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Universidade federal do ABC Análise do circuito RLC submetido a uma tensão alternada Grupo: Deborah Fabri, RA 11012216 João Pedro Vieira Garlippe, RA:11116416 Victor Galante, RA 11013716 Vitor Guimarães, RA 11003615 Vitor Rocha, RA 11001716 Santo André, 3 de agosto de 2018 1- INTRODUÇÃO Oscilações forçadas são osciladores harmônicos amortecidos que são submetidos a uma força externa periódica no sistema, a qual compensa a dissipação de energia causada pelas forças resistivas ao movimento, mantendo um movimento periódico no oscilador. O circuito RLC é um exemplo de uma oscilação forçada. Um circuito RLC opera no regime subcrítico de oscilações. Se deixarmos esse circuito oscilante evoluir livremente no tempo, após receber uma certa energia inicial, as oscilações terão sua amplitude diminuída até que toda a energia seja dissipada, fazendo com que o sistema pare de oscilar. Para mantermos a amplitude constante ao longo do tempo, deve-se constantemente fornecer energia de modo a compensar essa dissipação. Esse tipo de circuito também é conhecido com o circuito RLC forçado. Basicamente, um circuito RLC em série baseia-se em um circuito elétrico com gerador de tensão alternada com sinais senoidais com frequência ajustável. Nele, estão ligados em série um indutor, um capacitor, e um resistor. Figura 1: Esquema de um circuito RLC. Equacionando o problema, pela lei de Kirchhoff, tem-se a seguinte expressão: RV a = I + L dt dI + qC A solução desta equação diferencial é da forma: eI = I0 iωt As tensões aplicadas a cada componente são: ,ωLI e ωLIV L = L dt dI = i 0 iωt = i onde definimos como reatância indutiva.XL = ωLi ,V c dt I e= qC = 1 C ∫ I = iωC 0 iωt onde definimos como reatância capacitiva.Xc = iωC IV R = R onde definimos como reatância resistiva.XR = R I R (ωL )] IV a = Z = [ + i − 1ωC Definimos como a impedância do circuito. A impedância nada mais é do que a Z dificuldade imposta por um circuito elétrico à passagem de corrente elétrica, quando submetido a uma tensão. Podemos ver que a expressão acima é análoga a lei de Ohm V = RI, no qual o papel de Z é o mesmo papel de R, dificultar a passagem de corrente. O que reforça este sentido de dificuldade da corrente fluir pelo circuito. R (ωL )] Z = [ + i − 1ωC Esta expressão nos daria o vetor Z no plano complexo, porém utilizaremos a parte real da expressão. Faremos isso utilizando o módulo de Z. Z | Z = | = √ZZ* = √R2 + (ωL )− 1ωC 2 Sob uma fonte de tensão alternada , um circuito resistivo possui (t) cos(ωt)V = V m uma corrente alternada com a mesma fase da tensão como pode-se ver na equação: , e(t) cos(ωt) RV = V m = I (t)I = R V cos(ωt)m Portanto se a tensão possui uma fase então a corrente terá a mesma faseφ = 0 .φ = 0 Analisando em uma representação de vetores girantes obtém-se e, .(t) cos(ωt) e{V e }V = V m = R m iωt (t) e{ e }I = R V cos(ωt)m = R R V m iωt Representando graficamente obtemos: Figuras 2 e 3: A dois é um gráfico da tensão e corrente em função do tempo. A três é um gráfico de vetores girantes, o qual tem eixos coordenados que correspondem as componentes reais e imaginárias das grandezas. Em um capacitor ligado a uma tensão alternada temos uma corrente alternada com uma diferença de fase igual a em relação a tensão como é possível ver a rad2 π seguir: ; em que )VQ = C (t) cos(ωtV = V m I(t) − V sen(ωt) V cos(ωt )/ = dt dQ = C m = C m + 2 π É evidente que a corrente possui uma defasagem em relação a tensão.φ = 2 π Analisando em uma representação complexa: ; e (t) cos(ωt) e{V e }V = V m = R m iωt (t) cos(ωt ) e{CV e }I = CV m + 2 π = R m iωt+ 2 π Representando graficamente obtemos: Figuras 4 e 5: A quatro é um gráfico da tensão e corrente em função do tempo. A cinco é um gráfico de vetores girantes. Em um indutor ligado a uma tensão alternada há uma diferença de fase da − rad φ = 2 π corrente em relação a tensão como podemos ver a seguir: (t) os(ωt)V = c = L dt dI (t) sen(ωt) cos(ωt )I = L V m = L V m − 2 π Pode-se observar que há uma defasagem .−φ = 2 π Analisando em uma representação complexa: ;(t) cos(ωt) e{V e }V = V m = R m iωt e (t) cos(ωt ) e{ e }I = L V m − 2 π = R L V m iωt− 2 π Representando graficamente obtemos: Figuras 6 e 7: A seis é um gráfico da tensão e corrente em função do tempo. A sete é um gráfico de vetores girantes. Quando temos estes componentes ligados em série, a tensão total da fonte será a soma das tensões no resistor, indutor e capacitor. Segue assim que: V = V c + V R + V L De forma vetorial: V ︿ = V c ︿ + V ︿ R + V ︿ L E como visto anteriormente o vetor corrente aponta para a mesma direção e I ︿ sentido de . A soma dos vetores de tensão resultaram num vetor resultante com V ︿ R argumento e o vetor I terá um argumento , onde é a diferença de fase tω t ω − ϕ ϕ entre a tensão aplicada e a corrente no circuito . Graficamente, em representação de vetores girantes, a soma vetorial das tensões é obtida no seguinte gráfico: Figuras 8 e 9: As duas imagens são gráficos de vetores girantes. Consideramos . Na oito temos V L > V C uma representação dos vetores das tensões e na nove efetua-se a soma vetorial das tensões resultando em uma tensão total e compara-se os argumentos da tensão e corrente. Como explicado anteriormente, temos uma expressão análoga a lei de Ohm para o caso de um circuito RLC que é ). Para uma uma indutância constante (t) I(tV = Z Z, ou seja, com uma frequência fixa, naturalmente obteremos uma tensão máxima ω quando tivermos uma corrente máxima, portanto .IV m = Z0 m Pela análise do gráfico acima, se tivermos uma tensão , a (t) sen(ωt)V = V m corrente será . Quando temos um circuito em que a característica (t) sen(ωt )I = Im − φ resistiva é predominante, vemos pelo gráfico que e , sendo que isso φ → 0 Z → R ocorre quando . Podemos obter este resultado de outra maneira deduzindo ω → ω0 uma expressão para a carga em função do tempo, como mostrado a seguir: Pela lei de Kirchhoff: cos(ωt)L dt2 d q2 + R dt dq + qC = V 0 Fazendo um paralelo com um sistema massa-mola, temos uma solução para este tipo de equação na forma , onde (t) (ω)cos(ωt )x = A − φ (ω) . A = F /m0 √(ω −ω ) +(ωγ) 2 20 2 2 Efetuando uma analogia de termos para um circuito RLC temos que: ;ω20 = 1 LC ; q γ = L R = γ ω0 Portanto: (t) (ω)cos(ωt )q = q0 − φ =(ω) q = V /L0 √(ω −ω ) +(ω ) 2 20 2 LR 2 = V 0 ω√R +(ωL− )2 1ωC 2 V 0 ωZ Logo: (t) I = dt dq = − V sen(ωt−φ)0 √R +(ωL− )2 1ωC 2 = Z −V sen(ωt−φ)0 Nota-se que, como previsto antes, quando , implica que e ω = ω0 = 1√LC ωL = 1 ωC portanto . Dessa forma, a amplitude de oscilação é máxima. Esta frequencia Z = R é chamada frequência de ressonância.ω = ω0 Outro resultado importante da frequência de ressonância é relacionado com a tensãoobtida nos dois extremos que o osciloscópio capta sinais. No canal 1 (CH1), temos uma tensão alternada , e no canal 2 (CH2), temos uma tensão cos(ωt)V 0 .cos(ωt )V 0 + φ Para freqüências mais baixas a voltagem do CH2 se encontra adiantada em relação à voltagem da fonte (CH1). Para freqüências altas ocorre o contrário, a voltagem no CH2 fica atrasada em relação à voltagem da fonte. A freqüência de ressonância é aquela onde a diferença de fase é nula. Nesse caso o circuito se comporta com o puramente resistivo e φ = 0. Desse modo, variando-se a frequência podemos determinar com segurança a freqüência na qual a diferença de fase vai a zero. Essa é a freqüência de ressonância. 2- OBJETIVOS Este experimento teve como objetivo estudar a ressonância de um circuito RLC em série sob tensão alternante, bem como buscar sua relação com a impedância. Exploramos também a figura de Lissajous e mudanças na mesma. 3- MATERIAIS UTILIZADOS Na montagem, utilizamos: ● Resistência. ● Indutor. ● Capacitor ● Gerador de sinais harmônicos de tensão de 1V pico-a-pico. ● Placa de protoboard. ● Osciloscópio de duas entradas. ● Multímetro. Com o multímetro obtivemos para a resistência 0,989 kΩ, para o indutor, 0,81 mH, e para o capacitor, 3,31 nF. 4- PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL Conectamos o circuito na protoboard, em série. A entrada 1 do osciloscópio foi colocada entre os terminais do capacitor, e a entrada 2 do osciloscópio foi colocada entre os terminais da fonte. Utilizando o gerador de funções, alteramos a frequência de uma das ondas e observamos o que ocorria com a diferença de fase e a diferença de potencial entre elas, de modo que pudéssemos determinar a frequência de ressonância do sistema e analisar a mudança que ocorre nas figuras de Lissajous. A partir dos valores indicados acima para a resistência, indutância e capacitância dos componentes do circuito, calculamos a frequência natural de ressonância esperada. Aumentando a frequência da onda de um dos canais, observamos uma diminuição da diferença de fase das duas ondas. A cada passo, aumentamos 20 kHz na frequência e observamos também uma diminuição na diferença de potencial das ondas. Esse padrão se manteve até atingirmos a frequência de ressonância. F(kHz) Δt(µs) 20 9,2 40 3,4 60 1,3 80 0,4 100 0,2 120 0,56 140 0,68 180 0,7 220 0,8 260 0,88 Tabela 1: Dados coletados pelo procedimento descrito acima. Ao atingir a frequência de ressonância, observamos no osciloscópio o que ocorreu. Continuamos a aumentar a frequência, e agora observamos um aumento na diferença de fase e de potencial das ondas. Além disso, utilizamos um modo do osciloscópio que nos permitiu obter figuras de Lissajous, bem como analisar suas alterações. 5 - OBTENÇÃO DA FREQUÊNCIA DE RESSONÂNCIA 5.1 - Valor esperado pela teoria: A partir da definição da frequência de ressonância,que é dada pela equação , ωo = 1√L·C onde é a frequência angular natural, ou frequência de ressonância do sistema, L é ωo o valor da indutância, e C é o valor da capacitância. A partir dos valores obtidos pelo multímetro para a indutância e para a capacitância, calculamos o valor esperado para a frequência de ressonância. O valor obtido foi 87,6 kHz. 5.2 - Valor obtido experimentalmente: Com o aumento da frequência do canal 1, a diferença de fase entre as ondas diminuía. Mantendo esse processo, chegamos ao ponto em que a diferença de fase é nula ou muito próxima de zero. Este é o ponto em que a frequência do canal 1 se torna igual à frequência de ressonância do sistema. Dessa forma, determinamos a frequência de ressonância de forma experimental. Figura 10: Valor da frequência de ressonância no canal 1. 5.3 - Valor obtido utilizando as medições com o multímetro: O valor da frequência de ressonância também foi obtido através do cálculo pela equação ωo = 1√L·C com a utilização dos valores de indutância e capacitância medidos pelo multímetro. Este cálculo envolveu também a propagação de erros dos valores obtidos com o multímetro: Impedância (mH) Capacitância (nF) Resistência (kΩ) 0,8 ± 0,2 3,3 ± 0,3 0,99 ± 0,01 Tabela 2: Valores medidos com o multímetro e suas respectivas incertezas. Com representando o erro do cálculo. σ ⍵ 0 = √ σ σ 41 C 2(LC) 3 2L + 41 L 2(LC) 3 2C Desta forma, obtivemos para a frequência natural o valor de 100 土 10 Hz. 6 - FIGURAS DE LISSAJOUS Sabemos que o movimento harmônico simples pode ser descrito como uma projeção do movimento circular uniforme em que o ângulo e o raio nos indica a posição desejada. Figura 11: Relação entre uma senóide e o círculo trigonométrico. O movimento circular uniforme por sua vez pode ser descrito por dois movimentos harmônicos em direções perpendiculares. Consideramos então as seguintes equações: Como as funções x e y, são funções que diferem entre si por um ângulo de fase de 90º ou (π/2 radianos). Logo, escrevendo x em função de y, teremos que: Em decorrência da equação anterior temos que a Amplitude, velocidade e aceleração do movimento resultante dessa combinação é descrito por: . Que nos comprova que o MCU é de fato uma combinação de dois MHS ocorrendo no plano (x,y) com amplitudes iguais e defasagem de π/2 radianos. O que nos interessa é o que o corre quando fazemos essa combinação com amplitudes e fases diferente descritas a partir das equações periódicas senoidais: A partir disso, podemos nos perguntar: o resultado seria uma circunferência? A trajetória continuaria sendo circular? Ou seria formas geométricas diferentes de acordo com a relação entre as amplitudes e fases? De acordo com nossos estudos e observações experimentais a resposta é sim para a terceira pergunta e demonstraremos a seguir: Voltando ao circuito RLC, ao tirar a varredura temporal do osciloscópio e alternar para a forma de sistemas de coordenadas (x,y) analisamos o que ocorre quando temos dois sinais distintos de forma perpendicular. Os osciladores harmônicos perpendiculares entre si formaram figuras cujas trajetórias possuem formas diferentes de acordo com a relação entre as amplitudes e as fases. Vamos, então, descrever as equações anteriores em função de nosso procedimento experimental, o que temos é uma voltagem senoidal da fonte do CH1 que é o nosso eixo x e temos também a voltagem do resistor no CH2 que é o eixo y. Temos então as equações para cada sinal elétrico: Em que Vx é a tensão do gerador, e Vy a tensão do resistor. Vemos então que há uma diferença de amplitude para cada sinal e que há também uma diferença de fase. Escrevendo y em função de x encontraremos: Estudando a equação vemos que todas as combinações dos movimentos oscilatórios dos sinais em direções perpendiculares formarão trajetórias elípticascujas formas dependerão da razão das amplitudes e da diferença da fase. Observação importante: em nosso experimento a razão das frequências dos sinais era de 1:1 ⍵ então serão esses casos que iremos estudar. Mas é importante ressaltar que frequências diferentes produzirão movimentos e trajetórias mais complicadas, os movimentos resultantes só serão periódicos se a razão das frequências for tal que esta é um número racional. A partir dessa equação podemos estudar alguns casos: 1- Se φ = 0 (ou 360º), ao eliminar a fase dessas equações obtemos : Que nos dá a equação de uma reta passando pela origem e de inclinação R/Z. No caso em que R = Z a reta faz um ângulo de 45º com o eixo x e Vy e Vx atingem seus máximos e mínimos ao mesmo tempo pois estão em fase, em outras palavras, nessa situação o sistema está em ressonância e Vy = Vx. Gráfico 1: Movimento harmônico simples perpendicular em que a defasagem é nula e R = Z. 2) Para φ = 90º ou φ = 270º Temos que a equação reduzida é a equação de uma elipse com eixos maior e menor descritos pela equação a seguir: Podemos analisar a equação das seguintes maneiras, primeiramente observamos que nos casos em que a razão R/Z = 1 teremos a equação de uma circunferência com centro em (0,0) e raio Vo: Ou seja, em resumo retornaremos ao movimento circular uniforme quando a defasagem dos dois sinais senoidais que fazem 90º entre si for exatamente 90º (ou 270º) como podemos observar na plotagem gráfica a seguir: Gráfico 2: Trajetória circular formada pela combinação dos sinais perpendiculares com defasagem de 90º e R=Z. Podemos notar que para valores diferentes da fase a elipse se torna excêntrica, com excentricidade máxima quando a defasagem é nula e a trajetória da figura observada é uma reta. Em resumo, o que temos é uma elipse que quando φ varia de 0º à 90º o movimento é modelado por uma reta até a formação de uma circunferência por meio de uma elipse. Exemplos de plotagem gráfica para 0º<φ<90º Gráfico 3: Trajetórias elípticas formada pela combinação dos sinais perpendiculares com diferentes defasagens e R=Z. Essas figuras construídas pela trajetória do movimento resultante são chamadas de Figura de Lissajous e as propriedades matemáticas dessas curvas foram estudadas por Jules Antoine Lissajous (1822 – 1870) Experimentalmente obtivemos as figuras: Figura 12: Reta obtida quando a defasagem é nula e o sistema se encontra em ressonância. Figura 13: Trajetória elíptica do movimento resultante dos sinais elétricos perpendiculares. Figura 14: Circunferência obtida quando φ=90º. 5- RESULTADOS E DISCUSSÕES Gráfico 4: Impedância em função da Frequência. O experimento realizado permitiu vericar o comportamento da impedância em função da frequência aplicada ao circuito. Notamos que numa frequência de aproximadamente 88 kHz o circuito apresenta mínima impedância. O valor para a frequência de ressonância obtida experimentalmente com seu respectivo erro cobriu o valor esperado teoricamente, a imprecisão pode ser pelo fato do circuito possuir maior resistência que o observado. Logo os resultados experimentais apresentaram-se satisfatórios, pois corroboram com o fundamento teórico