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Prevenção à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo (PLDFT) Aspectos Gerais PLD FT Apostila

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Escola de Administração Fazendária
ESAF
PREVENÇÃO À LAVAGEM DE DINHEIRO E 
AO FINANCIAMENTO DO TERRORISMO 
PLD/FT - ASPECTOS GERAIS
PREVENÇÃO À LAVAGEM DE DINHEIRO E 
AO FINANCIAMENTO DO TERRORISMO 
(PLD/FT) - MÓDULO I - ASPECTOS GERAIS
Capítulo 1 - Conhecendo o tema PLD/FT .......................................................................3
1 Conhecendo o tema PLD/FT ...................................................................................4
1.1 O que é lavagem de dinheiro? ..............................................................................5
1.2 O processo de lavagem de dinheiro e suas etapas ............................................6
1.2.1 – Colocação ................................................................................................6
1.2.2 – Ocultação .................................................................................................7
1.2.3 – Integração ................................................................................................7
1.3 Setores mais suscetíveis de serem utilizados na lavagem de dinheiro ............7
1.4 Origem dos recursos envolvidos na lavagem de dinheiro ...............................11
Capítulo 2 – A evolução histórica do tema PLD/FT .....................................................13
2 A evolução histórica .............................................................................................14
2.1 Organismos internacionais dedicados ao tema PLD/FT .................................17
Capítulo 3 – O sistema brasileiro de PLD/FT ...............................................................20
3 O sistema brasileiro de PLD/FT ............................................................................21
3.1 O papel do COAF, a Unidade de Inteligência Financeira do Brasil ...................22
Capítulo 4 – As pessoas obrigadas e o que se espera delas .....................................25
4 As pessoas obrigadas e o que se espera delas ...................................................26
4.1 Cadastro junto ao órgão regulador ...................................................................28
4.2 Identificação de clientes ....................................................................................29
4.3 Manutenção de cadastro de clientes ................................................................30
4.4 Registro de operações .......................................................................................30
4.5 Monitoramento de operações ...........................................................................30
4.6 Comunicações ao COAF ....................................................................................31
4.7 Políticas e procedimentos internos de PLD/FT ................................................34
4.7.1 Procedimentos de identificação de clientes e manutenção das 
informações cadastrais .....................................................................................36
4.7.2 Procedimentos de identificação de pessoas expostas politicamente ..37
4.7.3 Procedimentos para registro de operações ............................................40
4.7.4 Procedimentos para monitoramento de operações ...............................41
4.7.5 Procedimentos para comunicações ao COAF ........................................41
4.7.6 Procedimentos para treinamento de empregados .................................43
4.7.7 Procedimentos para criação de produtos e serviços .............................44
4.8 Consequências do não cumprimento da lei .....................................................44
4.8.1 Sanções previstas na lei .................................................................................45
Encerramento .................................................................................................................47
Glossário .........................................................................................................................48
Referências .....................................................................................................................50
Sumário
3
Capítulo 1 - Conhecendo o tema PLD/FT
Objetivos
Ao final deste capítulo, você deverá ser capaz de:
 Definir o conceito de lavagem de dinheiro;
 Identificar as etapas da lavagem de dinheiro;
 Distinguir os setores mais suscetíveis de serem utilizados na lavagem de 
dinheiro;
 Dar exemplo de instrumentos que podem ser utilizados no processo de lavagem 
de dinheiro.
4
1 Conhecendo o tema PLD/FT
De acordo com dados1 divulgados pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e 
Crime (UNODC), estima-se que 2% a 5% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, algo 
entre US$ 800 bilhões e US$ 2 trilhões, são “lavados” anualmente em todo o mundo.
Para ter uma melhor ideia do que este montante representa, compare-o com o total 
de riqueza produzida pela economia brasileira (PIB) em 2016: US$ 1,796 trilhão2.
Fique Ligado
2
Muito dinheiro, não? E observe que esses números são somente estimados, afinal, 
essas transações com dinheiro sujo ocorrem juntamente a transações regulares e 
nem sempre é possível identificá-las ou dimensionar seus valores.
Você ficará ainda mais surpreso ao saber que estes recursos retroalimentam a 
indústria do crime no mundo, pois a lavagem de dinheiro é amplamente utilizada para 
acobertar a origem de recursos obtidos por meio de atividades ilegais, tais como 
tráfico de drogas, tráfico de pessoas, desvio de recursos públicos, sonegação fiscal, 
entre outras, tornando o dinheiro disponível para financiar novos delitos.
Devido ao grande volume de recursos envolvidos, a lavagem apresenta como 
consequência danos tanto macro quanto microeconômicos, podendo desestabilizar 
determinados setores da economia e o sistema financeiro dos países (GOMES; SAADI, 
2008).
Já deve ter ficado claro que a lavagem de dinheiro é um problema mundial, e uma 
séria ameaça à sociedade em geral!
1 Referência 2013.
2 Dados do Banco Mundial.
5
O combate às atividades criminosas passa, necessariamente, pelo 
impedimento de uso do dinheiro obtido por meio dos delitos. É 
necessário “secar a fonte” dos recursos que sustentam as atividades 
das organizações criminosas, e isso só é possível se reprimirmos 
a transformação do dinheiro “sujo” em “limpo”. O que quebra uma 
empresa, seja ela criminosa ou não, é a falta de dinheiro.
Para entender melhor o assunto, vamos guiá-lo em uma jornada que mostrará como 
tudo começou, o que se tem feito para prevenir e desestimular a lavagem de dinheiro 
e como você pode fazer a diferença nesta história.
Mas antes, vamos entender melhor o que é essa tal “lavagem de dinheiro”...
1.1 O que é lavagem de dinheiro?
A maioria dos atos criminosos tem como objetivo gerar lucros para o indivíduo ou 
para o grupo que os realizam. A lavagem de dinheiro é o processamento destes lucros, 
produtos de crime, de modo a disfarçar sua origem ilegal, permitindo ao criminoso 
desfrutar desses benefícios sem tornar pública a sua fonte.3 Esta definição foi dada 
pelo Grupo de Ação Financeira Internacional (GAFI, do inglês Financial Action Task 
Force – FATF). Guarde este nome, ainda falaremos dele!
Quando uma atividade criminosa gera ganhos expressivos, é necessário achar uma 
forma para justificar tanto dinheiro, sem atrair atenção para o crime praticado. E como 
os criminosos fazem isso? Disfarçam a origem do dinheiro, mudam sua forma, usam 
o nome de outras pessoas, adquirem bens, movimentam-no para algum lugar em que 
eles chamariam menos atenção.
Em termos gerais, lavar dinheiro é dar uma aparência lícita ao produto 
do crime. Assim, a lavagem de dinheiro permite que traficantes, 
contrabandistas de armas, terroristas, sonegadores, funcionários 
corruptos, entre outros, mantenham suas atividades criminosas, 
alimentando-as com o dinheiro ilícito.
3 Disponível em: <http://www.fatf-gafi.org/faq/moneylaundering/#d.en.11223>.Acesso em: 10 jul. 2015.
6
1.2 O processo de lavagem de dinheiro e suas etapas
Para disfarçar a origem ilícita dos recursos sem comprometer os envolvidos, os 
criminosos utilizam-se, basicamente, de mecanismos que envolvem três etapas 
independentes, mas que podem ocorrer de forma simultânea, buscando:
a) Primeiro, o distanciamento dos recursos de sua origem, evitando uma 
associação direta deles com o crime;
b) Segundo, o disfarce de suas várias movimentações para dificultar o rastrea-
mento desses recursos;
c) Terceiro, a disponibilização do dinheiro novamente para os criminosos, depois 
de ter sido suficientemente movimentado no ciclo de lavagem e poder ser 
considerado “limpo”.
Formalmente, as fases desse processo são nomeadas como colocação, ocultação e 
integração, conforme abaixo detalhado.
Fase 1: Colocação Fase 2: Ocultação
Fase 3: Integração
1.2.1 – Colocação
A primeira etapa do processo é a colocação do dinheiro no sistema econômico. Para 
ocultar sua origem, o criminoso procura movimentar o dinheiro em países com regras 
mais permissivas ou naqueles que possuem um sistema financeiro com controles 
menos rígidos.
7
A colocação é efetuada por meio de depósitos, compra de instrumentos negociáveis 
ou compra de bens. Para dificultar a identificação da procedência, os criminosos 
aplicam técnicas sofisticadas e cada vez mais dinâmicas, tais como o fracionamento 
dos valores que transitam pelo sistema financeiro e a utilização de estabelecimentos 
comerciais que usualmente trabalham com dinheiro em espécie.
1.2.2 – Ocultação
A segunda etapa do processo consiste em dificultar o rastreamento contábil dos 
recursos ilícitos. O objetivo é quebrar a cadeia de evidências ante a possibilidade da 
realização de investigações sobre a origem do dinheiro.
Os criminosos buscam movimentá-lo de forma eletrônica, transferindo os ativos 
para contas anônimas – preferencialmente, em países amparados por lei de sigilo 
bancário – ou realizando depósitos em contas abertas em nome de “laranjas”, ou, 
ainda, utilizando empresas fictícias ou de fachada.
1.2.3 – Integração
Nesta última etapa, os ativos são incorporados formalmente ao sistema econômico. 
As organizações criminosas buscam investir em empreendimentos que facilitem 
suas atividades, podendo tais sociedades prestar serviços entre si. Uma vez formado 
o elo, torna-se cada vez mais fácil legitimar o dinheiro ilegal.
1.3 Setores mais suscetíveis de serem utilizados na lavagem 
de dinheiro
O estudo do tema demonstra a predileção dos criminosos por alguns segmentos 
econômicos nas transações de lavagem de dinheiro. Tal preferência se dá em função 
de particularidades destas atividades que, sem o devido cuidado, podem facilitar a 
colocação, a ocultação e a integração do ativo criminoso ao sistema econômico. Além 
de atividades específicas para lavar o dinheiro, os infratores também têm preferências 
por alguns países para ocultar o dinheiro lavado, valendo-se da diferença de regimes 
fiscais, cooperação internacional e aplicação de leis.
8
Assim, dentre os setores favoritos dos infratores, podemos destacar:
Paraísos Fiscais Paraísos Jurídicos
São assim denominados por 
oferecerem alíquotas de tributação 
muito baixas ou nulas, atraindo 
recursos estrangeiros e, ainda, garantindo 
proteger a identidade de seus proprietários 
por meio de sigilo bancário absoluto. A Secretaria da 
Receita Federal do Brasil publicou instrução normativa 
elencando as jurisdições consideradas “paraísos 
fiscais”.
Denominação dada a países que 
não cumprem a execução de cartas 
rogatórias, que não possuem tratados 
de extradição e nem acordos para 
compartilhamento de informações 
relevantes com autoridades de outros países.
Bolsas de valores Instituições financeiras
Os principais atrativos do setor são o 
alto índice de liquidez dos papéis 
negociados, a velocidade e a globalização 
de negócios, bem como a competitividade 
entre os operadores. As Bolsas são operadas por 
corretoras de títulos e valores mobiliários que têm a 
necessidade de fechar rapidamente negócios, e isso 
pode gerar certo descuido nos processos de 
identificação dos clientes.
Graças aos avanços tecnológicos 
do setor, que já disponibiliza 
transações financeiras a um simples 
clique no celular, ou até por meio de 
redes sociais, a circulação do dinheiro 
ganhou uma velocidade surpreendente. Transferências 
de recursos, financiamentos ou até operações 
complexas de compra e venda de ativos podem ser 
realizados em segundos, a partir de qualquer lugar.
Mercado imobiliário
As oportunidades vislumbradas 
pelos criminosos sobre este setor 
decorrem da preferência por 
transações em espécie, da subjetividade 
na precificação dos imóveis, da possibilidade 
de inflacionar valores por meio de falsas especulações 
imobiliárias, bem como utilizar-se de “laranjas” nas 
negociações.
São diversos os riscos que rondam estes 
setores, pois há a possibilidade de criação de 
cenários favoráveis à lavagem de dinheiro por qualquer 
um de seus “personagens”. Assim, segurados podem 
apresentar sinistros falsos e subscritores e 
participantes podem, respectivamente, transferir a 
propriedade de títulos de capitalização sorteados e 
inscrever pessoas falecidas em planos de previdência 
privada aberta, etc.
Seguros, capitalização 
e previdência 
privada aberta
Jogos e sorteios Internet e comércio 
eletrônico
A possibilidade de manipulação de 
premiações e realização de grande volume 
de apostas em uma determinada 
modalidade de jogo, buscando fechar 
combinações, favorece a lavagem de dinheiro. Não 
importa se o valor do investimento será maior que o 
retorno, desde que consiga dar ao dinheiro uma 
aparência de legalidade e possa utilizá-lo sem levantar 
suspeitas. Um exemplo seria a compra de um bilhete 
contemplado por valor superior ao prêmio.
Cada vez mais empresas vêm 
expandindo seus negócios para o 
mundo on-line, ampliando a oferta de 
produtos, serviços e meios de pagamentos, e toda essa 
inovação acaba por se converter em possibilidades 
para lavagem de dinheiro. De olho no crescimento 
desses setores, e buscando mitigar os riscos decor-
rentes dessa expansão, em 9 de outubro de 2013 foi 
promulgada a Lei nº 12.865, definindo regras para 
arranjos e instituições de pagamento, e disciplinando a 
prestação de serviços de pagamento ao público, tais 
como: cartões de crédito, débito, pré-pago, serviços de 
transferência e remessas de recursos.
9
Offshore (Centros Financeiros) Outros setores 
vulneráveis
Jurisdições em que grande parte 
das transações do sistema 
financeiro envolve pessoas físicas ou 
jurídicas não residentes na jurisdição e 
em que a maioria das instituições 
financeiras envolvidas é controlada por não residentes. 
Os centros offshore também se caracterizam por serem 
jurisdições que oferecem tributação baixa ou zero, 
regulamentação frouxa do setor financeiro, regras mais 
severas de segredo bancário e anonimato4.
Além dos setores, atividades e 
localidades mencionados nos itens 
anteriores, o comércio de obras de arte, 
antiguidades, joias, pedras e metais 
preciosos, bens de luxo ou de alto valor, entre outros, 
também requer atenção constante do Estado, da 
sociedade e dos próprios setores envolvidos, pois tem 
se apresentado como suscetível de ser utilizado 
por criminosos. Como principais atrativos, 
destacam-se os valores envolvidos e a relativa 
facilidade de comercialização desses objetos. 
Acrescente-se, ainda, certa subjetividade na valoração 
dos bens e a possibilidade de utilização de inúmeros 
instrumentos financeiros nas transações, os quais, em 
muitos casos, viabilizam o anonimato.
4
É comum vermos nos noticiários que a polícia encontrou carros de luxo e joias nas 
casas de pessoassuspeitas de cometer o crime de lavagem de dinheiro. Certamente, 
você já viu imagens como essas:
Carros apreendidos em operação policial. 
Fonte: Currentbuzz. Acesso em: 18 fev. 2016.
4	 Definição	 do	 Banco	 Central	 do	 Brasil	 (Bacen).	 Disponível	 em:	 <http://www.bcb.gov.br/glossario.
asp?Definicao=1441&idioma=P&idpai=GLOSSARIO>. Acesso em: 10 jul. 2015.
10
Joias confiscadas. 
Fonte: Komonews. Acesso em: 18 fev. 2016.
Relógios apreendidos em operação policial. 
Fonte: hispanicallyspeakingnews. Acesso em: 
18 fev. 2016.
Um pouco menos comum, porém tão grave quanto, são as notícias envolvendo a 
lavagem de dinheiro por meio de obras de arte. A mídia noticiou exaustivamente, há 
alguns anos, situações em que foram envolvidas obras de arte em suposto processo 
de lavagem de dinheiro.
Fonte: Folha S. Paulo. Acesso em: 18 fev. 2016. 
Obras de arte
Como já foi dito, a criatividade dos criminosos não tem fim. Da mesma forma, há 
que se ter em mente que essa relação de setores vulneráveis à lavagem de dinheiro 
também não é exaustiva. Deve-se estar atento ao oferecer novos produtos e serviços 
ao mercado, pois, por vezes, a indústria do crime torna-se o seu maior cliente.
11
1.4 Origem dos recursos envolvidos na lavagem de dinheiro
Como já vimos, o dinheiro é “lavado” para esconder sua origem criminosa. A lavagem 
de dinheiro, portanto, decorre de uma infração penal antecedente. A criminalização da 
lavagem de dinheiro, no entanto, depende da legislação adotada por cada país.
Atualmente, existem três gerações de leis de criminalização da lavagem de dinheiro 
no mundo, a saber:
Leis de primeira geração
Assim referidas as leis antilavagem que consideram apenas o tráfico de drogas como 
crime antecedente, ou seja, apenas a dissimulação da origem e do destino de recursos 
oriundos de tráfico de drogas é considerada lavagem de dinheiro.
Leis de segunda geração
Trazem um rol de crimes antecedentes, considerados crimes graves, aos quais estão 
associados o dinheiro sujo. Apesar de serem menos restritivas que as leis de primeira 
geração, ainda limitam a punição dos lavadores, pois se o dinheiro tiver origem/
destino em um crime não contemplado na lei, sua colocação, sua ocultação e sua 
integração ao sistema econômico não são consideradas lavagem de dinheiro.
Leis de terceira geração
O dinheiro sujo está associado a qualquer infração penal antecedente. Assim, não há 
um rol restritivo de crimes para caracterizar a lavagem de dinheiro. Qualquer recurso 
obtido por meio de ilícito penal pode tipificá-la.
Apenas como forma de ilustrar possíveis origens dos ativos criminosos, vamos listar 
a seguir, muito objetivamente, alguns exemplos de crimes que movimentam muito 
dinheiro para os criminosos:
 Tráfico ilícito de substâncias entorpecentes ou drogas afins;
 Contrabando ou tráfico de armas, munições ou material destinado à sua 
produção;
 Extorsão mediante sequestro;
 Corrupção;
 Sonegação fiscal;
 Crime contra o sistema financeiro nacional;
 Crime praticado por organização criminosa.
12
Perceba que todos esses crimes têm em comum o dinheiro como produto – o objetivo 
deles é obter dinheiro. E os criminosos precisam encontrar alguma forma de usar 
esse dinheiro, sem chamar a atenção para o crime cometido.
E como surgiu o crime de lavagem de dinheiro?
É o que veremos no capítulo a seguir.
13
Capítulo 2 – A evolução histórica do tema PLD/FT
Objetivos
Ao final deste capítulo, você deverá ser capaz de:
 Descrever a evolução da criminalização da lavagem de dinheiro;
 Reconhecer os organismos internacionais que tratam do tema da prevenção à 
lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo e avaliar sua importância 
para os países-membros.
14
2 A evolução histórica 
O contexto atual leva-nos a pensar no crime de lavagem de dinheiro como um problema 
característico do Brasil. Mas uma simples pesquisa bibliográfica demonstra que sua 
origem é remota, tanto no tempo quanto no espaço. Alguns autores relatam rumores 
de sua existência já nos tempos bíblicos, com base na história de Ananias e Safira, 
que teriam acobertado o valor real da venda de um imóvel, que deveria ser entregue 
aos apóstolos, retendo parte do valor em benefício próprio. Outros autores atribuem 
aos mercadores chineses a sua criação, há mais de 3.000 anos, para proteger seus 
lucros do insaciável apetite tributário dos governantes.
Em um quadro mais atual, encontraremos o surgimento da lavagem de dinheiro 
associado aos mafiosos italianos e americanos.
Entre 1960 e o fim da década de 1980, a Itália enfrentou seus 
“anos de chumbo”. A fase, registrada por uma onda de atentados 
terroristas e conflitos generalizados encabeçados pelas máfias 
italianas, culminou com o sequestro e o assassinato do ex-
primeiro-ministro Aldo Moro, em 1978. O sequestro tinha por 
finalidade financiar as ações das Brigadas Vermelhas (Brigate 
Rosso), mas não logrou sucesso.
A morte do político causou profunda comoção no país, resultando na edição do 
Decreto-Lei nº 59, em 21 de março de 1978, que “incriminou a substituição de dinheiro 
ou de valores provenientes de roubo qualificado, extorsão qualificada ou extorsão 
mediante sequestro por outros valores ou dinheiro” (DE CARLI, 2008). O governo 
italiano buscava, assim, escassear os recursos das organizações criminosas, tratando 
a lavagem de dinheiro como crime.
Apesar de ter sido a Itália o primeiro país a criminalizar a lavagem de dinheiro, a 
prática parece ter sido inicialmente identificada nos Estados Unidos, no início do 
século XX, após a edição da “Lei Seca”, em 1919, proibindo a produção, a venda e o 
transporte de bebidas com mais de 0,5% de álcool. Tal controle não foi bem aceito 
pela população e acabou por estimular a produção clandestina, comandada por 
organizações criminosas.
Fonte: Wikipedia. 
Aldo Moro
15
Fonte: Wikipedia. 
Al Capone
A atividade movimentou milhões de dólares, e, para não levantar suspeitas de sua 
origem ilícita, seus lucros eram misturados aos recursos obtidos por meio de negócios 
legítimos, que giravam muito dinheiro vivo, como lavanderias e lava-jatos. Assim teria 
surgido o termo “lavagem de dinheiro”.
Após anos tentando combater o crime organizado, que, com a queda da Lei Seca, 
voltou-se para os jogos e o tráfico de entorpecentes, em 1970 os legisladores 
americanos determinaram, por meio da Bank Secrecy Act (BSA) – Lei de Sigilo 
Bancário –, que as instituições financeiras deveriam comunicar ao governo5 americano 
todas as transações financeiras superiores a US$ 10 mil. A medida visava permitir o 
acompanhamento da circulação do dinheiro e, consequentemente, o rastreamento de 
sua origem.
A esta altura, as organizações criminosas e a lavagem de dinheiro já eram uma 
preocupação mundial. Em 1988, os Estados-membros da Organização das Nações 
Unidas (ONU) reuniram-se na Convenção Contra o Tráfico Ilícito de Entorpecentes e 
Substâncias Psicotrópicas (Convenção de Viena) para “tratar de forma mais eficaz 
o tráfico de drogas, acabar com os lucros de organizações criminosas através da 
produção de drogas ilícitas e do tráfico e fornecer novas ferramentas aos governos”.6
5	 Atualmente,	estas	comunicações	são	enviadas	ao	Financial	Crimes	Enforcement	Network	(FinCEN),	órgão	do	
Departamento	do	Tesouro	norte-americano	contra	Crimes	Financeiros.
6 Disponível em: <https://nacoesunidas.org/convencao-da-onu-contra-trafico-de-entorpecentes-e-
substancias-psicotropicas-faz-25-anos/>. Acesso em: 10 jul. 2015.
16
Apesar do objetivo inicial da Convenção de Viena ter sido a repressão ao tráfico 
de drogas, foi desta reunião que surgiu o primeiro instrumento jurídico a definir a 
obrigatoriedade da criminalização da lavagem de dinheiro pelos Estados-membros.
Por meio da Convenção de Viena, todos os países signatários comprometeram-sea 
combater a lavagem de dinheiro oriunda do tráfico de drogas, inclusive o Brasil, que 
ratificou a Convenção em 1991, por meio do Decreto nº 154, de 26 de junho de 1991, 
e, em 3 de março de 1998, promulgou a Lei nº 9.613.
No começo dos anos 1990, já se estimava que dezenas de bilhões 
de dólares, advindos do tráfico de drogas, eram lavados nos Estados 
Unidos e na Europa. Sabendo que o dinheiro sujo não era apenas 
proveniente do tráfico de drogas, mas também de atividades ligadas 
aos jogos de azar, à prostituição e à extorsão, entre outros, o montante 
de dinheiro lavado deveria ser ainda maior. Assim, como resposta à 
crescente preocupação mundial com a lavagem de ativos ilícitos, por 
ocasião da Reunião de Cúpula do G-7, ocorrida em Paris, em 1989, 
foi criado o Grupo de Ação Financeira sobre Lavagem de Dinheiro (GAFI, do inglês 
Financial Action Task Force – FATF), que surgiu com o dever de examinar as técnicas 
e as tendências da lavagem de dinheiro e estabelecer medidas necessárias ao seu 
combate e prevenção. Em 1990, foram publicadas as 40 Recomendações do GAFI, que 
constituíram, com o passar dos anos, a base de um amplo plano de ação e práticas de 
PLD. Adicionalmente, o documento estabelecia um conjunto de contramedidas para 
ser aplicado pelos membros do GAFI contra os países e territórios não cooperantes que 
não se dispusessem a adotar melhorias num prazo de tempo razoável (ROMANTINI, 
2003).
Inicialmente constituído por membros da Europa e da América do Norte, a partir de 
2000, o GAFI admitiu a entrada de países latino-americanos, como a Argentina, o Méxi-
co e o Brasil. Além disso, o organismo internacional procurou constantemente desen-
volver mecanismos adicionais que fomentassem a cooperação entre os países. Nesse 
contexto, podemos citar a chamada “lista dos países e territórios não cooperantes”. 
Em 2000, ocorreu a publicação de um documento que estabelecia os 25 critérios para 
identificar os países e territórios não cooperantes com o esforço internacional de PLD. 
Esses critérios foram criados tendo como base as 40 Recomendações do GAFI.
Outra mudança de destaque no cenário internacional, ainda no começo da década 
passada, tomou forma com os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, nos 
Estados Unidos. Como consequência da forte reação da comunidade internacional, 
desencadeada pelos ataques ao World Trade Center, o combate ao terrorismo passou 
17
a ser alvo de uma intensa campanha internacional. Dessa maneira, passou-se a incluir 
o financiamento do terrorismo entre os alvos do aparato institucional já existente de 
combate à lavagem de dinheiro, instituindo o termo prevenção à lavagem de dinheiro 
e ao financiamento do terrorismo (PLD/FT).
Lei Seca 
(EUA)
1919
Sequestro e assassinato de Aldo 
Moro, pelas Brigadas Vermelhas
(Itália)
Decreto-Lei nº 59 - Criminalização 
da Lavagem de Dinheiro 
(Itália)
Bank Secrecy Act
(EUA)
Money Laudering Control Act - 
Criminalização da Lavagem de Dinheiro
(Itália)
Convenção de Viena 
(Austria)
Criação do FATF – GAFI
(França)
Atentados 11 de setembro
(EUA)
40 Recomendações do FATF - GAFI
(França)
2001
1970
19781978
1988
1986
1990
1989
Anos de Chumbo
(Itália)
Fim dos anos 60
a
Início dos anos 80
Após os atentados de 2001, o GAFI teve seu mandato expandido para poder tratar 
também da questão do financiamento dos atos e das organizações terroristas, 
bem como das questões referentes ao financiamento da proliferação de armas de 
destruição em massa. Assim, foram criadas recomendações específicas para combate 
ao financiamento do terrorismo. Atualmente, essas recomendações fazem parte das 
40 Recomendações do GAFI e são apresentadas na seção “C – Financiamento do 
Terrorismo e Financiamento da Proliferação” da referida publicação.
2.1 Organismos internacionais dedicados ao tema PLD/FT
Após sua criação, em 1989, o GAFI, com sede em Paris, tornou-se o principal 
organismo a nível internacional na luta contra a lavagem de dinheiro. Desde a sua 
fundação, o número de membros do GAFI passou de 16 para 36 (2014), encontrando- 
se, atualmente, em processo de expansão (FATF/GAFI, 2014).
18
O Grupo de Ação Financeira possui três objetivos principais:
 Monitorar o progresso dos países membros na implementação das 
Recomendações do GAFI;
 Analisar as técnicas e contramedidas de lavagem de dinheiro e financiamento 
do terrorismo;
 Promover a adoção e a aplicação das Recomendações do GAFI em todo o 
mundo (FATF/GAFI, 2014).
Ao se tornarem membros do GAFI, os países comprometem-se a aceitar uma 
rígida disciplina de se submeterem a avaliações mútuas periódicas. Essas infor-
mações são compiladas e analisadas, a fim de orientar o organismo em sua políti-
ca de zelar pelo cumprimento de suas recomendações. No processo de avaliação 
mútua, cada país é avaliado por meio de visita de uma equipe de especialistas 
oriundos dos governos de outros países-membros. O objetivo do relatório gerado 
pela missão é apontar o estágio de desenvolvimento das instituições antilavagem 
do país, além de identificar as áreas que precisam de uma maior atenção.
(ROMANTINI, 2003)
O GAFI busca disseminar a todos os países do mundo as políticas de PLD/FT. No 
intuito de alcançar esses objetivos de forma mais eficiente, o GAFI tem estimulado 
o desenvolvimento de grupos financeiros regionais antilavagem (ROMANTINI, 
2003). Esses grupos têm como objetivo principal encorajar a implementação das 
recomendações e práticas do GAFI entre seus respectivos membros. Junto com o 
GAFI, os grupos regionais somam uma rede de cerca de 190 países comprometidos 
com a integridade do sistema financeiro internacional (FATF/GAFI, 2014).
Com relação ao cenário internacional de PLD/FT, não se pode deixar de citar o Grupo 
de Egmont. Em reconhecimento aos benefícios adquiridos com o desenvolvimento 
da rede de Unidades de Inteligência Financeira (UIFs, do inglês Financial Intelligence 
Units – FIUs), um conjunto de UIFs reuniu-se em 1995 no Palácio de Egmont Arenberg 
em Bruxelas, Bélgica, e decidiu formar um grupo informal visando estimular a 
cooperação internacional. Hoje conhecido como “Grupo de Egmont”, esse organismo 
reúne estas UIFs que se encontram regularmente para buscar formas de cooperar 
entre si, especialmente nas áreas de intercâmbio de informações, treinamento e troca 
19
de experiências. Atualmente, há 1567 UIFs membros do Grupo de Egmont, além de 
várias outras em fase de implantação. Confira a lista de países que integram o Grupo 
de Egmont.
Mapa mundi com indicação dos países do Grupo Egmont
Ainda no contexto internacional, faz-se necessário registrar que o Brasil faz parte 
do Grupo de Ação Financeira da América Latina (GAFILAT). Primeiramente nomeado 
como Grupo de Ação Financeira da América do Sul (GAFISUD), o grupo surgiu em 
2000, a partir de acordo entre os governos de nove países sul-americanos, entre eles 
o próprio Brasil. Em 2006, o grupo começou a incorporar países da América Latina, 
atingindo, em 2013, 16 membros, e modificando seu nome para GAFILAT.
E o Brasil? O que tem feito para prevenir e combater a lavagem de 
dinheiro e o financiamento do terrorismo?
No próximo capítulo, veremos o sistema brasileiro de prevenção à lavagem de dinheiro.
7 Dados de 04/09/2017.
20
Capítulo 3 – O sistema brasileiro de PLD/FT
Objetivos
Ao final deste capítulo, você deverá ser capaz de:
 Relatar a atuação do Brasil na PLD/FT;
 Descrever o papel do COAF como UIF do Brasil.
21
3 O sistema brasileiro de PLD/FT
Como já vimos, desde 1988, quando assinou a Convenção de Viena, e em 1991, ao 
ratificá-la por meio do Decreto nº 154, o Brasil vem atuando firmemente na prevenção 
e no combate à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo.
Tal atuação foi reafirmada em 1998, por meio da publicação da Lei nº9.613, dispondo 
sobre crimes de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores, bem como sobre a 
prevenção da utilização do sistema financeiro para os ilícitos nela previstos.
Essa lei atribuiu às pessoas físicas e jurídicas de diversos setores econômico-
financeiros responsabilidades especiais na identificação de clientes, na manutenção 
de registros de operações e na comunicação de operações suspeitas ao COAF, 
sujeitando-as ainda às penalidades administrativas pelo eventual descumprimento 
das obrigações.
A Lei nº 9.613, de 1998, constitui um divisor de águas na prevenção e no combate 
à lavagem de dinheiro no Brasil, não apenas pelo fato de tipificar o crime, mas, 
sobretudo, por trazer a previsão de como o Estado deve se organizar para combatê-
lo, inclusive criando uma UIF com a finalidade de receber, examinar e disseminar 
situações suspeitas de lavagem de dinheiro, bem como disciplinar e aplicar penas 
administrativas, sobre a qual falaremos mais à frente.
 Em 2012, importantes alterações foram promovidas pela Lei nº 12.683, que 
alterou a Lei nº 9.613, de 1998, assegurando importantes avanços para a 
prevenção e combate à lavagem de dinheiro, tais como a extinção do rol 
taxativo de crimes antecedentes, admitindo-se como antecedente da lavagem 
de dinheiro qualquer infração penal;
 A inclusão das hipóteses de alienação antecipada e outras medidas 
assecuratórias que garantam que os bens apreendidos não sofram 
desvalorização ou deterioração;
 Inclusão de novos sujeitos obrigados, tais como cartórios, profissionais que 
exerçam atividades de assessoria ou consultoria financeira, representantes de 
atletas e artistas, feiras, comerciantes de bens de luxo ou de alto valor, dentre 
outros;
 Aumento do valor da multa para até R$ 20 milhões.
Lembrando do que tratamos no cenário internacional, vimos que, após os atentados 
terroristas de 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos, o GAFI passou a tratar do 
tema, publicando inclusive recomendações específicas, visando identificar e bloquear 
recursos financeiros de terroristas.
22
No Brasil, a questão do terrorismo foi tratada pela Lei nº 13.260, de 
2016, que tipifica o terrorismo, trata de disposições investigatórias e 
processuais e reformula o conceito de organização terrorista.
A lei, além de tipificar a conduta terrorista propriamente dita, 
também criminaliza os atos preparatórios ao terrorismo, tais como 
recrutamento, organização e treinamento de indivíduos com o 
propósito de consumar o delito.
3.1 O papel do COAF, a Unidade de Inteligência Financeira do Brasil
Como vimos anteriormente, visando combater o tráfico internacional de drogas 
e o crime organizado, os participantes da Convenção de Viena constataram a 
necessidade de suprimir os recursos das organizações criminosas. Sob tal orientação, 
os países signatários desenvolveram regras, com base na Bank Secrecy Act,8 mas 
que ampliavam a obrigação de comunicar operações suspeitas, antes incumbência 
apenas das instituições financeiras, a outros setores produtivos.
O fluxo da informação também foi ampliado pelo sistema, já que inicialmente tinha 
por foco as investigações de tráfico de drogas, mas se mostrou igualmente eficiente 
para investigação de outros crimes.
Contudo, a adaptação ao sistema não foi simples. O setor produtivo tinha dúvida 
de como implementar medidas para comunicar operações suspeitas às autoridades, 
visto que, para tanto, seria necessário fazer uma denúncia baseada em situações 
ilícitas e não apenas em desconfianças.
Sem a comunicação desses setores, as autoridades acabavam não tomando 
conhecimento das operações suspeitas. Não havendo comunicação, não havia 
investigação, e a criminalidade continuava expandindo suas atividades e lavando 
seus lucros impunemente.
8	 Lei	norte-americana	contra	a	lavagem	de	dinheiro,	já	mencionada	no	capítulo	2.
23
Percebeu a dificuldade? Foi então que surgiu a ideia de criar uma instituição 
com poderes para receber as comunicações dos setores obrigados, analisar 
suas informações e encaminhar os possíveis indícios de crimes às 
autoridades competentes: a Unidade de Inteligência Financeira (UIF).
No Brasil, a UIF é o COAF.
De acordo com a Lei nº 9.613, de 1998, o COAF, criado no âmbito do Ministério da 
Fazenda, tem por competências:
 Receber, examinar e identificar as ocorrências suspeitas de atividades ilícitas;
 Comunicar às autoridades competentes para a instauração dos procedimentos 
cabíveis nas situações em que o Conselho concluir pela existência, ou fundados 
indícios, de crimes de “lavagem”, ocultação de bens, direitos e valores, ou de 
qualquer outro ilícito;
 Coordenar e propor mecanismos de cooperação e de troca de informações que 
viabilizem ações rápidas e eficientes no combate à ocultação ou dissimulação 
de bens, direitos e valores;
 Disciplinar e aplicar penas administrativas.
24
Em linhas gerais, o papel do COAF é o de receber comunicações 
de operações suspeitas, analisar e disseminar as informações 
para as autoridades competentes. Estas são suas atribuições de 
UIF. Além destas, desempenha também o papel de regulador dos 
setores econômicos listados na lei e cuja atividade não possui órgão 
regulador ou fiscalizador próprio. Nesses casos, cabe ao Conselho 
definir regras e procedimentos para esses setores, além da aplicação 
de sanções previstas no Art. 12 da lei.
A composição do COAF também foi definida pela Lei nº 9.613, de 1998, e prevê sua 
estruturação com servidores públicos de reputação ilibada e reconhecida competên-
cia, designados em ato do Ministro de Estado da Fazenda, dentre os integrantes do 
quadro de pessoal efetivo dos órgãos:
O Presidente do Conselho é nomeado pelo Presidente da República, por indicação do 
Ministro da Fazenda.
25
Capítulo 4 – As pessoas obrigadas e o que 
se espera delas
Objetivos
Ao final deste capítulo, você deverá ser capaz de:
 Identificar os principais deveres das pessoas obrigadas previstas na Lei nº 
9.613/1998;
 Aplicar políticas e procedimentos de PLD/FT nas atividades das pessoas 
obrigadas;
 Apontar as sanções decorrentes do descumprimento das obrigações previstas 
na Lei nº 9.613/1998.
26
4 As pessoas obrigadas e o que se espera delas
Antes de adentrar nas obrigações decorrentes da lei, é interessante ressaltar quem 
possui essas obrigações e por quê. As chamadas pessoas obrigadas estão listadas 
no Art. 9º da Lei nº 9.613, de 1998, e trata-se de um rol bem extenso. Vejamos:
Art. 9º Sujeitam-se às obrigações referidas nos arts. 10 e 11 as pessoas físicas e jurídicas que 
tenham, em caráter permanente ou eventual, como atividade principal ou acessória, cumulati-
vamente ou não:
I – a captação, intermediação e aplicação de recursos financeiros de terceiros, em moeda 
nacional ou estrangeira;
II – a compra e venda de moeda estrangeira ou ouro como ativo financeiro ou instrumento 
cambial;
III – a custódia, emissão, distribuição, liquidação, negociação, intermediação ou administração 
de títulos ou valores mobiliários.
Parágrafo único. Sujeitam-se às mesmas obrigações:
I – as bolsas de valores, as bolsas de mercadorias ou futuros e os sistemas de negociação do 
mercado de balcão organizado;
II – as seguradoras, as corretoras de seguros e as entidades de previdência complementar ou 
de capitalização;
III – as administradoras de cartões de credenciamento ou cartões de crédito, bem como as 
administradoras de consórcios para aquisição de bens ou serviços;
IV – as administradoras ou empresas que se utilizem de cartão ou qualquer outro meio eletrô-
nico, magnético ou equivalente, que permita a transferência de fundos;
V – as empresas de arrendamento mercantil (leasing) e as de fomento comercial (factoring);
VI – as sociedades que efetuem distribuição de dinheiro ou quaisquer bens móveis, imóveis, 
mercadorias,serviços, ou, ainda, concedam descontos na sua aquisição, mediante sorteio ou 
método assemelhado;
VII – as filiais ou representações de entes estrangeiros que exerçam no Brasil qualquer das 
atividades listadas neste artigo, ainda que de forma eventual;
VIII – as demais entidades cujo funcionamento dependa de autorização de órgão regulador 
dos mercados financeiro, de câmbio, de capitais e de seguros;
IX – as pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras, que operem no Brasil como agen-
tes, dirigentes, procuradoras, comissionárias ou por qualquer forma representem interesses de 
ente estrangeiro que exerça qualquer das atividades referidas neste artigo;
X – as pessoas físicas ou jurídicas que exerçam atividades de promoção imobiliária ou compra 
e venda de imóveis;
XI – as pessoas físicas ou jurídicas que comercializem joias, pedras e metais preciosos, objetos 
de arte e antiguidade;
XII – as pessoas físicas ou jurídicas que comercializem bens de luxo ou de alto valor, interme-
deiem a sua comercialização ou exerçam atividades que envolvam grande volume de recursos 
em espécie;
XIII – as juntas comerciais e os registros públicos;
XIV – as pessoas físicas ou jurídicas que prestem, mesmo que eventualmente, serviços de 
assessoria, consultoria, contadoria, auditoria, aconselhamento ou assistência, de qualquer 
natureza, em operações:
a) de compra e venda de imóveis, estabelecimentos comerciais ou industriais ou participações 
societárias de qualquer natureza;
b) de gestão de fundos, valores mobiliários ou outros ativos;
c) de abertura ou gestão de contas bancárias, de poupança, investimento ou de valores mobili-
ários;
d) de criação, exploração ou gestão de sociedades de qualquer natureza, fundações, fundos 
fiduciários ou estruturas análogas;
e) financeiras, societárias ou imobiliárias;
f) de alienação ou aquisição de direitos sobre contratos relacionados a atividades desportivas 
ou artísticas profissionais.
XV – pessoas físicas ou jurídicas que atuem na promoção, intermediação, comercialização, 
agenciamento ou negociação de direitos de transferência de atletas, artistas ou feiras, exposi-
ções ou eventos similares;
XVI – as empresas de transporte e guarda de valores;
XVII – as pessoas físicas ou jurídicas que comercializem bens de alto valor de origem rural ou 
animal ou intermedeiem a sua comercialização; e
XVIII – as dependências no exterior das entidades mencionadas neste artigo, por meio de sua 
matriz no Brasil, relativamente a residentes no País.
27
Art. 9º Sujeitam-se às obrigações referidas nos arts. 10 e 11 as pessoas físicas e jurídicas que 
tenham, em caráter permanente ou eventual, como atividade principal ou acessória, cumulati-
vamente ou não:
I – a captação, intermediação e aplicação de recursos financeiros de terceiros, em moeda 
nacional ou estrangeira;
II – a compra e venda de moeda estrangeira ou ouro como ativo financeiro ou instrumento 
cambial;
III – a custódia, emissão, distribuição, liquidação, negociação, intermediação ou administração 
de títulos ou valores mobiliários.
Parágrafo único. Sujeitam-se às mesmas obrigações:
I – as bolsas de valores, as bolsas de mercadorias ou futuros e os sistemas de negociação do 
mercado de balcão organizado;
II – as seguradoras, as corretoras de seguros e as entidades de previdência complementar ou 
de capitalização;
III – as administradoras de cartões de credenciamento ou cartões de crédito, bem como as 
administradoras de consórcios para aquisição de bens ou serviços;
IV – as administradoras ou empresas que se utilizem de cartão ou qualquer outro meio eletrô-
nico, magnético ou equivalente, que permita a transferência de fundos;
V – as empresas de arrendamento mercantil (leasing) e as de fomento comercial (factoring);
VI – as sociedades que efetuem distribuição de dinheiro ou quaisquer bens móveis, imóveis, 
mercadorias, serviços, ou, ainda, concedam descontos na sua aquisição, mediante sorteio ou 
método assemelhado;
VII – as filiais ou representações de entes estrangeiros que exerçam no Brasil qualquer das 
atividades listadas neste artigo, ainda que de forma eventual;
VIII – as demais entidades cujo funcionamento dependa de autorização de órgão regulador 
dos mercados financeiro, de câmbio, de capitais e de seguros;
IX – as pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras, que operem no Brasil como agen-
tes, dirigentes, procuradoras, comissionárias ou por qualquer forma representem interesses de 
ente estrangeiro que exerça qualquer das atividades referidas neste artigo;
X – as pessoas físicas ou jurídicas que exerçam atividades de promoção imobiliária ou compra 
e venda de imóveis;
XI – as pessoas físicas ou jurídicas que comercializem joias, pedras e metais preciosos, objetos 
de arte e antiguidade;
XII – as pessoas físicas ou jurídicas que comercializem bens de luxo ou de alto valor, interme-
deiem a sua comercialização ou exerçam atividades que envolvam grande volume de recursos 
em espécie;
XIII – as juntas comerciais e os registros públicos;
XIV – as pessoas físicas ou jurídicas que prestem, mesmo que eventualmente, serviços de 
assessoria, consultoria, contadoria, auditoria, aconselhamento ou assistência, de qualquer 
natureza, em operações:
a) de compra e venda de imóveis, estabelecimentos comerciais ou industriais ou participações 
societárias de qualquer natureza;
b) de gestão de fundos, valores mobiliários ou outros ativos;
c) de abertura ou gestão de contas bancárias, de poupança, investimento ou de valores mobili-
ários;
d) de criação, exploração ou gestão de sociedades de qualquer natureza, fundações, fundos 
fiduciários ou estruturas análogas;
e) financeiras, societárias ou imobiliárias;
f) de alienação ou aquisição de direitos sobre contratos relacionados a atividades desportivas 
ou artísticas profissionais.
XV – pessoas físicas ou jurídicas que atuem na promoção, intermediação, comercialização, 
agenciamento ou negociação de direitos de transferência de atletas, artistas ou feiras, exposi-
ções ou eventos similares;
XVI – as empresas de transporte e guarda de valores;
XVII – as pessoas físicas ou jurídicas que comercializem bens de alto valor de origem rural ou 
animal ou intermedeiem a sua comercialização; e
XVIII – as dependências no exterior das entidades mencionadas neste artigo, por meio de sua 
matriz no Brasil, relativamente a residentes no País.
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Art. 9º Sujeitam-se às obrigações referidas nos arts. 10 e 11 as pessoas físicas e jurídicas que 
tenham, em caráter permanente ou eventual, como atividade principal ou acessória, cumulati-
vamente ou não:
I – a captação, intermediação e aplicação de recursos financeiros de terceiros, em moeda 
nacional ou estrangeira;
II – a compra e venda de moeda estrangeira ou ouro como ativo financeiro ou instrumento 
cambial;
III – a custódia, emissão, distribuição, liquidação, negociação, intermediação ou administração 
de títulos ou valores mobiliários.
Parágrafo único. Sujeitam-se às mesmas obrigações:
I – as bolsas de valores, as bolsas de mercadorias ou futuros e os sistemas de negociação do 
mercado de balcão organizado;
II – as seguradoras, as corretoras de seguros e as entidades de previdência complementar ou 
de capitalização;
III – as administradoras de cartões de credenciamento ou cartões de crédito, bem como as 
administradoras de consórcios para aquisição de bens ou serviços;
IV – as administradoras ou empresas que se utilizem de cartão ou qualquer outro meio eletrô-
nico, magnético ou equivalente, que permita a transferência de fundos;
V – as empresas de arrendamento mercantil (leasing) e as de fomento comercial (factoring);
VI – as sociedades que efetuem distribuição de dinheiro ou quaisquer bens móveis, imóveis, 
mercadorias,serviços, ou, ainda, concedam descontos na sua aquisição, mediante sorteio ou 
método assemelhado;
VII – as filiais ou representações de entes estrangeiros que exerçam no Brasil qualquer das 
atividades listadas neste artigo, ainda que de forma eventual;
VIII – as demais entidades cujo funcionamento dependa de autorização de órgão regulador 
dos mercados financeiro, de câmbio, de capitais e de seguros;
IX – as pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras, que operem no Brasil como agen-
tes, dirigentes, procuradoras, comissionárias ou por qualquer forma representem interesses de 
ente estrangeiro que exerça qualquer das atividades referidas neste artigo;
X – as pessoas físicas ou jurídicas que exerçam atividades de promoção imobiliária ou compra 
e venda de imóveis;
XI – as pessoas físicas ou jurídicas que comercializem joias, pedras e metais preciosos, objetos 
de arte e antiguidade;
XII – as pessoas físicas ou jurídicas que comercializem bens de luxo ou de alto valor, interme-
deiem a sua comercialização ou exerçam atividades que envolvam grande volume de recursos 
em espécie;
XIII – as juntas comerciais e os registros públicos;
XIV – as pessoas físicas ou jurídicas que prestem, mesmo que eventualmente, serviços de 
assessoria, consultoria, contadoria, auditoria, aconselhamento ou assistência, de qualquer 
natureza, em operações:
a) de compra e venda de imóveis, estabelecimentos comerciais ou industriais ou participações 
societárias de qualquer natureza;
b) de gestão de fundos, valores mobiliários ou outros ativos;
c) de abertura ou gestão de contas bancárias, de poupança, investimento ou de valores mobili-
ários;
d) de criação, exploração ou gestão de sociedades de qualquer natureza, fundações, fundos 
fiduciários ou estruturas análogas;
e) financeiras, societárias ou imobiliárias;
f) de alienação ou aquisição de direitos sobre contratos relacionados a atividades desportivas 
ou artísticas profissionais.
XV – pessoas físicas ou jurídicas que atuem na promoção, intermediação, comercialização, 
agenciamento ou negociação de direitos de transferência de atletas, artistas ou feiras, exposi-
ções ou eventos similares;
XVI – as empresas de transporte e guarda de valores;
XVII – as pessoas físicas ou jurídicas que comercializem bens de alto valor de origem rural ou 
animal ou intermedeiem a sua comercialização; e
XVIII – as dependências no exterior das entidades mencionadas neste artigo, por meio de sua 
matriz no Brasil, relativamente a residentes no País.
Observa-se, então, que são muitas as pessoas físicas ou jurídicas obrigadas. E se 
antes se acreditava que apenas os setores financeiros poderiam ser utilizados para a 
lavagem de dinheiro, a alteração da lei, feita em 2012, apontou que há muitos outros 
setores, os quais chamamos comumente de não financeiros, que também estão 
suscetíveis à lavagem de dinheiro.
Logo, todos os mencionados no Art. 9º, pelo risco a que estão sujeitos, devem possuir 
estruturas e procedimentos diferenciados para prevenir sua utilização para a prática 
do crime. E o que se espera deles? A lei trouxe algumas obrigações para esses setores, 
e, para assegurar que todas as obrigações sejam efetivamente cumpridas, deu ao 
Estado a competência de fiscalizar e punir aqueles que não as cumprirem.
Passemos, então, às principais obrigações. Basicamente, são:
 Cadastro junto ao órgão regulador;
 Identificação de clientes;
 Manutenção de cadastro de clientes;
 Registro de operações;
 Monitoramento de operações;
 Comunicações ao COAF.
4.1 Cadastro junto ao órgão regulador
É a primeira obrigação a ser cumprida pelos setores obrigados. A lei exige que a pessoa 
obrigada faça seu cadastro junto ao órgão regulador e que mantenha esse cadastro 
atualizado. Nesse ponto, faz-se pertinente diferenciar a obrigação de cadastro junto 
ao regulador e a necessidade de habilitação no Sistema de Informações do COAF 
(SISCOAF). O cadastro no COAF deve ser realizado somente pelas pessoas obrigadas, 
nos termos da Lei nº 9.613, de 1998, que não possuam órgão regulador próprio. 
Entretanto, todas as pessoas obrigadas referidas no Art. 9º que possuam órgão 
regulador devem, além de seu cadastro próprio, fazer a habilitação no SISCOAF, já que 
29
a habilitação junto ao sistema é necessária para fins de comunicação das operações 
financeiras previstas no Art. 11 da referida lei.
O cadastro deve ser atualizado periodicamente, de modo que os 
dados nele presentes reflitam a real situação da pessoa obrigada. 
Além disso, o COAF utiliza prioritariamente o SISCOAF para 
efetuar contato com seus regulados.
Importante
Tanto o processo de cadastro quanto o de habilitação são realizados por intermédio 
do SISCOAF, por meio de link disponível em <http://www.coaf.fazenda.gov.br>. Acesso 
ao SISCOAF> Primeiro Acesso.
4.2 Identificação de clientes
Todos os setores relacionados no Art. 9º devem observar o princípio “conheça seu 
cliente”. Conhecer seu cliente não se resume a fazer um cadastro. A premissa é que 
se a pessoa obrigada possuir todas as informações sobre seus clientes e as mantiver 
registradas, ela saberá com quem está lidando, conhecerá sua capacidade financeira 
e, de alguma forma, minimizará o risco de ser usada para a lavagem de dinheiro.
30
4.3 Manutenção de cadastro de clientes
Uma base de dados só é útil se estiver atualizada. Assim, a lei determina que o cadastro 
de clientes seja atualizado, nos termos de instruções emanadas das autoridades 
competentes, de modo a permitir sua identificação e seu acompanhamento.
4.4 Registro de operações
Assim como o cadastro dos clientes, a pessoa obrigada deve manter registros das 
operações que ela efetua. Cada setor tem suas particularidades, mas em geral todos 
devem ter registro do bem vendido ou do serviço prestado, dos valores envolvidos, da 
forma e do meio de pagamento. Pode-se notar que nenhuma dessas informações é 
incomum, afinal, quem trabalha no mercado tem o hábito de controlar esses dados 
para a própria segurança do negócio, ou mesmo para controle de estoque.
Porém, mais que um simples controle do negócio, o registro de operações destina-se 
a cumprir uma regra básica de prevenção à lavagem de dinheiro: “siga o dinheiro”. 
Por meio deste princípio, busca-se identificar a origem e o destino dos recursos 
financeiros de origem criminosa.
Outra função importante do registro das operações, em termos de prevenção de 
lavagem de dinheiro, é dar subsídio à pessoa obrigada para comunicar operações 
para o COAF.
E como decidir o que vai ser comunicado ao COAF?
4.5 Monitoramento de operações
O acompanhamento do histórico dos clientes, por meio de sua identificação e registro 
de operações, além de uma obrigação, configura-se em oportunidade para monitorar 
e mitigar riscos.
Ao analisar os dados dos clientes e das operações realizadas por eles, é possível 
estabelecer se guardam compatibilidade entre si. Assim, quanto mais informação 
você tiver do seu cliente e de suas operações, maior será sua capacidade de monitorar 
a existência de situações suspeitas e, consequentemente, de comunicá-las ao COAF.
31
Diversos parâmetros podem ser utilizados para viabilizar tal monitoramento, tais 
como:
 Ocupação;
 Renda;
 Situação patrimonial;
 Qualificação como pessoa exposta politicamente (PEP);
 Frequência das operações;
 Pagamentos em espécie;
 Identificação da origem dos recursos;
 Identificação do beneficiário final;
 Identificação de procuradores ou prepostos;
 Resistência ao fornecimento de dados para identificação;
 Informações de mídia;
 Ranqueamento de risco de clientes.
Lembre-se que, além de diminuir o risco do negócio, o monitoramento apoiará 
a fundamentação da decisão de proceder ou não às comunicações ao COAF, 
apontamento obrigatório no registro das operações.
4.6 Comunicações ao COAF
Basicamente,existem três tipos de comunicação de operações previstas na Lei nº 
9.613, de 1998: comunicações de operações suspeitas, comunicações de operações 
em espécie e comunicações de “não ocorrência de propostas, transações ou opera-
ções passíveis de serem comunicadas” (BRASIL, 1998).
As operações suspeitas são aquelas que, segundo a lei, “possam constituir-se em 
sérios indícios dos crimes previstos nesta lei, ou com eles relacionar-se” (BRASIL, 
1998). Em geral, os órgãos reguladores ajudam seus supervisionados a vislumbrar 
tipos de operações que seriam suspeitas para cada setor, apresentando normas com 
relação de operações suspeitas e até cartilhas com tipologias. No entanto, ninguém 
melhor que a própria pessoa obrigada, por meio de seus funcionários, que de fato 
participam do negócio, para suspeitar de um cliente ou da forma como o pagamento 
foi feito, por exemplo. Por isso, espera-se que eles sejam devidamente treinados para 
verificar as situações suspeitas.
32
Para fazer uma comunicação de operação suspeita, é necessário descrever na 
comunicação o porquê da suspeita. Para tanto, é preciso que a pessoa obrigada 
monitore suas operações e fique atenta para sinais de alerta identificados em cada 
tipo de produto, que possuem características distintas em cada setor. Se presentes 
os sinais de alerta, recomenda-se fazer uma análise da operação e do cliente. Após 
a análise, ao se concluir pela existência de indícios dos crimes previstos na Lei nº 
9.613, de 1998, a comunicação deve ser enviada ao COAF em até 24 horas. 
Já as comunicações de operações em espécie são aquelas feitas com base em um 
valor mínimo estabelecido pela norma do regulador. Vamos a um exemplo simples: 
em Resolução, o COAF estabelece que se a pessoa obrigada receber, como pagamento 
de um bem, R$ 30.000,00 (ou o equivalente em moeda estrangeira) ou mais em 
espécie (dinheiro vivo – reais, dólares, euros – na malinha, na sacola etc.), essa 
pessoa obrigada não precisa nem pensar duas vezes, ou seja, nem precisa analisar 
os detalhes da operação. Sua obrigação é comunicar automaticamente ao COAF o 
recebimento do dinheiro, no prazo de 24 horas após a operação.
Por fim, temos a “Comunicação de Não Ocorrência” ou “Declaração Negativa”, que é 
o instrumento por meio do qual a pessoa obrigada comunicará ao órgão regulador ou 
fiscalizador da sua atividade a não ocorrência de propostas, transações ou operações 
passíveis de serem comunicadas ao COAF na periodicidade e forma definidas por 
eles.
Este é apenas um exemplo para fins didáticos. Para conhecer as normas de PLD/FT, 
publicadas pelo COAF e outros reguladores, acesse o site da instituição.
O fato de o cliente utilizar “dinheiro vivo” como meio de 
pagamento não deve, de modo algum, ser impeditivo para a 
realização do negócio. O fato de se utilizar dinheiro em espécie 
não configura, por si só, um crime/contravenção. O que ocorre é 
que, caso a operação enquadre-se naquelas situações passíveis 
de comunicação, ela deve ser informada ao COAF após a sua 
concretização.
Importante
33
As comunicações de operações em espécie e suspeitas são feitas no SISCOAF, o 
Sistema do COAF, o mesmo no qual é feita a habilitação das pessoas obrigadas. O 
canal de “Comunicação de Não Ocorrência”, por sua vez, é definido pelos órgãos 
reguladores de cada segmento, sendo que, em alguns casos, o canal é o próprio 
SISCOAF.
SISCOAF - funcionalidade para registro de comunicação
34
Não é assim tão complicado cumprir com as obrigações que a Lei de Lavagem 
de Dinheiro impõe, não é mesmo? E o mais importante é que, além dos 
objetivos social e econômico de prevenir crimes, as obrigações servem para 
proteger o próprio negócio.
4.7 Políticas e procedimentos internos de PLD/FT
As políticas e os procedimentos internos são as práticas e ferramentas instituídas 
pelas pessoas obrigadas com o objetivo de evitar o uso involuntário de suas atividades 
para fins de lavagem de dinheiro e financiamento do terrorismo. Ou seja, é a forma 
adotada para conhecer os clientes, os funcionários, os fornecedores e os parceiros 
comerciais,9 bem como estabelecer mecanismos de monitoramento e detecção 
de indícios de operações suspeitas, determinar treinamento de pessoal em PLD, 
identificar risco em produtos etc.
Muita informação? Fique tranquilo. Estes conceitos serão abordados logo abaixo, de 
uma forma mais prática.
Conhecidas as responsabilidades das pessoas obrigadas, talvez alguém esteja 
pensando:
As obrigações são até simples, mas como vou colocar isso em 
prática aqui na empresa?
9	 Os	 princípios	 “conheça	 seu	 cliente”,	 “conheça	 seu	 empregado”,	 “conheça	 seu	 fornecedor”	 e	 “conheça	 seu	
parceiro”	devem	ser	adotados	para	assegurar	a	 existência	de	critérios	para	 início	do	 relacionamento,	bem	
como	 para	 seu	 acompanhamento,	 de	modo	 a	 conhecer	 a	 capacidade	 econômica	 financeira,	 a	 origem	 de	
recursos	e	a	idoneidade	desses	atores,	a	fim	de	resguardar-se	de	envolvimentos	ilícitos,	notadamente	aqueles	
relativos	à	lavagem	de	dinheiro	e	ao	financiamento	do	terrorismo.
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No intuito de ajudá-lo, vamos explorar um pouco o tema...
O COAF recomenda que seja estruturada uma política interna, mas cada um pode 
montar essa política conforme o seu tamanho e capacidade. Não há uma só forma 
ideal.
É exatamente isso que diz o Art. 10, inciso III, da Lei nº 9.613, de 1998. Vejamos:
Art. 10. As pessoas referidas no art. 9º:
III – deverão adotar políticas, procedimentos e controles internos, compatíveis com seu porte e 
volume de operações, que lhes permitam atender ao disposto neste artigo e no art. 11, na 
forma disciplinada pelos órgãos competentes (...)
E qual é a diferença entre política e procedimento?
Talvez muitos já saibam, mas não custa reforçar. Há uma boa definição no livro 
“Sistemas de Informação”, de Sergio Bio e Edgard B. Cornachione Junior (2008): 
“Política é o que da decisão; procedimento é o como”, ou ainda, “políticas são 
orientações preestabelecidas para a tomada de decisões” e procedimento é “como 
implementar a política”.
Na prática isso quer dizer que, dentre as diferentes políticas que uma empresa 
possui (política de pessoal, política de qualidade etc.), ela deve ter também uma 
política de prevenção à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo. Já 
os procedimentos, ou seja, como cada empresa vai desenvolver sua política, é uma 
decisão interna. Há vários meios de fazê-la, porém não se deve esquecer que as 
obrigações devem ser contempladas nos procedimentos.
Em caso de fiscalização pelo COAF, as pessoas obrigadas devem comprovar a 
existência dessa política, que deve ser aprovada pelo dirigente máximo da empresa.
36
Para não esquecer as obrigações que devem estar contidas nos procedimentos, 
vamos esquematizar a seguir.
4.7.1 Procedimentos de identificação de clientes e manutenção das 
informações cadastrais
Também conhecida como princípio “conheça seu cliente”. Todas as empresas deverão 
possuir registros cadastrais dos seus clientes (pessoas físicas e jurídicas). Somente 
conhecendo seu cliente a empresa pode evitar o uso de sua estrutura por “lavadores de 
dinheiro” e outras atividades ilícitas. A lei determina a obrigatoriedade de identificação 
e manutenção do cadastro de clientes, então é necessário estabelecer procedimentos 
e criar ferramentas (pode ser um sistema moderno ou até uma simples ficha de papel) 
para fins de identificação de clientes. As orientações que definem as informações 
mínimas contidas no cadastro de cada segmento obrigado são definidas em norma, 
por seu regulador, mas, de forma geral, contemplam:
Nome completo
Número do documento de 
identi�cação e órgão expedidor 
(se estrangeiro, dados do 
passaporte ou carteira civil)
Número do CPF
Endereço completo
Razão social e nome de fantasia
Nome completo, número do CPF, 
númerodo documento de 
identi�cação e nome do órgão 
expedidor (se estrangeiro, dados do 
passaporte ou carteira civil) do 
representante ou preposto
Número do CNPJ
Endereço completo
Pessoas físicas Pessoas jurídicas
Esses dados podem ajudá-lo a perceber detalhes da operação que passariam 
despercebidos sem o cadastro.
37
Por Exemplo
Suponhamos que uma concessionária receba um cliente em sua loja que queira 
comprar um veículo no valor de R$ 125.000,00, com pagamento em espécie. Con-
tudo, na hora em que o cliente fornece o endereço, o vendedor percebe que se trata 
de um local simples, um bairro reconhecidamente de baixa renda. Essa situação 
poderia ser suspeita, não? E aí? O vendedor vai deixar de vender o veículo? Não; ele 
vende o veículo e depois decide com seus superiores se comunica ao COAF essa 
situação.
Vale ressaltar que o cadastro do cliente não é apenas uma obrigação burocrática, 
voltada à prevenção da lavagem de dinheiro. Tais registros podem municiar a empresa 
de dados importantes para o próprio negócio, como mala direta, ações promocionais, 
convites para eventos e até gestão de relacionamento com o cliente.
A identificação do cliente prevê, também, o registro de sua condição como PEP.
4.7.2 Procedimentos de identificação de pessoas expostas politicamente
A primeira vez que se ouviu falar em PEP foi em 2003, nos textos das Recomendações 
do GAFI. Em 2003, a Recomendação falava em pessoas expostas politicamente 
estrangeiras. Em 2012, quando as Recomendações foram revisadas, a interpretação 
foi estendida a PEP domésticos e de organizações internacionais.
Tanto o GAFI quanto a ONU definem PEP como aquele indivíduo que desempenha ou 
desempenhou função pública relevante. O COAF, para ajustar essa definição ao direito 
interno, conceitua PEP na Resolução nº 29, de 07/12/2017.
O conceito ficou muito claro com a publicação da Resolução, mas veja quanta gente 
é considerada PEP (governadores, ministros de Estado, senadores, deputados etc.).
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Você seria capaz de guardar todos os nomes dos ocupantes desses cargos? E 
ainda tem mais, você tem ideia de qual a frequência com que os ocupantes 
desses cargos são trocados? Imagine todas as vezes que você vir na televisão 
que trocou um ministro! E diretores de estatais, cujas substituições sequer são 
noticiadas?
Por isso, o COAF disponibilizou, desde 25 de março de 2014, uma lista de PEP. É 
um cadastro consolidado pela Controladoria-Geral da União (CGU). No momento, o 
cadastro contempla somente PEP no âmbito federal, mas o objetivo é disponibilizar, 
em breve, a relação completa.
A lista de PEP pode ser acessada pelas pessoas cadastradas no SISCOAF, por meio 
da funcionalidade Consultas > Relação de PEP, conforme figura a seguir.
39
SISCOAF - funcionalidade de consulta à Relação de PEP.
A identificação de PEP é uma medida preventiva; ninguém deve 
ser estigmatizado por ser PEP. Toda PEP pode comprar o que 
quiser e você tem todo o direito de vender para ela. O risco deve 
ser sempre avaliado em função da operação que ela está fazendo, 
e não apenas por sua condição como PEP.
Importante
40
4.7.3 Procedimentos para registro de operações
Também é obrigatório que seja estruturado um registro com todos os dados das 
operações. Assim como a identificação de clientes, a definição do que deve ser 
contemplado no registro é definida pelo regulador. Abaixo segue um exemplo simples 
de formulário para registro de operações, mas lembre-se sempre de observar o que o 
regulador determina como registro mínimo para seu setor.
Com base nestes dados, é possível observar alguns “sinais de alerta” de lavagem de 
dinheiro, tais como pagamento de grandes valores em dinheiro vivo, recebimento ou 
pagamento em nome de terceiros, fracionamento de valores para burlar os controles 
de PLD etc.
41
4.7.4 Procedimentos para monitoramento de operações
Como vimos antes, o monitoramento, além de ajudar a mitigar o risco das operações, 
constitui-se em verdadeira ferramenta para a tomada de decisões, tanto em relação 
à manutenção da relação negocial quanto às comunicações ao COAF.
Assim, o monitoramento deverá favorecer o cruzamento de dados na busca de sinais 
de alerta, tais como:
 Incompatibilidade entre ocupação e renda;
 Incompatibilidade entre situação patrimonial e operações realizadas;
 Frequentes operações realizadas em espécie;
 Fracionamento de pagamentos;
 Pagamentos realizados por terceiros;
 Compra de bens em nome de terceiros;
 Tentativa de burla na identificação de envolvidos;
 Frequência das operações realizadas com clientes de “alto risco”;
 Cliente domiciliado em país não cooperante às normas de PLD/FT;
 Relacionamento em notícias de mídias.
Não se esqueça: o monitoramento não é o fator determinante na decisão pela 
comunicação de operações ao COAF, e sim subsídio para sua tomada de deci-
são.
Desta forma, ao analisar os sinais de alerta, lembre-se de incluir no registro da 
operação a fundamentação da decisão de proceder, ou não, às comunicações 
ao COAF.
Tome Nota
4.7.5 Procedimentos para comunicações ao COAF
Já vimos que as comunicações fazem parte dos mecanismos de controle instituídos 
pela Lei nº 9.613, de 1998, para prevenção e combate ao crime de lavagem de dinheiro 
e financiamento do terrorismo. Vimos também que tais comunicações são insumos 
importantes para o COAF, em seu trabalho de UIF, e subsidiam a elaboração de rela-
tórios de inteligência financeira que são encaminhados às autoridades competentes. 
Estas, por sua vez, utilizam as informações do COAF para aprofundar suas investiga-
ções.
42
Percebeu a importância do seu papel neste processo?
Sem as comunicações enviadas pelos setores obrigados, seria quase 
impossível rastrear o dinheiro “sujo”.
Mas fique tranquilo! As comunicações são confidenciais e não acarretam 
responsabilidade civil ou administrativa, quando realizadas de boa-fé, conforme 
previsto no Art. 11 da Lei nº 9.613, de 1998.
E como fazer comunicações ao COAF?
Antes de tudo, é bom saber que orientações para registro de comunicações, o passo 
a passo mesmo, está disponível no site do COAF, consultando os itens G, H e I das 
Perguntas Frequentes.
Com relação a comunicações de operações em espécie, cuja definição foi apresentada 
anteriormente, já deve ter ficado claro que estas independem de análise, pois os órgãos 
reguladores determinam sua obrigatoriedade em função de valores transacionados 
ou outras situações previamente definidas em suas normas. Observadas as situações 
determinadas, é comunicar e pronto!
A “Comunicação de Não Ocorrência” também é regulamentada, e deve ser enviada, 
na forma e prazo orientados pelo órgão regulador, sempre que a pessoa obrigada não 
comunicar propostas, transações ou operações ao longo de um ano. Acesse também 
as orientações de envio.
43
Mas, e as comunicações suspeitas?
Bem, estas demandam uma análise detalhada da situação, pois deverão ser reali-
zadas com base em fatos que possam constituir-se em sérios indícios dos crimes 
previstos nesta lei, ou com eles relacionar-se. Isso porque tais informações poderão 
ser utilizadas nos Relatórios de Inteligência Financeira (RIFs) enviados pelo COAF às 
autoridades competentes, ou seja, podem virar objeto de investigação. Assim, é de 
grande importância que sejam bem fundamentadas, e que os fatos que levaram à 
decisão de comunicar estejam registrados de forma clara na comunicação, no campo 
Informações Adicionais, de modo a subsidiar as atividades de prevenção à lavagem 
de dinheiro.
4.7.6 Procedimentos para treinamento de empregados
A capacitação de empregados é um fator determinante na PLD/FT.
De que adianta o proprietário da empresa saber tudo sobre a Lei de 
Lavagem, se o seu empregado, o vendedor que preenche os dados 
dos clientes lá no balcão da loja, não conhecer o assunto?Por isso, é interessante que a empresa, além de treinar toda a equipe, tenha uma 
pessoa (ou um grupo) responsável pelas atividades de conformidade com as regras 
de prevenção de lavagem de dinheiro e de financiamento do terrorismo, treinada 
para identificar e estabelecer ações para prevenção, tratamento e comunicação de 
operações financeiras que apresentem risco de lavagem de dinheiro ou financiamento 
ao terrorismo.
44
Nas grandes empresas, esse funcionário é chamado de analista de complian-
ce (conformidade).
Tome Nota
4.7.7 Procedimentos para criação de produtos e serviços
Outro ponto importante a ser contemplado em uma política de PLD/FT é a forma 
como serão desenvolvidos os produtos e serviços da empresa. O ideal é que, além 
dos estudos prévios habituais, também sejam avaliados sob a perspectiva de 
utilização em ilícitos financeiros, de modo a evitar a oferta de novas ferramentas para 
os criminosos.
E então? Ficou mais claro o conceito e a aplicação de políticas e procedimentos 
internos de prevenção de lavagem de dinheiro?
Com base neste conhecimento, resta à pessoa obrigada decidir como vai sistematizar 
as informações: criar regras internas? Um manual? Publicar instruções?
Orientamos observar a Resolução do COAF para o seu setor e ver se há algum 
dispositivo que fale sobre “políticas de prevenção”. Se houver, analise-o bem antes 
de sistematizar os seus procedimentos. Se não houver dispositivo previsto para sua 
atividade, atenha-se às obrigações dispostas na norma.
4.8 Consequências do não cumprimento da lei
Já vimos, então, o que é a lavagem de dinheiro, como ela acontece, as obrigações 
trazidas pela lei e as políticas de prevenção que devem ser adotadas pelas pessoas 
obrigadas. Se existem obrigações previstas em uma lei, já dá para imaginar o que 
acontece quando uma pessoa não cumpre essas obrigações, não é?
Pois é, as pessoas obrigadas são fiscalizadas e se, por um acaso, for observado 
que alguma dessas obrigações não é cumprida, elas serão responsabilizadas 
administrativamente. Isto significa que poderão responder a Processo Administrativo 
Punitivo.
45
No caso específico, a pessoa obrigada não vai ser submetida a 
um processo judicial e responder pelo crime de lavagem de 
dinheiro; isso seria um processo criminal, de competência da 
Justiça. No presente caso, ela vai responder somente pelo não 
atendimento às exigências da Lei de Lavagem.
Importante
O cumprimento das normas é um fator mitigador de riscos e ajuda a pessoa obrigada a 
não ser envolvida em eventual processo de lavagem de dinheiro. Afinal, ninguém quer 
responder criminalmente por suspeita de colaboração com lavadores de dinheiro, não 
é mesmo?
4.8.1 Sanções previstas na lei
De acordo com o Art. 12 da Lei nº 9.613, de 1998, as pessoas referidas no Art. 9º, 
bem como os administradores das pessoas jurídicas, que deixem de cumprir as 
obrigações previstas nos Arts. 10 e 11, serão submetidas, cumulativamente ou não, 
pelas autoridades competentes, às seguintes sanções:
Sanções
I – advertência;
II – multa pecuniária variável não superior:
a) ao dobro do valor da operação;
b) ao dobro do lucro real obtido ou que presumivelmente seria obtido pela realização da 
operação; ou
c) ao valor de R$ 20.000.000,00 (vinte milhões de reais).
III – inabilitação temporária, pelo prazo de até dez anos, para o exercício do cargo de adminis-
trador das pessoas jurídicas referidas no art. 9º;
IV – cassação ou suspensão da autorização para o exercício de atividade, operação ou funcio-
namento.
46
O Processo Administrativo Punitivo, assim, pode ter como conclusão uma dessas 
sanções previstas acima. No caso das pessoas obrigadas supervisionadas pelo 
COAF, quem toma as decisões nesse processo é o plenário do COAF (lembre-se de 
que já falamos sobre os órgãos que compõem o Conselho).
Para visualizar todo o processo de fiscalização do COAF e eventual submissão a 
processo administrativo, vamos ao esquema abaixo:
Seleção das 
pessoas 
obrigadas a 
serem 
fiscalizadas 
com base no 
risco
Abertura de 
Averiguação
Envio de 
correspondência 
dando ciência 
da Averiguação, 
e solicitação de 
informações e 
documentos 
para fins de 
fiscalização
Conclusão da 
Averiguação
Arquivamento
 E/OU
Recomendação
 OU 
Processo 
Administrativo 
Punitivo, em 
caso de infração
47
Encerramento
Chegamos ao final do curso!
Esperamos ter atingido o objetivo, ao apresentar os aspectos básicos do tema. Mais 
uma vez, lembramos que o assunto não se esgota aqui. Pelo contrário, cada dia essas 
práticas ilícitas são aprimoradas e, portanto, precisamos também manter constante 
atualização do tema, resguardando não apenas nossas atividades de serem utilizadas 
em práticas de PLD/FT, mas principalmente protegendo toda a sociedade de seus 
malefícios.
Para concluir este curso, convidamos você a assistir ao vídeo 
educativo do COAF sobre PLD/FT.
48
Glossário
Arranjos de pagamento: segundo definição do Banco Central do Brasil (Bacen), um 
um arranjo de pagamento é o conjunto de regras e procedimentos que disciplina 
a prestação de determinado serviço de pagamento ao público. Já o serviço de 
pagamento disciplinado no âmbito do arranjo é o conjunto de atividades que pode 
envolver aporte e saque de recursos, emissão de instrumento de pagamento, gestão 
de uma conta que sirva para realizar pagamento, credenciamento para aceitação de 
um instrumento de pagamento, remessa de fundos, dentre outras listadas no inciso 
III do Art. 6º da Lei nº 12.865, de 9 de outubro de 2013.
São exemplos de arranjos de pagamento os procedimentos utilizados para realizar 
compras com cartões de crédito, débito e pré-pago, seja em moeda nacional, seja em 
moeda estrangeira. Os serviços de transferência e remessas de recursos também são 
arranjos de pagamentos.
O arranjo em si não executa nada, mas apenas disciplina a prestação dos serviços. 
Contudo, instituições de pagamento são pessoas jurídicas não financeiras que 
executam os serviços de pagamento no âmbito do arranjo e que são responsáveis 
pelo relacionamento com os usuários finais do serviço de pagamento.
São exemplos de instituições de pagamento os credenciadores de estabelecimentos 
comerciais para a aceitação de cartões e as instituições não financeiras que acolhem 
recursos do público para fazerem pagamentos ou transferências.
Disponível em: <http://www.bcb.gov.br/pre/bc_atende/port/arranjo.asp#l>. Acesso 
em: 4 set. 2015.
Cartas rogatórias: requisições feitas à Justiça de outro país para a prática de 
diligências judiciais.
Contas anônimas: Anonymous bank account – contas anônimas numeradas, 
oferecidas por alguns bancos offshore, em que a identidade do titular é omitida, sendo 
de conhecimento apenas da instituição.
Liquidez: significa tanto a capacidade de honrar, isso é, pagar despesas assumidas, 
quanto a velocidade com que um bem pode ser vendido sem perder muito o valor. No 
caso, estamos usando a segunda definição.
PEP: Pessoa exposta politicamente.
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Unidade de Inteligência Financeira:
Agência nacional, central, responsável por receber, requerer, analisar e 
distribuir às autoridades competentes as denúncias sobre informações 
financeiras:
- Referentes a operações suspeitas; e
- Requeridas pela legislação ou pelas normas nacionais que visem a 
impedir a lavagem de dinheiro e o financiamento do terrorismo (Grupo 
de Egmont, Roma, novembro de 1996).
50
Referências
BACEN – BANCO CENTRAL DO BRASIL. Glossário completo. [s.l.]: [s.d.]. 
Disponível em: <http://www.bcb.gov.br/glossario.asp?Definicao=1441& 
idioma=P&idpai=GLOSSARIO>. Acesso em: 29 jun. 2015.
BIO, S. R.; CORNACHIONE JUNIOR, E. B. Sistemas de Informação – Um Enfoque 
Gerencial. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
BRASIL. Lei nº 9.613, de 3 de março de 1998. Dispõe

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