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Direito do Consumidor

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sumário
01 Introdução e conceito de consumidor 4
03 Responsabilidade Civil - Prescrição e 
Decadência
27
05 proteção contratual 60
02 12Da Relação de Consumo. Direitos Básicos e 
Proteção à Saúde
04 45práticas abusivas
54
dentro de cento e vinte dias da promulgação da Constituição, elaborará Có-
digo de Defesa do Consumidor.”
Levou um pouco mais de tempo, pois apenas com a Lei 8.078/90 é que surge 
o nosso Código de Defesa do Consumidor, que do que um código de consu-
mo, trata-se de uma lei que TUTELA a proteção do consumidor em vários 
aspectos, como um microssistema jurídico próprio.
A Constituição Federal, em seu artigo 24, também estabelece a competência 
concorrente entre União, Estados e o Distrito Federal para legislar sobre:
V – produção e consumo;
VIII – responsabilidade por dano ao consumidor, (...);
Por último a nossa Carta Magna trata do direito de informação do consumidor 
sobre os impostos incidentes sobre produtos e serviços, conforme previsto no 
Art. 150 §5º “A lei determinará medidas para que os consumidores sejam 
esclarecidos acerca dos impostos que incidam sobre mercadorias e serviços.”
A inserção do tema em nossa Constituição é também vista como uma evo-
lução de direitos humanos e a nossa legislação, através do nosso Código de 
Defesa do Consumidor, influencia até hoje a adoção de medidas semelhantes 
por parte dos países do MERCOSUL. 
DIFERENÇAS ENTRE DIREITO CIVIL E DIREITO 
DO CONSUMIDOR
Para entendermos as diferenças entre o direito Civil e o Direito do Consumi-
dor, precisamos compreender rapidamente a evolução deste contexto. Com 
o surgimento de uma sociedade de consumo, derivada da revolução indus-
trial, o mercado precisava de cada vez mais consumidores para comprar seus 
produtos. Nessa velocidade, as relações de consumo demandavam situações 
que os preceitos cíveis e contratuais até então não conseguiam mais manter 
um equilíbrio.
DIREITO DO CONSUMIDOR NA 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
O direito do consumidor surgiu nos Estados Unidos da América e levou al-
gum tempo para chegar ao Brasil. A efetiva tutela dos direitos do Consumi-
dor só foi introduzida no ordenamento brasileiro com a Constituição Federal 
de 1988, que reconheceu como sujeito de direitos o CONSUMIDOR, tanto no 
aspecto individual como no Coletivo, assegurando sua proteção tanto como 
direito fundamental (Art. 5º Inciso XXXII), bem como princípio da Ordem 
Econômica Nacional no Art. 170, V, da CF/88.
Art. 5º: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer 
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros resi-
dentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à 
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
(...)
XXXII – o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;
Art. 170 – A ordem econômica, fundada na valorização do traba-
lho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos 
existência digna, conforme os ditames da justiça social, observa-
dos os seguintes princípios:
V – defesa do consumidor.
O tema é tão importante que a Constituinte previu no art. 48 do ADCT (Ato 
das Disposições Constitucionais Transitórias) que: O Congresso Nacional, 
Introdução e conceito de 
consumidor
ue01
76
A vulnerabilidade, a fragilidade do consumidor perante o fornecedor é ampla-
mente prevista e definida no CDC e na Constituição Federal. É a Lei quem re-
conhece a vulnerabilidade e prevê mecanismos para garantir a igualdade ma-
terial entre consumidor e fornecedor. Pode-se estabelecer que o Consumidor 
apresenta 03 (três) aspectos de vulnerabilidade: a técnica, a fática e a jurídica.
A. A vulnerabilidade TÉCNICA: aduz à falta de conhecimento 
técnico do consumidor perante o produto ou serviço adquirido. 
Uma pessoa que compra um celular não precisa entender como 
funciona o sistema, ou da qualidade, origem e especificações de 
cada peça e serviço adquirido, dessa forma o CDC considera esta 
vulnerabilidade presumida;
B. A vulnerabilidade FÁTICA: pode ser considerada também como 
vulnerabilidade econômica. É o que ocorre quando o fornecedor 
por seu “poder econômico” ou posição privilegiada de mercado 
impõe aos consumidor as suas condições, seja uma venda casada, 
uma garantia extendida, um plano de fidelidade, enfim, abusa do 
consumidor mediante a natureza de seu produto ou serviço para 
fazer o consumidor aceitar suas condições abusivas. Para pessoas 
físicas é presumido, para profissionais e pessoas jurídicas devem 
provar tal vulnerabilidade;
C. Vulnerabilidade JURÍDICA: pode ser chamada também de 
científica. É a falta de conhecimentos jurídicos, econômicos e 
contábeis, para os consumidores profissionais e pessoas jurídicas 
tal vulnerabilidade não se aplica;
Os contratos equilibrados, paritários, nascidos da vontade de ambas as par-
tes, debatidos ponto a ponto, cláusula a cláusula, tornaram-se cada vez me-
nos frequentes. A sociedade era massificada pelas indústrias, buscando agili-
dade, economia e lucro, começaram a adotar contratos de adesão, já prontos, 
formulados totalmente pelas empresas e impostos aos consumidores. No-
ta-se que nesse tipo de contrato não há equilíbrio, não há alternativa, nem 
sequer a possibilidade de negociação por parte do consumidor.
Diante dessa realidade o Estado teve que começar a intervir nestas questões 
para garantir o equilíbrio, evitar as desigualdades e assegurar a segurança 
dos consumidores como um todo. Considera-se então que as relações de di-
reito civil são mais equilibradas, no geral, e que o desequilíbrio é exceção. 
Já nas relações de consumo é o contrário, a desigualdade é a regra, sendo 
latente e notória. Nas relações de consumo o equilíbrio é a exceção. 
Nesse aspecto o Direito do Consumidor chega para estabelecer que as rela-
ções jurídicas das obrigações relacionadas ao consumo deveriam, a partir 
de então, atender à BOA-FÉ OBJETIVA, ou seja fundar-se em princípios 
éticos de LEALDADE e PROBIDADE, determinando que os contratos de-
veriam prever prestações equivalentes, considerando cláusulas abusivas 
como nulas, considerando o consumidor como vulnerável às ações descon-
troladas do mercado capitalista e, portanto, merecedor de proteção espe-
cial para assegurar o equilíbrio desta relação e, portanto, a dignidade da 
pessoa humana.
Ressalte-se que os temas de direito civil são, em geral, disponíveis. Por ser 
o direito do Consumidor um tema a ser interpretado à luz da Constituição e 
seus princípios, considera-se que a relação de consumo tem características 
próprias que exigem do Estado a proteção do consumidor para assegurar a 
dignidade da Pessoa Humana, portanto, os temas de direito do consumidor 
não são disponíveis, são de ordem pública e interesse social, não podem ser 
renunciados ou afastados por cláusulas ou dispositivos particulares. Ou seja, 
o consumidor não pode abrir mão desses direitos.
Portanto temos:
DIREITO CIVIL DIREITO DO CONSUMIDOR
Equilíbrio entre as partes Desequilíbrio entre as partes
Relação entre iguais Relação entre Consumidor e Fornecedor
Direitos disponíveis Direitos Indisponíveis
Aplica-se sempre o Código Civil Só aplica o C/C se for mais benéfico que o CDC
98
DESTINATÁRIO FINAL – TEORIAS
A doutrina trabalha com 03 teorias para definir o termo “destinatário final”.
 
A. A teoria FINALISTA: esta é uma teoria restritiva, consideran-
do a vulnerabilidade do Consumidor e considerando como tal 
apenas aqueles que requerem maior proteção do Estado. Nesta 
teoria consumidor é apenas aquele que além de retirar o produto 
do mercado (destinatário final fático) não o insere em sua própria 
cadeia produtiva (destinatário final econômico);
B. A teoria MAXIMALISTA: teoria expansiva, consideraque o 
CDC deve ser aplicado de forma ampla, irrestrita, a todas as rela-
ções de consumo. Nesse contexto o consumidor seria aquele que 
retira o produto do mercado de consumo (destinatário fático) não 
importando se utilizará tal produto ou serviço para auferir lucro.
C. A teoria FINALISTA MODERADA, reconhecida e adotada 
pelo STJ, reconhece presumida a vulnerabilidade da pessoa física 
e também a do profissional que adquire produto ou serviço de 
fora de sua especialidade, considera como vulnerável também 
o profissional de pequeno porte, o que se submete ao regime de 
monopólio, desde que comprove tal vulnerabilidade.
CONSUMIDOR POR EQUIPARAÇÃO
Definidos nos artigos 02, 17 e 19 do CDC. É uma expansão do conceito de 
consumidor para pessoas que são atingidas indiretamente pela relação de 
consumo, até mesmo uma coletividade. Seja por serem vítimas de um produ-
to ou serviço defeituoso, bem como aqueles expostos a práticas abusivas de 
publicidade, ofertas, cobranças, etc. É uma inovação do CDC que rompe com 
o paradigma de que a relação de consumo só afetaria as partes diretamente 
envolvidas. A lei garante o reconhecimento como consumidor à pessoas es-
tranhas ou alheias à relação direta para garantir a sua proteção.
Portanto, presentes quaisquer destes aspectos de vulnerabilidade, o consu-
midor fará jus à proteção do CDC quando na sua relação com o fornecedor 
de produto e/ou serviço.
RELAÇÃO JURÍDICA DE CONSUMO – 
CONSUMIDOR
Pode-se considerar que a relação jurídica de consumo é o negócio jurídico 
em que o vínculo entre as partes dá-se pela aquisição e/ou utilização de um 
produto ou serviço, sendo o consumidor o destinatário final e o fornecedor o 
vendedor do produto e/ou serviço.
Essa relação de consumo tem 03 elementos:
1. Elementos subjetivos: fornecedor e consumidor;
2. Elementos objetivos: produtos e/ou serviços, objetos da rela-
ção de consumo;
3. Elemento finalístico ou teleológico: o consumidor deve 
adquirir o produto ou utilizar o serviço como destinatário final.
Nesse sentido o Consumidor pode ser considerado como pessoa física ou ju-
rídica, sem distinções entre nacionais e estrangeiros ou tipo de organização e 
formação de pessoa jurídica. Conforme ressalta o art. 2º do CDC:
Art.2º - Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire 
ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.
Embora o termo pareça simples, existem ponderações sobre o termo desti-
natário final. O que acontece se o consumidor retira o produto de circulação, 
não o revende, mas usa-o para auferir lucro de outra forma, como um advo-
gado que compra um notebook para atender seus clientes? Ele ainda seria o 
destinatário final, ou seriam os seus clientes? 
1110
De toda forma, o CDC estabelece que a natureza jurídica do fornecedor é de 
certo modo irrelevante. Os requisitos fundamentais para sua caracterização 
como Fornecedor na relação jurídica é o da habitualidade e da onerosidade, 
ou seja, exercício contínuo e profissional de determinado serviço ou forneci-
mento de produto no mercado de consumo mediante remuneração.
Até o poder público, se atuar no mercado de consumo por si ou por meio 
de seus concessionários, prestando serviço mediante pagamento, terão que 
obedecer os preceitos do Código de Defesa do Consumidor.
FORNECEDOR - ENTES DESPERSONALIZADOS
Conforme o item anterior, a natureza jurídica do Fornecedor não é condição 
necessária para ser considerado fornecedor na relação de consumo. Os re-
quisitos da habitualidade e onerosidade são deveras mais objetivos e impor-
tantes na qualificação do Fornecedor.
É o que acontece também com os entes despersonalizados. Mas mesmo as-
sim é bom tomar certos cuidados:
1. Condomínios: A relação entre condomínio e fornecedores pode 
ser enquadrada como relação de Consumo, se o condomínio for 
o destinatário final. Já entre os Condôminos e o Condomínio a 
relação é CÍVEL e não de consumo, pois condomínio e condômi-
nos se confundem, sendo o condomínio a representação coletiva 
do patrimônio dos condôminos, não tendo como objetivo o lucro, 
mas a manutenção deste patrimônio comum.
2. Sociedades civis sem fins lucrativos: mesmo que não 
tenham por objetivo o lucro, estas entidades podem ser conside-
radas fornecedores se prestarem serviços médicos, hospitalares, 
odontológicos, jurídicos e outros a seus associados, bastando 
que desempenhe atividade no mercado de consumo (mesmo que 
restrito a seus associados) mediante remuneração de qualquer 
espécie (como taxas ou anuidades);
São 03 situações previstas:
1. Artigo 2, parágrafo único, CDC: “Equipare-se a consumidor 
a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja 
intervindo nas relações de consumo”. Esta situação é o que legitima 
a tutela coletiva do Consumidor, abrangendo a intervenção, mesmo 
que indireta, da coletividade nesta relação. Como exemplo didática 
considere a tutela coletiva nos casos de publicidade enganosa.
2. Artigo 17, CDC: “Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos 
consumidores todas as vítimas do evento”. Situação que ultra-
passa a pessoa do consumidor fático para proteger os demais que 
sofreram danos por fato/defeito do produto e/ou serviço. Como 
exemplo cite-se uma família onde o pai compra um bolo, o pai é 
o consumidor fático, mas toda a família acaba comendo do bolo. 
Se o bolo estiver estragado ou impróprio para o consumo, toda a 
família será equiparada como consumidores, mesmo não fazendo 
parte da relação original.
3. Artigo 29, CDC: “Para os fins deste Capítulo e do seguinte, 
equiparam-se aos consumidores todas as pessoas determináveis 
ou não, expostas às práticas nele previstas”. Aqui a Lei estabelece 
a proteção da coletividade às práticas abusivas comerciais, de 
ofertas, de cobranças, etc. Que será considerada como toda coleti-
vidade na determinação de eventuais quantum indenizatórios. 
FORNECEDOR - HABITUALIDADE E 
ONEROSIDADE
O Art. 3º do CDC caracteriza como FORNECEDOR toda pessoa física ou ju-
rídica, nacional ou estrangeira, de direito público ou privado, que atua na 
cadeia produtiva, exercendo atividade de produção, montagem, criação, 
construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comer-
cialização de produtos ou prestação de serviços.
1312
OBJETO DA RELAÇÃO DE CONSUMO - 
MÓVEIS OU IMÓVEIS. MATERIAL OU IMATERIAL
O produto é um dos possíveis objetos da relação de consumo. Pode ser qual-
quer bem, seja móvel ou imóvel, material ou imaterial, novo ou usado, fungí-
vel ou infungível, principal ou acessório, corpóreo ou incorpóreo, desde que 
seja possível de apropriação (posse efetiva) e que tenha valor econômico, 
destinado a satisfazer uma necessidade do consumidor.
O produto gratuito está protegido pelo CDC. A amostra grátis deve se sub-
meter às regras dos demais produtos quanto aos vícios, defeitos, prazos de 
garantia, segurança, etc.
SERVIÇO
Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante 
remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e se-
curitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.
O serviço remunerado é aquele em que há alguma contraprestação em troca 
do serviço. Para ser enquadrado assim, basta a remuneração indireta para 
caracterizar tal serviço como remunerado. Ex: Estacionamento gratuito de 
shopping mas no valor dos produtos do shopping já está embutido as despe-
sas com o estacionamento.
Serviço gratuito é considerado quando não há qualquer contraprestação pelo 
mesmo, seja direta ou indireta.
PRINCÍPIOS
Conceito de Princípios: São normas gerais que delimitam a base teórica para 
solução de conflitos jurídicos. Por meio dos princípios podemos extrair re-
gras e normas de procedimento.A estrutura do Direito é resultado dos prin-
cípios jurídicos.
Dentro os princípios do Direito do Consumidor, explanamos os mais cobra-
dos nos moldes ensinados pelos doutrinadores RIZZATO NUNES e CLÁU-
DIA LIMA MARQUES, principais nomes em relação ao CDC em nosso meio.
Abaixo, quadro esquemático para lhe ajudar a localizar os princípios e relem-
brar suas principais características e efeitos:
Da Relação de Consumo. Direitos 
Básicos e Proteção à Saúde
ue02
Princípio Referência Descrição e efeitos
Proteção do 
Consumidor
Art. 1º
Estabelece que as normas de proteção ao 
Consumidor são de Ordem Pública, de Inte-
resse social e irrenunciáveis
Vulnerabilidade Art 4º, I
Desigualdade material do consumidor em 
relação ao fornecedor. Conceito jurídico
Hipossuficiência Art. 6º, VIII
Desigualdade Processual do consumidor 
em relação ao fornecedor. Baseado no 
FATO concreto
1514
Boa-fé objetiva Art. 4º, III
Obrigação de comportamento ético, legal, 
probo, na interpretação de fatos e negócios, 
limitando a vontade das partes
Transparência / 
confiança
Arts. 4º e 6º, III
Tutela da informação. Direito de anunciar x 
dever de informar e proteger o consumidor. Re-
quisitos: adequação – suficiência - veracidade 
Função social do 
contrato Equida-
de / Equilíbrio 
do contrato
Implícito: Art. 
51, IV
Interpretação dos contratos de acordo com o 
equilíbrio material entre as prestações. Aplica-
-se a todas as relações contratuais. Proporcio-
nalidade entre direitos e obrigações
Ação Governa-
mental
Art. 4º, II
Intervenção do Estado na Economia a fim de 
proteger o consumidor. Dever de instituir ór-
gãos públicos de defesa do consumidor, incen-
tivar associações civis, regular o mercado para 
preservar a qualidade, segurança, durabilidade 
e desempenho dos produtos e serviços.
Harmonização 
dos Interesses 
dos Consumido-
res e Fornece-
dores
Art. 4º, V e Art. 
107
Evita a proteção desmedida ao consumidor ao 
ponto de inviabilizar o mercado. Caracterizado 
pela obrigação de criar pelo fornecedor setores 
de atendimento ao consumidor e vários meios 
de comunicação com o consumidor, bem como 
pelas Convenções Coletivas de Consumo
Reparação 
Integral
Art. 6º, VI
Em caso de dano, a reparação deve ser a 
mais ampla possível, abrangendo todos os 
danos causados
Solidariedade
Art. 7º, 18º, 19º, 
25º e 34º
Facilitar a defesa do consumidor em juízo, pois 
nos casos em que tiver mais de um fornecedor 
responsável pelo dano, todos poderão respon-
der em litisconsórcio ou individualmente 
Acesso à justiça Art. 6º, VII e VIII
Garante que todos têm direito de recorrer 
à justiça para garantir um direito. O Estado 
deve fornecer meios para facilitar ainda mais o 
acesso de todo cidadão à justiça.
OBS: Podemos considerar como Princípios CONSTITUCIONAIS 
do Direito do Consumidor os seguintes:
1. Princípio da Dignidade da Pessoa Humana (Art.1º, III da 
CF/88): A defesa do consumidor tem como base o resguardo da 
pessoa humana, sua proteção e defesa que não pode se submeter aos 
interesses produtivos e patrimoniais em detrimento desta dignidade.
2. Princípio da Isonomia (Art. 5º Caput, CF/88): A atitude de 
tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na 
medida de suas desigualdades, é a máxima deste princípio. Seria 
uma forma de equilibrar as relações estabelecendo vantagens 
para o menos favorecido e deveres para o mais forte, a fim de res-
tabelecer a igualdade entre estas pessoas. É deste princípio que se 
deriva o princípio da Vulnerabilidade.
DIREITOS BÁSICOS
Previstos nos artigos 6º e 7º do Código de Defesa do Consumidor, os direitos 
básicos funcionam como parâmetro MÍNIMO que deve ser observado pelo 
fornecedor em sua relação com o consumidor de forma a garantir sua dignida-
de. São os Direitos básicos derivados dos princípios que vimos na aula passada 
e também da Política Nacional de Proteção dos Direitos do Consumidor:
1. Proteção da vida e da saúde
Antes de comprar um produto ou utilizar um serviço você deve ser avisado, 
pelo fornecedor, dos possíveis riscos que podem oferecer à sua saúde ou se-
gurança. Não se confunde com uma proibição de produzir tais produtos e/
ou serviços, mas de garantir que o consumidor conheça esses riscos e tenha 
todas as formas possíveis de se prevenir deles. Como no caso de inseticidas, 
máquinas pesadas, pesticidas, fogos de artifício, etc, onde o fornecedor tem 
por obrigação alertar sobre os riscos à saúde e à vida, informar como deve ser 
o uso correto para evitar tais riscos e o que fazer em casos de eventual dano.
Lembrando que este é um direito típico dos consumidores por equiparação, 
onde a coletividade pode ser passiva de dano e, portanto, indenização.
1716
2. Educação para o consumo
Você tem o direito de receber orientação sobre o consumo adequado e corre-
to dos produtos e serviços. É uma obrigação do fornecedor que deve prestar 
todas estas informações desde antes da relação de consumo. A educação do 
consumidor também é fundamental para o desenvolvimento de um consumo 
consciente, em contrapartida ao consumo desenfreado e irresponsável. Ex: 
avisos no cigarro, nas bebidas alcóolicas, conteúdo nutricional nos alimen-
tos, etc.
3. Liberdade de escolha de produtos e serviços
O consumidor tem todo o direito de escolher o produto ou serviço que achar 
melhor, para isso tem o direito de ter a informação adequada e clara sobre os 
diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, ca-
racterísticas, composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que 
apresentem – Este direito está diretamente correlacionado com o anterior, 
mas tem caráter específico de proporcionar que o consumidor educado 
(que recebeu o objeto do princípio anterior) possa fazer a melhor es-
colha mediante as informações fornecidas sobre o produto e/ou serviço.
4. Proteção contra publicidade enganosa e abusiva
Serve também para os casos de métodos comerciais coercitivos ou desleais, 
bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimen-
to de produtos e serviços. O consumidor tem o direito de exigir que tudo o 
que for anunciado seja cumprido. Se o que foi prometido no anúncio não 
for cumprido, o consumidor tem direito de cancelar o contrato e receber a 
devolução da quantia que havia pago. A publicidade enganosa e a abusiva 
são proibidas pelo Código de Defesa do Consumidor. São consideradas crime 
(Art. 67, CDC).
Casos típicos são de publicidade que induzem a realidades que não existem, 
como a de um produto de emagrecimento que não tem resultados compro-
vados cientificamente; ou a inserção nos contratos de cláusulas que visam 
beneficiar somente o fornecedor, tal como cláusula de juros abusivos.
5. Proteção contratual
Leva-se em conta que os contratos de consumo não são equilibrados. Ge-
ralmente tem suas cláusulas pré-redigidas pelo fornecedor e não dão espa-
ço para negociação equilibrada. O Código protege o consumidor quando as 
cláusulas do contrato não forem cumpridas ou quando forem prejudiciais ao 
consumidor. Neste caso, as cláusulas podem ser anuladas ou modificadas de 
ofício por um juiz. Da mesma forma o contrato não pode obrigar o consumi-
dor caso este não tome conhecimento do que nele está escrito.
A essência deste direito é a modificação (até mesmo de ofício) das cláusulas 
contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão 
em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas – 
É com esse direito que surge a teoria da imprevisão.
Nesta teoria ocorrendo fato posterior à formação da relação de consumo, 
do qual nenhuma das partes podia prever, e em virtude deste fato o consumi-
dor passar a ter umaprestação desproporcional ao que havia anteriormente 
contratado, deve haver a revisão contratual a fim de que seja restabelecido o 
equilíbrio contratual. A revisão contratual é um direito do consumidor.
6. Indenização Integral dos danos
Quando for prejudicado, o consumidor tem o direito de ser indenizado por 
quem lhe vendeu o produto ou lhe prestou o serviço, inclusive por danos 
morais. A efetiva prevenção e reparação de danos deve ser amplo, abranger 
os danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos. 
Essa reparação decorre do fato de que todos que pratiquem ato ou fato ilícito 
devem indenizar. O fornecedor que praticar qualquer ato ilícito contra o 
consumidor, ainda que exclusivamente moral, deve reparar.
7. Acesso à Justiça
O consumidor que tiver os seus direitos violados pode recorrer à Justiça 
e pedir ao juiz que determine ao fornecedor que eles sejam respeitados. O 
efetivo acesso ao judiciário se dá quando o acesso aos órgãos judiciários e 
1918
administrativos é feito de forma facilitada, ampla, com o intuito de prevenir 
ou reparar danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, as-
segurada a proteção Jurídica, administrativa e técnica aos hipossuficientes.
Considerando a realidade da justiça brasileira, cara e morosa, o CDC dá ao 
consumidor a oportunidade de ver o seu conflito resolvido de forma me-
nos burocrática e mais rápida. A partir desse direito é que foram criados em 
1995, através da Lei n. 9.099, os juizados especiais cíveis e de defesa 
do consumidor, que permitem a estes, em processos de menor potencial 
ofensivo (causas de até 20 (vinte) salários mínimos), buscar seus direitos 
contra os fornecedores, sem a necessidade da assistência de um advogado, 
com rito mais célere.
8. Facilitação da defesa dos seus direitos
O Código de Defesa do Consumidor facilitou a defesa dos direitos do consu-
midor, permitindo até mesmo que, em certos casos, seja invertido o ônus de 
provar os fatos quando, no processo civil, a critério do juiz, for verossímil a 
alegação (tem a fumaça do bom direito) ou quando for ele hipossuficiente.
Como regra, no Código de Processo Civil, aquele que alega o fato é quem tem 
a obrigação de fazer prova do mesmo, entretanto, o consumidor, presu-
midamente em desvantagem financeira, técnica e jurídica, muitas vezes não 
tem como fazer prova do dano provocado pelo fornecedor. Nestas hipó-
teses, o CDC determinou que a obrigação é do fornecedor fazer a prova, 
ainda que de fato negativo.
9. Qualidade dos serviços públicos
Existem normas no Código de Defesa do Consumidor que asseguram a pres-
tação de serviços públicos de qualidade, assim como o bom atendimento do 
consumidor pelos órgãos públicos ou empresas concessionárias desses servi-
ços. A adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral reconhece 
que os órgão da administração direta e indireta também são fornecedores 
para os fins de incidência do CDC, desta forma, todos que contratam com 
eles são considerados consumidores.
PUBLICIDADE ENGANOSA, PUBLICIDADE 
ABUSIVA
Para falarmos sobre publicidade no âmbito do CDC faz-se necessário enten-
dermos o conceito de OFERTA. Segundo Nelson Nery Júnior: 
“Conceito de oferta: Denomina-se oferta qualquer informação ou publi-
cidade sobre preços e condições de produtos ou serviços, suficientemente 
precisa, veiculada por qualquer forma. Pode haver oferta por anúncio ou 
informação em vitrine, gôndola de supermercados, jornais, revistas, rádio, 
televisão, cinema, Internet, videotexto, fax, telex, catálogo, mala-direta, te-
lemarketing, outdoors, cardápios de restaurantes, lista de preços, guias de 
compras, prospectos, folhetos, panfletos etc.”
Segundo o Art. 30 do CDC, caput: “Toda informação ou publicidade, sufi-
cientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação 
com relação a produtos e serviços oferecidos ou apresentados, obriga o for-
necedor que a fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a 
ser celebrado”.
Portanto, todos os elementos que compõem a oferta passam a integrar au-
tomaticamente o conteúdo do negócio celebrado. Correto compreender que 
deve prevalecer a oferta em relação às cláusulas contratuais.
Conhecendo o conceito de oferta, vamos diferenciar o que é publicidade do 
que é propaganda, conforme Flávio Tartuce e Daniel Amorim A. Neves:
Publicidade Propaganda
Tem fins comerciais, de consumo e 
circulação de riquezas. Tem fins políticos, sociais, culturais e ideológicos.
Envolve uma remuneração direta, 
diante de seu intuito de lucro. Não tem intuito de lucro.
Tem sempre um patrocinador. Nem sempre tem um patrocinador.
Exemplo: anúncio publicitário de uma 
loja de eletrodomésticos ou de uma 
montadora de veículos.
Exemplo: propaganda do governo para uso de 
preservativo no carnaval.
2120
A publicidade é o meio utilizado pelo fornecedor para chamar a atenção, des-
pertar o interesse sobre e demonstrar seus produtos e serviços. Porém, tais 
anúncios devem ser leais, transparentes e permeados de boa-fé. O art. 36, 
parágrafo único, previu que o fornecedor, após realizar a publicidade, deverá 
guardar em seu poder, os dados fáticos, técnicos e científicos que compro-
vem as qualidades anunciadas dos produtos ou serviços, para informação 
dos legítimos interessados. A publicidade deve retratar a realidade do pro-
duto ou serviço. 
O CDC protege o consumidor contra efeitos nocivos da publicidade. Para 
tanto proíbe toda publicidade enganosa ou abusiva.
a) Publicidade enganosa 
O art. 37, § 1° do CDC define publicidade enganosa como sendo: 
“Qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publici-
tário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo 
por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, 
características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quais-
quer outros dados sobre produtos e serviços”.
Publicidade enganosa é, então, aquela capaz de induzir o consumidor ao 
erro. Para configurá-la, basta que a informação seja inteira ou parcialmente 
falsa ou, então, que omita dados importantes. Ex: a propaganda que men-
ciona um produto em promoção que não existe ou acabou, a fim de atrair o 
consumidor até o estabelecimento comercial.
Pode ocorrer também a publicidade enganosa por omissão, definida no art. 
37, § 3° do CDC que ocorre quando o fornecedor “deixar de informar sobre 
dado essencial do produto ou serviço”. Ex: Computador em promoção, mas 
não havia a informação de que para poder usar tem que adquirir um sistema 
operacional em separado.
Portanto, a informação errônea, assim como a ausência de informação tor-
nam o produto ou serviço defeituoso, responsabilizando civilmente o forne-
cedor que o inseriu no mercado.
b) Publicidade abusiva
O art. 37, § 1° do CDC define publicidade abusiva, como sendo:
“Dentre outras, a publicidade discriminatória de qualquer natureza, a que 
incite à violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência 
de julgamento e experiência da criança, desrespeita valores ambientais, ou 
que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial 
ou perigosa à sua saúde ou segurança”.
Podemos considerar que a publicidade abusiva é antiética, se aproveitando da 
vulnerabilidade do consumidor, atingindo a dignidade humana e os valores 
sociais, podendo até, chegar a ferir a sociedade como um todo. Ex: Um apa-
relho de celular de luxo que ao fazer seu lançamento veicula: “O celular que 
pobre não pode ter” ou mais sutil, como: “Só para os melhores e mais bonitos”.
Também serão abusivas publicidades que possam conduzir as crianças a 
comportamentos perigosos, como exposição a produtos e situaçõesde risco.
O rol apresentado pelo artigo deixa claro que é exemplificativo quando se 
refere a “dentre outras” permitindo que se apliquem os princípios e disposi-
tivos do CDC de forma dinâmica e adequada às inovações contemporâneas.
Ressaltamos que o ônus da prova da veracidade e correção da informação 
ou comunicação publicitária cabe a quem as patrocina, ou seja, quem é o 
dono do “comercial” e não ao veículo de comunicação, como regra, embo-
ra já existam teorias para ampliar esta responsabilidade de forma solidária 
com o meio de comunicação, que também lucra com a publicidade, chamado 
de teoria do “fornecedor equiparado”, que ampliaria a responsabilidade de 
indenizar para os meios de comunicação que veiculassem quaisquer publici-
dades abusivas e/ou enganosas. 
Quando ocorre este tipo de publicidade, cabe, além da indenização, medidas 
administrativas e penais, bem como a necessidade de veiculação de uma con-
trapropaganda (art. 56, inc. XII, do CDC).
2322
REVISÃO CONTRATUAL
Para o CDC o consumidor é presumidamente vulnerável. Portanto, sempre 
que existir uma onerosidade excessiva ensejará uma revisão contratual, onde 
o judiciário poderá, até mesmo de ofício, afastar uma cláusula abusiva, one-
rosa, ambígua ou confusa (artigos 51 e 46) e a interpretação do contrato deve 
sempre ser em benefício do consumidor (artigo 47).
Nas relações civis, como já vimos, rege o princípio do “pacta sunt servanda”, 
que traduzido quer dizer “o acordo deve ser mantido/obedecido/servido”, 
onde aquilo que está contratado valerá até o fim do contrato. Já nas relações 
consumeristas reconhecemos que a oferta vincula e os contratos são elabo-
rados unilateralmente (contratos de adesão) ou nem sequer são apresenta-
dos, podendo ser verbais, derivados do comportamento socialmente típico e 
incluir cláusulas gerais, em que nem sempre será possível manter o que está 
contratado em todos os seus termos.
Por estes motivos e pelos princípios do CDC é que nas relações de consu-
mo se aplica o princípio do “rebus sic stantibus”, que traduzido quer dizer 
“estando assim as coisas”, ou seja, manter-se-á o pactuado desde que as 
condições em que foi celebrado mantenham-se as mesmas. Resume-se em 
que, havendo fato superveniente que traga vantagem excessiva para uma das 
partes, o contrato poderá ser revisto, desde que tal fato seja extraordinário 
e de difícil ou impossível previsão. Estes fatos constituiriam a TEORIA DA 
IMPREVISÃO. Tal instituto está previsto nos artigos 317 e 478, 479 e 480, 
do Código Civil de 2002.
Já no CDC, a Teoria da imprevisão é aplicada um pouco diferente, conforme 
Art. 6º, V do CDC: 
“Art. 6º. São direitos básicos do consumidor:
(...)
V – a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam 
prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos 
supervenientes que as tornem excessivamente onerosas. (...)”.
Teríamos, portanto, com o Código de Defesa do Consumidor, a adoção de 
outro fundamento para a revisão contratual, a da revisão por simples 
onerosidade, que tem como embrião os princípios da isonomia, do equi-
líbrio contratual, da boa-fé objetiva e da dignidade da pessoa humana, que 
é motivada pela busca, em todo o momento, de um ponto de equilíbrio nos 
contratos, afastando-se qualquer situação desfavorável ao protegido legal.
Desta forma, a Teoria da Imprevisão, com o perfil que a ela é dado pelo direi-
to civil, não se aplica às relações de consumo. O direito do consumidor dá ao 
assunto tratamento próprio e diverso. Note-se que a norma acima citada não 
exige a extraordinariedade, nem tampouco a imprevisibilidade, dos fatos su-
pervenientes que venham a tornar o contrato excessivamente oneroso, para 
que surja o direito à revisão.
O CDC adotou a cláusula de revisão pura, ou objetiva, que apenas exige a 
onerosidade excessiva ocasionada por fatos supervenientes para que surja ao 
consumidor o direito de modificar ou rever o contrato.
Relatividade da revisão contratual:
É importante salientar que o consumidor não pode pleitear a revisão con-
tratual para levar vantagem ou eximir-se de cumprir com suas obrigações 
dolosamente. Os fatos supervenientes devem onerar de maneira crucial a 
prestação, de tal modo que os esforços do consumidor para o cumprimento 
do contrato sejam frustrados.
Para que se possa verificar se a onerosidade é excessiva ou não, deve-se ana-
lisar se outra pessoa, nas mesmas condições do consumidor em questão, se-
ria capaz de cumprir a obrigação. Não se deve utilizar o instituto da revisão 
contratual para premiar a torpeza de algumas pessoas que agem de má-fé.
Ressalte-se que o consumidor não pode ser o causador da onerosidade exces-
siva. Também não pode ser beneficiado pela revisão contratual aquele con-
sumidor que já estava em mora ao tempo do pedido revisional. Admitir que 
o consumidor causador da onerosidade excessiva seja beneficiário da revisão 
contratual seria anuir com a má-fé, privilegiando o consumidor que ensejou 
2524
a situação de desequilíbrio, causando uma insegurança desnecessária nos 
contratos de consumo.
Conclui-se, portanto, que para revisão de contrato de consumo basta a one-
rosidade excessiva ao consumidor, decorrente de fato superveniente, não 
sendo necessário que tal fato seja extraordinário, ou que fosse imprevisível, 
na época da contratação.
FACILITAÇÃO DA DEFESA DE SEUS DIREITOS
A facilitação da defesa dos direitos do consumidor é composta, basicamente, 
de dois direitos básicos. O Direito de acesso aos órgãos de defesa e a inversão 
do ônus da prova:
1 - Direito de acesso aos órgãos de defesa
Consoante o disposto no art. 6º, inciso VII do CDC, é direito básico do consumidor:
“O acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à 
prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, indivi-
duais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica, ad-
ministrativa e técnica aos necessitados. ”
O inciso VII destaca quais são os meios oferecidos ao consumidor para bus-
car a tutela Estatal (Judiciário comum ou juizados especiais civis) ou na esfe-
ra administrativa (Procon), para prevenir ou reprimir qualquer dano decor-
rente da relação de consumo.
É notório avanço nesta defesa de direitos dos necessitados que a previsão da 
DEFENSORIA PÚBLICA trouxe para o contexto judicial do país, em especial 
na defesa dos direitos dos consumidores, tal instituição, aliada à gratuidade 
judicial, tendem a democratizar o acesso aos órgãos do judiciário.
Tal gratuidade e assistência da Defensoria Pública não é exclusiva para o 
consumidor, mas sim para qualquer pessoa que comprove que sua situação 
econômica não lhe permite arcar com as custas do processo e honorários ad-
vocatícios sem prejuízo de seu sustento e da própria família. O consumidor 
que necessitar da assistência jurídica gratuita poderá se valer da Defensoria 
Pública ou Procuradorias de Assistência Judiciária, mantidas pelos Municí-
pios ou por Instituições de Ensino que possuam Curso de Direito.
2 - Direito à inversão do ônus da prova
Esse direito encontra sua fundamentação jurídica no art. 6º, inciso VIII, 
abaixo transcrito:
“A facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão 
do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a crité-
rio do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossufi-
ciente, segundo as regras ordinárias de experiências”.
Segundo os dispositivos que regulam o Processo, em especial o CPC, cabe ao 
autor o ônus de provar o fato constitutivo de seu direito e ao réu o de provar 
o fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.
A inversão do ônus da prova busca restabelecer a igualdade e o equilíbrio 
da relação processual e está adequada aos princípiosgerais que regulam os 
aspectos processuais, ou seja, não é uma simples exceção, mas uma evolução 
derivada do princípio constitucional da isonomia.
A inversão do ônus da prova vem para facilitar a defesa do consumidor em 
juízo, garantindo que o fornecedor é quem deve cercar-se de provas de que 
cumpre as obrigações e respeita o direito do consumidor, como um ônus da 
própria atividade econômica, visando proteger a coletividade de consumido-
res. Todavia, para que o Juiz possa aplicar tal direito devem ser identificadas 
a verossimilhança e a hipossuficiência do consumidor. Portanto, a inversão 
do ônus não é automático ou obrigatório nos processos que envolvem relação 
de consumo. 
Esta é uma regra de “flexibilização” da norma processual, com um caráter 
eminentemente instrutório e não de julgamento, ou seja, não define se o 
2726
consumidor tem razão ou não, mas garante que para o juiz ter todos os ele-
mentos de convencimento o consumidor conte com uma obrigação do forne-
cedor em fornecer as provas de respeitou e cumpriu seus deveres para com 
o consumidor.
2.1 – Verossimilhança
A verossimilhança é um juízo de probabilidade, onde após sopesar os moti-
vos que lhe são favoráveis em contrapartida aos desfavoráveis, reste maior 
peso aos motivos favoráveis (convergentes) de que o direito e a situação de 
fato são realmente verdadeiros. É uma alta probabilidade de que o alegado 
pode ser verdadeiro e merece o benefício de “parecer verdade”.
2.2 – Hipossuficiência
Conforme já vimos em aulas anteriores, não se trata de vulnerabilidade ma-
terial, mas de situação desfavorável processualmente falando. Quando falta 
ao consumidor, por exemplo, conhecimento das normas técnicas e infor-
mações especializadas das quais não tenha a obrigação de conhecer, con-
sideramos que este consumidor seja hipossuficiente. Não está relacionado 
à questão meramente econômica, mas sim à um conjunto de situações que 
demonstram o desequilíbrio perante o fornecedor em produzir, guardar e 
conhecer de provas de situações de fato e/ou de direito.
3 - Questão polêmica: Qual o momento da inversão do ônus probatório?
A doutrina questiona qual seria o melhor momento para o juiz considerar e 
decidir sobre o ônus da prova. Três são as correntes existentes. Na primeira 
o juiz deverá conceder a inversão do ônus da prova apenas por ocasião da 
sentença, após a instrução. A segunda corrente acredita que o próprio con-
sumidor, na inicial de sua ação, já deve requerer tal inversão, posto que uma 
vez concedida tratar-se-á de Decisão Interlocutória, cabível de recurso. Tal 
corrente é interessante pois uma vez que a inversão do ônus pode, ou não, 
ser concedida, será possível recorrer da decisão e portanto revista a decisão. 
Já a terceira corrente estabelece que o momento da inversão do ônus pro-
bandi seria o despacho saneador, no qual o magistrado, saneando o pro-
cesso, no intuito de que o mesmo possa prosseguir de forma regular, livre 
de vícios ou quaisquer questões que venham obstar a análise do mérito da 
causa, colocando em ordem o processo e, consequentemente, determinando 
as providências de natureza probatória, evitando, dessa maneira, qualquer 
ofensa aos princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa.
2928
RESPONSABILIDADE CIVIL NAS RELAÇÕES 
DE CONSUMO - DEFEITO E VÍCIO 
O CDC concentra a abordagem da responsabilidade civil no produto e no 
serviço. Nesse contexto, surgem a responsabilidade pelo vício ou pelo fato, 
sendo o último também denominado de defeito. Dentre todas as situações 
previstas pela legislação de proteção ao consumidor para responsabilizar ci-
vilmente (ter a obrigação de indenizar) há grandes diferenças de efeitos e 
requisitos dependendo se o dano foi oriundo de vício ou do fato/defeito do 
produto e/ou serviço.
Portanto, é importante diferenciar o vício do fato ou defeito . 
a) Vício: Seja do produto ou do serviço, no VÍCIO o problema fica dentro 
dos limites e características do bem de consumo, sem outras repercussões, 
não causa dano à saúde, não provoca reação nas pessoas e/ou outros objetos. 
É a mera inadequação do produto ou do serviço para os fins a que se destina. 
Enfim, são prejuízos intrínsecos. Exemplo Produto: Um celular que de 
repente para de funcionar ou apresenta defeito na tela, sem causar nenhum 
outro prejuízo a não ser o seu conserto ou substituição. Exemplo Serviço: 
Consumidor contrata um eletricista e após a execução do serviço ainda exis-
tem lâmpadas que não acendem e tomadas que não funcionam.
b) Fato ou defeito: Seja também do produto ou serviço, no fato/defei-
to há consequências a terceiros, que extrapolam o âmbito do produto ou 
Responsabilidade Civil - 
Prescrição e Decadência
ue03
serviço e provocam danos externos, como é o caso de danos materiais de-
rivados, danos à saúde, danos morais, danos estéticos, etc. diz respeito à 
insegurança do produto ou do serviço. Provocam prejuízos extrínsecos. É o 
que se denomina acidente de consumo. Espécies de defeitos: de fabricação, 
de concepção e de comercialização.
Em síntese, o produto defeituoso é aquele que não oferece a segurança que dele 
legitimamente se espera. Observam-se a informação do produto, a sua apresen-
tação, os riscos que ele pode causar, levando-se em consideração a época em 
que foi colocado em circulação. Trata-se da teoria do risco do desenvolvimento.
Exemplo Produto: um celular que quando está carregando explode, da-
nificando os móveis próximos e causando queimaduras em uma pessoa que 
estava próxima. Exemplo Serviço: Consumidor contrata um eletricista e 
após a execução 
Um caso concreto famoso por sua didática, elaborado pelo doutrinador Riz-
zatto Nunes, merece ser mencionado: Dois consumidores adquirem dois li-
quidificadores em uma loja de departamentos e resolvem utilizar o produto 
para fazer um bolo. Quando o primeiro liga o aparelho, o motor estoura, 
fazendo com que a pá de liquidificação fure o copo e atinja a barriga do con-
sumidor, que é hospitalizado. Na situação, está presente o fato do produto 
ou defeito. A segunda consumidora liga o seu aparelho e os mesmos fatos 
acontecem. Porém, a pá do liquidificador fura o copo, mas não atinge o con-
sumidor, estando evidenciado o vício do produto. 
Fica claro, portanto, que “no primeiro caso, ele sofreu acidente de consumo. 
É defeito. No segundo, ela nada sofreu. Apenas o liquidificador deixou de 
funcionar. É vício”. 
Mas enfim, para que serve essa diferença? A resposta deste item gira em tor-
no da RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA.
Na Responsabilidade Solidária, todos os envolvidos na cadeia de produção 
do produto e/ou serviço podem responder pelos danos causados por fatos e/
3130
ou vícios de seus produtos e/ou serviços. Na prática, o consumidor poderia 
escolher quem processar, pois todos, do produtor ao comerciante, responde-
riam integralmente pelos danos. 
O Código Civil em seu art. 265 dispõe que a solidariedade não se presume, 
decorre da lei (solidariedade legal) ou da vontade das partes (solidariedade 
convencional). Ainda, de acordo com o art. 942 do Código Civil, os bens do 
responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam sujeitos à 
reparação do dano causado. Se a ofensa tiver mais de um autor, todos res-
ponderão solidariamente pela reparação. Complementando, de acordo com 
o seu parágrafo, são solidariamente responsáveis com os autores os coauto-
res do ato e as pessoas designadas no art. 932 da mesma norma. 
O CDC prevê quatro hipóteses de responsabilidade civil (obrigação 
de indenizar): 
A. responsabilidade pelo vício do produto; 
B. responsabilidade pelo fato do produto ou defeito; 
C. responsabilidade pelo vício do serviço; 
D. responsabilidadepelo fato do serviço ou defeito. 
Em três delas, há a solução da solidariedade, respondendo pela obrigação de 
indenizar todos os envolvidos com o fornecimento ou a prestação. Em uma 
delas, a solidariedade não é aplicada.
A exceção à solidariedade atinge o fato do produto ou defeito, conforme 
consta dos arts. 12 e 13 da Lei 8.078/1990. Isso porque ambos os comandos 
consagram a responsabilidade imediata do fabricante – ou de quem o substi-
tua nesse papel – e a responsabilidade subsidiária do comerciante. Veremos 
melhor esse tema quando da aula específica.
RESPONSABILIDADE CIVIL NAS RELAÇÕES 
DE CONSUMO - CULPA E DANOS 
A responsabilidade é de fato uma obrigação que ocorre por um dever contra-
tual ou extracontratual, assim como, quando uma norma é violada, quem a 
descumpriu deve reparação pelo prejuízo causado.
A partir da Lex Aquilia (Roma antiga) ficou estabelecida que a culpa seria 
fundamental para caracterizar a responsabilidade. Atualmente, a responsa-
bilidade civil pode advir tanto dos atos ilícitos quanto dos lícitos que im-
portam riscos. A regra geral prevista no Código Civil é a responsabilidade 
subjetiva, aquela que depende da comprovação da culpa do agente.
Nesse sentido, a responsabilidade SUBJETIVA precisa dos seguintes elementos: 
a) Conduta humana antijurídica ou conduta ilícita: usa-se nesse 
caso o termo “neminem laedere”, que traduzido significa “ninguém pode le-
sar ninguém”. Deve haver uma ação (consciente ou não) que seja contrária à 
Lei. Note-se que a culpa é parte da conduta antijurídica, quando feita de for-
ma consciente (dolo) ou inconsciente (culposo). Esse é o elemento essencial 
e caracterizador da responsabilidade subjetiva. 
A culpa é dividida em “lato sensu” e “stricto sensu”. A culpa “lato sensu” re-
presenta o dolo, a intenção de provocar o dano. Já a culpa “stricto sensu” se-
ria a não intenção de causar dano, mas que ocorre em razão de IMPERÍCIA, 
NEGLIGÊNCIA OU IMPRUDÊNCIA.
• Negligência: Na negligência, alguém deixa de tomar uma atitude ou 
apresentar conduta que era esperada para a situação. Age com descui-
do, indiferença ou desatenção, não tomando as devidas precauções.
• Imperícia: Para que seja configurada a imperícia é necessário 
constatar a inaptidão, ignorância, falta de qualificação técnica, 
teórica ou prática, ou ausência de conhecimentos elementares e bá-
3332
sicos da profissão. Um médico sem habilitação em cirurgia plástica 
que realize uma operação e cause deformidade em alguém pode ser 
acusado de imperícia.
• Imprudência: A imprudência, por sua vez, pressupõe uma ação 
precipitada e sem cautela. A pessoa não deixa de fazer algo, não é 
uma conduta omissiva como a negligência. Na imprudência, ela age, 
mas toma uma atitude diversa da esperada.
b) Dano: É a lesão a um bem jurídico ou o prejuízo sofrido pela vítima que 
pode ser patrimonial ou extrapatrimonial.
c) Nexo de causualidade: Relação de causa e efeito entre a conduta e o 
resultado ou a ligação entre a conduta do agente e o dano. É o elo de ligação 
entre a ação e/ou omissão, o dano e suas consequências, fundamental para 
estabelecer o quantum indenizatório.
O nosso CDC implantou um tipo diferente de responsabilidade, a RESPON-
SABILIDADE OBJETIVA. Neste tipo a CULPA deixa de ser elemento essen-
cial e a Conduta humana é substituída pelo RISCO DA ATIVIDADE, deriva-
da da teoria de mesmo nome. 
A teoria do risco da atividade
No direito do consumidor toda atividade econômica pressupõe risco para o 
consumidor, portanto uma vez que a atividade econômica traga dano ao con-
sumidor, surge o dever de reparar esse dano, independentemente da com-
provação de dolo ou culpa do fornecedor. O CDC transfere de forma integral 
o risco da atividade para quem a exerce e dela aufere lucro e/ou renda. Para 
o Direito do Consumidor a regra é a Responsabilidade OBJETIVA.
Nesse tipo de responsabilidade a reparação do dano se baseia no dano causa-
do e sua relação com a atividade desenvolvida pelo agente. Incide sobre ati-
vidades que potencialmente ofereçam risco à coletividade. A atividade pode 
ser lícita, mas sua existência faz com que provoque danos e as vítimas devem 
ser protegidas. A obrigação de reparar surge da existência de um dano e da 
relação de causalidade com determinada atividade. 
ATENÇÃO: 
Não se confunde responsabilidade objetiva com a culpa presumida! 
Na culpa presumida ocorre uma inversão do ônus de prova. Presu-
me-se a culpa por um comportamento do causador do dano, cabendo a este 
demonstrar ausência de culpa, para se eximir de indenizar. É um artifício 
PROCESSUAL e pode ser aplicado fora do CDC. Em caso de culpa presumida 
deve-se provar a conduta antijurídica, a culpabilidade, o dano e o nexo de 
causalidade; mas no caso da CULPA PRESUMIDA, o elemento culpa presu-
me-se já provado. Só ocorre em casos previstos em lei.
Já na responsabilidade objetiva, o agente responderá mesmo se tiver agido 
sem culpa e os elementos a serem provados pela vítima em uma eventual 
ação de indenização são o dano e o nexo de causalidade. 
EXCEÇÕES DA RESPONSABILIDADE CIVIL 
Conforme previsão no Art. 12, §3º do CDC, o fabricante, o produtor, o cons-
trutor e o importador só não responderão pelo fato do produto se provarem 
as seguintes excludentes:
 
I. que não colocaram o produto no mercado: o produto, por exem-
plo, tem outro fabricante; 
II. que, muito embora o produto tenha sido colocado no mercado, o 
defeito inexiste: o produto foi colocado perfeito no mercado; 
III. que ocorreu culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro:
Das 03 hipóteses acima, a primeira é facilmente imaginável. Ex: Consumidor 
processa uma fábrica de refrigerantes por fato ocorrido no produto de uma 
cervejaria. Nesse caso a fábrica de refrigerantes poderá provar que não produz 
ou fabrica aquela cerveja, excluindo qualquer responsabilidade sobre o fato.
3534
Na segunda hipótese não haverá dever de indenizar por parte dos fornecedo-
res e prestadores por não haver dano reparável. Ex: O cigarro é um produto 
perigoso, que faz mal à saúde, porém é colocado no mercado conforme todas 
as especificações técnicas previstas e regulamentadas em Lei. Não pode en-
tão o consumidor pleitear indenização uma vez que o produto embora cause 
dano, é colocado no mercado de forma “perfeita”.
A terceira hipótese é a mais importante e cobrada em provas. É a que 
trata da CULPA EXCLUSIVA DO CONSUMIDOR e da CULPA CONCOR-
RENTE (TERCEIROS).
Na hipótese de culpa exclusiva do consumidor, o próprio consumidor é o 
único responsável pela ocorrência do dano, não tendo o fornecedor contri-
buído de qualquer forma para o fato do produto e/ou serviço. Tem-se, na 
espécie, a auto exposição da própria vítima ao risco ou ao dano, por ter ela, 
por conta própria, assumido as consequências de sua conduta, de forma 
consciente ou inconsciente.
Na hipótese de Culpa Concorrente, uma pessoa, completamente estranha ao 
ciclo de produção (da fábrica ao varejo dos produtos ou com a prestação dos 
serviços) ou à relação de consumo é quem teria, por ação e/ou omissão pro-
vocado o dano. Esta é uma modalidade ligada ao NEXO DE CAUSALIDADE, 
onde deve ficar claro que sem a participação do terceiro não haveria o dano.
Contudo, se a pessoa que causou o dano pertence ao ciclo de produção, não 
pode ser invocada a sua condição de terceiro, pois o fornecedor é responsável 
por seus prepostos nos termos do art. 34 do CDC.
Exemplo de caso de excludente da responsabilidade por culpa exclusiva de 
terceiro: o carro tem vício no freio, mas, na verdade, quem causou o acidente 
foi o outro motorista, que passou no farol vermelho.
Por fim, vale informar que as excludentes de responsabilidade do art. 12, §3º 
se apresentam em“numerus clausus”, ou seja, são em rol taxativo, represen-
tado pela expressão “só não será responsabilizado quando provar”. Em todas 
as demais hipóteses, o fabricante, o produtor, o construtor e o importador 
responderão de forma objetiva.
Caso fortuito e a força maior 
Caso fortuito se funda na imprevisibilidade. Já a força maior se baseia na 
irresistibilidade. Alguns doutrinadores, no entanto, consideram que a for-
ça maior exprime a ideia de um acidente da natureza (raio, ciclone, tsunami, 
terremoto), enquanto o caso fortuito indica um fato do homem, como por 
exemplo, a guerra ou a greve. Independentemente disso é importante ressal-
tar: NÃO SÃO EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE DO FATO 
DO PRODUTO O CASO FORTUITO E A FORÇA MAIOR. Ambos se-
rão absorvidos pelo risco da atividade do fornecedor, quando provocam o 
acidente de consumo.
Do serviço de transporte de pessoas
Fique atento: no transporte de pessoas a excludente da culpa ou fato exclu-
sivo de terceiro não é cabível. Estabelece o art. 735 do Código Civil que:
 “A responsabilidade contratual do transportador por acidente 
com o passageiro não é elidida por culpa de terceiro, contra o 
qual tem ação regressiva”. 
Percebe-se que a proteção estabelecida no Código Civil é mais vantajosa para 
os consumidores do que a aplicação do Código do Consumidor, cabendo a 
aplicação do Código Civil por ser mais vantajosa para o Consumidor. Um 
exemplo é o famoso caso do avião que caiu na região Centro-Oeste do Brasil, 
por ter sido atingido por um jatinho (culpa exclusiva de terceiro), a empresa 
aérea deve indenizar os familiares, consumidores por equiparação, pela inci-
dência da norma civil. Por incrível que pareça, se fosse incidente o Código do 
Consumidor, isoladamente, a empresa aérea não responderia. 
3736
RESPONSABILIDADE CIVIL POR DEFEITO DE 
PRODUTO OU SERVIÇO
1 – Conceito de fato de produto ou serviço
Defeito (ou fato) de produto ou de serviço estão referidos nos artigos 12 e 
14 do CDC, respectivamente, e também são chamados de ACIDENTES DE 
CONSUMO. Os produtos que, por seus defeitos, causarem danos, trarão, 
como consequência, a responsabilidade civil do fornecedor, independente-
mente de culpa. O mesmo ocorre em caso acidente de consumo por fato/
defeito de serviço verificados na prestação de um serviço, bem como por in-
formações insuficientes ou inadequadas sobre a sua fruição e riscos.
2 – Responsabilidade Civil Aplicável
Nas relações abrangidas pelo CDC a regra é a responsabilidade objetiva e 
solidária, que atribui ao consumidor o direito de escolher de quem pleite-
ar os danos, se do comerciante ao qual adquiriu o produto ou serviço, por 
estar mais próximo de si dentro desta relação, ou se do fabricante ou figura 
correlata, mesmo que nunca tenha interagido com o mesmo, estando mais 
distante na relação de consumo. 
“O consumidor tem a faculdade de escolher qualquer um deles, se-
parada ou conjuntamente, pelo total dos danos, não podendo o for-
necedor acionado denunciar a lide, por expressa vedação do CDC”.
Assim, aplica-se a responsabilidade objetiva e solidária, em caso de acidente 
de consumo, isto é, o fornecedor responde independentemente da exis-
tência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por 
defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, monta-
gem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamen-
to de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou 
inadequadas sobre sua utilização e riscos.
FATO DO PRODUTO E DO SERVIÇO = ACIDENTE DE CONSUMO 
Art. 12, CDC: “O fabricante, o produtor, o construtor, nacional 
ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente 
da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos 
consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, 
construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação 
ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informa-
ções insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.”
Art. 14, CDC: “O fornecedor de serviços responde, independente-
mente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados 
aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, 
bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre 
sua fruição e riscos.”
O produto defeituoso é aquele que não oferece a segurança que dele legi-
timamente se espera. A segurança esperada deve, necessariamente, incor-
porar todos os princípios e direitos básicos do consumidor. O produto deve 
conter a informação correta de suas especificações técnicas, forma de uso, 
apresentação, obrigatoriamente alertar sobre os riscos que pode causar ao 
consumidor, os requisitos mínimos para seu uso seguro, e levando-se em 
consideração a época em que foi colocado em circulação. Trata-se da teoria 
do risco do desenvolvimento. 
3 - Responsabilidade do comerciante: 
Em regra, a responsabilidade do comerciante é subsidiária. A responsabili-
dade subsidiária advém do fato de o fabricante e o produtor serem os verda-
deiros introdutores do risco no mercado ao inserirem produtos defeituosos 
em circulação, cabendo ao comerciante apenas avaliar a qualidade dos bens 
que coloca à venda em seu estabelecimento. 
O comerciante responde solidariamente, ou será igualmente responsável, 
nas hipóteses do art. 13 do CDC, quando: 
I. quando o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador 
não puderem ser identificados; 
3938
II. quando não houver no produto identificação clara do fabricante, 
produtor, construtor ou importador; 
III. quando o comerciante não conservar adequadamente os produ-
tos perecíveis. 
Tratando-se de responsabilidade solidária, aquele que pagar integralmente a 
indenização poderá propor ação de regresso contra os demais. O comercian-
te poderá exercer o direito de regresso contra o produtor, fabricante ou im-
portador em ação autônoma ou na mesma ação, desde que já tenha reparado 
os danos ao consumidor.
A impossibilidade da intervenção de terceiros na ação de reparação de dano 
por fato do produto se justifica por dois motivos: retardaria a reparação do 
consumidor; e importaria na inclusão de nova argumentação jurídica na lide, 
já que entre os fornecedores a responsabilidade é subjetiva e deveria ser pro-
vada a culpa daquele que contribuiu para a causação do evento danoso.
RESPONSABILIDADE CIVIL POR VÍCIO DO 
PRODUTO
Responsabilidade civil por vício do produto ou do serviço
A responsabilidade civil por vícios do produto e do serviço está prevista nos 
artigos 18 e seguintes do CDC, que estabelecem a solidariedade de todos os 
fornecedores da cadeia produtiva e também prevê a responsabilidade objeti-
va, aquela que independe da culpa. Mantem-se o entendimento do CDC em 
que seu objetivo é a reparação efetiva dos danos, ampliando a possibilidade 
de responsabilizar o maior número de pessoas participantes da cadeia pro-
dutiva, ou seja, dos que lucram com a atividade econômica. 
A meta final de tais procedimentos é assegurar que os fornecedores e todos 
os demais agentes da cadeia produtiva cumpram com o dever de garantir 
a qualidade dos produtos e serviços, proporcionando a segurança do con-
sumidor em relação à economia de massa, ou seja, a responsabilidade civil 
ampla, que transcende a figura do comerciante e/ou do fabricante original 
é o que assegura que um número maior de atores destes processos estejam 
também preocupados com o destinatário final de seus produtos e serviços, 
os consumidores. 
1. Responsabilidade Civil por Vício do Produto
Trata-se de um princípio de garantia que guarda similaridade com os vícios 
redibitórios, porém não se confundem com os mesmos. Os vícios redibitó-
rios são defeitos ocultos da coisa que darão causa, quando descobertos, àresilição contratual, com a consequente restituição da coisa defeituosa, ou ao 
abatimento do preço. 
Já os vícios de qualidade ou quantidade dos produtos ou serviços, ao revés, 
podem ser ocultos ou aparentes, e contam com mecanismos reparatórios 
muito mais amplos, abrangentes e satisfatórios do que aqueles.
Nas Relações de Consumo não se aplicam os requisitos da configuração dos 
vícios redibitórios, quais sejam: que a coisa seja recebida em virtude de uma 
relação contratual; que os defeitos ocultos sejam graves; e. ainda, que os de-
feitos sejam contemporâneos à celebração do contrato. 
Isto porque no Direito do Consumidor não se aplica o “pacta sunt servanda” 
mas sim o “rebus sic stantibus”, portanto não há distinção quanto ao valor 
dos produtos e nem se leva em consideração o fato de o defeito ser anterior 
ou posterior à sua introdução no mercado de consumo.
2 - Espécies de Vício do Produto 
Os vícios do produto dividem-se em vícios de qualidade (art. 18 do CDC) e 
em vícios de quantidade (art. 20 do CDC).
a) Vícios de qualidade do produto (art. 18 do CDC)
Tornam o produto impróprio e/ou inadequado ao consumo a que se destina, po-
dendo diminuir o valor do produto. Podem estar em desacordo com o contido:
4140
I. no recipiente ou na embalagem (lata, pote, garrafa, caixa, saco, etc.); 
II. no rótulo (informação estampada no recipiente ou na embalagem); 
III. na publicidade; 
IV. na apresentação (balcão, vitrine, prateleira, etc.); 
V. na oferta ou na informação (folheto, contrato, informação verbal, etc.).
b) Vícios de quantidade do produto (Art. 19 do CDC)
Haverá vício de quantidade quando o consumidor pagar o preço maior do 
que aquele correspondente à quantidade ou metragem do produto que lhe 
foi oferecido. Existe também vício de quantidade quando o produto é pesado 
juntamente com a embalagem, sem o desconto devido.
Assim sempre que houver divergência de peso, tamanho, ou volume do pro-
duto em relação às indicações constantes no recipiente, embalagem, rotula-
gem ou mensagem publicitária, isso gera a obrigação de o fornecedor ressar-
cir os prejuízos experimentados pelo consumidor.
Respondem solidariamente os fornecedores pelos prejuízos causados por ví-
cio de quantidade. 
Observação: Não haverá vício de quantidade quando a variação encontrada 
decorrer da natureza do produto. Ex: Quando o consumidor pede na padaria por 
10 pães, sabe que o peso de cada pão pode variar de acordo com cada fornada, 
por isso hoje é obrigatória a venda de pães no peso e não mais por unidades. 
PRODUTOS IN NATURA E ALTERNATIVAS NOS 
CASOS DE VÍCIO DO PRODUTO
1 - Produtos In Natura
As relações de consumo podem envolver, basicamente, dois tipos de produ-
tos: industrializados ou in natura. O CDC no seu § 5º do art. 18 estabeleceu 
tratamento diferenciado aos produtos in natura. A definição de produto in 
natura ou produto agrícola ou pastoril remete ao produto que é colocado no 
mercado de consumo sem sofrer qualquer processo de industrialização.
A responsabilidade do comerciante imediato pelos eventuais vícios de quali-
dade do produto in natura se justifica por sua natureza orgânica, já que estes 
produtos correm maior risco de deteriorar-se nas prateleiras em função de 
mau acondicionamento, de alteração de embalagem ou mesmo pelas condi-
ções climáticas do estabelecimento.
O CDC prevê expressamente a responsabilidade exclusiva do produtor nos 
casos em que ele puder ser identificado e desde que o fornecedor imediato 
demonstre que o produtor deu causa ao perecimento do produto. Ou seja, há 
necessariamente uma análise do nexo de causalidade que deve ser provado 
pelo comerciante/fornecedor imediato.
Neste sentido, deve-se ter em mente que o CDC relativizou a presunção de 
culpa do fornecedor imediato, pois admite a prova da culpa exclusiva do pro-
dutor, excluindo, portanto, a culpa do fornecedor finalístico.
2 - Alternativas do Consumidor em Caso de Vício do Produto
 Já entendemos os casos de vício do produto. Mas o que fazer quando nos 
deparamos com estas situações? Nestes casos, o consumidor pode exigir a 
substituição das partes viciadas.
 Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o con-
sumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: 
A. Substituição do produto; 
B. Restituição da quantia paga; 
C. O abatimento do preço. 
Atente que o consumidor poderá fazer uso IMEDIATO das alternativas 
acima relacionadas, sem esperar o prazo de 30 dias, sempre que, em razão 
da extensão do vício, a substituição das partes viciadas puder comprometer 
4342
a qualidade ou características do produto, diminuir-lhe o valor 
ou se tratar de produto essencial. Isso de acordo com o parágrafo 3 
do art. 18, do CDC.
As partes poderão convencionar a redução ou ampliação do prazo de 30 dias 
para substituição das partes viciadas do produto, sendo que esta alteração 
de prazo não poderá ser inferior a sete nem superior a cento e oitenta dias. 
Nos contratos de adesão, a cláusula de prazo deverá ser convencionada em 
separado, por meio de manifestação expressa do consumidor.
Caso o consumidor opte pela substituição do produto e não seja possí-
vel, seja porque não há mais unidades em estoque ou o produto tenha saído 
de linha, poderá haver substituição por outro de espécie, marca ou modelo 
diversos, mediante complementação ou restituição de eventual di-
ferença de preço, sem prejuízo de o consumidor escolher o disposto nos 
incisos II e III do § 1° do artigo 18 do CDC.
PRAZO DECADENCIAL E PRESCRICIONAL
A prescrição e decadência no código civil
Para entendermos as distinções entre prescrição e decadência temos que en-
tender que ambos tem efeitos na esfera processual e no direito material.
PRESCRIÇÃO: interfere no direito de AÇÃO, é uma das causas que impede 
que a pessoa esteja no pólo ativo para defender seus direitos, impede que a 
pessoa ingresse com ação na justiça. Ou seja, extingue a pretensão do direito 
material. Pode acontecer pelo seu não exercício no prazo estipulado em lei. 
Efeito Processual: Uma vez decretado, extingue o processo com julgamento 
de mérito. Efeito Material: Impossibilita o exercício do direito de ação. Ex: 
Hotel hospedou uma pessoa por uma diária e ela saiu sem pagar. O Hotel 
deixou passar mais de 01 (um) ano para ajuizar a ação de cobrança. Não 
poderá mais fazê-la pois prescreveu o direito de ajuizar o judiciário para sub-
meter a vontade do outro à sua. 
DECADÊNCIA: Já na decadência o que perece não é mais o direito de ação 
e sim o próprio direito material, que deixa de existir, ou seja, não pode nem 
ser requerido, nem defendido. Ocorre quando o direito não é exercitado den-
tro do período previsto em lei. Efeito processual: Uma vez decretada a de-
cadência, extingue o processo com julgamento do mérito. Efeito Material: 
extingue o direito que seria a causa de pedir, ou seja, não permite ação sobre 
o direito que decaiu. Ex: Casal se casou e depois de 02 anos um dos cônjuges 
descobre erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge. Nesse caso o direito 
de anular o casamento já decaiu, pois o prazo para exercer esse direito é de 
02 anos decadenciais a contar do casamento.
PRAZO: A contagem do prazo de prescrição pode ser interrompida ou sus-
pensa e não corre contra determinadas pessoas. Já os prazos de decadência 
fluem sem descanso contra quem quer que seja, não se suspendendo, nem 
admitindo interrupção. A prescrição atua diretamente na ação, então o seu 
prazo começa a ser contado a partir do dia em que a ação poderia ser propos-
ta e não o foi. É o princípio da “actio nata”, ou seja, a prescrição começa do 
dia em que nasce a ação ajuizável.
NATUREZA JURÍDICA: A Prescrição deriva de lei e, mesmo depois de 
consumada,pode ser renunciada (direito disponível); já a decadência igual-
mente deriva da lei, mas também pode se originar do contrato e do testamen-
to. Por ser direito indisponível não pode ser renunciada pelas partes, nem 
depois de consumada.
Quadro das diferenças clássicas entre prescrição e decadência 
pelo código civil
PRESCRIÇÃO – CC/02 DECADÊNCIA – CC/02
Perda do direito à pretensão Perda do direito subjetivo material
Instituto de direito privado Instituto de direito público
Direito a uma prestação Direito potestativo
Possível somente em ações condenatórias Possível em ações condenatórias e constitutivas
Pode ser interrompida ou suspensa Não pode ser interrompida ou suspensa
Não corre contra determinadas pessoas Corre o prazo para todas as pessoas
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Prescrição e decadência no cdc
Como observamos acima, tanto a prescrição como a decadência derivam de pre-
visão legal. O CDC então estabelece as suas hipóteses de forma diferenciada. 
DECADÊNCIA NO CDC: Previsto no artigo 26, está vinculado aos VÍCIOS 
do serviço e do produto. Para o CDC “o direito de reclamar pelos vícios apa-
rentes ou de fácil constatação caduca em trinta dias, tratando-se de forneci-
mento de serviço e de produtos não duráveis” e em “noventa dias, tratando-
-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis”. O termo inicial deste 
prazo se dá com a efetiva entrega do produto ou com o término da execução 
dos serviços. Porém, caso seja o vício oculto o termo inicial será o “momento 
em que ficar evidenciado o defeito” (art. 26, CDC). 
ATENÇÃO: 
Ainda o art. 26, estipula que os prazos decadenciais obstam com a 
“reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor pe-
rante o fornecedor de produtos e serviços até a resposta negativa 
correspondente, que deve ser transmitida de forma inequívoca” 
e pela ”instauração de inquérito civil, até seu encerramento”. O 
termo “OBSTAM” ainda não é pacífico na doutrina. Para uma 
corrente é considerado como interrupção do prazo (diferencian-
do-se do conceito do Código Civil) por ser mais benéfico ao consu-
midor, para outra corrente seria apenas um impedimento de que 
a decadência possa ser decretada durante este período previsto 
em lei. Para sua prova da OAB, use a segunda corrente, por ser a 
mais usada pela FGV.
PRESCRIÇÃO NO CDC: Previsto no artigo 27, refere-se à responsabili-
dade pelo FATO do produto ou serviço. O CDC preceitua que “prescreve em 
cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto 
ou do serviço, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do 
dano e de sua autoria”.
PRESCRIÇÃO – CDC DECADÊNCIA – CDC
Fato do produto ou do serviço 
Acidente de consumo Vício do produto ou Vício do serviço
Prazo para exercer a pretensão à repa-
ração de danos causados ao consumi-
dor é de 5 anos
Prazos para reclamar: Bens não duráveis - 30 
dias / Bens duráveis - 90 dias
Termo inicial do prazo a partir do co-
nhecimento do dano e de sua autoria.
O termo inicial do prazo: Vício aparente: da 
efetiva entrega do produto ou do término da 
execução dos serviços. Vício oculto: do mo-
mento em que ficar evidenciado o defeito.
4746
PRÁTICAS COMERCIAIS ABUSIVAS
Conceito de Práticas Comerciais:
Ações e costumes que abrangem técnicas e métodos utilizados por fornece-
dores para incrementar a comercialização dos produtos e serviços destinados 
ao consumidor, incluindo as ações pós e pré-vendas, como os mecanismos de 
cobrança e os serviços de proteção ao crédito. 
O Código de Defesa do Consumidor vislumbra o equilíbrio das relações de con-
sumo. Para alcançar tal equilíbrio, optou-se por regular a proteção ao consu-
midor no que tange à formação do contrato e a sua execução. Práticas abusivas 
são práticas comerciais, comportamentos ilícitos, que afrontam a principiolo-
gia e a finalidade do sistema de proteção ao consumidor, bem como se relacio-
nam com o abuso do direito. Em outras palavras, é um comportamento desleal 
do fornecedor que tenta se aproveitar da vulnerabilidade do consumidor. 
Dentre os princípios inerentes à relação de consumo, destacam-se o prin-
cípio da transparência, o princípio da boa-fé, o princípio da equidade (ou 
equilíbrio contratual) e o princípio da confiança. Cada princípio, ao ser viola-
do, tem correspondência com determinada prática comercial abusiva como 
veremos a seguir: 
O CDC estabelece uma série de práticas comerciais que o legislador conside-
ra como abusivas, nos arts. 39 40 e 41. É vedado ao fornecedor de produtos 
ou serviços, dentre outras práticas abusivas:
Práticas Abusivas
ue04
A. Condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao forneci-
mento de outro produto ou serviço, bem como, sem justa causa, a 
limites quantitativos; 
B. Recusar atendimento às demandas dos consumidores, na exata 
medida de suas disponibilidades de estoque, e, ainda, de confor-
midade com os usos e costumes; 
C. Enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer 
produto, ou fornecer qualquer serviço, inclusive às amostras grátis; 
D. Prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo 
em vista sua idade, saúde, conhecimento ou condição social, para 
impingir-lhe seus produtos ou serviços; 
E. Exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva; 
F. Executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e auto-
rização expressa do consumidor, ressalvadas as decorrentes de 
práticas anteriores entre as partes; 
G. Repassar informação depreciativa, referente a ato praticado pelo 
consumidor no exercício de seus direitos; 
H. Colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou serviço 
em desacordo com as normas expedidas pelos órgãos oficiais 
competentes ou, se normas específicas não existirem, pela Asso-
ciação Brasileira de Normas Técnicas ou outra entidade creden-
ciada pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e 
Qualidade Industrial (Conmetro); 
I. Deixar de estipular prazo para o cumprimento de sua obrigação 
ou deixar a fixação de seu termo inicial a seu exclusivo critério; 
J. Recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, diretamente 
a quem se disponha a adquiri-los mediante pronto pagamento, 
ressalvados os casos de intermediação regulados em leis especiais; 
K. Elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços. 
L. Deixar de estipular prazo para o cumprimento de sua obrigação 
ou deixar a fixação de seu termo inicial a seu exclusivo critério. 
M. Aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do legal ou contra-
tualmente estabelecido. 
4948
Dentre as práticas acima dispostas, vamos nos concentrar, nesta aula, em 
duas das mais usuais, previstas no item a da relação acima. 
1 - Venda casada: Essa prática consiste no fornecimento de produto ou 
serviço sempre condicionado à venda de outro produto ou serviço. Essa prá-
tica está expressamente vedada pelo art. 39, II do CDC, de forma que o con-
sumidor não está obrigado a adquirir um produto ou serviço imposto pelo 
fornecedor para que possa receber o que realmente deseja. Apesar de proibi-
da, infelizmente ainda é comum no nosso mercado de consumo.
Pode-se diferenciar a venda casada “stricto sensu”, como sendo aquela em 
que o consumidor está impedido de consumir, a não ser que consuma tam-
bém um outro produto ou serviço, da venda casada “lato sensu”, em que o 
consumidor pode adquirir o produto ou serviço sem ser submetido a adquirir 
outro, porém, se desejar consumir outro, fica obrigado a adquirir do mes-
mo fornecedor, ou de fornecedor indicado pelo fornecedor original. Ambas 
as hipóteses são igualmente consideradas práticas abusivas, indevidamente 
manipuladoras da vontade do consumidor, que fica diminuído em sua liber-
dade de opção.
Ex: Consumidor ser obrigado a levar um

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