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Cap´ıtulo 3 Aplicac¸a˜o de derivadas Vimos no Cap´ıtulo 2, que a derivada de uma func¸a˜o pode ser interpretada como o coefici- ente angular da reta tangente ao seu gra´fico. Neste cap´ıtulo, vamos explorar este fato e de- senvolver te´cnicas para o uso da derivada como aux´ılio a` construc¸a˜o de gra´ficos. Tambe´m esta˜o inclu´ıdas neste cap´ıtulo, aplicac¸o˜es da derivada a “problemas de otimizac¸a˜o”. 3.1 Func¸o˜es crescentes e func¸o˜es decrescentes Os conceitos de func¸a˜o crescente e de func¸a˜o decrescente podem ser introduzidos atrave´s dos gra´ficos de f(x) = 2x+ 3 e g(x) = –2x3 na Figura 3.1. (a) Observamos como a func¸a˜o f(x) = 2x + 3 e´ crescente. (b) Observamos como a func¸a˜o f(x) = −2x3 e´ decrescente. Figura 3.1: Gra´ficos de func¸o˜es crescente e decrescente Na Figura 3.1 (a) observamos que os valores de f(x) crescem a` medida que os valores de x aumentam. Dizemos, enta˜o, que f e´ crescente em R. Na Figura 3.1 (b), os valores 119 3.1. FUN. CRESCENTE E DECRESCENTE CAPI´TULO 3. APLICAC¸O˜ES de g(x) decrescem a` medida que os valores de x aumentam. Neste caso, dizemos que g e´ decrescente em R. Em geral, estabelecemos a seguinte definic¸a˜o: Definic¸a˜o 3.1 Dizemos que una func¸a˜o real f e´ cerscente em um intervalo I se se a` medida que os valores de x ∈ I aumentam, os valores de f(x) tambe´m aumentam, isto e´, x1 < x2 ⇒ f(x1) < f(x2). Dizemos que una func¸a˜o real f e´ decerscente em um intervalo I se se a` medida que os valores de x ∈ I aumentam, os valores de f(x) diminuem, isto e´, x1 < x2 ⇒ f(x1) > f(x2). Nas Figuras 3.2 e 3.3 podemos observar outros exemplos onde as func¸o˜es sa˜o crescentes em alguns intervalos e decrescentes em outros. A Figura 3.2 (a) mostra como a func¸a˜o f(x) = x2 − 2x e´ decrescente no intervalo (−∞, 1) e crescente no intervalo (1,+∞). A func¸a˜o g(x) = 4−x2 e´ crescente no intervalo (−∞, 0) e decrescente no intervalo (0,+∞), como observamos na Figura 3.2 (b). (a) Func¸a˜o f(x) = x2−2x decrescente em (−∞, 1) e crescente em (1,+∞) (b) Func¸a˜o g(x) = 4− x2 crescente em (−∞, 0) e decrescente em (0,+∞) Figura 3.2: Gra´ficos de func¸o˜es quadra´ticas crescentes e decrescentes em distintos inter- valos Na Figura 3.3 (a) mostra como a func¸a˜o h(x) = cos(x) e´ decrescente nos intervalos da forma (2kpi, (2k + 1)pi) e crescente nos intervalos da forma ((2k − 1)pi, 2kpi) para todo valor para k ∈ Z. A func¸a˜o l(x) = ln(x) e´ crescente em todo seu domı´nio D(l) = R+. O crescimento ou decrescimento de uma func¸a˜o tem relac¸a˜o com o valor da derivada. Quando o valor da derivada num ponto e´ positiva, enta˜o o coeficiente angular da reta F. Rivero e T. Salvador 120 Matema´tica para Economia I CAPI´TULO 3. APLICAC¸O˜ES 3.1. FUN. CRESCENTE E DECRESCENTE (a) Func¸a˜o h(x) = cos(x) decrescente em (2kpi, (2k + 1)pi) e crescente em ((2k − 1)pi, 2kpi) para k ∈ Z (b) l(x) = ln(x) e´ crescente em R+ Figura 3.3: Gra´ficos das func¸o˜es cos(x) e ln(x) tangente e´ positivo e temos una reta crescente, o que mostra que a tendeˆncia da func¸a˜o e´ de aumentar. da mesma forma, se a derivada e´ negativa, enta˜o a reta tangente e´ decrescente e a tendeˆncia da func¸a˜o e´ diminuir. Na Figura 3.4 podemos observar como nos intervalos onde os coeficientes angulares das retas tangentes sa˜o positivos, a func¸a˜o e´ crescente, e que nos intervalos onde os coeficientes angulares das retas tangentes sa˜o negativos, a func¸a˜o e´ decrescente. Figura 3.4: Intervalos de crescimento e decrescimento F. Rivero e T. Salvador 121 Matema´tica para Economia I 3.1. FUN. CRESCENTE E DECRESCENTE CAPI´TULO 3. APLICAC¸O˜ES Podemos enta˜o descobrir onde uma func¸a˜o deriva´vel f e´ crescente ou decrescente, verificando o sinal de sua derivada, ja´ que f ′(x) fornece a inclinac¸a˜o da reta tangente ao gra´fico de f em (x, f(x)). Onde f ′(x) > 0, a inclinac¸a˜o da reta tangente e´ positiva e f e´ crescente; onde f ′(x) < 0, a inclinac¸a˜o da reta tangente e´ negativa e f e´ decrescente. Portanto temos o seguinte resultado: Teorema 3.1 (Teste da derivada primeira para crescimento e decrescimento) Seja f uma func¸a˜o cont´ınua de valores reias em um intervalo aberto I. i) Se f ′(x) > 0 em I enta˜o f(x) e´ crescente em I. ii) Se f ′(x) < 0 em I enta˜o f(x) e´ decrescente em I. Exemplo 3.1 Vamos determinar os intervalos de crescimento e decrescimento das se- guintes func¸o˜es estudando o sinal da func¸a˜o derivada. 1. f(x) = x3 − 6x2 + 9x+ 1. Soluc¸a˜o: A derivada da func¸a˜o f e´ a func¸a˜o f ′(x) = 3x2 − 12x + 9, que e´ uma para´bola positiva com ra´ızes nos valores 1 e 3. Portanto a derivada e´ positiva se x e´ menor que 1 ou maior que 3 e e´ negativa se 1 < x < 3. Enta˜o, pelo Teorema 3.1, obtemos que a func¸a˜o f e´ crescente nos intervalos (−∞, 1) e (3,+∞) e decrescente no intervalo (1, 3), como mostra a Figura 3.5 (a). 2. f(x) = 3 √ x2. Soluc¸a˜o: Como a derivada da func¸a˜o f e´ f ′(x) = 2 3 3 √ x , tem-se que f ′(x) < 0 se x < 0 e f ′(x) > 0 se x > 0. Portanto a func¸a˜o f e´ decrescente no intervalo (−∞, 0) e crescente no intervalo (0,+∞). Na Figura 3.5 (b) podemos ver o gra´fico da func¸a˜o f y da sua derivada. F. Rivero e T. Salvador 122 Matema´tica para Economia I CAPI´TULO 3. APLICAC¸O˜ES 3.1. FUN. CRESCENTE E DECRESCENTE (a) Intervalos de crescimento e decrescimento para f(x) = x3 − 6x2 + 9x+ 1 (b) Intervalos de crescimento e decrescimento para f(x) = 3 √ x2 Figura 3.5: Intervalos de crescimento e decrescimento usando o Teste da Derivada Pri- meira. [Video] F. Rivero e T. Salvador 123 Matema´tica para Economia I 3.2. EXTREMOS RELATIVOS CAPI´TULO 3. APLICAC¸O˜ES 3. f(x) = arctan(x). Soluc¸a˜o: Como a derivada de f e´ f ′(x) = 1 1 + x2 e e´ sempre positiva, a func¸a˜o f e´ crescente para todo valor real, isto e´, f(x) = arctan(x) e´ crescente em todo R. 4. g(x) = e−x. Soluc¸a˜o: Como a derivada de g e´ g′(x) = −e−x e e´ sempre negativa, a func¸a˜o f e´ decrescente para todo valor real. Os gra´fico das func¸o˜es f(x) = arctan(x) e g(x) = e−x e suas derivadas esta˜o na Figura 3.6. (a) Intervalos de crescimento e decrescimento f(x) = arctan(x) (b) Intervalos de crescimento e decrescimento g(x) = e−x Figura 3.6: Intervalos de crescimento e decrescimento usando o Teste da Derivada Pri- meira. [Video] 3.2 Extremos relativos Na sec¸a˜o anterior mostramos como usar o sinal da func¸a˜o derivada para determinar os intervalos de crescimento e decrescimento de uma func¸a˜o. Agora temos interesse em estudar o que´ acontece nos valores onde o valor da func¸a˜o e´ zero. O esboc¸o do gra´fico da func¸a˜o f(x) = x3 − 3x2 + 5 da Figura 3.7, mostra que o ponto (0, 5) esta´ mais alto do que qualquer outro ponto vizinho do gra´fico. Um ponto tal como (0, 5) e´ chamado de ponto de ma´ximo relativo (ou de ma´ximo local) do gra´fico de f . Analogamente, o ponto (2, 1) que esta´ mais baixo do que qualquer outro ponto vizinho do gra´fico de f e´ denominado ponto de mı´nimo relativo (ou de mı´nimo local) do gra´fico de f . F. Rivero e T. Salvador 124 Matema´tica para Economia I CAPI´TULO 3. APLICAC¸O˜ES 3.2. EXTREMOS RELATIVOS Se uma func¸a˜o possui um ma´ximo ou um mı´nimo relativo em um ponto P , dizemos que possui um extremo relativo (ou extremo local) em P . Definic¸a˜o 3.2 Seja f uma func¸a˜o com valores reales e c um valor do domı´nio da func¸a˜o. i) Dizemos que um ponto P = (c, f(c)) do gra´fico de f e´ um ponto de ma´ximo relativo (ou de ma´ximo local) se existe uma vizinhanc¸a I de c onde f(c) > f(x) para todo x no I. ii) Dizemos que um ponto P = (c, f(c)) do gra´fico de f e´ um ponto de mı´nimo relativo (ou de miximo local) se existe uma vizinhanc¸a I de c onde f(c) < f(x) para todo x no I. Os pontos (0, 5) e (2, 1) sa˜o exemplos de extremos relativos no sentido de que cada um deles representa um extremo apenasna vizinhanc¸a do ponto. Devemos considerar, portanto, que uma func¸a˜o pode admitir va´rios extremos relativos, isto e´, va´rios mı´nimos e ma´ximos relativos. Figura 3.7: Ma´ximo e mı´nimo relativos da func¸a˜o f(x) = x3 + 3x2 + 5. [Video] Quando conhecemos os intervalos nos quais uma func¸a˜o e´ crescente ou decrescente, podemos identificar os seus ma´ximos e mı´nimos relativos. Um ma´ximo relativo ocorre quando a func¸a˜o para de crescer e comec¸a a decrescer. Um mı´nimo relativo ocorre quando a func¸a˜o para de decrescer e comec¸a a crescer. Enta˜o, o que acontece com a derivada nesses pontos? Sabemos pelo Teorema 3.1 (Teste da Derivada Primeira) que uma func¸a˜o f e´ F. Rivero e T. Salvador 125 Matema´tica para Economia I 3.2. EXTREMOS RELATIVOS CAPI´TULO 3. APLICAC¸O˜ES crescente quando f ′(x) > 0 e e´ decrescente quando f ′(x) < 0 enta˜o os u´nicos pontos onde f(x) pode ter extremos relativos sa˜o aqueles onde f ′(x) = 0 ou onde na˜o existe f ′(x). Esses pontos sa˜o chamados de pontos cr´ıticos. Definic¸a˜o 3.3 Um valor c pertencente ao domı´nio de uma func¸a˜o f e´ chamado de valor cr´ıtico, se f ′(c) = 0 ou se f ′(c) na˜o existe. O ponto correspondente (c, f(c)) no gra´fico de f e´ chamado de ponto cr´ıtico. Por queˆ precisamos dos pontos onde a derivada na˜o esta´ definida? Porque pode acon- tecer que nesse ponto a func¸a˜o seja um bico (para acima ou para baixo). E´ claro que se o ponto (c, f(c)) e´ um bico, enta˜o temos un extremo relativo, mas a func¸a˜o nesse ponto na˜o e´ deriva´vel porque existem infinitas retas tangentes ao gra´fico nele. A Figura 3.8 mostra este fato. (a) Ma´ximo relativo de uma func¸a˜o em um ponto onde na˜o e´ deriva´vel (b) Mı´nimo relativo de uma func¸a˜o em um ponto onde na˜o e´ deriva´vel Figura 3.8: Pontos cr´ıticos onde a func¸a˜o na˜o e´ deriva´vel. No v´ıdeo da Figura 3.7 podemos observar como a reta tangente nos extremos relativos e´ uma reta horizontal e, portanto, o valor da derivada e´ zero. Para encontrar todos os extremos relativos de uma func¸a˜o f , comec¸amos achando todos os pontos cr´ıticos (que sa˜o os “candidatos” a extremos relativos). Cada ponto cr´ıtico precisa ser testado para verificar se e´ realmente um extremo relativo. Esse teste pode ser feito usando a derivada primeira de f . Teorema 3.2 (Teste da derivada primeira para extremos relativos) Seja c um nu´mero cr´ıtico da func¸a˜o f . Enta˜o, a) Se f ′(x) > 0 a` esquerda de c e f ′(x) < 0 a` direita de c enta˜o (c, f(c)) e´ um ponto de ma´ximo relativo. F. Rivero e T. Salvador 126 Matema´tica para Economia I CAPI´TULO 3. APLICAC¸O˜ES 3.2. EXTREMOS RELATIVOS b) Se f ′(x) < 0 a` esquerda de c e f ′(x) > 0 a` direita de c enta˜o (c, f(c)) e´ um ponto de mı´nimo relativo Quando a derivada da func¸a˜o f e´ positiva a` esquerda do valor cr´ıtico x = c e negativa a direita, enta˜o a func¸a˜o passa de crescente a decrescente e, portanto, o ponto (c, f(c)) e´ um ma´ximo (observar Figura 3.9). Figura 3.9: Ma´ximo para o valor cr´ıtico x = c. Se o que acontece e´ que a derivada da func¸a˜o f e´ negativa a` esquerda de x = c e positiva a direita, enta˜o a func¸a˜o passa de decrescente a crescente e o ponto (c, f(c)) e´ um mı´nimo (observar Figura 3.10). Figura 3.10: Mı´nimo para o valor cr´ıtico x = c. F. Rivero e T. Salvador 127 Matema´tica para Economia I 3.2. EXTREMOS RELATIVOS CAPI´TULO 3. APLICAC¸O˜ES Exemplo 3.2 Determinar os pontos cr´ıticos das seguintes func¸o˜es. 1. f(x) = x4 − 2x2 + 2 Soluc¸a˜o: Primeiro vamos procurar os pontos cr´ıticos da func¸a˜o f usando sua derivada, isto e´, estamos procurando os valores reais onde f ′(x) = 0 ou onde a func¸a˜o f ′ na˜o esteja definida. Como f ′(x) = 4x3 − 4x = 4x(x + 1)(x − 1), enta˜o f ′(x) = 0 se x ∈ {0, 1,−1}. Como a derivada es um polinoˆmio, esta´ definida para todo valor, portanto, na˜o existem mais valores cr´ıticos. Assim, os pontos cr´ıticos do gra´fico de f sa˜o (0, f(0)) = (0, 2), (1, f(−1)) = (1, 1) e (−1, f(−1)) = (−1, 1). Como o valor da func¸a˜o derivada e´ negativo no intervalo (−∞,−1)∪ (0, 1) e po- sitivo no intervalo (−1, 0)∪ (1,+∞), pelo Teste da derivada primeira para extremos relativos obtemos que os pontos (−1, 1) e (1, 1) sa˜o mı´nimos locais e o ponto (0, 2) e´ um ma´ximo local. Na Figura 3.11 podemos observar os ma´ximos e o mı´nimo relativos da func¸a˜o f . Figura 3.11: Mı´nimos e ma´ximo locais para a func¸a˜o f(x) = x4 − 2x2 + 2. 2. g(x) = ex(x2 − 3) Soluc¸a˜o: Para calcular os potos cr´ıticos, precisamos calcular a derivada da func¸a˜o g e calcular os valores onde a derivada e´ nula. Assim, g′(x) = ex(x+ 3)(x− 1) = 0 ⇔ x = −3, x = 1. F. Rivero e T. Salvador 128 Matema´tica para Economia I CAPI´TULO 3. APLICAC¸O˜ES 3.2. EXTREMOS RELATIVOS Logo, os pontos cr´ıticos sa˜o (−3, 6e−3) e (1,−2e). Como o valor da func¸a˜o deri- vada e´ positivo nos intervalos (−∞,−3) e (1,+∞) e negativo em (−3, 1), pelo Teste da derivada primeira para extremos relativos obtemos que o ponto (−3, 6e−3) e´ um ma´ximo local e (1,−2e) e´ um mı´nimos local. Na Figura 3.12 podemos observar o ma´ximo e o mı´nimo relativos da func¸a˜o g. Figura 3.12: Ma´ximo e mı´nimo locais para a func¸a˜o g(x) = ex(x2 − 3). 3. h(x) = 2x x− 1 Soluc¸a˜o: derivando a func¸a˜o h obtemos h′(x) = 2(x− 1)− 2x (x− 1)2 = − 2 (x− 1)2 . E´ claro que a func¸a˜o h(x) e´ distinta de zero para todo valor x no dominio de h′, isto e´, para todo x 6= 1. Logo, pela Definic¸a˜o 3.3 o u´nico valor cr´ıtico e´ x = 1, mas temos que 1 na˜o esta´ no domı´nio da func¸a˜o h e, portanto, na˜o pode ser um ponto cr´ıtico. Na Figura 3.13 podemos observar o gra´fico da func¸a˜o h. F. Rivero e T. Salvador 129 Matema´tica para Economia I 3.2. EXTREMOS RELATIVOS CAPI´TULO 3. APLICAC¸O˜ES Figura 3.13: Gra´fico da func¸a˜o h(x) = 2x x− 1. 4. k(x) = x2 + 4 x Soluc¸a˜o: Vamos usar a derivada da func¸a˜o k para determinar os pontos cr´ıticos. Assim, k′(x) = 2x2 − (x2 + 4) x2 = x2 − 4 x2 = 0 ⇔ x = ±2. Como o valor x = 0 na˜o esta´ no domı´nio da func¸a˜o k na˜o e´ um valor cr´ıtico. Logo temos dois pontos cr´ıticos P1 = (2, 4) e P2 = (−2,−4). Para determi- nar se sa˜o ma´ximos o mı´nimos, pelo Teste da Derivada Primeira para Extremos Relativos, precisamos estudar o sinal de k′. Como o denominador da derivada e´ sempre positivo, o sinal e´ dado perlo numerador. Logo, k′(x) > 0 no conjunto (−∞,−2)∪(2,+∞) e negativo no conjunto (−2, 2). Enta˜o, (2, 4) e´ ponto de mı´nimo relativo e (−2,−4) e´ ponto de ma´ximo relativo. Na Figura 3.14 temos o gra´fico de k. A derivada segunda tambe´m pode ser usada para classificar os pontos cr´ıticos de uma func¸a˜o como ma´ximos ou mı´nimos relativos. Para isso, basta aplicar o resultado conhecido como Teste da derivada segunda para extremos relativos. F. Rivero e T. Salvador 130 Matema´tica para Economia I CAPI´TULO 3. APLICAC¸O˜ES 3.2. EXTREMOS RELATIVOS Figura 3.14: Mı´nimo e ma´ximo relativos do gra´fico da func¸a˜o k(x) = x2 + 4 x . Teorema 3.3 (Teste da derivada segunda para extremos relativos) Seja a func¸a˜o f : R −→ R uma func¸a˜o duas vezes deriva´vel e suponhamos que existe um valor c ∈ R tal que f ′(c) = 0. Enta˜o, a) Se f ′′(c) > 0 enta˜o f possui um mı´nimo relativo em (c, f(c)). b) Se f ′′(c) < 0 enta˜o f possui um ma´ximo relativo em (c, f(c)). A ide´ia do resultado anterior e´ aplicar o Teste da derivada primeira para crescimento e decrescimento (Teorema 3.1). Se o ponto P = (c, f(c)) do gra´fico de uma func¸a˜o f e´ um mı´nimo, enta˜o o valor da derivada f ′ a` esquerda e´ negativo (a func¸a˜o f esta´ decrescendo) e a` direita o valor da derivada e´ positivo (a func¸a˜o f esta´ crescendo). Como o valor da derivada pasa de negativo para positivo, chagando ao valor zero no valor x = c, enta˜o a func¸a˜o derivada esta´ crescendo numa vizinhanc¸a do ponto P . Logo, como a func¸a˜of ′ e´ crescente nessa vizinhanc¸a de P , a derivada da func¸a˜o f ′ e´ positiva, mas a derivada da func¸a˜o derivada e´ a derivada segunda, isto e´ (f ′)′ = f ′′. Analogamente acontece se P = (c, f(c)) fosse um mı´nimo. Na Figura 3.15 temos um exemplo do Teste da derivada segunda para extremos relati- vos de uma forma gra´fica. Podemos observar como no ponto de ma´ximo local P = (0, 5) F. Rivero e T. Salvador 131 Matema´tica para Economia I 3.2. EXTREMOS RELATIVOS CAPI´TULO 3. APLICAC¸O˜ES a derivada diminui numa vizinhanc¸a do ponto e, portanto, o valor da derivada segunda e´ negativo x = 0. Da mesma forma, a derivada aumenta numa vizinhanc¸a do ponto de mı´nimo local Q = (2, 1), sendo o valor da derivada segunda para x = 2 positiva. Figura 3.15: Gra´fico da func¸a˜o f(x) = x3 + 3x2 + 5 , f ′ e f ′′ e aplicac¸a˜o do Teste da 2a Derivada. Exemplo 3.3 Seja a func¸a˜o f(x) = 2x3 + 3x2 − 12x − 7. Queremos aplicar o Teste da derivada segunda para extremos relativos para calcular os pontos de ma´ximo e de mı´nimo locais. Como a derivada primeira f ′(x) = 6x2 +6x−12 = 6(x+2)(x−1) se anula em x = −2 e em x = 1, os pontos correspondentes (−2, 13) e (1,−14) sa˜o os pontos cr´ıticos de f . Para testar esses pontos, basta determinar a derivada segunda f ′′(x) = 12x+ 6 e calcular seu valor em x = −2 e em x = 1. Como f ′′(−2) = −18, temos que a derivada primeira pasa decrescendo por (−2, 13) e, enta˜o, e´ positiva a` esquerda e negativa a` direita do punto. Logo, (−2, 13) e´ um ponto de ma´ximo relativo. Como f ′′(1) = 18, a derivada primeira pasa crescendo pelo ponto (1,−14) e e´, por- tanto, negativa a` esquerda e positiva a` direta. Logo, o ponto (1,−14) e´ um ponto de mı´nimo relativo. Observac¸a˜o: Embora tenha sido fa´cil usar o Teste da derivada segunda para classi- ficar os pontos cr´ıticos no exemplo anterior, ele apresenta algumas limitac¸o˜es. O teste se F. Rivero e T. Salvador 132 Matema´tica para Economia I CAPI´TULO 3. APLICAC¸O˜ES 3.3. CONCAVIDADE aplica aos pontos cr´ıticos nos quais a derivada primeira e´ nula, mas na˜o aos pontos em que a derivada primeira na˜o existe. Ale´m disso, se tanto f ′(c) como f ′′(c) sa˜o nulas, o teste da derivada segunda na˜o permite chegar a nenhuma conclusa˜o. 3.3 Concavidade do gra´fico de uma func¸a˜o Vamos apresentar, agora, um me´todo para determinar se a concavidade do gra´fico de uma func¸a˜o e´ “para cima” (positiva) ou “para baixo” (negativa). Para termos uma ideia do que isso significa, vamos analisar os gra´ficos esboc¸ados na Figura 3.16 abaixo. (a) Concavidade positiva (b) Concavidade negativa Figura 3.16: Concavidade positiva e negativa Na figura 3.16 (a), observamos que a inclinac¸a˜o da reta tangente ao gra´fico da func¸a˜o f no intervalo definido aumenta quando x aumenta e que o gra´fico possui concavidade para cima. Na figura 3.16 (b), a inclinac¸a˜o da reta tangente ao gra´fico da func¸a˜o f no intervalo definido diminui quando x aumenta e o gra´fico possui concavidade para baixo. Essas considerac¸o˜es geome´tricas conduzem a` seguinte definic¸a˜o: Definic¸a˜o 3.4 Seja f(x) uma func¸a˜o deriva´vel em um intervalo aberto I. a) O gra´fico de f(x) tem concavidade (ou e´ coˆncavo) para cima em I, se f ′(x) e´ crescente em I. b) O gra´fico de f(x) tem concavidade (ou e´ coˆncavo) para baixo em I, se f ′(x) e´ decrescente em I. F. Rivero e T. Salvador 133 Matema´tica para Economia I 3.3. CONCAVIDADE CAPI´TULO 3. APLICAC¸O˜ES Para saber se a concavidade de um gra´fico e´ para cima ou para baixo, ou seja, se f ′(x) e´ crescente ou decrescente, basta aplicar a f ′(x) o teste da derivada primeira para func¸o˜es crescentes e decrescentes apresentado no Teorema 3.1 da Sec¸a˜o 3.1, isto e´, f ′(x) e´ crescente se sua derivada e´ positiva e f ′(x) e´ decrescente se sua derivada e´ negativa. Como a derivada de f ′(x) e´ a derivada segunda de f , podemos estabelecer o seguinte teorema: Teorema 3.4 (Teste da derivada segunda para concavidade de um gra´fico) Seja f uma func¸a˜o duas vezes deriva´vel em um intervalo aberto I ⊂ R. a) O gra´fico de f tem concavidade para cima em I, se f ′′(x) > 0 para todo x ∈ I. b) O gra´fico de f tem concavidade para baixo em I, se f ′′(x) < 0 para todo x ∈ I. O que acontece com os valores x = c tais que f ′′(c) = 0. esses valores correspondem com pontos do gra´fico tais que a concavidade muda, isto e´, o gra´fico da func¸a˜o pasa de positiva a negativa ou de negativa a positiva. Estos pontos sa˜o chamados de pontos de inflexa˜o e podem ser definidos como: Definic¸a˜o 3.5 Um ponto (c, f(c)) do gra´fico de f e´ um ponto de inflexa˜o se sa˜o verificadas as duas condic¸o˜es: a) f e´ cont´ınua em x = c, b) a concavidade do gra´fico de f muda em (c, f(c)). Observac¸a˜o: Para obter os pontos de inflexa˜o temos que calcular os valores c ∈ R tais que f ′′(c) = 0 ou onde f ′′(c) na˜o este´ definida, da mesma forma que para os valores cr´ıticos em caso de ma´ximos e mı´nimos. Uma vez tenhamos esse valores, temos que comprovar se realmente correspondem com pontos de inflexa˜o. Exemplo 3.4 Vamos determinar a concavidade das seguintes func¸o˜es assim como seus pontos de inflexa˜o. 1. f(x) = x3 − 6x2 + 9x+ 1. Soluc¸a˜o: Precisamos determinar quando a derivada da func¸a˜o f e´ crescente e quando e´ decrescente ou, aplicando o Teste da derivada segunda para concavidade, determinar os intervalos onde a derivada segunda e´ positiva e os intervalos onde e´ negativa. Assim, calculando a primeira derivada de f obtemos que f ′(x) = 3x2 − 12x+ 9. Logo, f ′′(x) = 6x− 12 = 6(x− 2). F. Rivero e T. Salvador 134 Matema´tica para Economia I CAPI´TULO 3. APLICAC¸O˜ES 3.3. CONCAVIDADE Como x− 2 > 0 se x > 2 e x− 2 < 0 se x < 2, temos que: • f ′′ > 0 se x > 2, enta˜o f ′ e´ crescente no intervalo (2,+∞). • f ′′ < 0 se x < 2, enta˜o f ′ e´ decrescente no intervalo (−∞, 2). Podemos concluir que a func¸a˜o f tem uma concavidade positiva (ou para cima) no intervalo (2,+∞) e negativa (ou para baixo) no intervalo (−∞, 2). Alem disso, como a concavidade do gra´fico muda no ponto (2, f(2)) = (2, 3) (para x = 2 tem-se que f ′′(2) = 0), enta˜o P = (2, 3) e´ um ponto de inflexa˜o. Na Figura 3.17 temos o gra´fico da func¸a˜o f com os intervalos de concavidade e o ponto de inflexa˜o. Figura 3.17: Concavidade e ponto de inflexa˜o para a func¸n˜ao f(x) = x3 − 6x2 + 9x+ 1. 2. g(x) = ex − 3x2 + 10. Soluc¸a˜o: Vamos calcular a segunda derivada para poder aplicar o Teste da derivada segunda para concavidade (Teorema 3.4). Portanto, g′(x) = ex − 6x, g′′(x) = ex − 6. Estudando o sinal de f ′′ obtemos que • ex − 6 > 0 se ex > 6. Logo g′′ > 0 se x > ln(6). • ex − 6 < 0 se ex < 6. Logo g′′ < 0 se x < ln(6). F. Rivero e T. Salvador 135 Matema´tica para Economia I 3.3. CONCAVIDADE CAPI´TULO 3. APLICAC¸O˜ES Enta˜o g tem uma concavidade positiva (ou para cima) no intervalo (ln(6),+∞) e negativa (ou para baixo) no intervalo (−∞, ln(6)). Como no ponto do gra´fico P = (ln(6), g(ln(6))) = (ln(6), 16− 3(ln(6))2) existe uma mudanc¸a de concavidade, enta˜o P e´ um ponto de inflexa˜o. So´ observar que g′′(ln(6)) = 0. Podemos observar na Figura 3.18 o gra´fico de g. Figura 3.18: Concavidade e ponto de inflexa˜o para a func¸a˜o g(x) = ex − 3x2 + 10. 3. h(x) = 2x x− 1 . Soluc¸a˜o: Como h′(x) = − 1 (x− 1)2 e h ′′(x) = 2 (x− 1)3 , tem-se • h′′ > 0 se (x− 1)3 > 0, ou seja, se x− 1 > 0. • h′′ < 0 se (x− 1)3 < 0, ou seja, se x− 1 < 0. Enta˜o, h′′ > 0 no intervalo (1,+∞) e h′′ < 0 no intervalo (−∞, 1). Aplicando o Teste da derivada segunda para concavidade podemos concluir que a func¸a˜o h e´ coˆncava positiva no intervalo (1,+∞) e coˆncava negativa no intervalo (−∞, 1). Como a derivada segunda na˜o esta´ definida no valor x = 1, o ponto P = (1, h(1)) poderia ser um ponto de inflexa˜o, mas temos que x = 1 na˜o esta´ no domı´nio da func¸a˜oh e, portanto, h(1) na˜o esta´ definido. Logo, h na˜o tem pontos de inflexa˜o. Podemos observar na Figura 3.19 o gra´fico de h. F. Rivero e T. Salvador 136 Matema´tica para Economia I CAPI´TULO 3. APLICAC¸O˜ES 3.3. CONCAVIDADE Figura 3.19: Concavidade para a func¸a˜o h(x) = 2x x− 1. 4. l(x) = 3 √ x2. Soluc¸a˜o: Como l′(x) = 2 3 3 √ x e l′′(x) = − 2 9 3 √ x4 , temos que l′′ e´ sempre negativa e a func¸a˜o l(x) e´ coˆncava para baixo para todo valor x ∈ R. Como na˜o temos mudanc¸a de concavidade, na˜o existem pontos de inflexa˜o. Podemos observar na Figura 3.20 o gra´fico de g. Figura 3.20: Concavidade para a func¸a˜o l(x) = 3 √ x2. F. Rivero e T. Salvador 137 Matema´tica para Economia I 3.4. ESBOC¸O DE GRA´FICOS CAPI´TULO 3. APLICAC¸O˜ES 3.4 Esboc¸o de gra´ficos Para esboc¸ar o gra´fico de uma func¸a˜o, precisamos verificar sua continuidade, os in- tervalos nos quais e´ crescente ou decrescente, a concavidade e a existeˆncia de ass´ıntotas, extremos relativos e pontos de inflexa˜o. Como o estudo dessas caracter´ısticas foi realizado em va´rias sec¸o˜es anteriores, vamos estabelecer um roteiro para o trac¸ado do gra´fico de uma func¸a˜o real f . Vamos acompanhar o roteiro com um exemplo. Seja a func¸a˜o f(x) = ex x− 1. 1. Achar o domı´nio de f e determinar onde f e´ cont´ınua. Como a func¸a˜o exponencial e´ cont´ınua para todo valor x ∈ R, enta˜o f na˜o esta´ definida onde x− 1 = 0. Logo, D(f) = {x ∈ R : x− 1 6= 0} = R− {1}. 2. Calcular os limites envolvendo infinito para determinar, se existirem, as ass´ıntotas horizontais e verticais. Vamos calcular primeiro os limites quando x→ ±∞ para achar as ass´ıntotas hori- zontais. Como lim x→+∞ f(x) e´ uma forma indeterminada do tipo ∞ ∞ , podemos aplicar L’Hoˆpital. Assim, lim x→+∞ ex x− 1 = limx→+∞ ex 1 = +∞. Por outro lado, lim x→−∞ f(x) = 0. Logo, a func¸a˜o cresce ilimitadamente quando x → ∞ e converge para zero cuando x→ −∞, tendo uma ass´ıntota horizontal em y = 0. Vamos calcular agora as ass´ıntotas verticais. Para isso precisamos calcular os limites no pontos onde a func¸a˜o na˜o esta´ definida. Como lim x→1 ex x− 1 = “ e 0 ′′ , a func¸a˜o vai para infinito e, por tanto, existe uma ass´ıntota vertical em x = 1. Mas vamos calcular os limites laterais para obter mais informac¸a˜o do gra´fico de f . Como a func¸a˜o exponencial e´ sempre positiva, o sinal do limite lateral depende so´ do sinal de x− 1. Como x− 1 < 0 se x < 1 e x− 1 > 0 se x > 1, temos que lim x→1− ex x− 1 = −∞ e limx→1+ ex x− 1 = +∞. Na Figura 3.21 (a) podemos observar a ass´ıntota horizontal e vertical do gra´fico da func¸a˜o f . F. Rivero e T. Salvador 138 Matema´tica para Economia I CAPI´TULO 3. APLICAC¸O˜ES 3.4. ESBOC¸O DE GRA´FICOS 3. Intervalos de crescimento e decrescimento. Vamos aplicar o Teste da derivada primeira para crescimento e decrescimento (Teo- rema 3.1 da Sec¸a˜o 3.1). Como f ′(x) = ex(x− 2) (x− 1)2 e como a exponencial e o numerador sa˜o sempre positivos, o sinal de f ′ depende so´ de x− 2. Logo, • f ′ > 0 se x > 2 ⇒ f e´ crescente no intervalo (2,+∞). • f ′ < 0 se x < 2 ⇒ f e´ decrescente no intervalo (−∞, 2). 4. Extremos relativos. Os valores relativos sera˜o os valores de x tais que f ′(x) = 0 ou f ′(x) na˜o existe. Logo temos os valores x = 2, pois f ′(2) = 0, e x = 1, pois f ′ na˜o esta´ definida nesse valor. Como x = 1 tambe´m na˜o esta´ no domı´nio de f , enta˜o o ponto (1, f(1)) na˜o existe e, portanto, na˜o pode ser um extremo relativo. Como o valor da derivada e´ negativo a` esquerda de x = 2 e positivo a` direita, temos que o ponto P = (2, f(2)) = (2, e2) e´ um mı´nimo relativo do gra´fico de f . Na Figura 3.21 (b) podemos observar a os intervalos de crescimento e decrescimento do gra´fico da func¸a˜o assim como seu mı´nimo relativo. 5. Intervalos de concavidade e pontos de inflexa˜o. Precisamos calcular f ′′(x) para usar o Teste da derivada segunda para concavidade (Teorema 3.4 da Sec¸a˜o 3.3) e determinar os intervalos onde o gra´fico de f e´ coˆncavo para cima (f ′′(x) > 0) e onde e´ coˆncavo para baixo (f ′′(x) < 0). Temos que f ′′(x) = [ex(x− 2)]′ (x− 1)2 − (ex(x− 2)) [(x− 1)2]′ (x− 1)4 = (ex(x− 2) + ex)(x− 1)2 − 2ex(x− 2)(x− 1) (x− 1)4 = ex(x− 1)[(x− 1)2 − 2(x− 2)] (x− 1)4 = ex��� �(x− 1)(x2 − 4x+ 5) (x− 1)��� 3 4 = ex(x2 − 4x+ 5) (x− 1)3 Como a exponencial e sempre positiva e x2 − 4x + 5 e´ uma para´bola positiva sem cortes com o eixo x (e´ sempre positiva), o sinal de f ′′ depende apenas do sinal de (x− 1)3. F. Rivero e T. Salvador 139 Matema´tica para Economia I 3.4. ESBOC¸O DE GRA´FICOS CAPI´TULO 3. APLICAC¸O˜ES Logo, • f ′′ > 0 se (x− 1)3 > 0 ⇒ f tem uma concavidade positiva em (1,+∞), • f ′′ < 0 se (x− 1)3 < 0 ⇒ f tem uma concavidade negativa em (−∞, 1). Neste caso o u´nico candidato para ponto de inflexa˜o ser´ıa o ponto (1, f(1)) porque f ′′ na˜o esta´ definida para x = 1 pois f ′′ na˜o e´ zero para nenhum valor real, mas x = 1 tambe´m na˜o esta´ no dominio na func¸a˜o. Enta˜o o ponto (1, f(1)) na˜o existe e a func¸a˜o na˜o tem pontos de inflexa˜o. Na Figura 3.21 (c) podemos observar a concavidade da func¸a˜o. 6. Pontos de corte com os eixos. Determinar se existirem e na˜o depender de muito ca´lculo, os pontos de intersec¸a˜o com os eixos coordenados (e alguns outros pontos fa´ceis de calcular). Neste caso, temos que f(0) = 1 e f(x) 6= 0 para todo x ∈ R. (a) Ass´ıntotas (b) Crescimento e extremos relativos (c) Concavidade e pontos de inflexa˜o Figura 3.21: Esboc¸o do gra´fico da func¸a˜o f(x) = ex x− 1. F. Rivero e T. Salvador 140 Matema´tica para Economia I CAPI´TULO 3. APLICAC¸O˜ES 3.5. PROBLEMAS DE OTIMIZAC¸A˜O 3.5 Problemas de Otimizac¸a˜o Nas aplicac¸o˜es, os valores extremos de uma func¸a˜o sa˜o chamados, a`s vezes, de valo- res o´timos, porque sa˜o, em certo sentido, os melhores ou os mais favora´veis valores da func¸a˜o em um determinado contexto. A tarefa de determinar esses valores constitui um problema de otimizac¸a˜o. Exemplo 3.5 1. O custo, em reais, de fabricac¸a˜o de x unidades de um produto e´ dado por C(x) = 75+80x−x2 com 0 ≤ x ≤ 40 e cada unidade e´ vendida por 200−3x reais. Determine o valor de x que maximiza o lucro e o lucro ma´ximo correspondente. Soluc¸a˜o: O problema pedi obter o valor ma´ximo do lucro e o nu´mero de unidades necessa´rias para obter esse valor. Enta˜o primeiro precisamos determinar a func¸a˜o lucro em func¸a˜o das unidades produzidas. Para obter o lucro precisamos calcular a renda obtida pela venda de unidades e substraer o custo de fabricac¸a˜o. Ou seja, Lucro de x unidades = Receita − Custo. Ja´ que cada unidade x e´ vendida por um prec¸o de 200− 3x, a func¸a˜o receita e´ R(x) = prec¸o de cada unidade × unidades vendidas = (200− 3x)x. Assim, L(x) = R(x)− C(x) = (200− 3x)x− (75 + 80x− x2) = −2x2 + 120x− 75. Para obter os pontos cr´ıticos calculamos a derivada de L e resolvemos quando L′(x) = 0. Logo, L′(x) = −4x+ 120 = 0 ⇔ x = 30. Usando o Teste da derivada segunda para extremos relativos obtemos que L′′(x) = −4 e, portanto, L′′(30) < 0. Enta˜o o ponto (30, L(30)) = (30, 1.725) e´ um ma´ximo do gra´fico de L. Resposta: Para obter um lucro ma´ximo de R$1.725 tem que ser fabricadas 30 uni- dades do produto. F. Rivero e T. Salvador 141 Matema´tica para Economia I 3.5. PROBLEMAS DE OTIMIZAC¸A˜O CAPI´TULO 3. APLICAC¸O˜ES 2. Um empresa´rio pode produzir gravadores por R$20,00 a unidade e estima que se os gravadores forem vendidos por p reais a unidade, os consumidores comprara˜o 120−p gravadores por meˆs. Determine o prec¸o de venda que resulta no lucro ma´ximo. Soluc¸a˜o: De novo, o lucro sera´ a diferenc¸a entre a receita e o custo de produc¸a˜o. Como o nu´mero de gravadores produzidose´ de 120− p, enta˜o o custo sera´ C(p) = custo unita´rio × unidades produzidas = 20(120− p). Para a func¸a˜o receita R temos R(p) = prec¸o unita´rio × unidades vendidas = p(120− p). Portanto a func¸a˜o lucro em func¸a˜o do prec¸o de venda sera´ L(p) = R(p)− C(p) = p(120− p)− 20(120− p) = −p2 + 140p− 2400. Para determinar o lucro ma´ximo vamos calcular os pontos cr´ıticos da func¸a˜o usando a derivada primeira. Assim, L′(p) = −2p+ 140 = 0 ⇔ p = 70. Como L′ > 0 se p < 70 e L′ < 0 se p > 70, o ponto do gra´fico (70, L(70)) = (70, 2.500) e´ um ma´ximo relativo. Resposta: O prec¸o de venda para obter um lucro ma´ximo de R$2.500 e´ de R$70,00 por gravador. 3. O custo total da fabricac¸a˜o de x unidades de um produto e´ dado por C(x) = 3x2 − 240x+ 5000. Determine o valor de x que resulta no custo mı´nimo. Soluc¸a˜o: Vamos usar o Teste da derivada primeira para pontos cr´ıticos. Logo, C ′(x) = 6x− 240 = 0 ⇔ x = 40. Como C ′′(x) = 6, C ′′(40) > 0 e o ponto (40, C(40)) = (40, 200) e´ um ponto de mı´nimo no gra´fico da func¸a˜o C(x). Resposta: O nu´mero de unidades onde e´ atingido o custo mı´nimo de R$200 por unidade e´ de 40 unidades produzidas. F. Rivero e T. Salvador 142 Matema´tica para Economia I CAPI´TULO 3. APLICAC¸O˜ES 3.5. PROBLEMAS DE OTIMIZAC¸A˜O Relac¸a˜o de exerc´ıcios - 3: Aplicac¸o˜es da derivada 1. Para as seguintes func¸o˜es, fac¸a um esboc¸o do gra´fico de f, determinando: i) os intervalos onde f e´ crescente e onde e´ decrescente, ii) os intervalos onde o gra´fico de f tem concavidade voltada para baixo e onde tem concavidade voltada para cima, iii) os pontos de ma´ximos e mı´nimos relativos e os pontos de inflexa˜o do gra´fico de f. (a) f(x) = x3 + 6x2 + 9x (b) f(x) = x3 − 3x+ 2 (c) f(x) = 1 + 3x2 − x3 (d) f(x) = x3 + 3x2 − 2 (e) f(x) = x3 − 3x2 (f) f(x) = x3 2. Nas func¸o˜es embaixo, determine, se existirem: i) os intervalos onde f e´ crescente e onde e´ decrescente; ii) os intervalos onde o gra´fico de f tem concavidade voltada para baixo e onde tem concavidade voltada para cima; iii) os pontos de ma´ximos e mı´nimos relativos e os pontos de inflexa˜o do gra´fico de f ; iv) as equac¸o˜es das ass´ıntotas verticais e das ass´ıntotas horizontais. Fac¸a um esboc¸o do gra´fico de f . (a) f(x) = −4 x− 2 (b) f(x) = x+ 1 x− 2 (c) f(x) = 1 1− x (d) f(x) = 4 x− 2 (e) f(x) = x (x+ 1)2 (f) f(x) = 2x x2 + 1 3. O lucro obtido com a produc¸a˜o e venda de x unidades de certa mercadoria e´ dado pela func¸a˜o L(x) = −0,02x2 + 140x− 300. Determine o valor de x que maximiza o lucro. 4. A func¸a˜o receita de um produto e´ R(x) = 6x− 1 2 x2. Ache o valor de x que maximiza a receita. F. Rivero e T. Salvador 143 Matema´tica para Economia I 3.5. PROBLEMAS DE OTIMIZAC¸A˜O CAPI´TULO 3. APLICAC¸O˜ES 5. O custo total da fabricac¸a˜o de x unidades de um produto e´ dado por C(x) = 4x2 − 240x+ 9.000. Determine o valor de x que resulta no custo mı´nimo. 6. A func¸a˜o custo de uma firma que produz e vende x unidades de um produto e´ dada por C(x) = x3 − 6x2 + 13x + 15 e a func¸a˜o receita e´ R(x) = 28x. Ache o valor de x que maximiza o lucro. 7. C(x) = 0,001x2 +0,02x+500 e´ o custo de fabricac¸a˜o de x unidades de um produto e cada unidade e´ vendida por R$8,00. Determine o nu´mero de unidades que maximiza o lucro. 8. Ache a quantidade x que maximiza o lucro, sabendo que a receita e o custo sa˜o, respectivamente, R(x) = 5x− 0,003x2 e C(x) = 1,1x+ 300 com 0 < x ≤ 1.000. 9. O custo por unidade de produc¸a˜o tambe´m e´ importante na Economia. Essa func¸a˜o e´ chamada de custo me´dio e sua derivada e´ o custo me´dio marginal. Se C(x) e´ o custo total associado a` produc¸a˜o de x unidades de um produto, o custo me´dio e´ CM(x) = C(x) x . Sabendo que C(x) = 2x2 − 15x + 3.200 e´ o custo de fabricac¸a˜o de x unidades de um produto, determine o valor de x que resulta no custo me´dio mı´nimo. 10. As func¸o˜es custo e receita de x unidades de um produto sa˜o em reais, respectiva- mente, C(x) = 10 + 2x e R(x) = 50x− 0,1x2. Determine o lucro ma´ximo. 11. A func¸a˜o de demanda para um produto e´ dada por p(x) = 4 − 0,0002x onde p e´ o prec¸o unita´rio em reais e x e´ a quantidade demandada. O custo total da produc¸a˜o de x unidades e´ dado pela func¸a˜o C(x) = 600+3x. Determine o nu´mero de unidades que maximiza o lucro e o prec¸o unita´rio correspondente. 12. A func¸a˜o de demanda de certo produto e´ dada por q(p) = −6p + 780 onde q e´ a quantidade demandada e p o prec¸o unita´rio. Escreva a receita como func¸a˜o de p e determine o prec¸o que resulta na receita ma´xima. 13. As func¸o˜es custo e receita de uma fa´brica que produz e vende x unidades de um produto sa˜o, respectivamente, C(x) = −x2 + 80x + 75 e R(x) = −3x2 + 200x com 0 ≤ x ≤ 40. Determine o valor de x que maximiza o lucro e o lucro ma´ximo correspondente. 14. Uma fa´brica produz estantes a um custo de R$80,00 a unidade. Estima-se que se as estantes forem vendidas por x reais a unidade, aproximadamente 100− x unidades sera˜o vendidas por meˆs. Escreva o lucro mensal como uma func¸a˜o do prec¸o de venda x e ache o prec¸o o´timo de venda. F. Rivero e T. Salvador 144 Matema´tica para Economia I CAPI´TULO 3. APLICAC¸O˜ES 3.5. PROBLEMAS DE OTIMIZAC¸A˜O 15. As func¸o˜es custo e receita de x unidades de um produto sa˜o em reais, respectiva- mente, C(x) = 1 8 x2 + 4x+ 200 e R(x) = 49x − x2. Determine o valor de x que maximiza o lucro. 16. Suponha que o lucro de um fabricante de ra´dios seja dado por L(x) = 400(15 − x)(x − 2) onde x e´ o prec¸o unita´rio pelo qual os ra´dios sa˜o vendidos. Encontre o prec¸o de venda que maximiza o lucro. F. Rivero e T. Salvador 145 Matema´tica para Economia I
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