional dos funcionários diplomáticos reconhecida por todos os Estados e codificada pela Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas de l961, bem como outros.
Gozam de imunidade de jurisdição ou extraterritorialidade : Os Chefes de Estado e Governo; os Agentes Diplomáticos; determinadas categorias de cônsules; tropas estrangeiras devidamente autorizadas a atravessar o território de um Estado ou de ele se instalar temporariamente; os oficiais e tripulantes de navios de Guerra de um Estado aceitos em águas territoriais de outro; Os oficiais e tripulantes de aeronaves militar autorizada a pousar em território estrangeiro.
A Declaração de Direitos e Deveres dos Estados apresenta (obs.: as declarações não vinculam juridicamente, sendo mais instrumentos políticos, gerando, quando muito sanções de não participação), ainda, os seguintes deveres: a) não intervenção; b) não permitir que no seu território se prepare uma revolta ou guerra civil em outro Estado; c) respeitar os direitos do homem; d) evitar que no seu território haja ameaça à paz e à ordem internacional: e) resolver seus litígios por meios pacíficos; f) não usar a força como ameaça à integridade de outro Estado e não utilizar a guerra como instrumento de política nacional; g) dever de não auxiliar o Estado que violou o item anterior e contra o qual a ONU exerce uma ação de polícia internacional; h) não reconhecer aquisição territorial ocorrida com a violação do item f; i) conduzir as suas relações internacionais com base no DI e no princípio de que a soberania estatal se encontra submetida ao DI; j) dever de cooperação; l) igualdade de direitos e autodeterminação dos povos; m) cumprimento das obrigações internacionais com base na boa-fé.
O art. 4.º da Constituição brasileira traz uma série de direitos e deveres dos Estados como princípios norteadores de nossas relações internacionais: não intervenção, defesa da paz (obs.: o Brasil não abiu mão da guerra como meio de legítima defesa própria ou de terceiro), concessão de asilo (seja ele territorial ou diplomático), etc.
Os direitos dos Estados podem ser classificados em duas categorias: direitos fundamentais, ou essenciais, ou inatos, ou permanentes (decorrentes da própria existência do Estado ou da sua qualidade de membro da sociedade internacional); e direitos acidentais, ou secundários, ou adquiridos, ou contingentes (derivados de um direito fundamental, e resultantes de um tratado ou do costume internacional e relativos a situações particulares).
Os deveres dos Estados podemser classificados em:
a) deveres jurídicos: decorrem das fontes primárias de Direito Internacional Público e podem ter seu cumprimento exigido coercitivamente pelos meios admitidos em Direito Internacional Público. O principal dever jurídico dos Estados é o dever de não-intervenção. Há também o dever de respeitar a jus cogens.
b) deveres morais: baseiam-se nos princípios da cortesia, da humanidade, da equidade e da justiça natural. Não podem ter seu cumprimento exigido coercitivamente nem seu descumprimento gera sanção jurídica. Muitos dos deveres morais acabam positivando-se com o tempo, passando a ser deveres jurídicos;
O dever de não-intervenção consiste em uma restrição à soberania e independência estatal e se traduz na idéia de que é obrigação de todo e qualquer Estado não se ingerir indevidamente em assuntos particulares (internos ou externos) de outros, para o fim de impor ou fazer preponderar a sua vontade. É princípio geral do Direito Internacional Público. LER art. 19 da Carta da OEA.
Os elementos caracterizadores da intervenção são:
a) imposição da vontade de determinado Estado em relação a outro, pelo uso da força manifestada por meio de violência moral ou material;
b) ingerência não solicitada pelo Estado interessado;
c) existência de uma vontade impositiva e abusiva, estranha à do Estado objeto da medida e sem a aceitação deste;
d) presença de dois Estados soberanos em conflito.
O dever de não-intervenção não é absoluto. A intervenção é legítima nos seguintes casos:
a) em nome do direito de defesa e conservação do Estado, quando este, com razão, sente-se ameaçado por outro Estado e intervém no Estado agressor;
b) salvaguarda da segurança coletiva, permitindo a intervenção para combater determinados Estados contrários à ordem pública internacional;
c) proteção e promoção dos direitos humanos.
Não se pode estudar o problema da intervenção sem fazer menção à DOUTRINA MONROE, exposta por James Monroe, então presidente dos EUA, em 1823. Tal doutrina baseava-se em três premissas:
a) o continente americano não poderia ser objeto de futuras ocupações (ou seja, de futuras pretensões colonialistas) por parte de nenhuma potencia européia;
b) os EUA não deveriam intervir nos assuntos de competência exclusiva dos países europeus;
c) os Estados americanos não aceitariam qualquer forma de ingerência que, originando-se em qualquer país europeu, atingisse os assuntos internos daqueles Estados;
Tal doutrina, que consistia na prática efetiva da não-intervenção, foi distorcida pelo presidente Theodor Roosevelt para praticar várias intervenções nos países latino-americanos, sob o pretexto de evitar ingerências indevidas dos países europeus no continente americano, justificando tal conduta no direito que os EUA teriam de intervir nos outros países americanos sempre que suspeitassem que um colapso pudesse ameaçar a vida e a propriedade de cidadãos estadunidenses.
Ao lado da doutrina Monroe, há a DOUTRINA DRAGO, enunciada por Luís Maria Drago, então Ministro das Relações Exteriores e Cultura da Argentina, em 1902. Sustentava ele que um Estado não podia intervir militarmente em outro para cobrar dívidas deste Estado. Em 1907, com a colaboração do estadunidense Horace Porter, a doutrina, que então passou a chamar-se DRAGO-PORTER, ficou enunciada da seguinte forma: “Com o fim de evitar entre nações incidentes armados de origem pecuniária proveniente de dívidas contratuais reclamadas como dívidas a nacionais de outro Estado, as potências convencionam não recorrer à força armada para a cobrança de tais dívidas contratuais”.
A regra hoje corrente é a de que a intervenção individual só cabe quando se tratar da manutenção da segurança coletiva e no interesse da sociedade internacional, por meio de procedimento próprio do organismo internacional competente.
Uma das mais importantes restrições aos direitos fundamentais dos Estados é a imunidade à jurisdição e à execução estatal de que gozam os representantes de um Estado, bem como o imóvel onde funciona a representação (embaixada) no território de outro, que ficam sujeitos apenas à jurisdição de seu país de origem, por uma ficção de extraterritorialidade. Tal de faz com o fim de garantir aos representantes de um Estado a liberdade e independência necessárias ao exercício pleno de suas funções.
RESPONSABILIDADE INTERNACIONAL DO ESTADO: é o instituto jurídico em virtude do qual o Estado a que é imputado um ato ilícito segundo o DI deve uma reparação ao Estado contra o qual este ato foi cometido. É sempre de Estado a Estado, mesmo quando a vítima ou o autor do ilícito for um particular.
Regra: O Estado é internacionalmente responsável por todo o ato ou omissão que lhe seja imputável e do qual resulte a violação de uma norma jurídica internacional (extensiva às Organizações Internacionais).
A responsabilidade pode ser delituosa ou contratual, segundo resulte de atos delituosos ou de inexecução de compromissos contraídos.
Vide melhores explicações no PONTO 15, pois não é este o objeto central deste ponto.
3 - IMUNIDADE À JURISDIÇÃO ESTATAL
É um princípio de DIP reconhecido no Direito Internacional, segundo o qual os atos praticados pelos Estados e os praticados pelos representantes dos Estados devem estar imunes à jurisdição estrangeira. Em decorrência da soberania, em princípio, não se pode obrigar que um Estado esteja submetido ao Judiciário de outro Estado. O conflito entre os Estados deve ser resolvido no plano internacional e não pela jurisdição de um dos Estados. 
A princípio, o Estado deve ter autoridade sobre as pessoas que estejam em seu território, isso é uma verdade quase que absoluta. Mas, pela cortesia internacional e pelas boas relações internacionais, o Estado se abstém de ter jurisdição sobre determinadas pessoas que estejam em seu território. É daí que nasce a IMUNIDADE À JURISDIÇÃO ESTATAL, ou seja, algumas pessoas em decorrência de sua atividade funcional não estão submetidos à jurisdição nacional, assim como os próprios Estados estrangeiros. 
Imunidade pessoal x real
Imunidade pessoal – Imunidade que certos agentes de um Estado (em especial chefes de Estado, agentes diplomáticos e consulares) desfrutam com relação à jurisdição de outro Estado.
Imunidade real – Imunidade que certas coisas pertencentes a um Estado desfrutam com relação ao Estado em que se localizam (notadamente bens da missão diplomático ou consular).
Imunidade cognitiva x executória.
A imunidade cognitiva se refere à impossibilidade de um Estado ser submetido à jurisdição de outro Estado. Também é denominda de imunidade de jurisdição.
A imunidade executória se refere à impossibilidade de efetiva apreensão do patrimônio de um Estado por outro, ainda que em sede de execução de decisão judicial.
Imunidade absoluta x relativa
Segundo a teoria da imunidade absoluta, um Estado estrangeiro somente se submete à jurisdição doméstica de outro ente estatal se com isso consentir. Diante disso, em eventual demanda ajuizada contra outro ente soberano deve o judiciário local declarar-se incompetente, salvo se houver renúncia à imunidade. 
A imunidade relativa, por sua, vez, se dá quando o Estado estrangeiro possa ser processado e julgado mesmo contra sua vontade, dentro de certas condições estatuídas pelo ordenamento jurídico (interno ou internacional).
IMUNIDADE ESTATAL
Para além da imunidade das pessoas que se encontram dentro do Estado, há a imunidade do próprio Estado à jurisdição estatal. A imunidade à jurisdição estatal surge quando um Estado estrangeiro ou organismo estrangeiro a ele vinculado vê-se demandado no Judiciário interno de outro Estado. Por esse motivo, é que a imunidade à jurisdição DO ESTADO pode ser definida, como o atributo de todo Estado soberano, que impede que outros Estados exerçam a sua jurisdição sobre os atos que realiza em exercício do seu poder soberano ou sobre os bens dos quais é titular esse Estado. 
Até a segunda metade do século XX se adotava a regra costumeirada imunidade absoluta de jurisdição sintetizada no aforismo par in parem non habet judicium (não há jurisdição entre iguais), dependendo de aceitação do Estado o exercício da jurisdição por parte de outro (TEORIA DA IMUNIDADE ABSOLUTA – era aplicável até mesmo ao processo cognitivo).
A partir da segunda metade do século XX a inconveniência da imunidade absoluta fez com que os estados passassem a rever tais regras. No âmbito europeu foi celebrada a Convenção européia sobre imunidade do Estado (Convenção da Basiléia de 1972), enquanto Cortes de diversos estados passaram a realizar a distinção entre atos de império e atos de gestão, criando-se costume neste sentido (a imunidade estatal continua sendo tida como uma norma costumeira internacional).
Neste sentido, segundo a doutrina, ATOS DE IMPÉRIO (acta jure imperii) são os atos que o Estado pratica no exercício do seu poder soberano. ATOS DE GESTÃO (acta jure gestionis) são os atos que o Estado pratica em igualdade de condições com o particular. A partir de tal distinção, passou-se a entender que a imunidade de jurisdição é aplicada apenas aos atos praticados no exercício do poder soberano (de império), sendo esta a posição adotada pela doutrina moderna, em conformidade com a CF/88, e pelo próprio Poder Judiciário como um todo, com destaque para o Supremo Tribunal Federal. 
É a adoção da TEORIA DA IMUNIDADE RELATIVA, que vem sendo aplicada aos processos de conhecimento (imunidade cognitiva é relativa), de modo a se admitir o processo e julgamento de Estados estrangeiros em questões relacionadas a atos de gestão por eles praticados, independentemente de prévia anuência (ressalte-se que o caso prático mais comum de atos considerados de gestão tem sido aqueles relacionados a matérias trabalhistas, onde há fartos julgados – vide parte final deste ponto – afastando eventual imunidade estatal invocada).
Em que pese a imunidade cognitiva venha sendo abrandada com o passar do tempo, o mesmo não se pode dizer com relação à imunidade à execução, tendo os Estados (dentre os quais o Brasil) se mostrado bastante cautelosos quanto a qualquer limitação a este respeito, de forma que se pode dizer que a constrição do patrimônio estatal alienígena continua, basicamente, a depender de sua própria voluntariedade. (IMUNIDADE EXECUTÓRIA ABSOLUTA).
Cumpre salientar, todavia, que apesar de tal caráter tido majoritariamente por absoluto da imunidade executória, a jurisprudência pátria tem explorado alternativas para tentar trazer efetividade às decisões proferidas contra entes estatais soberanos, como o envio de carta rogatória ao estado condenado para que ali se processe a execução do julgado, ou mesmo a realização de medidas executórias incidentes sobre bens estrangeiros situados no Brasil e não afetos a quaisquer atividades que lhes sejam próprias (como as consulares e diplomáticas), ainda que a possibilidade de adoção de tais medidas não seja uma unanimidade na jurisprudência (cf. STF, 2ª T, RE-AGR n. 222.368/PE;r STJ, 4ª T., Ag 230.684/DF; STF, Pleno, ACO-AgR-543/SP; STF, Pleno, ACO-AgR633/SP.
PORTELA (2012, p. 210) entende que a imunidade executória é QUASE ABSOLUTA, porquanto há as seguintes possibilidades de satisfação do débito em face do ente estatal derrotado em processo judicial:
1 – Pagamento voluntário;
2 – Negociações e pagamento pelas vias diplomáticas;
3 – Expedição de carta rogatória;
4 – Renúncia à imunidade;
5 – Execução de bens não afetos a serviços diplomáticos e consulares, recursos financeiros disponíveis em contas bancárias.
Verifica-se, todavia, que as quatro primeiras hipóteses suscitadas pelo aludido autor não possuem qualquer coercibilidade jurídica. Trata-se, em verdade, de meros desdobramentos irrelevantes de uma única realidade: o pagamento (efetivação material da decisão) somente ocorrerá se assim anuir o Estado derrotado, de forma que tais possibilidades em nada afastam o caráter absoluto da imunidade executória (vide definição acima). A única possibilidade substancialmente relevante para tal finalidade que fora indicada pelo aludido autor consiste na execução de bens não afetos a serviços diplomáticos e consulares. Mas sobre tal questão impende ressaltar, mais uma vez, a oscilação constatada no âmbito dos Tribunais Superiores, a indicar como posição mais prudente a ser adotada no momento a que sustenta que a IMUNIDADE DE EXECUÇÃO CONTINUA SENDO TIDA POR ABSOLUTA no Brasil. 
Destaque-se, por oportuno, que a renúncia/consentimento relativo ao processo de conhecimento não se estende automaticamente ao processo de execução, de forma a exigir-se sempre nova manifestação a este respeito (AS IMUNIDADES DE CONHECIMENTO E EXECUÇÃO SÃO AUTÔNOMAS).
IMUNIDADE DAS ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS
Trata-se de tema bastante controverso atualmente na Jurisprudência pátria, tendo sido constatada uma evolução dos Tribunais de uma posição relativizadora (que partia das mesmas bases aplicáveis à imunidade dos Estados – expostas supra – adotada até 2009 – cf. TST, RR-295/2004-019-10-00.6 e RR 1045/2004-001-10-00-5) para uma visão tida por absoluta da imunidade das organizações internacionais (tanto para o processo de conhecimento quanto para o processo de execução).
Tal evolução interpretativa e diferença de tratamento em relação aos Estados se deve ao entendimento de que a imunidade das OIs decorrem de seus próprios tratados pertinentes e específicos, dos quais o Brasil é parte e com os quais anuiu. Assim, o respeito a tais imunidades consiste em compromisso internacional de caráter vinculante, não podendo ser afastado a menos que haja previsão em tal sentido no próprio tratado ou renúncia expressa.
Ressalte-se que o STF (Pleno) aparenta estar caminhando no sentido da adoção de tal entendimento no julgamento dos REs 578.543 e 597.368 (os votos da Rel. Min. Ellen Gracie foram neste diapasão), ainda sem um desfecho (conforme consulta realizada em 26/08/2012).
Ante o exposto, recomenda-se, no contexto atual (AGOSTO/2012), a adoção do entendimento segundo o qual a IMUNIDADE DAS OIs É ABSOLUTA (quando embasada em acordos e tratados internacionais) tanto para o processo de CONHECIMENTO quanto para o processo de EXECUÇÃO, e se fundamenta no DIREITO CONVENCIONAL (nos próprios Tratados firmados, dos quais o Brasil é parte), diferindo-se da imunidade aplicável aos Estados estrangeiros (que se fundamenta em norma costumeira e é relativa no que diz respeito processo de conhecimento).
4 - ÓRGÃOS DE RELAÇÕES ENTRE ESTADOS –(CONSULADOS E EMBAIXADAS - DIREITO DIPLOMÁTICO E DIREITO CONSULAR )
São os seguintes os Órgãos de Relações entre Estados:
1)- Chefe de Estado ou Chefe de Governo
2)- Ministro das Relações Exteriores
3)- Agentes Diplomáticos
4)- Agentes Consulares
1)- O CHEFE DE ESTADO
Para o DIP, o Chefe de Estado (quer se intitule imperador, rei, Presidente da República) é o principal órgão do Estado nas Relações Internacionais, sendo o representante estatal na sociedade internacional.
Aspectos:
- Não cabe aos outros Estados opinarem sobre a legitimidade do mesmo;
- Cabe ao respectivo Estado comunicar oficialmente.
- No Brasil, a Constituição é clara ao dispor que compete privativamente ao Presidente da República manter relações com os Estados estrangeiros e acreditar seus Representantes Diplomáticos, bem como celebrar tratados internacionais com os mesmos, sujeitos a referendo do Congresso Nacional.
- No regime presidencial republicano, como o brasileiro, os poderes do Chefe de Estado são maiores do que os dos monarcas, pois são responsáveis pela sua política exterior e interior (acumulam as funções de Chefe de Estado e de Chefe de Governo).
Em território estrangeiro, os Chefes de Estado gozam de certas prerrogativas e imunidades, que os autores antigos, em geral, diziam decorrer da ficção da extraterritorialidade. Segundo a doutrina mais aceita atualmente, o fundamento para tais prerrogativas e imunidades reside nas considerações de cortesia, de conveniência recíproca e até de necessidade.

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