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Correção 1 prova Prof. Mauricio

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CORREÇÃO DA 1ª PROVA
Questão 1 
A Cia de Transporte Alunos Milton Campos é uma S.A aberta, cujas ações não integram índices representativos de carteira valores mobiliários admitidos a negociação no mercado de valores mobiliários. Seu capital é composto de 500 mil ações ordinárias e 500 mil ações preferenciais sem direito de voto, destas 300 mil ações são da classe A que confere direito a dividendo prioritário fixo cumulativo de R$2,00 por ação e 200 mil ações são da casse B e conferem preferência no reembolso de capital. Dessas, apenas 200 mil ações preferenciais encontram-se em circulação no mercado, sendo que 80% do capital votante pertence ao acionista controlador. Através de deliberação tomada em assembléia geral extraordinária, a Cia deliberou diminuir o dividendo prioritário das PNA’s para R$1,00 por ação, 6 meses após a AGE. A assembléia especial de titulares das ações PNA aprovou por maioria de votos a medida. Justicéia, detentora de 10.000 ações ON, 15.000 ações PNA e 5.000 ações PNB, apesar de estar ausente em ambas as assembléias, não concordou com a deliberação, sentindo-se prejudicada. 25 dias após a publicação da ata da assembléia especial, notificou a Cia, exercendo direito de recesso em relação a todas as ações por ela possuída, exigindo pagamento com base no valor patrimonial líquido dos títulos.
A Cia negou o pedido argumentando:
A) Não teria ocorrido qualquer das hipóteses ensejadoras do direito de recesso e ainda que tivesse, o direito não se aplica a acionistas de Cias abertas.
Resposta – Ocorreu sim hipótese ensejadora do direito de recesso. Houve a redução do dividendo prioritário das ações preferenciais – art 136 II. O art. 137 diz que as hipóteses de direito de recesso estão previstas no art 136 I à VI e IX. Então está certo. Este direito se aplica sim às Cias abertas, a lei até restringiu o direito de recesso em apenas duas hipóteses: participação em grupo de sociedades, incorporação e fusão naquelas Cia abertas cujas ações não tivessem alto índice de liquidez e dispersão.
B) Ademais Justicéia teria perdido o prazo para exercer seu direito de recesso em face da previsão estatutária de que todo o pleito formulado por deliberações da AGE deve ser endereçado a Cia no prazo de 15 dias e ela teria esperado aproximadamente 7 meses para exercer seu direito. 
Resposta – Não houve perda de prazo. O estatuto de uma Cia não pode alterar o prazo para o exercício do direito de retirada, pois esse é um direito essencial do acionista (art109 V). Esse prazo de 15 dias do estatuto é furada. O prazo no caso de alteração de vantagem de ações preferenciais é contado a partir da ata de publicação da assembléia especial (art 137 V). Ela não exerceu o direito 25 dias depois da publicação da ata da assembléia geral especial? Então está dentro do prazo.
C) Como se não bastasse, Justicéia não compareceu à AGE ou a assembléia especial implicando assim em concordância tácita. 
Resposta - Só não podem exercer o direito de retirada os que não votaram a favor, os que não votaram ou não comparecerem, desde que não concordem, podem ser reputados acionistas dissidentes (art.137 §2º). 
D) Tudo isso sem falar que a Cia não tinha recursos na conta de lucros e reservas para reembolsar todas as ações de Justicéia. Assim, a Cia por liberalidade, considerando que Justicéia nunca tinha faltado com suas obrigações de acionista, reembolsaria apenas as ações PNB’s, que seriam pagas após a necessária avaliação com base no valor econômico, pois essa era a previsão estatutária.
Resposta - A Cia não ter lucros e reservas é desculpa para não reembolsar ações? Não, se a Cia não tiver dinheiro terá de “meter a mão” no capital social para reembolsar. A Justicéia pediu reembolso de todas as suas ações. Nem a Cia nem Justicéia estão corretos, pois no caso de redução das vantagens conferidas as ações preferenciais, só se pode exercer o direito de recesso em relação as ações prejudicadas (PNA’s no caso). Então o reembolso se daria apenas relativamente às PNA’s. 
E) Qual o valor do reembolso? 
Resposta - A Cia disse que reembolsaria com base nos valores econômicos, porque essa era a previsão estatutária. Está certo, desde que se realize uma perícia. 
A Cia poderia não reembolsar Justicéia? Sim, desde que ela voltasse atrás na deliberação.
Questão 2
Com base em parecer do Conselho Fiscal, reunidos em assembléia geral, os acionistas da Cia de Transporte de Alunos Milton Campos decidiram reduzir o capital social para fazer frente à prejuízos acumulados. A ata da assembléia geral foi publicada e encaminhada ao registro de empresas mercantis, que a arquivou, procedendo a alteração estatutária necessária. Justicéia, credora quirografária da Cia, com título anterior a data da assembléia realizada, sentindo-se prejudicada, 30 dias após a publicação da ata, notificou a Cia opondo-se à redução. A notificação foi desconsiderada pela Cia até porque a redução já havia se tornado efetiva com arquivamento processado pela Junta Comercial. Indignada Justicéia o procurou solicitando um parecer sobre a questão.
Resposta - Estava havendo uma redução de capital para compensar prejuízos e não cabe oposição de credores nessa hipótese (art. 174). Só cabe oposição de credores quando a Cia está devolvendo recursos para os acionistas e assim diminuindo a garantia dos credores. Neste caso Justicéia não podia fazer nada.
Questão 3
A Bodex é uma Cia aberta, devidamente registrada na CVM, com capital composto de 1 milhão de ações, sendo 500 mil ordinárias e 500 mil ações preferenciais da classe A sem direito a voto e que conferem vantagem no reembolso do capital, além de dividendos prioritário fixos correspondentes 10% do valor patrimonial líquido das ações. Segundo estatuto da Cia, 30% do lucro líquido em exercício deve ser distribuído obrigatoriamente para seus acionistas. As ações da Bodex não são admitidas em negociação no mercado de valores mobiliários, mas a Cia tem pretensão de que suas ações preferenciais o sejam. O grupo controlador, liderado por Justicéia, detentor de 300 mil ações ordinárias e 100 mil ações preferenciais o procurou pedindo orientação para levar adiante a pretensão. Oriente-a, apresentando sugestões sobre o que fazer e como proceder no caso de haver solução para o problema. Se não houver, explique por quê.
Resposta - Uma Cia aberta está querendo negociar ações preferenciais no mercado de valores mobiliários. Para que as ações sejam negociadas no mercado elas tem de oferecer uma de três vantagens (incisos I, II e III do § 1º do art. 17). Essas ações preferenciais se enquadravam em qualquer daquelas 3 vantagens? Não. Aparentemente se enquadrariam no inciso I, mas não se enquadravam porque o dividendo prioritário tinha que ser mínimo e no caso é fixo. O que tinha que fazer? Já que a Justicéia era a acionista controladora, ela deveria alterar o estatuto, conferindo para as ações preferenciais alguma daquelas vantagens. Poderia fazer isso alterando o dividendo prioritário de fixo para mínimo.

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