Prévia do material em texto
O EXAME NEUROLÓGICO DISCIPLINA: ENFERMAGEM EM NEUROLOGIA E ORTOPEDIA Curso: Técnico em Enfermagem Profa: Esp. Cassiana R. Leindecker Especialidade complexa, Extensa, Pode durar horas, Se ocupa de detalhes, As informações parecem não se encaixar, “Observação de curiosidades”, Sinais não diretos e óbvios, Considera queixa e história do paciente, Não se realiza por completo em todas as pessoas, Sintomas se complementam com os sinais. HISTÓRIA DA SAÚDE História da doença atual Observar: Aparência geral Estado mental Postura Movimento Afeto ENQUANTO CONVERSA COM O PACIENTE SOBRE A DOENÇA ATUAL As respostas podem ser sim ou não; Fundamentar-se no prontuário; Informações com a família; Doenças neurológicas podem ser estável ou progressiva; História de trauma queda; Uso de álcool; Medicamentos; drogas ilícitas. Detalhes de: Início; Caráter; Gravidade; Localização; Duração; Frequência de sinais e sintomas; Queixas associadas; Presença em familiares (histórico familiar). O exame neurológico faz parte da anamnese e do exame físico geral do paciente; Durante a anamnese devem ser observadas as condições do meio ambiente do paciente, de seus comportamentos emocional, físico e cognitivo. Em algumas situações é necessária a presença de algum membro da família ou amigo, que possa responder as perguntas. A avaliação neurológica compreende 5 etapas: Função cerebral Nervos cranianos Sistema motor Sistema sensitivo Reflexos AVALIANDO A FUNÇÃO CEREBRAL ESTADO MENTAL: Observar aspecto e comportamento do indivíduo, Modo de se vestir, Higiene pessoal. A postura, Os gestos, Expressão facial, Atividade motora, Discurso (a fala é coerente?), O indivíduo está responsivo e alerta, ou sonolento e torporoso? FUNÇÃO INTELECTUAL: QI Contar os números; interpretação de provérbios/ditados; chegar raciocínio/resolução de um problema cotidiano simples; CONTEÚDO DO PENSAMENTO: Espontâneos; Naturais; Claros; Relevantes; Coerentes; Se há ideia fixa, ilusão ou preocupação; Alucinação. ESTADO EMOCIONAL: Afeto (normal ou irritadiço); Raivoso; Ansioso; Apático; Insensível; Eufórico; Oscilações (alegria e tristeza); PERCEPÇÃO: Identificar um objeto (o que é e função). CAPACIDADE MOTORA: Dar uma ordem para realizar alguma atividade que exija habilidade motora. CAPACIDADE DE LINGUAGEM: Ler, falar e explicar o significado. NERVOS CRANIANOS São doze, e podem ser avaliados de acordo com sua função: olfato, acuidade visual, sensação facial, mastigação, etc. SISTEMA MOTOR: Avaliar tônus e força muscular, coordenação e equilíbrio. REFLEXOS: Dependem da presença de receptores aferentes de estiramento. Os reflexos comuns que podem ser testados: Reflexo do bíceps Reflexo Braquioradial Reflexo do Tríceps Reflexo Patelar Reflexo do Tornozelo Resposta de Babinski SISTEMA SENSITIVO: Muito complexo, e exige a colaboração do paciente. A avaliação envolve testes de sensibilidade tátil, dor superficial, sensibilidade vibratória e propriocepção. Importante durante a avaliação que o indivíduo permaneça com os olhos fechados. AVALIAÇÃO DA CONSCIÊNCIA: Percepção do indivíduo consigo mesmo e com o meio ambiente em que vive. Significa que o mesmo responde às perguntas e/ou comandos de forma clara, objetiva e orientada. O nível de consciência expressa o grau de alerta e vigília comportamental do indivíduo. AVALIAÇÃO DO CONTEÚDO DA CONSCIÊNCIA: Necessária capacidade cognitiva, São realizadas as seguintes avaliações: Atenção e concentração Memória Estado afetivo Linguagem Raciocínio e orientação. ELEMENTOS BÁSICOS PARA A AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE CONSCIÊNCIA: Perceptividade: corresponde a respostas complexas, como gestos e palavras, ou mais simples, como à ameaça. Reatividade: relacionada com mecanismos presentes desde o nascimento, como visão, audição, reação de despertar, reação de orientação e reações focais e gerais à dor. Auditivos: inicialmente tom de voz normal, se não houver resposta elevar tonalidade. ALTERAÇÕES DO NÍVEL DE CONSCIÊNCIA: Rebaixamento do nível de consciência é o parâmetro mais sensível de insuficiência encefálica. Pode ter início com pequena confusão mental, com dificuldade de elaboração de frases e armazenamento de informações, podendo chegar à sonolência até o coma. ALTERAÇÕES MAIS COMUNS: Letargia ou sonolência: paciente acorda ao estímulo auditivo, está orientado no tempo, espaço e pessoa, responde lenta e vagarosamente ao estímulo verbal, à elaboração de processos mentais e à atividade motora. Cessado o estímulo verbal, retorna ao estado de sonolência. Estado confusional agudo ou delirium: sintomas de início agudo, de caráter flutuante e com intervalos de lucidez. Sintomas: inatenção aos estímulos, diminuição da capacidade de concentração, desorganização e incoerência do pensamento, desorientação em relação ao lugar e ao tempo, distúrbios de memória, rebaixamento do nível de consciência (sonolência), entre outros. Obnubilação: paciente muito sonolento. Pode responder a comandos simples. Estupor ou torpor: mais sonolento, não responsivo, necessitando de estimulação dolorosa para responder. Coma: estado em que o indivíduo não demonstra conhecimento de si próprio e do meio ambiente, com ausência do nível de alerta, ou seja, inconsciente, não interagindo com o meio e com os estímulos externos, permanecendo com os olhos fechados, como em um sono profundo. ESCALA DE GLASGOW CONSIDERAÇÕES: Quando a pontuação for inferior ou igual 8, faz-se necessário a avaliação dos demais parâmetros: Pupilas Motricidade ocular Padrão respiratório Padrão motor GRAVE MODERADA LEVE 3 A 8 9 A12 13 A 15 EXAME PUPILAR: Avaliar diâmetro, simetria, assimetria e reflexo fotomotor; Comparar uma pupila à outra; Diâmetro normal: em média 3,5mm; O diâmetro pode ser medido com uma régua ou por pupilômetro. EXAME DA MOVIMENTAÇÃO OCULAR EXTRÍNSECA: Realizado em pacientes em coma; Avaliados os movimentos dos nervos cranianos (oculomotor, troclear e abducente); Avaliação realizada em 5 etapas: Movimentos oculares espontâneos; Manobra dos olhos de boneca Manobra vestíbulo-ocular; Reflexo córneopalpebral; Pálpebras. DRENOS E CATÉTERES CEREBRAIS: Comum em pacientes neurológicos na UTI; Uso de cateteres em região cefálica ou lombar; Necessário EQUIPE DE ENFERMAGEM conhecer os diversos tipos de cateteres, sua função e indicação. ESPAÇO SUBGALEAL: Espaço virtual situado logo acima da tábua óssea externa do crânio e fáscia pericrânia, sendo um local freqüente de hematomas em TCE. Servem para evitar coleções de sangue ou serosanguinolentas neste espaço. ESPAÇO EPIDURAL: Espaço virtual entre a duramater e a tábua óssea interna do crânio, onde ocorrem os hematomas epidurais ou extradurais no TCE. leva à óbito, dada a gravidade dos hematomas epidurais. HEMATOMA EXTRADURAL ESPAÇO SUBDURAL: Espaço situado imediatamente abaixo da duramater, e abriga os chamados hematomas subdurais, que podem ser pós-traumáticos ou pós ruptura de malformações vasculares do SN ou espontâneos. O dreno é utilizado em PO de hematomas subdurais crônicos, com uso de cateteres maleáveis e delicados, conectados a sistemas de drenagem ventricular externa. Drenagem por ação da gravidade; Também não deve permitir a entrada de ar no sistema, condição conhecida como pneumoencéfalo, ocasionando aumento na PIC - cirurgia de urgência. SISTEMA VENTRÍCULAR: Estruturas cavitárias profundas do SN, revestidas por epitélio e plexo coróide (estrutura especializada em produzir LCR); O volume total de LCR no adulto é de cerca de 150ml, com produção contínua, sendo a cada 8h, aproximadamente, este total é renovado. DERIVAÇÕES VENTRÍCULARES EXTERNAS – DVE O sistema fechado de drenagem de LCRconsiste em uma cateterização cirúrgica do sistema ventricular, exteriorização do cateter pela pele e acoplamento do mesmo a um sistema coletor (bolsa de drenagem). INDICAÇÕES: Utilizado no controle do volume e da pressão liquórica, por intermédio da drenagem temporária externa de LCR. DVP – Derivação Ventricular Peritoneal: A Derivação Ventrículo Periférica são sistemas de drenagem do líquor para outras partes do organismo, que geralmente é direcionados à região peritoneal. É um sistema utilizado no tratamento de hidrocefalias, ou seja, do aumento do volume de líquido céfalo-raquiano. É um sistema de drenagem mecânico, baseado em túbulos e um regulador de fluxo. Sistema de derivação – material siliconado e de plástico de polipropileno INDICAÇÕES MAIS COMUNS: Hidrocefalia por meningite; Hidrocefalia por sangramento intraventricular (no AVC hemorrágico hipertensivo ou por ruptura de aneurisma cerebral. Em PO de neurocirurgia quando pode haver hidrocefalia pós-op; VANTAGENS: 1. Reproduzir melhor a pressão da caixa craniana; 2. Drenagem terapêutica do LCR; 3. Obtém registros contínuos da PIC; 4. Acesso para administração de medicamentos, instilação de ar ou controle da ventriculografia; 5. Drena o sangue do ventrículo. DESVANTAGENS: 1. Dificuldades na canulização do ventrículo; 2. Risco de infecção é máximo; 3. Hemorragia; 4. Obstrução dos sistemas por sangue ou tecidos cerebrais; 5. Risco de HIC iatrogência, pela conexão inadequada de um equipo de soro no sistema; POSSÍVEIS COMPLICAÇÕES APÓS COLOCAÇÃO DA DVP 1. Extrusão do cateter pela pele; 2. Fístulas liquóricas e Perfuração de vísceras; 3. Subdrenagem 4. Sobre drenagem: 4.1. Resultante do efeito-sifão, gerado pelas mudanças de posição do paciente, levando ao colapso ventricular e à formação de hematomas IC. 5. Ascite; 6. Peritonite causada por infecção; 7. Migração da ponta do cateter para o escroto causando hidrocele. MONITORIZAÇÃO DA PIC O volume craniano de um adulto é de, aproximadamente, 1900ml e é ocupado com 80% de cérebro, 10% de sangue e 10% de LCR. O volume dos componentes deve ser compensado se houver aumento de um dos componentes ou aparecimento de outro elemento “que ocupe espaço”,pois o crânio é uma caixa inextensível. CONSIDERAÇÕES BÁSICAS PARA A MONITORIZAÇÃO DA PIC: O procedimento deverá causar lesão ou irritação mínima às estruturas intracranianas; O risco de infecção deverá ser mínimo; Manter a conexão entre o sistema ventricular ou subaracnoideo e os sistemas transdutores sem nenhum vazamento de líquido; O equipamento deverá ser de fácil manuseio, confiável e de simples adaptação para o pessoal de enfermagem. INDICAÇÕES DE MONITORIZAÇÃO DA PIC: Pacientes sem abertura ocular, ausência de resposta verbal e postura motora inadequada (pacientes com Glasgow≤ 7); Pacientes com estudo tomográfico de lesão expansiva e com resposta motora de descerebração e/ou decorticação; Pacientes com lesões difusas, para seguimento de tratamento da HIC e alterações das medidas terapêuticas (swelling); Pacientes politraumatizados, com alteração do nível de consciência; Seguimento após procedimentos neurocirúrgicos para tratamento de lesões expansivas intracranianas. FLUXO SANGUÍNEO CEREBRAL: Cérebro: 750 ml de sangue/min => 15% do DC e 20% do consumo de O2 cerebral. FSC normal: 50-60 ml/100g/min. Se o FSC cai: diminui função neuronal e depois, há lesão cerebral irreversível. Se o FSC aumenta: edema cerebral e áreas de hemorragia. TEMPERATURA: 30-40% do O2 consumido pelo cérebro é para manter a integridade celular. Declínio de 10°C ↓ consumo de O2 em 50%. SEDAÇÃO: Depressão profunda da atividade cerebral. Diminui o consumo de O2. AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA A tomografia computadorizada é um exame semelhante ao raio X, para obter imagens de partes internas do corpo; Jejum de 6 horas; De acordo com a parte do corpo a ser examinada poderá ou não usar contraste iodado intravenoso; Entrevista antes para saber de alergias, doenças prévias, cirurgias, marcapasso, pinos pelo corpo, medicamentos que usa; Indolor e não invasivo; Pode ser necessário sedação. TOMOGRAFIA COM EMISSÃO DE PÓSITRONS O PET é um exame de imagem que avalia o metabolismo das estruturas analisadas. O exame é realizado após administração intravenosa de um material radioativo que se acumula na área do corpo a ser examinada. MEDE: FLUXO SANGUÍNEO ALTERAÇÕES METABÓLICAS (ALZHEIMER) LEZÕES METABOLISMO DO OXIGÊNIO (AVC) TUMORES (METÁSTASE) TOMOGRAFIA C. COM EMISSÃO DE FÓTON ÚNICO É uma técnica tomográfica de imagem médica da medicina nuclear que utiliza a radiação ionizante de raios gama. Captura um momento do fluxo sanguíneo cerebral; Detecção, localização e dimensionamento do AVC; RESSONÂNCIA MAGNÉTICA A ressonância magnética é uma técnica de imagem médica usada em radiologia para formar imagens da anatomia e dos processos fisiológicos do corpo, tanto na saúde como na doença; Usada para a pesquisa e análise de doenças neurológicas, ortopédicas, abdominais, cervicais e cardíacas. O teste pode diagnosticar, para ter ideia, esclerose múltipla, câncer, infartos, fraturas e até infecções, cartilagens e músculos; Detectam tendinites, hérnias de disco e lesões de ligamento. Além disso, os neurologistas o solicitam para esmiuçar melhor problemas como o Alzheimer, atrofias e lesões nos vasos sanguíneos cerebrais. ANGIOGRAFIA CEREBRAL Estudo radiográfico da circulação cerebral com contraste injetado em uma artéria; Pesquisa: doença vascular, aneurismas e malformações arteriovenosas; Geralmente realizada antes de uma craniotomia; MIELOGRAFIA Radiografia do espaço subaracnóide espinhal; Uso de contraste dentro do espaço subaracnóide, através de punção lombar; Busca alterações da medula espinhal ou saco dural causados por tumores, cistos, hérnias ou lesões; EXAMES NÃO IVASIVOS DO FLUXO CARATÍDEO Imageamento por ultra-som e medições por doppler do fluxo sanguíneo arterial; Avalia a circulação carotídea e orbital profunda; Indica a velocidade sanguínea; Velocidade aumentada – estenose ou obstrução parcial; ELETROENCEFALOGRAFIA EEG – representa as atividades elétricas geradas no cérebro; Diagnostica e avalia distúrbios convulsivos, coma ou síndrome cerebral orgânica; Tumores, abscessos cerebrais, coágulos sanguíneos e infecções alteram a atividades elétrica do cérebro; Determina a morte cerebral; EXAMES DO POTENCIAL EVOCADO Os Potenciais Evocados são um conjunto de testes neurofisiológicos do sistema nervoso que avalia funcionalmente os feixes/vias nervosas do Sistema Nervoso Central e Periférico; Fornecem informação acerca da condição das vias nervosas, especialmente as que percorrem o cérebro ou a espinal medula. Podem ainda indicar a presença de situações patológicas, possuindo um valor localizador das lesões nervosas; Potenciais Evocados Visuais (PEV) Potenciais Evocados Auditivos (PEA) Potenciais Evocados Somatossensitivos (PESS) ELETROMIOGRAFIA EMG – introdu-se eletrodos em agulhas nos músculos esqueléticos para medir as alterações no potencial elétrico dos múculos e nervos; Determina presença de disturbio neuromuscular e de miopatias, neuropatias, e outras. ESTUDO DA CONDUÇÃO NERVOSA Estimula-se um nervo periférico em vários pontos ao longo do seu percurso; Registra-se a ação muscular e sensorial resultante; Para avaliar neuropatias periféricas. Doenças do neurônio motor: dois membros superiores e dois membros inferiores. Radiculopatias cervicais: dois membros superiores. Radiculopatias lombossacrais: dois membros inferiores. Plexopatias cervicais: dois membros superiores. Plexopatias lombossacrais: dois membros inferiores. Mononeuropatias do membro superior e inferior: dois membros superiores e superiores. Polineuropatias: dois membros superiores e dois membros inferiores. Mononeuropatia múltipla: dois membros superiores e dois membros inferiores. Miopatias:um membro superior e um membro inferior. Doenças da transmissão neuromuscular: um membro superior, um membro inferior e estimulação nervosa repetitiva dos nervos facial, acessório e ulnar. PUNÇÃO LOMBAR E EXAME DO LCR Consiste na coleta do líquido cefalorraquidiano (líquor) na medula espinhal, através da utilização de uma agulha inserida no espaço subaracnóide; para exame citológico também para injeção de quimioterapia; para determinar presença ou ausência de sangue; Reduzir a pressão; Detectar bloqueios; Administrar antibióticos; Determinar infecções. COMPLICAÇÕES DA PUNÇÃO LOMBAR Cefaléia pós-punção lombar; Herniação do conteúdo intracraniano; Abscesso epidural espinhal; hematoma epidural espinhal; Miccionais temporários; Hipertermia; Lombalgia; Espasmos; Rigidez de nuca. Obrigada !!!