Buscar

apelação caso 12

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 5 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE NOVA FRIBURGO.
Processo nº...
GEORGE..., já qualificado nos autos da ação promovida pelo Ministério Público, vem por sua advogada in fine assinada interpor:
APELAÇÃO
Com fulcro no art. 593, III, alínea “a” do Código de Processo Penal, da sentença condenatória proferida na sessão de julgamento do tribunal do Júri que condenou o apelante pela prática do crime do art. 121, § 2º,II do Código Penal, tendo por objetivo a nulidade da sessão, com base nas razões que seguem anexas.
Nestes termos, pede deferimento
30/10/2016
NOME DO ADVOGADO
OAB/RJ
RAZÕES RECURSAIS
APELANTE: GEORGE...
APELADO: MINISTÉRIO PÚBLICO
 	Colenda Câmara,
	O presente recurso tem por objetivo a anulação da sessão de julgamento do Tribunal do Júri, pelos fatos e fundamentos a seguir apresentados:
DOS FATOS
	O apelante foi pronunciado na forma do art. 413 pelo crime do art. 121, pg. 2º, II do Código Penal por ter matado alguém na saída de uma boate.
	O processo tramitou regularmente na primeira fase do procedimento, tendo sido o acusado pronunciado no dia 2 de março de 2016. 
	Durante a audiência o apelante, orientado por seu advogado, optou por exercer o direito ao silêncio, uma garantia constitucional prevista no art. 5º, LXIII da CRFB/88. Tendo a defesa sustentado a tese de legítima defesa e a ausência de provas nos autos que comprovassem o que fora sustentado pela acusação.
	Porém, em réplica, o ilustre membro do Ministério Público apontou para o acusado e sustentou para os jurados que “se o acusado fosse inocente ele não teria ficado calado durante o interrogatório, que não disse nada porque não tem argumentos próprios para se defender e que, portanto, seria efetivamente o responsável pela morte da vítima, pois, afinal, quem cala consente”. 
	A defesa reforçou seus argumentos de defesa em tréplica, o que não obstou, contudo, a condenação do apelante pelo Conselho de Sentença e o Juiz Presidente fixou a pena em 15 anos de reclusão em regime inicialmente fechado por homicídio qualificado pormotivo fútil, previsto no art.121, §2º, II, CP.
DOS FUNDAMENTOS
	Durante o julgamento em plenário, que ocorreu no dia 9 de dezembro de 2016, o ilustríssimo promotor de justiça, se dirigiu ao júri fazendo menção à opção do réu pelo silêncio. Dizendo que se o mesmo preferiu não se manifestar é porque não possui argumentos, o que significa, portanto, que ele é culpado pelo fato, conforme foi relatado ipsis litteris no relatório.
	Entratanto, tal argumento usado pela acusação é flagrantemente inconstitucional, visto que o direito ao silêncio é uma garantia constitucional, prevista no art. 5º, LXIII da Constituição Federal de 1988 e o exercício de tal direito não pode ser arguido em desfavor do acusado, de acordo com o art. 186, parágrafo único do Código de Processo Penal. 
	O direito ao silêncio é garantia integrante do devido processo legal e emana do princípio da presunção de inocência elencado no art. 5º, inciso LVII da Magna Carta. Tal direito perpassa muito mais do que o direito do indivíduo de permanecer calado, significa também o direito de não declarar contra si próprio, o direito de não confessar, entre outros direitos derivados do princípio do devido processo legal, que configura verdadeiro pilar do Estado Democrático de direito. 
	Portanto, é de suma importância que a sessão de julgamento seja integralmente anulada, pois aquele único vício inconstitucional prejudicou o ato por completo, devendo a sessão ser refeita inclusive com novos jurados integrantes do conselho de sentença, uma vez que aqueles já estão contaminados.
	O ilustríssimo membro do Ministério Público jamais poderia ter arguido com base no exercício do direito ao silêncio tendo em vista que o conselho de sentença é formado por pessoas do povo, ou seja, indivíduos com pouco ou nenhum saber jurídico, o que faz que sejam facilmente influenciadas pelo senso comum que afirma que "quem se cala consente". Mas sendo o Direito uma ciência, e principalmente num caso envolvendo a liberdade de alguém, o senso comum deve ser afastado e a Constituição é que deve ser apreciada, para que o Estado Democrático de Direito seja mantido.
	A garantia do direito ao silêncio sem prejuízo ao réu é algo unânime na doutrina e na jurisprudência, e acerca do tema o STJ já proferiu o seguinte julgado:
STJ - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL AgRg no REsp 1497542 PB 2014/0306372-4 (STJ)
Data de publicação: 24/02/2016
Ementa: DIREITO ADMINISTRATIVO E DIREITOS HUMANOS FUNDAMENTAIS. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. PACTO DE SÃO JOSÉ DA COSTA RICA. ART. 8º, 2, G. PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO À AUTOINCRIMINAÇÃO E DO DIREITO AO SILÊNCIO. NEMO TENETUR SE DETEGERE. NÃO VIOLAÇÃO. CONFISSÃO ESPONTÂNEA, PERANTE O JUÍZO, DA CONDUTA DELITUOSA. EXISTÊNCIA DE OUTROS ELEMENTOS DE CONVICÇÃO PARA A CONDENAÇÃO DO RECORRENTE. 1. O brocardo nemo tenetur se detegere, que configura o princípio da vedação à autoincriminação ou do direito ao silêncio, veio a ser expressamente reconhecido no Pacto de San José da Costa Rica - promulgado pelo Decreto n. 678, de 1992 -, art. 8º, 2, g, em que se resguarda o direito de toda pessoa acusada de um delito de não ser obrigada a depor ou a produzir provas contra si mesma, garantindo que o seu silêncio não seja interpretado em prejuízo de sua defesa. Precedentes: HC 130.590/PE, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, Quinta Turma, DJe 17/5/2010; HC 179.486/GO, Rel. Ministro Jorge Mussi, Quinta Turma, DJe 27/6/2011. 2. O princípio que protege a pessoa acusada de não ser obrigada a produzir provas contra si mesma não implica desconsiderar, de forma absoluta, o teor do depoimento feito, quando, em havendo nos autos outros elementos idôneos de convicção quanto aos fatos verificados e à conduta investigada do confesso, o próprio demandado escolhe confessar o ato delituoso cometido . 3. Na espécie, o Tribunal de origem narra que o recorrente confessou, de forma voluntária, sua participação no esquema fraudulento para saques indevidos do FGTS, discriminando todos os integrantes e o procedimento feito. 5. Consta do acórdão que o teor da confissão não foi o único fundamento de sua condenação, havendo outros depoimentos, que confirmaram a participação do recorrente no esquema fraudulento, elementos documentais, em que consta a sua assinatura, além da alteração de seu patrimônio, em completo descompasso com os rendimentos de seu salário, comprovando sua atuação...
Encontrado em: AUTOINCRIMINAÇÃO E DO DIREITO AO SILÊNCIO - NEMO TENETUR SE DETEGERE) STJ - HC 130590-PE STJ - HC 179486...:1969 CADH CONVENÇÃO AMERICANA SOBRE DIREITOS HUMANOS ART:00008 INC:00002 LET:G (PACTO DE SAN JOSÉ
Logo, não há dúvidas de que o direito ao silêncio deve ser resguardado sem prejuízo ao réu e deve a sessão de julgamento ser refeita, havendo a substituição de todos os jurados para que não haja a contaminação.
Isto posto, requer o reconhecimento e provimento do presente recurso a fim de que seja declarada a nulidade da sentença proferida na sentença de julgamento.
Nestes termos,
Pede deferimento.
Nova Friburgo,
30/10/2017.
Advogado
OAB/RJ

Outros materiais