Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
MÉTODOS GRAVIMÉTRICOS DE ANÁLISE IC 611 – Química Analítica Experimental II Professor: Flávio Couto Cordeiro IC 611 – Química Analítica Experimental II Métodos Gravimétricos São métodos analíticos quantitativos que se baseiam na determinação da massa de um composto puro ao qual o analito está quimicamente relacionado. • Gravimetria por precipitação; • Gravimetria de volatilização; • Eletrogravimetria; • Titulação gravimétrica; • Espectrometria de massas. Vários métodos analíticos baseiam-se em medidas de massa: IC 611 – Química Analítica Experimental II O precipitado deve ser separado facilmente da solução por filtração e poder ser lavado para a eliminação completa das impurezas solúveis. - O precipitado deve poder ser convertido em uma substância pura de composição química definida. o precipitado deve ser insolúvel o bastante para que não ocorra perdas por filtração Pré-requisitos para que a análise gravimétrica ocorra com exatidão: a quantidade de analito em solução não deve exceder 0,1 mg (limite de detecção da balança analítica) Não reativo com os constituintes da atmosfera IC 611 – Química Analítica Experimental II O analito é convertido em um precipitado pouco solúvel após a adição de um reagente precipitante à solução. O precipitado formado é então: Filtrado e lavado para remoção de impurezas; Convertido a um produto estável e de composição conhecida (secagem ou calcinação); Pesado. Na etapa de secagem, o precipitado é aquecido até que sua massa seja constante O aquecimento remove o solvente e qualquer espécie volátil arrastada com o precipitado Alguns precipitados também são calcinados para a decomposição do sólido em um composto de composição conhecida. Gravimetria por precipitação Vantagens da Gravimetria por Precipitação IC 611 – Química Analítica Experimental II Desvantagens da Gravimetria por Precipitação Sujeito a erros acumulativos. Longo tempo de execução e várias etapas. Pouca praticidade. Necessidade de reagentes precipitantes determinados. A exatidão dos resultados é limitada. IC 611 – Química Analítica Experimental II Conhecimento prévio do tipo de precipitado que será obtido (tempo de digestão e filtração) As partículas do precipitado não dever ser muito pequenas para não entupirem ou passarem através do filtro; Partículas pequenas podem formar uma suspensão coloidal de partículas com diâmetros na faixa de 1 a 500 nm, que podem passar pela maioria dos filtros. IC 611 – Química Analítica Experimental II Mecanismo de Formação do Precipitado IC 611 – Química Analítica Experimental II IC 611 – Química Analítica Experimental II Mecanismo de Formação do Precipitado Crescimento da partícula se a nucleação predomina, obtém-se uma grande quantidade de partículas pequenas; se o crescimento da partícula predomina: um pequeno número de partículas grandes é produzido. Envolve a adição de mais íons (ou moléculas) ao núcleo de cristalização para formar um cristal A precipitação adicional envolve uma competição entre a nucleação adicional e o crescimento dos núcleos existentes Nucleação Os núcleos são instáveis e crescem até atingirem o tamanho de partículas coloidais. Estes núcleos também podem ser formados sobre a superfície de um sólido contaminante suspenso, como partículas de sujeira (nucleação heterogênea) Alguns íons (ou moléculas) juntam-se aleatoriamente formando pequenos agregados (nucleação homogênea). • Nucleação homogênea – em que ocorre a formação de núcleos pela orientação adequadas das partículas. • Nucleação heterogênea – com agregação ocorrendo em torno de diminutas partículas de impurezas. Tipos de nucleação IC 611 – Química Analítica Experimental II Influência das condições de precipitação Em uma solução muito supersaturada, a nucleação ocorre mais rapidamente do que o crescimento da partícula formando uma suspensão de partículas pequenas ou uma dispersão coloidal. Em uma solução menos supersaturada, a nucleação é mais lenta e o núcleo formado tem mais chance de crescer, obtendo-se partículas maiores e mais adequadas para a análise gravimétrica. Ideal A cristalização inicia-se a partir de uma solução supersaturada (aquela que contém mais soluto do que o que deve estar presente no equilíbrio). Solução menos supersaturada: maior será o tamanho da partícula Solução muito supersaturada: menor será o tamanho da partícula Portanto IC 611 – Química Analítica Experimental II Controle experimental do tamanho das partículas • Solubilidade do precipitado; • Temperatura; • Concentração dos reagentes; • Velocidade com que os reagentes são misturados. Variáveis experimentais: IC 611 – Química Analítica Experimental II O efeito líquido destas variáveis no tamanho da partícula pode ser estimado qualitativamente considerando a supersaturação relativa: equação de von Weimarn IC 611 – Química Analítica Experimental II As evidências experimentais indicam que o tamanho das partículas de um precipitado varia inversamente com a supersaturação relativa média durante o tempo em que o reagente está sendo introduzido. Assim: Supersaturação relativa versus taxa de nucleação e crescimento de partícula. IC 611 – Química Analítica Experimental II Técnicas que promovem o crescimento das partículas: Elevação da temperatura, para aumentar a solubilidade e, consequentemente, diminuir a supersaturação: Manter grande o volume de solução para que as concentrações do analito e reagente precipitante sejam baixas. Adição lenta do reagente precipitante, com agitação intensa, para evitar uma condição local de muita supersaturação, principalmente se a solubilidade for pequena. IC 611 – Química Analítica Experimental II Quando a solubilidade for grande, há maior chance de se obter um precipitado cristalino Técnicas que promovem o crescimento das partículas (continuação) IC 611 – Química Analítica Experimental II Precipitação a partir de uma solução homogênea Assim, a supersaturação relativa é mantida baixa durante toda a precipitação Excessos localizados do reagente não ocorrem porque o agente precipitante é gerado gradativa e homogeneamente na solução e reage imediatamente com o analito É uma técnica onde o agente precipitante é gerado em uma solução contendo o analito através de uma reação química lenta Em geral, os precipitados homogeneamente formados, tanto coloidais como cristalinos, são mais adequados para análise gravimétrica do que os formados pela adição direta do reagente precipitante. IC 611 – Química Analítica Experimental II Exemplo de reagentes que Promovem Precipitação Homogênea IC 611 – Química Analítica Experimental II Suspensões coloidais O precipitado permanece suspenso na solução devido a repulsões elétricas entre as partículas que impedem a aglomeração As forças repulsivas surgem quando cátions (ou ânions) são adsorvidos à superfície das partículas formando uma dupla camada elétrica: IC 611 – Química Analítica Experimental II Isto pode ser obtido por um processo chamado coagulação (ou aglomeração). Neste processo a adsorção pode ser diminuída por aquecimento ou pela adição de um eletrólito adequado As suspensões coloidais podem ser utilizadas para análise gravimétrica desde que suas partículas sejam convertidas em uma massa amorfa que possa ser filtrada. Para coagularem, as partículas precisam se colidir mas as atmosferasiônicas das partículas coloidais (camada do contra-íon), carregadas negativamente, repelem-se entre si. 1) Adição de um eletrólito inerte: um aumento na concentração dos íons responsáveis pela 2ª camada de adsorção favorece a aproximação das partículas e permite a coagulação do precipitado. 2) Aquecimento da solução: diminui o número de íons adsorvidos e também aumenta a energia cinética das partículas o suficiente para que possam sobrepor a repulsão eletrostática. A coagulação pode ser induzida de duas maneiras: Suspensões coloidais (continuação) IC 611 – Química Analítica Experimental II Peptização Suspensões coloidais (continuação) Em um precipitado coagulado, as partículas são unidas por forças de coesão relativamente fracas e se o aglomerado for lavado de maneira inadequada, as partículas se dispersarão novamente para a forma coloidal Um precipitado coagulado precisa ser lavado com soluções aquecidas e na presença de um eletrólito volátil (que possa ser removido durante a secagem) IC 611 – Química Analítica Experimental II Processos que podem melhorar as características dos Precipitados Cristalinos e Coloidais: Digestão Digestão Envelhecimento Lavagem com eletrólito Reprecipitação É o aquecimento do precipitado em contato com a água-mãe durante um determinado tempo antes da filtragem. Este tratamento promove uma recristalização lenta, que resulta: formação de partículas maiores íons melhor arranjados dentro dos cristais; diminuição da adsorção superficial e inclusão de impurezas; IC 611 – Química Analítica Experimental II Envelhecimento O precipitado é deixado em repouso na presença da solução-mãe, durante um determinado tempo, antes de ser filtrado. Neste tempo (envelhecimento) ocorrem transformações irreversíveis no precipitado: Partículas pequenas são dissolvidas e novamente precipitadas sobre a superfície dos cristais maiores; Material dos vértices e arestas do cristal, em partículas imperfeitas e floculosas, são dissolvidas e depositadas sobre a superfície do cristal, tornando-o mais perfeito e compacto Lavagem com eletrólito Amadurecimento de Ostwald Reprecipitação dissolução do sólido formado, seguida de nova precipitação IC 611 – Química Analítica Experimental II Contaminação dos precipitados Os precipitados podem arrastar da solução outros constituintes solúveis que nem sempre são removidos pela simples lavagem do precipitado, dando origem a uma contaminação. Em análise gravimétrica, estas contaminações são a maior fonte de erros A co-precipitação é um processo no qual substâncias solúveis estranhas são removidas da solução por um precipitado, durante sua formação. 1) Por formação de solução sólida (inclusão ou oclusão): as impurezas encontram-se absorvidas, dentro do cristal 2) Por adsorção superficial: as impurezas encontram-se adsorvidas à superfície do cristal. A co-precipitação pode acontecer de duas maneiras: Estas impurezas podem ocasionar: Co-precipitação e Pós precipitação Contaminação dos precipitados (continuação) IC 611 – Química Analítica Experimental II Co-precipitação Adsorção superficial É mais comum em precipitados coloidais devido à maior área superficial, mas também ocorre em sólidos cristalinos. O íon contaminante adsorvido na superfície do colóide e o seu contra-íon de carga oposta na solução adjacente à partícula são arrastados na forma de um contaminante superficial. IC 611 – Química Analítica Experimental II Contaminação dos precipitados (continuação) Co-precipitação Formação de solução sólida: inclusão Um íon contaminante substitui um íon na rede cristalina do precipitado É mais provável quando o íon da impureza tem tamanho e carga semelhante ao de um dos íons do produto. Ocorre tanto para colóides quanto para cristais IC 611 – Química Analítica Experimental II Formação de solução sólida: oclusão O contaminante fica preso dentro do precipitado conforme ele é formado durante um crescimento rápido do cristal. A oclusão pode ser formadas de duas maneiras, à medida em que as partículas crescem: Contaminação dos precipitados (continuação) Co-precipitação Ocorre somente para precipitados cristalinos. Algumas vezes, quando o precipitado principal é deixado em repouso em contato com a água mãe, uma segunda substância pode precipitar lentamente por reação com o agente precipitante e depositar-se sobre a superfície das partículas do precipitado de interesse. IC 611 – Química Analítica Experimental II Contaminação dos precipitados (continuação) Pós precipitação IC 611 – Química Analítica Experimental II Gravimetria por precipitação - Aplicação Exemplo de aplicação: análise quantitativa (e quali) de cátions e ânions inorgânicos. A gravimetria por precipitação, apesar de não ser mais tão utilizada, ainda fornece uma maneira confiável para testar a exatidão de outros métodos de análise ou para verificar a composição de materiais padrão de referência; IC 611 – Química Analítica Experimental II Reagentes para precipitação de Cátions Reagentes para precipitação de Ânions IC 611 – Química Analítica Experimental II Reagentes Seletivos Orgânicos mais comumente usados IC 611 – Química Analítica Experimental II Procedimento de uma análise gravimétrica Deve-se observar as etapas sucessivas que compõem esse tipo de análise, a saber 1 - Preparação da Amostra; 2 - Preparação da Solução - Ataque da Amostra; 3 - Precipitação e Digestão; 4 - Filtração; 5 - Lavagem; 6 - Calcinação ou Secagem; 7 - Pesagem; 8 - Cálculos. IC 611 – Química Analítica Experimental II 1. Preparação da Amostra A quantidade de substância utilizada numa análise química é de cerca de 1,000 g, todavia, deve-se tomar os cuidados e precauções necessárias para que essa pequena quantidade represente fielmente o material cuja composição se quer determinar. 2. Preparação da Solução - Ataque da Amostra Para início da análise gravimétrica é necessário que o elemento desejado esteja em solução. Prepara-se, portanto, uma solução conveniente através de um tratamento químico escolhido de acordo com a natureza da amostra a ser analisada. IC 611 – Química Analítica Experimental II 4. Filtração É a separação do precipitado do meio em que se processou sua formação. A maneira como é feita a filtração dependerá do tratamento a que o precipitado será submetido na secagem ou calcinação, conforme o caso. 3. Digestão do precipitado É o tempo em que o precipitado, após ter sido formado, permanece em contato com a água-mãe. Processo destinado à obtenção de um precipitado constituído de partículas grandes, o mais puro possível, e de fácil filtração. Efetuada em temperatura elevada, é um processo de recristalização, no qual as impurezas ocluídas passam para a água-mãe. Em precipitados gelatinosos basta uma fervura e o mínimo tempo possível para a filtração. IC 611 – Química Analítica Experimental II 5. Lavagem do Precipitado Após a filtração do precipitado, deve-se submetê-lo a um processo de lavagem para remover parte da água-mãe que nele ficou retida e eliminar as impurezas solúveis e não voláteis. 6. Calcinação ou Secagem Após a filtração e a lavagem, o precipitado deve ser secado ou calcinado para depois ser pesado. A calcinação, feita em temperatura acima de 250 oC, é procedida quando for necessáriauma temperatura maior para eliminação da água residual de lavagem, ou quando se quer proceder a uma transformação química no precipitado para uma forma bem definida., que será utilizada na pesagem. Para transformar Fe(OH)3 em Fe2O3 necessita de temperatura igual a 1000 oC. A secagem, feita a um temperatura de 250 oC, é utilizada simplesmente para retirada de água de lavagem residual, e o precipitado é pesado sob a forma obtida na precipitação. Essa secagem é feita em estufa elétrica regulada a 110 oC. IC 611 – Química Analítica Experimental II 7. Pesagem Resfriamento da amostra 8. Cálculos IC 611 – Química Analítica Experimental II Parte Experimental: Determinação de Sulfato com Cloreto de Bário como agente precipitante Ba+2 + SO4 -2 BaSO4 (s) ~0,3g de amostra sólida de Na2SO4 Massa exata Dissolver o sólido em cerca de 25mL de H2O destilada e 0,3-0,6 HCl conc. Dilua essa solução a 200-225mL Aqueça a solução à ebulição Adicione gota a gota com auxílio de uma bureta ou pipeta solução de BaCl2 . H2O 5%m/v aquecida Agite a solução constantemente Deixe o ppt depositar durante 1-2 minutos Teste o líquido sobrenadante com BaCl2 para verificar se a pptação foi completa. Caso ainda ocorra a formação de ppt adicione lentamente + 3mL de reagente pptante. Espere depositar novamente e teste Deixar em banho maria por uma hora mantendo o béquer tampado com vidro de relógio Deixar em repouso por 12 horas p/digestão do ppt PROCEDIMENTO 8. Cálculos CÁLCULO NA ANÁLISE GRAVIMÉTRICA A análise gravimétrica envolve duas medidas de massa, a pesagem da amostra tomada para análise e a pesagem de uma substância de composição química definida derivada do constituinte desejado, ou seja, do analito. A porcentagem em massa de um constituinte ou analito na amostra é dada por: Quando o constituinte não é pesado na forma química em que o resultado será expresso, é necessário utilizar o fator gravimétrico ou o fator de conversão para a forma química desejada. É a razão entre a massa atômica ou massa molecular da substancia procurada (numerador) e a massa da substancia pesada (denominador), multiplicada pelo inverso da estequiometria dos compostos analisados. Fator Gravimétrico Fator gravimétrico = MM analito desejado MM forma de pesagem x Estequiometria forma de pesagem Estequiometria analito desejado CÁLCULO NA ANÁLISE GRAVIMÉTRICA Comentários
Compartilhar