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ESTUDO DO REAPROVEITAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS INDUSTRIAIS NA REGIÃO METROPOLITANA DE JOÃO PESSOA (BAYEUX, CABEDELO, JOÃO PESSOA E SANTA RITA) - PB. por Jussara Severo da Silva Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade Federal da Paraíba para obtenção do grau de Mestre João Pessoa - Paraíba Agosto - 2004 Universidade Federal da Paraíba Centro de Tecnologia curso de pós-graduação em engenharia urbana - mestrado - ESTUDO DO REAPROVEITAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS INDUSTRIAIS NA REGIÃO METROPOLITANA DE JOÃO PESSOA (BAYEUX, CABEDELO, JOÃO PESSOA E SANTA RITA) - PB. Dissertação submetida ao Curso de Pós- Graduação em Engenharia Urbana da Universidade Federal da Paraíba como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Mestre Jussara Severo da Silva ORIENTADOR: Prof. Dr. Heber Pimentel Gomes João Pessoa - Paraíba Agosto - 2004 Universidade Federal da Paraíba Centro de Tecnologia curso de pós-graduação em engenharia urbana - mestrado - FICHA CATALOGRÁFICA S586e Silva, Jussara Severo da. Estudo do reaproveitamento dos resíduos sólidos industriais na região metropolitana de João Pessoa (Bayeux, Cabedelo, João Pessoa e Santa Rita) - PB./ Jussara Severo da Silva. João Pessoa: 2004. 111p. Orientador: Heber Pimentel Gomes. Dissertação (mestrado em Engenharia Urbana). UFPB/CT. Inclui bibliografia. 1. Resíduos Sólidos Industriais. 2. Indústrias. 3. Reaproveitamento - resíduos sólidos industriais. 4. Meio Ambiente. UFPB/BC CDU 628.54(043) 2. ed. Ao meu pai, João Severo (in memorian) e a minha mãe, Zelita, pelo exemplo de força, coragem, dedicação e honestidade. Dedico AAGGRRAADDEECCIIMMEENNTTOOSS Ao Prof. Dr. Heber Pimentel Gomes pela orientação deste trabalho. A Prof. Dra. Claudia Coutinho pelo apoio e sugestões sempre prestados. Aos Professores Aluísio Braz de Melo e Valderi Duarte Leite pela atenção e participação na banca examinadora. Aos colegas de mestrado pela amizade e incentivo prestado durante o curso. Aos alunos, funcionários e professores do LARHENA – Laboratório de Recursos Hídricos e Engenharia Sanitária e Ambiental pelo ambiente de trabalho estimulando o crescimento, respeito e ajuda mútua. Aos professores e funcionários do Mestrado em Engenharia Urbana que juntamente com os alunos ajudam no desenvolvimento deste Programa de Pós-graduação para a UFPB e para a sociedade. Ao Centro de Tecnologia da UFPB pela cordialidade prestada ao longo do curso. Aos órgãos públicos e IES que possibilitaram a coleta de informações. Em especial ao Sr. Aécio Germano (SUDEMA), Sr. José Mário (CINEP) e ao Prof. Dr. Valdir Schalch (UFSCar). A CAPES pela concessão da bolsa de estudos. As indústrias que abriram suas portas para realização deste trabalho. Aos meus velhos e novos amigos, que me fazem lembrar Fernando Pessoa: “O valor das coisas não está no tempo em que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis”. Fernando Pessoa (1888-1935) Aos padres Jonas Abib, Leo, Edmilson, José Augusto, Dalcides e a todos da família Canção Nova, pela formação e o ensino de viver na Divina Providência; além das palavras adequadas, ditas da forma certa e na hora exata. A minha irmã Giselda pela contribuição e estímulo constante. Ao meu pai João Severo (in memorian) pelo exemplo de trabalho e compromisso. Agradeço com carinho à minha mãe Dona Zelita pelo apoio e orientação na minha vida. E a Deus, pela força, amor e proteção incondicional. “Comece fazendo o necessário, depois, faça o possível, e logo estarás fazendo o impossível”. São Francisco de Assis vi SSUUMMÁÁRRIIOO Lista de Figuras..................................................................................................................... x Lista de Tabelas..................................................................................................................... xiv Lista de Quadros................................................................................................................... xv Lista de Abreviaturas e Siglas............................................................................................... xvi Resumo.................................................................................................................................. xviii Abstract................................................................................................................................. xix 1 - INTRODUÇÃO....................................................................................................... 1 1.1 - OBJETIVOS.......................................................................................................... 5 2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA............................................................................. 6 2.1 - BREVE HISTÓRICO SOBRE O SANEAMENTO NO SÉCULO XX.................. 6 2.1.1 - Dados do Saneamento no Brasil................................................................. 7 2.2 - RESÍDUOS SÓLIDOS........................................................................................... 8 2.2.1 - Definição de Resíduos Sólidos................................................................... 8 2.2.2 - Definição de Resíduos Sólidos Industriais................................................. 8 2.2.3 - Periculosidade de um Resíduo.................................................................... 9 2.2.4 - Classificação de Resíduos Sólidos Industriais............................................ 10 2.3 - INDÚSTRIAS......................................................................................................... 16 2.3.1 - A revolução industrial................................................................................. 16 2.3.2 - A industrialização no Brasil........................................................................ 16 2.3.3 - Industrialização na Paraíba......................................................................... 17 2.3.4 - Principais cidades do Estado da Paraíba..................................................... 18 2.3.5 - Localização dos Distritos Industriais.......................................................... 19 2.4 - REAPROVEITAMENTO...................................................................................... 22 2.4.1 - O termo reaproveitamento.......................................................................... 23 vii 2.4.2 - Compra e venda de resíduos....................................................................... 24 2.4.3 - A importância do reaproveitamento........................................................... 25 2.5 - DESENVOLVIMENTO DE ESTUDOS EM REAPROVEITAMENTO DE RESÍDUOS 28 2.6 - DISPOSIÇÃO FINALDOS RESÍDUOS SÓLIDOS.............................................. 33 2.6.1 - Definição e tipos de Aterro Sanitário........................................................... 33 2.6.2 - Disposição final dos resíduos sólidos na área de estudo.............................. 34 2.6.2.1 - Lixão do Roger.............................................................................. 35 2.6.2.2 - Aterro Sanitário Metropolitano..................................................... 35 2.6.3 - Aterro para resíduos industriais.................................................................... 37 2.7 - GERAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS INDUSTRIAIS........................................ 39 2.7.1 - Índices internacionais de geração de resíduos industriais............................ 39 2.7.1.1 - Industrial Pollution Projection System (IPPS) ............................. 40 2.7.1.2 - Pollution Prevention and Abatement Handbook.......................... 40 2.7.1.3 - Pollution Release Transfer Register (PRTR) ............................... 40 2.7.2 - Inventário de resíduos sólidos industriais..................................................... 41 2.7.2.1 - Goiás.............................................................................................. 41 2.7.2.2 - Pernambuco................................................................................... 42 2.7.2.3 - Minas Gerais.................................................................................. 42 2.7.2.4 - Rio Grande do Sul......................................................................... 42 2.7.2.5 - Paraíba........................................................................................... 42 3 - METODOLOGIA..................................................................................................... 49 3.1 - DELIMITAÇÃO DO UNIVERSO DESTE TRABALHO...................................... 49 3.1.1 - Municípios abrangidos neste trabalho.......................................................... 50 3.2 - LEVANTAMENTO DE DADOS............................................................................ 51 3.3 - METODOLOGIA UTILIZADA NA DISSERTAÇÃO........................................... 51 3.3.1 - Definição das indústrias pesquisadas........................................................... 51 3.3.2 - Distribuição das indústrias pesquisadas por atividade econômica............... 52 viii 3.3.3 - Elaboração do banco de dados..................................................................... 54 3.3.4 - Conteúdo do questionário............................................................................. 54 3.3.5 - Aplicação do questionário............................................................................ 58 3.3.6 - Visita aos órgãos públicos............................................................................ 58 3.3.7 - Critérios para avaliação dos dados............................................................... 58 4 - RESULTADOS E DISCUSSÕES........................................................................ 60 4.1 - DISTRIBUIÇÃO DAS INDÚSTRIAS PESQUISADAS....................................... 61 4.2 - RESULTADOS GERAIS DAS INDÚSTRIAS...................................................... 61 4.3 - ANÁLISE DOS RESÍDUOS SÓLIDOS PRODUZIDOS POR TIPOLOGIA INDUSTRIAL ......................................................................................................... 64 4.3.1 - Fabricação de produtos alimentícios e bebidas............................................ 66 1.0 - Alimentos............................................................................................ 66 2.0 - Bebidas................................................................................................ 68 4.3.2 - Fabricação de produtos têxteis..................................................................... 68 4.3.3 - Confecção de artigos do vestuário e acessórios........................................... 71 4.3.4 - Preparação de couros e fabricação de artefatos de couro, artigos de viagem e calçados..................................................................................... 73 4.3.5 - Fabricação de celulose, papel e produtos de papel....................................... 76 4.3.6 - Edição, impressão e reprodução de gravações............................................. 76 4.3.7 - Fabricação de produtos químicos................................................................. 77 4.3.8 - Fabricação de artigos de borracha e plástico................................................ 78 4.3.9 - Fabricação de produtos de minerais não-metálicos...................................... 79 4.3.10 - Metalurgia básica........................................................................................ 80 4.3.11 - Fabricação de móveis e indústrias diversas................................................ 80 4.4 - ANÁLISE DO REAPROVEITAMENTO POR TIPOLOGIA INDUSTRIAL....... 82 4.4.1 - Fabricação de produtos alimentícios e bebidas............................................ 82 1.0 - Alimentos............................................................................................ 83 ix 2.0 - Bebidas................................................................................................ 85 4.4.2 - Fabricação de produtos têxteis..................................................................... 85 4.4.3 - Confecção de artigos do vestuário e acessórios........................................... 87 4.4.4 - Preparação de couros e fabricação de artefatos de couro, artigos de viagem e calçados.................................................................................. 89 4.4.5 - Fabricação de celulose, papel e produtos de papel....................................... 91 4.4.6 - Edição, impressão e reprodução de gravações............................................. 91 4.4.7 - Fabricação de produtos químicos................................................................. 92 4.4.8 - Fabricação de artigos de borracha e plástico................................................ 93 4.4.9 - Fabricação de produtos de minerais não-metálicos...................................... 94 4.4.10 - Metalurgia básica........................................................................................ 95 4.4.11 - Fabricação de móveis e indústrias diversas................................................ 95 4.5 - RESULTADOS GERAIS DA RECICLAGEM E DO REAPROVEITAMENTO 97 5 - CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES......................................................... 99 REFERÊNCIAS............................................................................................................... 104 ANEXO I............................................................................................................................. 110 ANEXO II........................................................................................................................... 111 x LLIISSTTAA DDEE FFIIGGUURRAASS Figura 2.1 - Fluxograma para classificação de resíduos NBR 10.004.................................. 11 Figura 2.2 - Cidades que possuem ou polarizam um distrito industrial (CINEP, 2002)...... 19 Figura 2.3 - Distrito Industrial de João Pessoa (CINEP, 1995) ........................................... 20 Figura 2.4 - Distrito Industrial de Mangabeira (CINEP, 1995) ........................................... 20 Figura 2.5 - Distrito Industrial de Santa Rita (CINEP, 1995) ............................................. 20 Figura 2.6 - Vista aérea da cidade de Bayeux (SUDEMA, 2000) ....................................... 21 Figura 2.7 -Vista aérea da cidade de Cabedelo (FELICIANO, 2003)................................. 21 Figura 2.8 - Estrutura dos critérios básicos adotado no Peru............................................... 24 Figura 2.9 - Fluxograma da proposta de Butter (2003) ....................................................... 32 Figura 2.10 - Fluxograma geral de um processo de logística reversa dos resíduos industriais (BUTTER, 2003) ......................................................................... 32 Figura 2.11 - Relação entre os principais componentes da crise ambiental......................... 33 Figura 2.12 - Vista aérea do antigo Lixão do Roger (NÓBREGA, 2003)............................ 35 Figura 2.13 - Entrada do Aterro Sanitário Metropolitano em agosto de 2003..................... 36 Figura 2.14 - Unidade de reciclagem próximo ao Aterro Sanitário Metropolitano de João Pessoa (NÓBREGA, 2003)............................................................................. 37 Figura 2.15 - Aterro Sanitário urbano e industrial em Berna - Suíça (OLIVEIRA, 1999).. 38 Figura 2.16 - ARIP Classe I da Tramontina em Carlos Barbosa - RS (OLIVEIRA, 2001) 38 Figura 2.17 - ARIP Classe II em construção na cidade de Gravataí - RS (OLIVEIRA, 2001)............................................................................................................. 38 Figura 2.18 - ARIP Classe I em operação na cidade de Bento Gonçalves - RS (OLIVEIRA, 2002).................................................................................... 39 Figura 3.1 - Municípios da área de estudo............................................................................ 50 Figura 3.2 - Questionário aplicado nas indústrias................................................................ 56 Figura 3.3 - Fluxograma da metodologia utilizada............................................................... 59 Figura 4.1 - Distribuição quantitativa das tipologias industriais pesquisadas por Município.......................................................................................................... 65 Figura 4.2 - Papelão e plástico inutilizado............................................................................ 67 Figura 4.3 - Restos de produção........................................................................................... 67 xi Figura 4.4 - Sobras de embalagens....................................................................................... 67 Figura 4.5 - Outros materiais que apresentam perdas........................................................... 67 Figura 4.6 - Papelão no pátio................................................................................................ 67 Figura 4.7 - Sobras de produção aguardando transporte...................................................... 67 Figura 4.8 - Estopa................................................................................................................ 69 Figura 4.9 - Estopa tingida.................................................................................................... 69 Figura 4.10 - Restos de fios prontos..................................................................................... 69 Figura 4.11 - Produto danificado.......................................................................................... 69 Figura 4.12 - Primeiro ponto de desperdício........................................................................ 70 Figura 4.13 - Sobras de sisal já selecionado......................................................................... 70 Figura 4.14 - Coleta na linha de produção............................................................................ 71 Figura 4.15 - Resíduo a ser enfardado.................................................................................. 71 Figura 4.16 - Produção de fardos na própria empresa.......................................................... 71 Figura 4.17 - Fardos prontos para utilização na caldeira...................................................... 71 Figura 4.18 - Resíduo expelido diretamente no saco plástico.............................................. 73 Figura 4.19 - Sobras que ainda serão trituradas.................................................................... 73 Figura 4.20 - Plástico a ser recolhido pela cooperativa........................................................ 73 Figura 4.21 - Resíduo proveniente na etapa de acabamento................................................ 73 Figura 4.22 - Couro resultante do corte................................................................................ 75 Figura 4.23 - Couro oriundo do acabamento........................................................................ 75 Figura 4.24 - Restos de laminado......................................................................................... 75 Figura 4.25 - Resíduos em baias........................................................................................... 75 Figura 4.26 - Lâmpadas........................................................................................................ 75 Figura 4.27 - Couro armazenado em tambor........................................................................ 75 Figura 4.28 - Coleta separada de resíduos............................................................................ 75 Figura 4.29 - Produto a ser transportado.............................................................................. 75 Figura 4.30 - Restos de vela branca...................................................................................... 78 Figura 4.31 - Restos de vela colorida .................................................................................. 78 Figura 4.32 - Matéria-prima do plástico............................................................................... 79 xii Figura 4.33 - Produção do plástico....................................................................................... 79 Figura 4.34 - Plástico em bobinas......................................................................................... 79 Figura 4.35 - Plástico pigmentado........................................................................................ 79 Figura 4.36 - Piaçava comprada em fardos.......................................................................... 82 Figura 4.37 - Perda de piaçava............................................................................................. 82 Figura 4.38 - Madeira in natura............................................................................................ 82 Figura 4.39 - Restos de madeira........................................................................................... 82 Figura 4.40 - Serragem incinerada a céu aberto................................................................... 82 Figura 4.41 - Desperdício nos suporte dos pelos das vassouras........................................... 82 Figura 4.42 - Embalagens de vidro....................................................................................... 84 Figura 4.43 - Papelão aguardando transporte....................................................................... 84 Figura 4.44 - Tambores plásticos.......................................................................................... 84 Figura 4.45 - Paletes............................................................................................................. 84 Figura 4.46 - Resíduo que vai para ração animal................................................................. 85 Figura 4.47 - Sacos de estopa que voltam para o produtor................................................... 85 Figura 4.48 - Moldes de garrafas PET..................................................................................85 Figura 4.49 - Sisal sendo levado para confecção de fardos.................................................. 87 Figura 4.50 - Fardos prontos para ser utilizado na caldeira.................................................. 87 Figura 4.51 - Restos de fios prontos..................................................................................... 87 Figura 4.52 - Produção de bobinas a partir de restos de fios................................................ 87 Figura 4.53 - Bobinas feitas com restos de fios.................................................................... 87 Figura 4.54 - Produtos doados à uma escola da comunidade............................................... 87 Figura 4.55 - Reaproveitamento do carretel de plástico....................................................... 88 Figura 4.56 - Resíduo pronto para a venda........................................................................... 88 Figura 4.57 - Caixas de papelão........................................................................................... 88 Figura 4.58 - Localização das sobras.................................................................................... 88 Figura 4.59 - Emenda das sobras.......................................................................................... 89 Figura 4.60 - Resultado da emenda...................................................................................... 89 Figura 4.61 - Latas usadas de cola para sapato..................................................................... 90 xiii Figura 4.62 - Reaproveitamento das latas de cola para sapato ............................................ 90 Figura 4.63 - Latas reaproveitadas na unidade.................................................................... 90 Figura 4.64 - Paletes............................................................................................................. 90 Figura 4.65 - Moldes dos sapatos......................................................................................... 90 Figura 4.66 - Alguns tipos de resíduos que são levados para Recife (PE) .......................... 90 Figura 4.67 - Cones de papelão a ser reaproveitado............................................................. 91 Figura 4.68 - Papelão a ser vendido...................................................................................... 92 Figura 4.69 - Tambores de metal.......................................................................................... 92 Figura 4.70 - Baldes de plástico........................................................................................... 92 Figura 4.71 - Tambores de plástico...................................................................................... 92 Figura 4.72 - Reaproveitamento da parafina........................................................................ 93 Figura 4.73 - Sobras que não voltam para o processo.......................................................... 93 Figura 4.74 - Resíduo lançado a céu aberto.......................................................................... 93 Figura 4.75 - Material que serve para ser utilizado em churrasqueiras................................ 93 Figura 4.76 - Plástico branco................................................................................................ 94 Figura 4.77 - Plástico pigmentado........................................................................................ 94 Figura 4.78 - Resíduo pronto para a venda.......................................................................... 94 Figura 4.79 - Resíduo aguardando comprador..................................................................... 94 Figura 4.80 - Cabos comprados prontos............................................................................... 96 Figura 4.81 - Cabos comprados para reaproveitar................................................................ 96 Figura 4.82 - Cabos reaproveitados...................................................................................... 96 Figura 4.83 - Utilização de material reaproveitado.............................................................. 96 Figura 4.84 - Borracha reaproveitada................................................................................... 97 Figura 4.85 - Reaproveitamento do plástico......................................................................... 97 xiv LLIISSTTAA DDEE TTAABBEELLAASS Tabela 3.1 - Critérios adotados para exclusão de algumas tipologias industriais............ 52 Tabela 3.2 - Distribuição do número de indústrias pesquisadas por Divisão da CNAE... 53 Tabela 4.1 - Número de indústrias que responderam o questionário, das que não atenderam, das que estão desativadas ou não estão implantadas e suas correspondentes porcentagens, em relação ao total de visitas..................... 61 Tabela 4.2 - Freqüência da coleta interna......................................................................... 62 Tabela 4.3 - Tipo de resíduo produzido, quantidade, formas de armazenamento e desperdício nas nove indústrias alimentícias................................................ 66 Tabela 4.4 - Tipo de resíduo produzido, quantidade, formas de armazenamento e desperdício na indústria de bebida................................................................ 68 Tabela 4.5 - Tipo de resíduo produzido, quantidade, formas de armazenamento e desperdício nas três indústrias de beneficiamento de fibra têxtil natural (algodão) e tecelagem................................................................................... 69 Tabela 4.6 - Tipo de resíduo produzido, quantidade, formas de armazenamento e desperdício na indústria de artefatos de tapeçaria e cordoaria..................... 70 Tabela 4.7 - Tipo de resíduo produzido, quantidade, formas de armazenamento e desperdício nas três indústrias de confecção de artigos do vestuário e acessórios...................................................................................................... 72 Tabela 4.8 - Tipo de resíduo produzido, quantidade, formas de armazenamento e desperdício nas três indústrias de preparação de couros e fabricação de artefatos de couro, artigos de viagem e calçados.......................................... 74 Tabela 4.9 - Tipo de resíduo produzido, quantidade, formas de armazenamento e desperdício na indústria de celulose, papel e produtos de papel.................. 76 Tabela 4.10 - Tipo de resíduo produzido, quantidade, formas de armazenamento e desperdício nas cinco indústrias de edição, impressão e reprodução de gravações...................................................................................................... 76 Tabela 4.11 - Tipo de resíduo produzido, quantidade, formas de armazenamento e desperdício nas quatro indústrias de produtos químicos............................. 77 Tabela 4.12 - Tipo de resíduo produzido, quantidade, formas de armazenamento e desperdício nas três indústrias de artigos de borracha e plástico................ 78 Tabela 4.13 - Tipo de resíduo produzido, quantidade, formas de armazenamento e desperdício nas seis indústrias de produtos de minerais não-metálicos...... 79 Tabela 4.14 - Tipo de resíduo produzido, quantidade, formas de armazenamento e desperdício na indústria de metalurgia básica............................................. 80 Tabela 4.15 - Tipo de resíduo produzido, quantidade, formas de armazenamento e desperdício nas quatro indústrias de móveis e diversas.............................. 81 Tabela 4.16 - Resultados obtidos para reciclagem e reaproveitamento de toda a amostra pesquisada..................................................................................................... 97xv LLIISSTTAA DDEE QQUUAADDRROOSS Quadro 2.1 - Pesquisa Nacional de Saneamento Básico...................................................... 7 Quadro 2.2 - Classificação de Resíduos Sólidos (SCHALCH, 1991) ................................. 8 Quadro 2.3 - Descrição do Resíduo Classe I (CONAMA 313/2002) ................................. 13 Quadro 2.4 - Descrição do Resíduo Classe II ou Classe III (CONAMA 313/2002)............ 14 Quadro 2.5 - Descrição dos Distritos Industriais existentes na Paraíba (ZENAIDE, 1996) 22 Quadro 2.6 - Abrangência do termo reaproveitamento a partir da estrutura do seu vocábulo....................................................................................................... 23 Quadro 2.7 - Principais componentes dos resíduos sólidos de acordo com as tipologias industriais....................................................................................................... 27 Quadro 2.8 - Dados do Inventário dos Resíduos Sólidos Industriais em Goiás.................. 44 Quadro 2.9 - Dados do Inventário dos Resíduos Sólidos Industriais em Pernambuco........ 45 Quadro 2.10 - Dados do Inventário dos Resíduos Sólidos Industriais em Minas Gerais..... 46 Quadro 2.11- Dados do Inventário dos Resíduos Sólidos Industriais no Rio Grande do Sul.................................................................................................................. 47 Quadro 2.12 - Dados do Inventário dos Resíduos Sólidos Industriais na Paraíba............... 48 Quadro 3.1 - Descrição dos municípios (IDEME, 2000).................................................. 50 Quadro 3.2 - Descrição das seções existentes na Classificação Nacional de Atividades Econômicas (IBGE, 2000) ............................................................................ 53 xvi LLIISSTTAA DDEE AABBRREEVVIIAATTUURRAASS EE SSIIGGLLAASS ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas ABETRE - Associação Brasileira de Empresas de Tratamento de Resíduos ARIP - Aterro para Resíduos Industriais Perigosos CEMPRE - Compromisso Empresarial para a Reciclagem CEPIS - Centro Panamericano de Ingeniería Sanitaria y Ciencias del Ambiente CINEP - Companhia de Desenvolvimento da Paraíba. CNAE - Classificação Nacional de Atividades Econômicas CNEN - Comissão Nacional de Energia Nuclear. CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente CONDIAM - Consórcio de Desenvolvimento Intermunicipal da Área Metropolitana de João Pessoa CPRH - Companhia Pernambucana do Meio Ambiente ECT - Empresa de Correios e Telegráfos EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária EMLUR - Autarquia Especial Municipal de Limpeza Urbana EPA - Environmental Protection Agency EPS - Poliestireno Expandido FEAM - Fundação Estadual de Meio Ambiente FEPAM - Fundação Estadual de Proteção Ambiental FIEP - Federação das Indústrias do Estado da Paraíba FNMA - Fundo Nacional do Meio Ambiente IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia Estatística. ICC - Câmara de Comércio Internacional IDEME - Instituto de Desenvolvimento Municipal e Estadual da Paraíba xvii INRSI - Inventário Nacional de Resíduos Sólidos Industriais IPPS - Industrial Pollution Projection System ISIC - International Standard Industrial Classification MMA - Ministério do Meio Ambiente NBR - Norma Brasileira Registrada OCDE - Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico OMS - Organização Mundial de Saúde ONU - Organização das Nações Unidas PADCT - Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico PET - Politereftalato de Etileno PMJP - Prefeitura Municipal de João Pessoa PNSB - Pesquisa Nacional de Saneamento Básico PP - Polipropileno PPrec.ind. - Polipropileno do reciclado industrial PPres.urb. - Polipropileno do resíduo urbano PRTR - Pollution Release Transfer Register PVC - Policloreto de Vinila SEBRAE - Serviço de Apoio a Micro e Pequena Empresa SOFTEX - Programa Nacional de Software para Exportação SUDEMA - Superintendência de Administração do Meio Ambiente SUDENE - Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste TCAC - Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta xviii RREESSUUMMOO Diversos são os resíduos produzidos pelas atividades humanas: domiciliar, comercial, público, serviços de saúde, portos, aeroportos, construção civil, agrícola, terminais rodoviários e ferroviários. Além desses, tem-se o resíduo industrial. Nos últimos anos, a geração de resíduos pelas indústrias tornou-se um problema de ordem mundial. Quando não tratados, adequadamente, os resíduos sólidos industriais constituem uma ameaça permanente à saúde pública e ao meio ambiente. Para as indústrias, um dos desafios a ser enfrentado é o de compatibilizar o desenvolvimento tecnológico, industrial e comercial com o equilíbrio ambiental e a preservação dos recursos naturais. O reaproveitamento dos resíduos sólidos industriais é uma das ferramentas a ser utilizada nesse desafio seja pela própria indústria geradora do resíduo ou como matéria-prima para outros estabelecimentos. O objetivo geral deste trabalho é estudar o reaproveitamento dos resíduos sólidos industriais na Região Metropolitana de João Pessoa nas cidades de: Bayeux, Cabedelo, João Pessoa e Santa Rita, no Estado da Paraíba. A metodologia consistiu na análise de informações gerais da unidade industrial, o processo de produção desenvolvido, caracterização dos resíduos sólidos industriais, acondicionamento, armazenamento interno e externo, coleta, tratamento e destino final. Tais informações foram obtidas através da aplicação de questionário em 44 unidades industriais nas seguintes tipologias industriais: alimentos e bebidas (10), têxtil (4), confecção (3), calçados (3), produtos de papel (1), produtos químicos (4), artigos de borracha e plástico (3), metalurgia básica (1), produtos minerais não-metálicos (6), editorial gráfico (5), móveis e indústrias diversas - vassouras e similares (4). O reaproveitamento é realizado em 63,6% das indústrias pesquisadas e também começa a interessar àquelas que ainda não o fazem (36,4%). Todas as indústrias pesquisadas apresentam, entre os resíduos sólidos produzidos, um percentual que varia de 5% a 30% possível de reaproveitamento. Foi constatado para as indústrias de calçados, têxteis, produtos químicos e fabricantes de vassouras que o reaproveitamento ocorre dentro do próprio estabelecimento industrial. Outra ocorrência de reaproveitamento é a venda do resíduo proporcionando receita para a indústria geradora, nesta categoria se enquadram as seguintes tipologias: bebidas, confecção, produtos de papel, artigos de plástico, metalurgia básica e editorial gráfico, proporcionando uma economia de 10% a 20% para a indústria. Dentre os resíduos produzidos no universo estudado, os mais reaproveitados são os recipientes de vidro, papel, papelão, plástico, paletes e tambores de metal ou plástico. É importante ressaltar que a responsabilidade pelo gerenciamento dos resíduos industriais, desde a geração até a disposição final desses resíduos, é do próprio gerador, ou seja, da própria indústria (Resolução Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA 05/93). Palavras-chave: resíduos sólidos industriais, indústria, reaproveitamento, meio ambiente. xix AABBSSTTRRAACCTT Several are the residues produced by the human activities: household, commercial, public, services of health, ports, airports, civil construction, agricultural, bus and trains terminal. Besides those residues, there are also the industrial ones. In the last years, the production of residues by industries became a worldwide problem. When not properly treated, the industrial solidresidues constitute a permanent menace to public health and to the environment. For the industries, one of the challenges to be faced it is to make compatible the technological, industrial and commercial development with the environmental balance and the preservation of the natural resources. The reusing of the industrial solid residues is one of the tools to be used in that challenge either for the proper industry that produces the residue or as raw material for another companies. This work aims at the study of reusing industrial solid residues in the Metropolitan Area of João Pessoa in the cities of: Bayeux, Cabedelo, João Pessoa and Santa Rita, in the State of Paraíba. The methodology consisted of the analysis of general information from the industrial units, the production process, the characterization of the industrial solid residues, the preservation, the internal and external storage, the collects, the treatment and final destiny. Such information were obtained through a questionnaire applied in 44 industrial units in the following industrial typologies: food and drink (10), textile (4), confection(3), footwears (3), paper products (1), chemical products (4), rubber and plastic goods (3), basic metallurgy (1), no-metallic mineral products (6), graphic editorial (5), pieces of furniture and other types of industries - brooms and similar (4). The reusing is accomplished in 63.6% of the researched industries and it also begins to interest those that still do not make it (36.4%). All the researched industries present, among the solid residues produced, a percentile that varies from 5% to 30% possible of reusing. It was verified that for the industries of footwears, textile, chemical and manufacturing products of brooms, the reusing happens inside of the own industrial establishment. Another reusing occurrence is the sale of the residue providing incomes for the industries, in this category are the following typologies: drinks, confecctioning, paper products, plastic goods, basic metallurgy and graphic editorial, providing an economy from 10% to 20% for the industry. Among the studied residues produced, the ones that are more reused are glass recipients, paper, cardboard, plastic, paletes and metal or plastic drums. It is important to stand out that the responsibility for the production of the industrial residues, from the generation until its final disposition, it is of the own generator, that is to say, of the own industry (according the resolution of the National Council of Environment - CONAMA 05/93). Keywords: industrial solid wates, industry, reusing, environment Introdução 1 IINNTTRROODDUUÇÇÃÃOO A cidade é obra do tempo e não pode ser pensada apenas como objeto de um único planejamento e sim de planejamentos sucessivos. Correa (1989) cita que a infra- estrutura urbana tem um papel importante na cidade, a qual não pode ser planejada sem os meios que facilitem o desenvolvimento e a higiene necessária para o próprio desenvolvimento. Leme (1999) explica que para receber investimentos de órgãos internacionais foi necessário que o Brasil na Primeira República (1889-1930) modernizasse a cidade do Rio de Janeiro (capital do país na época) para integrá-la ao mundo civilizado e assim, livrá-la das epidemias e cortiços, dinamizar a economia e vender a idéia de que o país era saudável. As intervenções de modernização, o embelezamento de trechos degradados da cidade e a prática da política sanitarista com a higienização e implantação da infra-estrutura urbana, evidencia a Engenharia Urbana nesse período. Neste sentido, a Engenharia Urbana pode ser identificada como uma área multidisciplinar que reúne segmentos da Engenharia, Arquitetura e Urbanismo. Dentre estes segmentos tem-se o Saneamento que tem por objetivo alcançar a Salubridade Ambiental para proteger e melhorar as condições de vida da população (BRASIL, 2004). São remotas as preocupações com a salubridade. Em Atenas, na Grécia Antiga, Século IV, os funcionários do serviço de limpeza pública, astínomos, além de fiscalizar os tocadores de flauta e as dançarinas, deviam impedir os moradores de avançar com suas Introdução 2 construções sobre a via pública, interditar as goteiras ao ar livre com escoamento sobre a rua e supervisionar o recolhimento do lixo (HAROEUL, 1990). Harouel (1990) ainda relata que na cidade de Paris, em 1740, era normal a presença no centro das cidades de atividades poluidoras como os matadouros, os curtumes e as fundições de gordura que acarretaram danos graves e tornaram o ar irrespirável. Por isso, a administração passou a concentrar os curtumes no subúrbio. O efeito das atividades humanas sobre o meio ambiente aumentou, significativamente, a partir do início da Revolução Industrial, no final do século XVIII. Desde este período até os dias atuais, o impacto das atividades industriais, dos grandes aglomerados urbanos e da expansão da agricultura sobre a biosfera só vem aumentando. Em 1972, dois acontecimentos vieram enfatizar a questão ambiental na agenda de problemas mundiais. O primeiro foi a publicação do relatório denominado “Os Limites do Crescimento”, que alertava para a escassez de diversos recursos naturais, em decorrência da exploração desenfreada. O segundo ocorreu em Estocolmo na Suécia, onde a Organização das Nações Unidas (ONU) promoveu a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente Humano, em que, pela primeira vez, um número significativo de países se reuniu para discutir aspectos relativos ao meio ambiente. A relação com o desenvolvimento, que já havia sido abordada num relatório preliminar, apareceu em alguns dos 26 princípios contidos na Declaração de Estocolmo sobre o Meio Ambiente, podendo-se destacar o Princípio 14: o planejamento nacional constitui um instrumento indispensável para conciliar os imperativos do desenvolvimento e a necessidade de proteger e melhorar o meio ambiente (TEIXEIRA, 1998). No Brasil, a Política Nacional de Saneamento foi instituída em 1967 onde entre outros itens, abrange o controle da poluição ambiental, inclusive lixo (letra c, art. 2° - Lei 5.318/67). Atualmente já se dispõe de uma definição para os resíduos sólidos - lixo (NBR 10.004/87), entretanto ainda não há uma Política Nacional para o mesmo. Entre a diversidade de resíduos sólidos produzidos tem-se o industrial, que é definido de acordo com a NBR 10.004/87 como os resíduos resultantes das atividades industriais. Tratando-se de resíduos sólidos industriais as conseqüências e impactos ampliam-se ainda mais, face ao efetivo potencial poluidor e contaminador. Introdução 3 A maneira como as indústrias encaram a redução da poluição ambiental mudou nos últimos anos. Até a década de 80 o enfoque era dado sobre o tratamento de “final de tubo”, ou seja, deixava-se ocorrer a poluição para então efetuar-se o tratamento do efluente, do resíduo ou da emissão. Infelizmente, esta ainda é a forma de atuação da maioria das empresas brasileiras que acarreta em um custo adicional o tratamento e a correta destinação dos resíduos gerados. Surge neste contexto, o conceito da gestão eco-eficiente, que visa operar uma indústria reduzindo ao máximo o consumo de matérias-primas, insumos e energias, otimizando todo o processo produtivo e reduzindo o impacto ambiental. Segundo Pereira (1997) são as empresas pró-ativas onde proteção ambiental não pode mais depender apenas de controles no final de processos. A prevenção da poluição e outras questões ambientais têm que ser abordadas através de todos os aspectos: projeto, fabricação e processos de distribuição. A Política Nacional de Resíduos Sólidos que até o momento, ainda encontra-se em tramitação noCongresso Nacional aborda, entre outros itens, a responsabilidade com o pós-consumo. No exercício desta responsabilidade deve-se pensar em todo o ciclo de vida e não apenas impor o produto ao mercado, como por exemplo, o descarte da embalagem de um produto após sua utilização. Como também orientar e traçar diretrizes observando os princípios da prevenção e do poluidor pagador. Na falta de uma política, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) vem elaborando resoluções para orientar os vários setores. A Resolução N° 313/2002 dispõe sobre o Inventário Nacional de Resíduos Sólidos Industriais, considerando entre outros pontos a ausência de informações precisas sobre a quantidade, os tipos e os destinos dos resíduos sólidos gerados no parque industrial do país. A geração de resíduos sólidos industriais causa preocupações mundiais. A destinação, o tratamento, o modo de evitar danos e impactos ambientais é objetivo de diversos estudos sobre os resíduos supracitados. O reaproveitamento dos resíduos sólidos industriais é uma das alternativas utilizadas para a diminuição ou eliminação dos impactos ambientais negativos provocados pela disposição inadequada dos mesmos. Introdução 4 Partindo-se do problema, verifica-se que o objetivo maior é propiciar benefícios à indústria, ao meio ambiente e a sociedade, de modo que anule ou minimize os custos dos impactos ambientais e a deterioração das condições de vida. Segundo Mumford (1991) “é necessário adaptar a cidade à sua época restituindo-lhe a sua nobreza, devolvendo a sua eficácia, ao mesmo tempo, que é preciso transformá-la fundamentalmente”. Desta forma este trabalho tem como objetivo geral estudar o reaproveitamento dos resíduos sólidos industriais na Região Metropolitana de João Pessoa nas cidades de Bayeux, Cabedelo, João Pessoa e Santa Rita. Devido à grande diversidade de indústrias, foram selecionadas algumas tipologias industriais, baseado na Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE). Os dados para a análise da ocorrência ou não do reaproveitamento na área de estudo, tiveram relação imediata com a recepção por parte da indústria. Foram também analisados os percentuais dos materiais reaproveitáveis e quantificada a economia da empresa devido ao reaproveitamento dos materiais. Com relação aos resíduos sólidos não reaproveitados foi realizado um levantamento quanto à destinação final dos mesmos. No Capítulo 2 é apresentada a revisão bibliográfica que contém informações sobre: · Os resíduos sólidos no Brasil no início do Século XX. · Saneamento com dados sobre o PNSB - Plano Nacional de Saneamento Básico de 1989 e 2000. · A industrialização no Brasil e na Paraíba. · Reaproveitamento dos Resíduos Sólidos. · Aterro Sanitário para Resíduos Sólidos Industriais. · Dados sobre o Inventário Nacional de Resíduos Sólidos Industriais. A metodologia aplicada neste trabalho está no Capítulo 3. Este capítulo contém a delimitação do universo (escolha das cidades da área de estudo), seleção das indústrias, elaboração do questionário e do banco de dados, a aplicação do questionário nas indústrias e o fluxograma empregado neste trabalho. Introdução 5 Os resultados e as discussões dos dados obtidos em campo estão presentes no Capítulo 4, onde se verifica o reaproveitamento por tipologia industrial. No Capítulo 5 são apresentadas as conclusões e sugestões para futuros trabalhos. Após o Capítulo 5 tem-se as Referências Bibliográficas utilizadas neste estudo, seguidas dos Anexos: I – Ofício utilizado para visita às indústrias e o II - Ofício utilizado para visita aos órgãos públicos. 1.1 - OBJETIVOS O objetivo geral deste trabalho é estudar o reaproveitamento dos resíduos sólidos industriais na Região Metropolitana de João Pessoa nas cidades de: Bayeux, Cabedelo, João Pessoa e Santa Rita, no Estado da Paraíba. Dentro deste contexto os objetivos específicos são: · Selecionar as tipologias industriais dos geradores mais representativos de resíduos sólidos. · Fazer um levantamento dos resíduos sólidos industriais produzidos pelos estabelecimentos industriais, por tipo de indústria. · Verificar o modo e a ocorrência do reaproveitamento dos resíduos mais produzidos nas indústrias. Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica 6 CCAAPPÍÍTTUULLOO 22 RREEVVIISSÃÃOO BBIIBBLLIIOOGGRRÁÁFFIICCAA 2.1 - BREVE HISTÓRICO SOBRE O SANEAMENTO NO SÉCULO XX No início do século XX, o Brasil já realizava projetos de implantação de saneamento nas cidades. Em muitas cidades a desordem urbana atingiu uma escala preocupante, inundações e doenças endêmicas ameaçavam o desenvolvimento econômico e social. Leme (1999) retrata que a própria capital federal, a cidade do Rio de Janeiro, vivia um momento de intensa transformação. Era o momento de transição entre o Império e a República. Na capital federal, por ser a maior e mais importante cidade do país, as transformações eram mais visíveis e evidentes. A cidade se transformou em um modelo europeu de metrópole. Demoliu-se meia cidade colonial para abrir uma avenida belle époque, morros foram arrasados para construir um porto e uma segunda avenida. Em nome da higiene, fez-se guerra aos pobres, afastando-os do centro para longe do cenário de progresso urbano. O Brasil passou a viver outras demandas, no primeiro período da República (1889 - 1930) foram propostos e realizados melhoramentos localizados, ou seja, em partes das cidades. Os principais campos de trabalho foram as obras de infra-estrutura das cidades (saneamento, abertura e regularização do sistema viário). Devido às epidemias que estavam assolando as cidades, a questão do saneamento era central e os engenheiros eram chamados para elaborar o projeto e chefiar comissões para a implantação de redes de água e de esgoto. Foi desenvolvido de forma integrado o saneamento e a expansão para algumas cidades brasileiras, como exemplo - Recife, Vitória e Santos (BENEVOLO, 1993). Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica 7 Saturnino de Brito é o nome mais relevante da história do urbanismo sanitarista do Brasil. Nas convicções de Saturnino, a salubridade era um dos fatores principais. Em seus projetos já eram incluídas medidas complementares tais como: calçamentos, canais de contorno, limpeza pública de ruas e pátios, transporte e incineração do lixo, entre outras. (BENEVOLO, 1993; LEME, 1999). Para Deák e Schiffer (1999) o urbanismo sanitarista resume-se na obra de Saturnino de Brito. 2.1.1 - Dados do Saneamento no Brasil Entre todos os setores de infra-estrutura, o saneamento é sem dúvida o mais relevante à preservação da vida e da saúde pública, com fortes impactos sobre o meio ambiente e o desenvolvimento. De acordo com a Organização Mundial de Saúde1 - OMS (1986) a saúde é o maior recurso para o desenvolvimento social, econômico e pessoal, assim como uma importante dimensão da qualidade de vida. O Brasil ainda convive com situações próprias de países subdesenvolvidos principalmente no que diz respeito à falta de infra-estrutura sanitária. E no que se refere aos resíduos sólidos a muito ainda a ser feito. No Quadro 2.1 são apresentados os dados da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico - PNSB realizada em 1989 e 2000. Quadro 2.1 - Pesquisa Nacional de Saneamento Básico. Referências 1989 2000 · População (hab.) 146.825.475 169.799.170 · Municípios 4425 5507 · Abastecimento de água - Fornecimento (%) 95,9 97,9 Ä Com tratamento 80 92,8 Ä Sem tratamento 20 7,2 · Esgotamento Sanitário - Coleta de esgoto (%) 47,3 52,2 Ä Com tratamento 8 20,2 Ä Sem tratamento 92 79,8 · Drenagem Urbana (%) - 78,6 · Resíduos Sólidos- Disposição final (%) 85 95 Ä Lixão 76 23 Ä Aterro (sanitário/ controlado) 23 73 Ä Compostagem/reciclagem 1 4 Fonte: IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (1989, 2000). 1 Definição da Carta de Ottawa, elaborada em novembro de 1986, Canadá, na Primeira Conferência Internacional sobre a Promoção da Saúde. Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica 8 2.2 - RESÍDUOS SÓLIDOS 2.2.1 - Definição de Resíduos Sólidos A definição de Resíduos Sólidos, de acordo com a Norma Brasileira (NBR) 10.004 da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT, é que resíduos sólidos são os resíduos nos estados sólido e semi-sólido, resultantes da atividade da comunidade, de origem: industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Considera-se também resíduos sólidos os lodos provenientes de sistema de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnicas e economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia possível. No Quadro 2.2 tem-se a definição para os diversos tipos de resíduos sólidos. Quadro 2.2 - Classificação de Resíduos Sólidos (SCHALCH, 1991). Tipos de Resíduo Sólidos Definição Residencial Chamado de lixo domiciliar, constituído de restos de alimentação, invólucros diversos, varredura, folhagem, ciscos e outros. Comercial Proveniente de diversos estabelecimentos comerciais, como escritórios, lojas, hotéis, restaurantes, supermercados, quitandas e outros. É constituído principalmente de papel, papelão, plástico, caixa, etc. Industrial Resultante de diferentes áreas da indústria e, portanto, de constituição muito variada. Serviços de Saúde Constituído de resíduos das mais diferentes áreas do estabelecimento: refeitório e cozinha, área de patogênicos, administração, limpeza e outros. Especial Lixo constituído por resíduos e materiais produzidos esporadicamente como: folhagens de limpeza de jardins, restos de poda, animais mortos, entulhos etc. Feira, Varrição e Outros Proveniente de varrição regular das ruas, conservação da limpeza de núcleos comerciais, limpeza de feiras, constituindo-se de papéis, cigarros, invólucros, restos de capinação, areia, ciscos e folhas. 2.2.2 - Definição de Resíduos Sólidos Industriais Resíduo Sólido Industrial é todo o resíduo que resulte de atividades industriais e que se encontre nos estados sólido, semi-sólido, gasoso - quando contido, e líquido - cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgoto ou em corpos Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica 9 d`água, ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água e aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição (Resolução CONAMA 313/2002). 2.2.3 - Periculosidade de um Resíduo Pela grande diversidade de atividades industriais, os seus resíduos são classificados em função de seu grau de periculosidade. Environmental Protection Agency - EPA2, publicou em 2002 o Guide for Industrial Waste Management. De acordo com a EPA (2002), por definição, risco é constituído de dois componentes: a probabilidade que um evento adverso pode acontecer e a magnitude das conseqüências deste evento. No contexto da administração ambiental, risco é definido como a probabilidade que saúde pública poderia ser afetada por substâncias químicas contida em unidades de gerenciamento de resíduo. E, o termo resíduo perigoso caracteriza um resíduo sólido ou combinação de resíduos sólidos os quais, devido à quantidade, concentração, ou características físicas, químicas ou infecciosas pode: · Causar ou contribuir significativamente para o aumento da mortalidade ou para o aumento de doenças irreversíveis ou incapacitantes. · Significar um perigo em potencial para a saúde humana ou meio ambiente quando tratado, armazenado, transportado, disposto ou usado de maneira imprópria. No Brasil, para o estudo e gerenciamento de resíduos sólidos industriais, além das normas da ABNT tem-se o arcabouço da Legislação Nacional (Leis, Resoluções, etc.). Segundo a NBR-10.004, periculosidade é a característica apresentada por um resíduo que em função de suas propriedades físicas, químicas ou infecto-contagiosas, pode apresentar: · Risco à saúde pública, provocando ou acentuando, de forma significativa, um aumento de mortalidade e/ou incidência de doenças. · Riscos ao meio ambiente, quando o resíduo é manuseado ou destinado de forma inadequada. 2 Environmental Protection Agency (EPA) é a agência responsável pela proteção do meio ambiente quanto à disposição imprópria dos resíduos gerados pelas diversas indústrias americanas, bem como pelas recomendações governamentais quanto à identificação, coleta, acondicionamento e destinação final. Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica 10 2.2.4 - Classificação dos Resíduos Sólidos Industriais A NBR-10.004/87 classifica em três classes os resíduos sólidos quanto aos seus riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública, para que estes resíduos possam ter manuseio e destinação adequados. Os resíduos sólidos industriais possuem a seguinte classificação: Resíduos Classe I - Perigosos: São aqueles que apresentam substancial periculosidade real ou potencial à saúde humana ou aos organismos vivos e que se caracterizam pela letalidade, não degradabilidade e pelos efeitos cumulativos diversos, ou ainda por uma das seguintes características: inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade. Resíduos Classe II - Não Inertes São aqueles que não se enquadram nas classificações de Resíduos Classe I - Perigosos ou de Resíduos Classe III - Inertes. Esses resíduos apresentam propriedades, tais como: combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade em água. Inclui-se nesta classe: papel, papelão, matéria vegetal e outros. Resíduos Classe III - Inertes Segundo a NBR-10.004/87 são os resíduos que, quando amostrados de forma representativa e submetidos a um contato estático ou dinâmico com a água destilada ou deionizada, à temperatura ambiente, não tiveram nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade da água, excetuando-se os padrões de aspecto, cor, turbidez e sabor. Ex: rochas, tijolos, vidros e certos plásticos e borrachas que não são decompostos prontamente. Apesar de a NBR 10.004 ser baseada em procedimentos americanos, relacionados no Code of Federal Registry – Title 40 (CFR 40) – Protection of Environment (USA, 1994), a classificação dos resíduos sólidos em três classes é peculiar à norma brasileira, pois o CFR 40 orienta para a classificação dos resíduos apenas em perigosos e não- perigosos, sem mencionar o teste de solubilização dos resíduos, que é o principal responsável pela classificação dos resíduos não-inertes e inertes segundo a norma brasileira (SISINNO, 2003). Na Figura 2.1 é apresentado um fluxograma para classificação de resíduos sólidos industriais de acordo com a NBR 10.004/87. Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica 11 l Figura 2.1 - Fluxograma para classificação de resíduos NBR 10.004. Fonte: Adaptado de Ceragioli (1998). Não Não Não Sim Sim Sim SimSim Não Sim Não Sim Não Não Sim Não Sim Resíduo com origem conhecida RESÍDUO CLASSE I PERIGOSO consultar listagem 5 consultar listagem 5 e 6 analisar periculosidade analisar solubilidade comparar resultados com padrões da listagem 8 RESÍDUO CLASSE III INERTE RESÍDUO CLASSE II NÃO INERTE resíduo com origem desconhecida avaliar características de periculosidade é produto ou sub-produto fora de especificação? é resto de embalagem está na listagem 1 e 2? contém substâncias da listagem 4? Não está na listagem ? tem alguma característica? existe razão para considerar como perigoso? é perigoso? resultados acima do padrão? Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica 12 Para uma correta aplicação da NBR-10004 é necessário conhecer as seguintes normas complementares: · NBR-10005 (Lixiviação de Resíduos): Operação de separação de certas substâncias contidas nos resíduos industriais por meio de lavagem ou percolação. · NBR-10006 (Solubilização de Resíduos): Operação que consiste em tornar a amostra de um resíduo solúvel em água, a fim de medir a sua concentração no extrato. · NBR-10007 (Amostragem de Resíduos): Ato ou processo de seleção de amostra para ser analisada como representante de um todo. Os resíduos radioativos não se enquadram nesta classificação, pois o gerenciamento destes é de competência exclusiva da CNEN - Comissão Nacional de Energia Nuclear. Através da Resolução 313/2000 o CONAMA relaciona os resíduos de Classe I, II ou III. No Quadro 2.3 é apresentada a relação de Resíduos Classe I e no Quadro 2.4 é apresentada a dos Resíduos Classe II ou III, respectivamente. Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica 13 Quadro 2.3 - Descrição do Resíduo Classe I (CONAMA 313/2002). Descrição do Resíduo Classe I 1. Listagem 10 - resíduos perigosos por conterem componentes voláteis, nos quais não se aplicam testes de lixiviação e/ou de solubilização, apresentando concentrações superiores aos indicados na listagem 10 da Norma NBR 10004 2. Resíduos perigosos por apresentarem inflamabilidade 3. Resíduos perigosos por apresentarem corrosividade 4. Resíduos perigosos por apresentarem reatividade 5. Resíduos perigosos por apresentarem patogenicidade 6. Listagem 7 da Norma NBR 10004: resíduos perigosos caracterizados pelo teste de lixiviação 7. Aparas de couro curtido ao cromo 8. Serragem e pó de couro contendo cromo 9. Lodo de estações de tratamento de efluentes de curtimento ao cromo 10. Resíduo de catalisadores não especificados na Norma NBR 10.004 11. Resíduo oriundo de laboratórios industriais (produtos químicos) não especificados na Norma NBR 10.004 12. Embalagens vazias contaminadas não especificados na Norma NBR 10.004 13. Solventes contaminados (especificar o solvente e o principal contaminante) 14. Outros resíduos perigosos - especificar 15. Listagem 1 da Norma NBR 10004- resíduos reconhecidamente perigosos - Classe 1, de fontes não-específicas 16. Bifenilas Policloradas - PCB`s. Embalagens contaminadas com PCBs inclusive transformadores e capacitores 17. Listagem 5 da Norma NBR 10004 - resíduos perigosos por conterem substâncias agudamente tóxicas (restos de embalagens contaminadas com substâncias da listagem 5; resíduos de derramamento ou solos contaminados, e produtos fora de especificação ou produtos de comercialização proibida de qualquer substância constante na listagem 5 da Norma NBR 10.004 18. Listagem 2 da Norma NBR 10004- resíduos reconhecidamente perigosos de fontes específicas 19. Restos e borras de tintas e pigmentos 20. Resíduo de limpeza com solvente na fabricação de tintas 21. Lodo de ETE da produção de tintas 22. Resíduos de laboratórios de pesquisa de doenças 23. Borra do re-refino de óleos usados (borra ácida) 24. Listagem 6 da Norma NBR 10004- resíduos perigosos por conterem substâncias tóxicas (resíduos de derramamento ou solos contaminados; produtos fora de especificação ou produtos de comercialização proibida de qualquer substância constante na listagem 6 da Norma NBR 10.004 Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica 14 Quadro 2.4 - Descrição do Resíduo Classe II ou Classe III (CONAMA 313/2002). Descrição do Resíduo Classe II ou Classe III 1. Resíduos de restaurante (restos de alimentos) 2. Resíduos gerados fora do processo industrial (escritório, embalagens, etc.) 3. Resíduos de varrição de fábrica 4. Sucata de metais ferrosos 5. Embalagens metálicas (latas vazias) 6. Tambores metálicos 7. Sucata de metais não ferrosos (latão, etc.) 8. Embalagens de metais não ferrosos (latas vazias) 9. Resíduos de papel e papelão 10. Resíduos de plásticos polimerizados de processo 11. Bombonas de plástico não contaminadas 12. Filmes e pequenas embalagens de plástico 13. Resíduos de borracha 14. Resíduos de acetato de etil vinila (EVA) 15. Resíduos de poliuretano (PU) 16. Espumas 17. Resíduos de madeira contendo substâncias não tóxicas 18. Resíduos de materiais têxteis 19. Resíduos de minerais não metálicos 20. Cinzas de caldeira 21. Escória de fundição de alumínio 22. Escória de produção de ferro e aço 23. Escória de fundição de latão 24. Escória de fundição de zinco 25. Areia de fundição Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica 15 Quadro 2.4 - Descrição do Resíduo Classe II ou Classe III (CONAMA 313/2002) (continuação). 26. Resíduos de refratários e materiais cerâmicos 27. Resíduos de vidros 28. Resíduos sólidos compostos de metais não tóxicos 29. Resíduos sólidos de estações de tratamento de efluentes contendo material biológico não tóxico 30. Resíduos sólidos de estações de tratamento de efluentes contendo substâncias não tóxicas 31. Resíduos pastosos de estações de tratamento de efluentes contendo substâncias não tóxicas 32. Resíduos pastosos contendo calcário 33. Bagaço de cana 34. Fibra de vidro 35. Outros resíduos não perigosos 36. Aparas salgadas 37. Aparas de peles caleadas 38. Aparas, retalhos de couro atanado 39. Carnaça 40. Resíduos orgânico de processo (sebo, soro, ossos, sangue, outros da indústria alimentícia, etc) 41. Casca de arroz 42. Serragem, farelo e pó de couro atanado 43. Lodo do caleiro 44. Resíduos de frutas (bagaço, mosto, casca, etc.) 45. Escória de jateamento contendo substâncias não tóxicas 46. Catalisadores usados contendo substâncias não tóxicas 47. Resíduos de sistema de controle de emissão gasosa contendo substância não tóxicas (precipitadores, filtros de manga, entre outros) 48. Produtos fora da especificação ou fora do prazo de validade contendo substâncias não perigosas Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica 16 2.3 - INDÚSTRIAS 2.3.1 - A revolução industrial A Revolução Industrial é um fenômeno muito complexo. Segundo Ferrari (1991) os estudiosos da história econômica costumam situá-la entre os anos de 1760 e 1830. Em fins do século XVIII e início do século XIX, surge a Idade da Máquina que favoreceu o aparecimento do industrialismo e do capitalismo. Com o aparecimento da fiação e tecelagem mecânicas e o conseqüente aparecimento das fábricas, grande número de artesãos fiadores e tecelões que tinha seus ofícios em seus lares, ficaram desempregados. As cidades começariam a crescer rapidamente. As indústrias foram instaladas na cidade, a fim de aproveitar a proximidade da mão-de-obra e do mercado consumidor e a urbe passou a ser centro de produção, em caráter prioritário, pela primeira vez na História. Ferrari (1991) relata que o primeiro projeto de uma cidade industrial é o de Tony Garnier, arquiteto francês de Lyon que projetou entre 1901 e 1904 sua Cite Industrielle. O projeto compreende duas grandes áreas: uma residencial e outra industrial, separadas por uma zona verde.Segundo Ferrari (1991) o primeiro distrito industrial provavelmente foi implantado em Manchester, Inglaterra, em 1896, por um grupo de investidores privados. Na Itália, em 1904, a municipalidade de Nápoles criava sua zona industrial, administrada pelo poder público local (FERRARI, 1991). A revolução industrial trouxe o primeiro amplo uso de energia e matérias- primas. Como também, vieram junto, as primeiras amplas emissões de contaminantes e geração de desperdícios de processo (LINDSEY, 1999). 2.3.2 - A industrialização no Brasil Durante séculos o Brasil foi um país agrário. A indústria foi transformando a face socioeconômica do país, empregando crescente número de operários e entre estes os imigrantes. Para estimular a industrialização, o governo interveio na economia e colaborou com os empresários industriais incrementando áreas de infra-estrutura. Na década de 30 a renda industrial superou, pela primeira vez, a renda agrária (GONÇALVES, 2003). De acordo com Leme (1999) no período da Primeira República, São Paulo passou por um acelerado processo de transformações, que teve como determinante o papel Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica 17 assumido pela cidade no cenário político-econômico do país. Simultaneamente, o Estado de São Paulo se coloca à frente de um processo de desenvolvimento capitalista, caracterizado pelo trinômio: Agrícola / Urbanização/ Surto industrial O crescimento da atividade industrial é acompanhado pelo crescimento populacional, provocado pelo êxodo das populações rurais para os centros urbanos. Em 1934, a população já era dez vezes maior que em 1890, ultrapassando um milhão de habitantes (DEÁK e SCHIFFER, 1999). Com o passar dos anos, a atuação econômica, voltava-se gradativamente para promover a industrialização. Para Gonçalves (2003) o processo de localização e concentração industrial tendeu-se implantar nos centros urbanos com certa densidade populacional e facilidades administrativas ligadas à exportação. Com a consolidação do mercado nacional, as indústrias instalaram-se, predominantemente, na região Sudeste, especialmente em São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. O avanço da industrialização e sua crescente exigência de serviços potencializavam ainda mais o crescimento urbano. Ferrari (1991) cita que no Brasil deve-se, principalmente, aos Estados a iniciativa da criação de distritos industriais diversificados e, secundariamente, aos Municípios a criação de zonas ou distritos industriais. O autor supracitado emprega as denominações distrito industrial3, zona industrial4 e cidade industrial5. 2.3.3 - Industrialização na Paraíba Durante o Império, já eram concedidos no Estado da Paraíba, incentivos fiscais e financeiros como instrumentos de promoção do desenvolvimento industrial e agrícola (ZENAIDE, 1996). Exemplos de incentivo financeiro: Ä “Lei N° 277, de 27 de setembro de 1867. Barão de Maraú, Official da Imperial Ordem da Rosa, Cavalleiro da Ordem de Cristo e 2° Vice-Presidente da Província da Parahyba: Faço saber a todos os seus habitantes que a Assembléa Legislativa Provincial, decretou e eu sanccionei a lei seguinte: Art. 12 - Fica concendida a reducção de 1% nos dízimos de exportação dos gêneros de producção da Província, que forem despachados directamente para paiz estrangeiro em favor somente daquelle negociante que importar 3 Aglomerado de indústrias situado à pequena distância de uma cidade que lhe fornece toda a mão-de-obra. 4 Zona de uso predominantemente industrial de uma cidade. 5 Cidade propriamente dita com funções predominantemente industriais. Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica 18 directamente de paiz estrangeiro pelo menos cem contos de réis annuaes de mercadorias e machinas agrícolas”. Ä “A Lei N° 641, de 21 de setembro de 1877, concedeu isenção de impostos a Salviano Ramos para instalar na Paraíba “prensas de ferro movidas a vapor para enfardar algodão”. Ä “O Decreto N°542, de 11 de julho de 1912, concedeu isenção de impostos a Sidney C. Dore para instalar na Paraíba uma fábrica de águas gasosas”. De acordo com Zenaide (1996), antes mesmo da criação da SUDENE em 1959, órgão responsável pelo desenvolvimento econômico do Nordeste, a Paraíba já possuía uma Comissão de Desenvolvimento Econômico, cuja finalidade era dar assistência ao setor privado, particularmente no campo da industrialização. Muitas indústrias se aproveitaram dessa política, estabelecendo-se no Estado e como eram desvinculadas da realidade paraibana, quando terminado o prazo dos incentivos, fechavam suas portas (RODRIGUEZ, 1997). A Companhia de Desenvolvimento da Paraíba - CINEP, criada em 13 de novembro de 1967 é vinculada a Secretaria da Indústria, Comércio, Turismo, Ciência e Tecnologia, que tem por objetivo promover o desenvolvimento industrial do Estado. É função da CINEP incentivar e executar pesquisas e projetos necessários ao desenvolvimento econômico, para ampliar os setores industrial, agroindustrial, agropecuário, mineral e pesqueiro. É também função da CINEP a administração dos distritos e pólos da Paraíba (CINEP, 2002). 2.3.4 - Principais cidades do Estado da Paraíba As cidades Bayeux, Cabedelo, Cajazeiras, Campina Grande, Guarabira, João Pessoa, Patos, Santa Rita e Sousa destacam-se entre os 223 municípios do Estado. Juntas, estas cidades concentram mais de 40% da população e sediam mais de 60% das atividades industriais (IBGE, 2001). A capital do estado, João Pessoa, é destaque no Brasil pelo seu patrimônio histórico e por suas belezas naturais, situa-se no extremo-oriental das Américas e concentra as principais indústrias e serviços. Seu Distrito Industrial está localizado ao sul do Estado, no caminho para a cidade de Recife (PE) e dispõe de toda a infra-estrutura necessária. Campina Grande destaca-se como o maior pólo industrial e tecnológico do Estado, sendo referência Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica 19 nacional nas atividades de eletroeletrônica e de informática, despontando como centro de desenvolvimento de software. Patos é uma importante cidade do Sertão Paraibano, distante 300 km de João Pessoa. Contribui para o setor industrial, principalmente nos segmentos de produtos alimentares, calçados e minerais não metálicos. Quando uma indústria se estabelece no Estado, ela se incorpora administrativamente ao Distrito Industrial da cidade mais próxima. Quando não existe o distrito industrial, as indústrias podem estar instaladas em qualquer local da cidade. Na Figura 2.2 estão apresentadas as cidades paraibanas que possuem um distrito industrial ou polarizam indústrias. Figura 2.2 - Cidades que possuem ou polarizam um distrito industrial (CINEP, 2002). 2.3.5 - Localização dos Distritos Industriais A capital do Estado tem dois distritos, um denominado distrito industrial de João Pessoa (Figura 2.3) e outro localizado no bairro de Mangabeira (Figura 2.4) que possui o mesmo nome do bairro. Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica 20 Figura 2.3 - Distrito Industrial de João Pessoa (CINEP, 1995). Figura 2.4 - Distrito Industrial de Mangabeira (CINEP, 1995). Além destes, estão localizados na Região Metropolitana de João Pessoa, os distritos do Conde e Santa Rita (Figura 2.5). Figura 2.5 - Distrito Industrial de Santa Rita (CINEP, 1995). Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica 21 Em Bayeux (Figura 2.6) e Cabedelo (Figura 2.7) não existe uma área definida como distrito industrial, no entanto, estas cidades além de agregarem importantes indústrias, dispõem do Aeroporto Castro Pinto e do Porto, respectivamente. Figura 2.6 - Vista aérea da cidade
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