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Alfabetização e Letramento UNIDADE 2 1 Para início de conversa Querido (a) aluno (a), gostaria de lhe dar as boas vindas à disciplina de Alfabetização e Letramento. Este é seu guia de estudo que, juntamente com seu livro texto, será a base para você estudar ao longo desta disciplina, mas quero lembrá-lo que ele não é seu único material de estudo, você tem, além do livro texto, uma vasta bibliografia disponível na biblioteca on-line, onde você pode sempre pesquisar e reforçar o assunto estudado. Este guia é montado de forma dinâmica e interativa para tornar mais prático o seu estudo e facilitar a sua absorção de conteúdo, apresentando de forma clara e objetiva os conceitos e assuntos trabalhados. Ao longo deste material você irá se deparar com vários tópicos que têm função de separar e organizar o conteúdo trabalhado de forma mais prática e interativa, facilitando, desta forma, seu aprendizado. Como você pode ver, caro aluno (a), este guia de estudo é montado da forma mais lúdica, criativa e interativa possível para que seu estudo não se torne algo cansativo e chato e sim algo prazeroso e agradável de se fazer. Nosso objetivo é não apenas fazer com que você aprenda, mas que esse aprendizado seja de fato absorvido e levado com você ao longo de toda a sua vida. Antes de iniciarmos a segunda unidade, quero lembrá-lo que o conhecimento é construído de diversas formas e a leitura deste guia é apenas uma delas. Para que você possa absorver o conteúdo da melhor maneira possível, é essencial ler também o livro texto, os materiais de apoio, como os textos sugeridos ao longo deste guia, além da participação nos fóruns e debates no ambiente virtual. Para qualquer dúvida, o seu tutor está a sua disposição para melhor compreensão do assunto trabalhado. Seja bem-vindo e aproveite este material porque ele é feito especialmente para você! orientações da disciPlina Caro estudante, antes de nos adentrarmos sobre o que iremos estudar nesta segunda unidade, quero lembrá-lo o que estudamos na unidade passada. Vimos que os conceitos de alfabetização e o letramento são extremamente importantes e relevantes no processo de ensino e aprendizagem e serão esses conceitos que irão permear toda a nossa disciplina, da primeira a última unidade. Aprendemos que o letramento possui algumas vertentes, dentre elas, as que estudamos: o letramento escolar, aquele que tem como local de aprendizagem e aplicação o ambiente escolar; e o letramento social, aquele momento onde os alunos aplicam sua bagagem de vida, possuída antes do contato com o ambiente escolar, e o conteúdo aprendido e absorvido na escola em sua prática social, na sua vida em sociedade, atuando como um ser pensante e crítico dentro do meio social onde ele estiver inserido. 2 Em seguida estudamos sobre o contexto histórico da alfabetização, desde a escrita cuneiforme na Mesopotâmia, passando pela criação do alfabeto com os fenícios e os gregos, até chegar às práticas de alfabetização que estão divididas em 04 tipos. Por fim, vimos as práticas alfabetizadoras e seu papel dentro do processo de apropriação da escrita. Já nesta unidade, iniciaremos com o estudo das estratégias de leitura e os processos de aquisição da leitura e da língua escrita, como coesão e coerência e a importância do construtivismo nesse processo. Também aprenderemos sobre os processos de apropriação da língua escrita, as estratégias de leitura e os métodos de alfabetização global e fonético. Na terceira unidade nós nos debruçaremos sobre as estratégias de leitura, as perspectivas de alfabetizar letrando, bem como as novas perspectivas no processo de aquisição da leitura. Por fim, na última unidade, a unidade 04, veremos as concepções empiristas e sócio construtivas, bem como a linguagem lúdica da criança em relação a sua classe social e as estratégias de leitura. Querido, esta é a nossa disciplina e espero que, assim como fizemos na unidade 01, possamos caminhar de mãos dadas, compartilhando e construindo conhecimento sobre alfabetização e letramento, assunto tão importante para a formação do professor. Antes de irmos para o assunto propriamente dito, quero ressaltar a importância da leitura conjunta deste guia e do livro texto, além de lembra-lo que na biblioteca virtual você tem uma gama de livros para pesquisar. Bom, querido aluno, é isto! Esta é a disciplina de Alfabetização e Letramento e espero que nossa caminhada de conhecimento seja feita de forma compartilhada, em mão dupla, trocando conhecimento e associando sempre a leitura deste livro texto com as leituras auxiliares que serão indicadas ao longo do material. Seja muito bem-vindo e bom estudo! o Processo de aQUisiçÃo da leitUra e da escrita Querido (a) aluno (a), como falar de aprender a ler e escrever e de processo de aquisição da leitura e da escrita sem falar do texto? Para isso, antes de nos aprofundarmos neste assunto, quero falar com você sobre os tipos de texto, o literário e o não literário. Vamos lá? • O conceito de texto Para iniciarmos, precisamos, antes, nos debruçar sobre o conceito de texto, afinal de contas, o processo de aquisição da leitura e da escrita é impossível sem o texto, seja o falado ou o escrito. Antes de conceituarmos texto, que tal recorrermos ao nosso companheiro fiel de estudo, o dicionário, e vermos o que ele nos diz a cerca deste verbete? Para PesQUisar De acordo com o Michaelis, disponível clicando aqui, texto significa “ (ês) sm (lat textu) 1 As próprias palavras de um autor, de que consta algum livro ou escrito. 2 Palavras que se http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/definicao/texto%20_1054729.html 3 citam para provar qualquer doutrina. 3 Passagem da Escritura que forma o assunto de um sermão. 4 Art Gráf A parte principal de um periódico ou livro, que contém a exposição da matéria. 5 Em propaganda, parte escrita de um anúncio, exceto o título. sm pl Coleções do direito romano ou canônico. T. de abertura: anúncio a ser lido no início de um programa de rádio. T. de chamada: texto de poucas palavras (5 a 20) com que se anuncia um programa de rádio. T. de encerramento: anúncio destinado ao final do programa radiofônico. T. de fluxo, Inform: texto que, ao ser inserido no formato de uma página num sistema de editoração eletrônica, preenche todos os espaços ao redor das figuras, e entre as margens”. Como você ver nos conceitos contidos no dicionário, texto diz respeito a um conjunto de palavras que, agrupadas, têm como função passar uma ideia, um conteúdo, através de uma forma, mas essas palavras, não necessariamente, precisam vir escritas. Por exemplo, querido aluno (a), agora eu estou produzindo um texto, escrito, para te ensinar sobre alfabetização e letramento, mais especificamente, neste momento que eu escrevo e que você lê, sobre o conceito de texto. Mas eu poderia te explicar tudo isto pessoalmente, ou em sala de aula, onde eu reproduziria este texto em forma de aula oral para você. GUarde essa ideia! Quero chamar a sua atenção, meu caro (a), para o fato de que o texto não é sempre escrito, ele pode existir na oralidade. Vamos exemplificar para deixar mais fácil a compreensão? Nós vivemos num país cuja doutrina que predomina é a cristã. Vivemos de acordo com os ensinamentos de Cristo, mas se você, em algum momento da sua vida, já leu a bíblia, seja a católica ou a protestante, você já deve ter percebido que nenhum dos textos foi escrito por Jesus, porque Cristo discursava, seus ensinamentos eram passados pela oralidade e não escritos. Seus discípulos e apóstolos é que, posteriormente a sua morte, passaram a colocar no papel, escrever, tudo o que Jesus pregava. O texto do messias dos cristãos era oral, enquanto o dos seus discípulos era escrito, mas ambos eram textos. Palavras do Professor Por que eu estou te dizendo tudo isto? Porque quero que você perceba que, mesmo antes de entrar em contato com o ambiente escolar, a criança já tem contato com o texto, uma vez que os pais, e outras pessoas (irmãos,tios, primas, avós, vizinhos, etc.) se comunicam com ela através do texto presente na oralidade, incluindo a oralidade ao assistir desenhos, filmes, ouvir música, sem falar nos textos escritos que ela vê corriqueiramente em propagandas de alimentos, produtos de higiene pessoal, etc. Ao chegar ao ambiente escolar, a criança passa a lidar com determinados tipos de textos. Incialmente ela é apresentada aos contos de fada por possuir uma linguagem mais voltada ao público infantil e por encantá-los, de certa forma. As fábulas, aquelas historias pequenas que apresentam como personagens animais e que no final possuem uma moral, um ensinamento, são exemplos de textos que são trabalhados com crianças pelo seu caráter lúdico. 4 À medida que esse processo de contato com o texto vai evoluindo e, a medida que o processo de aquisição da leitura e escrita caminham, o aluno vai sendo direcionado à produção de um tipo de texto específico que é o texto narrativo, descritivo, argumentativo, que prepara o aluno para saber escrever uma redação, especialmente a redação do vestibular, como você pode ver na página 33 do seu livro texto. Dentro deste estudo sobre o texto, 02 elementos são de suma importância para o que chamamos de um ‘texto bem produzido e bem escrito’, a coesão e a coerência e é sobre esses 02 elementos que iremos estudar agora. • Coesão e coerência Sem abandonar nosso modo de estudo, vamos ver o que o dicionário fala sobre esses 02 verbetes. De acordo com o Michaelis, coesão significa “1 Fiz Força em virtude da qual as partículas ou moléculas dos corpos se ligam mutuamente. 2 Associação íntima, ligação moral”. Quanto à coerência, encontramos o seguinte “1 Estado ou qualidade de coerente. 2 Ligação, harmonia, conexão ou nexo entre os fatos, ou as ideias”. Palavras do Professor Quero que você se atenha aos segundos conceitos de cada uma das palavras, no caso de coesão “associação íntima, ligação moral” e no caso de coerência “ligação, harmonia, conexão ou nexo entre fatos, ou as ideias”. Sendo assim, um texto para ser ‘bem escrito’ precisa ser coeso e coerente, ou seja, precisa ter uma associação íntima entre as palavras e ideias, ser harmônico quanto ao conteúdo e quanto a forma. leitUra comPlementar Mas como essa produção coesa e coerente de um texto ocorre? Irei te responder usando como base um artigo muito interessante e que peço que, para se aprofundar mais sobre o assunto, você leia, intitulado “Coesão e coerência textual”, de autoria de Ana Paula Araújo, que você pode encontrar disponível na web clicando aqui. Meu caro (a), um texto para ser coeso precisa recorrer a certos mecanismos que a língua disponibiliza, entre eles: referências, principalmente para reiterar algo dito e escrito anteriormente, o que permite ao leitor encontrar as ideias-chaves do texto, sobre o que o texto fala; substituições de léxico, ou seja, sinônimos para não abusar do mesmo vocábulo, o que empobrece o texto. Por exemplo, um texto que fala sobre outono e, logo no primeiro parágrafo, a palavra outono é usada 06 vezes. Isto só deixa claro que o autor não tem uma riqueza lexical que permite substituir outono por estação do ano, a época dos ventos e das folhas caídas, por exemplo. ink http://www.infoescola.com/redacao/coesao-e-coerencia-textual/ 5 Outros elementos que ajudam um texto a ser coeso é a relação verbal, mas o que vem a ser isto? Se você está escrevendo um texto sobre algo que aconteceu, o tempo verbal que prevalece é o passado, usar um verbo no presente ou no futuro não contribui para a coesão textual. Saber usar os conectores da língua, com as preposições, conjunções e advérbios, também contribui para a criação de um texto coeso. Se a coesão diz respeito aos elementos estruturais do texto, a coerência fala do seu conteúdo e trabalha em cima de 03 princípios: o da não contradição, que consiste em escrever um texto que não contenha ideias que se contradigam; o da não tautologia, vício de linguagem que consiste em repetir ideias no texto, escritas de formas diferentes; e o da não relevância, fragmentos textuais que não possuem importância e que não se relacionam entre si. GUarde essa ideia! Gostaria de chamar a sua atenção para o fato de que estamos estudando a coesão e a coerência do texto e que este processo é extremamente relevante para a aquisição da leitura e da escrita para uma criança. Ao entrar no ambiente escolar a criança já produz texto oral, ao se comunicar em casa e na sua vida em sociedade com os coleguinhas da vizinhança, ou os primos, etc. Mas é ao chegar à escola que ela passa a aprender a produzir textos em determinados formatos onde a coesão e a coerência possuem extrema relevância. acesse o ambiente virtUal Na página 34 do seu livro texto você encontra um quadro (2.1 – Procedimentos para a construção de enunciados) que contém os procedimentos nos quais a criança passa no momento em que chega ao ambiente escolar e começa a aprender a produção de texto, tanto oral como escrito, nos moldes ensinados na escola. Também peço a você uma atenção maior ao quadro 2.2 – Tipos de coerência, onde constam os 05 tipos de coerência pelos quais a criança passa até ser ‘capaz’ de produzir um texto coeso e coerente. Processos de aProPriaçÃo da línGUa escrita Palavras do Professor Bom, tendo em vista que já estudamos sobre o conceito de texto e sobre 02 elementos imprescindíveis para a elaboração de um bom texto, a coesão e a coerência, vamos nos debruçar agora sobre os processos de apropriação da escrita e a importância dos textos neste processo, mas antes quero pedir a você que dê uma lida nas páginas 43 e 44 do seu livro texto, onde constam exemplos de vivência de crianças em processo de apropriação da língua escrita. 6 Vamos lá, nós vimos no tópico passado que as crianças estão em contato com texto o tempo todo, seja o oral, através da fala dos seus pais, e o escrito, presente em propagandas e, também, na TV. Na unidade passada nós estudamos que a ligação da letra ao som é um dos primeiros passos que a criança dá ao entrar no ambiente escolar, mas e este processo de apropriação da língua escrita dentro da escola, como ele acontece? A criança, ao entrar na escola e ao ser iniciado no processo de alfabetização, ela tem como objetivo primeiro reconhecer as letras e identificar, nestes grafemas, os sons que ela já conhece, ou seja, ver a letra M e reconhecer o som desta letra numa palavra comum no seu dia a dia, como mamãe, por exemplo. O mesmo acontece ao ver a letra P e reconhece-la em papai, outra palavra do seu círculo linguístico. Após ser apresentada as letras e aos seus sons, a criança parte para as famílias destas letras. Usando as letras M e P, tendo em vista que estas foram as primeiras a serem reconhecidas por causa das palavras ‘mamãe’ e ‘papai’, a criança é apresentada à família ‘MA/ ME/ MI/ MO/ UM’ e ‘PA/ PE/ PI/ PO/ PU’, e o mesmo acontece com as demais letras e famílias. Depois que a criança passa a ter essa apropriação dos sons das letras e das famílias, ela passa a reconhecer esses sons e letras em outras palavras, como é o caso do exemplo presente na página 44 do seu livro texto, onde a criança, em pleno processo de apropriação da escrita, reconhece e acha mais fácil ler a palavra ‘mamão’ exatamente por ser parecida com ‘mamãe’, palavra bem corriqueira e comum no seu dia a dia. O mesmo acontece com a leitura de outras palavras, como ‘pato’ que se assemelha com ‘papai’, ‘gato’ que se assemelha com ‘gagau’, outra palavra bastante corriqueira numa criança em processo de aquisição da escrita. acesse o ambiente virtUal Ainda na página 44 do seu livro texto, podemos ver 03 momentos importantes no que se refere ao contexto de alfabetização das crianças. De acordo com as autoras Ferreiro e Teberosky, há uma relação importante na distinção entre número e letras para as crianças: O primeiro pode haver, de início, uma confusão para as crianças, tendo em vista que os números e as letras possuem grafias parecidas(por exemplo, o número 3 que pode ser confundido com a letra E); O segundo porque há uma distinção de que a letra serve para escrever e o número para contar, ou seja, a letra é de domínio da língua portuguesa, enquanto o número pertence à matemática; O terceiro momento já acontece na escolarização primária, onde o aluno aprende que os números podem ser escritos e lidos, assim como as letras. Seguindo pelo seu livro texto, meu caro, você pode ver que o processo de apropriação da língua escrita por parte das crianças segue 05 níveis, de acordo com Ferreiro e Teberosky: 1. No primeiro nível as autoras perceberam, através de experiências com crianças, que tentam fazer uma referência de figura entre o objeto e a escrita e dão como exemplo o nome do pai que vem escrito maior porque ele é mais velho, mais alto; 2. No segundo nível já é possível perceber uma evolução cognitiva na escrita, onde a escrita é mais definida e é perceptível algumas letras já formadas; 7 3. No terceiro nível a associação de sons e letras é estabelecida. A criança já consegue entender que o M de mamãe é o mesmo de mamão, o P de papai é o mesmo de pato, o G de gagau é o mesmo de gato, o V de vovó é o mesmo de vaca, permitindo-lhe criar sílabas; 4. No quarto nível, a criança pula a barreira da sílaba e percebe que ela pode ir além. É neste momento que ela começa a dar os primeiros passos na construção de palavras, onde ocorre a passagem da hipótese silábica para a alfabética; 5. No quinto e último nível é o momento de concretização das bases da língua escrita, ou seja, é neste momento que, no sentido estrito, a criança não encontrará mais problemas com a escrita. A partir deste momento, os problemas que ela irá se deparar são os que dizem respeito à ortografia, por exemplo, escrever casa com Z, mas a base de apropriação da escrita foi dominada pela criança. • Chomsky – Hipótese inatista leitUra comPlementar Com uma necessidade de responder estas questões, o linguista Noam Chomsky, outro nome recorrente nesta área (ver biografia clicando aqui) formulou uma teoria de aprendizado da linguagem baseada no inatismo, que defende que o ser humano tem capacidades genéticas que vão além de estímulos recebidos e da educação, ou seja, a estrutura da linguagem estaria geneticamente determinada código da natureza humana e seria comparada, por exemplo, à capacidade que o pássaro tem de voar. Essa teoria, baseada no inatismo, Chomsky nomeou de gramática universal, que tem uma base biológica formada por um conjunto de parâmetros que permitem que a criança desenvolva a linguagem em seus anos iniciais de vida, assim que apresentada a sua língua materna. Desta forma, o sistema de linguagem é o estado inicial para que qualquer língua seja adquirida, ou seja, o meio onde a criança vive fica com o papel de estimulá-la para que ela possa aprender a língua natal. Chomsky elaborou duas teorias sobre isto, a primeira é a teoria do Dispositivo de Aquisição de Linguagem (DAL), que se trata de um dispositivo que é acionado através de frases e/ou falas de adultos, criando, desta forma, a gramática em que a criança será contextualizada. Neste sistema a criança seleciona quais regras ela usará em sua língua nativa, jogando fora as que não se encaixam que, consequentemente, não serão ativadas. Anos após, o linguista apresentou a Teoria de Princípios e Parâmetros que, na verdade trata-se de uma releitura da gramática universal. De acordo com esta teoria, os princípios e os parâmetros distinguem o que é universal e o que é característico de uma língua específica. Para que você entenda melhor, usarei um exemplo que faz relação entre a língua inglesa e a portuguesa. No português, o plural é sinalizado, na grande maioria das vezes, com o acréscimo do s no final das palavras, porém na língua inglesa isso não acontece. Na frase ‘elas são lindas’ você tem o indicativo de plural no pronome elas, exercendo função de sujeito, na conjugação do verbo ser (3ª pessoa do plural) e no adjetivo lindas; traduzindo esta mesma sentença para o inglês você tem ‘they are beautiful’, aqui o indicativo do plural encontra-se no pronome (e sujeito) they, que significa eles e/ou elas, e na conjugação https://pt.wikipedia.org/wiki/Noam_Chomsky 8 do verbo to be que, na terceira pessoa do plural, assume a forma are, mas note que o adjetivo não flexiona, não existe a palavra ‘beautifuls’ em inglês. O sinal de plural encontra-se no sujeito e no verbo o que indica que o plural varia de língua para língua, ou seja, o plural é um parâmetro da língua, é específico daquele sistema linguístico, enquanto que os princípios são universais. Ufa! Muita informação, não é? Você tem alguma dúvida até agora? Não esqueça que o seu tutor aguarda a sua comunicação para lhe ajudar no que for preciso. • Estratégias de leitura Para PesQUisar Meu caro (a), chegamos às estratégias de leitura, mas antes que tal darmos uma olhada no que o dicionário nos diz sobre essa palavra? De acordo com o Michaelis, disponível on-line aqui. leitura significa “sf (lat med lectura) 1 Ação ou efeito de ler. 2 Arte de ler. 3 Aquilo que se lê.4 Tip Ato de ler provas para descobrir e corrigir os erros de composição. 5 Ato de olhar e tomar conhecimento da indicação de um instrumento de medição ou de quaisquer sinais que indiquem medidas ou aos quais se atribui alguma significação: Leitura do termômetro. 6 Dado indicado por um instrumento de medição. L. explicada: lição sobre um texto. L. expressiva: leitura em voz alta com entonações variadas. L. silábica: a de principiantes ou pessoas pouco letradas; opõe-se à leitura corrente. L. silenciosa: a que se faz mentalmente sem pronunciar as palavras”. Querido(a) aluno(a), sendo a leitura o ato, ação ou efeito de ler, ou, de acordo com Bakhtin, um movimento dinâmico de interação social, as estratégias de leitura são técnicas e/ou procedimentos que os leitores usam para facilitar o processo de compreensão da leitura, onde podemos ver 03 aproximações: a primeira que vê a leitura como uma produção de sentidos; a segunda que enxerga a leitura como um diálogo com o passado, sendo uma conversa baseada em experiências; e a terceira que, assim como a segunda, também vê a leitura como um diálogo com o passado, mas que possibilita criar vínculos e laços entre o leitor, o mundo e outros leitores. No que diz respeito às estratégias de leitura, podemos ver 02 relevantes: • Estratégia de antecipação: Essa estratégia, como o nome já diz, antecipa significados, ou seja, o autor do texto, o gênero, o título permite que o leitor se informe sobre o que pode estar escrito no texto; • Estratégia de inferência: Neste tipo de estratégia, o leitor consegue entender o que está escrito nas entrelinhas, ou seja, ele capta o que está dito no texto, mas de não forma explícita. http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/definicao/leitura%20_990735.html 9 leitUra comPlementar Para se aprofundar mais no assunto, sugiro que, além do seu livro texto, leia o artigo intitulado “Estratégias de leitura”, disponível na web no site do Portal da Educação, clique aqui para acessar. • Consciência fonológica A consciência fonológica é a capacidade que o falante tem de segmentar, de forma consciente, a língua em unidades distintas, ou seja, frases são segmentadas em palavras, palavras em sílabas e sílabas em fonemas, como afirma a linguista Ana Paula Engelbert. Desta forma, o falante, que neste caso é a criança em processo de aquisição de linguagem, repetir estas palavras em situações de frases distintas, bem como os fonemas em palavras diferentes. A consciência fonológica se divide em três níveis: o silábico, onde a criança compreende as sílabas da palavra; o intrassilábico, a criança compreende as partes que compõem as sílabas, juntamente com o ataque e a rima; e o fonêmico, quando a criança entende os fonemas individualmente. De acordo com essa hipótese de influência mútua entre consciência fonológica e aquisição da escrita,a consciência fonológica instiga a leitura e a escrita para que, desta forma, a habilidade fonológica desenvolva o aprendizado da leitura, ou seja, a criança já tem consigo algumas habilidades que já existiam antes dela aprender a escrever e que serão aperfeiçoadas através da consciência fonológica. Um exemplo disso, caro aluno, são os chamados trava língua, como em ‘três pratos de trigo para três tigres’, onde a criança, ao ouvir, embora talvez não consiga reproduzir com tanta habilidade, visto a dificuldade que a sentença apresenta, consegue distinguir seus traços fonológicos e reproduzir em formação de outras palavras. Isto acontece porque quando a criança começa a conhecer o alfabeto e seus respectivos sons, elas passam a fazer associações e correspondências fonológicas entre palavras. mÉtodos de alfabetiZaçÃo fÔnico e Global Agora que já vimos as estratégias de leitura, vamos nos debruçar sobre o último tópico desta unidade, os métodos de alfabetização fônico e global, mas antes preciso falar para você sobre os métodos de alfabetização sintéticos e analíticos. Os métodos sintéticos foram os primeiros métodos de alfabetização a surgir e partem do pressuposto que a alfabetização acontece através da junção de unidades menores que as palavras, como, por exemplo, os fonemas, que são usadas para estabelecer a relação entre a fala e o som. O método sintético analisa a relação entre oral e escrito, entre o fonema e a grafia, ou seja, o princípio da alfabetização de associar e identificar os sons com as letras, como é o caso da associação que a criança faz da palavra ‘mamão’ com ‘mamãe’, voltando a aprendizagem para o aspecto auditivo. http://www.portaleducacao.com.br/pedagogia/artigos/34112/estrategias-de-leitura 10 leitUra comPlementar Quanto ao método analítico parte do todo para as partes. Ao contrário do sintético que foca em unidades mínimas, volta-se para a palavra propriamente dita ou para elementos maiores, vendo a leitura como um ato global e ideovisual, permitindo que os alunos reconheçam as palavras e orações, possibilitando a interação entre os componentes, sílabas e letras, conforme você pode ver no artigo “Métodos e metodologias de alfabetização”, disponível na web através clicando aqui. Agora que você já foi apresentado ao método sintético e analítico, vamos nos debruçar nos métodos de alfabetização fônico e global. O método fônico é um tipo de método sintético, uma vez que ele foca no sistema auditivo, ligando o fonema ao grafema, ou seja, o som à letra, estimulando a consciência fonológica. Como você pode ver na citação da página 61 do seu livro texto “O método fônico inspirado nas contribuições da fonologia estruturalista (ramo das ciências da linguagem que trata da análise e da descrição da representação acústica da fala), assume o pressuposto equivocado de que as letras, também chamadas grafemas, evoquem sinais equivalentes aos fonemas, a representação mental dos sons da fala”. Já o método global, um tipo de método analítico, prioriza o ensino da palavra como um todo e não parte dos fonemas e grafemas. O método global acredita que a informação passada no todo é mais importante que a soma das partes, possibilitando à criança relacionar o som à letra de forma mais natural, ou seja, a criança conhece a palavra, seu som e seu significado e depois que associa o som com a letra, fazendo, desta forma, um sentido inverso que o do método sintético. leitUra comPlementar Sobre o método global, de acordo com o artigo “Método global”, disponível clicando aqui, podemos ver a seguinte citação “É possível verificar pontos comuns entre os defensores dos métodos denominados analíticos/globais: 1) A linguagem funciona como um todo e as partes somente têm sentido em função de uma unidade; 2) Existe um princípio de sincretismo no pensamento infantil: primeiro percebe-se o todo e depois as partes; 3) Os métodos de alfabetização devem priorizar a compreensão; 4) No ato da leitura, o leitor utiliza estratégias globais de reconhecimento; 5) O aprendizado da escrita não pode ser feito por fragmentos de palavras, mas por seu significado; 6) A escola tem que acompanhar os interesses, a linguagem e o universo infantil e, portanto, as palavras percebidas globalmente também devem ser familiares e ter sentido para a criança”. link http://ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/glossarioceale/verbetes/metodo-global 11 Palavras do Professor Caro (a) aluno (a), chegamos ao final de mais um passo da nossa disciplina de Alfabetização e letramentos. Durante esta segunda unidade, nós estudamos o conceito de texto e 02 elementos extremamente relevantes para a produção de um texto bem construído e bem escrito, a coesão e a coerência. Aprendemos também sobre os processos de apropriação da língua escrita, em seus 05 níveis e fomos apresentados a uma teoria bem importante no que diz respeito à alfabetização, a hipótese inatista do linguista Noam Chomsky que defende que o ser humano tem capacidades genéticas que vão além de estímulos recebidos e da educação, ou seja, a estrutura da linguagem estaria geneticamente determinada código da natureza humana e seria comparada, por exemplo, à capacidade que o pássaro tem de voar. Estudamos também sobre as estratégias de leitura e a consciência fonológica, ou seja, a capacidade que o falante tem de segmentar, de forma consciente, a língua em unidades distintas, ou seja, frases são segmentadas em palavras, palavras em sílabas e sílabas em fonemas. Por fim, vimos os métodos de alfabetização sintético e analítico, mais especificamente o fônico, foca no sistema auditivo, ligando o fonema ao grafema, ou seja, o som à letra, estimulando a consciência fonológica e o global, que acredita que a informação passada no todo é mais importante que a soma das partes, possibilitando à criança relacionar o som à letra de forma mais natural. Bom, meu caro (a), é isto! Espero que nossa caminhada até aqui tenha sido bastante proveitosa e que o conhecimento tenha sido absorvido. Estamos na metade da nossa disciplina e caminharemos de mãos dadas a outra metade que falta. Bom estudo e nos vemos na unidade 03. Até lá!
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