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Sociologia da Educação

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Sociologia da Educação
Aula 1: Introdução. Sociologia da Educação: Uma Visão Crítica
Nós acreditamos que você, que tem a oportunidade de estudar, deve ser reflexivo e buscar respostas às questões através das ciências. O bom profissional não elabora qualquer resposta aos problemas que surgem, mas reflete a partir de teorias científicas, que podem elucidar a realidade para que a solução seja encontrada. O papel da Universidade em nossa vida é nos ajudar a superar a interpretação corriqueira dos fatos, ou seja, sair do senso comum. O senso comum é uma forma de pensar coletiva e que tem o seu valor. Todos nós temos um senso comum. No entanto, partir sempre dele é negar outras formas de refletir e de pensar, inclusive o pensamento científico. Sendo assim, nesta primeira aula tentaremos estudar e explicar o que são as Ciências Sociais. Bem, Ciências Sociais é o nome que se dá a um ramo da Ciência que estuda os aspectos sociais do mundo, isto é, a vida social de indivíduos e grupos humanos incluindo as ciências da Antropologia, Economia, História, Linguística, Ciências Políticas, Sociologia entre outras. Sabemos que a característica fundamental da condição humana é a capacidade de conhecer e de construir compreensão sobre os meios e processos necessários para a organização e a facilitação do ato de viver. O conhecimento, produto da atividade consciente do pensamento, estabelece a natureza social do ser humano e o condiciona à sua história e à sua cultura. A capacidade de conhecer desenvolveu a vida social. E a vida em grupos, por sua vez, ampliou o próprio conhecimento humano. Esse é o círculo virtuoso que trouxe o ser humano aos dias de hoje, por meio de um processo histórico milenar que só poderia ocorrer em grupo, Fante constrói cultura, estabelecendo este longo fio processual tecido pela capacidade cognitiva humana ao longo da História. Nós somos seres socioculturais.
Sociologia
É uma das ciências humanas que estuda a sociedade, ou seja, estuda o comportamento humano em função do meio e os processos que interligam os indivíduos em associações, grupos e instituições. Enquanto o indivíduo na sua singularidade é estudado pela Psicologia, a Sociologia tem uma base teórico-metodológica, que serve para estudar os fenômenos sociais, tentando explicá-los, analisando os homens em suas relações de interdependência. Compreender as diferentes sociedades e culturas é um dos objetivos da sociologia.
Antropologia
É a ciência preocupada em estudar o Homem e a Humanidade de maneira totalizante, isto é, abrangendo todas as suas dimensões. A divisão clássica da Antropologia distingue a Antropologia Cultural da Antropologia Biológica. Cada uma destas, em sua construção, resguardou diversas correntes de pensamento. Origem etimológica: deriva de anthropos (homem/pessoa) e (logos - razão/pensamento).
Ciência Política
É o estudo da política - dos sistemas políticos, das organizações e dos processos políticos. Envolve o estudo da estrutura (e das mudanças de estrutura) e dos processos de governo - ou qualquer sistema equivalente de organização humana que tente assegurar segurança, justiça e direitos civis. 
Os cientistas políticos podem estudar instituições como corporações ou empresas, uniões, ou sindicatos, igrejas, ou outras organizações cujas estruturas e processos de ação se aproximem de um governo, em complexidade e interconexão.
Tendo em vista que a Antropologia é toda realidade individual ou coletivamente produzida pela inteligência humana que caracterize e seja distintivo de um grupo ou de um povo em um espaço físico do mundo ou na história. Fala-se em cultura, portanto, quando se fala na música popular, na culinária, em um estilo de vida, na língua falada, na língua escrita ou outras produções distintivas de um grupo, de uma sociedade ou de um povo.
Tendo em vista a Sociologia, para definir algo como social, devemos considerar toda realidade própria de grupos ou sociedades em que não houver emprego de violência e que não for caracterizadora ou distintiva de um grupo ou de um povo.
Social é aquilo que mantém os homens integrados, coesos em grupos ou sociedades por ser produto da vida coletiva, contrariando assim a ideia de que os homens seriam seres sociais por natureza. Em rigor, essa definição quer dizer que os homens são sociais devido à educação que recebem, isto é, à educação que os faz agirem como seres sociais específicos de um grupo ou sociedade.
O objeto definidor e esclarecedor do político, de acordo com a Ciência Política, é a violência e tudo aquilo que se refere ao seu emprego entre os homens em sociedades. De todas as tarefas existentes em sociedades, três são as tarefas políticas, ou seja, três são as tarefas que dependem do emprego da violência: executar, legislar e julgar. Logo, as três instituições políticas básicas, porque diretamente expressivas dessas tarefas: Poder Executivo, Poder Legislativo e Poder Judiciário, políticos são todos os seus componentes.
Os primeiros sociólogos construíram conceitos voltados para a tentativa de interpretar, por critérios científicos, a realidade social.
Este foi o primeiro desafio teórico dessa ciência, que é uma das marcas centrais da modernidade, uma vez que o passo a ser dado implicava em superar, por meio da razão, os preceitos colocados pelos ensinamentos do senso comum que, até então, dominavam a maior parte das interpretações e explicações sobre o sentido da ação coletiva humana.
Produto da modernidade, os estudos clássicos da sociologia ora enfatizavam a ação individual, ora a ação coletiva. Alguns estudiosos privilegiam o papel ativo do indivíduo nas ações sociais, enquanto outros enfatizam o papel da sociedade e de suas instituições, e outros ainda, destacam a importância do conjunto das práticas que definem as relações entre indivíduo e sociedade.
Como veremos no vídeo sobre a Ilha das Flores, dirigido por Jorge Furtado e indicado como atividade, o progresso na produção levou à criação de grandes centros industriais em cidades que não tinham condições de suportar a intensa migração do campo para a cidade por populações em busca de trabalho.
As pessoas se aglomeravam de maneira desorganizada em habitações precárias e insalubres. Vemos o aparecimento de mendigos, ladrões e aventureiros, ambientes assolados por violência, fome e doenças. Surge daí a questão social. Como explicar os problemas sociais e mudar a vida coletiva?
Os intelectuais são instigados a encontrar soluções fundamentadas no conhecimento científico. O conhecimento científico das ciências que estudavam os fenômenos naturais era o que faltava para tratar os fenômenos sociais, acreditavam os intelectuais.
Houve busca de soluções? Sim! A busca de uma ciência que correspondesse a uma Física Social, como viria a chamá-la Augusto Comte. O positivismo, neste caso, exige que o cidadão se caracterize como: a busca nos próprios fenômenos das suas explicações e não em entidades sobrenaturais.
Com base na Lei dos Três Estados, Augusto Comte elaborou a classificação das ciências, de acordo com o aparecimento histórico de cada uma e o progressivo abandono da imaginação teológica e da especulação metafísica no conhecimento. 
Definição de Positivismo segundo Comte: corrente Filosófica que marca nossa existência e nossa educação. “Tudo é relativo, eis o único princípio absoluto”.  Para Comte, o método positivista consiste na observação dos fenômenos, subordinando a imaginação à observação.
Para Augusto Comte, os fenômenos sociais seriam derivados do que dizia ser a natureza gregária dos homens.
Desde meados do século XIX, como consequência da filosofia de Augusto Comte - chamada de positivismo, foi feita uma separação entre Filosofia e ciências positivas (matemática, física, química, biologia, astronomia, sociologia). As ciências, dizia Comte, estudam a realidade natural, social, psicológica e moral e são propriamente o conhecimento. Para ele, a Filosofia seria apenas uma reflexão sobre o significado do trabalho científico, isto é, uma análise e uma interpretação dos procedimentosou das metodologias usadas pelas ciências e uma avaliação dos resultados científicos. A Filosofia tornou-se, assim, uma teoria das ciências ou epistemologia (episteme, em grego, quer dizer ciência). 
A tradição filosófica, sobretudo a partir do século XVIII (com a filosofia da Ilustração) e do século XIX (com a filosofia da história de Hegel e o positivismo de Comte), afirmava que do mito à lógica havia uma evolução do espírito humano, isto é, o mito era uma fase ou etapa do espírito humano e da civilização que antecedia o advento da lógica ou do pensamento lógico, considerado a etapa posterior e evoluída do pensamento e da civilização. Essa tradição filosófica fez crer que o mito pertenceria a culturas “inferiores”, “primitivas” ou “atrasadas”, enquanto o pensamento lógico ou racional pertenceria a culturas “superiores”, “civilizadas” e “adiantadas”. Essa separação temporal e evolutiva de duas modalidades de pensamento fazia com que se julgasse a presença, em nossas sociedades, de explicações míticas (isto é, as religiões, a literatura, as artes) como uma espécie de “resíduo” ou “resto” de uma fase passada da evolução da humanidade, destinada a desaparecer com a plena evolução da racionalidade científica e filosófica.
Hoje, porém, sabe-se que a concepção evolutiva está equivocada. O pensamento mítico pertence ao campo do pensamento simbólico e da linguagem simbólica, que coexistem com o campo do pensamento e da linguagem conceituais. Duas linhas de estudos mostraram essa coexistência, embora essas duas modalidades de pensamento e de linguagem sejam não só diferentes, mas também, frequentemente, contrárias e opostas.
Período do positivismo: inicia-se no século XIX com Augusto Comte, para quem a humanidade atravessa três etapas progressivas, indo da superstição religiosa à metafísica e à teologia, para chegar, finalmente, à ciência positiva, ponto final do progresso humano. Comte enfatiza a ideia do homem como um ser social e propõe o estudo científico da sociedade: assim como há uma física da Natureza, deve haver uma física do social, a sociologia, que deve estudar os fatos humanos usando procedimentos, métodos e técnicas empregados pelas ciências da Natureza.
A concepção positivista não termina no século XIX com Comte, mas será uma das correntes mais poderosas e influentes nas ciências humanas em todo o século XX. Assim, por exemplo, a psicologia positivista afirma que seu objeto não é o psiquismo enquanto consciência, mas enquanto comportamento observável que pode ser tratado com o método experimental das ciências naturais.
A sociologia positivista (iniciada por Comte e desenvolvida como ciência pelo francês Emile Durkheim) estuda a sociedade como fato, afirmando que o fato social deve ser tratado como uma coisa, à qual são aplicados os procedimentos de análise e síntese criados pelas ciências naturais. Os elementos ou átomos sociais são os indivíduos, obtidos por via da análise; as relações causais entre os indivíduos, recompostas por via da síntese, constituem as instituições sociais (família, trabalho, religião, Estado etc.).
A sociologia positivista (iniciada por Comte e desenvolvida como ciência pelo francês Emile Durkheim) estuda a sociedade como fato, afirmando que o fato social deve ser tratado como uma coisa, à qual são aplicados os procedimentos de análise e síntese criados pelas ciências naturais. Os elementos ou átomos sociais são os indivíduos, obtidos por via da análise; as relações causais entre os indivíduos, recompostas por via da síntese, constituem as instituições sociais (família, trabalho, religião, Estado etc.). Cada sociedade tendo sua História própria em vez de ser apenas uma etapa numa História universal das civilizações. A ideia de progresso passa a ser criticada porque serve como desculpa para legitimar colonialismos e imperialismos (os mais “adiantados” teriam o direito de dominar os mais “atrasados”). Passa a ser criticada também a ideia de progresso das ciências e das técnicas, mostrando-se que, em cada época histórica e para cada sociedade, os conhecimentos e as práticas possuem sentido e valor próprios, e que tal sentido e tal valor desaparecem numa época seguinte ou são diferentes numa outra sociedade, não havendo, portanto, transformação contínua, acumulativa e progressiva. O passado foi o passado, o presente é o presente e o futuro será o futuro.
Como afirma Pérsio Santos de Oliveira na introdução do seu livro Sociologia da Educação: ninguém escapa da educação. Em casa, na rua, na igreja ou na escola, de um modo ou de muitos, todos nós envolvemos pedaços da vida com ela: para aprender, para ensinar, para aprender e ensinar. Para saber, para fazer, para ser ou para conviver, todos os dias misturamos a vida com a educação. Com uma ou com várias: educação? Educações.
E já que pelo menos por isso sempre achamos que temos alguma coisa a dizer sobre a educação que nos invade a vida, por que não começar a pensar sobre ela com o que uns índios uma vez escreveram? Há muitos anos nos Estados Unidos, Virgínia e Maryland assinaram um tratado de paz com os Índios das Seis Nações. Ora, como as promessas e os símbolos da educação sempre foram muito adequados a momentos solenes como aquele, logo depois os seus governantes mandaram cartas aos índios para que enviassem alguns de seus jovens às escolas dos brancos.
Os chefes responderam agradecendo e recusando. A carta acabou conhecida porque alguns anos mais tarde Benjamin Franklin adotou o costume de divulgá-la aqui e ali. Eis o trecho que nos interessa: “... Nós estamos convencidos, portanto, que os senhores desejam o bem para nós e agradecemos de todo o coração. Mas aqueles que são sábios reconhecem que diferentes nações têm concepções diferentes das coisas e, sendo assim, os senhores não ficarão ofendidos ao saber que a vossa ideia de educação não é a mesma que a nossa. ...Muitos dos nossos bravos guerreiros foram formados nas escolas do Norte e aprenderam toda a vossa ciência. Mas, quando eles voltavam para nós, eles eram maus corredores, ignorantes da vida da floresta e incapazes de suportarem o frio e a fome. Não sabiam como caçar o veado, matar o inimigo e construir uma cabana, e falavam a nossa língua muito mal. Eles eram, portanto, totalmente inúteis. Não serviam como guerreiros, como caçadores ou como conselheiros. Ficamos extremamente agradecidos pela vossa oferta e, embora não possamos aceitá-la, para mostrar a nossa gratidão oferecemos aos nobres senhores de Virgínia que nos enviem alguns dos seus jovens, que Ihes ensinaremos tudo o que sabemos e faremos, deles, homens.”
Existe a educação de cada categoria de sujeitos de um povo; ela existe em cada povo, ou entre povos que se encontram.
Existe entre povos que submetem e dominam outros povos, usando a educação como um recurso a mais de sua dominância. Da família à comunidade, a educação existe difusa em todos os mundos sociais, entre as incontáveis práticas dos mistérios do aprender; primeiro, sem classes de alunos, sem livros e sem professores especialistas; mais adiante com escolas, salas, professores e métodos pedagógicos. A educação pode existir livre e, entre todos, pode ser uma das maneiras que as pessoas criam para tornar comum, como saber, como ideia, como crença, aquilo que é comunitário como bem, como trabalho ou como vida. Ela pode existir imposta por um sistema centralizado de poder, que usa o saber e o controle sobre o saber como armas que reforçam a desigualdade entre os homens, na divisão dos bens, do trabalho, dos direitos e dos símbolos.
A educação
A educação é, como outras, uma fração do modo de vida dos grupos sociais que a criam e recriam, entre tantas outras invenções de sua cultura, em sua sociedade. Formas de educação que produzem e praticam, para que elas reproduzam, entre todos os que ensinam e aprendem, o saber que atravessa as palavras da tribo, os códigos sociais de conduta, as regras do trabalho, os segredos da arte ou da religião, do artesanato ou da tecnologia que qualquer povo precisa para reinventar, todos os dias, avida do grupo e a de cada um de seus sujeitos, através de trocas sem fim com a natureza e entre os homens, trocas que existem dentro do mundo social onde a própria educação habita, e desde onde ajuda a explicar - às vezes a ocultar, às vezes a inculcar - de geração em geração, a necessidade da existência de sua ordem.
Seja uma sociedade indígena ou uma sociedade moderna, todas têm alguma forma de educação. Observando a história vemos que as ciências sociais surgem como parte do projeto iluminista. Surgiram com base na crença de que é possível progredir, melhorar as condições de vida de toda a sociedade. Todas as proposições do Iluminismo são de natureza progressista, universalizante, inclusiva. Nesse sentido, havia uma ideologia em expansão que dava sentido à prática da ciência em geral e da social em particular: afirmação crescente da liberdade, da afluência, do bem-estar, da convivência pacífica, da democracia.
Pensamento aparentemente simples, mas que contém uma ideologia otimista e revolucionária. De uma maneira geral, acreditava-se na capacidade de intervenção humana, e não de Deus, para a melhoria das condições materiais e ideais de vida. No seio desse movimento — no qual a modernização era um processo, mas também um projeto — diversos argumentos ganharam força: Igualdade crescente, cidadania, nação, industrialismo etc. Tais argumentos forneceram o arsenal de que se valeram as ciências sociais. Ao longo do tempo essas crenças e ideias tornaram-se mais e mais disseminadas, até se tornarem uma espécie de lugar-comum ou uma "naturalidade". Nesse contexto surgiram projetos políticos e intelectuais de transformação social.
No início da era moderna, as diferenciações que a sociedade estabeleceu entre o mercado e o Estado, a filosofia e a ciência, tiveram consequências intelectuais e materiais definitivas na organização social. É verdade que a expansão vertiginosa das comunicações na virada dos séculos XVIII e XIX transformou de forma revolucionária a vida da sociedade e tornou possível muitas das conquistas da era moderna (alfabetização, diálogo, opinião pública, democracia etc.), mas, não será verdade também que vivemos uma nova era de transformações, que o incremento novamente vertiginoso das comunicações traz novas potencialidades emancipadoras?
Parece que, se quisermos preservar a especificidade do conhecimento científico diante de outras formas de conhecimento, será impossível abrir mão do recurso à razão, da busca da generalização e da aposta na universalização. É nesse sentido que gostaria de mencionar um dos conceitos da ciência social que me parecem, hoje, mais sugestivos da promessa de radicalização do projeto modernizante e emancipacionista das ciências sociais. Refiro-me ao conceito de cidadania.
Enquanto as demais ciências seguem o caminho progressivo e levam à frente o ideal modernizante, as ciências sociais parecem mergulhar mais fundo na busca pela verdade. Os ideais modernizantes tornaram-se alvo de crítica feroz e, sem eles, os próprios críticos não sabem como legitimar sua inserção como cientistas. Essa legitimação parece se dar muito mais mediante uma adesão explícita a um credo particular, de natureza política, religiosa ou hedonístico. Claro que há exceções, mas esse não é o contexto para discorrer sobre elas. Hoje alguns cientistas  sociais falam no chamado fim das grandes narrativas — que, na verdade, se torna inteligível através de alguma nova grande narrativa — deixa as ciências sociais sem especificidade. A saída do reencantamento do mundo, embora plenamente legítima como opção pessoal, não pode, infelizmente, salvar a ciência social.
Hoje, demandas por cidadania expressam muito mais claramente a tensão entre demandas por igualdade e por diferença, ou melhor, evidenciam os dilemas da inclusão versus exclusão que a mística do Estado nacional tendia a ocultar. Se, durante décadas, assistimos ao avanço da cidadania, evidenciar a igualdade, incluindo no consumo do acervo comum de direitos, camadas cada vez mais amplas da sociedade, hoje ele explicita também, com vigor crescente, demandas pelo direito à diferença.
Não se espera dos cientistas sociais a clarividência, ou melhor, a alquimia de fundir logicamente noções e dilemas. Contudo, é legítimo esperar que eles logrem formular o velho dilema de maneiras novas e originais, de forma a não retroceder no tempo — ameaça idêntica a que enfrentam os computadores na virada do milênio. Esperemos também que a novidade do direito à diferença não nos tente a abrir mão da velha luta pelo direito à igualdade.
Esse é um problema, uma ameaça, melhor dizendo, que se insinua perigosamente no encolhimento do estado como no século XX, no recrudescimento da exclusão social e, ouso dizer, no interior das ciências sociais — no descuido das questões gerais, no abandono das generalizações que, logicamente, não excluem o estudo de casos e causas particulares, mas não podem, de qualquer forma, se confundir inteiramente com esses últimos.
Aula 2: Nascimento de uma nova Ciência
Segundo Cristina Costa, no seu célebre livro de introdução às Ciências Sociais, a primeira corrente teórica sistematizada de pensamento sociológico foi o positivismo, a primeira a definir precisamente o objeto, a estabelecer conceitos e uma metodologia de investigação. Seu primeiro representante e principal sistematizador foi o pensador francês Auguste Comte.
Positivismo
O Positivismo derivou do cientificismo, isto é, da crença no poder exclusivo da razão humana em conhecer a realidade e traduzi-la sob a forma de leis naturais. Seu conhecimento pretendia substituir as explicações teológicas, filosóficas e de senso comum por meio das quais – até então – o homem explicava a realidade. O Positivismo reconheceu a existência de princípios reguladores do mundo físico e do mundo social.
Evolução
A rápida evolução dos conhecimentos das ciências naturais – física, química, biologia – e o visível sucesso de suas descobertas no incremento da produção material e no controle das forças da natureza atraíram os primeiros cientistas para o seu método de investigação. A tentativa de derivar as ciências sociais das ciências físicas é patente nas obras dos primeiros estudiosos da realidade social.
A filosofia social positivista se inspirava no método de investigação das ciências da natureza, para identificar na vida social as mesmas relações e princípios com os quais cientistas explicavam a vida natural. A sociedade era um organismo constituído de partes integradas e coesas que funcionavam harmonicamente. O Positivismo constituía seu objeto, pautava seus métodos e elaborava seus conceitos à luz das ciências naturais.
A expansão da Revolução Industrial pela Europa trouxe consigo a destruição da velha ordem feudal e a consolidação da nova sociedade - a capitalista -, estruturada sobre a indústria. Surgia a época dos monopólios e dos oligopólios, que, associados ao capital dos grandes bancos, dão origem ao capital financeiro. A reestruturação do capitalismo estava associada às sucessivas crises de superprodução na Europa, que matavam milhares de pequenas indústrias para dar lugar às maiores e mais bem estruturadas. Crescer fora da Europa era a única saída para garantir a continuidade dessas indústrias. O capital financeiro necessitava de novos mercados para poder crescer, pois era perigoso investir na Europa sem causar novas crises de superprodução. Os alvos eram a Ásia e a África. A exploração dessas colônias encontrava resistência nas estruturas sociais e produtivas vigentes nesses continentes que não atendiam às necessidades do capitalismo europeu. A Europa se deparou com civilizações organizadas, o politeísmo, a poligamia, formas de poder tradicionais, economia agrária de subsistência, em sua maioria, ou voltada para o comércio local e artesanato. O europeu teve de organizar as nações conquistadas, estruturando-as segundo o capitalismo.
Transformar esse mundo em colônias que se submetessem aos valores capitalistas requeria uma empresa de grande envergadura, para garantir a expansãoe sobrevivência do capitalismo industrial. Sob um manto humanitário, a conquista e a dominação foram transformadas em “missão civilizadora”.
A “civilização” era oferecida, mesmo contra vontade dos dominados, com o objetivo de “elevar” essas nações do seu estado primitivo a um nível mais desenvolvido. Essa nova forma de colonialismo se assentava na justificativa de que a Europa tinha, diante dessas sociedades, a obrigação moral de civilizá-las e retirá-las do atraso em que viviam. Entendia-se que o mais alto grau de civilização que o homem poderia chegar seria a sociedade industrial do século XIX.
Em conformidade com essa forma de pensar, desenvolveram-se as ideias do cientista inglês Charles Darwin sobre a evolução biológica das espécies animais.
Para Darwim, as diversas espécies de seres vivos se transformam continuamente com a finalidade de se aperfeiçoar e garantir a sobrevivência. Tais ideias, transpostas para a análise da sociedade, resultaram no darwinismo social, isto é, o princípio de que as sociedades se modificam e se desenvolvem num sentido e que tais transformações representariam a passagem de um estágio inferior para outro superior. Esse tipo de sociedade garantiria a sobrevivência dos organismos, sociedade e indivíduos mais fortes e mais evoluídos. Os principais cientistas sociais positivistas, combinando as concepções organicistas e evolucionistas inspiradas nas perspectivas de Darwin, entendiam que as sociedades mais simples deveriam evoluir a níveis de maior complexidade e progresso na escala da evolução social, até atingir o “topo”: a sociedade industrial europeia. Essas concepções se contradiziam com o que estava acontecendo na Europa, os frutos do progresso não eram igualmente distribuídos, nem todos participavam igualmente das conquistas da civilização.     
Essa transposição de conceitos físicos e biológicos para o estudo das sociedades e das relações entre essas trouxe, ao darwinismo social, desvios importantes. Se o homem constitui sociologicamente uma espécie, o mesmo não se pode dizer das diferentes culturas que ele desenvolveu. O caráter cultural da vida humana imprime, no desenvolvimento das suas formas de vida, princípios diferentes daqueles existentes na natureza. Hoje, sente-se que a complexidade da cultura humana tem concorrido para limitar a ação da lei de seleção natural. Essa transposição serviu como justificativa de uma ação política e econômica que nem sequer avaliava o que representaria o “mais forte” ou mais evoluído. A regra darwinista da competição e da sobrevivência do mais forte é aplicada as leis de mercado, principalmente pela doutrina do liberalismo econômico. Pressupõe-se que a competitividade seja o princípio natural – universal e exterior ao homem - que assegura a sobrevivência do melhor, do mais forte e do mais bem adaptado.   
O desenvolvimento industrial gerava a todo momento novos conflitos sociais. Os empobrecidos e explorados – camponeses e operários – organizavam-se exigindo mudanças políticas e econômicas. Os primeiros pensadores sociais positivistas responderam com ideias de ordem e progresso. Os movimentos reivindicatórios, os conflitos, as revoltas deveriam ser contidos sempre que pusessem em risco a ordem estabelecida ou o funcionamento da sociedade, ou ainda quando inibissem o progresso.
Auguste Comte identificou na sociedade dois movimentos vitais:
Dinâmico – representava a passagem para formas mais complexas de existência, com a industrialização;
Estático – responsável pela preservação dos elementos permanentes de toda organização social. As instituições que mantêm a coesão, a família, religião, propriedade, linguagem, direito e etc.
Assim se justificava a intervenção na sociedade sempre que fosse necessário assegurar a ordem ou promover o progresso.
Essa outra escola, o organicismo, teve como seguidores cientistas que procuraram aplicar seus princípios na explicação da vida social.
O positivismo foi o pensamento que glorificou a sociedade europeia do século XIX, em franca expansão. Procurava resolver os conflitos sociais por meio da exaltação à coesão, a harmonia natural entre os indivíduos, ao bem-estar do todo social. A simples postura de que a vida em sociedade era  passível de estudo e compreensão – que o homem possuía – além do corpo e sentimentos – uma natureza social; que as emoções, os desejos e as formas de vida derivavam de contingências históricas e sociais - , tudo isso foram descobertas de grande importância. Formam teorias que abriram as portas para uma nova concepção da realidade social com suas especificidades e regras.
Quase todos os países europeus economicamente desenvolvidos conheceram o positivismo. No entanto, foi na França,  por excelência, que floresceu essa escola, a qual, partindo de uma interpretação original do legado de Descartes, buscava na razão e na experimentação seus horizontes teóricos.
Entre os filósofos sociais franceses, pode-se destacar, Hipolite Taine, Gustave Le Bon e Le Play.
Durkheim
Embora Comte seja considerado o pai da sociologia e tenha lhe dado esse nome, Durkheim é apontado como um de seus primeiros grandes teóricos. Ele e seus colaboradores se esforçaram para constituir a sociologia como disciplina rigorosamente científica. Sua preocupação foi definir com precisão o objeto, o método, e as aplicações dessa nova ciência. Durkheim, em uma de suas obras, definiu com clareza o objeto da sociologia – os fatos sociais.  Distingue três características dos fatos sociais: Coerção social, ou seja, a força que os fatos exercem sobre os indivíduos, levando-os a conformar-se às regras da sociedade em que vivem, independente da sua vontade e escolha.
O grau de coerção dos fatos sociais se torna evidente pelas sansões a que o indivíduo estará sujeito quando tenta se rebelar contra elas. As sansões podem ser legais ou espontâneas. Legais são as sansões prescritas pela sociedade, sob forma de leis. Espontâneas seriam as que aflorariam como decorrência de uma conduta não adaptada à estrutura do grupo ou da sociedade. Exteriores aos indivíduos, os fatos sociais existem e atuam sobre os indivíduos independentemente de sua vontade ou de sua adesão consciente. As regras sociais, os costumes, as leis, já existem antes do nascimento das pessoas.
Generalidade
É social todo fato que é geral, que se repete em todos os indivíduos ou, pelo menos, na maioria deles. Por essa generalidade, os fatos sociais manifestam sua natureza coletiva ou um estado comum ao grupo, como as formas de habitação, de comunicação, os sentimentos e a moral.
A explicação científica exige que o pesquisador mantenha certa distância e neutralidade em relação aos fatos, resguardando a objetividade de sua análise. É preciso, segundo Durkheim, que o sociólogo deixe de lado suas prenoções, isto é, seus valores e sentimentos pessoais em relação ao acontecimento a ser estudado. Essa postura exige o não envolvimento afetivo ou de qualquer outra espécie entre o cientista e seu objeto. Para ele, o trabalho científico exigia, portanto, a eliminação de quaisquer traços de subjetividade, além de uma atitude de distanciamento. Durkheim aconselhava o sociólogo a encarar os fatos sociais como coisas, isto é, objetos que lhe sendo exteriores, deveriam ser medidos, observados e comparados. 
Imbuído dos princípios positivistas, Durkheim queria com esse rigor, à maneira do método que garantia o sucesso das ciências exatas, definir a sociologia como ciência, rompendo com as ideias e o senso comum.
Os fenômenos devem ser sempre considerados em suas manifestações coletivas, distinguindo-se dos acontecimentos individuais ou acidentais. A generalidade distingue o essencial do fortuito e especifica a natureza sociológica dos fenômenos.    
Para Durkheim, a sociologia tinha por finalidade não só explicar a sociedade como também encontrar soluções para a vida social. A sociedade, como todo organismo, apresentaria estados normais e patológicos, isto é, saudáveis e doentios.
Durkheim considera um fato social como normal quando se encontra generalizadopela sociedade ou quando desempenha alguma função importante para sua adaptação ou sua evolução. 
A generalidade de um fato, sua unanimidade, é garantia de normalidade na medida em que representa o consenso social, a vontade coletiva, ou o acordo de um grupo a respeito de determinada questão.
O objetivo máximo da vida social é promover a harmonia da sociedade por meio do consenso social, a “saúde” do organismo social se confunde com a generalidade dos acontecimentos.
Portanto..
Normal é aquele fato que não extrapola os limites dos acontecimentos mais gerais de uma determinada sociedade. Patológico é aquele que se encontra fora dos limites permitidos pela ordem social e pela moral vigente. Durkheim usava uma rigorosa postura empírica, centrada na verificação dos fatos que poderiam ser observados, mensurados e relacionados através de dados coletados diretamente pelo cientista. Elaborou um conjunto coordenado de conceitos e de técnicas de pesquisa que guiava o cientista para o discernimento de um objeto de estudo próprio e dos meios adequados para interpretá-lo. Havia busca, ainda que não expressa, da noção de totalidade.
Aula 3: A Sociologia de Émile Durkheim
Quando trabalhamos as teorias das Ciências Sociais, sempre fazemos referências aos pensadores que construíram os clássicos fundamentais do pensamento sociológico:
Karl Marx, Max Weber e Émile Durkheim, são considerados, de um modo geral, os autores fundamentais e mais expressivos, embora não sejam os únicos, mas são não obrigatórios.
O pensamento de Durkheim deve ser considerado com um marco principal para a Sociologia da Educação. Seus objetivos de estudo ainda são temas presentes no dia a dia da escola e causam impacto na vida como um todo. É o caso de conceitos utilizados por ele tais como coerção e controle social. Estes conceitos podem servir para a compreensão de fenômenos como a violência na escola, em decorrência da coerção e do controle social.
As teorias de Durkheim ainda são fortes aliadas dos professores quando se trata de reforçar o caráter científico das Ciências Sociais.
1858- Durkheim nasceu em Épinal, no nordeste da França, em 15 de abril de 1858. Filho de judeus, mas optou por não seguir o caminho do rabinato. Frequentou a Escola Normal Superior (École Normale Supérieure) em Paris e interessou-se por filosofia.
1887- Assumiu em Bordeaux a primeira cadeira de sociologia instituída na França.
1896- Fundou o periódico L’Année Sociologique.
1902- Passou a lecionar sociologia e educação na Sorbonne, onde foi auxiliar de Ferdinand Buisson na cadeira de Ciência da Educação. Em 1906 ocupou o cargo de Buisson. O sociólogo estudou moral, psicologia da criança e história das doutrinas pedagógicas. Suas obras mais famosas são: As Regras do Método Sociológico, A divisão do Trabalho Social e o Suicídio.
1906- Ocupou o cargo de Buisson. O sociólogo estudou moral, psicologia da criança e história das doutrinas pedagógicas. Suas obras mais famosas são: As Regras do Método Sociológico, A Divisão do Trabalho Social e o Suicídio.
1917- Morreu. Supostamente pela tristeza de ter perdido o filho na Primeira Guerra Mundial, que acorrera no ano anterior.
Embora Augusto Comte seja considerado pai da Sociologia Moderna, Durkheim fez várias críticas às sua teorias. Segundo Durkheim no livro As Regras do Método Sociológico, a lei dos três estados, fundamental em toda a filosofia positivista, traz três erros fundamentais: É fruto de uma apreciação muito superficial sobre a história do gênero humano; identifica o terceiro estado como definitivo para a humanidade, de uma forma totalmente arbitrária e pressupões a ideia de desenvolvimento linear da sociedade, o que só é concebível se supormos a existência de uma única sociedade.
Durkheim e seus colaboradores se esforçaram por emancipar a Sociologia das filosofias sociais da sua época e constituí-la definitivamente como disciplina científica rigorosa. Em livros e cursos, sua preocupação foi definir com precisão o objeto, o método e as aplicações dessa nova ciência. Em uma de suas obras fundamentais, “ As regras do método sociológico”, publicada em 1895, Durkheim formulou com clareza os tipos de acontecimentos sobre os quais o sociológico deveria se debruçar: os fatos sociais. Estes constituiriam o objeto da Sociologia.
Cristina Costa, no seu célebre livro: Sociologia, introdução à ciência da sociedade nos ensina um pouco mais sobre Durkheim. Segundo ela, são três as características que Durkheim distingue dos fatos sociais:
Coerção Social- Ou seja, força que os fatos exercem sobre os indivíduos, levando-os a conformarem-se às regras da sociedade em que vivem independentemente de suas vontades e escolhas. Essa força se manifesta quando o indivíduo adota um determinado idioma, quando se submete a um determinado tipo de formação familiar ou quando está subordinado a determinado código de leis.O grau de coerção dos fatos sociais se torna evidente pelas sanções a que o indivíduo está sujeito quando contra elas tenta se rebelar. As sanções podem ser legais ou espontâneas. Legais são as sanções prescritas pela sociedade, sob a forma de leis, nas quais se identifica a infração e a penalidade subsequente. Espontâneas seriam as que aflorariam como decorrência de uma conduta não adaptada à estrutura do grupo ou da sociedade à qual o indivíduo pertence. Diz Durkheim, exemplificando este último tipo de sanção: “Se sou industrial, nada me proíbe de trabalhar utilizando processos e técnicas do século passado; mas se o fizer, terei a ruína como resultado inevitável.
A educação desempenha, segundo Durkheim, uma importante tarefa nessa conformação dos indivíduos à sociedade em que vivem, a ponto de, após algum tempo, as regras estarem internalizadas e transformadas em hábitos.
A segunda característica dos fatos sociais é que eles existem e atuam sobre os indivíduos independentemente de sua vontade ou de sua adesão consciente, ou seja, eles são exteriores aos indivíduos. As regras sociais, os costumes, as leis, já existem antes do nascimento das pessoas, são a elas impostos por mecanismos de coerção social, como a educação. Portanto, os fatos sociais são ao mesmo tempo coercitivos e dotados de existência exterior às consciências individuais.
A terceira característica apontada por Durkheim é a generalidade. É social todo fato que é geral, que se repete em todos os indivíduos ou, pelo menos, na maioria deles. Desse modo, os fatos sociais manifestam sua natureza coletiva ou um estado comum ao grupo, como as formas de habitação, de comunicação, os sentimentos e a moral. 
Uma vez identificados e caracterizados os fatos sociais, a preocupação de Durkheim dirigiu-se para a conduta necessária ao cientista, a fim de que seu estudo tivesse realmente bases científicas.
Para Durkheim, como para todos os positivistas, não haveria explicação científica se o pesquisar não mantivesse certa distância e neutralidade em relação aos fatos, resguardando a objetividade de sua análise. É preciso que o sociólogo deixe de lado suas pré-noção, isto é, seus valores e sentimentos pessoais em relação ao conhecimento a ser estudado, pois eles nada têm de científico e podem distorcer a realidade dos fatos.
Procurando garantir à Sociologia um método tão eficiente quanto o desenvolvido pelas ciências naturais, Durkheim aconselhava o sociológo a encarar os fatos sociais como coisas, isto é, objetos que, lhe sendo exteriores, vdeveriam ser medidos, observados e comparados independentemente do que os indivíduos pensassem ou declarassem a seu respeito. Tais formulações seriam apenas opiniões, juízos de valor individuiais que podem servir de indicadores dos fatos sociais, mas macaram as leis de organização social, cuja racionalidade só é acessível ao cientista.Para se aponderar dos fatos sociais, o cientista deve identificar, dentre os acontecimento gerais e repetitivos, aqueles que apresentam características exteriores comuns.Assim, por exemplo, o conjunto de atos que suscitam na sociedade reações concretas classificadas como “penalidades”constituem os fatos sociais identificáveis como “crime”. Vemos que os fenômenos devem ser sempre considerados em suas manifestações coletivas, distinguindo-se dos acontecimentos individuais ou acidentais. A generalidade distingue o essencial do fortuito e especifica a natureza sociológica dos fenômenos.
Sociedade: Um organismo em adaptação
Para Durkheim, a Sociologia tinha por finalidade não só explicar a sociedade como encontrar remédios para a vida social. A sociedade, como todo organismo, apresentaria estados normais e patológicos, isto é, saudáveis e doentios. Durkheim considera um fato social como normal quando se encontra generalizado pela sociedade ou quando desempenha alguma função importante para sua adaptação ou sua evolução. Assim, Durkheim afirma que o crime, por exemplo, é normal não só por ser encontrado em qualquer sociedade, em qualquer época, como também por representar a importância dos valores sociais que repudiam determinadas condutas como ilegais e as condenam a penalidades. A generalidade de um fato social, isto é, sua unanimidade, é garantia de normalidade na medida em que representa o consenso social, a vontade coletiva, ou o acordo de um grupo a respeito de determinada questão.
Diz Durkheim: 
"para saber se o estado econômico atual dos povos europeus, com sua característica ausência de organização, é normal ou não, procurar-se-á no passado o que lhe deu origem. Se estas condições são ainda aquelas em que atualmente se encontra nossa sociedade, é porque a situação é normal, a despeito dos protestos que desencadeia."Partindo, pois, do princípio de que o objetivo máximo da vida social é promover a harmonia da sociedade consigo mesma e com as demais sociedades, e que essa harmonia é conseguida através do consenso social, a "saúde" do organismo social se confunde com a generalidade dos acontecimentos e com a função destes na preservação dessa harmonia, desse acordo coletivo que se expressa sob a forma de sanções sociais. Quando um fato põe em risco a harmonia, o acordo, o consenso e, portanto, a adaptação e evolução da sociedade, estamos diante de um acontecimento de caráter mórbido e de uma sociedade doente.
A consciência coletiva
Toda a teoria sociológica de Durkheim pretende demonstrar que os fatos sociais têm existência própria,  independente daquilo que pensa e faz cada indivíduo em particular. Embora todos possuam suas "consciências individuais", seus modos próprios de se comportar e interpretar a vida, podem-se notar, no interior de qualquer grupo ou sociedade, formas padronizadas de conduta e pensamento. Essa constatação está na base do que Durkheim chamou consciência coletiva. A definição de consciência coletiva aparece pela primeira vez na obra Da divisão do trabalho social: trata-se do "conjunto das crenças e dos sentimentos comuns à média dos membros de uma mesma sociedade" que "forma um sistema determinado com vida própria".A consciência coletiva não se baseia na consciência dos indivíduos singulares ou de grupos específicos, mas está espalhada por toda a sociedade. Ela revelaria, segundo Durkheim, o "tipo psíquico da sociedade", que não seria apenas o produto das consciências individuais, mas algo diferente, que se imporia aos indivíduos e perduraria através das gerações. A consciência coletiva é, em certo sentido, a forma moral vigente na sociedade. Ela aparece como regras fortes e estabelecidas que delimitam o valor atribuído aos atos individuais. Ela define o que, numa sociedade, é considerado "imoral", "reprovável" ou "criminoso".
Morfologia social: as espécies sociais
Para Durkheim, a Sociologia deveria ter ainda por objetivo comparar as diversas sociedades. Constituiu assim o campo da morfologia social, ou seja, a classificação das espécies sociais. Ele considerava que todas as sociedades haviam evoluído a partir da horda, a forma social mais simples, igualitária, reduzida a um único segmento onde os indivíduos se assemelhavam aos átomos, isto é, se apresentavam justapostos e iguais. Desse ponto de partida, foi possível uma série de combinações, das quais se originaram outras espécies sociais identificáveis no passado e no presente, tais como os clãs e as tribos. Também considerava que o trabalho de classificação das sociedades - como tudo o mais - deveria ser efetuado com base em apurada observação experimental. Guiado por esse procedimento, Durkheim estabeleceu a passagem da solidariedade mecânica para a solidariedade orgânica como o motor de transformação de toda e qualquer sociedade. Dado o fato de que as sociedades variam de estágio, apresentando formas diferentes de organização social que tornam possível defini-las como "inferiores" ou "superiores", como o cientista define os fatos normais e anormais em cada sociedade? Para Durkheim, a normalidade só pode ser entendida em função do estágio social da sociedade em questão: "do ponto de vista puramente biológico, o que é normal para o selvagem não o é sempre para o civilizado, e vice-versa.”  
"Um fato social não pode, pois, ser acoimado de normal, para uma espécie social determinada senão em relação com uma fase, igualmente determinada, de seu desenvolvimento." (As regras do método sociológico, p. 52)
Solidariedade mecânica: Era aquela que predominava nas sociedades pré-capitalistas, onde os indivíduos se identificavam através da família, da religião, da tradição e dos costumes, permanecendo em geral independentes e autônomos em relação à divisão do trabalho social. A consciência aqui exerce todo seu poder de coerção sobre os indivíduos.
Solidariedade orgânica: é aquela típica das sociedades capitalistas, onde, através da acelerada divisão do trabalho social, os indivíduos se tornam interdependentes. Essa interdependência garante a união social, em lugar dos costumes, das tradições ou das relações sociais estreitas. Nas sociedades capitalistas, a consciência coletiva se afrouxa. Assim, ao mesmo tempo em que os indivíduos são mutuamente dependentes, cada qual se especializa numa atividade e tende a desenvolver maior autonomia pessoal.
Sociologia científica
Durkheim se distingue dos demais positivistas, porque suas ideias ultrapassaram a simples reflexão filosófica e chegaram a constituir um todo organizado e sistemático de pressupostos teóricos e metodológicos sobre a sociedade. O empirismo positivista, que pusera os filósofos diante de uma realidade social a ser especulada, transformou-se, em Durkheim, numa real postura empírica, centrada naqueles fatos que poderiam ser observados, mensurados e relacionados através de dados coletados diretamente pelo cientista. Ele procurou, para isso, estabelecer os limites e as diferenças entre a particularidade e a natureza dos acontecimentos filosóficos, históricos, psicológicos e sociológicos. Elaborou um conjunto coordenado de conceitos e de técnicas de pesquisa que, embora norteados por princípios das ciências naturais, guiavam os cientistas para o discernimento de um objeto de estudo próprio e dos meios adequados para interpretá-lo. Embora preocupado com as leis gerais capazes de explicar a evolução das sociedades humanas, Durkheim ateve-se também às particularidades da sociedade em que vivia e aos mecanismos de coesão dos pequenos grupos, à formação de sentimentos comuns resultantes da convivência social. Distinguiu diferentes instâncias da vida social e seu papel na organização social, como a educação, a família e a religião. Pode-se dizer que, com Durkheim, já se delineava uma apreensão da Sociologia em que se relacionava harmonicamente o geral e o particular numa busca, ainda que não expressa, da noção de totalidade. Essa noção foi desenvolvida particularmente por seu sobrinho e colaborador Marcel Mauss, em seus estudos antropológicos. Em vista de todos esses aspectos tão relevantes e inéditos, os limites antes impostos pela filosofia positivista perderam sua importância, fazendo dos estudos de Durkheim um constante objeto de interesse da Sociologia contemporânea.
Na adolescência, o jovem David Émile presenciou uma série de acontecimentos quemarcaram decisivamente todos os franceses em geral e a ele próprio em particular: a 1º de setembro de 1870, a derrota de Sedan; a 28 de janeiro de 1871, a capitulação diante das tropas alemãs; de 18 de março a 28 de maio, a insurreição da Comuna de Paris; a 4 de setembro, a proclamação da que ficou conhecida como III República, com a formação do governo provisório de Thiers até a votação da Constituição de 1875 e a eleição do seu primeiro presidente (Mac-Mahon). Thiers fora encarregado tanto de assinar o tratado de Frankfurt como de reprimir os communards, até à liquidação dos últimos remanescentes no "muro dos federados". Por outro lado, a vida de David Émile foi marcada pela disputa franco-alemã: em 1871, com a perda de uma parte da Lorena, sua terra natal tornou-se uma cidade fronteiriça; com o advento da Primeira Guerra Mundial, ele viu partir para o front numerosos discípulos, alguns dos quais não regressaram, inclusive seu filho Andrès, que parecia destinado a seguir a carreira paterna.
Durkheim assistiu e participou de acontecimentos marcantes e que se refletem diretamente nas suas obras, ou pelo menos nas suas aulas. O ambiente é por vezes assinalado como sendo o “vazio moral da III República”, marcado seja pelas consequências diretas da derrota francesa e das dívidas humilhantes da guerra, seja por uma série de medidas de ordem política, dentre as quais duas merecem destaque especial, pelo rompimento com as tradições que elas representam. A primeira  é a chamada lei Naquet, que instituiu o divórcio na França depois de acirrados debates parlamentares que se prolongaram de 1882 a 84. A segunda é representada pela instrução laica, questão levantada na Assembleia em 1879, por Jules Ferry, encarregado de implantar o novo sistema, como Ministro da Instrução Pública, em 1882. Foi quando a escola se tornou gratuita para todos, obrigatória dos seis aos treze anos, além de ficar proibido formalmente o ensino da religião. O vazio correspondente à ausência do ensino de religião na escola pública tenta-se preencher com uma pregação patriótica representada pela que ficou conhecida como “instrução moral e cívica”.
Ao mesmo tempo em que essas questões políticas e sociais balizavam o seu tempo, uma outra questão de natureza econômica e social não deixava de apresentar continuadas repercussões políticas e o que se denominava questão social, ou seja, as disputas e conflitos decorrentes da oposição entre o capital e o trabalho, vale dizer, entre patrão e empregado, entre burguesia e proletariado. Um marco dessa questão foi a criação, em 1895, da Confédération Générale du Travail (CGT). A bipolarização social preocupava profundamente tanto a políticos como a intelectuais da época, e sua interveniência no quadro político e social do chamado tournant du siècle não deixava de ser perturbadora. Com efeito, apesar dos traumas políticos e sociais que assinalam o início da III República, o final do século XIX e começo do século XX correspondem a uma certa sensação de euforia, de progresso e de esperança no futuro. Se bem que os êxitos econômicos não fossem de tal ordem que pudessem fazer esquecer a sucessão de crises (1900-01, 1907, 1912-13) e os problemas colocados pela concentração, registrava-se uma série de inovações tecnológicas que provocavam repercussões imediatas no campo econômico. É a era do aço e da eletricidade que se inaugura, junto com o início do aproveitamento do petróleo como fonte de energia ao lado da eletricidade que se notabiliza por ser uma energia “limpa”.
Não é de se admirar que vigorasse um estilo de vida belle époque, com a Exposição Universal comemorativa do centenário da revolução, seguida da exposição de Paris, simultânea com a inauguração do metrô em 1900. O último quartel do século fora marcado, além da renovação da literatura, do teatro e da música, pelo advento do impressionismo, que tirou a arte pictórica dos ambientes fechados, dos grandes acontecimentos e das grandes personalidades da monumentalidade, enfim para se voltar aos grandes espaços abertos, para as cenas e os homens comuns para o cotidiano. Porque este homem comum é que se vê diante dos grandes problemas representados pelo pauperismo, pelo desemprego, pelos grandes fluxos migratórios. Ele é objeto de preocupação do movimento operário, que inaugura, com a fundação da CGT no Congresso de Limoges, uma nova era do sindicalismo, que usa a greve como instrumento de reivindicação econômica e não mais exclusivamente política. É certo que algumas conquistas se sucedem, com os primeiros passos do seguro social e da legislação trabalhista, sobretudo na Alemanha de Bismarck.
Mas se objetivam também medidas visando aumentar a produtividade do trabalho, como o “taylorismo” (1912). Também a Igreja se volta para o problema, com a encíclica Rerum Novarum (1891), de Leão XIII, que difunde a ideia de que o proletariado poderia deixar de ser revolucionário na medida em que se tornasse proprietário. É a chamada “desproletarização” que se objetiva, tentada através de algumas "soluções milagrosas", tais como o cooperativismo, corporativismo, participação nos lucros etc. Pretende-se, por várias maneiras, contornar a questão social e eliminar a luta de classes, espantalhos do industrialismo.
Enfim, estamos diante do “espírito moderno”. Na École Normale Supérieure, o jovem David Émile tivera oportunidade de assistir às aulas de Boutroux, que assinala os principais traços característicos dessa época: progresso da ciência (não mais contemplativa, mas agora transformadora da realidade). Progresso da democracia (resultante do voto secreto e da crescente participação popular nos negócios públicos), além da generalização e extraordinário progresso da instrução e do bem-estar. Como corolário desses traços, o mestre neokantiano ressalta as correntes de ideias derivadas, cuja difusão viria encontrar eco na obra de Durkheim: aspira-se à constituição de uma moral realmente científica (o progresso moral equiparando-se ao progresso científico); a moral viria a ser considerada como um setor da ciência das condições das sociedades humanas (a moral é ela própria um fato social); a moral se confunde enfim com civilização, o povo mais civilizado é o que tem mais direitos e o progresso moral consiste no domínio crescente dos povos cuja cultura seja a mais avançada.
Não é de se admirar que esta época viesse também a assistir a uma nova onda de colonialismo, não mais o colonialismo da caravela ou do barco a vapor, mas agora o colonialismo do navio a diesel, da locomotiva, do aeroplano, do automóvel e de toda a tecnologia implícita e eficiente, além das novas manifestações morais e culturais. Enfim, Durkheim foi um homem que assistiu ao advento e à expansão do neocapitalismo, ou do capitalismo monopolista. Ele não resistiu aos novos e marcantes acontecimentos políticos representados pela Primeira Guerra Mundial, com o aparecimento simultâneo tanto do socialismo na Rússia como da nova roupagem do neocapitalismo, representada pelo Welfare State.
Aula 4: A Ética e a Educação em Max Weber
“Se você acha que a educação é cara, tenha coragem de experimentar a ignorância.” Derek Bok
Se você acha caro a educação é porque não sabe o preço da ignorância! Paga-se caro pela ignorância e pelo educação por causa de relação que fazemos entre capitalismo, educação e ética religiosa. Educação é vista como uma forma de ascensão social e a ignorância como um ato demoníaco. Sabermos que na sociedade capitalista a ética religiosa e o ideal do lucro andam juntos. Weber analisa a ética protestante e vê a visão paradoxal da tradição ocidental que faz do trabalho e da educação profissional as formas mais importantes de mobilidade social. Vemos no famoso texto de Weber que “mãos desocupadas são a oficina do diabo”- (IN.: Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo).
Max Weber nasceu e teve sua formação intelectual na Alemanha. Filho de uma família da alta classe média, Weber encontrou em sua casa uma atmosfera intelectualmente estimulante. Dedicou-se simultaneamente à economia, àhistória, à filosofia e ao direito. Com os seus trabalhos elaborou uma verdadeira teoria geral capaz de confrontar-se com a de Marx. Um dos principais trabalhos teóricos de Weber (a ética protestante e o espírito do capitalismo) busca compreender, entre outros fenômenos, as causas do surgimento do capitalismo. Ele então elaborou um estudo comparativo entre as várias sociedades do mundo ocidental (único lugar em que o capitalismo, como um tipo ideal, tinha surgido) e as outras civilizações, principalmente as do oriente, onde nada de semelhante ao capitalismo ocidental tinha aparecido. Depois de exaustivas análises nesse sentido, Weber foi conduzido à tese de que a explicação para o fato deveria ser encontrada na íntima vinculação do capitalismo com o protestantismo. Segundo o autor: "qualquer observação da estatística ocupacional de um país de composição religiosa mista traz à luz, com notável frequência, um fenômeno que já tem provocado repetidas discussões na imprensa e literatura católicas e em congressos católicos na Alemanha: o fato de os líderes do mundo dos negócios e proprietários do capital, assim como os níveis mais altos de mão de obra qualificada, principalmente o pessoal técnico e comercialmente especializado das modernas empresas, serem preponderantemente protestantes".
A partir dessa afirmação, Weber coloca uma série de hipóteses referentes a fatores que poderiam explicar o fato. Analisando detidamente esses fatores, Weber elimina-os, um a um, mediante exemplos históricos, e chega à conclusão final de que os protestantes, tanto como classe dirigente quanto como classe dirigida, seja como maioria, seja como minoria, sempre teriam demonstrado tendência específica para o racionalismo econômico. A razão desse fato deveria, portanto, ser buscada no caráter intrínseco e permanente de suas crenças religiosas e não apenas em suas temporárias situações externas na história e na política.
Uma vez indicado o papel que as crenças religiosas teriam exercido na gênese do espírito capitalista, Weber propõe-se investigar os elementos dessas crenças e procura definir o que entende por “espírito do capitalismo”. Este é entendido por Weber como constituído fudamentalmente por uma ética peculiar, que pode ser exemplificada muito nitidamente por trechos de discursos de Benjamin Franklin (1706-1790), um dos líderes da independência dos Estados Unidos. Franklin, representante típico da mentalidade dos colonos americanos e do espírito pequeno-burguês, afirma em seus discursos que: "ganhar dinheiro dentro da ordem econômica moderna é, enquanto isso for feito legalmente, o resultado e a expressão da virtude e da eficiência de uma vocação".
Segundo a interpretação dada por Weber a esse texto, Benjamin Franklin expressa um utilitarismo, porém com forte conteúdo ético, na medida em que o aumento de capital é considerado um fim em si mesmo e, sobretudo, um dever do indivíduo. O aspecto mais interessante desse utilitarismo residiria no fato de que a ética de obtenção de mais e mais dinheiro é combinada com o estrito afastamento de todo gozo espontâneo da vida.
A questão seguinte colocada por Weber diz respeito aos fatores que teriam levado a transformar-se em vocação uma atividade que, anteriormente ao advento do capitalismo, era, na melhor das hipóteses, apenas tolerada. O conceito de vocação como valorização do cumprimento do dever dentro das profissões seculares. Weber encontra esse conceito expresso nos escritos de Martinho Lutero (1483-1546). A partir disso, ele se tornou o dogma central de todos os ramos do protestantismo. Em Lutero, contudo, o conceito de vocação teria permanecido em sua forma tradicional, isto é, algo aceito como ordem divina à qual cada indivíduo deveria adaptar-se. Nesse caso, o resultado ético, segundo Weber, é inteiramente negativo, levando à submissão. O luteranismo, portanto, não poderia ter sido a razão explicativa do espírito do capitalismo.
Weber volta-se então para outras formas de protestantismo diversas do luteranismo, em especial para o calvinismo e outras seitas, cujo elemento básico era o profundo isolamento espiritual do indivíduo em relação a seu Deus, o que, na prática, significava a racionalização do mundo e a eliminação do pensamento mágico como meio de salvação. Segundo o calvinismo, somente uma vida guiada pela reflexão contínua poderia obter vitória sobre o estado natural, e foi essa racionalização que deu à fé reformada uma tendência ascética.
Com a intenção de relacionar as ideias religiosas fundamentais do protestantismo com as máximas da vida econômica capitalista, Weber analisa alguns pontos fundamentais da ética calvinista, com a afirmação de que “o trabalho constitui, antes de tudos, a própria finalidade da vida”. Outra ideia no mesmo sentido estaria contida na máxima dos puritanos, segundo a qual “ a vida profissional do homem é que lhe dá uma prova de seu estado de graça para sua consciência, que se expressa no zelo e no metódo, fazendo com que ele consiga cumprir sua vocação.”
Por meio desses exemplos, Weber mostra que o ascetismo secular do protestantismo: 
"libertava psicologicamente a aquisição de bens da ética tradicional, rompendo da ânsia de lucro, com o que não apenas a legalizou, como também a considerou como diretamente desejada por Deus".Em síntese, na tese de Weber, podemos dizer que a consideração do trabalho (entendido como vocação), como o mais alto instrumento de ascese e o mais seguro meio de preservação da redenção da fé e do homem, deve ter sido a mais poderosa alavanca da expressão dessa concepção de vida constituída pelo espírito do capitalismo. É necessário deixar bem claro que Weber em nenhum momento considera o espírito do capitalismo como pura consequência da Reforma protestante. O sentido principal da sua análise é antes uma proposta de investigar em que medida as influências religiosas participaram da moldagem qualitativa do espírito do capitalismo. Percorrendo o caminho inverso, Weber propõe-se também a compreender melhor o sentido do protestantismo, mediante o estudo dos aspectos fundamentais do sistema econômico capitalista. Tendo em vista a grande confusão existente no campo das influências entre as bases materiais, as formas de organização social e política e os conteúdos espirituais da Reforma, Weber salientou que essas influências só poderiam ser confirmadas por meio de exaustivas investigações dos pontos em que realmente teriam ocorrido correlações entre o movimento religioso e a ética vocacional. Com isso "se poderá avaliar" - diz o próprio Weber - "em que medida os fenômenos culturais contemporâneos se originam historicamente de motivos religiosos e em que medida podem ser relacionados com eles".
Weber usa a expressão "espírito do capitalismo" para definir um conceito histórico retirado da realidade histórica. Para ele essa é uma descrição provisória, mas que pode retratar o espírito de ambição de uma cultura maliciosa, ou uma filosofia da avareza. Segundo ele:
"parece ser o ideal de um homem honesto, de crédito reconhecido e, acima de tudo, a ideia do dever de um indivíduo com relação ao aumento do seu capital, que é tomado como um fim em si mesmo. Na verdade, o que aqui é pregado não é uma simples técnica de vida, mas sim uma ética peculiar, cuja infração não é tratada como uma tolice, mas como um esquecimento do dever."
Neste sentido, ele descreve que a honestidade é útil porque assegura o crédito; do mesmo modo também a pontualidade, a laboriosidade, a frugalidade, e esta é a razão pela qual são virtudes. Virtudes úteis ao indivíduo, mas que em alguns casos apenas uma falsa devoção.
O espírito do capitalismo convive com a inescrupulosidade de interesses egoístas para obtenção de dinheiro desde o início do desenvolvimento capitalista.
Segundo Weber: 
"A aquisição capitalista aventureira era natural em todos os tipos de sociedade econômica que conhecessem o comércio monetário, e que lhe oferecessem oportunidades, através de comendas, da administração de impostos, empréstimos estatais, financiamentos deguerras e de cortes ducais, e postos administrativos".
Assim como pela organização de uma forma de pagamento: 
"Um dos meios técnicos usados pelo empreendedor moderno a fim de assegurar a maior quantidade possível de trabalho por parte de 'seus' homens é o pagamento por tarefa“. 
Além da criação de contingentes de desempregados, segundo ele, "que possa medicamente ser contratada no mercado de trabalho, é uma necessidade para o desenvolvimento do capitalismo".
O capitalismo não tem como origem apenas a "satisfação de necessidades" e a aquisição de mercadorias necessárias à satisfação das necessidades pessoais. Os empreendedores capitalistas não foram os únicos nem os principais empreendedores, mas há muito já existia um espírito de racionalidade que direcionava o mundo para um "processo econômico".
Para Weber, o espírito do capitalismo moderno fez surgir os grandes financistas. Homens que "se educaram na dura escola da vida econômica, calculando, arriscando ao mesmo tempo, sóbrios e dignos de confiança, acima de tudo sagazes e completamente devotados a seus negócios, com opinião e princípios estritamente burgueses“. Hoje, na chamada sociedade da informação, quase todos os trabalhadores, inclusive professores e intelectuais, são obrigados a aderir a nova ética do capital. Hoje, a ética não está mais ligada a religião como na análise weberiana, mas, antes de tudo, à alienação descrita por Marx. Os trabalhadores não têm mais controle sobre o que produzem e sua obra é uma mercadoria que não revela a sua autoria. Já para Weber os trabalhadores modernos, sobretudo os homens de negócio, se renderiam à ideia de produtividade, de controle pelo cálculo e pelo ranking das vendas, mas podem destruir o pensamento livre, crítico e realmente produtivo, causando um verdadeiro desencanto do mundo.
Nasce, assim, o homem de negócios, seja na educação ou no sistema financeiro global. Segundo Weber, aquele que tende a ser indiferente ao sentimentalismo do mundo e possui o desejo de adquirir poder e consideração (status) na sociedade. O capitalismo necessita desta devoção ao dinheiro e produz a luta pela própria existência. Cria o intelectual produtivo que segue o ranking da produtividade acadêmica como um trabalhador de uma loja qualquer. Hoje, as ciências deixam de ser conhecimentos voltados apenas para o social, mas sobretudo voltadas para o grande capital. As ciências tornaram uma força produtiva. Hoje, o poder se concentra na informação. A subordinação do trabalhador intelectual à lógica do capital se faz com a mesma ferocidade que foi feita sobre o proletariado das fábricas do século XIX. Os trabalhadores da educação também são obrigados a aderir aos dogmas do capital e percebem a virtude da nova economia, do consumismo e da produção de conhecimentos, alguns supérfluos, mas aplicados para garantir a reprodução do próprio sistema e a criação de mais lucro.
Antes de discutir a sociedade, Weber discute que a educação é um instrumento de poder e em consequência de dominação. Na Bíblia o trabalho é imposto como pena eterna a Adão e Eva, que não mereceram o paraíso. Para Weber, o trabalho do intelectual, como outro qualquer, tornam-se um fim em si mesmo. Torna-se um instrumento ao serviço da dominação. Não é por acaso que a palavra latina que origina o trabalho é "tripalium" (três paus), um antigo instrumento de tortura. O latim "labor", que originou o inglês "labor", significa esforço penoso. Portanto vamos ao trabalho.
“Como é que uma atividade, que era, na melhor das hipóteses, eticamente tolerada, transformou-se em uma vocação?”
Segundo ele, graças a um certo tipo de racionalismo do qual se desenvolveu a ideia de uma vocação e a divisão do trabalho. Weber, interessado em conhecer a origem dessa ética que apresentamos, parte para a análise de dados estatísticos que mostraram a proeminência de adeptos da reforma protestante entre os grandes homens de negócios, empresários bem-sucedidos e mão de obra qualificada.
Ele descobre que os valores do protestantismo - como a disciplina ascética, a poupança, a austeridade, a vocação, o dever e a propensão ao trabalho - atuavam de maneira decisiva sobre os indivíduos. Por exemplo, no seio das famílias protestantes, os filhos eram criados para o ensino especializado e para o trabalho fabril, optando por atividades mais adequadas à obtenção do lucro, preferindo o cálculo e os estudos técnicos ao estudo humanístico. Ele mostra, também, a formação de uma nova mentalidade, um ethos (valor ético) propício ao capitalismo, em oposição ao "alheamento" e à atitude contemplativa do catolicismo da época, voltados para a oração, sacrifício e renúncia da vida prática.
A relação entre a religião e a sociedade não se dá apenas por meios institucionais, mas por intermédio de valores introjetados nos indivíduos e transformados em motivos da ação social. A motivação do protestante, segundo Weber, é o trabalho, enquanto dever e vocação, como um fim absoluto em si mesmo, e não o ganho material obtido por meio dele. Buscava sair-se bem na profissão, mostrando sua própria virtude e vocação e renunciando aos prazeres materiais, o protestante puritano se adequou facilmente ao mercado de trabalho, acumulou capital e o reinvestiu produtivamente. Os valores do protestantismo revelam a tendência ao racionalismo econômico que predomina no capitalismo.
O que seria então este capitalismo?
Para ele o capitalismo, na sua forma típica, seria uma organização econômica racional assentada no trabalho livre e orientada para um mercado real, não para mera especulação ou rapinagem. O capitalismo promove a separação entre empresa e residência, a utilização técnica de conhecimentos científicos e o surgimento do direito e da administração racionalizados. No livro "A ética protestante e o espírito do capitalismo", Weber demonstra que a ética e as ideias puritanas influenciaram o desenvolvimento do Capitalismo. Na Igreja Católica Romana, a devoção religiosa estava normalmente acompanhada da rejeição dos assuntos mundanos, incluindo a ocupação econômica. Por que isso não aconteceu com o Protestantismo? Para ele, "o espírito do capitalismo" favorece a procura racional de ganho econômico. Tal espírito não é limitado à cultura ocidental, mas indivíduos noutras culturas não tinham podido por si só estabelecer a nova ordem econômica do capitalismo.
Weber mostrou que certos tipos de Protestantismo (em especial o Calvinismo) favoreciam o comportamento econômico racional e que a vida terrena (em contraste com a vida "eterna") recebeu um significado espiritual e moral positivo. Esse resultado não era o fim daquelas ideias religiosas, mas antes um subproduto ou efeito. A lógica inerente destas novas doutrinas teológicas e as deduções que se lhe podem retirar, quer direta ou indiretamente, encorajam a abnegação ascética em prol do ganho econômico.
Weber afirmou que apesar das ideias religiosas Puritanas terem sofrido um grande impacto no desenvolvimento da ordem econômica na Europa e nos Estados Unidos, eles não foram o único fator responsável pelo desenvolvimento. Outros fatores relacionados são, por exemplo, o racionalismo na ciência, a observação com a matemática, a jurisprudência, a sistematização racional da administração pública e o empreendimento econômico.
O estudo da Ética protestante, de acordo com Weber, explorava meramente uma fase da emancipação da magia, o desencanto do mundo, uma característica que Weber considerava como uma peculiaridade que distingue a cultura ocidental.
Para fixar bem o que o autor propõe com a racionalidade do capitalismo, selecionamos a seguir um parágrafo que pode ilustrar este caso:
"Tudo é feito em termos de balanço: a previsão inicial no começo da empresa, ou antes, de qualquer decisão individual; o balanço final para verificação do lucro obtido. Por exemplo, a previsão inicial de uma transação por comenda (primeiras empresas de compra e venda surgidas na idade média) pode ser a constatação do valor monetário dos bens transacionados - enquanto esses não assumiam forma monetária- e o seu balanço final pode equivaler a uma distribuição no lucro ou das perdas ao término da operação. Na medida em que as operações são racionais, toda a ação individual das partes é baseada em cálculo." (Livro: A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, pág. 27)
Para Weber, o ocidente desenvolveu o capitalismo tanto em sua dimensão quantitativa, sem abrir mão daquele desenvolvimento, como em tipos, formas e direções que nunca existiram em parte alguma. Pelo mundo inteiro tem havido comerciantes, atacadistas e varejistas, locais e envolvidos em comércio exterior. Têm sido feitos empréstimos de todo tipo e tem havido bancos com as mais diversas funções, comparáveis, digamos, aos nossos do século XVI.
Empréstimos marítimos, comenda, transações e associações semelhantes à Kommanditgesellschaft (sociedade em comandita) têm sido muito disseminados, mesmo como negócio constante. Por onde existiram financiamentos monetários de corporações, apareceram os agiotas, como na Babilônia, na Grécia, na índia, na China, e em Roma. Financiaram guerras e piratarias, contratos e operações de construção de todo tipo. Na política de ultramar, funcionaram como empreendedores colonialistas, como plantadores escravistas ou com trabalho direta ou indiretamente forçado, arrendaram domínios, repartições e, sobretudo, impostos. Financiaram líderes partidários em eleições e condottieri (tipo de mercenário) convocados em guerras civis.
E, finalmente, têm sido especuladores das oportunidades de ganho monetário de todos os tipos. Esse tipo de empreendedor, o aventureiro capitalista, sempre existiu em toda parte. Suas atividades, à exceção do comércio e do crédito, assim como das transações bancárias, eram de caráter predominantemente irracional e especulativo, ou direcionado para a aquisição pela força, sobretudo a aquisição do botim, tanto na guerra como na exploração fiscal contínua das pessoas a eles sujeitas.
O capitalismo não pode se utilizar do trabalho daqueles que praticam a doutrina da liberum arbitrium (livre arbítrio) indisciplinado, e menos ainda pode usar os homens de negócios que pareçam absolutamente inescrupulosos ao lidar com outros. Por isso, a diferença não está no grau de desenvolvimento de qualquer impulso de ganhar dinheiro em quase todos os períodos históricos, sempre que foi possível a aquisição cruel de bens, desligada de qualquer norma ética. Como a guerra e a pirataria, o comércio tem sido, muitas vezes, irrestrito em suas relações com estrangeiros e com os externos ao grupo. A ética permitiu o que era proibido negociar. A aquisição capitalista aventureira tem sido familiar em todos os tipos de sociedade econômica que conheceram o comércio com o uso do dinheiro e que ofereciam oportunidades mediante comenda, exploração de impostos, empréstimos de Estado, financiamento de guerras, cortes ducais e cargos públicos.
A atitude interior do aventureiro, que zomba de qualquer limitação ética, tem sido universal. A ganância na aquisição de bens tem, muitas vezes, estato estritamente ligada a mais rígida conformidade com a tradição. E, com o colapso do tradicionalismo e a quase total extensão da livre empresa econômica, mesmo no interior do grupo social, a novidade não foi , no geral, eticamente justificada e encorajada, mas apenas tolerada como um fato. E tal fato é tratado como eticamente indiferente ou com repreensível, mas infelizmente inevitável. Isto não é apenas a atitude normal de todos os ensinamentos éticos, mas, o que é mais importante, expresso também na ação prática do homem médio dos tempos pré-capitalistas, no sentido de que a utilização racional do capital em empresas estáveis e a organização racional capitalista do trabalho não havia ainda se tornado as forças dominantes na determinação da atividade econômica.
Ora, foi justamente essa atitude que constituiu um dos mais fortes obstáculos internos encontrados por toda parte pela adaptação do homem às condições de uma economia burguesa capitalista ordenada. O mais importante oponente contra o qual o espírito do capitalismo, entendido como um padrão de vida definido e que clama por sanções éticas, teve de lutar, foi esse tipo de atitude e reação contra as novas situações, que poderemos designar como tradicionalismo. Também nesse caso, qualquer tentativa de definição final deve ser mantida em suspenso.
Aula 5: Ação social, teoria dos tipos ideais e a teoria weberiana moderna
“ O homem não teria alcançado o possível se, repetidas vezes, não tivesse tantado o impossível”. Max Weber
Como havíamos dito nas aulas anteriores, um dos pilares modernos das Ciências Sociais e da Sociologia é, sem dúvida, o trabalho de Max Weber. Um dos objetos dos seus estudos é a ação social, ou seja, a compreensão da conduta humana dotada de sentido. Weber acredita que os seres humanos produzem, como indivíduos, significados e especificidades nas suas ações e dão sentido às sociais. Weber busca, então, estabelecer a conexão entre o motivo das ações, a ação propriamente dita e seus efeitos na sociedade.
Weber em 1920, anos de sua morte, confessa em uma carta a Robert Liefmann:
"Se finalmente me tornei sociólogo (como indica o decreto de minha nomeação), o motivo principal é pôr fim a esses exercícios com base em conceitos coletivos cujo espectro está sempre rondando. Em outras palavras: a sociologia também só pode ter origem nas ações de um, de alguns, ou de numerosos indivíduos distintos. É por isso que ela é obrigada a adotar métodos estritamente individualistas".
Com essa "confissão“, Weber pretendia distanciar-se das visões marxistas e totalizantes da pesquisa social. Segundo ele, explicar um fenômeno social consiste em examinar as ações individuais que o compõem. Uma mudança institucional na sociedade, por exemplo, pode, em tese, modificar o campo de ação e de racionalidade dos indivíduos envolvidos nessa ação e, portanto, seus comportamentos em sociedade. A união desses comportamentos pode provocar um acontecimento mais amplo, podendo até envolver grande parcela da sociedade. Nesse sentido, alguns acontecimentos que produzem fenômenos sociais podem resultar de ações individuais. Esse princípio metodológico weberiano não implica, de modo algum, que as ações elementares dos indivíduos sejam capazes de explicar os fenômenos por si e que esses fenômenos sejam produto do "livre arbítrio" ou da vontade de apenas um indivíduo. A ação dos indivíduos, numa sala de aula, por exemplo, desenvolve-se sempre em relação a um sistema de coerções sociais, condicionada por relações mais amplas. Weber nos ensina que, para compreendermos ações desses indivíduos, é necessário dispor de informações sobre as suas socializações.
Se, em sala, nós observamos um aluno sendo deselegante com outro, para explicar esse ato deveríamos, em primeiro lugar, conhecer os princípios da educação e sociabilidade interiorizados na família do aluno deselegante para daí tentar compreender o princípio de um conflito em sala de aula. Porém, os dados sobre socialização de cada aluno serão insuficientes para a compreensão da ação. A concepção sociológica da ação em Weber nos ensina que os fenômenos sociais são sempre compostos de ações. Devemos buscar a compreensão e o papel dessas ações individuais que compõem, mas sem simplificações no estudo desses fenômenos que procuramos compreender. 
A simplificação é um erro comum quando tentamos estudar a sociedade e um risco que até o sociólogo mais experiente pode incorrer.
Weber, para fugir de simplificações, define quatro tipos puros de ação,  para melhor compreendê-la, e também distingue a ação da relação social. Para que se estabeleça uma relação social, é preciso que o seu sentido seja compartilhado. 
Em resumo, podemos afirmar que a <<Ação Social>> é aquela que possui sentido subjetivamente visado por aquele que age. Ela pode ser observada quando o comportamento do indivíduo está referido ao comportamento dos outros indivíduos na interação.
Os quatro tipos puros de Ação Social, definidos por Weber são:
O primeiro tipo, a ação racional relativa

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