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Filosofia juridica

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Filosofia Jurídica
O Instituto IOB nasce a partir da 
experiência de mais de 40 anos da IOB no 
desenvolvimento de conteúdos, serviços de 
consultoria e cursos de excelência.
Por intermédio do Instituto IOB, 
é possível acesso a diversos cursos por meio 
de ambientes de aprendizado estruturados 
por diferentes tecnologias.
As obras que compõem os cursos preparatórios 
do Instituto foram desenvolvidas com o 
objetivo de sintetizar os principais pontos 
destacados nas videoaulas.
institutoiob.com.br
Filosofia Jurídica / Obra organizada pelo Instituto IOB 
- São Paulo: Editora IOB, 2013.
ISBN 978-85-8079-032-0
Informamos que é de inteira 
responsabilidade do autor a emissão 
dos conceitos.
Nenhuma parte desta publicação 
poderá ser reproduzida por qualquer 
meio ou forma sem a prévia 
autorização do Instituto IOB.
A violação dos direitos autorais é 
crime estabelecido na Lei nº 
9.610/1998 e punido pelo art. 184 
do Código Penal.
Sumário
Capítulo 1 – Introdução à Filosofia Jurídica, 5
1. A Filosofia Jurídica, 5
2. O Surgimento da Filosofia, 7
3. Filósofos Pré-Socráticos, 9
Capítulo 2 – Filosofia Jurídica na Antiguidade, 12
1. O Nascimento da Democracia, 12
2. Os Sofistas, 13
3. Sócrates, 15
4. Platão: Política, Direito e Justiça, 17
5. Aristóteles e os Tipos de Justiça, 20
Capítulo 3 – Filosofia Jurídica na Idade Média, 23
1. A Filosofia Cristã: Estado x Igreja, 23
2. A Justiça em Santo Agostinho, 25
3. A Justiça em São Tomás de Aquino, 27
Capítulo 4 – O Humanismo Renascentista, 29
1. O Humanismo Renascentista, 29
2. O Pensamento de Maquiavel, 31
3. A Filosofia Política do Liberalismo, 33
4. Hobbes e o Estado Absoluto, 34
5. Direito Natural em Locke, 36
6. Rousseau e a Soberania Popular, 37
7. O Iluminismo e a Teoria da Tripartição dos Poderes de 
Montesquieu, 39
8. A Doutrina do Direito de Kant, 41
9. A Filosofia do Direito em Hegel, 43
10. A Filosofia Marxista, 44
11. O Pensamento Jurídico de Marx, 46
Capítulo 5 – Filosofia Jurídica na Idade Contemporânea, 49
1. A Filosofia do Direito no Século XX, 49
2. Kelsen e a Teoria Pura do Direito, 51
3. A Teoria da Tridimensionalidade do Direito de Miguel Reale, 53
4. O Pensamento Jurídico de Habermas, 54
5. O Pensamento Jurídico de Heidegger, 55
6. O Decisionismo Jurídico de Schmitt, 56
7. Carlos Cossio: O Egologismo Existencial, 58
8. Hannah Arendt e os Direitos Humanos, 60
9. A Justiça como Equidade em John Rawls, 61
10. Chaïm Perelman e a Argumentação Jurídica, 63
11. O Realismo Jurídico de Alf Ross, 64
12. O Teleologismo de Rudolf von Jhering, 65
13. A Teoria de Herbert Hart, 67
14. O Pensamento Jurídico de Norberto Bobbio, 68
Referências, 70
Gabarito, 71
Capítulo 1
Introdução à Filosofia Jurídica
1. A Filosofia Jurídica
1.1 Apresentação
Esta unidade abordará o surgimento histórico da filosofia jurídica como 
ciência e a sua importância como disciplina no ensino jurídico, destacan-
do o seu conceito, atribuições e funções.
1.2 Síntese
Apesar de a Filosofia e da Filosofia Jurídica se complementarem, ambas são 
consideradas atualmente como disciplinas autônomas. A filosofia era ligada a to-
das as outras matérias, mas a partir do século XVII, as áreas foram se diferenciando.
A Filosofia Jurídica origina-se das práticas gerais da filosofia, aprofundando-
-se na época moderna até se tornar uma ciência autônoma a partir do século 
XVI, tendo nas obras de Pufendorf, Francisco de Vitória, Francisco Suárez e 
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Hugo Grócio a sua identidade, e nos estudos advindos dos pensamentos de 
Montesquieu, Hobbes, Locke, Rousseau e Kant, a sua autonomia plena.
O marco da autonomia da Filosofia Jurídica como ciência se dá com a obra 
de Hegel: Fundamentos de Filosofia do Direito (1820), nos anos que assina-
lam o trânsito do jus naturalismo para o jus positivismo.
No século XX, a disciplina ganha maior reconhecimento com o desenvolvi-
mento de diversas correntes teóricas do pensamento, tornando-se um conhecimen-
to indispensável em meio às práticas de formação e de reflexão do Direito, passan-
do a ocupar o currículo acadêmico do bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais.
Os primeiros estudos de Filosofia Jurídica ocorreram no Brasil no século XIX, 
na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, em São Paulo, propagando-se 
pelas faculdades de direito de todo o país, tendo merecido destaque como pensa-
dores, Sílvio Romero, João Mendes de Almeida Junior, Pedro Lessa, entre outros.
A Filosofia Jurídica é um campo da construção filosófica que tem por obje-
to o estudo crítico a respeito das construções jurídicas e da sua práxis, identifi-
cando-se com problemas fundamentais da sociabilidade humana.
Como metas e tarefas compreendidas no âmbito da Filosofia Jurídica, des-
tacam-se: a avaliação do papel do legislador e do jurista, a eficácia dos institutos 
e a realização da justiça.
Enquanto a teoria geral do direito busca indagar o que é uma norma jurídi-
ca estatal, a filosofia do direito se questiona a respeito da legitimidade do estado 
de editar normas e do grau de justiça que essas normas podem alcançar.
Desde a idade média o direito tornou-se um ramo muito aprofundado e de 
imenso conhecimento, sendo que na filosofia do direito essa sapiência também 
é requerida daquele que sobre ela se debruça.
As exigências dessa disciplina na grade curricular e em concursos passaram 
a alterar esse quadro.
O objetivo primordial da filosofia jurídica é exercitar o papel da verdade 
máxima sobre o próprio direito, buscando a legitimidade dos atos jurídicos 
além de sua mera formalidade. Também busca a verificação do atingimento 
ou não da justiça nesses atos, afinal, a filosofia jurídica se ocupa de relações 
sociais constituintes e constituídas do direito.
Os jus naturalistas consideram que ela estuda a justiça. Os positivistas veem 
no dever ser, o seu objetivo. Já os formalistas procuram estudar e criticar o mé-
todo jurídico utilizado cientificamente pelos juristas. Os normativistas procu-
ram com as questões jurídicas históricas, visar uma contribuição para o aperfei-
çoamento do direito positivo. Os sociologistas acreditam que a filosofia jurídica 
deve se ocupar com o estudo dos fatos jurídicos.
Como resumem os professores Eduardo Bittar e Guilherme Almeida, “à 
parte de qualquer querela, é fato que a filosofia jurídica possui metas e tarefas 
que estão compreendidas em suas perspectivas de obrigação”.
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A filosofia jurídica deve proceder a crítica das práticas, atitudes, atividades 
dos operadores do direito, entre outros objetivos.
Portanto, a filosofia jurídica deve se ocupar de esclarecer a teleologia do 
direito, isto é, ajudar o juiz no processo decisório.
A filosofia do direito deve abalar a estrutura de conceitos arcaicos e desco-
nexos com a realidade social.
Hoje o Brasil possui um passado jus filosófico que teve sua origem no movi-
mento intelectual do século XIX, na Faculdade de Direito do Recife. A menta-
lidade à época era bastante conservadora. Os professores buscavam apoio no po-
sitivismo de Kant. A escola de Recife decide abandonar o positivismo ortodoxo.
Outro nome significativo na história da nossa filosofia jurídica foi Tobias 
Barretos, que fez com que o positivismo ortodoxo não angariasse tantos adeptos 
quanto no sul do país.
Para o professor Miguel Reale, para que haja o devido entendimento da 
norma jurídica é necessário estudá-la em uma relação de unidade e integração 
entre fatos e valores.
Exercício
1. (Defensor Público da União − 2007) Muitas têm sido as explicações 
das causas históricas para a origem da filosofia na Jônia. Alguns con-
sideram que as navegações e as transformações técnicas tiveram o 
poder de desencantar o mundo e forçar o surgimento de explicações 
racionais sobre a realidade.Outros enfatizam a invenção do calendá-
rio (tempo abstrato), da moeda (signo abstrato para a ação de troca) 
e da escrita alfabética (transcrição abstrata da palavra e do pensa-
mento), que teriam propiciado o desenvolvimento da capacidade de 
abstração dos gregos, abrindo caminho para a filosofia. Tendo como 
referência inicial o texto acima, julgue o item a seguir.
 A formação da pólis, a cidade-Estado, é a principal determinação 
histórica para o nascimento da filosofia.
2. O Surgimento da Filosofia
2.1 Apresentação
Esta unidade abordará o surgimento da Filosofia na Grécia antiga, a 
etimologia da palavra “Filosofia”, a mitologia e os fundamentos básicos 
para o desenvolvimento do pensamento filosófico científico.
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2.2 Síntese
A palavra filosofia vem do grego philo e sophia. Philo deriva de philia, que 
significa “amizade”, e sophia, que quer dizer “sabedoria”. Assim, filosofia signi-
fica “amizade pela sabedoria”.
A filosofia surge na Grécia Antiga, por volta do século VI antes de Cristo, nas 
colônias gregas do Mar Jônico, cidades então cosmopolitas onde reinava certo 
pluralismo cultural. Em uma sociedade dedicada às práticas comerciais e aos 
interesses pragmáticos, as tradições míticas e religiosas tendem a perder a sua 
importância. Atenas é o seu berço, com a formação da polis, a cidade-estado.
Antes do surgimento da Filosofia como ciência, os aspectos essenciais da 
realidade, tais como a origem do mundo, o seu funcionamento, a natureza e 
os processos naturais eram explicados pela mitologia, por meio de narrativas de 
caráter eminentemente simbólico, envolvendo forças sobrenaturais represen-
tadas por deuses.
A ordem cronológica do mito é basicamente oral, e este não se fundamen-
ta, nem se presta a questionamentos, críticas ou correção. Desta forma, a expli-
cação do pensamento mítico se sustenta no inexplicável.
Os gregos foram os primeiros a contradizerem a explicação mítica de mun-
do. Diante da realidade fática, assumiram uma forma de pensar caracterizada 
pela explicação racional dos fenômenos naturais que cercam a vida do homem.
Com a Escola Jônica surgiu a explicação do mundo baseada essencialmen-
te em causas naturais.
Com a busca de uma explicação racional do mundo, este se abre para expli-
cações racionais dos fenômenos naturais que cercam o homem.
A colônia grega de Mileto destacou-se como um dos portos comerciais mais 
importantes da Grécia, de onde seriam levadas mercadorias para vários lugares 
do mediterrâneo. A influência dessas diferentes culturas enfraqueceu os mitos, 
pois cada povo tinha um modo de ver o mundo.
A phisis, segundo o fundamento pré-socrático, é matéria, fundamento eter-
no de todas as coisas. A explicação das causas estava na própria natureza.
A causalidade também era interpretada em termos naturais. Toda causa 
tem seu efeito. Explicar esse conceito passa a ser relacionar um efeito a uma 
causa que o antecede ou determina. É a existência de uma relação de causali-
dade que torna uma a realidade inteligível, o que fez surgir um grupo de prin-
cípios, para que servissem de ponto de partida para todo o processo racional.
A principal contribuição ao desenvolvimento do pensamento filosófico-
-científico encontra-se em um conjunto de conceitos básicos criados por esses 
primeiros pensadores, para explicar a realidade a partir da natureza. O primeiro 
filósofo a formular essa noção é Tales de Mileto, ao afirmar que a água é o ele-
mento primário gerador de todas as coisas.
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Diferentes pensadores sucessores de Tales de Mileto buscaram outros prin-
cípios explicativos. Anaxímenes adotou o ar, Heráclito dizia ser o fogo a origem 
de todas as coisas, Demócrito, o átomo etc.
O elemento fundamental para compreender-se o pensamento filosófico-
-científico é o seu caráter crítico. As teorias formuladas pelos filósofos passam 
a ser discutidas, a suscitar divergências e discordâncias, permitindo reformula-
ções e propostas alternativas, não sendo mais vistas de forma dogmática.
O termo cosmos liga-se diretamente à ideia de ordem, de harmonia e de 
beleza. É a ideia de uma ordenação racional, tendo a causalidade como lei 
principal, e é uma ordem racional que se reflete na existência de princípios e 
leis que regem a realidade.
Logos se contrapõe ao mito e significa discurso, em que as explicações são 
justificadas e estão sujeitas a críticas e discussão.
Heráclito caracteriza a realidade como tendo um logos, ou seja, uma racio-
nalidade que seria captada pela razão humana.
Caráter crítico consiste em teorias possíveis de ser discutidas e suscitar di-
vergências e discordâncias, permitindo alterações e propostas alternativas.
Exercício
2. (UEL – 2003) Analise as assertivas a seguir e assinale a alternativa 
correta sobre o nascimento da filosofia:
a) Surgiu como um discurso teórico, sem embasamento na reali-
dade sensível, e em oposição aos mitos gregos.
b) Retomou os temas da mitologia grega, mas de forma racional, 
formulando hipóteses lógico-argumentativas.
c) Reafirmou a aspiração ateísta dos gregos, vetando qualquer pro-
va da existência de alguma força divina.
d) Desprezou os conhecimentos produzidos por outros povos, gra-
ças à supremacia cultural dos gregos.
e) Estabeleceu-se como um discurso acrítico e teve suas teses en-
dossadas pela força da tradição.
3. Filósofos Pré-Socráticos
3.1 Apresentação
Esta unidade abordará os filósofos pré-socráticos, destacando os mais 
importantes das Escolas Jônica e Italiana e suas respectivas concepções 
filosóficas.
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3.2 Síntese
A denominação “pré-socráticos” toma Sócrates como um marco, pois ele 
introduziu uma nova problemática na discussão filosófica ao tratar das questões 
ético-políticas e jurídicas.
Os pré-socráticos, também chamados “naturalistas” ou “filósofos da phy-
sis”, preocuparam-se com o tema da realidade primeira, originária e fundamen-
tal da existência do mundo, buscando o princípio de todas as coisas.
Duas escolas se destacam nessa época: a Escola Jônica, que se caracterizou 
pelo interesse nas teorias sobre a natureza, e a Escola Italiana, com uma visão 
de mundo mais abstrata, menos voltada para uma explicação naturalista da 
realidade, prenunciando o surgimento da lógica e da metafísica.
Tales de Mileto é considerado o primeiro filósofo. Fundador da Escola Jô-
nica é visto como o iniciador da visão de mundo e do estilo de pensamento que 
se entende por filosófico, pois explica a realidade natural a partir dela mesma, 
sem nenhuma referência ao sobrenatural. Inaugura o caráter crítico.
Dentre os principais filósofos pertencentes à Escola Jônica, destaque-se He-
ráclito de Éfeso, cuja concepção de realidade natural se caracteriza pelo mo-
vimento, estando todas as coisas em um fluxo constante. Seu fragmento mais 
famoso diz que: “Não podemos banhar-nos duas vezes no mesmo rio, porque o 
rio não é mais o mesmo e nós também não somos.” Esse fragmento sintetiza a 
ideia da realidade do fluxo.
No âmbito das escolas italianas, destacaram-se: Pitágoras e sua doutrina, 
segundo a qual o número é o elemento básico explicativo da realidade, poden-
do-se constatar uma proporção em todo o cosmo. E Parmênides, para quem 
existia apenas uma única realidade, introduzindo a distinção entre realidade e 
aparência. Foi introdutor da distinção entre realidade e aparência. Parmênides 
caracteriza o movimento apenas como aparente. Para ele, é através do pensa-
mento que devemos buscar a essência da realidade.
Para Zenão de Eleia, a formulação dos paradoxos consiste em uma cisão 
entre o senso comum e a explicação teórica da realidade.
Em uma segunda fase pluralista, Anaxágonas defende a multiplicidade in-
finita dos elementos a que denomina omeo merias. Tenta sintetizardoutrina de 
pensadores anteriores.
Exercício
3. (UEL − 2003) A filosofia surgiu na Grécia, no século VI a. C. Seus 
primeiros filósofos foram os chamados pré-socráticos. Assinale a al-
ternativa que expressa o principal problema por eles investigado:
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a) A ética, enquanto investigação racional do agir humano.
b) A estética, enquanto estudo sobre o belo na arte.
c) A epistemologia, como avaliação dos procedimentos científicos.
d) A cosmologia, como investigação acerca da origem e da ordem 
do mundo.
e) A filosofia política, enquanto análise do Estado e sua legislação.
Capítulo 2
Filosofia Jurídica na 
Antiguidade
1. O Nascimento da Democracia
1.1 Apresentação
Esta unidade abordará o nascimento da pólis e da democracia como fun-
damentos básicos para uma nova problemática filosófica de cunho mais 
jurídico e ético-político, superando-se a questão da natureza como temá-
tica principal e inaugurando-se o período clássico da filosofia.
1.2 Síntese
Com o pensamento de Sócrates se inicia o período clássico da Filosofia, 
inaugurando-se uma nova problemática de cunho ético-político e jurídico, 
superando-se a questão da natureza como temática principal, o que se justifica 
pela nova concepção de homem como cidadão da pólis.
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Para se compreender a filosofia é preciso entender o seu surgimento como 
um fato cultural, como produto de determinado contexto histórico e social em 
que nasce a pólis grega, provocando grandes alterações na vida social e nas 
relações entre os homens.
O surgimento da Filosofia corresponde ao início da estabilização da socie-
dade grega, caracterizada pelo desenvolvimento da atividade comercial, pela 
consolidação das várias cidades-estados e pela organização social ateniense.
Torna-se necessário a criação de uma base institucional sólida para a so-
ciedade, o que se reflete nas reformas políticas iniciadas que representaram 
concretamente a quebra dos privilégios da oligarquia dominante e a progressiva 
secularização da sociedade.
A democracia representa a possibilidade de serem resolvidas as divergên-
cias por meio do entendimento mútuo e de leis que possam refletir os anseios 
dos cidadãos. Sua originalidade se centra na possibilidade de se debaterem os 
problemas de interesse comum em praça pública (ágora) e de se tomarem as 
decisões por consenso, nascendo assim, a política.
Na polis, separa-se o domínio público e o privado, inaugurando-se um novo 
ideal de justiça, pelo qual todo cidadão passa a ter direito ao poder. Essa nova 
noção de justiça assume caráter político, e não apenas moral, pois não diz res-
peito apenas ao indivíduo e aos interesses da tradição familiar, mas passa a se 
referir à sua atuação na sociedade.
A polis se faz pela autonomia da narrativa humana. O saber rompe com a 
violência e o uso da força, pois todos têm o mesmo direito de argumentar.
Para que isso fosse possível, foi necessária uma mudança entre os homens 
devido às relações de subordinação.
Atenas possuía meio milhão de habitantes, do qual 300 mil eram escravos e 
50 mil estrangeiros. 10%, excluindo-se mulheres e crianças, eram os considera-
dos capacitados para decidirem por todos. Ou seja, a maior parte da população 
era excluída da política.
O nascimento da democracia representou um processo de mutação do 
ideal político e o surgimento de uma concepção nova de poder baseada na 
participação popular.
2. Os Sofistas
2.1 Apresentação
Nesta unidade, estudaremos os sofistas como propulsores da consolidação 
da democracia através do ensino da retórica e da oratória, representando 
importante papel na participação dos cidadãos na vida política.
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2.2 Síntese
O ideal democrático precisava ser justificado e coube aos sofistas a função 
de elaborar a teorização de democracia que interessava à nova classe dos co-
merciantes enriquecidos.
Ao contrário dos pré-socráticos, os sofistas eram mestres da retórica e da 
oratória, creditavam a verdade, a moralidade, a religião, a justiça e os conceitos 
políticos e sociais a um consenso, ou seja, a uma convenção entre os homens.
A exigência que os sofistas vêm satisfazer não é apenas de ordem teórica, 
mas também prática, voltada para a vida. Eles foram responsáveis por prepara-
rem o cidadão para a participação na vida política através da utilização de um 
discurso persuasivo.
A retórica era muito importante, tanto que os sofistas reconheceram que a 
maneira como era falado seria mais relevante que um bom argumento, para o 
convencimento da plateia.
Foram os responsáveis por preparar os cidadãos para a política.
A retórica dos sofistas buscava incutir no ouvinte (oradores) ideologias que 
fossem aproveitáveis para a manipulação do povo (elite).
A sofística também sustenta um certo relativismo prático que é destruidor 
da moral, pois a verdade se torna relativa e tudo o que diz respeito aos impulsos 
e às paixões, passa a ser justificado.
Os sofistas estabelecem uma oposição especial entre a natureza e a lei. 
Consideram a lei um fruto arbitrário e mortificador. Pura convenção.
Disseram não ser verdadeiro o fato de que a submissão às leis tornem os ho-
mens felizes. Para eles, para que se triunfe no mundo, não basta justiça e reti-
dão, e sim, prudência e habilidade, bem como o domínio violento dos homens.
Para os sofistas, a igualdade moral entre os fortes e fracos seria um prejuízo. 
A verdadeira justiça existe para que o forte e poderoso oprima o mais fraco.
Eles foram acusados de superficialidade e logomania, sofrendo forte opo-
sição por parte de Sócrates. Sua má fama se deu à excessiva atenção dada ao 
aspecto formal da exposição e à defesa das ideias, já que se achavam mais preo-
cupados com a persuasão do que com a verdade.
No que diz respeito ao direito, de um lado a norma era tida como uma 
construção histórica, uma convenção humana, e, de outro, a natureza impera-
va como medida de todas as coisas. As classes aristocráticas defendiam a noção 
perene de pertencimento à terra, às noções de sangue, entendendo o justo 
como sendo algo natural. Já as classes democráticas lutavam pela justiça con-
vencional, que poderia ser alterada.
Dos sofistas, destaque-se Protágoras, cujo principal e mais conhecido frag-
mento, que é o início de sua obra sobre a verdade, diz: “O homem é a medida 
de todas as coisas.”
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Exercício
4. (Defensor Público da União − 2007) Conhecemos pouco dos sofis-
tas. Em primeiro lugar, porque, com exceção de um sofista tardio, 
Isócrates, de quem temos as obras, não possuímos senão fragmentos 
dos dois principais sofistas: Protágoras de Abdera e Górgias de Leon-
tini. Em segundo, porque os testemunhos recolhidos pela doxografia 
foram escritos por seus inimigos, Tucídides, Aristófanes, Xenofonte, 
Platão e Aristóteles, que nos deixaram relatos altamente desfavorá-
veis nos quais o sofista aparece como impostor, mentiroso e demago-
go. Esses qualificativos acompanharam os sofistas durante séculos e 
a palavra sofista era empregada sempre com sentido pejorativo.
 Marilena Chaui. Introdução à História da Filosofia – dos pré-
-socráticos a Aristóteles. São Paulo: Cia. das Letras, 2002 (com 
adaptações).
 Tendo o texto acima como referência inicial, julgue o item que se 
segue:
 Desde o final do século XIX, tem-se observado uma reabilitação da 
sofística. Historiadores da filosofia, a partir de então, consideram 
os sofistas fundadores da pedagogia democrática mestres da arte da 
educação do cidadão.
3. Sócrates
3.1 Apresentação
Esta unidade abordará a vida e a concepção filosófica de Sócrates, des-
tacando o seu método de análise conceitual e a sua busca pela justiça 
através da racionalidade.
3.2 Síntese
Sócrates éconsiderado o primeiro pensador da filosofia clássica, tendo 
como seu discípulo Platão.
O que configura o pensar socrático é o seu método de análise conceitual 
conhecido como “maiêutica”. O método socrático opera através de um ques-
tionamento das crenças habituais de um interlocutor, interrogando-o e pro-
vocando-o a dar respostas e explicitar o conteúdo e o sentido dessas opiniões.
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Sócrates problematiza as crenças, fazendo com que o interlocutor caia em 
contradição, perceba a insuficiência delas e reconheça a sua ignorância. É este 
o sentido da célebre fórmula socrática: “só sei que nada sei”, ou seja, é o reco-
nhecimento da própria ignorância como princípio de sabedoria.
Para Sócrates, o papel do filósofo não é transmitir um saber pronto e aca-
bado, mas fazer com que outro indivíduo, através do diálogo, dê à luz as suas 
próprias ideias. Por essa razão, Sócrates critica os sofistas, pois o ensinamento so-
fístico limita-se a uma mera técnica ou habilidade argumentativa que visa con-
vencer o oponente daquilo que diz, mas não leva ao verdadeiro conhecimento.
No âmbito do direito, Sócrates rompe com a visão mitológico-religiosa e 
sofista sobre a justiça, ao extrair o conceito do justo por meio da razão.
Sócrates considera que o justo não é uma imposição de alguns contra ou-
tros, nem da maioria nem do mais forte. A própria democracia, só pelo simples 
ato de vontade da maioria, não faz a boa lei nem faz o justo.
Sócrates é acusado por razões políticas, julgado e condenado à morte. Em 
seu julgamento, perante um júri de 501 cidadãos, confronta o Estado, insur-
gindo-se contra as práticas políticas da época e alegando em sua defesa a neces-
sidade de independência do pensamento, recusando-se a se declarar inocente 
ou a pedir uma pena.
Foi condenado à morte e levado à prisão onde deveria tomar uma taça de 
veneno (sicuta). Para ele, fugir corresponderia a negar suas ideias e princípios.
Laques oferece a Sócrates diversas situações em que soldados demonstram 
coragem perante os desafios. Sócrates diz que não é o que busca, que quer 
exatamente o conceito de coragem. O método socrático envolve o questiona-
mento do senso comum.
Sócrates jamais responde às perguntas que formula, apenas indica que as 
respostas de seu interlocutor são insatisfatórias e também diz o porquê são insa-
tisfatórias. Ele procura trilhar o caminho percorrido pelo interlocutor, para que 
este passe por um processo de revisão de suas crenças e opiniões, chegando ao 
verdadeiro conhecimento.
Sócrates chamou o seu método de Maiêutica, que literalmente significa 
fazer o parto, que era o ofício de sua mãe.
Sócrates se considerava um parteiro, por dar à luz ideias.
A dialética socrática se faz por meio do questionamento das crenças habi-
tuais de um interlocutor, o incitando a dar respostas e a explicitar o conteúdo 
e o sentido dessas crenças.
Utilizando-se da ironia, Sócrates problematiza tais crenças, fazendo com 
que o interlocutor caia em contradição, percebendo, assim, a insuficiência de 
seus argumentos.
Sua reflexão sobre o direito se situa na busca sobre a verdade.
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Sócrates rompe com a visão mística e religiosa do justo, inclusive com o 
posicionamento dos sofistas, pois dizia que estes não ensinavam o caminho do 
conhecimento.
Platão e Aristóteles definem os sofistas como não filósofos.
Sócrates queria demonstrar que sendo injusta sua condenação, todos perce-
beriam a injustiça de sua pena.
Exercício
5. O julgamento e a morte de Sócrates marcaram profundamente seus 
contemporâneos e muitos de seus discípulos e companheiros escreve-
ram relatos e testemunhos desse episódio em que o filósofo confron-
tou o Estado, em que suas ideias insurgiram-se contra as práticas polí-
ticas da época e que a necessidade de independência do pensamento 
foi explicitada e discutida pela primeira vez em nossa tradição.
 Sobre este filósofo, é incorreto afirmar:
a) A reflexão filosófica proposta por Sócrates visa demonstrar que, 
frequentemente, sabemos o que pensamos saber.
b) Em 399 a. C., Sócrates é acusado de haver cometido graves cri-
mes por alguns cidadãos atenienses que pedem a sua condena-
ção à morte, alegando principalmente o desrespeito às tradições 
religiosas da cidade e a corrupção dos jovens.
c) No que tange à concepção filosófica de Sócrates, ela pode ser 
caracterizada como um método de análise conceitual denomi-
nado “maiêutica”, que é ilustrado pela célebre questão que per-
meia todos os seus diálogos: “O que é ...?”.
d) O método socrático revela a fragilidade do nosso entendimento 
e aponta para a necessidade de aperfeiçoá-lo através da reflexão, 
ou seja, partindo de um entendimento já existente, indo além 
dele em busca de algo mais perfeito, mais completo.
e) Todas as alternativas estão corretas.
4. Platão: Política, Direito e Justiça
4.1 Apresentação
Esta unidade abordará o pensamento político e jurídico de Platão.
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4.2 Síntese
Após a morte de Sócrates, Platão deixou Atenas e viajou por diversos paí-
ses, voltando a Atenas em 389 a.C., quando funda sua escola filosófica cha-
mada academia.
Como aponta o professor Danilo Marcondes, a obra de Platão pode ser de-
finida como uma longa reflexão sobre a decadência da democracia ateniense, 
seus valores, ideais e poder instituído.
A obra de Platão é uma síntese da preocupação com a ciência, com a moral 
e com a política.
Os diálogos de Platão representam um momento de luta política e de críti-
ca aos sofistas e a sua arte de convencer.
Ele era considerado crítico e inflexível.
A filosofia não pode apenas afirmar, mas deve chegar à clareza.
A filosofia, segundo o modelo que Platão cria, é a resposta a uma situação 
histórica injusta e legítima.
O conceito platônico de justiça situa-se acima de todas as normas humanas 
e remonta até a sua origem na própria alma. Aos sábios caberia o papel de le-
gislar, pois conseguem alcançar o nível das ideias e, por conseguinte, serão os 
mais justos, uma vez que justo é aquele que conhece a justiça.
Platão é contrário à tirania e à oligarquia, que não se funda no conhecimen-
to da verdade do próprio saber. É favorável a uma aristocracia do saber.
O diálogo platônico busca um consenso baseado no conhecimento verda-
deiro e entendimento racional.
O método dialético não substitui a certeza de opinião por outra certeza. É 
um método negativo, exigindo uma atitude crítica, mostrando a necessidade 
de uma interrogação.
Ao aceitar a regra dos diálogos, os interlocutores abandonam a sua opinião. 
Trata-se da busca da universalidade, por um discurso capaz de superar as diver-
gências de opinião, e ter um caráter legitimador.
Platão foi discípulo de Sócrates. Seu pensamento político e jurídico se en-
contra, sobretudo, nas obras “A República”, “O político” e “Leis”.
A alegoria do mito da caverna, como uma metáfora da condição humana, 
demonstra uma passagem gradativa do senso comum para o conhecimento 
filosófico, que é racional, sistemático e organizado.
O aspecto epistemológico consiste em um mito que representa uma alego-
ria às formas de conhecimento.
Platão, na sua teoria das ideias, distingue o mundo sensível (fenômenos) do 
mundo inteligível (ideias).
Para Platão, há uma dialética que faz a alma elevar-se das coisas múltiplas e mu-
táveis às ideias unas e imutáveis, ultrapassando o mundo das aparências ilusórias.
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O filósofo é aquele que se liberta das correntes, ao contemplar a verda-
deira realidade, passando da opinião à ciência. Sua função é de orientar os 
homens. Logo, do ponto de vista político, cabe ao sábio também governar. 
Essas ideias de Platão revelam um corte de classe e uma filosofia política de 
dominação.Para o filósofo, a realidade está no mundo das ideias, e a maioria das pessoas 
estão como se estivessem no fundo da caverna, no mundo ilusório das coisas 
sensíveis.
Partindo do princípio de que as pessoas são diferentes e por isso devem 
ocupar lugares e funções diversas na sociedade, Platão imagina que o Estado 
deve incumbir-se de tudo, eliminando a propriedade e a família, a fim de evitar 
a cobiça e os interesses decorrentes dos laços afetivos.
Para Platão, só poderá ser chefe quem conhece a política.
A democracia é inadequada porque desconhece que a igualdade deve dar-
-se apenas na repartição dos bens, mas nunca no igual direito ao poder. Para 
que o Estado seja bem governado, é preciso que os filósofos se tornem reis, ou 
que os reis se tornem filósofos, propondo um modelo aristocrático em que o 
poder é confiado aos melhores.
Exercício
6. (Universidade Estadual de Londrina – 2005) “Mas a cidade pareceu-
-nos justa, quando existiam dentro dela três espécies de naturezas, 
que executavam cada uma a tarefa que lhe era própria; e, por sua 
vez, temperante, corajosa e sábia, devido a outras disposições e qua-
lidades dessas mesmas espécies.
 – É verdade.
 – Logo, meu amigo, entenderemos que o indivíduo, que tiver na sua 
alma estas mesmas espécies, merece bem, devido a essas mesmas 
qualidades, ser tratado pelos mesmos nomes que a cidade.”
 (PLATÃO. A República. Trad. de Maria Helena da Rocha Pereira. 
7ª ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1993. p. 190).
 Com base no texto e nos conhecimentos sobre a justiça em Platão, é 
correto afirmar:
a) As pessoas justas agem movidas por interesses ou por benefícios 
pessoais, havendo a possibilidade de ficarem invisíveis aos olhos 
dos outros.
b) A justiça consiste em dar a cada indivíduo aquilo que lhe é de 
direito, conforme o princípio universal de igualdade entre todos 
os seres humanos, homens e mulheres.
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c) A verdadeira justiça corresponde ao poder do mais forte, o qual, 
quando ocupa cargos políticos, faz as leis de acordo com os seus 
interesses e pune a quem lhe desobedece.
d) A justiça deve ser vista como uma virtude que tem sua origem 
na alma, isto é, deve habitar o interior do homem, sendo inde-
pendente das circunstâncias externas.
e) Ser justo equivale a pagar dívidas contraídas e restituir aos de-
mais aquilo que se tomou emprestado, atitudes que garantem 
uma velhice feliz.
5. Aristóteles e os Tipos de Justiça
5.1 Apresentação
Esta unidade abordará o conceito de justiça em Aristóteles.
5.2 Síntese
Aristóteles foi discípulo de Platão por mais de 19 anos. É considerado o 
maior pensador das questões do direito e da justiça de seu tempo. Para ele, o 
justo é uma medida econômica, histórica, social e política.
Para Aristóteles, a amizade não se separa da justiça.
A justiça, no seu sentido universal, é tanto uma manifestação geral da virtu-
de quanto uma apropriação do justo à lei que, no geral, é tida como justa. No 
sentido particular, é uma virtude em si mesma, subdividindo-se em: distributi-
va, corretiva e reciprocidade.
A justiça distributiva trata da divisão de riquezas, benefícios e honrarias 
segundo o parâmetro de dar a cada um de acordo com seu mérito, ainda que 
o critério meritório possa ser variável. É a proporcionalidade que caracteriza o 
justo, e sua falta traz a injustiça.
A justiça corretiva é uma proporção aritmética baseada na reparação do 
quinhão que foi, voluntária ou involuntariamente, subtraído de alguém por 
outrem.
A reciprocidade na justiça se relaciona à produção, estabelecendo uma re-
lação entre direito e economia nas trocas entre os homens. O dinheiro faz o 
papel de equivalência universal entre os produtos.
A justiça está intimamente ligada ao império da lei, pela qual se faz pre-
valecer a razão sobre as paixões cegas. A lei é o princípio que rege a ação dos 
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cidadãos, é a expressão política da ordem natural, sendo boa e justa, pois é a 
manifestação básica da unificação da vontade dos cidadãos que deliberaram 
coletivamente em assembleia.
A justiça é uma ação, pois não se revela no mero conhecimento do justo, 
mas em sua aplicação deliberada com tal finalidade.
A justiça deve primar pela equidade, servindo como corretivo da justiça 
legal no caso concreto, dada a generalidade da lei, estendendo o justo até as 
minúcias.
Para Aristóteles o mero fato de habitar uma mesma cidade não torna seus 
habitantes igualmente cidadãos. Tampouco o fato de o homem ter nascido 
livre na pólis implica sua participação na justiça.
Aristóteles exclui da cidadania a classe dos artesãos, negociantes e traba-
lhadores braçais em geral, pois o tipo de trabalho não lhes permite o tempo de 
ócio necessário para que participem do governo, pois tal atividade embrutece 
a alma.
Ele concebe o homem como animal político por natureza e critica o autori-
tarismo de Platão, considerando sua utopia impraticável e não humana.
O Estado, segundo Aristóteles, constitui a expressão mais feliz da comuni-
dade em seu vínculo com a natureza.
A teoria política elaborada por Aristóteles é de natureza descritiva, e priori-
za a reflexão analítica da realidade política.
A concepção de Estado elaborada pelo filósofo também traz em si uma 
natureza prescritiva e normativa. Trata-se do que podemos traduzir como o 
“dever ser” do universo jurídico.
A monarquia corresponde à tirania. A aristocracia corresponde à oligarquia 
no mau sentido, quando um pequeno grupo de ricos ou nobres prevalece. A 
apoliteia corresponde em forma ruim à democracia, quando uma maioria po-
bre governa em detrimento de uma maioria rica, a preferida de Aristóteles.
Ele diz que onde a classe média é numerosa, raramente ocorrem conspira-
ções e revolta entre os cidadãos.
Exercício
7. (Universidade Estadual de Londrina – 2006) “[...] uma pessoa age 
injustamente ou justamente sempre que pratica tais atos volunta-
riamente; quando os pratica involuntariamente, ela não age injus-
tamente nem justamente, a não ser de maneira acidental. O que 
determina se um ato é ou não é um ato de injustiça (ou de justiça) 
é sua voluntariedade ou involuntariedade; quando ele é voluntário, 
o agente é censurado, e somente neste caso se trata de um ato de 
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injustiça, de tal forma que haverá atos que são injustos mas não che-
gam a ser atos de injustiça se a voluntariedade também não estiver 
presente.” (ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Nova 
Cultural, 1996. p. 207).
 Com base no texto e nos conhecimentos sobre a concepção de Justi-
ça em Aristóteles, é correto afirmar:
a) Um ato de justiça depende da consciência do agente e de ter 
sido praticado voluntariamente.
b) A noção de justo desconsidera a discriminação de atos voluntá-
rios e involuntários quanto ao reconhecimento de mérito.
c) A justiça é uma noção de virtude inata ao ser humano, a qual 
independe da voluntariedade do agente.
d) O ato voluntário desobriga o agente de imputabilidade, devido 
à carência de critérios para distinguir a justiça da injustiça.
e) Quando um homem delibera prejudicar outro, a injustiça está 
circunscrita ao ato e, portanto, exclui o agente.
Capítulo 3
Filosofia Jurídica na 
Idade Média
1. A Filosofia Cristã: Estado x Igreja
1.1 Apresentação
Esta unidade abordará o pensamento filosófico cristão do período medie-
val e a relação de poder entre o Estado e a Igreja.
1.2 Síntese
A Idade Média ficou conhecida como um período obscuro, marcado pelo 
atraso econômico e político do feudalismo, pelas guerras religiosas, pela peste 
negra e pelo monopólio restritivo da Igreja nos campos da educação e da cultura.
Após 476 d.C., com a ruína de Roma e o fim do escravismo, a população 
deixou as cidades para buscar sobrevivênciano campo, o que geraria o mundo 
agrário feudal, estabelecendo entre si, vínculos de origem econômica e social.
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A alta idade média é caracterizada pela desagregação da antiga ordem so-
cial, e pela divisão do império em reinos bárbaros. Torna-se necessário, então, 
restaurar a unidade perdida. Esse desejo se expressa na difusão do cristianismo, 
que representa na idade média o ideal de Estado universal.
Desde o final do Império Romano, quando o cristianismo se tornara a reli-
gião oficial, estabelece-se a ligação entre Estado e Igreja, em que esta funciona 
como legitimadora do poder do Estado, atribuindo-lhe uma origem divina.
O declínio do feudalismo, a baixa idade média, durou do século V ao sé-
culo XV. Estabelece-se, assim, uma nova ordem feudal no século XI, devido 
ao enfraquecimento do Estado, onde duques e barões tinham mais poder que 
o rei.
Na medida em que mantém o monopólio do saber, a igreja exerceu muita 
influência.
Os intelectuais pertenciam às ordens religiosas e as principais questões fi-
losóficas referiam-se às relações entre fé e razão, sendo que a razão deveria 
subordinar-se sempre à fé, critério mais adequado na busca da verdade.
O helenismo fornece o pano de fundo político e cultural que permite a 
aproximação entre a cultura judaica e a filosofia grega, o que tornará possível o 
surgimento de uma filosofia cristã. Os filósofos gregos passam a ser vistos como 
precursores do cristianismo por sua sabedoria e virtude.
São Paulo foi um judeu helenizado que se converteu e passou a pregar e a 
difundir a religião cristã em suas viagens. Com isso, grupos religiosos passaram 
a surgir nos grandes centros urbanos, e a doutrina cristã passa a ser interpretada 
como uma filosofia.
Os filósofos gregos, como Sócrates e Platão, são vistos como precursores do 
cristianismo, mesmo vivendo antes de Cristo.
A Escola Neoplatônica de Alexandria realizava a síntese entre o platonismo 
e os pensamentos cristãos.
Na Idade Média predomina uma concepção negativa do Estado. Isto, por-
que o homem teria uma natureza sujeita ao pecado e ao descontrole das pai-
xões, o que exige uma vigilância constante, cabendo ao Estado intimidar os 
homens para que ajam de forma correta.
De acordo com Monteiro (2009):
“Configuram-se duas instâncias de poder: a do Estado e a da Igreja. O Esta-
do é de natureza secular, voltado para as necessidades mundanas e caracteriza-
-se pelo exercício da força física. A Igreja é de natureza espiritual, voltada para 
os interesses da salvação da alma.”
Há uma estreita ligação entre política e moral, com a exigência de se for-
mar o governante justo, não tirânico, que por sua vez consiga obrigar, ainda 
que pelo medo, à obediência aos princípios da moral cristã.
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Exercício
8. (PUC-SP) Dentre os itens abaixo, dois representam características 
integrantes do ideário cristão que, à época do reconhecimento do 
cristianismo como religião oficial de Roma (séc. IV), funcionaram 
como elementos facilitadores da aliança que uniu os interesses da 
Igreja cristã aos do Estado romano:
 1. O dogma da transcendência divina.
 2. As noções de culpa original dos homens e de perdão divino.
 3. Os dogmas da criação e do juízo final.
 4. O missionarismo expansionista.
 5. A moral celibatária.
 6. As concepções de inferno, purgatório e reino dos céus.
 7. A estrutura hierárquica da organização clerical.
 Os itens corretos são os de número:
a) 5 e 1.
b) 3 e 6.
c) 4 e 7.
d) 6 e 4.
e) 3 e 7.
2. A Justiça em Santo Agostinho
2.1 Apresentação
Esta unidade abordará o pensamento filosófico de Santo Agostinho e sua 
concepção de justiça como expressão divina.
2.2 Síntese
Santo Agostinho nasceu no norte da África e é o filósofo mais importante 
do início da Idade Média, elaborando uma aproximação entre a filosofia pla-
tônica e o cristianismo, ao constituir a primeira síntese entre o pensamento 
cristão e a filosofia grega, o chamado platonismo cristão.
A verdadeira e legítima ciência é a teologia, e é aos seus ensinamentos que 
o homem deve dedicar-se para preparar a sua alma para a salvação e para a 
visão de Deus.
Através da teoria da interioridade e da iluminação, ele supõe que o conhe-
cimento não pode ser derivado da apreensão sensível. O homem descobre a 
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verdade olhando para a sua interioridade, através da iluminação divina, pois a 
mente humana possui uma centelha do intelecto divino, já que o homem foi 
criado à imagem e semelhança de Deus.
Em sua obra A Cidade de Deus, Santo Agostinho interpreta a história da 
humanidade, estabelecendo uma distinção entre a cidade de Deus e a cidade 
terrestre, eivada de vícios, instabilidades e injustiças.
A justiça não se vê nas ações do homem na Terra, mas na lei de Deus. 
Assim, a justiça não é mensurável pelos atos, pois é uma graça divina. Sendo 
expressão divina, a lei é imutável, e seus conteúdos de justiça e de injustiça são 
os mesmos para todos os povos e tempos.
Mesmo sendo a justiça uma expressão divina, e as leis, por sua falibilidade, 
injustas, os homens devem a elas se submeter para manter a ordem social. Esse 
é o desígnio de Deus.
Com Santo Agostinho é inaugurada uma nova visão de direito natural, não 
mais baseado na natureza das coisas, sendo flexível, histórico e social, mas no 
desígnio divino. Para Agostinho, o julgamento é necessário para a manutenção 
da ordem social, sendo justificável inclusive a tortura.
Para ele, Deus é quem constitui a autoridade, ainda que os poderes desta 
determinem injustiças, pois se os homens encontram-se em diferentes posições 
sociais, sendo que os de posição mais privilegiada devem mandar e o restante 
obedecer, é porque Deus assim o quer.
Para Santo Agostinho, a relação entre as dimensões terrena e celestial é de 
ligação e não de oposição, mas a repercussão do seu pensamento desemboca 
na doutrina chamada “agostinismo político”, que marca toda a Idade Média 
e significa o confronto entre o poder do Estado e o da Igreja, considerando a 
superioridade do poder espiritual sobre o temporal.
Exercício
9. (Universidade Estadual de Maringá − Adaptada) Santo Agostinho, 
expoente dessa filosofia, sobre a relação fé e razão, defendia a tese 
que se pode resumir nesta frase: Credo ut intelligam (Creio para en-
tender). A esse respeito, assinale certo ou errado:
 Santo Agostinho retoma a célebre teoria platônica das ideias à luz 
do cristianismo e formula a teoria da iluminação segundo a qual o 
homem recebe de Deus o conhecimento das verdades eternas: à se-
melhança do sol, Deus ilumina a razão e torna possível o pensar 
correto.
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3. A Justiça em São Tomás de Aquino
3.1 Apresentação
Esta unidade abordará o pensamento de São Tomás de Aquino enfocan-
do a questão das leis, a justiça e a política em sua obra.
3.2 Síntese
São Tomás de Aquino foi o maior representante da escolástica de Aristóte-
les, uma tendência da filosofia medieval influenciada por Aristóteles, mudando 
o enfoque dos temas políticos ao preocupar-se com questões como a natureza 
do poder e das leis, bem como a questão clássica do bom governo.
Dois fatores característicos do século XII devem ser considerados: o surgi-
mento das universidades e a criação das ordens religiosas dos franciscanos e 
anglicanos.
As universidades surgem em consequência do grande desenvolvimento das 
escolas ligadas às abadias e às catedrais.
A demanda pela educação era muito grande, na intenção de montar uma 
elite intelectual contra os hereges.
São Tomás de Aquino tratou, praticamente, de todas as questões da filosofia 
e da teologia da sua época. Partiu de Aristóteles para desenvolver seu sistema.
Em termos jurídicos, acredita que é possível que o homemdescubra na 
natureza, atos, comportamentos e medidas justas, mas que se devem indireta-
mente a Deus.
A filosofia tomista se caracteriza por ser a síntese do aristotelismo e as ver-
dades teológicas da fé cristã.
Como Aristóteles, São Tomás de Aquino considera que o homem só encon-
tra sua realização na cidade, e o plano político é a instância possível, em que o 
governo não tirânico pode aliar ordem e justiça na busca de um bem comum.
O uso da política deve requerer o uso da razão natural, não se circunscre-
vendo apenas no âmbito da teologia.
O Estado conduz o homem até certo ponto, quando então se exige o con-
curso do poder superior da Igreja, que cuidará da dimensão sobrenatural do 
destino humano. A paz resulta da unidade do Estado, sendo fundamental um 
governante virtuoso.
Além dos mandamentos divinos obtidos por meio da revelação e da fé, há 
um espaço para as leis naturais, que são divinas porque a natureza é criação de 
Deus, sendo, no entanto, passíveis do conhecimento humano.
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Em sua obra Suma teológica, São Tomás se dedica à filosofia do direito em 
duas partes: o tratado das leis e o tratado da justiça.
A lei é a regra e medida dos atos humanos. É um princípio que orienta o 
homem e a natureza, passível de ser compreendido pela razão humana. Uma 
lei que não é voltada ao bem comum não é lei.
As leis são classificadas em eterna (a razão divina que governa o mundo), 
divina (a regra de Deus anunciada aos homens por meio da revelação) e na-
tural (que se verifica na natureza, sendo obra de Deus, mas inteligível à razão 
humana).
O tratado da justiça toma o direito como objeto da justiça, chegando à 
questão do direito natural. Trata das leis divina, natural e humana.
Ao lado das leis, há a questão da justiça, cujo objeto específico é o direito. A 
justiça para ele é considerada o bem do outro, e sua manifestação é distributiva 
e retributiva.
Para São Tomás de Aquino, a lei humana é a ordem promulgada por quem 
tem a responsabilidade pela comunidade.
Estado é uma necessidade natural, pois o homem necessita de orientação 
para viver em sociedade. O objetivo é a convivência pacífica entre os homens, 
garantida pela lei.
Exercício
10. Julgue se o item a seguir é correto ou incorreto:
 Diferentemente dos modernos, para quem basta a validade formal 
estatal para que uma lei seja assim considerada, no pensamento de 
São Tomás de Aquino uma lei só será assim considerada se visar ao 
bem comum.
Capítulo 4
O Humanismo Renascentista
1. O Humanismo Renascentista
1.1 Apresentação
Esta unidade abordará a ideia de modernidade, com enfoque no surgi-
mento do humanismo renascentista e suas causas.
1.2 Síntese
O período moderno consolidou os ideais de progresso e desenvolvimento 
que reforçaram o pensamento racionalista e individualista adotado pela classe 
burguesa, demolindo o universo católico-feudal.
O uso do termo moderno opõe-se ao que é anterior, antigo, designando o 
atual, presente ou contemporâneo. Duas são as noções fundamentais relacio-
nadas ao moderno. Uma delas é a ideia de progresso, e a outra, a valorização 
do indivíduo.
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Três fatores históricos principais podem ser atribuídos à origem da Filoso-
fia Jurídica Moderna: o humanismo renascentista, a Reforma Protestante e a 
revolução científica.
Lutero recusa a autoridade da igreja e dos papas, dando origem à Igreja 
protestante.
A reforma protestante foi um movimento religioso de adequação aos novos 
tempos em que se desenvolvia o capitalismo, ajustando os ideais e valores às 
transformações socioeconômicas da Europa.
A revolução científica foi representada pela obra de Copérnico, que rom-
peu com o sistema geocêntrico, pela demonstração da validade do modelo 
heliocêntrico, empreendido por Galileu, e pela formulação da noção de um 
universo infinito e uma concepção do movimento dos corpos celestes. A ciên-
cia passa a valorizar a observação e o método experimental.
Intimamente ligadas à expansão comercial, à reforma religiosa e ao abso-
lutismo político, as transformações culturais dos séculos XIV a XVI estiveram 
articuladas com o capitalismo comercial e ficaram conhecidas como Renasci-
mento Cultural: um movimento da burguesia enfatizando uma cultura laica, 
racional e científica, buscando subsídios na cultura greco-romana.
O elemento central do Renascimento foi o humanismo. O homem passa a 
ser visto como o centro do universo, valorizando-se a vida terrena e a natureza 
em substituição ao divino (“antropocentrismo”). O homem renascentista, ar-
tista, cientista, literato, confunde-se com o próprio Deus pela sua genialidade 
e criatividade.
A filosofia passa a ser platônica e a ideia terrena faz nascer uma ciência 
fundamental, a política.
A nova visão do homem e da sociedade, da moral e da política constitui a 
base da discussão filosófica da modernidade, reaparecendo sob diferentes for-
mulações no pensamento dos filósofos modernos.
O lema sofista de Protágoras, em que diz que o homem é a medida de todas 
as coisas, leva a ruptura do período medieval.
Exercício
11. (Mackenzie – 1999) Leia o texto e julgue o item a seguir:
 Como descreve Pietro Maria Bardi, o impulso cultural do Renasci-
mento revigorou valores opostos aos dos homens medievais. Em to-
dos os campos do saber emergiu uma vitalidade cultural que rompia 
com os tradicionais limites. Chega-se até a rever, com dificuldades 
imagináveis, a teologia. A filosofia passa a ser platônica e a ideia ter-
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rena faz nascer uma ciência fundamental: a política. (BARDI, Pietro 
Maria. Gênios da Pintura: góticos e renascentistas. São Paulo: Abril, 
1980. p. 15).
 Trazer os problemas filosóficos para o eixo do próprio homem re-
presentou, na filosofia política, abdicar da tradição que imaginava a 
sorte política como sendo uma emanação da vontade divina.
2. O Pensamento de Maquiavel
2.1 Apresentação
Esta unidade abordará o pensamento político de Maquiavel.
2.2 Síntese
Nicolau Maquiavel (1469-1527) foi o pensador político mais original e in-
fluente de sua época, autor de O Príncipe. Maquiavel lutou pelo abandono 
dos padrões morais. Viveu em uma época em que a Itália se achava fragmen-
tada em principados e repúblicas, com muita hostilidade, sem estabilidade. 
Nessa época, ele ocupa a chancelaria do governo, o que lhe permitiu grande 
experiência na área política, entrando em contato direito com reis, papas, e 
César Bórgia, segundo ele, um exemplo de príncipe que a Itália precisava para 
se unificar.
Na obra O Príncipe percebe-se a defesa do absolutismo e do imoralismo. 
Veja um trecho: “é necessário a um príncipe para se manter que aprenda a 
poder ser mau, e que se valha ou deixe de valer disso segundo a necessidade”.
Rousseau no século XVIII traz à luz uma nova interpretação do “príncipe”. 
Afirma ele tal obra ser uma sátira, sendo que a verdadeira intenção de Maquia-
vel era desmascarar as práticas despóticas, ensinando ao povo como se defender 
dos tiranos.
Maquiavel ensina como o poder deve ser conquistado e mantido, justifi-
cando o poder absoluto.
Algumas ideias democráticas são demonstradas na obra de Maquiavel, di-
zendo que é sempre melhor ter o apoio do povo ao apoio dos grandes.
Para Maquiavel, homens de “virtu” são homens especiais, capazes de reali-
zar grandes obras, de perceber o jogo de forças que caracteriza a política, a fim 
de conquistar e manter o poder. O príncipe não pode descartar a oportunidade, 
senão, de nada vale um príncipe virtuoso.
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Sua obra gerou o mito do maquiavelismo que tem atravessado os séculos.
De acordo com Aranha e Martins (2009):
“A novidade do seu pensamento está na reavaliação das relações entre ética 
e política.Por um lado Maquiavel apresenta uma moral laica, secular, de base 
naturalista, diferente da moral cristã; por outro, estabelece a autonomia da polí-
tica, negando a anterioridade das questões morais na avaliação da ação política.
O pensamento de Maquiavel leva à reflexão sobre a situação dramática e 
ambivalente do homem de ação. Se o indivíduo aplicar de forma inflexível 
o código moral que rege sua vida pessoal à vida política, sem dúvida colherá 
fracassos sucessivos, tornando-se um político incompetente.
Defende o Estado absoluto e a valorização da política não atrelada à reli-
gião. Embora Maquiavel não tivesse usado o conceito de “razão de Estado”, 
é com ele que se começa a esboçar a doutrina que vigorará no século seguin-
te, quando o governante absoluto, em circunstâncias críticas e extremamente 
graves, a ela recorre, permitindo-se violar normas jurídicas, morais, políticas e 
econômicas.
É considerado o fundador da ciência política, subvertendo a abordagem 
tradicional da teoria política feita pelos gregos e medievais. Pode-se dizer que a 
sua política é realista, pois ele procura a verdade efetiva, partindo do pressupos-
to da natureza humana capaz do mal e do erro.
Maquiavel pretende desenvolver uma teoria voltada para a ação eficaz e 
imediata. A ciência política só tem sentido se propiciar o melhor exercício da 
arte política. Maquiavel torna a política autônoma porque a desvincula da ética 
e da religião, procurando examiná-la em sua própria especificidade.
A ética política se distingue da moral privada, uma vez que a ação política 
deve ser julgada a partir das circunstâncias vividas, tendo em vista os resultados 
alcançados na busca do bem comum”.
Exercício
12. (UEL – 2004) “O maquiavelismo é uma interpretação de ‘O Prín-
cipe,’ de Maquiavel, em particular a interpretação segundo a qual a 
ação política, ou seja, a ação voltada para a conquista e conservação 
do Estado, é uma ação que não possui um fim próprio de utilidade 
e não deve ser julgada por meio de critérios diferentes dos de conve-
niência e oportunidade.” (BOBBIO, Norberto. Direito e Estado no 
Pensamento de Emanuel Kant. Trad. de Alfredo Fait. 3. ed. Brasí-
lia: Editora da UNB, 1984. p. 14.)
 Com base no texto e nos conhecimentos sobre o tema, para Maquia-
vel o poder político é:
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a) Independente da moral e da religião, devendo ser conduzido 
por critérios restritos ao âmbito político.
b) Independente da conveniência e oportunidade, pois estas dizem 
respeito à esfera privada da vida em sociedade.
c) Dependente da religião, devendo ser conduzido por parâmetros 
ditados pela Igreja.
d) Dependente da ética, devendo ser orientado por princípios mo-
rais válidos universal e necessariamente.
e) Independente das pretensões dos governantes de realizar os in-
teresses do Estado.
3. A Filosofia Política do Liberalismo
3.1 Apresentação
Esta unidade abordará o pensamento liberal e sua vertente política.
3.2 Síntese
A palavra “liberal” resume um conjunto de ideias éticas, políticas e eco-
nômicas da burguesia que se opunha à visão de mundo da nobreza feudal, 
buscando a separação entre Estado e sociedade; entre o público e o privado, 
reduzindo ao mínimo a intervenção do Estado na vida de cada um.
O projeto filosófico de Descartes traduz como uma defesa do novo modelo 
de ciência contra uma inspiração escolástica de inspiração aristotélica. “Penso, 
logo existo” é a famosa máxima de Descartes.
O empirismo, ao contrário do racionalismo, toma a experiência sensível 
como guia e processo de validade. Todo conhecimento é derivado de uma 
experiência empírica do real.
Dentre os filósofos empiristas está Francis Bacon, cujo lema é “saber é po-
der”. Sua preocupação é a criação de um método que evite o erro e coloque o 
homem no caminho correto.
O liberalismo político constituiu-se contra o absolutismo real, buscando 
nas teorias contratualistas as formas de legitimação do poder, não mais fundado 
no direito divino dos reis, nem na tradição e herança, mas no consentimento 
dos cidadãos.
Houve um aperfeiçoamento das instituições do voto e da representação, 
bem como na autonomia dos poderes e uma consequente limitação do poder 
central.
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O liberalismo econômico se opôs inicialmente à intervenção do poder do 
rei nos negócios, extinguindo a concessão de monopólios e privilégios. Os pri-
meiros a se insurgirem contra o controle da economia foram os fisiocratas cujo 
lema era laissez-faire, laissez-passer, le monde va de lui-même (deixai fazer, dei-
xai passar, que o mundo anda por si mesmo).
O Estado mínimo, ou seja, o Estado não intervencionista é considerado 
possível porque o equilíbrio pode ser alcançado pela lei da oferta e da procura, 
baseada na livre iniciativa e competição do mercado, conforme as ideias de 
Adam Smith e David Ricardo […] (Wollmmann, 2011).
De acordo com Guizze (2005):
“O problema central do liberalismo e da discussão política desse período é 
a necessidade de conciliar as liberdades e os direitos individuais – concebidos 
como inerentes à própria natureza humana – com as exigências da vida em co-
munidade e, portanto, com o respeito ao direito do outro, imprescindível para o 
equilíbrio da vida social. […] Cria-se a necessidade da busca e discussão de um 
novo modelo de ordem social, de organização política, de legitimação do po-
der, representando pelas teses dos teóricos do liberalismo e do contrato social.”
Essa discussão leva, em última análise, ao surgimento da democracia re-
presentativa e do sistema parlamentar, ao estabelecimento de constituições e 
cartas de direitos civis. O primeiro passo se dá com a Revolução Gloriosa na 
Inglaterra, em 1688, seguindo-se a Revolução Americana (1776) e a Revolução 
Francesa (1789).
Exercício
13. (Cespe – Diplomata – 2010) Quanto aos vários sentidos de que se 
revestiu historicamente a noção de liberalismo político, assinale a 
opção incorreta:
a) Rejeição sistemática ao status quo.
b) Valorização dos direitos individuais.
c) Defesa intransigente da liberdade.
d) Faculdade de escolha sem coerção.
e) Conformidade com a lei.
4. Hobbes e o Estado Absoluto
4.1 Apresentação
Esta unidade abordará o pensamento político e jurídico de Thomas Hobbes.
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4.2 Síntese
Thomas Hobbes não é um pensador liberal, embora seja individualista. 
Sua obra teve uma influência marcante no desenvolvimento da discussão sobre 
as relações entre indivíduo e Estado. Teve como sua principal obra o Leviatã, 
que chegou a ser censurado pelo parlamento britânico.
Hobbes tem uma concepção negativa da natureza humana, considerando 
o homem como um ser naturalmente agressivo e belicoso (o homem é o lobo 
do homem). Para Hobbes, o homem é movido por suas paixões.
Como um filósofo contratualista, concebe de forma fictícia um estado de 
natureza em que o homem se encontraria em uma guerra de todos contra 
todos, caso se suspendesse a obrigação de se cumprirem as leis e contratos im-
postos pela sociedade.
Hobbes analisa a natureza humana em uma perspectiva mecanicista, em 
que a liberdade nada mais é que a ausência do mecanismo de impedimento 
para ação.
Hobbes oferece alguns argumentos que sustenta a posição de que a razão 
é uma medida natural dos valores e da justiça comum. Para ele, as diferenças 
entre os indivíduos são irrelevantes, já que mesmo o mais fraco pode matar o 
mais forte.
A constituição e o funcionamento da sociedade pressupõem que os indi-
víduos cedam uma parte de seus direitos e os transfiram a um soberano. Essa 
cessão e transferência de direitos e poderes consistem em um contrato social, 
por meio do qual se institui a sociedade civil organizada para a sobrevivência do 
próprio homem. É a esse soberano que Hobbes chama deLeviatã.
O poder é exercido de forma plena por um soberano, por meio da transfe-
rência a ele dos direitos de cada um dos indivíduos que compõem a sociedade.
A mais alta expressão da justiça está no cumprimento das determinações 
do soberano, na medida em que os homens alienaram seus interesses pessoais 
àquele que lhes dá em troca segurança e paz. Trata-se de um direito natural 
de autopreservação, ou ainda, de uma lei natural pela sobrevivência (Mar-
condes, 2008).
Para Hobbes, o direito consiste na liberdade de fazer ou omitir, ao passo que 
a lei determina ou obriga a uma dessas duas condutas.
Hobbes entende por leis civis, as que os homens são obrigados a respeitar, 
por serem membros de um Estado.
A lei civil é para o súdito constituída por aquelas regras que o Estado lhe 
impõe, oralmente, por escrito, ou por outro sinal suficiente de sua vontade.
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Exercício
14. (Cespe – Defensor Público da União – 2010) Com relação às con-
cepções teóricas de Estado, julgue o item subsequente:
 Para Thomas Hobbes, com a criação do Estado, o súdito deixa de ab-
dicar de seu direito à liberdade natural para proteger a própria vida.
5. Direito Natural em Locke
5.1 Apresentação
Esta unidade abordará o pensamento político e jurídico de John Locke.
5.2 Síntese
Locke era médico e descendia de uma família de burgueses.
Foi com a obra Dois Tratados sobre o Governo Civil, que Locke tornou-
-se o teórico da revolução liberal inglesa, cujas ideias iriam fecundar todo o 
século XVIII, dando fundamento filosófico também às revoluções ocorridas na 
Europa e nas Américas.
Locke não vê no estado de natureza uma situação de guerra e egoísmo, mas 
os riscos das paixões e da parcialidade são muito grandes e podem desestabili-
zar as relações entre os homens. Logo, visando à segurança e à tranquilidade 
necessárias ao gozo da propriedade é que as pessoas consentem em instituir o 
corpo político.
A garantia da propriedade privada aparece como a razão para a criação do 
seu pensamento político e jurídico. Para ele, os direitos naturais dos homens 
não desaparecem em consequência desse consentimento, mas subsistem para 
limitar o poder do soberano.
Embora o capitalismo estivesse em ascensão, o poder político ainda per-
tencia à monarquia, e a burguesia necessitava de algo que lhes desse poder 
compatível aos dos nobres. Daí surgiu a teoria da propriedade privada como 
direito natural feita por Locke.
Ele usa o conceito de propriedade num sentido muito amplo: é tudo aquilo 
que pertence a cada indivíduo, ou seja, sua vida, sua liberdade e seus bens.
Para Locke, a propriedade era um direito natural advindo de Deus, e que 
reis e nobres eram parasitas da sociedade, enquanto a burguesia lhes era supe-
rior, por adquirir propriedade com o seu suor.
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O burguês se reconhece como superior a todos. Se Deus deu a todos a 
função de trabalhar e concedeu o direito da propriedade privada, os que não 
conseguem, é porque não trabalharam o suficiente, e por isso devem trabalhar 
para os outros.
O Estado tem a função de arbitrar por meio das leis e da força a ordem 
social, e respeitar a liberdade econômica dos proprietários privados.
Locke considera o legislativo o poder supremo, ao qual deve se subordinar 
tanto o executivo quanto o poder federativo, aquele encarregado das relações 
exteriores.
É individualista e exalta que a essência humana é ser livre da dependência 
das vontades alheias; e a liberdade existe como exercício de posse (Wollm-
mann, 2011).
É o trabalho que dá início ao direito e propriedade em sentido estrito, en-
globando os bens, o patrimônio do indivíduo. Ao defender a propriedade priva-
da como direito natural, Locke constrói a sua filosofia do direito e política em 
favor da burguesia em ascensão.
Exercício
15. (Cespe – Defensor Público da União – 2010) “De acordo com a 
teoria política de John Locke, a propriedade já existe no estado de 
natureza e, sendo instituição anterior à sociedade, é direito natural 
do indivíduo, não podendo ser violado pelo Estado.”
6. Rousseau e a Soberania Popular
6.1 Apresentação
Esta unidade abordará o pensamento político e jurídico de Jean-Jacques 
Rousseau.
6.2 Síntese
O ponto de partida da filosofia de Rousseau é uma concepção de natureza 
humana representada pela famosa ideia segundo a qual o homem nasce bom, 
mas a sociedade o corrompe (Marcondes, 2011).
A essa ideia, ele acrescenta a de que o homem nasce livre e por toda parte 
se encontra acorrentado.
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A grande questão para Rousseau consiste em saber como preservar a liber-
dade natural do homem e ao mesmo tempo garantir a segurança e o bem-estar 
que a vida em sociedade pode lhe dar (Silva, 2011).
Para Wollmmann, (2011):
“No contrato social por ele proposto, o homem abdica de sua liberdade, 
mas sendo ele próprio parte integrante e ativa do todo social, ao obedecer à lei, 
obedece a si mesmo e, portanto, é livre. A obediência à lei que se estatuiu a si 
mesmo é a liberdade.
Para Rousseau, o contrato não faz o povo perder a soberania, pois não é 
criado um Estado separado dele. Mesmo quando cada associado se aliena to-
talmente em favor da comunidade, nada perde de fato, pois, enquanto povo 
incorporado, ele mantém a soberania.
Para Rousseau, soberano é o povo, o corpo coletivo que expressa, através 
da lei, a sua vontade geral. A soberania é inalienável, ou seja, não pode ser 
representada.
A democracia rousseauísta considera que toda a lei não ratificada pelo povo 
em pessoa é nula.
Os magistrados que constituem o governo estão subordinados ao poder de 
decisão do soberano e apenas executam as leis, devendo haver inclusive boa 
rotatividade na ocupação dos cargos.
O homem é livre na medida em que dá o livre consentimento à lei. E con-
sente por considerá-la válida e necessária.”
Para Rousseau, a pessoa privada tem uma vontade individual, que visa um 
interesse egoísta. Se somar os benefícios individuais, teremos a vontade de todos.
Enquanto cidadão e membro de uma comunidade, o indivíduo deve pos-
suir uma vontade caracterizada pelo interesse coletivo do bem comum.
Rousseau diz ainda que a educação forma uma vontade geral, e transforma 
o indivíduo em cidadão.
Exercício
16. (UEL – 2004) “Não sendo o Estado ou a Cidade mais que uma 
pessoa moral, cuja vida consiste na união de seus membros, e se o 
mais importante de seus cuidados é o de sua própria conservação, 
torna-se-lhe necessária uma força universal e compulsiva para mo-
ver e dispor cada parte da maneira mais conveniente a todos. Assim 
como a natureza dá a cada homem poder absoluto sobre todos os 
seus membros, o pacto social dá ao corpo político um poder absoluto 
sobre todos os seus, e é esse mesmo poder que, dirigido pela vontade 
geral, ganha, como já disse, o nome de soberania.” (ROUSSEAU, 
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Jean-Jacques. Do Contrato Social. Trad. de Lourdes Santos Macha-
do. 3. ed. São Paulo: Nova Cultural, 1994. p. 48).
 De acordo com o texto e os conhecimentos sobre os conceitos de 
Estado e soberania em Rousseau, é correto afirmar:
a) A soberania surge como resultado da imposição da vontade de al-
guns grupos sobre outros, visando a conservar o poder do Estado.
b) O estabelecimento da soberania está desvinculado do pacto so-
cial que funda o Estado.
c) O Estado é uma instituição social dependente da vontade impo-
sitiva da maioria, o que configura a democracia.
d) A conservação do Estado independe de uma força política cole-
tiva que seja capaz de garanti-lo.
e) A soberania é estabelecida como poder absoluto orientado pela 
vontade geral e legitimado pelo pacto social para garantir a con-
servação do Estado.
7. O Iluminismo e a Teoria da Tripartiçãodos 
Poderes de Montesquieu
7.1 Apresentação
Esta unidade abordará o iluminismo e a teoria da separação dos poderes 
de Montesquieu.
7.2 Síntese
O Iluminismo foi um movimento que abrangeu não só o pensamento filo-
sófico, mas também as artes, as ciências, a teoria política e a doutrina jurídica, 
refletindo um determinado contexto europeu político e social do século XVIII.
Para o Iluminismo a razão é fonte do progresso material, intelectual e moral.
Também tem como pressupostos básicos: a racionalidade humana, a igual-
dade e a crença nos direitos naturais.
O Iluminismo volta-se contra toda a autoridade que não esteja submetida à 
razão e à experiência, que não possa justificar-se racionalmente, que recorra ao 
medo, à superstição, à força e à submissão (Marcondes, 2008).
Caracteriza-se pela liberdade, exemplificada pela defesa da livre iniciati-
va no comércio, segundo o pensamento liberal e opondo-se ao absolutismo; 
pelo individualismo, que se baseia na existência do indivíduo livre e autônomo, 
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consciente e capaz de se autodeterminar; e pela igualdade jurídica, que visa 
garantir a liberdade do indivíduo contra os privilégios (Marcondes, 2008).
A Revolução Francesa (1789) é considerada uma tentativa de concretização 
dos ideais do Iluminismo, cristalizada na Declaração dos Direitos do Homem 
em seu artigo primeiro: “Os homens nascem e vivem livres e iguais em direitos”.
Montesquieu nasceu na França e era de família nobre. Ele foi jurista, filó-
sofo e escritor da política.
A obra mais importante de Montesquieu é O Espírito das Leis, na qual dis-
cute a respeito das instituições e das leis, buscando compreender a diversidade 
das legislações existentes em diferentes épocas e lugares.
Montesquieu distingue três espécies de governo: republicano, monárquico 
e despótico.
Ao procurar descobrir as relações que as leis têm com a natureza e o princí-
pio de cada governo, desenvolve a sua teoria do governo que alimenta as ideias 
fecundas do constitucionalismo, pelo qual se busca distribuir a autoridade por 
meios legais, de modo a evitar o arbítrio e a violência.
Concebeu a teoria da separação dos poderes em Executivo, Legislativo e Judi-
ciário, pois acreditava que só o poder poderia frear o poder (Wollmmann, 2011).
O poder executivo seria exercido por um rei que teria direito de veto sobre a 
decisão do parlamento. O poder legislativo, convocado pelo executivo, deveria 
ser dividido em duas casas, o corpo dos comuns, composto pelos representantes 
do povo, e o corpo dos nobres, formado de maneira hereditária, e com a facul-
dade de vetar as decisões do corpo dos comuns.
A chave da sua teoria está no sistema de freios e contrapesos. Ao analisar o 
abuso de poder por parte da monarquia, Montesquieu conclui que só o poder 
freia o poder, e daí a necessidade de cada poder se manter autônomo e consti-
tuído por pessoas e grupos diferentes.
Exercício
17. (FCC – Promotor de Justiça/CE − 2008) Considere o seguinte ex-
certo doutrinário transcrito, expressivo do constitucionalismo da pri-
meira metade do século XVIII:
 “Eis, assim, a constituição fundamental do governo de que falamos. 
O corpo legislativo, sendo composto de duas partes, uma paralisará 
a outra por sua mútua faculdade de impedir. Todas as duas serão 
paralisadas pelo poder executivo, que o será, por sua vez, pelo po-
der legislativo. Estes três poderes deveriam formar uma pausa ou 
uma inação. Mas como pelo movimento necessário das coisas, eles 
são obrigados a caminhar, serão forçados a caminhar de acordo.” 
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(MONTESQUIEU, Charles Louis de Secondat, baron de la Brède 
et de. O Espírito das Leis, tradução de Fernando Henrique Cardoso 
e Leôncio Martins Rodrigues, Brasília: UnB, 1995, p. 122).
 Sobre este texto, é correto afirmar que:
a) A declaração de inconstitucionalidade é a faculdade de impedir 
própria ao poder de julgar.
b) O corpo legislativo é composto de duas partes a bem das rela-
ções federativas.
c) A faculdade de impedir do rei (veto) pode ser superada pelas 
duas partes do corpo legislativo (rejeição do veto).
d) “Estes três poderes” são o poder legislativo, o poder executivo 
das coisas que dependem do direito das gentes (“poder execu-
tivo”) e o poder executivo das coisas que dependem do direito 
civil (“poder de julgar”).
e) Na hipótese de não haver acordo entre “estes três poderes” acer-
ca de um dado problema, eles se paralisam reciprocamente e o 
problema fica sem solução.
8. A Doutrina do Direito de Kant
8.1 Apresentação
Esta unidade abordará a doutrina do direito de Immanuel Kant.
8.2 Síntese
Em Kant, o direito possui um papel que se aproxima da moralidade, mas 
se distingue dela porque, enquanto o direito se impõe como uma ação exterior, 
concretizando-se no seu cumprimento, a moral busca a prática da lei baseada 
na vontade interna do sujeito.
Apenas as normas universais podem ser consideradas como justas.
O direito justo não é aquele que visa ao bem comum, não é aquele que se 
orienta para corrigir as desigualdades sociais e tampouco para amparar os mais 
frágeis na sua relação com os mais fortes. Apenas a forma da relação entre livres 
e iguais é o que importa.
O direito se faz como uma ação externa que não se pergunta a respeito de 
seus fundamentos íntimos no sujeito, e, daí, a coercibilidade pode levar ao ato 
de dever como uma expectativa de se furtar à sanção em caso de descumpri-
mento da lei.
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A coercibilidade do direito sempre resta como elemento problemático na 
estrutura do pensamento kantiano, tendo em vista que os indivíduos, todos 
racionais, se agissem moralmente e de boa vontade, poderiam se conduzir se 
não fossem obrigados em uma sociedade que exerce a coerção.
Kant apresenta a coerção estatal para a manutenção da ordem.
Para ele o fundamento do direito reside primeiro no direito privado e só 
depois no direito público. Isso deriva da ideia de que a propriedade privada e o 
contrato são elementos inscritos já no estado de natureza.
Para Kant, a associação que se faz historicamente entre os homens pres-
supõe como elemento de convivência e garantia de cada um, que havendo 
possuidores da terra, que esses sejam respeitados pelo que de fato é seu. É uma 
posição muito conservadora. A garantia da propriedade privada é um direito 
inabalável da razão.
Para ele, o direito público é uma decorrência necessária dos interesses 
privados.
Por isso, estrutura o direito público em três partes: o direito do Estado, os 
direitos das gentes e o direito cosmopolita.
O projeto de Kant era fundar uma sociedade calcada no direito público. 
Em sua obra A Paz Perpétua, Kant dirá que o estado dos homens é um estado 
de guerra, que sempre haverá uma ameaça constante, e por isso, deve-se ins-
taurar um estado de paz.
No que diz respeito ao direito das gentes, Kant diz que as nações se encon-
tram recentemente em estado de guerra. A proposta kantiana é uma federação 
de estados, dependendo de uma afirmação interna de cada Estado.
A internacionalização das relações entre as nações traria a paz perpétua, o 
que foi o embrião teórico para a Organização das Nações Unidas.
Trata-se de um direito do cidadão em uma sociedade internacional.
Pode-se dizer que o direito cosmopolita é um avanço proposto por Kant, em 
relação ao já tradicional direito das gentes.
A grande crítica que se fez ao modelo kantiano de direito é que a mera rela-
ção presumida, livre e igual, corresponderia ao apogeu da legitimação da rela-
ção da exploração capitalista, pois não levaria em conta considerações maiores 
a respeito da sua injustiça estrutural.
Exercício
18. (UEL − 2006) Sobre a concepção de justiça em Kant, é correto 
afirmar:
a) É definida pelo direito positivo e nele encontra

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