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SOCIOANTROPOLOGIA UNEC NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA – NEAD Prof. Cláudio Soares Barros: claudiobarros0108@gmail.com Página 1 4.4 A Violência Urbana Orson Camargo 1 O processo de urbanização ocorreu de forma significativa primeiramente nos países do continente europeu, com o surgimento e desenvolvimento das indústrias durante o século XVIII. A partir de 1950, esse processo tomou proporções em escala global. As atividades industriais se expandiram por vários países, atraindo cada vez mais pessoas para as cidades. Porém, a urbanização sem um devido planejamento tem como consequência vários problemas de ordem ambiental e social. O incha- ço das cidades, provocado pelo acúmulo de pessoas, e a falta de uma infraestrutura adequada gera transtornos para a população ur- bana. Impactos significativos no ambiente ocor- rem em razão dos moldes de produção e con- sumo nos espaços urbanizados. Poluições, en- garrafamentos, violência, desemprego, etc., são aspectos comuns nas cidades. A poluição das águas é causada princi- palmente pelo lançamento de efluentes indús- trias e domésticos sem um devido tratamento. A poluição atmosférica é um grande problema de- 1 Colaborador do Site Brasil Escola / Graduado em Sociologia e Política pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo – FESPSP, Mestre em Sociologia pela Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP. Aula 39 SOCIOANTROPOLOGIA UNEC NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA – NEAD Prof. Cláudio Soares Barros: claudiobarros0108@gmail.com Página 2 tectado nas cidades, isso ocorre devido ao lançamento de gases tóxicos na atmosfe- ra. O intenso fluxo de automóveis e as indústrias são os principais responsáveis por esse tipo de poluição. Outros problemas ambientais decorrentes da urbanização são: impermeabilização do solo, poluição visual, poluição sonora, alterações climáti- cas, efeito de estufa, chuva ácida, ausência de saneamento ambiental, destinação e tratamento dos resíduos sólidos, entre outros. A falta de um planejamento urbano eficaz compromete a qualidade de vida da população urbana. O crescimento desordenado das cidades gera a ocupação de locais inadequados para moradia, como áreas de elevada declividade, fundos de vale, entre outras. As cidades industrializadas exercem grande fator atrativo para parte da popu- lação, isso desencadeia fluxos migratórios com destino para essas cidades. Entre- tanto, parte dessa população não possui qualificação profissional exigida pelo mer- cado de trabalho cada vez mais com- petitivo. Com isso, se intensificam ati- vidades como as desenvolvidas por vendedores ambulantes, coletores de materiais recicláveis, flanelinhas, além da população em situação de rua, pois algumas pessoas não conseguem ob- ter renda suficiente para financiar lo- cais adequados para a habitação. Políticas públicas devem ser de- senvolvidas para proporcionar qualidade de vida e, principalmente, dignidade para os cidadãos, além de reduzir as desigualdades sociais, evitando assim a degrada- ção do ser humano. 0 1 4 4.4.1 Violência no Brasil – uma análise / outro olhar A repressão controlada e a polícia têm um papel crucial no controle da crimi- nalidade SOCIOANTROPOLOGIA UNEC NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA – NEAD Prof. Cláudio Soares Barros: claudiobarros0108@gmail.com Página 3 A violência se manifesta por meio da tirania, da opressão e do abuso da força. Ocorre do constrangimento exercido sobre alguma pessoa para obrigá-la a fazer ou deixar de fazer um ato qualquer. Existem diversas formas de violência, tais como as guerras, conflitos étnico-religiosos e banditismo. A violência, em seus mais variados contornos, é um fenômeno histórico na constituição da sociedade brasileira. A escravidão (primeiro com os índios e depois, e especialmente, com a mão de obra africana), a coloni- zação mercantilista, o coronelismo, as oligarquias antes e depois da independência, somados a um Estado carac- terizado pelo autoritarismo burocrático, contribuíram enormemente para o aumento da violência que atravessa a história do Brasil. Diversos fatores colaboram para aumentar a vio- lência, tais como a urbanização acelerada, que traz um grande fluxo de pessoas para as áreas urbanas e assim contribui para um crescimento desordenado e desorgani- zado das cidades. Colaboram também para o aumento da violência as fortes aspirações de consumo, em parte frustradas pelas dificuldades de inserção no mercado de trabalho. Por outro lado, o poder público, especialmente no Brasil, tem se mostrado in- capaz de enfrentar essa calamidade social. Pior que tudo isso é constatar que a vio- lência existe com a conivência de grupos das polícias, representantes do Legislativo de todos os níveis e, inclusive, de autoridades do poder judiciário. A corrupção, uma das piores chagas brasileiras, está associada à violência, uma aumentando a outra, faces da mesma moeda. SOCIOANTROPOLOGIA UNEC NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA – NEAD Prof. Cláudio Soares Barros: claudiobarros0108@gmail.com Página 4 As causas da violência são associ- adas, em parte, a problemas sociais co- mo miséria, fome, desemprego. Mas nem todos os tipos de criminalidade deri- vam das condições econômicas. Além disso, um Estado ineficiente e sem pro- gramas de políticas públicas de seguran- ça, contribui para aumentar a sensação de injustiça e impunidade, que é, talvez, a principal causa da violência. A violência se apresenta nas mais diversas configurações e pode ser caracterizada como violência con- tra a mulher, a criança, o idoso, vio- lência sexual, política, violência psico- lógica, física, verbal, dentre outras. Em um Estado democrático, a repressão controlada e a polícia têm um papel crucial no controle da criminalidade. Porém, essa repressão controlada deve ser simultaneamente apoiada e vigiada pela sociedade civil. Conforme sustenta o antropólogo e ex-Secretário Nacional de Segurança Pú- blica , Luiz Eduardo Soares: "Temos de conceber, divulgar, defender e implantar uma política de segurança pública, sem prejuízo da preservação de nossos com- promissos históricos com a defesa de políticas econômico-sociais. Os dois não são contraditórios" . A solução para a questão da violência no Brasil envolve os mais diversos se- tores da sociedade, não só a segurança pública e um judiciário eficiente, mas tam- bém demanda com urgência, profundidade e extensão a melhoria do sistema edu- cacional, saúde, habitacional, oportunidades de emprego, dentre outros fatores. Re- quer principalmente uma grande mudança nas políticas públicas e uma participação maior da sociedade nas discussões e soluções desse problema de abrangência na- cional. SOCIOANTROPOLOGIA UNEC NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA – NEAD Prof. Cláudio Soares Barros: claudiobarros0108@gmail.com Página 5 4.4.2 Contingentes de Violência Urbana A grande aglomeração de pessoas nas cidades, quando essas não disponibi- lizam infraestrutura suficiente para a população, gera uma série de dificuldades de ordem ambiental e social. Diante desse contexto, podem-se enumerar os problemas gerados pelo pro- cesso de urbanização ocorrido principalmente em países subdesenvolvidos, dentre muitos estão: * Desemprego: provoca um grande crescimento no número de pessoas que atuam no mercado informal, além de promover o aumento da violên- cia, pois muitas pessoas, pela falta de oportunidades, optam pelo crime. • As favelasapresentam uma concentração de casebres e barracos em si- tuação precária, desprovidos, em sua maioria, de serviços públicos bási- cos, geralmente estão situadas em áreas de risco e abrigam grandes gru- pos criminosos, como o tráfico de drogas. • Cortiço: corresponde a moradias que abrigam um grande número de fa- mílias, quase sempre são cômodos alugados em antigas casas enormes situadas no centro, essas construções se encontram em condições dete- rioradas. Essa modalidade de moradia geralmente oferece péssimas con- dições sanitárias e de segurança aos seus moradores. • Loteamentos populares: ocorrem em áreas periféricas, a camada da população que habita esses lugares é de baixa renda, os lotes possuem preços acessíveis e longos prazos para o pagamento. O maior problema desse tipo de habitação é que quase sempre os loteamentos são clandes- tinos. As casas são construídas pelo próprio morador ou em forma de mu- tirão. • Enchentes: os centros urbanos possuem extensas áreas cobertas por concreto e asfalto, dificultando a infiltração da água da chuva no solo. As Aula 40 SOCIOANTROPOLOGIA UNEC NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA – NEAD Prof. Cláudio Soares Barros: claudiobarros0108@gmail.com Página 6 chuvas em grandes proporções ocasionam um acúmulo muito grande de água e as galerias pluviais não conseguem absorver toda enxurrada e es- sas invadem residências, prédios públicos, túneis e comprometem o trân- sito. Esses são alguns dos problemas vividos nas cidades brasileiras e que podem ser realidade também em outros países, pois todas as cidades possuem problemas, porém, os acima citados fazem parte de grandes aglomerações, e dificilmente serão solucionados. As autoridades não conseguem monitorar todos os problemas devido ao acelerado crescimento ocorrido no passado. Não é tão simples definir a palavra ‘violência’, segundo sociólogos e pesqui- sadores deste tema. As conotações deste conceito variam conforme suas fontes. Por exemplo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), este termo significa impor um grau intenso de dor e sofrimento que não se pode evitar. Para os militan- tes dos direitos humanos, a “violência” é entendida como a violação dos direitos ci- vis. Mas os estudiosos creem que seu significado é muito mais profundo. A violência tem várias faces. Na verdade, a violência urbana é apenas uma delas, entre guerras, miséria, discriminações, e tantas mais. O ângulo aqui abordado é um dos mais discutidos e controvertido de nossos tempos. Os atos transgresso- res ocorridos no âmago das grandes cidades, de caráter estritamente agres- sivo, frutos da vida em sociedade na esfera urbana, caracterizam, em parte, este fenômeno social que se convencio- nou chamar de violência urbana. FONTE: DATASENADO, 2008. SOCIOANTROPOLOGIA UNEC NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA – NEAD Prof. Cláudio Soares Barros: claudiobarros0108@gmail.com Página 7 Ela se expressa através dos níveis cada vez mais elevados de criminalidade, da sujeição frequente ao domínio dos instin- tos selvagens e bárbaros, do crime organi- zado, principalmente em torno do tráfico de drogas, dos atos despidos de qualquer civi- lidade – aqui se compreendem também a constituição de gangues, as pichações, a espoliação dos bens públicos, o caos do trânsito, os pontos abandonados da cidade, sem nenhuma preservação ou manutenção, entre outros. Infelizmente, a cultura de massa e um setor da mídia, irresponsável e sensa- cionalista, alimentam essas tendências explosivas das metrópoles, incentivando a violência por meio de filmes, músicas, novelas, um jornalismo policial preocupado apenas com uma audiência crescente, entre outros. A violência está enraizada no próprio processo histórico brasileiro, desde os primórdios da colonização. Milhares de índios foram exterminados, culturas dizima- das, outros aborígenes escravizados, ao lado dos negros trazidos da África. Esse contexto foi, ao longo do tempo, agravando-se ainda mais. Depois da libertação dos escravos, da importação de mão-de-obra de outros países, os imigrantes, o número de excluídos e marginalizados da nossa sociedade foi crescendo significativamente. À medida que as ci- dades passaram a inchar de forma caótica, desorde- nada, sem nenhum plane- jamento, absorvendo tam- bém os trabalhadores do campo, principalmente após a mecanização rural, sua população foi dividindo os territórios – um centro ocupado pela elite, alguns círculos habitados pela classe média, e uma periferia crescente que cada vez mais se ex- pande por todos os espaços desocupados que restam nas metrópoles urbanas. SOCIOANTROPOLOGIA UNEC NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA – NEAD Prof. Cláudio Soares Barros: claudiobarros0108@gmail.com Página 8 Tudo isso, somado a um sistema econômico que mais exclui do que inclui as pessoas, mecanismo cruel que, por um lado, explora os trabalhadores, aliena-os do produto de seu trabalho, e por outro estimula ao máximo o consumo, através dos canais disponibilizados pela mídia e pela cultura de massa. Assim, a maior parte dos jovens, excitados pelo apelo ao consumismo, sem perspectivas materiais e sociais, abandonados pelo Poder Público, que não investe o suficiente em políticas educaci- onais e culturais, vê abrir-se diante de seus olhos o universo do crime organizado, que eles acreditam lhes proporcionar tudo o que mais desejam. Este mundo, a prin- cípio fascinante, ocupa o vácuo deixado pelo Estado, mas depois trai cada um de seus seguidores, oferecendo-lhes nada mais que uma vida perdida, sem dignidade, mergulhada nos vícios e em uma violência sem freios, que acaba ceifando suas pró- prias existências. Assim, em sociedades nas quais as instituições revelam-se fracas e corrom- pidas, na qual a autoridade social encontra-se desacreditada, os valores morais atravessam uma fase de decadência e descrença, na qual até mesmo a família tem deixado de cumprir seu papel fundamental na esfera da educação e da concessão de limites, vemos a violência urbana ultrapassar inclusive as barreiras sociais, alici- ando adeptos em todas as classes sociais, em qualquer faixa étnica, independente até mesmo de sexo, idade ou religião. A própria vida perdeu seu sentido, daí presenciarmos linchamentos, justiça realizada pelas próprias mãos, crimes passionais, assassinatos resultantes de brigas no trânsito, em casas noturnas, shows, bares, entre pessoas aparentemente hones- tas e até aquele momento completamente obedientes às normas sociais e legais. Hoje, em nosso país, a violência se dissemina também pelas cidades do inte- rior, pois os grupos criminosos vão procurando novos territórios. Além disso, também essas pequenas cidades absorvem atualmente os problemas antes típicos das grandes metrópoles, principalmente a degradação moral. Torna-se urgente uma pro- funda reforma político-social, aliada a um resgate intenso dos valores esquecidos, perdidos pelo caminho. Esta ação depende do Estado, mas também de toda a soci- edade organizada. SOCIOANTROPOLOGIA UNEC NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA – NEAD Prof. Cláudio Soares Barros: claudiobarros0108@gmail.com Página 9 1) “[...] uma grande marca enaltece, acrescenta um maior sentido de propósito à ex- periência, seja o desafio de dar o melhor de si nos esportes e nos exercícios físi- cos ou a afirmação de que a xícara de café que você bebe realmente importa [...] Segundo o velho paradigma, tudo o que o marketing vendia era um produto. De acordo com o novo modelo, contudo, o produto sempre é secundário ao verdadei- ro produto, a marca, e a vendade uma marca adquire um componente adicional que só pode ser descrito como espiritual”. O efeito desse processo pode ser ob- servado na fala de um empresário da Internet comentando sua decisão de tatuar o logo da Nike em seu umbigo: “Acordo toda manhã, pulo para o chuveiro, olho para o símbolo e ele me sacode para o dia. É para me lembrar a cada dia como tenho de agir, isto é, ‘just do it’.” (KLEIN, Naomi. Sem logo: a tirania das marcas em um planeta vendido. Rio de Janeiro: Record, 2002, p. 45-76.) Com base no texto e nos conhecimentos sobre ideologia, é CORRETO afirmar: a) A atual tendência do capitalismo globalizado é produzir marcas que estimulam a conscientização em detrimento dos processos de alienação. b) O capitalismo globalizado, ao tornar o ser humano sem ideologia, aproximou-se dos ideais marxistas quanto ao ideal humano. c) Graças às marcas e à influência da mídia, em sua atuação educativa, as pes- soas tornaram-se menos sujeitas ao consumo. d) Por meio da ideologia associada à mundialização do capital, ampliou-se o feti- chismo das mercadorias, o qual se reflete na resposta social às marcas. SOCIOANTROPOLOGIA UNEC NÚCLEO DE ENSINO A DISTÂNCIA – NEAD Prof. Cláudio Soares Barros: claudiobarros0108@gmail.com Página 10 2) Quanto ao conceito de indústria cultural, é CORRETO afirmar que: I – A indústria cultural produz bens culturais como mercadorias. II – O objetivo da indústria cultural é estimular a capacidade crítica dos indivíduos. III – A indústria cultural cria a ilusão de felicidade no presente e elimina a dimen- são crítica. IV – A indústria cultural ocupa o espaço de lazer do trabalhador sem lhe dar tem- po para pensar sobre as condições de exploração em que vive. Assinale a alternativa CORRETA: a) II, III e IV estão corretas. b) I, II e III estão corretas. c) I, III e IV estão corretas. d) I, II e IV estão corretas.
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