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01 Formacao Cidada S pinca

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Aracaju, 2017
Redação:
Núcleo de Educação a Distância - Nead
Av. Murilo Dantas, 300 - Farolândia
Prédio da Reitoria - Sala 40
CEP: 49.032-490 - Aracaju/SE
Tel.: (79) 3218-2186
E-mail: infonead@unit.br
online@set.edu.br
Impressão:
Gráfica Gutemberg
Telefone: (79) 3218-2154
E-mail: grafica@unit.br
Site: www.unit.br
 Formação cidadã / Organização [de] Ana Claudia Ataíde A. Mota , Lídia 
F 723 Marcelle Arnaud Aires. – Aracaju: UNIT, 2017.
 
 168 p. il.; 23 cm 
 Inclui bibliografia. 
 
 1. Políticas públicas. 2. Globalização. 3. Trabalho. 4. Sociedade. 5. Tecnologia. 6. Ecologia. I. Mota, 
Ana Claudia Ataíde A.. (org.). II. Aires, Lídia Marcelle Arnaud. (org.). III. Universidade Tiradentes. IV. 
Educação a Distância. V. Título. 
CDU: 37.013
Jouberto Uchôa de Mendonça
Presidente do Conselho de Administração 
do Grupo Tiradentes
Jouberto Uchôa de Mendonça Junior
Superintendente Geral
André Tavares Andrade
Superintendente Administrativo Financeiro
Temisson José dos Santos
Superintendente Acadêmico
 
Ihanmarck Damasceno dos Santos
Superintendente de Relações Institucionais 
e de Mercado
Jouberto Uchôa de Mendonça 
Reitor – Unit
Dario Arcanjo de Santana 
Reitor – Unit/AL
Gilton Kennedy Souza Fraga
Diretor Geral – Facipe
Arleide Barreto Silva
Diretora de Graduação - Unit
Paulo Rafael Monteiro Nascimento
Diretor de Educação a Distância
Flávia dos Santos Menezes
Gerente de Operações
Jane Luci Ornelas Freire
Gerente de Ensino 
Lucas Cerqueira do Vale
Gerente de Tecnologias Educacionais 
Maynara Maia Muller
 Coordenadora das Disciplinas Online
Equipe de Elaboração de 
Conteúdos Midiáticos:
Supervisor 
Alexandre Meneses Chagas 
Designer Instrucional
Milena Almeida Nunes Pinto
Assessoras Pedagógicas
Ana Lúcia Golob Machado
Antonielle Menezes Souza
Lígia de Goes Costa 
Equipe de Produção de 
Conteúdos Midiáticos: 
Designer
Caroline Gomes Oliveira
Diagramadores
Andira Maltas dos Santos 
Edivan Santos Guimarães
Ilustradores
Matheus Oliveira dos Santos 
Shirley Jacy Santos Gomes
 
Projeto Gráfico
Andira Maltas dos Santos 
Edivan Santos Guimarães
Revisão Textual
Ana Claudia de Ataide A. Mota
Apresentação
Ao pensarmos na profissão que escolhemos quase sempre nos imagi-
namos desempenhando as atividades que a constituem, que nos seduziram e 
nos fizeram decidir em que área atuar. No entanto, qualquer que seja a profissão 
escolhida, ela não será desempenhada isolada de um contexto mais amplo, não 
estará apartada da sociedade. Além disso, há toda uma trajetória que precisa ser 
vivenciada para chegar àquela imagem que facilmente projetamos em nossos 
sonhos. Assim sendo, é importante sabermos lidar com assuntos que inevita-
velmente estarão permeando nossa atuação profissional, visto que constituem a 
nossa realidade, nosso cotidiano.
Nos textos que seguem, ofertamos nossa contribuição para que nossos/
as alunos/as cheguem ao final de seus cursos aptos não apenas a por em prática 
o conhecimento técnico e acadêmico, mas que o façam imbuídos de compro-
metimento com a sociedade, atuando com ética e exercitando o senso crítico. 
Nesse sentido, os conteúdos deste livro estão organizados de maneira a revelar 
as diferentes nuances que a sociedade contemporânea comporta e os desafios 
que ela nos impõe através das relações sociais, pessoais e profissionais.
Desejamos que a leitura dos conteúdos aqui propostos seja prazerosa e 
que de fato utilizem o aprendizado para o pleno exercício de sua profissão, con-
solidando o seu futuro profissional amparado por uma efetiva formação cidadã!
Bons estudos!
Parte 1 Ecologia, Globalização e Avanços Tecnológicos
1 Ecologia, globalização e políticas públicas _________07
1.1 Ecologia, Biodiversidade e Desenvolvimento Sustentável . . . . . . . . . . . . . . 81.2 Globalização e Políticas Internacionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 181.3 Responsabilidade Social: Setor Público, Privado e Terceiro Setor . . . . . . 231.4 Políticas Públicas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
2 Tecnologia, Trabalho e Sociedade __________________412.1 Avanços tecnológicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 422.2 Ciência, Tecnologia e Sociedade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 542.3 Tecnologias da informação e comunicação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 602.4 Relações de trabalho na sociedade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
Sumário
Parte 2 Cultura, Sociodiversidade, Meio Ambiente, Ética e Cidadania
3 Sociodiversidade, Cultura e Gênero ________________793.1. Cultura e arte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 803.2 Tolerância, intolerância e violência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 943.3 Inclusão e exclusão social . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .1053.4 Relações de gênero . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .118
4 Ética, cidadania, vida urbana e rural _____________ 1314.1 Ética . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .1324.2 Cidadania . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .1384.3 Vida urbana e rural . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .153
Referências ___________________________________________ 161
ECOLOGIA, 
GLOBALIZAÇÃO E AVANÇOS 
TECNOLÓGICOS
Parte 01
O conteúdo voltado para Ecologia, bio-
diversidade e desenvolvimento sustentável versa 
sobre a relação homem-natureza no decorrer dos 
últimos séculos, com destaque para a revolução 
agrícola, entendida como a primeira na história 
da humanidade. Nessa perspectiva, o homem 
passa a dominar técnicas de cultivo de grãos, 
domesticando animais, passando a fixar-se na 
terra. Na sequência, se discorre sobre a globa-
lização como um fenômeno de caráter mundial 
que acarretou mudanças sociais, políticas e eco-
nômicas, as quais influenciaram na acumulação 
da riqueza dos capitalistas e, ao mesmo tempo, na 
preservação do desenvolvimento social para todos. 
Responsabilidade social, setor público/privado e 
terceiro setor são áreas que buscam o respeito ao 
princípio dos direitos humanos, do trabalho e da 
proteção ambiental. Na perspectiva das políticas 
públicas, discorre-se sobre a definição de questões 
tais como: quem decide o que decidir, quando de-
cidir, quais as consequências e quais grupos serão 
mais favorecidos com determinadas políticas. Nes-
te tema, caro aluno, você terá uma visão pormeno-
rizada sobre cada conteúdo ora apresentado. Boa 
leitura e sucesso nos estudos.
ECOLOGIA, 
GLOBALIZAÇÃO E 
POLÍTICAS PÚBLICAS
Tema01
Formação Cidadã8 
1.1 Ecologia, Biodiversidade e 
Desenvolvimento Sustentável
Luciana Rodrigues de Moraes e Silva
A relação homem-natureza no decorrer dos últimos séculos tem sofri-
do enormes transformações e rupturas, a partir do momento em que o homem 
começa a “dominar” a Natureza. Já na Revolução Agrícola, em termo, a primei-
ra Revolução da Humanidade, o homem passa a dominar as técnicas de cultivo 
de grãos, domesticando os animais, passando a fixar-se na terra, deixando as-
sim de ser nômade, transformando toda a realidade ao seu redor. 
Estabelece-se então um novo modelo de civilização, onde, no ideário 
da humanidade, a natureza existe apenas para nos servir, surgindo, portanto o 
seguinte dilema: se somos tambémnatureza, quem dominaria quem?
Em meio a tantas inquietações a década de 1960 emerge com uma série 
de movimentos sociais, dentre eles, o ecológico, explosão de críticas ao modo de 
produção e consumo, aos novos comportamentos e estilo de vida. Surge a socie-
dade do Ter em detrimento do Ser. No Brasil, o movimento ecológico eclode na 
década de 1970.
Diversas conferências reunindo Chefes de Estado, cientistas, pesquisa-
dores, sociedade civil, ocorreram em busca de um entendimento sobre as prin-
cipais questões ambientais, dentre elas, como se desenvolver sob uma base de 
recursos finitos com necessidades infinitas? 
Evitando o romantismo e a religiosidade, alguns estudiosos vêm 
esboçando nesse contexto, o “caminho do meio” para a questão do desen-
volvimento sustentável, com novas ideias para pensar o desenvolvimento 
como um todo. Destacam-se entre eles, Amartya Sem, Celso Furtado e Ig-
nacy Sachs. A primeira e fundamental característica do pensamento desses 
economistas é que eles distinguem claramente o crescimento econômico do 
desenvolvimento (VEIGA, 2008).
O planejamento em escala global precisa contemplar a minimização 
dos impactos gerados por toda comunidade humana, de forma que tais impac-
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tos não interfiram na capacidade da natureza para sustentar a vida. Em linhas 
gerais, torna-se necessário compreender os princípios de organização dos ecos-
sistemas, conhecida como “ecoalfabetização1 ”.
Diante do cenário exposto, inicia-se aqui uma breve discussão sobre o 
funcionamento e dinâmica da Terra bem como as relações de todos os seres que 
nela habitam. A importância dessas relações para a manutenção do equilíbrio 
dos ecossistemas e preservação da vida de todas as espécies.
O termo Ecologia2 do grego oikos (“lar”, isto é “espaço e unidade do-
mésticos”), é o estudo do “Lar Terrestre”. Mais precisamente, é o estudo cientí-
fico das relações entre os membros do lar terrestre – plantas, animais e micror-
ganismos – e seu ambiente natural não vivo ou abiótico (ar, minerais, água, luz 
solar etc.) e vivo, ou biótico (todos os membros da comunidade). O ecossistema, 
então consiste em uma comunidade biótica e seu ambiente físico.
Os conceitos formulados e explorados nos anos em que a ecologia estava 
sendo fundamentada incluíam os de biosfera, ecossistema, ambiente natural e co-
munidade ecológica. Desde o início as comunidades ecológicas foram concebidas 
como redes de organismos interligados por relações de alimentação. Essa ideia le-
vou não apenas aos conceitos de cadeias alimentares e de ciclos alimentares, que 
mais tarde seriam expandidos ao conceito contemporâneo de teias alimentares, 
mas, finalmente, também ao importante reconhecimento da rede como o padrão 
básico de organização de todos os sistemas vivos (CAPRA, 2014).
Nos níveis de organização ecológica encontramos o organismo, sendo 
considerada a unidade fundamental da ecologia. Os organismos modificam as 
condições do ambiente e a quantidade de recursos disponíveis para os outros 
organismos, contribuindo para os fluxos de energia e para a reciclagem de ma-
teriais, formando assim, um Ecossistema, a exemplo de um recife de coral, uma 
floresta. Vale lembrar que, todos os ecossistemas estão ligados numa única bio-
sfera, que abrange todos os organismos e ambientes na superfície terrestre.
1 Ser ecoalfabetizado significa compreender os princípios básicos da ecologia, ou princípios da sustentabilidade, e viver em conformidade com essa compreensão (CAPRA, 2014).2 O termo “Ecologia” foi criado por Hernest Haekel (1834-1919), ela deriva do grego “oikos” significa casa e “logos” significa estudo (BEGON, 2007).
Formação Cidadã10 
Ecossistema3 – O que determina a qualidade de um ecossistema é 
o equilíbrio entre os seus elementos. Quando se perde uma relação harmônica 
entre os seres vivos e o ambiente que o cerca todo o ecossistema sofre as conse-
quências e é por esse motivo que muitos ecossistemas estão desaparecendo em 
diversas partes do planeta. Uma pequena alteração nos fatores físicos como a 
temperatura, a qualidade da água ou a poluição são capazes de comprometer os 
seres vivos e comprometer toda a cadeia alimentar4.
A junção de vários organismos da mesma espécie constitui uma popu-
lação, que diferem dos organismos no sentido de que elas mantêm seus tama-
nhos pelo nascimento de novos indivíduos. As populações têm também, pro-
priedades coletivas, tais como: barreiras geográficas, densidade e propriedades 
dinâmicas (respostas evolutivas às mudanças ambientais) que não se apresen-
tam nos organismos individuais.
Muitas populações de diferentes espécies vivendo no mesmo lugar 
constituem uma comunidade (interações ecológicas). O habitat é o lugar ou po-
sicionamento físico no qual o organismo vive. Os habitats são definidos por suas 
características físicas mais visíveis, fauna e flora predominantemente.
Nos níveis mais amplos, as comunidades regionais de plantas e ani-
mais que se estendem ao longo de milhões de quilômetros quadrados são co-
nhecidas como Biomas5. 
Para melhor compreensão, os biomas são compostos por comunidades 
de larga escala, incluindo-se aí as florestas tropicais, florestas temperadas, sa-
vanas, desertos e tundras, cada bioma possui sua comunidade característica. A 
diversidade animal, em termos de número de espécies aumenta de acordo com a 
complexidade e estrutura da vegetação. Dependendo da localização geográfica, 
as comunidades irão variar devido à sazonalidade do clima.
3 ECOSSISTEMA - Ecossistema (TANSLEY, 1935): qualquer unidade (biossistema) que abranja todos os organismos vivos (comunidade biótica) de uma dada área, interagindo com o ambi-ente físico de tal forma que um haja um fluxo de energia e uma ciclagem de materiais entre as partes vivas e não-vivas (ODUM, 1983).4 Cadeia Alimentar: é uma sequencia de seres vivos que dependem uns dos outros para se alimentar.5 Bioma – um bioma é definido como um grupo de plantas e animais distribuídos em uma ampla área geográfica, que numa escala evolutiva de tempo possibilitou uma adaptação às condições ambientais, umidade, luz, temperatura.
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E, finalmente, a maior unidade ecológica é a biosfera, a soma global 
de todos os ecossistemas. De acordo com a teoria de Gaia6 biosfera está es-
treitamente acoplada às rochas da Terra (litosfera), aos oceanos (hidrosfera) e 
à atmosfera da maneira tal que, em conjunto, formam um sistema planetário 
autorregulador (CAPRA, 2014).
Falar em Meio Ambiente na atual conjuntura, tornou-se uma questão 
de sobrevivência, sendo necessário compreender a importância das conexões 
entre todos os elementos, água, ar, solo, já imaginou a vida sem eles? 
A ecologia sistêmica, ou ecologia dos ecossistemas, está interessada no 
estudo dos ecossistemas como sistemas integrados e interativos de componen-
tes biológicos e físicos (CAPRA, 2014). 
Ecossistemas promovem o bem-estar humano através do fornecimen-
to dos mais variados serviços. A gestão ecossistêmica é uma abordagem para o 
gerenciamento de recursos naturais enfocada na capacidade dos ecossistemas 
de suprir as demandas ecológicas presentes e futuras da humanidade, ela, se 
adequa as necessidades emergentes, promovendo o bem-estar humano através 
dos serviços ofertados.
O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente - PNUMA sele-
cionou a gestão ecossistêmica como uma das áreas prioritárias para o período 
de 2010-2013 requerendo o desenvolvimento de metodologias, mecanismos e 
instrumentos que vêm sendo colocados à disposição dos países. Vale ressaltar 
que, os serviços ecossistêmicos são interligados, não podendo assim, serem 
considerados isoladamente.
6 A teoria de Gaia supõe uma Terra viva, sistema auto regulador e auto organizador, constituídode componentes físicos, químicos e biológico, impelido pela luz do Sol, no qual o clima e a composição química se mantêm em equilíbrio homeostático por longos períodos, até uma contradição interna ou força exterior provocar um abalo que leva a uma nova situação estável. Fonte: www.iniciativa-gaia.com.br/institucional/inspiracao-e-filosofia/james-lovelock-e-a-teoria-de-gaia
Formação Cidadã12 
Produção primária
Ciclagem de
nutrientes
SUPORTE
ABASTECIMENTO
CULTURALCONTROLE
Recreação
 e
Ecoturismo
Energia
Água Potável
Pesca
SERVIÇOS
Controle de água
Controle de clima
Controle de
catástrofes
naturais
Purificação 
de água
e tratamento
de resíduos
 Controle de
 doenças
Fig. 1. Representação esquemática dos serviços de ecossistemas selecionados pelo PNUMA, como categoriza-
dos nas Avaliações Ecossistêmicas do Milênio (controle, abastecimento, suporte e cultural). Fonte: PNUM-
BRASIL, 2010-2013. (Manejo e Ecossistemas – PNUMA Brasil). Disponível em: <http://helenfarias.blogspot.
com.br/2013/06/manejo-de-ecossistemas.html>. Acesso em: 27 jan. 2017.
Os impactos ambientais causados pelo Homem como a poluição, o 
desmatamento, as queimadas, o tráfico de animais silvestres, são algumas das 
principais ameaças aos ecossistemas do planeta. Cada vez mais, começamos a 
compreender que fazemos parte de uma imensa cadeia de vida e quando amea-
çamos a cadeia, estamos ameaçando a nós7 mesmos.
O crescimento populacional trouxe a reboque a aceleração da de-
gradação dos recursos naturais, sendo assim, as discussões acerca das temá-
ticas ambientais repercutiram de maneira preponderante e extremamente 
necessária a fim de se buscar o equilíbrio entre desenvolvimento econômico 
e meio ambiente. A gestão dos recursos naturais precisa ocorrer de maneira 
a sustentar de forma razoável a qualidade de vida de todas as espécies do 
planeta. Torna-se necessário o estímulo à aplicação de boas práticas com o 
7 De que forma posso contribuir para o equilíbrio dos ecossistemas ?• Conheça as características dos BIOMAS;• Evite contato com os animais silvestres;• Conheça o comportamento das diversas espécies.
Ecolog
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Tema |
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objetivo de prevenir os problemas ambientais como também disseminar no-
vas tecnologias de baixo impacto buscando melhores resultados, utilizando-
-se o princípio da Ecoeficiência8.
Sob a luz da Ecologia, podemos compreender as consequências de nos-
sas interações com os sistemas naturais. O Brasil abriga a maior biodiversidade 
do planeta, 20% do número total de espécies do planeta, 41 mil espécies de 
flora, 08 mil espécies de vertebrados, 100 mil espécies de invertebrados. Uma 
riqueza genética sem precedentes. 
Vivemos hoje imersos numa dinâmica na qual somos persuadidos a 
acreditar que precisamos de uma enormidade de diversos produtos para sermos 
felizes, para estarmos inseridos nos padrões impostos pela sociedade do con-
sumo. Nesse ínterim, raramente percebemos que seguindo esse modelo atual 
de desenvolvimento, nos afastamos cada vez mais do ambiente natural, para 
vivermos num mundo artificializado. A ruptura da relação homem-natureza no 
decorrer principalmente desses últimos 50 anos, não nos permite perceber que 
temos o dever moral de zelarmos pelo equilíbrio do meio ambiente em prol da 
melhoria da nossa qualidade de vida, da preservação das espécies e do futuro 
das próximas gerações.
Você já parou para pensar quantas espécies de seres vivos existem na 
Terra? Quatro ou quarenta milhões? Torna-se imprescindível o conhecimento 
do contingente biológico do planeta a fim de se compreender o funcionamen-
to, a dinâmica da natureza, apresentando-se como condição sine qua non para 
atingirmos o desenvolvimento sustentado, em que ocorra orientação para os 
zoneamentos, delimitação das áreas de conservação, limitação à exploração dos 
recursos, criando métodos de quantificação de riqueza natural permitindo que 
se tenha uma exata compreensão dos custos ambientais.
A saúde humana possui uma forte ligação com a saúde dos ecossiste-
mas, que atendem às várias das nossas necessidades mais básicas. Porém, rara-
mente paramos para nos questionar sobre qual o valor dos serviços dos ecossis-
8 A ecoeficiência é alcançada mediante o fornecimento de bens e serviços a preços competitivos que satisfaçam as necessidades humanas e que tragam qualidade de vida, ao mesmo tempo em que ocorre a busca da redução progressiva do impacto ambiental e do consumo de recursos ao longo do ciclo de vida até um nível, no mínimo, equivalente à capacidade de sustentação es-timada da Terra (Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável. Ecoe-ficiência. http://www.cebds. org.br, acessado em 27/Mai/2005.
Formação Cidadã14 
temas em escala global. Como exemplo, pode-se citar a desagregação e absorção 
da poluição realizada pelas árvores, a polinização, a produção de mel realizada 
pelas incansáveis abelhas dentre várias outras. 
Segundo a União Mundial para a Natureza - IUCN, o valor monetário 
dos bens e serviços prestados pelos ecossistemas está estimado na ordem de 
US$ 33 trilhões ao ano, cerca de 55 trilhões de reais. Em termos comparativos, 
o PIB dos Estados Unidos em 2008 foi de apenas US$ 14,4 trilhões, o PIB da 
União Europeia para o mesmo ano foi de apenas US$ 14, 94 trilhões e o PIB 
brasileiro em 2008 alcançou apenas R$ 2,9 trilhões. 
De acordo com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiver-
sidade, a questão é que, quando falamos em meio ambiente, recurso natural não 
é possível reduzir a discussão apenas à questão financeira. Estima-se que colhe-
mos entre 50.000 e 70.000 espécies vegetais para uso na medicina tradicional 
e moderna em todo o mundo. Cerca de 100 milhões de toneladas de espécies 
aquáticas, inclusive peixes, moluscos e crustáceos, são retiradas da natureza 
todos os anos. A carne de animais silvestres forma uma contribuição determi-
nante para as fontes de alimentos e meios de subsistência de diversos países, 
sobretudo dos países com baixos índices de desenvolvimento humano. 
O modelo econômico instaurado em escala global está pondo em xe-
que a segurança de todas as espécies da terra, estamos exaurindo os recursos e 
mais, estamos poluindo os ambientes que suprem todas as nossas necessidades. 
Exploramos os recursos do sistema natural, transportamos para o sistema ar-
tificial (cidades), transformamos esses recursos naturais em produtos e depois 
descartamos em forma de lixo de volta ao ambiente natural.
No âmbito dessa questão, o ano de 2010 foi declarado pelas Nações 
Unidas como o Ano Internacional da Biodiversidade, sendo uma oportunidade 
única para ampliação da compreensão do papel vital da biodiversidade na ma-
nutenção da vida na terra e contenção da perda de espécies. Toda a biodiversi-
dade existente na Terra hoje consiste em vários milhões de espécies biológicas 
distintas, produto de quatro bilhões de anos de evolução9. A palavra biodiver-
sidade foi cunhada em 1985 como uma contração de diversidade biológica. 
9 Para melhor compreensão assista ao documentário: Home: nosso planeta, nossa casa. do jor-nalista e fotógrafo francês Yann Arthus-Bertrand.
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Atualmente, muito tem se falado sobre meio ambiente, biodiversidade 
e os interesses se voltam para as temáticas ambientais, não por um acaso, mas 
devido à velocidade crescente de perda de espécies e habitats como consequ-
ência das ações antrópicas do homem, amplo processo de urbanização, cresci-
mento da população em escala mundial, e uma demanda crescente de recursos.
Podemos inocentemente pensar que a extinção de algumas espécies 
em nada afetará a nossa qualidade de vida. Será? Como essa perda de biodi-
versidade poderá nos afetar? Perda de biodiversidadeé o mesmo que perda de 
vida. Vale lembrar que a diversidade biológica é o elo entre todos os organismos 
existentes na terra, que liga cada um deles a um ecossistema interdependente, 
em que cada espécie desempenha sua função. É a chamada teia da vida.
Mesmo com toda essa compreensão, atualmente utilizamos 25% mais 
recursos naturais do que o planeta é capaz de fornecer. A consequência dessas 
ações é que estamos pressionando espécies, habitats e comunidades inteiras 
ao nível da exaustão, exaurindo recursos primordiais a manutenção da vida na 
terra, a exemplo da água doce. A biodiversidade sofreu redução de mais de um 
quarto nos últimos 35 anos. 
Conforme consta no Living Planet Index (Índice do Planeta Vivo), do 
Relatório Anual da WWF Brasil, que monitora quase 4.000 populações de fau-
na silvestre, aponta pata uma queda geral de 27% nas tendências populacionais 
entre 1970 e 2005. A estimativa feita pelos especialistas é que a perda acelerada 
de espécies que assistimos hoje está entre 1.000 e 10.000 vezes acima da taxa 
de extinção natural. 
Façamos uma análise do nosso comportamento voraz: nós cortamos, der-
rubamos, coletamos, caçamos todos os tipos de espécies da fauna e da flora para 
todos os tipos de uso, alimentação, lazer, decoração, construção, exploramos 
ao máximo todos os recursos existentes. Se mantivermos esse padrão de con-
sumo atual, precisaremos do equivalente a 1,4 planeta para suprir a todas essas 
“necessidades”. Precisamos urgentemente reduzir a nossa Pegada Ecológica10.
10 A Pegada Ecológica é uma metodologia de contabilidade ambiental que avalia a pressão do consumo das populações humanas sobre os recursos naturais. Expressada em hectares globais (gha), permite comparar diferentes padrões de consumo e verificar se estão dentro da capaci-dade ecológica do planeta. Um hectare global significa um hectare de produtividade média mundial para terras e águas produtivas em um ano. Fonte: http://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/especiais/pegada_ecologica/o_que_e_pegada_ecologica/
Formação Cidadã16 
Em 2009, a humanidade utilizou 40% mais recursos do que a natureza 
é capaz de regenerar em um ano. Em linhas gerais, é como se estivéssemos uti-
lizando o cheque especial dos recursos naturais, gerando um descompasso eco-
lógico. Toda essa pressão é agravada ainda mais com as mudanças climáticas. 
No final de 2010, diversos países aprovaram metas ambiciosas para a 
conservação da biodiversidade no período de 2011 a 2020 durante a Conferên-
cia das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP 10 da CDB) que 
aconteceu em Nagoia no Japão. 
Após o entendimento de todas as nuances que nos envolvem, o estudo 
da Ecologia, Biodiversidade, Ecossistemas, inter-relação de todos os organis-
mos da Terra, crescimento versus desenvolvimento, esgotamento dos recursos 
naturais, extinção de espécies, busca pelo equilíbrio entre crescimento econô-
mico e meio ambiente, emerge o conceito de Sustentabilidade. 
O conceito normativo básico de desenvolvimento sustentável emer-
giu na Conferência de Estocolmo em 1972, e foi designado à época como 
“abordagem do ecodesenvolvimento” e posteriormente renomeado com a 
denominação atual.
O relatório da World Commission on Environment and Development 
(1987), também conhecido como Brundtland Report (Relatório Brundtland), 
apresentou a noção de “desenvolvimento sustentável” (CAPRA, 2014).
Foi este relatório produzido pela Comissão Brundtland (Nosso Futuro Co-
mum) apresentando pela primeira vez uma definição mais elaborada do conceito 
“Desenvolvimento Sustentável” definindo suas premissas, estabelecendo dois concei-
tos-chave: primeiro, o conceito de “necessidades”, particularmente aquelas que são es-
senciais à sobrevivência humana; segundo, o de que o estágio atingido pela tecnologia 
e pela organização social impõe limitações ao meio ambiente, que o impedem conse-
quentemente de atender às necessidades presentes e futuras (DIAS, 2011).
No âmbito empresarial, as três dimensões da sustentabilidade se iden-
tificam com o conceito de “Triple Bottom Line” ou Tripé da Sustentabilidade. 
Essa expressão surgiu na década de 1990. O triple bottom line é também conhe-
cido como os 3 Ps (people, planet and profit), em português pessoas, planeta e 
lucro respectivamente.
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As questões ambientais que mais ganham notoriedade no cenário atual 
são: proteção à camada de ozônio, proteção e conservação da nossa biodiversidade, 
economia dos recursos naturais vitais à sobrevivência na terra, a exemplo da água, o 
aquecimento global que afeta diretamente o cenário das mudanças climáticas. Vale 
ressaltar que os problemas apresentados na contemporaneidade – energia, meio 
ambiente, mudanças climáticas, segurança alimentar, segurança financeira – não 
podem ser entendidos isoladamente. São problemas sistêmicos, e isso significa que 
todos eles estão interconectados e são interdependentes. 
Diante do cenário apresentado, explicitadas as principais relações bem 
como a importância das mesmas, buscando a manutenção e o equilíbrio dos 
ecossistemas, consideramos que não podemos e nem devemos prosseguir agin-
do como Homo industrialis levando-se em consideração apenas o crescimento 
econômico em detrimento da preservação do meio ambiente fundamental para 
a sustentação da vida, principalmente do Homo Sapiens. Sendo providencial 
a inserção do termo Biomimética11. Termo emergente que trata da inovação 
inspirada pela natureza, apresentando a natureza como modelo, como medida e 
como mentora (BENYUS, 2015).
11 do grego bios, vida e mímesis, imitação.
Formação Cidadã18 
1.2 Globalização e Políticas Internacionais
Clara Angélica de A. S. Bezerra
A globalização é um fenômeno de caráter mundial que acarretou mu-
danças sociais, políticas e econômicas. Essas mudanças iniciaram no final dos 
anos 1970, do século XX, após uma crise econômica de acumulação da produção 
de bens de consumo, nos países desenvolvidos da Europa e nos Estados Unidos.
De acordo com o geógrafo norte-americano Harvey (1993 apud NET-
TO, 1996), essa crise de acumulação de mercadorias sinalizou o esgotamento do 
padrão da econômica capitalista, denominada fase monopolista do capital, 
que se caracterizava desde o período do pós 2ª guerra mundial, através de um 
regime de acumulação “rígido”, designado por Harvey como padrão Fordis-
ta-keynesiano.
O cenário socio-histórico que o padrão Fordista-keynesiano expandiu 
foi oriundo das mudanças ocorridas no final do século XIX. Nesse período a 
evolução das técnicas de produção de mercadorias, em sua grande maioria ex-
traída do conhecimento dos trabalhadores combinado com o desenvolvimen-
to científico aplicado aos processos produtivos, possibilitou um avanço sobre a 
mecanização das atividades de trabalho. Esse fato histórico provocou no mundo 
do trabalho o aumento dos administradores da produção social. Esse estágio 
de desenvolvimento tecnológico gerou novas demandas sobre o modo como se 
organizava a racionalização do trabalho, ou seja, o modo como se organizavam 
tanto a produção direta quanto na administração das empresas. 
Foi nesse cenário que Frederick Taylor se destacou como o pai da 
chamada “administração cientifica”, por ter sistematizado conhecimento, ao 
longo do século XX, sobre a produção industrial. Os seus conhecimentos jun-
tamente com a influência de outro pesquisador – Henri Fayol, influenciaram a 
organização do trabalho, desde as atividades industriais, passando pelas ativi-
dades agrícola, financeira, comercial, governamental etc. 
Baseado nos conhecimentos de Taylor, o capitalista Henri Ford mon-
tou no interior de suas fábricas de automóveis uma linha para montagem em 
série das peças dos automóveis. A experiência de Henri Ford, somado ao co-
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nhecimento teórico de Taylor, foi expandida pelo mundo durante as duas gran-
des guerras mundiais, especialmente a partir da década de 1950, quando suas 
experiências foram utilizadas para reconstruir a estrutura de organização do 
trabalho humano. Basicamente o sistema taylorista-fordista foi de elevar a es-
pecialização das atividades de trabalho a um plano de limitação e simplificação 
das ações do trabalho humano.
O sistema taylorista-fordista foi difundido internacionalmente ao 
longo do ciclo de crescimento econômico, fundado na produção e no consumo 
de massa que se seguiu. O sistema de produção em larga escala articulou-se ao 
Estado de bem-estar social, conhecido também como estado Keynesiano, e a 
formação dos grandes sindicatos dos trabalhadores. As concepções do padrão 
Fordista-keynesiano foram amplamente difundidas nos países capitalistas, 
centrais e periféricos.
O estado de bem estar social ou welfare State foi um modelo de Estado-
-nação cujos governos, através dos seus órgãos estatais, assumiu um papel de 
agente essencial na condução do desenvolvimento econômico, seja na função 
do mercado – pelas intervenções reguladoras nas políticas comerciais, financei-
ras e industriais. Seja construindo empresas em pontos estratégicos das cadeias 
produtivas. O estado de Bem-estar social também se tornou um pilar em toda 
Europa e Estados Unidos na implantação e sedimentação das políticas públicas 
de saúde, educação, segurança e, especialmente, nas políticas previdenciárias 
de emprego e renda para classe trabalhadora. 
Esse modelo de estado foi introduzido no pós-guerra, a partir das ideias 
difundidas por John Maynard Keynes, com o seu livro Teoria geral do em-
prego, do juro e da moeda, publicado em 1936. Keynes estava preocupado 
com soluções de caráter democrático para crise e, defendia o Estado como fun-
ção produtiva, rompendo assim com os princípios do liberalismo, o Estado não 
deveria ser neutro, mas ter legitimidade para intervir por meio de um conjunto 
de medidas econômicas.
Mas, foi após a 2ª guerra mundial que essas ideias de Keynes foram 
difundidas. A combinação entre o modo de produção taylorista-fordista com o 
modelo de estado de bem-estar social Keynesiano resultou num período singu-
lar na história da reprodução de força de trabalho, bem como uma nova política 
de controle desse trabalho humano, no século XX. 
Formação Cidadã20 
A condução desse período teve também a participação política dos sin-
dicatos e dos partidos Social Democrata americano e europeu. Nesse período do 
século XX houve uma melhoria efetiva das condições de vida dos trabalhadores, 
com acesso ao consumo e ao lazer que não existiam no período anterior, somado 
a certa estabilidade no emprego. Foi por causa desse cenário que a classe traba-
lhadora e os partidos de esquerda Social Democrata aderiram a um projeto de 
reforma do capitalismo e de propostas antirrevolucionárias, coibindo no inte-
rior da classe trabalhadora a ideia de tomada do poder político.
O suposto equilíbrio do padrão Fordista-keynesiano entre em declínio 
no final do século XX, a partir da metade da década de 1970. As transformações 
societárias dos anos 1980 e 1990 irão mudar profundamente as relações sociais 
no mundo do trabalho. Após uma segunda crise mundial do capital na década 
de 1970, a sociedade capitalista buscou novos conhecimentos e técnicas, asso-
ciado a uma nova função dos Estados nação.
A globalização é, assim, caracterizada pela fase da financeirização 
do capitalismo. É a articulação supranacional das unidades produtivas que 
vem implicando numa ampla desregulamentação da economia mundial. A glo-
balização vem redesenhando o mapa político-econômico do mundo, a fim de as-
segurar mercados e garantir a realização de superlucros, as grandes corporações 
tem conduzido processos supranacionais de integração através de magablocos 
econômico como União Europeia, Nafta e APEC.
Para analisar o fenômeno da globalização é preciso compreender as 
três principais dimensões: base econômica financeira da sociabilidade ca-
pitalista, acompanhada pela dimensão tecnológica e pela dimensão do Es-
tado neoliberal.
A dimensão tecnológica da globalização pode ser compreendida pela 
Terceira Revolução Cientifica e Tecnológica, essa revolução tem uma base in-
formacional, fundada na microeletrônica que modificou a forma da economia e 
produção das mercadorias e serviços de forma mundial. O referido padrão rígi-
do de produção, sinalizado pelo sistema taylorista-fordista foi substituído pelo 
complexo eletroeletrônico. As mudanças tecnológico-produtivas e das estrutu-
ras organizacionais impondo novas formas de trabalho, conhecida agora por 
um padrão flexível de produção. A flexibilização do trabalho humano na glo-
balização é caracterizada pela transição do modelo americano fordismo taylo-
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rista para o modelo japonês toyotismo ou ohismo, caracterizado por produções 
descentralizadas com avanço tecnológico com regulamentações de trabalhos 
flexíveis juridicamente, através de terceirização, subcontratos com pequenas e 
médias empresas e empresas familiares.
A crescente inserção da informática nos processos produtivos, em particu-
lar, nos processos econômicos em geral como serviços, comércio etc. passou a exi-
gir um novo trabalhador, mais versátil a sua atuação, ou seja, não apenas cumprir 
demandas, mas, pensar sobre o complexo processo de produção, conhecer toda a 
unidade decisória da produção. A Terceira Revolução cientifica e tecnológica pos-
sibilitou, como nunca ocorrera antes na história do capitalismo mundial, que tanta 
riqueza se deslocasse em tão pouco tempo por todo o mundo. 
A dimensão tecnológica da produção é fundamentada pela dimensão 
financeira, que significa a produção de riqueza não mais pela produção indus-
trial, com extensas mercadorias, mas, a super valorização da riqueza através de for-
mas não-produtivas como ações das empresas estatais e privadas, moedas, imóveis 
e terras e, especialmente, títulos públicos.Amplia-se o leque entre juros e lucros, 
levando ao crescente deslocamento dos capitais para o setor improdutivo.
Dessa forma a economia mundial, a partir da globalização, apresentou 
crescimento econômico positivo para alguns países de maneira alternada, com 
exceção da China (porque a produção de bens de consumo passou a se concen-
trar nesse continente). Os outros países passaram a ter suas economias internas 
flutuantes a um mercado internacional de relações globais, provocando crises em 
um país ou outro da Europa, Estados Unidos e as Américas do Sul e central. A crise 
nesse período de globalização é denominada por financeira internacional. 
A dimensão econômica financeira da globalização só pode ser sedimen-
tada pela mudança na função do Estado nação, esse passa a ter diminuído a sua 
função reguladora que tinha no perído do estado de Bem estar social. O estado 
neoliberal,assim conhecido por ser um estado que intervém de forma mínima 
no forma de acumulação de riquezas das instituições capitalistas, ou seja, é mí-
nimo para interferir nas relações comerciais das empresas internacionais que 
aportam em seus países. 
O mundo teve as regulações dos estados nação inserido num programa 
de ajuste fiscal e retiradas de coberturas sociais públicas e tem-se o corte nos 
direitos sociais trabalhistas com o objetivo de desonerar os cofres públicos para 
Formação Cidadã22 
manter um fundo público capaz de atender às crises econômicas geradas pelas 
relações comerciais internacionais. As corporações transnacionais que geram o 
grande capital implementaram a erosão da concepção do Estado de Bem social. 
A desregulamentação do fundo público alterou profundamente a execução das 
políticas sociais que se tornaram homogeniasno ocidente.
As políticas internacionais aparecem associadas a um conjunto de es-
tratégias anticrises, especialmente a centralização do dinheiro público às de-
mandas das relações internacionais. As políticas sociais, em cada país, passam a 
ser regulamentadas pelos acordos e regulamentação dos Bancos internacionais. 
O sistema neoliberal do estado nação não tem suprido as consequências da des-
regulamentação e da flexibilização no mundo do trabalho. Segundo a Organiza-
ção Internacional do Trabalho – OIT, mais de 500 milhões de seres humanos 
vivem com menos de um dólar por dia e 1.374 bilhões vivem com menos de 2 
dólares. Já o Banco mundial – BIRD afirma que a desigualdade social, medida 
pelo índice de Gini, piorou na década de 1990 em relação aos anos de 1980, em 
todas as regiões do país. 
A globalização apresenta no século XXI os desafios da acumulação da 
riqueza dos capitalistas e ao mesmo tempo preservar o desenvolvimento social 
para todos. 
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1.3 Responsabilidade Social: 
Setor Público, Privado e Terceiro Setor
Luciana Rodrigues de Moraes e Silva
O surgimento do capitalismo moderno há 300 anos vem possibilitando 
uma forma de progresso material nunca antes vista. É notória essa prosperida-
de, as empresas crescem, o comércio global está em franca expansão, as corpo-
rações multinacionais se espalham pelos mercados dos países em desenvolvi-
mento, porém, nem todos estão se beneficiando. 
A distribuição da renda global nos mostra que: 94% da renda mundial 
é destinada para 40% da população, ao tempo que outros 60% têm de viver com 
somente 6% da mesma renda. 
Sendo assim, metade da população mundial vive com cerca de dois 
dólares por dia, enquanto quase um bilhão de pessoas vivem com menos de 
um dólar por dia. Em resposta a essas questões o surgimento de Organizações 
Não Governamentais – ONGs, os ativistas sociais e os políticos pressionaram 
as corporações para que modificassem suas políticas relativas a trabalho, meio 
ambiente, qualidade do produto, precificação e comércio justo. Muitas empre-
sas responderam de maneira positiva a todas essas questões (YUNUS, 2008).
Um dos fatores que pode ser apontado para essa transformação, é a 
própria mudança do comportamento do consumidor, levando-se em conside-
ração que hoje milhões de pessoas estão mais bem informadas do que jamais 
estiveram em toda a história da humanidade, gerando assim uma preocupação 
das corporações no tocante a criar uma imagem positiva para a sua empresa, 
para a sua marca. Impulsionando a Responsabilidade Social Corporativa - RSC.
A responsabilidade social surge como produto de uma transformação 
no sistema de valores empresarial, onde o bem estar social está à frente da se-
gregação da riqueza (TINOCO, 2000).
Frente ao exposto, para que haja melhor compreensão, torna-se neces-
sário explicitar o significado de Responsabilidade Social.
Formação Cidadã24 
Segundo Ashley (2002), a responsabilidade social pode ser entendida 
como toda e qualquer ação que possa contribuir para a melhoria a qualidade de 
vida na sociedade.
Quando as empresas adotam posturas, comportamentos e ações que 
promovam o bem-estar dos seus clientes internos (colaboradores) e externos 
(fornecedores, parceiros etc.) de forma voluntária, não devendo esta, ser con-
fundida com ações meramente impostas pelo governo ou por quaisquer incen-
tivos (fiscais, por exemplo). Envolvendo aí, o benefício da coletividade (funcio-
nários, acionistas, comunidades, parceiros, meio ambiente, etc.) elas estarão 
cumprindo com a sua Responsabilidade Social.
Tal concepção no decorrer da evolução do conceito originou algumas 
variantes, muitas vezes complementares, ou distintas que são utilizados para 
definir Responsabilidade Social, entre eles pode-se destacar: Responsabilidade 
Social Corporativa (RSC), Responsabilidade Social Empresarial (SER) e Res-
ponsabilidade Social Ambiental (RSA).
As discussões sobre Responsabilidade Social tomaram um novo rumo 
com o lançamento do Pacto Global pelas Nações Unidas em 1999, quando o Secre-
tário Geral da ONU – Organização das Nações Unidas, Kofi Anan, apelou para que 
as empresas do mundo todo assumissem uma globalização mais humanitária. 
De acordo com Dias (2011), na Cúpula Mundial de Desenvolvimento 
Sustentável, mais conhecida como Rio + 10, que ocorreu em 2002, na cidade 
de Johannesburgo, o Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento 
Sustentável (World Business Council of Sustainable Development – WBCSD) 
divulgou documento em que define a Responsabilidade Empresarial como:
[...] o compromisso da empresa de contribuir ao desenvolvimento eco-nômico sustentável, trabalhando com os empregados, suas famílias, a comunidade local e a sociedade em geral para melhorar sua qualidade de vida.
A Responsabilidade Social das organizações pode contribuir para a 
consolidação de uma imagem positiva. Conforme o Instituto ETHOS, as em-
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presas que incorporam os princípios da Responsabilidade Social e os aplicam 
corretamente, podem obter, entre vários resultados, a valorização da imagem 
corporativa e da marca. 
Esta valorização de imagem poderá influenciar na atitude que o público 
consumidor terá em relação à empresa. Segundo o mesmo Instituto, toda a conduta 
da empresa deve estar alicerçada nos valores éticos e de Responsabilidade Social, 
para não correr o risco do descrédito, gerando assim, uma imagem negativa.
O ETHOS define a empresa socialmente responsável como aquela que:
Possui a capacidade de ouvir os interesses das diferentes partes (acio-nistas, funcionários, prestadores de serviços, fornecedores, consu-midores, comunidade, governo e meio ambiente) e conseguir incor-porá-los no planejamento de suas atividades, buscando atender às demandas de todos e não apenas dos acionistas prioritários.
O constante interesse das empresas pela Responsabilidade Social Em-
presarial – SER ganhou notoriedade no Brasil a partir da década de 1990, quan-
do foram criadas as organizações de base empresarial como o já citado Insti-
tuto ETHOS de Empresas e Responsabilidade Social e o Grupo de Institutos e 
Fundações Empresariais – Gife. Ambas foram constituídas com o objetivo de 
difundir as práticas de RSE, fundamentando-se na crença de que o Estado por 
si só não seria suficiente para prover o bem-estar da sociedade. 
Alinhadas a essas questões, caberia às empresas e suas organizações 
privadas sem fins lucrativos (institutos e fundações) suprir esta lacuna por meio 
do desenvolvimento de ações sociais, ampliando o escopo das suas ações para 
além dos objetivos financeiros imediatos. 
Em diversas situações, algumas empresas atuam em problemas sociais 
com maiores recursos e velocidade de resposta do que diversos constituintes do 
“mercado”, incluindo o Estado (TENÓRIO, 2004).
O maior envolvimento de empresas nas questões sociais promove a 
reconfiguração de seus papéis e limites na esfera pública. A esfera pública, ori-
ginalmente constituída pelos interesses dos indivíduos e instituições sociais, 
Formação Cidadã26 
passa a contar com uma participação mais forte e interessada das empresas 
(FARIA; SAUERBRONN, 2008). 
A noção de esfera pública é transformada por diferentes formas de in-
teração entre empresas. Estado e sociedade civil (BURAWOY; BRAGA, 2009).
A Responsabilidade Social é algo intrínseco no setor público e apesar 
de obter respaldo nos diferentes setores da economia, é no setor público que 
essa prática encontra-se institucionalizada. Cabendo ao Estado desenvolver 
ações que supram a carência da sociedade, além de outros tantos benefícios que 
melhorem as condições de vida da população promovendo assim, a inclusão 
social (FREY; MARCUZZO; OLIVEIRA, 2008).
Em se tratandodo setor público, a prestação de contas é inerente ao 
seu objetivo de prestação de serviço público, possuindo caráter obrigatório de-
corrente da regulamentação da Constituição Federal de 1988 e outras legisla-
ções, entre as quais a Lei de Responsabilidade Fiscal. 
Assumir que a responsabilidade social contribui para o fomento de 
melhores condições de vida para a população, por meio da adoção de políticas 
públicas e prestação de contas à sociedade dos recursos aplicados é uma função 
legal do ente público, contribuindo para melhorar a eficiência, eficácia e efetivi-
dade da gestão (FREY; MARCUZZO; OLIVEIRA, 2008).
As práticas de RSC, na atualidade, fazem parte das principais preocu-
pações dos governos, das populações e também dos gestores de empresas. Com 
efeito, essas práticas, constituem a fórmula mais apropriada para os diferentes 
atores sociais agirem numa sociedade globalizada (D’HUMIÈRES, 2010).
Para além das funções de regulação e fiscalização exercidas pelo Esta-
do, as pesquisas realizadas em diferentes países identificaram uma diversidade 
de oportunidades para a interação entre o setor público e privado: com defini-
ção de padrões mínimos de atuação empresarial; criação de mecanismos gover-
namentais de incentivo à participação das empresas na agenda da ação social; 
estabelecimento de parcerias que combinam habilidades complementares em 
busca de soluções para os inúmeros e complexos desafios sociais, ambientais e 
urbanos; apoio às ações das empresas por meio do reconhecimento público, en-
tre outras iniciativas (ALBAREDA; LOZANO; YSA, 2007). A forma dessa intera-
ção deve ser construída em conjunto por empresas, governos e sociedade civil.
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Dahlsrud (2008) analisou 37 definições de RSE identificando a presen-
ça de cinco dimensões: social, stakeholder, econômica, voluntariado, ambien-
tal. Levando-se em consideração que os governos atuam nas políticas sociais, 
ambientais e econômicas, inevitavelmente uma das dimensões da RSE estará 
diretamente relacionada com a área de atuação do setor público.
De acordo com o modelo relacional elaborado por Albareda, Lozano e 
Ysa (2007), torna-se possível entender os três setores como agentes que atuam 
de forma colaborativa e não como opostos que se repelem. Além dessa atuação 
conjunta, é possível identificar ações bilaterais: governos-empresas e governos-
-sociedade civil.
Trata-se aqui de uma mudança de postura dos atores e que suscita a 
necessidade de se repensar o papel de cada um na sociedade, considerando os 
desafios da governança e da sustentabilidade, bem como a possibilidade de atu-
ação cada vez maior em redes de cooperação.
Embora a noção de responsabilidade social tenha se originado nos EUA 
em 1930, somente na década de 1960, com o surgimento de movimentos sociais 
contra empresas envolvidas em conflitos armamentistas, as organizações come-
çaram a se preocupar com a publicação de informações com o intuito de prestar 
contas de suas atividades à sociedade (CUNHA, RIBEIRO, 2004).
Em alinhamento a tais necessidades, para que haja melhor fluidez e 
transparência na comunicação da organização para com a sociedade surge o 
Balanço Social12. Em síntese, este instrumento serve para apresentar o lado 
social e humano da empresa, sua responsabilidade social e compromisso com 
ações presentes e futuras.
Ainda de acordo com o Instituto de Análises Sociais e Econômicas - 
IBASE (2001): nenhum instrumento de divulgação ao público sobre o que sua 
empresa vem fazendo na área social é mais eficaz que o Balanço Social.
Nas entidades públicas as discussões sobre adoção de Balanço So-
cial ainda são incipientes. Com enfoque em entidades públicas, Mazzioni, 
Galante e Kroest (2006) apresentam uma proposta de Balanço Social para 
prefeituras municipais. 
12 Balanço Social: ferramenta de divulgação de integração da empresa com a sociedade.
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Tal proposta contempla as características dos entes públicos munici-
pais e evidencia a dimensão social para auxiliar como instrumento no processo 
de gestão municipal. Frey, Marcuzzo e Oliveira (2008) também propuseram um 
modelo de Balanço Social para o setor público. 
Entretanto, a proposta baseia-se no modelo do IBASE adaptado às par-
ticularidades do orçamento e contabilidade da esfera pública. O modelo possibi-
lita o conhecimento da efetividade das ações executadas para a sociedade, res-
peitando os princípios da administração pública. O modelo aqui citado, quando 
aplicado demonstrou significativo auxílio no planejamento e execução das ativi-
dades, bem como no fortalecimento da imagem e aumento da credibilidade pela 
responsabilidade social.
Atualmente as empresas brasileiras dispõem de três modelos para di-
vulgação de suas práticas de responsabilidade social: O modelo do Instituto 
Ethos; o Global Reporting Initiative - GRI e o modelo do Instituto Brasileiro de 
Análise Sócio Econômica - IBASE. 
 D O modelo do Instituto Ethos privilegia informações sobre o de-
senvolvimento social, econômico e ambiental incentivando a for-
mação de uma cultura empresarial regada pela ética, princípios e 
valores. 
 D O modelo do GRI está mais voltado para a sustentabilidade eco-
nômica, social e ambiental conferindo a este a mesma utilidade e 
seriedade dos relatórios financeiros. 
 D O modelo desenvolvido pelo IBASE mostra a evolução dos indi-
cadores sociais no contexto socioambiental envolvendo questões 
de a educação, saúde, preservação do meio ambiente, valorização 
da diversidade, combate à fome, desenvolvimento de ações co-
munitárias, contribuições para aumento na qualidade de vida dos 
funcionários e criação de postos de trabalho.
Devido à não capacidade de resposta do Estado frente às necessidades 
básicas da sociedade, muitas pessoas engajadas com problemas mundiais fun-
daram organizações sem fins lucrativos. Essas organizações apresentam-se de 
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várias formas e nomenclaturas: organizações sem interesse em lucros, organi-
zações não governamentais, associações beneficentes, instituições filantrópicas 
etc. (YUNUS, 2008).
Nos anos 80, o surgimento do Terceiro Setor13, e o estabelecimen-
to de parcerias deste com o Segundo Setor (organizações privadas), fez surgir 
dentro das empresas as políticas de responsabilidade social. Surgindo aí a cor-
responsabilidade das organizações privadas pelo desenvolvimento social com 
projetos em diversas áreas. 
Entendendo-se por Terceiro Setor aquele que congrega as organiza-
ções que, embora prestem serviços públicos, produzam e comercializem bens e 
serviços, não são estatais, nem visam lucro financeiro com os empreendimentos 
efetivados, estando incluídas aqui, portanto, as associações, sociedades sem fins 
lucrativos e fundações. 
Apesar de toda a contribuição as causas sociais, as organizações sem 
fins lucrativos provaram ser uma resposta inadequada aos problemas sociais 
quando atuam sozinhas. A persistência, assim como a agravação da pobreza glo-
bal, as doenças endêmicas, a fome, a poluição são evidências de que a caridade, 
por si só, não pode fazer todo o trabalho, com um agravante: essas organizações 
contam com um fluxo fixo de doações, quando esses fundos acabam, o trabalho 
simplesmente cessa (YUNUS, 2008).
Vale ressaltar que existe ainda outra categoria de organizações: são 
chamadas de instituições multilaterais, patrocinadas e financiadas pelos go-
vernos. Apresentando como missão eliminar a pobreza promovendo o desen-
volvimento econômico em países e regiões menos desenvolvidos. Entre estas 
instituições, é possível identificar o Banco Mundial, que estabelece como meta 
principal a erradicação da pobreza (YUNUS, 2008).
O interesse do Terceiro Setor pelo campo empresarial fez com que 
suasorganizações passassem a abraçar as áreas dos direitos humanos, das 
condições de trabalho, da defesa do consumidor, da preservação do meio 
ambiente. Nas últimas décadas, ocorreu um crescente aumento na quanti-
dade e diversidade de OTS – Organizações do Terceito Setor que passaram 
13 Usualmente é chamado de Terceiro Setor ou ONGs (Organizações não Governamentais), o con-junto das pessoas jurídicas sem fins lucrativos.
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a cooperar com as empresas. Essas organizações nasceram dos movimentos 
sociais e giram em torno de compromissos coletivos e ideais compartilhados 
(religiosos, humanistas, ideológicos).
A sociedade contemporânea do séc. XXI, o setor empresarial, o Estado 
e o Terceiro Setor formam a tríade que em busca de implementar o modelo da 
sustentabilidade sugere uma nova forma de realizar negócios, tendo como pres-
suposto o novo papel da empresa na sociedade. Sustentabilidade e responsabi-
lidade social trazem para o modelo de negócios a perspectiva de longo prazo, a 
inclusão sistematizada da visão e das demandas das partes interessadas, bem 
como a transição para um modelo em que os princípios, a ética e a transparência 
precedam a implementação de processos, produtos e serviços.
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1.4 Políticas Públicas
Clara Angélica de A. S. Bezerra
As políticas públicas fazem parte de nossas vidas sem necessariamente 
refletirmos sobre suas elaborações e importância para o dia a dia. Elas exis-
tem em forma de serviços públicos como: educação, saúde, saneamento básico, 
habitação, energia elétrica, transporte etc. Na dinamicidade da vida utilizamos 
esses serviços e não percebemos que somos responsáveis pela implantação ou 
melhorias das políticas públicas. Portanto, tais ações públicas, antes de tudo, 
são frutos de vontade política dos governantes e a solicitação da população que 
reivindica qualidade de vida.
A elaboração e implantação das políticas públicas implica a definição 
das questões: quem decide o que decidir, quando decidir, quais as con-
sequências e quais grupos serão mais favorecidos com determinadas 
políticas. As decisões e definições das políticas públicas são estabelecidas de 
acordo com o regime político por cada Estado nação. No Estado democrático 
de Direito as políticas públicas são decididas pelo poder público, ou seja, os 
governos devem decidir, junto com a sociedade, como os recursos públicos 
serão aplicados.
 Os canais de discussão para formulação das políticas públicas entre 
o governo Federal, Estadual, Municipal e a sociedade são: os conselhos repre-
sentativos e consultas populares. As deliberações destas discussões são formu-
ladas em documentos públicos (leis, programas, projetos sociais, linhas de fi-
nanciamentos etc.) As formulações legais não são suficientes para execução das 
políticas públicas, a manifestação popular é o grande instrumento para exigir 
do Poder Pública a execução das políticas sociais, que ainda não foram con-
templadas pela sociedade. As políticas públicas têm como uma das principais 
características a universalidade do acesso, ou seja, o acesso às políticas públi-
cas independe da classe social e econômica a qual a população pertence. Essa 
universalidade está prevista na constituição da república de 1988. O principio 
da universalidade está vinculado a alocação da verba pública proveniente dos 
impostos e tributos que a população deve pagar ao cofre público.
Formação Cidadã32 
Nas próximas páginas, conheceremos as principais políticas públicas 
que merecem destaque.
Política pública de educação
O nível de investimento na política educacional de um país revela o compro-
misso que cada governo tem com o capital humano da sua nação. A lei nacional de 
educação, em seu artigo primeiro (BRASIl, 1996, s/p), afirma que a educação deve 
[...] abranger os processos formativos que se desenvolvem na vida fa-miliar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais. 
O próprio governo, através dos seus relatórios, revela os desafios para 
assegurar essa política educacional, entre eles: as dificuldades de alunos e famí-
lias, a insegurança vivida pelos professores e técnicos de educação, a diminuição 
dos recursos financeiros, bem como a dificuldade de mudanças que foram intro-
duzidas num cenário mundial de crise financeira. 
A constante modernização das estratégias de ensino e aprendizagem é 
hoje uma exigência para a concretização do direito à educação, ao longo da vida 
de cada cidadão. Ressalte-se ainda que órgãos internacionais como UNESCO 
apontem, desde 2003, a necessidade dos estudantes universitários da América 
Latina adquirirem um perfil estudantil desenhado pelos estudos da Organiza-
ção Europeia para a Cooperação e o Desenvolvimento (OCDE). 
O novo paradigma estabelecido é de um profissional preparado dentro 
de um currículo flexível, com capacidade cognitiva de resolução de problemas, 
adaptável às mudanças e a novos processos tecnológicos, com boa dose de cria-
tividade e atitude mental que aceite a educação por toda a vida.
O Brasil, na busca de uma política educacional com qualidade, propõe 
uma reforma educacional através de mudanças como: aumento do período de 
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escolaridade obrigatória para doze anos, perfazendo o ensino fundamental e 
médio; políticas voltadas para a garantia da presença e da permanência na es-
cola da criança e do adolescente; políticas voltadas para o aumento da duração 
dos turnos diários, chegando-se, no limite, à escola de tempo integral; políticas 
voltadas para desvio idade/série; políticas voltadas para a melhoria dos salários 
dos professores. 
A pergunta que se impõe é: Será que o governo brasileiro já reali-
zou todas as mudanças necessárias para melhoria na educação? A resposta con-
siste em entender que somos um país jovem, comparado aos países europeus e 
América do norte, portanto, temos de conquistar novos patamares de educação 
para transformar a nação brasileira. 
Reforma Urbana e o debate da Política de Habitação
Atualmente a questão da habitação tem sido uma das principais pautas 
do governo brasileiro. O déficit de moradia é considerado um dos principais 
problemas sociais urbanos do Brasil. Em 2003 o governo federal criou o mi-
nistério das cidades que desenvolveu o Sistema Nacional de Informações das 
Cidades, um moderno instrumento de gestão pública ao alcance das prefeituras 
de todo o país, e do público em geral, disponível através da plataforma Brasil em 
Cidades, em versão para smartphone. Essa ferramenta compõe o que o governo 
denomina de mecanismos de transparência para com a população. 
Apesar desses avanços instituídos pelo governo Federal, que entre es-
sas estratégias, instituiu também programas de casa própria para famílias de 
baixa renda, como “Minha Casa Minha Vida”, salienta-se que são necessárias 
medidas estruturantes que proporcionem uma efetiva Reforma Urbana que res-
ponda às reivindicações de habitação; problemas de infra-estrutura como sane-
amento, asfaltamento, construções de moradias para o diminuição de famílias 
sem a casa própria e consequente favelização. 
Os atuais problemas urbanos, sobretudo os pertinentes à habitação, 
refletem a urgência da intersetorialidade das políticas públicas, uma vez que 
morar bem vai além de uma habitação de concreto, mas supõe também condi-
ções humanas e dignas para um convívio social. 
Formação Cidadã34 
A Política de Saneamento: um desafio a ser enfrentado
 Quando nos reportamos à política de saneamento, no Brasil, verifi-
camos uma longa trajetória histórica de avanços e retrocessos. Um marco his-
tórico de agravamento dessa questão no Brasilrefere-se ao processo de indus-
trialização que acelerou exponencialmente a urbanização do país. Desse modo, 
a questão do saneamento passa a entrar, de fato, na agenda política no Brasil. 
Compreendendo a importância do saneamento como política pública, 
um novo marco regulatório foi instituído nos anos de 1990, com a aprovação da 
lei 8.080 (SUS), ao preconizar os serviços de saneamento básico como dever 
público, e parte fundamental como uma ação preventiva. Isso implica o forta-
lecimento do financiamento público para essa área, além da construção de um 
sistema nacional de saneamento básico e universalização do serviço. 
Em 2007 foi aprovada a lei nº 11.445/2007 que dispõe sobre a orga-
nização dos serviços de saneamento em nível nacional. Tal dispositivo reforça 
o caráter universal do acesso à política de saneamento. Essa legislação aponta 
como princípios, a integralidade, as condições de infraestrutura, e a garantia da 
participação popular nas discussões. 
Para dar materialidade aos princípios expostos na legislação, no ano de 
2011 foi elaborado o Plano Nacional de Saneamento Básico, tendo como eixos 
estruturantes a realização de ações integradas, apoio à gestão do saneamento 
em nível estadual e municipal, além do fortalecimento das ações na área rural. 
A questão do saneamento básico, no Brasil, ainda demanda maior comprome-
timento do setor público. Para isso, é fundamental a participação da população 
como sujeito ativo nesse processo, reivindicando o atendimento às demandas 
ainda reprimidas nessa área.
Discutindo a Saúde enquanto Política Pública
A política pública de saúde, desde a implantação do Sistema Único de 
Saúde, tem passado por várias transformações estruturais. A partir dos seus 
princípios constitucionais de universalidade, integralidade, equidade, descen-
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tralização e participação social o SUS é considerado um avanço no sistema pú-
blico de saúde.
O SUS se tornou um marco na determinação da responsabilidade esta-
tal com a política de saúde, que a partir da Constituição de 1988, em função da 
necessidade de proteção social aos cidadãos, a saúde articulada com as políticas 
de previdência social e assistência social consolida a política de seguridade so-
cial, sendo responsabilidade do Estado prestar o serviço de saúde em todos os 
níveis de complexidade, de forma universal, pública e gratuita.
Com essa diretriz nacional, a saúde se torna um desafio para a gestão 
federal ao tentar propor uma política transversal, integrada e intersetorial, que 
dialogue com as diversas áreas das políticas sociais, os setores privados, não-
-governamental e a sociedade, construir redes de compromisso e co-responsa-
bilidade quanto à qualidade de vida da população, em que todos sejam partíci-
pes no cuidado com a saúde. 
A saúde, por ser um bem inalienável à pessoa humana, é constante-
mente alvo de reivindicações pela sociedade e fez do sistema de proteção social 
da saúde do brasileiro uma identidade política, com financiamento, organici-
dade e um novo ordenamento administrativo, em que a descentralização e o 
controle social são essenciais à sua manutenção.
O controle e participação social na política de saúde, desde o movimen-
to Reforma sanitária, em 1970, tem se materializado de várias formas, desde a 
participação direta com manifestações nas ruas, exigindo melhorias no sistema 
de saúde pública; através dos conselhos municipais de saúde, na participação 
nos movimentos sociais de luta por saúde pública, ou até mesmo no embate 
constante dos atendimentos público, clamando por atendimento digno nos hos-
pitais e postos de saúde. 
Recentemente acompanhamos pela mídia as manifestações dos pró-
prios médicos brasileiros contra a medida provisória do governo, que autoriza 
a contratação, sem a revalidação do diploma, de profissionais estrangeiros para 
trabalhar nas regiões mais precárias do país. De acordo com as manifestações 
dos médicos brasileiros, faltam médicos porque carece de investimento e estru-
tura governamental nessas regiões.
 
Formação Cidadã36 
Mobilidade Nacional e a Política de Transporte no Brasil
 A Constituição Federal de 1988 garante a todo o Cidadão, no plano 
jurídico, o direito de livre trânsito nacional. A Política de Transporte no Brasil é 
responsável pela garantia da mobilidade populacional. 
De acordo com Gomide (2003), 82% da população brasileira vivem em 
cidades, demonstrando o acentuando processo de urbanização do país. O mes-
mo autor alerta que a estrutura de gestão urbano-metropolitana é ineficiente na 
organização desses espaços. Esse setor passou a receber grandes incrementos, 
durante o governo Vargas de 1930-1945.
O governo federal em resposta às demandas de mobilidade e segurança no 
transporte público urbano vem avançando, sobretudo, a partir de investimentos do 
Programa de Aceleração de Crescimento – PAC, na área de Mobilidade. 
Um dos grandes desafios no transporte público é a política governa-
mental de concessão desse serviço, que tem na iniciativa privada a administra-
ção de tal setor, com o controle dos fluxos dos transportes, ou seja, as melhorias 
na qualidade e quantidade do transporte público são subordinadas aos anseios 
dos empresários desse setor. 
O grande desafio do governo brasileiro, que tem sua economia funda-
mentada no capital privado liberal, é em conjunto com a sociedade, construir 
ações efetivas no campo do transporte público, que possam reduzir as maze-
las que caracterizam um serviço excludente, como longas horas dentro de um 
ônibus, veículo velhos, especialmente na região norte e nordeste, ausência de 
um sistema integrado nas principais capitais do país, aumento das tarifas dos 
ônibus etc. 
É perceptível os avanços e retrocessos nessa política, no país. Para isso 
é importante o diálogo que possa inserir todos os sujeitos políticos interessados 
nessa discussão. Recentemente, tivemos a manifestação dos estudantes brasi-
leiros pela lei do passe livre, que tem desencadeado várias formas de protesto, 
não apenas pelo passe livre, mas da articulação do transporte público com ou-
tras demandas das políticas públicas. 
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A Segurança Pública e os desafios atuais 
A sociedade brasileira no decorrer do século XX e inicio do século XXI 
convive com problemáticas na área de segurança pública, com o aumento das 
taxas de criminalidade, degradação do espaço público, violência policial, a su-
perpopulação nos presídios, consequentemente problemas como rebeliões, fu-
gas dentre outros que aumentam a insegurança no dia a dia dos brasileiros.
O relatório do tribunal de contas da União, em 2005, após auditoria e pes-
quisa do orçamento público destinado à política de segurança pública, apontou a 
insuficiência de recursos orçamentários para promover segurança com qualidade. 
Nesse sentido, é importante que a sociedade conheça o Sistema Único de 
Segurança Pública do país criado em 2003 como um modelo integrador, articulan-
do medidas preventivas e repressivas no combate à violência social no país.
Há que se destacar a constituição do Programa Nacional Segurança Pú-
blica com Cidadania (2007), que contribui para avançar na democratização dos 
debates e ações no campo da Segurança Pública, situando-a nos marcos de um 
Estado Democrático de Direito. Para isso, é fundamental a participação da po-
pulação junto aos diversos Fóruns e Conselhos Locais de Segurança instituídos.
Soberania e a importância da Política Nacional de Defesa
A partir do fortalecimento dos chamados Estados-Nacionais e a pre-
ocupação com a soberania dos países, a Defesa Nacional, passa a operar sob o 
status de política pública no âmbito da política de defesa, a formulação de estra-
tégias de planejamento, pelavia militar, a possíveis agressões externas. 
Visando a garantia das ações citadas, foi formulada em 2005, a Polí-
tica de Defesa Nacional. Esse instrumento preconiza a Defesa Nacional como 
um “conjunto de medidas e ações do Estado, com ênfase na expressão militar, 
para a defesa do território, da soberania e dos interesses nacionais contra ame-
aças preponderantemente externas, potenciais ou manifestas” (BRASIL, 2005). 
Ademais, em 2008 foi elaborado o plano denominado de Estratégia Nacional de 
Defesa como forma de dar materialidade às ações de proteção nacional.
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Para a sociedade entender a Política de Defesa Nacional, como política 
pública requer compreendê-la como uma estratégia de preservação do território 
nacional, num campo de disputa com diversos interesses de organismos inter-
nacionais. Exemplo disso, é a luta pela preservação da soberania nacional com 
ações de proteção da denominada “Amazônia brasileira”.
Essa luta envolve diversos sujeitos. Por isso, embora essa área tenha pouca 
visibilidade na sociedade, em geral, é importante incorporá-la na agenda política, 
que possa envolver toda a sociedade como ampla participação nas decisões. 
O Brasil por ser um pais relativamente jovem, comparado ao continen-
te europeu e à sociedade americana, ainda tem muito a avançar em seu regime 
político democrático e consequentemente no nível de cidadania. A sociedade 
brasileira, no século XXI, está diante de desafios pertencentes a um mundo cada 
vez mais globalizado. 
A crise econômica que se configura na Europa e que explodiu nos Es-
tados Unidos, em 2007, tem modificado o mundo do trabalho e da produção 
mundial de bens e serviços. O Brasil por ser um país considerado em desen-
volvimento tem uma relação de interdependência da economia mundial e, por-
tanto, tem sua política orçamentária dependente dos fluxos monetários inter-
nacionais. Como então equacionar orçamento público com política pública de 
qualidade? E mais, como fazer do Brasil um país totalmente transparente na 
disposição dos recursos públicos? 
A Constituição de 1988 é símbolo do histórico avanço do Estado brasi-
leiro no ordenamento e elaboração das políticas públicas. É também uma res-
posta da sociedade brasileira ao modelo de país desejado. Porém, o grande desa-
fio é concretizar esse avanço da legislação em ações do Estado, no atendimento 
aos interesses, sobretudo, da parcela da sociedade com menor poder financeiro. 
Por isso, é imprescindível a ampliação do debate sobre as políticas públicas.
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Neste tema discutimos sobre o que é ecologia e as relações entre 
globalização e políticas pública, na busca de esclarecer a importância de se 
refletir sobre as questões ora apresentadas e as ligações que permeiam o 
nosso cotidiano e a vivência em sociedade. Tecemos comentários acerca das 
responsabilidades sociais atribuídas ao setor público, privado e terceiro se-
tor. Por fim, apresentamos as principais discussões concernentes às políticas 
públicas trazidas a lume e proporcionadas à sociedade brasileira.
Bom, chegamos aqui ao final do tema! Esperamos que ao longo 
do percurso – tão diverso quanto as relações que tecemos enquanto seres 
humanos e cidadãos – você tenha conseguido atentar para a importância 
de uma formação profissional que não seja preenchida apenas por conhe-
cimentos teóricos e técnicos.

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