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Questões - Estruturalismo e Critica Literária 2

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Grupo:
Frederico Negrini Karina Werneck
Katherine Perches Élid dos Santos
Rômulo Venturini Vinícius Amâncio
Diego Morais
Questões – ESTRUTURALISMO E CRÍTICA LITERÁRIA
	1) Levante as críticas que Lévi-Strauss faz à Hermenêutica - Páginas 231 - 234
Orientado pela revolução fonológica cunhada pelo suíço Saussure por volta de 1916, o antropólogo estruturalista Lévi-Strauss fomenta diversas discussões que problematizariam consensos na cena do pensamento ocidental em 1940. Neste sentido, o primeiro embate entre estruturalismo e hermenêutica ocorre na França na segunda metade do século XX, quando Strauss organiza e publica suas pesquisas acerca das tribos que vinha investigando desde meados da década de 20. Strauss opõe-se à Hermenêutica no sentido de discordar da hierarquia existente entre Deus e sacerdote, em que o primeiro é autor e de todos os condicionamentos humanos, sendo o segundo mero leitor, que interpreta o mundo a partir das oposições binárias que o estruturam, como por exemplo, “luz x escuro”, “noite x dia”, etc. Assim, a hermenêutica confere ao homem o poder interpretativo, eurocêntrica, de admitir-se como superior em relação ao homem selvagem, pagão e não civilizado. Para ele o homem europeu interpreta o mundo a partir de sua própria materialidade histórica, julgando o outro a partir de seus próprios valores e sistemas, isto é, de forma incompleta e soberba, pois a interpretação exclusiva que se apodera de um único ponto de vista interpretativo tende a ser fragmentada e incompleta. 
Com isso, baseando-se na proposta estruturalista que opta pela sintaxe à semântica, isto é, a forma ao conteúdo, Strauss desconstrói as barreiras estabelecidas pelo pensamento ocidental orientado pela Hermenêutica, defendendo a partir da análise dos mitos em diferentes regiões da Ásia, América e África, que não há diferença essencial entre o pensamento civilizado e selvagem, pois o que iguala o pensar não são os signos e símbolos, mas a dimensão sintática, a forma. Com isso proclama a igualdade entre os homens, desmistificando a hierarquia entre as sociedades vislumbrando um novo Humanismo que refute fronteiras geográficas e políticas, legitimando a compreensão do outro no mesmo plano do eu, pois o homem não é o centro das transformações, tudo está previsto nas estruturas. Portanto, a antropologia estrutural tira o homem ocidental do centro das culturas, primando por uma visão conjunta e comum de sistema.
2) 2. Mostre as homologias entre a Linguística de Saussure e a Antropologia Social, de Lévi-Strauss. p 237-238
Assim como, para Lévi-Strauss, a Antropologia Social tem como objeto a Antropologia e sua funcionalidade calcificada pela circulação de signos – extraverbais, como os rituais, e os verbais, como as formações discursivas –, a Semiologia tem como objeto a Linguística, estudando o signo verbal, concretizado pelo código, a “langue”, e atualizado pela “parole”, comparados aqui como mito, já que, intacto, pode suscitar diversos tipos de interpretações, sendo que não necessariamente apenas uma delas esteja correta. Assim se compara a língua ao mito e, da mesma forma, aparecem as homologias entre a Linguística e a Antropologia Social, ambas indicando como objeto de estudo o signo, o elemento que transmite informações à membros de uma sociedade, através de uma procura de códigos inconscientes, definidos por Lévi-Strauss como circuitos inconscientes que subjazem os objetos. Nesse ponto, temos outra homologia com a Linguística, além da funcionalidade do objeto de estudo: a Fonologia desvendando o mecanismo do inconsciente, transformando-o, assim, em lógico e regrado – o sistema binário. Dessa forma, x só seria x porque y é y e não x. A existência era baseada em comparações. Edificou-se então a função simbólica com outra relação entre os dois estudos. O valor do termo deveria ser o valor da relação, em uma análise de contexto e encaixamento, como se dá no Estruturalismo de Saussure, em oposição e contradição ao sistema Junguiano, onde o valor do termo é sempre constante e decorrente de si mesmo, baseado em arquétipos, e ao sistema Freudiano, onde o valor era produzido por vicissitudes individuais.
	3) Mostre a diferença entre a concepção de inconsciente para Lévi –Strauss e o inconsciente para Freud - 238 – 239.
	"Lévi-Strauss encontra na linguística [mais especificamente a fonética]estruturalista o caminho para mostrar que antes do papel do consciente individual não há um vazio irracional ou a mera presença de emoções e sentimentos, mas sim uma LÓGICA INCONSCIENTE." 
Após J. C. L.-Strauss ter entrado em contato com o texto "O primado da relação", ele conclui, não sem gerar polêmica, que "o inconsciente não se confunde com o produto de repressões e recalques sofridos pelo indivíduo" - conceito este preconizado por Freud, que leva em conta o inconsciente como um receptáculo de lembranças traumáticas e reprimidas; um reservatório de impulsos que constituem fonte de ansiedade, por serem ética ou socialmente inaceitáveis pelo indivíduo. Para Lévi-Strauss,maior que isso, "o inconsciente seria uma armadura LÓGICA E NATURAL" sobre a qual serão fundadas as instituições humanas".
"No fundo dos sistemas sociais há uma "infra-estrutura formal", ou um "pensamento inconsciente", antecipação do espírito humano, como se a ciência já estivesse feita e a ordem humana da cultura fosse uma segunda ordem natural, dominada por outras variantes."
	Posto desta forma, o inconsciente é um mecanismo lógico sobre o qual se edificará a função simbólica, que de fato é especificamente humana [considerando que partimos da análise feita por e para seres humanos], mas que funciona em todo homem de acordo com as mesmas leis. Seria o inconsciente o conjunto destas leis, através das quais se processam os signos.
Assim, transferindo o conceito para uma reflexão acerca da língua, a Langue seria uma estrutura que ocupa o nível inconsciente de um falante, onde estão contidas as leis que nos permitem processar e criar sentido através dos signos linguísticos. A Parole, por sua vez, seria o produto dos signos já processados e materializados em expressão linguística.
	4) Qual a conseqüência do conceito de estrutura para a análise da literatura?
	O Estruturalismo em nenhum momento figura de fato como crítica literária, mas se põe como uma teoria: Ao tentar analisar as estruturas linguísticas universais e como elas se dão sincronicamente através do tempo, o estruturalista analisa o discurso e olha para a obra literária como uma manifestação já fixa e imutável da produção de um discurso passível de ser observado.
	Não interessa ao estruturalismo estudar as nuances dentro das obras literárias e nem como elas se alternam diacronicamente em uma linha do tempo imaginária: Eles procuram estruturas, por assim dizer, essenciais, das quais podemos tirar conclusões universais acerca não só da literatura, mas também da língua.

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