Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI DEPARTAMENTO DE QUIMICA – FACET ATIVIDADE 2: CROMATOGRAFIA EM COLUNA (CC): EXTRAÇÃO E FRACIONAMENTO DE PIGMENTOS VEGETAIS Disciplina: Química Orgânica I Turma: QUI008 Data do experimento: 21/11/2014 Data de entrega: 05/12/2014 Professor: Rodrigo Moreira Verly Autores: Bárbara Madureira da Silveira Emiliana da Silva Ávila Kamylla Lima Stéfany Souza Campos Tatielle Caroline Silva Diamantina 2º Semestre / 2014 1. INTRODUÇÃO: Os termos e expressões “cromatografia, “cromatograma e “métodos cromatográficos” são atribuídos ao botânico Russo Michael Semerovich Tswett, que, em 1906, os utilizou em dois trabalhos que descrevem suas experiências na separação dos componentes de folhas, nas quais usou uma coluna de vidro recheada com vários sólidos, finamente divididos e arrastou os diversos componentes com éter de petróleo. Os termos derivam das palavras gregas chrom (cor) e graphe(escrever), embora o processo não dependa da cor, exceto para facilitar a identificação dos componentes separados.1 Entre os vários tipos de cromatografia tem-se a cromatografia liquida clássica, e esta utiliza uma coluna de vidro de diâmetro interno de 10 cm ou maior, recheada com partículas de 600 a 200 µm. A fase móvel, denominada eluente, flui através da coluna devido a força gravitacional ou com aplicação de pressão reduzida. O recheio da coluna é utilizado normalmente, uma só vez, porque partes da amostra geralmente adsorve de uma forma irreversível.² A sílica, material altamente poroso, é seguramente um dos adsorventes mais utilizados em cromatografia. Apresenta caráter fracamente ácidos, que pode ser aumentado pela presença de impurezas ácidas, podendo ocorrer como consequência fenômenos de quimiossorção de bases ou reação ácido-catalisadas das amostras.³ Em geral a sílica é empregada na separação de compostos lipofílicos como aldeídos, cetonas, fenóis, ácidos graxos, aminoácidos, alcaloides, terpenóides e esteroides. Os pigmentos de alguns vegetais podem ser separados por meio da cromatografia em coluna. Um exemplo de vegetal rico em pigmentos como β caroteno, clorofila A, B e o espinafre. Utilizando amostras que possuem cor, pode-se visualizar as diferentes cenas coloridas descendo pela coluna, que são recolhidas separadamente. No extrato de espinafre podem ser observados duas cores. A primeira banda possui maior afinidade pela fase móvel, e possui coloração amarelada devido à presença de xantofila, um pigmento baseado no caroteno (Fig.1). A segunda banda a ser separada exibe uma coloração verde devido à presença de clorofila, que são moléculas formadas por complexos derivados da porfirina, tendo como átomo central o Mg. Esse composto é uma estrutura macrocíclica assimétrica totalmente insaturada. As clorofilas A e B encontram- se na natureza numa proporção de 3:1, respectivamente e diferem nos substituintes de carbono C-3. Na clorofila A, o anel de porfirina contém um grupo metil (CH3) no C-3 e a 1 COLLINS, H. Fundamentos de cromatografia p.18 2 COLLINS, H. Fundamentos de cromatografia p.275 3 COLLINS, H Fundamentos de cromatografia p.68 4 STREIT, N. em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-84782005000300043&script=sci_arttext clorofila B contém um grupo aldeído (-CHO) que substitui o grupo metil (Fig.2)4. As xantinas, ou xantofilas, apesar dos grupos hidroxila, possuem uma cadeia carbônica relativamente longa responsável pela pouca afinidade com a sílica. Por outro lado, as estruturas das clorofilas A e B, apresentam um metal (magnésio) no centro de uma porfirina, (uma substância que contém quatro unidades ligeiramente modificadas de pirrol) e favorecem interações mais fortes com a fase estacionária. OH OH CH3 CH3 CH3 CH3 CH3 CH3 CH3 CH3 CH3 CH3 Figura 1: Estrutura da Xantofila. R CH3 O O O CH3 N Mg 2- N CH3 N + O O CH3 CH3 CH3 CH3 CH3 N + CH3 CH2 Clorofila A: R= ----CH3 Clorofila B: R= ----CHO Figura 2: Estrutura da Clorofila 2. OBJETIVO: Separar os pigmentos (clorofilas e carotenos) presentes no extrato de espinafre e analisar as amostras por meio de cromatogramas para confirmar a presença dos referidos compostos. 3. MATERIAIS E METODOS: 3.1 Materiais Utilizados: 1) coluna cromatográfica com torneira 2) pipeta de Pasteur 3) bastão de vidro 4) garra para bureta 5) béqueres de 50 e 250 ml 6) erlenmeyer de 125 ml 7) grau e pistilo 8) proveta de 100 ou 250 ml 9) balão de fundo redondo de 100 ml 10) funil de vidro 11) suporte universal 12) chapa de aquecimento 13) algodão 14) papel toalha 15) papel filme 16) evaporador rotativo 3.2 Reagentes Utilizados: 1) sílica gel 60 2) hexano 3) éter etílico 4) água destilada 5) gelo 4.PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL 4.1 Empacotamento da coluna Fixou-se a coluna de vidro verticalmente em um conjunto suporte conforme o esquema representado abaixo. Fechou-se a torneira e transferiu-se cerca de 10mL de hexano, introduziu-se um pequeno chumaço de algodão, empurrou-se com um tubo de vidro até o corpo do tubo conectar-se com a torneira, evitando-se que pequenas partículas saíssem com o eluente. Adicionou-se mais solvente (aproximadamente ⅓ de seu volume), pesou- se aproximadamente 5g de sílica e adicionou-se a suspensão da mesma a solução. Para evitar-se a quebra no empacotamento fez-se a transferência sem interrupção, acomodando o adsorvente homogeneamente. Abriu-se a torneira e deixou-se escoar o líquido. Ao gotejar a fase móvel, foi necessário continuar adicionando-se eluente para evitar trincas na coluna. Uma importante observação é que não houve mistura entre o eluente recolhido e reaproveitado para umedecer a coluna e a primeira parte da amostra analisada. Completou-se a transferência da suspensão até atingir o topo da fase estacionária. 50 40 30 20 10 0 Coluna de Silica Composto separado Algodão Figura 3: Montagem do conjunto suporte. Eluente 4.2 Preparo do extrato A apostila indicou o uso de 10g de folhas de espinafre, porém essa quantidade não foi medida, utilizou-se uma medida suficiente para atender a todos os grupos. Removeu-se as nervuras centrais do espinafre e ao invés de ferver as folhas em água destilada como indicado na apostila, adicionou-se Acetona PA (Reagente Analítico-A.C.S , PM:58.08) e Éter (CAS [60-29-7] P.M 74,12) na proporção de 3:1 respectivamente. Macerou-se a mistura em grau de porcelana e pistilo até obter uma solução verde (fig.4). Transferiu-se a solução para um béquer pequeno. Figura 4: preparação do extrato de espinafre. 4.3 Eluição da coluna cromatográfica Transferiu-se a solução para o topo do recheio e utilizando uma pipeta de Pasteur, com o devido cuidado para não furar a camada superior do adsorvente e nem escorrer extrato pela parede da coluna. Abriu-se a torneira até a solução atingir o topo do recheio. Fechou- a e adicionou-se um pouco de éter de petróleo utilizando-se uma pipeta de Pauster, para lavar a parede da coluna (fig.5). Abriu-se novamente a torneira de modo que o solvente atingisse o topo. Fechou-se a torneira e adicionou-se eluente para manter a umidade da coluna. Ao começar a eluição recolheu-se em um béquer a primeira banda ao sairda coluna. Após a saída da primeira banda o béquer foi substituído para coletar uma segunda fração da amostra, que não era a que continha a clorofila. Esta foi recolhida apenas para posterior análise, no caso do primeiro béquer não conter nenhum dos pigmentos analisados. Por último, recolheu-se em um terceiro béquer o composto de tonalidade mais escura, terceira fração do eluato. Os béqueres contendo as amostras foram levados para a análise em um espectrofotômetro. 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO: A separação seria feita a partir do princípio que uma das substâncias teria maior afinidade pela fase móvel e a outra pela fase estacionária. No entanto, durante a separação não houve diferença visível na separação das bandas. Uma fina camada de substância amarelada foi observada a em um primeiro instante, mas desapareceu depois de pouco tempo. Isso dificultou a realização do procedimento, uma vez que as xantofilas, que deveriam ser identificadas primeiro não foram devidamente coletadas. Isso não descartava a possibilidade da amostra conter a substância de interesse porém em baixas concentrações, por isso as primeiras parcelas do eluente a sair foram coletadas para análise em um espectrofotômetro. A substância de cor esverdeada se espalhou por toda a coluna impossibilitando a identificação de outros compostos. Após o a coleta do pigmento esverdeado, três amostras foram levadas à análise no espectrofotômetro. A duas primeiras amostras, de coloração límpida, não apresentaram picos no gráfico da espectrofotometria, o que descarta a possibilidade de conter xantofilas, ainda que em baixa quantidade. A terceira amostra, de coloração verde gerou um gráfico com comprimento de onda característico da clorofila. Isso confirma a presença desta molécula na amostra que foi analisada. 6. CONCLUSÃO: Este trabalho aborda os resultados do experimento de cromatografia em coluna, realizados por meio da extração de pigmentos das folhas de espinafre. Na separação dos pigmentos foram utilizados inicialmente éter para a separação de xantofilas e a mistura de éter e álcool para a retirada de clorofila. O experimento nos permite entrar em contato com vários conceitos envolvidos, desde a extração de compostos de plantas utilizando solventes até a cromatografia do extrato obtido. Conceitos como: polaridade, solubilidade, adsorção, entre outros foram abordados e discutidos durante a prática. Como apenas uma das substâncias de interesse pôde ser identificada, o procedimento não foi completamente satisfatório. O espinafre utilizado na prática era uma planta muito nova, e a sua produção de xantofilas ainda era baixa, o que pode ter contribuído para que esse composto não fosse identificado. Erros na proporção dos solventes utilizados para a extração do extrato também podem ser considerados. 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1- COLLINS, C. H.; BRAGA, G.L E BONATO, P.S. Fundamentos de Cromatografia, 3ª ed, p-18, 2010. 2- COLLINS, C. H.; BRAGA, G.L E BONATO, P.S. Fundamentos de Cromatografia, 3ª ed, p-275, 2010 3- COLLINS, C. H.; BRAGA, G.L E BONATO, P.S. Introdução a métodos cromatográficos, pag.68. Campinas: Editora da Unicamp 1997 4 – STREIT, N.; CANTERLE. L.; CANTO. M.; HECTHEUER. H; Ciência Rural, Clorofilas. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103- 84782005000300043&script=sci_arttext ALLINGER, N.L.; CAVA, M.P.; DE JONGH, D.C.; LEBEL, N.A. e STEVENS, C.L. Química Orgânica. Trad. R.B. de Alencastro. Rio de Janeiro: Guanabara Dois, 1976 OLIVEIRA, A.R.M.; SIMONELLI, F. e MARQUES, F.A. Cromatografando com giz e espinafre: Um experimento de fácil reprodução nas escolas do Ensino Médio. Química Nova na Escola, n. 7, p. 37-38, 1998 CAMPOS, R. C. Extração dos pigmentos do espinafre e separação em coluna de açúcar comercial. Química nova na escola, N.20, 2010. Disponível em: http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc20/v20a10.pdf
Compartilhar