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G2 DIREITO ROMANO

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Pontifícia Universidade Católica – Rio de Janeiro 
Faculdade de Direito – Direito Romano – Prof.ª Leila Duarte 
Pedro dos Santos Clarino – 2HX – Noturno 
 
 
Jurisprudência Romana como fonte de direito 
 
A Jurisprudência Romana surge a partir do desenvolvimento do Direito 
Romano, quando este começa a apresentar um caráter muito mais legislativo do que 
baseado do direito costumeiro (consuetudinário), ocorrendo o período chamado 
Clássico do Direito em Roma. Tal classificação se deve pela “perfeição” alcançada pela 
Ciência Jurídica, através justamente dos jurisprudentes, seja por ações práticas ou 
realizações literárias. Suas funções eram: proferir pareceres, a pedido de particulares (há 
de se ressaltar, que muitas vezes, essas funções eram desempenhadas não só de modo 
formal, no seu trabalho no Fórum, mas em conversas informais entre os jurisprudentes e 
os que vinham em seu encontro para procurar uma resposta perante os casos da época); 
aconselhar os magistrados responsáveis pela administração da justiça, como os pretores; 
auxiliar os próprios pretores a preparar seus editos; produzir todo tipo de comentários e 
tratados de direito. Alguns juristas também ocupavam altos cargos judiciais e 
administrativos. 
O trabalho resultante das consultas feitas aos juristas (responsa 
prudentium) consolidava a Jurisprudência como fonte de direito. É possível realizar 
uma analogia dessa interpretação que era feita à época com a nossa atual doutrina 
jurídica (inclusive, na própria doutrina atual, a Jurisprudência se faz presente, 
principalmente através dos brocardos jurídicos). Os jurisconsultos tinham uma atuação 
de forma a realizar o ajuste do Direito aos casos, não o que ocorre atualmente pela 
técnica da subsunção (o encaixe de cada caso ao ordenamento positivo). E disso, ocorria 
a formação de direito novo, mesmo que inicialmente sem força de lei, aos poucos, 
angariou prestígio, influenciando as decisões e práticas dos magistrados e pretores (e 
por fim, o Imperador Augusto concedeu a interpretatio prudentium força de lei). As 
consultas e suas conseqüentes respostas consistiam na prática primeiramente casuístico-
empírica, pois era cada experiência observada de forma particular, cada caso analisado 
de forma diferente e justamente, essa particularidade, resultava numa outra 
circunstância da Jurisprudência, que era o método indutivo, em que através de casos 
particulares, é que se chegava a uma verdade geral (isto tudo em contraposto ao método 
sistemático-dedutivo atual, consistindo na verdade geral – o ordenamento positivo – e 
sua “desconstrução” para que se possa chegar a uma série de premissas e justificativas, 
alcançando uma conclusão). 
Algumas questões que freqüentemente ocorrem, e que de certa forma, 
são corretas de se observar: quem eram os prudentes? O que esses homens possuíam 
para exercer tamanha influência como o fazia àquele tempo? Os prudentes eram não só 
mestres do Direito, mas possuidores de sabedoria importantíssima para o 
desenvolvimento das relações e dos valores sociais e históricas, seja no campo da 
própria Ciência Jurídica, como também na Literatura, na Filosofia, dentre outras áreas. 
Nesse ponto, é necessário falar da influência da escola filosófica helenística dos 
estóicos, isto é, o Estoicismo. Fazendo uma breve referência histórica, por volta do 
século II a. C., essa escola filosófica foi levada a Roma, realizando grande influência 
sobre os estudos filosóficos romanos e na Ciência Jurídica, o que levou ao “nascimento” 
da Jurisprudência e iniciando, de certa forma, o período Clássico do Direito em Roma. 
Essa escola de filosofia consiste, resumindo, no controle da paixão, para que o homem 
possa se tornar alguém livre de erros de julgamento e alcance a perfeição moral e 
intelectual. Logo, os prudentes incorporaram esse pensamento, pois se observado, 
encaixa-se perfeitamente a função por eles exercida, já que para realizar um trabalho de 
qualidade, um julgamento sábio e justo, necessário era afastar-se das emoções, 
ampliando o alcance da lei, buscando a eficiência da justiça e consolidação e um 
processo de paz. Destacavam-se homens como Ulpiano, Cícero, possuidores de 
sabedoria e respeitadíssimos à sua época, justamente por conseguirem concentrar esse 
caráter de controle das paixões, presente no pensamento estóico e ampliavam isso ao 
campo da lei, não se prendendo a sua “letra”, mas tocando no real sentido delas, e as leis 
se faziam encaixar ao caso. Falando sobre Cícero, ele levou isso até ao plano político, 
pois quando Cônsul, sempre relevava em suas decisões o bem geral, o interesse na 
preservação da coisa pública (de onde deriva a res publica, isto é, a república), e 
enfrentou até certas oposições, como a qual vinda de Catilina, cujo conjunto de célebres 
discursos de Cícero contra ele, resultou nas chamadas Catilinárias, importantes 
registros, onde é possível observar a influência do Estoicismo sobre este grande homem 
e cidadão romano. 
Voltando a Jurisprudência em si, conseqüentemente se faz necessário 
descrever a sua decadência. Mesmo com o fim do regime da República, onde se iniciou 
a Jurisprudência, o período do Império, conhecido como Principado, visou preservar as 
magistraturas e como já falado, conferiu às responsa prudentium força de lei. A 
produção literária e o trabalho científico eram ininterruptos, respectivamente ocorrendo 
a uma época de grande tranqüilidade na vida política, econômica e militar do Império 
Romano (pax romana). Entretanto, no século III d. C., esse período de tranqüilidade 
começa a deteriorar-se (a chamada crise do terceiro século) e o Império passa a uma 
nova fase, o Dominato, onde as magistraturas foram extintas e o Imperador passou a 
governar como ditador, o que dificultou a continuidade do desenvolvimento do Direito. 
A existência de uma ciência jurídica e de juristas que viam o direito como uma ciência, 
não como um instrumento para atingir os objetivos políticos do monarca, não se 
compatibilizava com a nova ordem. A produção literária cessou quase por completo. 
Poucos são os juristas conhecidos pelo nome a partir de meados do século III. Embora a 
ciência e a educação jurídicas se mantivessem, em certa medida, no Império Oriental, 
no ocidente a maior parte das sutilezas do direito clássico perdeu-se (aliás, no Império 
do Oriente, começou a codificação do Direito, através do Código de Justiniano e os 
fragmentos dos tratados dos jurisconsultos clássicos foram agrupados neste, pelos 
Digestos ou Pandectas e foi feito um “manual” de introdução a esse classicismo 
jurídico, as Institutas). Entretanto, mesmo passado todo este tempo, a Jurisprudência 
teve um lugar único na História do Direito como um todo e os jurisconsultos, 
contribuíram muito para a organização e formulação da Ciência Jurídica e da Filosofia 
do Direito.

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