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DIVORCIO EM CARTORIO

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0 
 
UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ 
Anderson Luiz Pinheiro Colaço 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIVÓRCIO EM CARTÓRIO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Curitiba 
2012 
 
1 
 
Anderson Luiz Pinheiro Colaço 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIVÓRCIO EM CARTÓRIO 
 
 
Monografia apresentada ao Curso de Direito da 
Faculdade de Ciências Jurídicas da Universidade 
Tuiuti do Paraná (UTP), como requisito parcial 
para a obtenção do título de Bacharel em Direito. 
 
Orientador: Prof. Dr. Marcelo Nogueira Artigas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Curitiba 
2012 
 
2 
 
TERMO DE APROVAÇÃO 
Anderson Luiz Pinheiro Colaço 
 
 
 
DIVÓRCIO EM CARTÓRIO 
 
 
 
Esta monografia foi julgada e aprovada para a obtenção do título de Bacharel em Direito, do Curso de 
Direito, da Universidade Tuiuti do Paraná. 
 
 
 
Curitiba, 04 de Abril de 2012. 
 
 
 
________________________________________ 
Prof. Dr. Eduardo de Oliveira Leite 
Coordenador do Núcleo de Monografias 
Universidade Tuiuti do Paraná 
 
 
 
________________________________________ 
Orientador: Prof. Dr. Marcelo Nogueira Artigas 
Faculdade de Ciências Jurídicas 
Universidade Tuiuti do Paraná 
 
 
__________________________________ 
Prof. Dr. 
Membro da Banca Examinadora 
Universidade Tuiuti do Paraná 
 
 
__________________________________ 
Prof. Dr. 
Membro da Banca Examinadora 
Universidade Tuiuti do Paraná 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho aos meus pais. 
A meu irmão. 
Aos meus amigos. 
A minha namorada. 
4 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço ao meu orientador, Prof. Dr. Marcelo Nogueira Artigas. 
Aos meus professores que ao longo desta jornada deram seu máximo. Meu 
muito obrigado! 
Ao meu irmão que está se formando comigo neste mesmo semestre. 
Aos meus pais pela educação e ensino para trilhar o caminho do bem. 
Aos amigos que juntos torceram para que pudéssemos juntos chegar ao 
final nesta tarefa. 
A minha namorada, obrigado pela companhia e força. 
 
5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Jamais se arrependerá o homem de haver 
proporcionado para seu espírito os elementos 
de juízo que requerem o desenvolvimento 
pleno de suas aptidões e o exercício sem 
limites de sua inteligência.” 
 
Raumsol 
 
6 
 
RESUMO 
 
O objeto deste estudo contempla aprimorar conhecimentos e identificar elementos 
estruturais da entidade no contexto do Direito de Família, para identificar conceitos 
fundamentais, principais vantagens e problemas apresentados no divórcio realizado 
em Cartório. Discute a simplificação do divórcio com ou sem culpa, no sentido de 
perceber a obrigatoriedade da separação extrajudicial para quem possui requisitos 
determinados em lei; seus benefícios/prejuízos; documentos exigíveis; investigar 
como resolve a partilha de bens; gratuidade; caso uma parte sinta-se lesada, como 
resolver; advogados necessários para celebrar o ato e, finalmente, entender se a 
ação extrajudicial dispensa o requisito temporal. O método empregado contemplou 
uma revisão da literatura em obras, revistas online, artigos, Resoluções e outras 
obras padrão do Estado, como a Constituição do país (1916, 1934, 1969, 1988), o 
Código Civil (2002), Resoluções do Conselho Nacional de Justiça e da Corregedoria, 
bem como leis diversas. O estudo levou a concluir que a livre escolha do tabelião 
para a lavratura das Escrituras Públicas de separação, divórcio consensual e 
partilha, conforme explicita as orientações normativas da Corregedoria Geral de 
Justiça e do Conselho Nacional de Justiça tem amparo não apenas legislativo, mas 
na nacionalidade do sistema notarial brasileiro. Assim, devem ser desenvolvidas 
estratégias para concentrar dados e informar os atos notariais lavrados, prevenindo 
assim, a duplicidade de Escrituras e assim facilitar as buscas. O Direito de Família 
não se ocupa em satisfazer a vontade individual do cidadão, acima disso, protege as 
vontades racionais destes. 
 
Palavras-chave: Divórcio; Cartório de Registro Notarial; Lei n. 11441/07; Emenda 
Constitucional 66/10. 
 
7 
 
SUMÁRIO 
 
 
INTRODUÇÃO................................................................................................... 9 
1 EVOLUÇÃO DA UNIÃO ENTRE HOMEM/MULHER NO TEMPO E 
DIREITO........................................................................................................ 
 
13 
1.1 BREVE HISTÓRICO................................................................................... 13 
1.2 A FAMÍLIA E O CASAMENTO.................................................................... 19 
1.3 DESQUITE, SEPARAÇÃO JUDICIAL E DIVÓRCIO.................................. 22 
1.3.1 Separação judicial: não divorciados.......................................................... 27 
1.3.2 Divórcio judicial e divórcio extrajudicial..................................................... 29 
1.3.3 Divórcio judicial (consensual e litigioso).................................................... 30 
1.3.4 Divórcio extrajudicial................................................................................. 30 
1.4 LEI No. 11.441/2007: BREVES COMENTÁRIOS........................................ 31 
1.5 SIMPLIFICAÇÃO DO DIVÓRCIO............................................................... 32 
2 LEGITIMIDADE, PROCEDIMENTOS E DOCUMENTAÇÃO........................ 36 
2.1 LEGITIMIDADE E DOCUMENTAÇÃO......................................................... 36 
2.2 DIVÓRCIO COM OU SEM CULPA.............................................................. 37 
2.3 OBRIGAÇÃO DA SEPARAÇÃO PARA QUEM TEM OS REQUISITOS 
DE LEI....................................................................................................... 
 
40 
2.4 BENEFÍCIOS DO DIVÓRCIO...................................................................... 41 
2.5 PREJUÍZOS DO DIVÓRCIO........................................................................ 43 
3 CASAMENTO EFICAZ COMO PRESSUPOSTO PARA O DIVÓRCIO......... 45 
3.1PACTOS PRÉ-NUPCIAIS............................................................................. 46 
3.2 PARTILHA DE BENS................................................................................... 47 
3.3 GRATUIDADE NO TABELIONATO............................................................. 49 
 
8 
 
 
3.4 COMO AGIR SE UMA DAS PARTES SENTIR-SE LESADO...................... 51 
3.5 DESISTÊNCIA JUDICIAL PARA OPTAR PELO EXTRAJUDICIAL............. 51 
CONCLUSÃO.................................................................................................... 54 
REFERÊNCIAS.................................................................................................. 56 
 
9 
 
INTRODUÇÃO 
 
No Brasil, ao completar mais de 30 anos em que o divórcio foi estabelecido 
percebe-se que, principalmente, na última década, um grande número de 
separações que culminam em divórcio. Em 2007, segundo dados informados pelo 
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), esse número chegou a um 
patamar de 1,49/1000 habitantes, mostrando um crescimento de 200%, em relação 
a 1984, quando a taxa era de 0,46%/1000 habitantes. 
Dados de pesquisas estatísticas do Registro Civil revelam que em números 
absolutos os divórcios passaram de 30.847 (1984), para 179.342, em2007, em 
contrapartida, o número de casamentos realizados no Brasil, desde 2003, vem 
crescendo significativamente. 
De acordo com dados técnicos fornecidos pelo IBGE, as taxas de elevação 
do divórcio também revelam gradual mudança no comportamento social da 
população brasileira, que passa a aceitá-lo com maior naturalidade e tolerância, 
buscando mecanismos jurídicos para formalizar as dissoluções e encaminhamento 
para um novo relacionamento. 
No Brasil, em 2007 foram realizados 916.006 casamentos, sendo que o 
maior número se deve as iniciativas de formalização de uniões consensuais, 
considerando o entendimento do Código Civil (2002) e incentivo aos casamentos 
coletivos. Nesse mesmo ano houve 231.329 uniões desfeitas entre 
separações/divórcios, ou seja, 1/4 dos casamentos realizados. Em relação a 2006, 
houve um crescimento na ordem de 2,9% (IBGE, 2008). 
Em relação à natureza das separações, em 2007, um percentual de 75,9% 
foi separação consensual, conquanto que separações não consensuais foram na 
10 
 
ordem de 24,1% do total. As estatísticas do Registro Civil divulgadas desde 1974, 
reunindo dados de 2007, dos Cartórios, Varas de Família, Foros, Varas Cíveis e 
Tabelionatos de Notas de todo o país revelam hegemonia das mulheres na guarda 
dos filhos menores, com 89,1% nesse mesmo ano. Essa mesma pesquisa mostra 
que em 1999 a taxa de nupcialidade legal atingiu 6,7 casamentos por 1000 
habitantes, a maior taxa da série. 
Em 2010 foram realizados 977.620 casamentos, com um incremento de 
4,5% em 2009. Do total, apenas 19.367 foram entre cônjuges menores de 15 anos 
(2,0%). A maior parte deles envolveu cônjuges solteiros (81,7%). Os recasamentos 
(casamentos em que pelo menos um dos cônjuges era divorciado ou viúvo) 
totalizaram 18,3% das uniões, um crescimento em relação a 2000 (11,7%) – 
(JORNAL DO BRASIL, 2012). 
O surgimento da Lei nº. 11.441/2007 e a Emenda Constitucional nº. 66/2010 
permitiu que um maior número de divórcios ocorresse devido à celeridade do ato, 
facilidade, simplicidade e redução nos custos, mas, principalmente, pela facilidade 
em tornar uma situação fática em um direito. Assim, este estudo tem como objeto 
principal a análise minuciosa e pormenorizada da Lei e da Emenda, as quais trazem 
passos, regras e especificações de como realizar o instituto do divórcio consensual 
em Cartório. 
No presente trabalho, buscam-se conhecer mecanismos de simplificação do 
divórcio; o divórcio com ou sem culpa; a obrigatoriedade da separação extrajudicial 
para quem possui requisitos determinados em lei; quais benefícios/prejuízos do 
divórcio administrativo; procedimentos, documentos e exigências para realização; 
inventário; gratuidade; caso uma das partes sinta-se lesada; número de advogados 
necessários no trâmite; desistência de ação judicial para optar pela forma 
11 
 
administrativa; separados judicialmente e não divorciados; extinção do requisito 
temporal. 
O objetivo geral deste estudo contempla aprimorar conhecimentos e 
identificar elementos estruturais da entidade no contexto do Direito de Família, para 
identificar conceitos fundamentais, principais vantagens e problemas apresentados 
no divórcio realizado em Cartório. 
Busca-se, ainda, demonstrar a simplificação do divórcio e discutir o divórcio 
com/sem culpa; verificar a obrigatoriedade da separação extrajudicial para quem 
possui requisitos determinados em lei; analisar os benefícios e prejuízos do divórcio 
administrativo; expor procedimentos, documentos e exigências para realização; 
investigar como se resolve o inventário; como conseguir a gratuidade em cartório; 
caso uma parte sinta-se lesada, como resolver; número de advogados necessários 
para celebrar o ato; pesquisar a ação judicial e opção pela forma administrativa; 
pormenorizar a questão dos separados judicialmente, porém, não divorciados; 
analisar a extinção do requisito temporal. 
O trabalho encontra-se estruturado em três capítulos. 
O primeiro capítulo aborda a evolução histórica da união entre homem e 
mulher no tempo, sob o contexto do Direito, da família e do casamento. Trata do 
desquite, separação judicial e do divórcio, finalizando com a Lei n. 11441/2007. 
O capítulo dois trás ao conhecimento do leitor a legitimidade, procedimentos 
e documentação para o divórcio com ou sem culpa, a separação para os cosortes 
que apresentam os requisitos da lei, os benefícios versus prejuízos do divórcio. 
O capítulo três aborda a eficácia do casamento como pressuposto para o 
divórcio, o pacto pré-nupcial, a partilha de bens, gratuidade do ato notarial, prejuízo 
de uma das partes no divórcio extrajudicial, desistência da separação judicial para 
12 
 
optar pela via extrajudicial, finalizando com a extinção do requisito temporal para o 
divórcio. 
13 
 
1 EVOLUÇÃO DA UNIÃO ENTRE HOMEM/MULHER NO TEMPO E DIREITO 
 
Este capítulo tem como finalidade tratar da evolução histórica da união entre 
homem e mulher, no tempo e no Direito, abordar a família, seu funcionamento e 
importância para a sociedade, discorrer sobre o casamento, desquite, separação 
judicial e divórcio judicial/extrajudicial (consensual/litigioso). 
 
1.1 BREVE HISTÓRICO 
 
No Direito Romano a família era organizada sob o manto da autoridade, cujo 
princípio permitia que os pais exercessem direito de vida ou morte sobre os filhos, 
não podendo vendê-los, era permitido que castigassem com penas corporais e, se 
necessário fosse, tirar a vida destes. No modelo de união antigo a mulher era 
subordinada ao marido, podendo mesmo renegá-la (TEIXEIRA e RIBEIRO, 2008). 
A família era fonte econômica, religiosa, política e jurisdicional e o 
ascendente mais velho tinha participação simultânea na chefia política e sacerdotal 
no cargo de juiz, em âmbito familiar (CAHALI et al., 2008). 
Com o passar do tempo, durante uma fase mais avançada do Direito 
Romano surgem patrimônios individuais administrados por pessoas que estavam 
sob a autoridade do pai. No entanto, essa autoridade, gradativamente, foi sendo 
amenizada e os romanos passam a reconhecer a importância do casamento 
(TEIXEIRA e RIBEIRO, 2008). 
A partir do século IV, com o Império Constantino instala-se a concepção 
cristã de família no Direito Romano. Posteriormente, na Idade Média as famílias 
foram influenciadas exclusivamente pelo Direito Canônico. No contexto, a família 
14 
 
brasileira sofreu forte influência da família romana canônica e germânica (TEIXEIRA 
e RIBEIRO, 2008). 
 
O Código Canônico de 1983, atento à contratualidade do matrimônio, 
considera-o um sacramento produzido pelo consentimento de pessoas 
capazes perante o Direito. Este consentimento gera a aliança matrimonial 
que [...] faz nascer o vínculo, a comunidade de toda a vida. A aliança, pacto, 
acordo ou contrato é o casamento. Assim, é o teor do cânone 1055 § 1º. do 
Codex Canonici: a aliança matrimonial, pela qual o homem e a mulher 
constituem entre si uma comunhão da vida toda (consortium totius vitae), 
ordenada por sua índole natural ao bem dos cônjuges e à geração e 
educação da prole foi elevada, entre os batizados à dignidade de 
sacramento (SAAD, 2008, online). 
 
Nos diversos organismos sociais e jurídicos o conceito, compreensão e 
extensão de família se alteram com o passar do tempo. No transcurso do Século XX 
e Século XXI a sociedade modifica seu modo de ver o mundo, com um pensamento 
mais urbanizado, não necessariamente uma sociedade urbana. Porém, acendendo 
para a globalização através dos meios de comunicação. Agora pressupõe e define 
nova modalidade conceitual de família, porém, distante do antigo modelo de família. 
No curso das primeiras civilizações, como assírios, hindus, egípcios, gregos e 
romanos, o conceito de famíliafoi de uma entidade ampla e hierarquizada, retraindo-
se na atualidade, fundamentalmente, para um âmbito em que o número de filhos é 
reduzido (CAHALI et al., 2008). 
Assim, o casamento adquiriu uma forma de sacramento onde, o homem e a 
mulher se uniriam formando "uma só carne", estando Deus no centro como Ser 
Supremo e responsável pela união, cuja frase é conhecida mundialmente: “o que 
Deus uniu o homem jamais separa”. É importante ressaltar que a união entre 
homem e mulher – união de fato - goza de direitos, além de notoriedade social 
(TEIXEIRA e RIBEIRO, 2008). 
Partindo-se do conceito de indissolubilidade do matrimônio (casamento civil), 
15 
 
outras formas precárias de união anteriormente ao Código Civil (2002) não recebiam 
mesma conotação, sendo indissolúveis a qualquer instante (TEIXEIRA e RIBEIRO, 
2008). 
O Direito Bárbaro seguiu os passos do Direito Romano, suprimindo algumas 
lacunas, porém, no Direito Germânico o casamento atingiu seu máximo, deveria ser 
realizado na presença de um juiz, representando a comunidade, servindo como base 
para o casamento civil na atualidade (SAAD, 2008). 
O intervencionismo estatal conduziu homem e mulher à instituição do 
casamento em virtude dos filhos, dos bens formandos durante a união e respectivos 
direitos sobre estes, pela manutenção da prole e maior proteção às pessoas que 
estivessem ligadas por laços de família. Ressalta-se que a direção da sociedade 
conjugal no interesse da família é um dever daquele que administra o patrimônio 
comum (SILVA, 2010). Assim, o Estado criou uma espécie de convenção social para 
organizar vínculos interpessoais em torno da estrutura familiar e não em torno de 
grupos ou de indivíduos únicos (TEIXEIRA e RIBEIRO, 2008). A sociedade, em 
determinado momento histórico instituiu o casamento como regra de conduta, 
passando a união entre homem e mulher por várias fases até chegar no direito que 
gozam os cônjuges no tempo atual. O trabalho é resultado de longa evolução, 
imposta em face do fator social, tornando-se uma realidade a constituição da 
entidade familiar paralelamente a que é formada oficialmente (SAAD, 2008). 
A literatura jurídica, religiosa e outras entendem que a principal forma de 
agrupamento humano é a família, criada para organizar a sociedade, caracteriza-se 
como uma instituição jurídica constitucionalmente protegida, assegurada por direitos 
e deveres. É um modo de vida em sociedade, cujos integrantes desfrutam de 
vínculos afetivos, familiares, consanguíneos e patrimoniais, originária na sociedade 
16 
 
antiga, hoje, representa a célula mater de uma nação (TEIXEIRA e RIBEIRO, 2008). 
A família como instituição social é uma entidade que, além de protegida, 
antecede até mesmo à formação do próprio Estado, da religião e do Direito que hoje 
a regulamenta. Porém, resistiu todas as transformações que a humanidade sofreu 
ao longo do tempo, em termos consuetudinários, econômicos, sociais, científicos ou 
culturais, atravessando a história da civilização antiga e moderna, sobrevivendo 
incólume até o Século XXI. Desde tempos antigos existia na sua estrutura simples, 
voluntária e natural, seguido a função natural e primordial, de conservar e perpetuar 
a espécie humana, guardada sob os laços afetivos, no formato de uma entidade 
protegida (SAAD, 2008). 
A família não foi criada pelo homem, mas pela natureza. O legislador não 
criou a família, nem tampouco o jardineiro criou a estação da primavera, esses 
fenômenos são naturais e antecedem o regime de casamento, por isso, é um 
fenômeno legal e acontece naturalmente (TEIXEIRA e RIBEIRO, 2008). 
A Constituição da República Federativa do Brasil (1988) reconhece a família 
como uma entidade familiar e com união estável, de convivência pública, contínua e 
duradoura entre um homem e uma mulher, vivendo sob o mesmo teto sem vínculo 
matrimonial. Normalmente, embora a posteriori, a união estável tem como objetivo 
constituir família, desde que haja condições de converter-se em casamento, isto é, 
não havendo impedimento legal, como casado, por exemplo (GONÇALVES, 2007). 
No Brasil, a família não está mais relacionada apenas ao casamento 
celebrado em Cartório. Segundo a Constituição da República Federativa do Brasil 
(1988), art. 226 (§ 3º.), a família tem proteção especial do Estado: “para efeito de 
proteção do Estado é reconhecida a união estável entre homem e mulher como 
17 
 
entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento”1, ganhando, a 
união estável denominação de entidade familiar, não mais sociedade de fato 
(GONÇALVES, 2007). A união estável não deve ser confundida com união livre, 
tendo em vista que as partes não têm a intenção de montar família, assumindo uma 
relação aberta onde inexiste compromisso (SAAD, 2008). 
A Constituição da República Federativa do Brasil (1988) reconhece a família 
como entidade familiar, união de convivência pública, contínua e duradoura entre 
homem e mulher que vivem sob o manto do vínculo matrimonial em um mesmo teto. 
Normalmente, tem como objetivo central proteger a mulher, o marido e os filhos que 
daí resultarem, com proteção, amor e segurança entre todos, tendo os filhos, o 
marido e a mulher direitos e obrigações justapostas e legitimadas pela lei (SAAD, 
2008). 
Da mesma forma, ambos, a Constituição da República Federativa do Brasil 
(1988) e o Código Civil (2002) privilegiaram a dignidade da pessoa humana e 
realizaram sua manifestação no campo do Direito de Família, partindo de aspectos 
que relacionam a Constituição da República Federativa do Brasil (1988), art. 226, 
quando afirmam que a entidade familiar tem várias formas de constituição. Seja na 
modalidade de casados ou de união estável (TEIXEIRA e RIBEIRO, 2008). 
Ambos os Diplomas revolucionam o Direito de Família enquanto ciência e os 
direitos das partes que integram a família, a partir do momento que o art. 226, § 6º. 
 
1
 Os atributos da supremacia e da força normativa da Constituição tem como consequência 
direta a derrogação do caput e do § 2º. do art. 1.580 do Código Civil, na parte do prazo da separação 
judicial, nos casos de divórcio por conversão; e ao prazo de separação de fato, no divórcio direto. A 
partir daí é possível o divórcio por conversão, independentemente do prazo de separação legal, bem 
como o divórcio direto, independentemente do prazo de separação de fato. Entende-se [...] como 
derrogados o § 1.º do art. 1.572 e o caput do art. 1.574 quanto aos prazos de um ano de ruptura da 
vida em comum ou mais de um ano de casamento, para propositura da ação de separação judicial 
litigiosa ou consensual. Se foram suprimidos os requisitos de prazo, o divórcio extrajudicial pode ser 
decretado independentemente de comprovação de período anterior de separação, quer de fato ou de 
direito, e a separação extrajudicial também não se vincula a qualquer tipo de prazo (DELGADO, 
2011, online). 
18 
 
do Diploma maior afirma que ser uma entidade familiar plural, não mais singular, 
tendo várias formas de constituição". Esse mesmo artigo preconiza que: “o 
casamento pode ser dissolvido pelo divórcio consensual ou litigioso, na forma da lei” 
(CAHALI et al., 2008). 
O art. 277, § 6°. do mesmo Diploma altera o sistema de filiação e proíbe 
designações discriminatórias decorrentes da concepção ocorrida dentro ou fora do 
casamento. Os art. 5°., inciso I e art. 226, § 5°., consagram o princípio da igualdade 
entre homem e mulher derrogando muitos artigos do Código Civil (1916). O 
Diploma maior dedicou-se ao planejamento familiar e assistência direta à família 
(art. 226, § 7°. e 8°.) – (SAAD, 2008). 
Todas as manifestações sociais presentes na segunda metade do século 
XX, com a introduçãoda Constituição da República Federativa do Brasil (1988) e do 
Código Civil (2002) convocam os pais para assumirem uma paternidade 
responsável, bem como a viverem uma realidade familiar concreta, nos parâmetros 
ditados pela lei, isentando-os de eventuais culpas frente aos filhos, o Estado e a 
sociedade (TEIXEIRA e RIBEIRO, 2008). 
O Código Civil (2002) disciplina o direito pessoal e o direito patrimonial da 
família, frisando a igualdade dos cônjuges (art. 1511), determina paridade no 
exercício da sociedade conjugal e redunda o poder familiar, proíbe a interferência 
das pessoas jurídicas de direito público na comunhão de vida instituída pelo 
casamento (art. 1513), além de disciplinar o regime religioso e tudo o que derivar de 
seus efeitos (TEIXEIRA e RIBEIRO, 2008). 
Ambos os Diplomas frisam alterações em âmbito do Direito de Família do 
Direito brasileiro, partindo do ponto da proclamação da igualdade absoluta dos 
cônjuges e respectivos filhos (CAHALI et al., 2008). 
19 
 
1.2 A FAMÍLIA E O CASAMENTO 
 
No entendimento de Fachin (1999, p. 11): “é inegável que a família como 
realidade sociológica apresente, na sua evolução histórica, desde a família patriarcal 
romana até a família nuclear da sociedade industrial contemporânea e passa a ter 
íntima ligação com as transformações operadas nos fenômenos sociais”. 
O casamento, semelhante a outras instituições sociais, sofre variações 
segundo a cultura, tempo e povos (FARIAS e ROSENVALD, 2009). Washington de 
Barros Monteiro (2004) afirma que no Direito o casamento é amplamente debatido, 
estudado, revisado e discutido. Mas não para por ai, requer a atitude do legislador, 
para que formule enunciados que contribuam com a solução da família, de seus 
integrantes e dos litígios que dela derivem (SANT’ANNA, 2010). 
As definições dos juristas sobre o casamento, na sua grande maioria, se 
assemelham, reunindo requisitos de consentimento, diversidade sexual, sanção 
legal, finalidade de constituição familiar, disciplina nas relações sexuais, procriação, 
auxílio mútuo e educação da prole. 
Nesse mesmo sentido, Caio Mário da Silva Pereira (1977, p. 35) entende 
que o casamento é uma: “união de duas pessoas de sexos diferentes, realizando 
uma integração fisiopsíquica permanente”. Martha Solange Scherer Saad (2008) 
salienta que o casamento é representado pela família matrimonializada e legalizada 
em todos os aspectos, com direito e deveres. 
Álvaro Villaça Azevedo (2002, p. 272), ao comentar sobre o casamento, 
afirma ter conteúdo metajurídico e enfatiza que: “nada mais é do que um elo 
espiritual, que une os esposos, sob a égide da moralidade e do direito”. 
 
20 
 
A família conjugal implica na comunhão de corpos e de interesses, 
personalíssimos e pessoais, eventualmente patrimoniais, criando sociedade 
conjugal e vínculo jurídico matrimonial e, consequentemente, submetendo 
os cônjuges a um complexo de direitos e deveres legais e convencionais. A 
doutrina, sempre que empreendeu tentativas de conceituar casamento, 
deparou-se com a difícil tarefa de congregar, numa definição, os múltiplos 
aspectos que compõem este instituto jurídico. O casamento é, ao mesmo 
tempo, o liame que une dois seres física e afetivamente, a conjunção de 
corpo e espírito, uma instituição moral e religiosa, uma agregação 
socialmente organizada, o ato jurídico que lhe dá nascimento, o estado 
vincular e a sociedade conjugal por ele gerado (SAAD, 2008, online). 
 
Juridicamente, conceituar a sociedade matrimonial equivale definir o 
casamento, que está representado por atos conjuntos, espontâneos, incluindo a 
união estável, que receba qualificação de matrimônio (TEIXEIRA e RIBEIRO, 2008). 
É importante destacar duas importantes definições consideradas clássicas. 
A primeira é de Lafayette Pereira Rodrigues (1977, p. 29), ao proclamar que 
o casamento é um ato solene, no qual duas pessoas de sexos diferentes se unem 
sob o manto da promessa recíproca de fidelidade integral, no amor e em uma 
estreita comunhão de vida. 
A segunda é de Clóvis Beviláqua (1976, p. 22), quando define que: 
 
[...] o casamento é um contrato bilateral e solene, pelo qual um homem e 
uma mulher se unem indissoluvelmente, legalizando por ele suas relações 
sexuais, estabelecendo a mais estreita comunhão de vida e de interesses, 
comprometendo-se a criar e educar a prole, que de ambos há de nascer. 
 
No entendimento de Maria Helena Diniz (2007, p. 55): “os demais são 
secundários, não essenciais, como a procriação, a educação dos filhos e a 
satisfação sexual, aliados à atribuição de nome de um dos cônjuges ao outro e o de 
ambos aos filhos, bem como a legalização de um estado de fato”. 
Inúmeras definições não se limitam apenas em conceituar o casamento, 
mas refletem concepções originais e tendências filosóficas (FARIAS e 
ROSENVALD, 2009). Clóvis Beviláqua (1976, p. 22-23) conceitua a família como 
21 
 
sendo um: 
 
[...] casamento [...] um contrato bilateral e solene pelo qual um homem e 
uma mulher se unem indissoluvelmente, legitimando por ele suas relações 
sexuais; estabelecendo a mais estreita comunhão de vida e de interesses 
[comuns], comprometendo-se em criar e educar a prole que de ambos 
nascer. 
 
Caio Mário da Silva Pereira (1997, p. 36) diferencia o conceito institucional 
do conceito contratual de casamento: 
 
Para uns, o casamento é uma instituição social, no sentido que reflete uma 
situação jurídica, cujas regras e quadros se acham preestabelecidos pelo 
legislador, com vistas à organização social da união dos sexos. Dentro da 
sociedade, a família é um organismo de ordem natural com a finalidade de 
assegurar a perpetuidade da espécie humana, e bem assim o modo de 
existência conveniente às aspirações e a seus caracteres específicos. Em 
face disto, o casamento é o conjunto de normas imperativas cujo objetivo 
consiste em dar à família uma organização social moral correspondente às 
aspirações atuais e à natureza permanente do homem. 
 
A Constituição da República Federativa do Brasil (1988) ampliou as espécies 
de família, segundo Eduardo de Oliveira Leite (1999, p. 17): "há precedência e 
excelência desta forma legal de união em relação às demais entidades familiares". A 
leitura do mesmo Diploma, art. 226, § 3°. incentiva a conversão de uniões estáveis 
em casamento (FARIAS e ROSENVALD, 2009). Esse mesmo Diploma, art. 5°., 
caput, inciso I, prescreve que: 
 
Art. 5o.: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes 
no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à 
segurança e à propriedade, nos termos seguintes; 
I. Homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações nos termos 
desta Constituição. 
 
Nesse mesmo sentido, entende-se que frente à variedade de definições, 
naturalmente, há ampla diversidade na conceituação que, para Lafayette Rodrigues 
22 
 
Pereira é um: “ato solene” (apud TEIXEIRA e RIBEIRO, 2008). Porém, Sá Pereira 
(1997, p. 36) entende tratar-se de uma convenção social. Para Rodrigo da Cunha 
Pereira (2004, p. 122), o casamento é um "contrato”, não se assemelhando a união 
estável devido à informalidade enquanto instituto, válido posteriormente ao novo 
Código Civil (2002). 
 
1.3 DESQUITE, SEPARAÇÃO JUDICIAL E DIVÓRCIO 
 
Segundo Gagliano e Pamplona Filho (2012), o sistema canônico manteve e 
mantém a diretriz da indissolubilidade do matrimônio, com influência no Direito 
brasileiro, consagrando assim a figura da separação dos cônjuges com permanência 
do vínculo, o denominado “desquite”. 
No entanto, com a Proclamação da República, em 1889, o Direito Canônico, 
gradativamente, foi sendo retirado do Direito brasileiro e, consequentemente, das 
relaçõesfamiliares, especialmente, do matrimônio (TEIXEIRA e RIBEIRO, 2008). 
Nessa linha, afirma-se que o primeiro Código Civil (1916), concebido no século XIX, 
incorporou concepções do sistema religioso que até então eram predominantes 
(GAGLIANO e PAMPLONA, 2012)2. 
 
2
 Art. 315: A sociedade conjugal termina: I. Pela morte de um dos cônjuges. II. Pela nulidade 
ou anulação do casamento. III. Pelo desquite, amigável ou judicial. Parágrafo único. O casamento 
valido só se dissolve pela morte de um dos cônjuges, não se lhe aplicando a presunção estabelecida 
neste Código, art. 10, segunda parte. Art. 316: A ação de desquite será ordinária e somente 
competirá aos cônjuges. Parágrafo único. Se, porém, o cônjuge for incapaz de exercê-la, poderá ser 
representado por qualquer ascendente, ou irmão. Art. 317: A ação de desquite só se pode fundar em 
algum dos seguintes motivos: I. Adultério. II. Tentativa de morte. III. Sevicia ou injúria grave. IV. 
Abandono voluntário do lar conjugal, durante dois anos contínuos. Art. 318: Dar-se-á também o 
desquite por mútuo consentimento dos cônjuges, se forem casados por mais de dois anos, 
manifestado perante o juiz e devidamente homologado. Art. 319: O adultério deixará de ser motivo 
para o desquite: I - Se o autor houver concorrido para que o réu o cometa. II - Se o cônjuge inocente 
lhe houver perdoado. Parágrafo único. Presume-se perdoado o adultério quando o cônjuge inocente, 
conhecendo-o, coabitar com o culpado. Art. 320: No desquite judicial, sendo a mulher inocente e 
pobre, prestar-lhe-á o marido a pensão alimentícia, que o juiz fixar. Art. 321: O juiz fixará também a 
quota com que, para criação e educação dos filhos, deve concorrer o cônjuge culpado, ou ambos, se 
um e outro o forem. Art. 322: A sentença do desquite autoriza a separação dos cônjuges, e põe termo 
23 
 
De acordo com Valéria Maria Sant’Anna (2010), o aparecimento das 
expressões “desquite”, “separação judicial” e permissão para o divórcio nas 
legislações mais antigas praticamente não era observada, somente ocorreu 
mediante a intervenção direta ou indireta da Igreja Católica, pelo repúdio ao divórcio 
como ato jurídico que colocaria fim ao casamento, permitindo que os cônjuges 
contraíssem novas núpcias3. 
Até a Constituição da República Federativa do Brasil (1934), art. 144, o 
casamento era indissolúvel, ou seja, a legislação da época não aceitava o divórcio 
(TEIXEIRA e RIBEIRO, 2008). Assim, a lei empregou o vocábulo “desquite” para 
designar a dissolução da sociedade conjugal, conforme preconiza a redação 
seguinte: 
Art. 144 - A família, constituída pelo casamento indissolúvel, está sob a 
proteção especial do Estado. 
Parágrafo único - A lei civil determinará os casos de desquite e de anulação 
de casamento, havendo sempre recurso ex officio, com efeito suspensivo. 
 
Para Gagliano e Pamplona Filho (2012), nestas últimas quatro décadas do 
século XX houve forte resistência jurídica em relação ao fim do vínculo matrimonial, 
admitido somente no caso de morte ou reconhecimento de nulidade do matrimônio, 
especialmente, por força da Igreja Católica, que influenciou a disciplina normativa do 
casamento na sociedade ocidental, mas também a brasileira. 
 
ao regime matrimonial dos bens, como se o casamento fosse dissolvido (art. 267). Art. 323: Seja qual 
for a causa do desquite, e o modo como este se faça, é licito aos cônjuges restabelecer a todo o 
tempo a sociedade conjugal, nos termos em que fora constituída, contanto que o façam, por ato 
regular, no juízo competente. Parágrafo único. A reconciliação em nada prejudicará os direitos de 
terceiros, adquiridos antes e durante o desquite, seja qual for o regime dos bens. Art. 324: A mulher 
condenada na ação de desquite perde o direito a usar o nome do marido (art. 240). No entanto, todo 
o texto da Constituição da República Federativa do Brasil (1916) foi revogado pela Lei do Divórcio. 
(GAGLIANO e PAMPLONA FILHO, 2012, p. 38-39). 
3
 Desquite: separação legal dos cônjuges e de seus bens, porém, sem dissolução do vínculo 
matrimonial (desquite amigável): resulta do acordo entre os cônjuges, manifestado perante o juiz e 
devidamente homologado (desquite litigioso ou desquite judicial): decretado pelo juiz em sentença 
proferida em processo contencioso. 
24 
 
No Brasil, o casamento foi submetido às regras do Direito Natural, uma 
consequência de preceito divino. Tal ideia de indissolubilidade do casamento foi 
elevada a dogma, cuja concepção continua no Código Canônico (FARIAS e 
ROSENVALD, 2009). 
A sede constitucional que disciplina o divórcio é a Lei no. 6.515/77 e, em 
algum ponto, ainda nos dias atuais, é aplicável na sistematização normativa da 
matéria, muito especialmente, na ordem processual (TEIXEIRA e RIBEIRO, 2008). 
A Emenda Constitucional no. 9, de 1977 passou a utilizar a expressão: 
“poderá ser dissolvido, nos casos expressos em lei”, condicionando o divórcio à 
prévia separação judicial por mais de três anos. Desta forma, autorizou o divórcio 
mediante atendimento a requisitos prescritos em lei ordinária (Lei no. 6515/1977) - 
(TEIXEIRA e RIBEIRO, 2008). 
A Constituição da República Federativa do Brasil (1988), art. 226, § 6o. 
manteve o mesmo entendimento, alterando apenas o tempo de separação como 
pressuposto para se atingir ao divórcio4. Art. 226: a família, base da sociedade, tem 
especial proteção do Estado. [...] § 6º.: o casamento civil pode ser dissolvido pelo 
divórcio (Alterado pela Emenda no. 66, de 2010) – (CAHALI et al., 2008). 
A redação da Constituição da República Federativa do Brasil (1967-1969), 
introduzida em 1977, art. 175 comenta que: “§ 1º. - o casamento somente poderá ser 
dissolvido, nos casos expressos em lei, desde que haja prévia separação judicial por 
 
4
 A Lei nº. 6.515/76 trouxe significativas alterações para a matéria concernente à dissolução 
da sociedade conjugal, como, por exemplo, a utilização da separação como ponte para o divórcio, o 
abandono da verificação da culpa de um dos cônjuges como condição necessária para a concessão 
da separação. Com relação à nomenclatura, as expressões desquite litigioso e desquite por mútuo 
consentimento, deram lugar à separação litigiosa e separação consensual respectivamente. Após 
anos de batalha surge a Lei nº. 6.515/77 (Lei do Divórcio), provocando sensíveis mudanças nas 
relações maritais, concedendo àqueles casais que não mais guardavam o status de marido e mulher 
a possibilidade de dissolver o matrimônio e, com isso, começar uma nova vida (GARIN PORTO, 
2002, online). 
25 
 
mais de três anos". A evolução da separação judicial e do divórcio tem obedecido à 
seguinte ordem: 
 
a) Em 1977, a separação judicial era requisito necessário e prévio para o 
pedido de divórcio, que tinha de aguardar a consumação do prazo de três 
anos daquela; não havia, portanto, divórcio direto; 
b) Em 1988, a separação judicial deixou de ser requisito para o divórcio, 
passando a ser facultativa, tendo duas finalidades: 
1. Ser convertida em divórcio, após um ano da decisão da separação 
judicial (ou da separação de corpos), o que a tornava em requisito por 
decisão dos cônjuges; 
2. Permitir a reconciliação dos separados, antes do divórcio por conversão; 
o divórcio direto [...] dependia de requisito temporal (dois anos) da 
separação de fato (LOBO, 2011, online). 
 
O Código Civil (2002), art. 1576 coloca fim aos deveres de coabitação e 
fidelidade recíproca e ao regime de bens. No entanto, pessoas separadas não 
podiam casar-senovamente, pois o vínculo matrimonial ainda não havia se desfeito 
(GAGLIANO e PAMPLONA FILHO, 2012). 
O termo “divórcio”, originário do latim divortium, vem de divertere, significa 
separar ou dissolver, ou seja, a dissolução legal e definitiva do matrimônio, do 
casamento civil, assim definido em lei com seus respectivos regimes, sendo uma 
maneira de dissolução do casamento (FARIAS e ROSENVALD, 2009). 
O divórcio apresenta dois sentidos, um, do Direito Romano, outro, do Direito 
Canônico. Em sentido romano o divórcio é a dissolução do vínculo matrimonial, com 
consequente liberação do divorciado para contrair novo matrimônio. Em sentido 
canônico, o divórcio é a simples separação de corpos, subsistindo o vínculo 
matrimonial. Entretanto, nas uniões monogâmicas o divórcio era vulgar. No entanto, 
a realidade prática do divórcio não se compara ao que disciplina o Direito, com a 
exigência de certas formalidades e o comparecimento perante a autoridade judicial 
(SANT’ANNA, 2010). 
26 
 
Maria Helena Diniz (2006, p. 280) entende que: “o divórcio é a dissolução de 
um casamento válido, ou seja, a extinção do vínculo matrimonial, que se opera 
mediante sentença judicial, habilitando as pessoas a convolar novas núpcias”. 
De acordo com Paulo Luiz Netto Lobo (2011), o Projeto de Emenda 
Constitucional (PEC), “PEC do Divórcio" ou “PEC do Amor”, resulta de uma proposta 
elaborada por um grupo de juristas, patrocinada pela Diretoria Nacional do Instituto 
Brasileiro de Direito de Família (IBDFAM), que teve início em 2005, com Antônio 
Carlos Biscaia, conhecido como PEC no. 413/2005, reapresentado em 2007, por 
Sérgio Barradas Carneiro, também conhecido como PEC 33/2007. 
A redação proposta nesse mesmo documento tem o seguinte conteúdo: “§ 
6º.: o casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio consensual ou litigioso, na 
forma da lei" (LOBO, 2011). 
O novo documento dispõe que a separação judicial deixou de ser 
contemplada na Constituição da República Federativa do Brasil (1988) - (GIGLIANO 
e PAMPLONA FILHO, 2012). 
De acordo com Paulo Luiz Netto Lobo (2011, online): 
 
c) Em 2009, com a "PEC5 do Divórcio", a separação judicial deixou de ser 
contemplada na Constituição, inclusive, na modalidade de requisito 
voluntário para conversão ao divórcio; desapareceu, igualmente, o requisito 
temporal para o divórcio, que passou a ser exclusivamente direto, tanto por 
mútuo consentimento dos cônjuges, quanto litigioso. 
 
A partir da Constituição da República Federativa do Brasil (1988), 
consolidou-se o divórcio direto, aperfeiçoando a Lei no. 6.515/77, sem extinguir o 
divórcio indireto, decorrente da conversão da separação judicial (FARIAS e 
ROSENVALD, 2009). A partir desse momento que o divórcio direto passou a ser 
aceito no texto constitucional, com eficácia imediata, tendo como requisito único um 
 
5
 Projeto de Emenda Constitucional 
27 
 
decurso de lapso temporal “de mais de dois anos” para a separação de fato, 
vigorando até a nova Emenda do Divórcio, trazendo modificações geradoras de 
impacto (GAGLIANO E PAMPLONA FILHO, 2012). 
No entanto, com o advento da Emenda Constitucional no. 66/2010 passou a 
permitir que os cônjuges requeiram o divórcio a qualquer tempo, até mesmo um dia 
após o casamento, bastando apenas que expressem o ato volitivo para tanto 
(SANT’ANNA, 2010). 
 
1.3.1 Separação judicial: não divorciados 
 
A separação judicial é uma forma de extinção da sociedade conjugal, porém, 
sem dissolução do vínculo matrimonial (SANT’ANNA, 2010). Este, (o vínculo 
matrimonial), passa a ser requisito primeiro para o divórcio indireto, ou seja, o 
divórcio por conversão. 
A Lei no. 6515/77 estabelece que a separação judicial (antigo desquite), 
passa a ser requisito básico e indispensável, antecede ao pedido de divórcio, que 
antes da nova lei deveria aguardar um prazo de três anos (GAGLIANO e 
PAMPLONA FILHO, 2012). 
Para que ocorresse o divórcio deveria haver um decurso de tempo entre a 
separação dos consortes e a ocorrência do divórcio, tratava-se de uma estratégia da 
lei para possibilitar aos consortes unir-se novamente, uma vez que o divórcio direto 
colocaria fim ao casamento de uma só vez e, caso houvesse desejo de unirem-se, 
os consortes teriam que fazer novo matrimônio (GAGLIANO e PAMPLONA FILHO, 
2012). 
28 
 
Ocorre que o divórcio direto, o qual independe de separação judicial surgiu 
em um momento histórico no Brasil (1977), embora com previsão tímida. Tal feito se 
justificava na incorporação gradativa da cultura do povo brasileiro, aos requisitos 
exigidos para o divórcio até então, passando, a partir da Constituição da República 
Federativa do Brasil (1988) a amparar com maior segurança o divórcio direto6 
(SANT’ANNA, 2010). 
Convém ressaltar, segundo o entendimento de Francisco Vieira Lima Neto 
(2011), a separação judicial não foi extinta do ordenamento jurídico brasileiro, 
conforme segue os argumentos desse autor: 
 
A Separação Judicial não foi extirpada do ordenamento jurídico nacional, de 
modo que é juridicamente possível o pedido de casal que, não desejando se 
divorciar, quer apenas se separar para dividir formalmente seus bens e 
extinguir a sociedade conjugal, desobrigando-se de cumprir os deveres 
matrimoniais (fidelidade, assistência, coabitação). 
 
E continua o autor com os comentários, em um primeiro momento é possível 
afirmar que: 
O primeiro argumento em defesa dessa nova tese é normativo: surge da 
leitura comparada da redação anterior da Constituição e da atual (§ 6º do 
art. 226); ela nos permitirá concluir que o texto da Emenda 66 limitou-se a 
excluir do parágrafo a referência à Separação (judicial ou de fato) como 
requisito para se obter o Divórcio. Mas, isso não significa dizer que a 
Separação desapareceu do mundo jurídico. 
Em segundo, argumenta que a Emenda teve como finalidade facilitar o 
divórcio, extinguindo o requisito “tempo de separado” para que ocorra literalmente o 
divórcio, conforme segue: 
 
O segundo argumento é de ordem teleológica: qual a finalidade da 
Emenda? Como está claro nas exposições de motivos do projeto, o objetivo 
foi o de facilitar o divórcio. E o Congresso Nacional atingiu esse objetivo ao 
extinguir o único requisito que persistia para decretação do divórcio: o 
 
6
 A partir de 1988 consolidou-se o divórcio direto, aperfeiçoando a tíbia previsão da Lei n. 
6515/77, sem extinguir, porém, o divórcio indireto (decorrente da conversão da separação judicial) - 
(GAGLIANO e PAMPLONA FILHO, 2012, p. 40-41). 
29 
 
"tempo de separado". Assim, não há mais "tempo de separado" a ser 
cumprido: uma pessoa pode se casar hoje e se divorciar amanhã. O 
propósito da alteração constitucional não era acabar com a Separação 
Judicial, mas sim, com o período de tempo em que as pessoas deveriam 
permanecer separadas para que pudessem se divorciar. Vale dizer, a 
Separação (judicial, extrajudicial ou de fato) deixou de ser aquele "estágio 
probatório" que o casal deveria cumprir antes de requerer o divórcio. 
 
Finalmente, os argumentos expostos à redação da lei se harmonizam com a 
autonomia da vontade. No entanto, não extinguiu totalmente o direito do casal 
separa-se, conforme segue. 
 
O terceiro argumento tem a ver com a liberdade; como se sabe, o Direito 
Civil, ao contrário de outras áreas do Direito, procura ser o reino da 
liberdade, tanto é que um de seus princípios fundamentais é o da 
Autonomia da Vontade. Desse modo, as normas de Direito Civil devem ser 
interpretadas com o cuidado necessário para se restringir o mínimo possível 
os interesses privados. Por que concluir que um casal não poderia se 
separar consensualmentesem se divorciar? A que bem maior, a que 
interesse social essa interpretação restritiva atenderia? A nenhum. Como a 
Constituição não extinguiu expressamente o direito de se separar, e 
considerando que a manutenção desse direito no sistema não traz mal 
nenhum, ao contrário, atende a um interesse do casal (motivo religioso, 
econômico, esperança de voltar a conviver junto) a conclusão é a de que 
ainda é juridicamente possível a Ação de Separação, especialmente, mas 
não unicamente, quando for consensual. 
 
Para o divórcio não ha necessidade da separação judicial a partir da nova 
lei. Hoje o divórcio pode ser direito, sem separação judicial e sem lapso de tempo. 
 
1.3.2 Divórcio judicial e divórcio extrajudicial 
 
A partir da vigência da Emenda Constitucional n. 66/2010 passa a existir o 
divórcio extrajudicial, o divórcio consensual e o divórcio litigioso (FARIAS e 
ROSENVALD, 2009). 
 
 
 
30 
 
1.3.3 Divórcio judicial (consensual e litigioso) 
 
O divórcio judicial subdivide-se em divórcio judicial consensual e divórcio 
judicial litigioso. No primeiro caso, a qualquer tempo, pessoas que são casadas, mas 
que possuam filhos menores ou incapazes, que desejam divorciar-se podem fazê-lo 
sem aguardar o lapso temporal (TEIXEIRA e RIBEIRO, 2008). 
O ato percorre o que prevê os arts. 1120-1124 do Código de Processo Civil 
(Lei no. 6515/77), excluindo-se os arts. I e III – comprovação a separação de fato e 
produção de provas perante o juiz, a petição fixará o valor da pensão do cônjuge 
que dela necessitar indicando as garantias da obrigação assumida, apresentando a 
partilha dos bens para ser homologada, dissertando sobre a utilização do nome, da 
guarda e pensão dos filhos. Podem optar pelo divórcio judicial consensual os que 
estiverem aptos ao divórcio extrajudicial (GAGLIANO e PAMPLONA FILHO, 2012). 
No segundo caso, caso haja discórdia entre o casal, a Lei no. 6515/77, art. 
40, § 3o., seguindo o rito ordinário, onde as partes discutirão sobre o valor da pensão 
alimentícia, guarda de filhos, partilha de bens comuns, entre outros. Em relação aos 
bens, nos termos do art. 1581, do Código Civil (2002), pode optar pelo procedimento 
autônomo de partilha, após o divórcio (TEIXEIRA e RIBEIRO, 2008). 
 
1.3.4 Divórcio extrajudicial 
 
O divórcio extrajudicial, livre do pressuposto temporal, aos que de comum 
acordo e de maneira consciente decidirem sobre a partilha de bens, pensão, 
permanência ou não do nome do cônjuge, não possuírem filhos ou mesmo forem 
maiores ou capazes, poderão optar pelo divórcio extrajudicial, procedimento simples, 
31 
 
viável economicamente e célere. Trata-se de uma Escritura Pública, devendo as 
custas serem pagas aos cofres do Tabelionato Notarial (SANT’ANNA, 2010). 
 
1.4 LEI No. 11.441/2007: BREVES COMENTÁRIOS 
 
De acordo com Rui Rabello Pinho (2008), o Código de Processo Civil (2002), 
art. 1124-A, acrescido pela Lei no. 11.441/07 entregou aos Tabeliães a 
responsabilidade da dissolução matrimonial, dispondo a redação o seguinte texto: 
 
A separação consensual e o divórcio consensual, não havendo filhos 
menores ou incapazes do casal e observados os requisitos legais quanto 
aos prazos, poderão ser realizados por Escritura Pública, da qual constarão 
as disposições relativas à descrição e à partilha dos bens comuns e à 
pensão alimentícia e, ainda, ao acordo quanto à retomada pelo cônjuge de 
seu nome de solteiro ou à manutenção do nome adotado quando de seu 
casamento. 
 
Considerando a nova redação, Nalini (2008, p. 174) trata com o seguinte 
contexto de entendimento: 
 
A Lei nº. 11.441/2007, alterando e acrescendo artigos do Código de 
Processo Civil, criou a dissolução de matrimônio extrajudicial, por Escritura 
Pública, para inventário e partilha consensuais, separações e divórcios 
também consensuais, com escopo para descongestionar o judiciário, 
agilizar, simplificar e reduzir custos da forma jurídica. Não se trata [...] de 
movimento legal ilhado, mas situado em determinado contexto histórico e 
normativo, que indica tendência migratória do universo judicial ao 
extrajudicial. 
 
A Resolução 35, de 24 de abril de 2007, arts. 8o., 9 o., e 10 o., do Conselho 
Nacional de Justiça preconiza que na realização do ato notarial de divórcio um 
advogado deve estar presente, podendo representar ambas as partes, sendo 
vedado ao Tabelião indicá-lo, também ficara dispensada a procuração, devendo 
constar na Escritura Pública nome e OAB do Advogado. 
32 
 
 
Art. 8º.: É necessária a presença do advogado, dispensada a procuração, 
ou do defensor público, na lavratura das escrituras decorrentes da Lei no. 
11.441/07, nelas constando seu nome e registro na OAB. 
Art. 9º.: É vedada ao Tabelião a indicação de advogado às partes, que 
deverão comparecer para o ato notarial acompanhadas de profissional de 
sua confiança. Se as partes não dispuserem de condições econômicas para 
contratar advogado, o tabelião deverá recomendar-lhes a Defensoria 
Pública, onde houver, ou, na sua falta, a Seccional da Ordem dos 
Advogados do Brasil. 
 
Para Rui Rabello Pinho (2008), a migração do judicial para o extrajudicial 
proporciona celeridade para os procedimentos e desafoga o Poder Judiciário com 
questões que podem e devem ser resolvidas de forma extrajudicial, tornando o ato 
muito mais simples, fácil, rápido e barato, com um desgaste extraordinariamente 
menor para ambas as partes envolvidas no processo. 
 
1.5 SIMPLIFICAÇÃO DO DIVÓRCIO 
 
Historicamente, o pré-divórcio foi estabelecido pelo Código Civil (1916), 
conhecido como “desquite”, porém, não rompia o vínculo, dando fim apenas a 
sociedade conjugal. Nesta época somente se rompia o vínculo com a morte de um 
dos cônjuges, como estabelecia o referido Código Civil, art. 315, § único (TEIXEIRA 
e RIBEIRO, 2008). 
A ideia difundida pela Igreja Católica de que “o que Deus une o homem 
jamais separa”, influenciou na formulação do Direito de Família por longo período, 
passando um entendimento de que uma família indissolúvel seria formada somente 
pelo casamento, porém, com o desquite surge outra forma de união, o concubinato 
(GAGLIANO e PAMPLONA FILHO, 2012). 
Rui Rabello Pinho (2008) alude que o Direito Canônico contextualizou a 
indissolubilidade do vínculo matrimonial, em todas as Constituições Republicanas 
33 
 
(1934 / 1937 / 1946 / 1967)7, inclusive, na Emenda Constitucional (1969) e manteve 
o princípio da indissolubilidade do casamento. 
A respeito do assunto, a Emenda Constitucional nº. 9, de 28 de junho de 
1977 tinha a seguinte redação: “o casamento somente poderá ser dissolvido, nos 
casos expressos em lei, desde que haja prévia separação judicial por mais de três 
anos”. Nesse mesmo período, a Lei no. 6515/1977 disciplina a separação, o divórcio 
e seus respectivos procedimentos, trazendo orientação ao Direito de Família 
(TEIXEIRA e RIBEIRO, 2008). 
De acordo com a Constituição da República Federativa do Brasil (1988): “o 
casamento se dissolve pelo divórcio, independentemente de qualquer requisito ou 
condição preestabelecida na lei”. Neste sentido, a mesma Carta não estabeleceu 
requisitos temporais. Todavia, já tendo suprimido, não seria lícito que a lei ordinária 
estabelecesse (DELGADO, 2011). 
No entendimento de Mário Luiz Delgado (2011, online), a atual legislação 
brasileira, sobre o casamento, instrui o seguinte: 
 
[...] quem contrair matrimônio hoje e pretender romper a relação 
casamentária amanhã poderá fazê-lo livremente, elegendo uma entre as 
duas alternativas possíveis: 
 
7
 A CF/1891 limita-se em enfatizar que a República só reconhece o casamento civil, cuja 
celebração será gratuita (art. 72, § 4.º). A Constituição de 1934remete a questão para a lei ordinária 
(Art. 144: a família, constituída pelo casamento indissolúvel, está sob a proteção especial do Estado. 
Parágrafo único. A lei civil determinará os casos de desquite e de anulação de casamento, havendo 
sempre recurso ex officio, com efeito suspensivo). A Carta Polaca (1937) suprimiu a referência ao 
desquite e à anulação do casamento, limitando-se a reafirmar a indissolubilidade do vínculo. (Art. 
124. A família, constituída pelo casamento indissolúvel, está sob a proteção especial do Estado. Às 
famílias numerosas serão atribuídas compensações na proporção dos seus encargos). A Constituição 
de 1946 manteve a supressão e reafirmou a indissolubilidade (Art. 163: a família é constituída pelo 
casamento de vínculo indissolúvel e terá direito à proteção especial do Estado). A Constituição de 
1967/1969 também não mencionou o desquite. Apenas com a Emenda Constitucional nº. 9, de 1977, 
a separação judicial (antigo desquite) volta a ser mencionada na Constituição, agora como um 
requisito para o divórcio (Art. 175 [...] § 1.º O casamento somente poderá ser dissolvido, nos casos 
expressos em lei, desde que haja prévia separação judicial por mais de três anos). Tanto as 
Constituições de 1967/1969, como a de 1988 mencionaram a separação apenas quando quiseram 
restringir ou dificultar o divórcio, elegendo-a como requisito, como pressuposto, um condicionante 
prévio (DELGADO, 2011, online). 
34 
 
(i) Dissolução simultânea do vínculo matrimonial e da sociedade conjugal 
pelo divórcio; ou 
(ii) Dissolução apenas da sociedade conjugal pela separação legal. 
Em ambos os casos poderão os cônjuges, igualmente, escolher entre valer-
se ou não das vias judiciais, caso inexistam filhos menores ou incapazes e o 
rompimento seja consensual, poderá optar pela via extrajudicial. 
 
De acordo com Sant’Anna (2010, p. 12), a desburocratização do divórcio é 
um procedimento proposto pela Emenda 66, que na época do artigo já previa: 
 
[...] irá desburocratizar os procedimentos que atualmente retardam o 
divórcio. Hoje, um casal precisa requerer a separação judicial e ainda 
esperar um ano para obter o divórcio ou comprovar que já estão separados 
de fato pelo menos dois anos. Ao abolir o tempo de espera pela 
confirmação da separação, a emenda antecipa o divórcio, deixando os 
recém separados desimpedidos para novos casamentos. 
 
Com o advento da Lei no. 11.441/2007 e com a Emenda Constitucional no. 
66/20108, o divórcio pode ser requerido sem a necessidade de separação, portanto, 
não se pede mais a separação consensual e, a partir de 2007, o divórcio pode ser 
requerido pela via administrativa e realizado em Cartório, não sendo necessário 
propor ação judicial para a resolução da lide, bastando apenas dirigir-se a um 
Tabelionato de Notas, juntamente com um advogado e apresentar o pedido 
(DELGADO, 2011). 
Com a evolução da humanidade, o movimento de independência pessoal e 
financeira de homens e mulheres induziu que a igualdade se fizesse cada vez mais 
evidenciada e presente no matrimônio, os casais muitas vezes vêm-se em conflitos 
conjugais, trazendo, não raro, casos de desentendimentos que culminam em 
divórcio. Assim sendo, com o aumento no número de casos de divórcio, o legislador 
procurou facilitar a resolução de conflitos sem o interesse de terceiros, promulgando 
 
8
 Emenda Constitucional nº. 66, de 13 de julho de 2010 dá nova redação ao § 6º do art. 226 
da Constituição da Federal, que dispõe sobre a dissolubilidade do casamento civil pelo divórcio, 
suprimindo o requisito de prévia separação judicial por mais de 1 (um) ano ou de comprovada 
separação de fato por mais de 2 (dois) anos (SENADO FEDERAL, 2010). 
35 
 
uma legislação com o intuito de resolver de forma consensual e administrativa, 
promovendo agilidade ao Ato Notarial com menor custo e desgaste ao ex-casal 
(GAGLIANO e PAMPLONA FILHO, 2012). 
O divórcio permite que questões complementares ao processo principal 
sejam resolvidas, como pensão alimentícia, guarda de filhos menores, definição de 
visitas e partilha de bens. No entanto, alguns requisitos são necessários para que 
possa ser possível, como, por exemplo, que o casal não tenha filhos menores de 
idade ou incapazes e que a dissolução matrimonial se dê consensualmente 
(SANT’ANNA, 2010). 
 
36 
 
2 LEGITIMIDADE, PROCEDIMENTOS E DOCUMENTAÇÃO 
 
Este capítulo tem como finalidade abordar a legitimidade e a documentação 
do divórcio, seja com ou sem culpa, discorrer sobre as obrigações da separação 
para quem apresenta os requisitos de lei, abordar os benefícios e/ou os prejuízos 
oriundos do divórcio. 
 
2.1 LEGITIMIDADE E DOCUMENTAÇÃO 
 
O Código Civil (2002), art. 1582 instrui que o pedido de divórcio compete 
somente aos cônjuges. Porém, se uma das partes for incapaz, como, por exemplo, 
portador de doença mental, para propor ação ou defender-se, poderá fazê-lo por 
intermédio de seu curador, ascendente ou o irmão. Assim, é possível afirmar que a 
ação de separação judicial e a ação de divórcio são personalíssimas, seu pedido 
cabe somente aos cônjuges, no caso de dúvida cabe ao Ministério Público 
representar a parte mais vulnerável (GAGLIANO e PAMPLONA FILHO, 2012). 
A partir da promulgação da Emenda Constitucional, que consagra o divórcio 
como um simples direito potestativo não condicionado e sem causa específica, 
dispensam-se outros documentos, senão unicamente a certidão de casamento. No 
entanto, caso os consortes desejem realizar a partilha imediatamente faz-se 
necessário documentos comprobatórios da titularidade dos bens integrantes do 
patrimônio comum (CAHALI et al., 2008). 
 
 
 
37 
 
2.2 DIVÓRCIO COM OU SEM CULPA 
 
De acordo com Valéria Maria Sant’Anna, o divórcio sem culpa foi 
contemplado na Constituição da República Federativa do Brasil (1988), art. 226, § 
6o., ainda que dependente de requisito temporal, conforme segue a redação: “o 
casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio, após prévia separação judicial por 
mais de um ano nos casos expressos em lei, ou comprovada a separação de fato 
por mais de dois anos" (SANT’ANNA, 2010, p. 22). 
As distorções na conceituação de culpa levam a ideias falhas sobre sua 
existência nas relações de família, cujos desvios acarretam em enganosa defesa da 
eliminação da culpa nos rompimentos do casamento e durante a comunhão de vida 
de um casal. Nesse caso, muitos consideram indesejável a intervenção do Estado 
na apuração do distorcido conceito de culpa (TEIXEIRA e RIBEIRO, 2008). 
No Direito, a culpa vem a ser o descumprimento consciente do dever conjugal 
e não pode deixar de ser aplicado no rompimento de uma relação conjugal desfeita 
pelo motivo culpa. Esse sentimento propicia limites a aceitação da ética e das regras 
morais impostas pela cultura de cada povo, limitando os impulsos instintivos. Assim, 
tem importante significado nos relacionamentos interpessoais, nos comportamentos 
e nas atitudes sociais (SANT’ANNA, 2010). 
A reparação de um dano é considerada elemento essencial na integração da 
pessoa, que age em duplo sentido, para controlar o sentimento destrutivo e restaurar 
o dano feito. Por meio da reparação experimenta-se a dor que causou o dano e são 
adotadas as medidas apropriadas para aliviá-lo, seja no âmbito da fantasia ou na 
realidade (TEIXEIRA e RIBEIRO, 2008). 
38 
 
A culpa, na responsabilidade civil, é demonstrada pela inexecução consciente 
de algo, ou de uma norma de conduta, ficando demonstrada pela vontade de causar 
um dano (dolo ou culpa delitual), ou de sua atuação negligente, imprudente ou 
imperita. Assim, avaliar a imputabilidade da culpa do agente no descumprimento do 
dever que podia conhecer e observara vontade do infrator sobre a prática do ato 
ilícito é fundamental (SANT’ANNA, 2010). 
Diante dos conceitos apresentados, sem desvios e com o apoio da doutrina 
verifica-se a impossibilidade de eliminar a culpa nas relações de família. No entanto, 
se a vida era a dois, ambos são responsáveis pela manutenção e fim do 
relacionamento (TEIXEIRA e RIBEIRO, 2008). Quando ambos, marido e mulher, 
violam os deveres conjugais a culpa é recíproca. No descumprimento dos deveres 
conjugais vigora o princípio da inadmissibilidade da compensação de culpas, de 
modo que o descumprimento dos deveres conjugais, por um dos cônjuges, não 
compensa a culpa do seu consorte no inadimplemento de outro dever matrimonial 
(SILVA, 2011). 
Os deveres dos cônjuges são marcados pela reciprocidade (SANT’ANNA, 
2010). O Código Civil (2002), art. 1566 enumera os deveres pessoais de ambos os 
cônjuges, sendo: o de fidelidade recíproca, vida em comum no domicílio conjugal, 
mútua assistência, sustento, guarda e educação dos filhos, respeito e consideração 
mútua. O dever conjugal fundamenta-se nos direitos de personalidade, incluindo a 
vida, integridade física e psíquica, a honra, a liberdade e o segredo entre ambos, 
incluindo outros direitos de mesma natureza (SILVA, 2011). 
Sant’Anna (2010, p. 22) é favorável ao divórcio sem culpa e posiciona-se com 
o seguinte ponto de vista: 
 
39 
 
O divórcio sem culpa já tinha sido contemplado na redação originária do § 
6o., art. 226, ainda que dependente do requisito temporal. A nova redação 
vai além, quando exclui a conversão da separação judicial, deixando para 
trás a judicialização das histórias pungentes dos desencontros sentimentais. 
 
Na atualidade, o Direito brasileiro tem procurado demonstrar que a culpa na 
separação conjugal gradativamente tem perdido as consequências jurídicas que 
anteriormente negavam a guarda dos filhos ao culpado pela separação, a partilha 
dos bens independente da culpa de qualquer um dos cônjuges, os alimentos hoje 
não são mais calculados em razão da culpa de seus pais e mesmo o cônjuge 
culpado tem direito a alimentos indispensáveis à sobrevivência e a dissolução da 
união estável independe da culpa do companheiro (TEIXEIRA e RIBEIRO, 2008). 
A culpa, hoje, somente é admissível para anulabilidade, presente nos vícios 
de vontade aplicáveis ao casamento, a saber: coação e erro essencial sobre a 
pessoa do outro cônjuge (TEIXEIRA e RIBEIRO, 2008). De acordo com Sant’Anna 
(2010, p. 25), o casamento em que um dos cônjuges for declarado culpado o art. 
1578, do Código Civil (2002), declara que: 
 
Art. 1.578. O cônjuge declarado culpado na ação de separação judicial 
perde o direito de usar o sobrenome do outro, desde que expressamente 
requerido pelo cônjuge inocente e se a alteração não acarretar: 
I - evidente prejuízo para a sua identificação; 
II - manifesta distinção entre o seu nome de família e o dos filhos havidos da 
união dissolvida; 
III - dano grave reconhecido na decisão judicial. 
§ 1o. O cônjuge inocente na ação de separação judicial poderá renunciar, a 
qualquer momento, ao direito de usar o sobrenome do outro. 
 
No divórcio sem culpa, sob a alegação da Constituição da República 
Federativa do Brasil (1988), art. 226, § 6o., ao excluir o termo “separação judicial” e 
normatizar que o casamento pode ser dissolvido pelo divórcio, há o entendimento de 
que não mais se faz necessária a comprovação de culpa do outro cônjuge para se 
efetivar o requerimento unilateral do divórcio. Assim, terminam os ataques dos 
40 
 
casados ou conviventes que levavam aos tribunais histórias íntimas e pungentes, de 
forma que a instituição do divórcio sem culpa finaliza a problemática entre os 
cônjuges. A Constituição suprimiu o instituto da separação, porém, alguns autores 
entendem que a culpabilidade não deve ser eliminada (SANT’ANNA, 2010). 
Para Ana C. B. Teixeira e Gustavo Pereira L. Ribeiro (2008), a sentença de 
decretação judicial fundada na culpa de um ou ambos os cônjuges é constitutiva. A 
sentença produz efeitos a partir do seu trânsito em julgado ou da decisão que 
concedeu separação cautelar, nos termos do art. 8o., da Lei do Divórcio, cuja 
sentença não tem eficácia retroativa, nem mesmo em relação a pensão alimentícia 
não paga (SANT’ANNA, 2010). Assim, se um dos cônjuges devia alimentos 
provisionais à mulher, porém, foi vencedor na ação, ainda assim, terá que quitar as 
prestações vencidas até o trânsito em julgado da sentença. 
 
2.3 OBRIGAÇÃO DA SEPARAÇÃO PARA QUEM TEM OS REQUISITOS DE LEI 
 
Os elementos que mais influenciam os cônjuges no momento de efetivar o 
divórcio são fatores como: rapidez, menor onerosidade e desburocratização na via 
administrativa e; segredo de justiça, reduzida possibilidade de fraude e maior 
confiança no Estado-juiz na via judicial (SANT’ANNA, 2010). 
A Lei no. 5.869, de 1973, do Código de Processo Civil, passa a vigorar 
acrescida do art. 1.124-A, da Lei nº. 11.441, de 4 de janeiro de 2007 (SANT’ANNA, 
2010, p. 44): 
 
Art. 1.124-A [...] não havendo filhos menores ou incapazes do casal e 
observados os requisitos legais quanto aos prazos, poderão ser realizados 
por escritura pública, da qual constarão as disposições relativas à descrição 
e à partilha dos bens comuns e à pensão alimentícia e, ainda, ao acordo 
quanto à retomada pelo cônjuge de seu nome de solteiro ou à manutenção 
41 
 
do nome adotado quando se deu o casamento. (Incluído pela Lei nº. 11.441, 
de 2007). 
§ 1o A escritura não depende de homologação judicial e constitui título hábil 
para o registro civil e o registro de imóveis. (Incluído pela Lei nº. 11.441, de 
2007). 
§ 2o O tabelião somente lavrará a escritura se os contratantes estiverem 
assistidos por advogado comum ou advogados de cada um deles, cuja 
qualificação e assinatura constarão do ato notarial. (Incluído pela Lei nº. 
11.441, de 2007). 
§ 3o A escritura e demais atos notariais serão gratuitos àqueles que se 
declararem pobres sob as penas da lei. (Incluído pela Lei nº. 11.441, de 
2007). 
 
Como se percebe, atualmente, a Escritura Pública independe de 
homologação judicial e, por sua vez, constitui um documento hábil, tanto no âmbito 
do Registro Civil como para o Registro de Imóveis, conforme preconiza o § 1o. da Lei 
no. 11.441/2007. 
 
2.4 BENEFÍCIOS DO DIVÓRCIO 
 
O incremento do divórcio é um fenômeno observado há algum tempo, tanto 
no Brasil como no mundo, surgindo famílias recombinadas, uma, duas, três ou 
quantas vezes se necessário for ao cônjuge que desfez o casamento, em busca de 
ser feliz novamente, marcando o novo panorama tradicional de família. Nesse 
contexto, a facilitação do divórcio se deu em virtude de fatores sociais, econômicos, 
políticos, antropológicos e culturais, que desembocaram no aumento do número de 
casais divorciados (CAHALI et al., 2008). 
No Brasil, o divórcio é regido pelo princípio da intervenção mínima do Estado, 
se introduz apenas quando convocado, mas que, ao detectar o fim do afeto que unia 
o casal, em não havendo mais sentido para forçar uma relação que não mais se 
sustentaria, defende a lei que cabe estabelecer diretrizes para finalizar as relações 
afetadas e o consequente fim do casamento, implicando no processo final da união 
42 
 
a guarda dos filhos, uso continuum do nome, alimentos, divisão patrimonial/partilha 
de bens e outros elementos. No entanto, apenas aos cônjuges e a ninguém mais é 
dada a decisão do término do vínculo conjugal (CAHALI et al., 2008). 
De acordo com Gagliano e Pamplona Filho (2012), o divórcio é infinitamente 
mais vantajoso se comparado a simples medida judicial, nome este outorgado em 
1977, anteriormente conhecido como “desquite”. 
Juridicamente, o divórcio conduz ao desfazimento da sociedade conjugal e aodesfazimento do vínculo matrimonial, permitindo aos ex-cônjuges um novo 
casamento. Sob o prisma psicológico, evita a duplicidade de processos, e na 
separação do marido e mulher o casal parte imediatamente para o divórcio 
(SANT’ANNA, 2010). Sob a ótica econômica o fim da separação é bastante viável, 
com isso, evitam-se gastos judiciais desnecessários por conta da duplicidade de 
procedimentos (GAGLIANO e PAMPLONA FILHO, 2012). 
Dentre as vantagens práticas do divórcio há de se constatar que: 
 
Um ano e meio após ser sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da 
Silva, a Lei n. 11441, que leva aos estabelecimentos notariais e registrais 
casos consensuais de divórcio, inventário e partilha de bens, desde que não 
envolvam o interesse de menores, já é uma realidade. A nova legislação 
trouxe agilidade e economia aos paranaenses, facilitando o procedimento; o 
tempo médio para a execução da Escritura Pública em Cartório é de 15 
dias, dependendo do número de bens envolvidos na questão (GAGLIANO e 
PAMPLONA FILHO, 2012, p. 70). 
 
Continua o autor, em termos de custos, pode ser até 90% mais econômico, 
comparativamente ao processo de divórcio judicial, conforme segue os 
pressupostos: 
 
Os preços também são mais acessíveis comparados ao procedimento 
judicial, custando até 90% menos ao bolso do cidadão. [...] antes da Lei no. 
11.441/2010, separações e divórcios somente poderiam ser realizados por 
juízes nas Varas de Família e Sucessão e o processo era mais demorado. 
43 
 
Uma separação amigável levava em média dois meses. Já com a nova lei, 
pode ser feita no mesmo dia. Em casos de inventários que existem bens, o 
procedimento de trazer vantagens à população, a legislação é uma 
contribuição ao Poder Judiciário brasileiro, que pode concentrar esforços 
apenas aos casos em que realmente a figura mediadora do juiz se faz 
necessária, para a resolução de conflitos ou respaldar o direito de menores 
e incapazes (GAGLIANO e PAMPLONA FILHO, 2012, p. 70). 
 
Todavia, é importante ressaltar que a separação judicial permitia a 
reconciliação do casal, o que fatalmente não seria possível mediante a consumação 
do divórcio que, uma vez decretado, se os ex-consortes pretendessem reatar o 
relacionamento e a vida de casados precisariam recelebrar o ato cerimonial 
(CAHALI et al., 2008). 
 
2.5 PREJUÍZOS DO DIVÓRCIO 
 
O divórcio apresenta como desvantagem a impossibilidade de reatamento 
dos consortes, ao passo que a separação judicial permitia ao casal reatar a qualquer 
momento a união mediante o interesse para tal, estando aberta a possibilidade com 
a separação judicial (GAGLIANO e PAMPLONA FILHO, 2012). 
Também, os Tribunais ao vislumbrarem o dia a dia forense constataram 
casos de separação judicial que se convertiam em divórcios. No entanto, havendo 
arrependimento em meio ao universo passado e presente dos ex-cônjuges, 
percebiam hipóteses positivas para não realizar o divórcio, pois que uma vez 
divorciados os consortes/descasados, deveriam iniciar um novo processo de 
formalização do casamento (SANT’ANNA, 2010). 
A partir da promulgação da Emenda Constitucional n. 66/2010, que suprimiu 
a separação judicial e a exigência de prazo de separação de fato para a dissolução 
44 
 
do vínculo matrimonial, retirou também a possibilidade de reconciliação dos casados 
(GAGLIANO e PAMPLONA FILHO, 2012). 
45 
 
3 CASAMENTO EFICAZ COMO PRESSUPOSTO PARA O DIVÓRCIO 
 
O Código Civil (2002), art’s 1565 a 1570, tratam da eficácia do casamento, 
aduzem entender que para a possibilidade de divórcio deve haver o pressuposto 
básico, ou seja, “um casamento eficaz”. Mas para isso, primeiro, a união conjugal 
deve assumir a condição de companheiros perante parentescos e perante a 
sociedade (SANT’ANNA, 2010). 
 
Art. 1.565. Pelo casamento, homem e mulher assumem mutuamente a 
condição de consortes, companheiros e responsáveis pelos encargos da 
família. 
§ 1º. Qualquer dos nubentes, querendo, poderá acrescer ao seu o 
sobrenome do outro. 
§ 2º. O planejamento familiar é de livre decisão do casal, competindo ao 
Estado propiciar recursos educacionais e financeiros para o exercício desse 
direito, vedado qualquer tipo de coerção por parte de instituições privadas 
ou públicas. 
Art. 1.566. São deveres de ambos os cônjuges: 
I - fidelidade recíproca; 
II - vida em comum, no domicílio conjugal; 
III - mútua assistência; 
IV - sustento, guarda e educação dos filhos; 
V - respeito e consideração mútuos. 
Art. 1.567. A direção da sociedade conjugal será exercida, em colaboração, 
pelo marido e pela mulher, sempre no interesse do casal e dos filhos. 
Parágrafo único. Havendo divergência, qualquer dos cônjuges poderá 
recorrer ao juiz, que decidirá tendo em consideração aqueles interesses. 
Art. 1.568. Os cônjuges são obrigados a concorrer, na proporção de seus 
bens e dos rendimentos do trabalho, para o sustento da família e a 
educação dos filhos, qualquer que seja o regime patrimonial. 
Art. 1.569. O domicílio do casal será escolhido por ambos os cônjuges, mas 
um e outro podem ausentar-se do domicílio conjugal para atender a 
encargos públicos, ao exercício de sua profissão, ou a interesses 
particulares relevantes. 
Art. 1.570. Se qualquer dos cônjuges estiver em lugar remoto ou não 
sabido, encarcerado por mais de cento e oitenta dias, interditado 
judicialmente ou privado, episodicamente, de consciência, em virtude de 
enfermidade ou de acidente, o outro exercerá com exclusividade a direção 
da família, cabendo-lhe a administração dos bens. 
 
Todavia, enquanto interventor na dissolução o Notarial ou o magistrado 
devem compreender o que realmente conduz a um casal separar-se? Possivelmente 
o art. 1566 responderia a tal questionamento, seria, então: “a falta de respeito 
46 
 
mútuos, conhecida como “o amor acabou entre ambos”, ou, “não há mais 
compatibilidade emocional ou de vivência na relação”. Nesse caso, quando há 
certeza de que não há mais o desejo de continuidade do casamento, há dois 
caminhos a serem tomados, o divórcio por consentimento mútuo extrajudicial ou 
divórcio judicial. Caso o interesse seja apenas por uma das partes, o requerimento é 
feito pela via judicial e então o magistrado cita o outro cônjuge para vir responder os 
termos da demanda. 
 
3.1 PACTOS PRÉ-NUPCIAIS 
 
De acordo com o site Diretório.org: “o pacto ou contrato antenupcial é usado 
para proteger bens [próprios] e defender o patrimônio, serve também para acordar a 
pensão para filhos, pensão para cônjuge, responsabilidade sobre dívidas, abdicação 
de convívio”. 
Apesar de não ser requisito obrigatório para o casamento, o pacto pré-nupcial 
quando não realizado automaticamente será adotado o regime obrigatório legal, isto 
é, comunhão parcial de bens. Caso os nubentes pretendam optar por casarem sob 
outros regimes cito a comunhão universal, separação de bens ou participação final 
nos aquestos, imprescindível a lavratura do pacto-nupcial junto ao tabelião. 
 
De acordo com Rodrigo Tubino Veloso (2005): 
 
A crescente utilização do contrato pré-nupcial, ainda que para 
conservadores ou ingênuos represente mal estar entre os nubentes e suas 
respectivas famílias, por tratar de questões de natureza patrimonial e 
financeira, anteriormente ao casamento, tem sido a forma mais adequada 
para antecipar soluções de problemas que posteriormente venham ter. 
 
47 
 
Embora haja resistência entre os nubentes e suas famílias o contrato pré-
nupcial figura como importante instrumento na prevenção de conflitos e, 
especialmente, quando celebrado entre casais de nível sociocultural e/ou 
socioeconômico díspar, se um dos noivos exercer atividade econômica que envolva 
risco financeiro e, no caso de ter herdeiros filhos de outras uniões (VELOSO, 2005). 
 
[...]

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