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Boas práticas de fabricação de rações para animais Profa. Dra. Andréa Pereira Pinto Depto. de Zootecnia - UFC 1987 – BSE (Encefalopatia Espongiforme Bovina) – farinha de carne e ossos de bovinos e ovinos; 1988 – Ovos (Salmonela) – ministro agricultura inglês; 1989 – Chumbo no leite – rações contaminadas; 1996 – Variante humana da doença da vaca louca Responsabilidade - INDUSTRIA DE ALIMENTAÇÃO ANIMAL Mudança da perspectiva da segurança alimentar – inclusão do setor na cadeia de alimentos Qual a necessidade?? INTRODUÇÃO Qualidade – conceito (filosofia de trabalho e de objetivos) INTRODUÇÃO Segurança alimentar da carne, do leite e de ovos – sistemas de qualidade de vários pontos da cadeia produtiva Consumidores, ONG, redes de supermercados ligadas ao comércio internacional – implantação de programas de qualidade de produtos Gestão por qualidade de rações Primeira organização a reconhecer a necessidade de sistemas de garantia da qualidade – Associação comércio agrícola do Reino Unido – programa UFAS (UKASTA Feed Assurance Scheme) – 1998 95 % de toda produção de rações do Reino Unido é certificado pelo sistema UFAS Ingrediente de ração contaminado – Sistema de segurança de ingredientes para rações – FEMAS (Feed Materials Assurance Scheme ou Sistema de Segurança dos Alimentos Animais) – 2001 INTRODUÇÃO Recomendação da aplicação de HACCP – gerenciamento e controle dos pontos críticos Certificação – garantia da qualidade, formaliza existência de um sistema em uso – selo de qualidade FEMAS – Objetivos: � Exigir garantia de qualidade de fornecedores da indústria de rações � Motivar o mercado de commodities que os esquemas de garantia são indispensáveis INTRODUÇÃO Certificação � Empresa atende especificações � Fabricante – fornecer informações corretas de cada partida (confiança entre comprador X vendedor) � Questões claras no contrato intenções entre fornecedores e fabricantes INTRODUÇÃO Garantia na ração Apresentar os sistemas de qualidade, os passos a serem seguidos na implantação do sistema HACCP, condições higiênico sanitárias as fases de boas práticas de fabricação de ração para animais OBJETIVOS DA AULA SISTEMAS DE QUALIDADE - ISO (International Organization for Standardization) – 130 países envolvidos com as definições dos padrões internacionais – INMETRO (Brasil) – aplicável a qualquer organização (ISO 9000 a 9004 – relacionados prod. Agropecuária) - GMP (Good Manufacturing Practices) ou BPF – Código Internacional Recomendado de Boas Práticas – Princípios Gerais de Higiene do Codex Alimentarius Conjunto de princípios e regras para o correto manuseio de alimentos abrangendo desde as matérias-primas até o consumo final, de forma a garantir a qualidade e segurança da ração e por conseqüência do alimento Brasil – Manual de Boas Práticas de Fabricação para Estabelecimentos de Produtos para a Alimentação Animal (Sindirações, 2002) – 2004 selo de certificação de BPF avançado SISTEMAS DE QUALIDADE INSTRUÇÃO NORMATIVA SARC Nº 001, DE 13 DE FEVEREIRO DE 2003 Art. 1º Aprovar o REGULAMENTO TÉCNICO SOBRE AS CONDIÇÕES HIGIÊNICO-SANITÁRIAS E DE BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO PARA ESTABELECIMENTOS FABRICANTES E INDUSTRIALIZADORES DE ALIMENTOS PARAANIMAIS e o ROTEIRO DE INSPEÇÃO SISTEMAS DE QUALIDADE - HACCP (Hazard Analysis Critical Control Points) ou APPCC (Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle) testar/controlar o produto final x medidas preventivas de controle dos aspectos críticos da produção NASA – minimizar riscos de contaminação alimentar Sistema baseado na prevenção Pode ser usado em combinação com outros sistemas de qualidade e pressupõe a existência do sistema BPF Desenhado por uma empresa e certificado por outra – credibilidade Passos HACCP / APPCC - Inventário: - Formar uma equipe de HACCP / APPCC - Definir as especificações do produto final ou de ingredientes brutos - Identificar o uso pretendido - Construir os diagramas de processos de produção em seus passos - Confirmar se os diagramas se aplicam na prática conforme formulados Passos HACCP / APPCC Análise de riscos: � Identificar os perigos nos fluxogramas e especificar os produtos finais � Perigos químicos: resíduos de pesticidas, de drogas, micotoxinas, decomposição biológica � Perigos microbiológicos: salmonelas, enterobactérias, fungos � Perigos físicos: materiais de embalagem, vidros, pedras, metais e plásticos Passos HACCP / APPCC � Determinar as medidas de controle/Pontos Críticos de Controle � O risco para cada perigo é antecipado e feito a avaliação de risco; � A medida de controle que pode ser usada para reduzir o risco é então estabelecida. Avaliação de risco: severidade x probabilidade HACCP / APPCC � Severidade – efeito na espécie alvo � maior – causa doença, injúria grave e conseqüências fatais; � médio – pode causar doenças e injúrias substanciais a curto e longo prazo; � baixo – pequenos problemas de doença ou injúrias que podem ocorrer em doses muito altas usadas por longos períodos HACCP / APPCC � Probabilidade – freqüência que poderá ocorrer no produto final � pequena – de difícil ou impossível ocorrência; � média – pode ocorrer, tem histórico de ocorrência; � grande – ocorre repetidamente HACCP / APPCC Avaliação de risco Tabela 1. Classes de risco para um perigo ou fator de risco Severidade Probabilidade de ocorrência do perigo no produto final (matéria prima, ingrediente, ração) Grande 3 4 4 Médio 2 3 4 Pequeno 1 2 3 - Pequeno Médio Grande HACCP / APPCC Medida de controle Tabela 2. Definições das classes de risco Classes de risco Medidas de controle 1 Não é necessário nenhuma medida 2 Medidas periódicas são necessárias para cobrir as atividades de uma única vez 3 São necessárias medidas de controle gerais, como: higiene das instalações, higiene pessoal, desinfecção, controle de parasitas, manutenção e calibração, especificação de compra de ingredientes, procedimentos de devolução (recall), etc São chamados Pontos de Atenção (PA) ou medidas de BPF 4 Uma medida específica de controle deve ser desenvolvida e usada para controle do risco HACCP / APPCC - Análises de risco: � Garantia da Segurança das rações � determinam-se os valores objetivos e os limites críticos dos PCC’s � monitoramento de PCC’s para determinar se estão controlados � aplicar ações corretivas se os limites críticos forem atingidos/ultrapassados Medidas corretivas do HACCP não devem ser confundidas com medidas corretivas do ISO/BPF HACCP – identificação da não conformidade e bloqueio do produto final (recuperação, destruição ou recall) HACCP / APPCC - Análises de risco: � Documentação necessária � registros; especificações; instruções; procedimentos; controle de documentos � Verificação � verificar se o sistema está funcionando como previsto e eficazmente. � auditorias e revisões de mudanças Papel importante – sanar dúvidas existentes e definidas em acordos prévios Legislação sobre alimentação animal • MAPA – normas de inspeção e fiscalização de produtos destinados à alimentação animal �Lei 6.198 de 26/12/74 �Decreto 76.986 de 06/01/76 Legislação sobre alimentação animal • Antimicrobianos �Portaria 193 de 12/05/98 (vedação do uso de Cloranfenicol, tetraciclina, sulfonamidas sistêmicas e penicilinas) �Ofício circular 19/98 de 16/11/98 (suspende o uso de Avoparcina) �Portaria n.9 de 27/06/03 (proíbe a fabricação, manipulação, comercialização, importação e uso veterinário de Cloranfenicol e Nitrofuranos para rações e insetos) Legislação sobre alimentação animal • Antimicrobianos �Ofício circular 6/03 de 01/09/03(estabelece os procedimentos de uso de substâncias medicamentosas) � IN 15/03 de 29/10/03 (define boas práticas de fabricação de farinhas e gorduras animais) � IN 8 de 25/03/04 (proíbe o uso de subprodutos de origem animal e cama de aviário na alimentação de ruminantes) Regulamento técnico sobre as condições higiênico-sanitárias para estabelecimentos fabricantes e industrializadores de alimentos para animais – IN no 1 – 13/02/03 � Requisitos Higiênicos-Sanitários das Instalações e Edificações � Localização – zonas sujeitas a odores indesejáveis, fumaça, pó e outros � Vias de trânsito interno – superfície dura e pavimentada com escoamento adequado � Instalações e edifícios – construção sólida e sanitariamente adequada (materiais usados na construção e manutenção não devem transmitir nenhuma substância indesejável ao produto final) Regulamento técnico sobre as condições higiênico-sanitárias para estabelecimentos fabricantes e industrializadores de alimentos para animais � Requisitos Higiênicos-Sanitários das Instalações e Edificações �Devem ter espaço suficiente para colocação de todos os equipamentos � Devem prevenir ou permitir o controle da entrada de insetos, roedores e pragas e de contaminantes ambientais �Pisos de material resistente ao trânsito e ao impacto, impermeáveis, laváveis e antiderrapantes Regulamento técnico sobre as condições higiênico-sanitárias para estabelecimentos fabricantes e industrializadores de alimentos para animais � Requisitos Higiênicos-Sanitários das Instalações e Edificações �Paredes e divisórias com materiais sem efeito tóxico, impermeáveis e laváveis � Refeitórios, lavabos, vestiários e banheiros de limpeza do pessoal – separados dos locais de manipulação de alimentos � Abastecimento de água – suficiente para as operações propostas e oriundo de fonte segura Regulamento técnico sobre as condições higiênico-sanitárias para estabelecimentos fabricantes e industrializadores de alimentos para animais � Requisitos Higiênicos-Sanitários do Estabelecimento � Conservação dos edifícios, equipamentos e utensílios � Limpeza, desinfecção e lubrificação � Área de manipulação, equipamentos e utensílios – limpos com a freqüência necessária � Vestiários e vias de acesso – limpos Regulamento técnico sobre as condições higiênico-sanitárias para estabelecimentos fabricantes e industrializadores de alimentos para animais � Requisitos Higiênicos-Sanitários do Estabelecimento �Manipular de forma adequada os resíduos e armazenar substâncias perigosas de forma apropriada � Lixo – impedir acesso de vetores � Proibição de animais domésticos � Sistema de controle integrado de pragas Regulamento técnico sobre as condições higiênico-sanitárias para estabelecimentos fabricantes e industrializadores de alimentos para animais � Requisitos Higiênicos-Sanitários do Pessoal � Capacitação em higiene – todas as pessoas que manipulem alimentos devem receber instrução adequada e contínua � Situação de saúde – antes do início de sua atividade, repetidos periodicamente � Doenças contagiosas, ferimentos e feridas � Lavagem das mãos � Higiene pessoal � Conduta pessoal (fumar, tossir, comer, etc) Regulamento técnico sobre as condições higiênico-sanitárias para estabelecimentos fabricantes e industrializadores de alimentos para animais � Requisitos Higiênicos-Sanitários da Produção � Fornecedores de ingredientes e matérias-primas registrados no MAPA � Inspeção dos ingredientes e matérias primas no recebimento � Contaminação cruzada � Água – na manipulação de alimentos, somente potável � Produção – pessoal capacitado e supervisionada por pessoal tecnicamente competente Regulamento técnico sobre as condições higiênico-sanitárias para estabelecimentos fabricantes e industrializadores de alimentos para animais � Requisitos Higiênicos-Sanitários da Produção �Embalagem – armazenados em condições higiênico- sanitárias, em áreas destinadas para este fim �Responsabilidade técnica – conhecimento suficiente sobre as boas práticas de produção de alimentos para poder avaliar e intervir sempre que necessário � Documentação e registro � Armazenamento e transporte de ingredientes, matérias- primas e produtos acabados Boas práticas de fabricação de rações para animais – fases do processo � Recebimento � Área de recepção – última linha de defesa responsável – especificações de compra Qualidade aparente – amostras retiradas e analisadas fisicamente através de testes qualitativos rápidos e, posteriormente, arquivadas para dirimir dúvidas posteriores por problemas que possam ocorrer com o produto final Amostragem de produtos ensacados Uso de CALADOR para coleta de amostras em sacos Sacos a granel: até 10 – amostrar todos 11 até 20 – amostrar 10 Mais de 20 – 10% Amostragem ∅∅∅∅ 2,54 cm ∅∅∅∅ 2,54 cm 1 0 º 2 5 , 4 c m 1 2 º 3 0 , 4 8 c m C ≅≅≅≅ 50 cm ∅∅∅∅ ≅≅≅≅ 3,2 cm Tipos de Calador Amostragem de produtos a granel e ensacados Uso de SONDA DE PROFUNDIDADE e CALADOR para coleta de amostras Amostragem de cargas a granel Atravessar o CALADOR diagonalmente, até o fundo do Saco Amostragem de produtos ensacados Identificação das amostras � milho Quebrados Carunchados Impurezas e fragmentos Ardidos Brotados Chochos � milho Resolução 103 do CONCEX Avariados Tipos Umidade Max % Material estranho Total-max Ardidos/brot. 1 14,5 1,5 11 8 2 14,5 2 18 6 3 14,5 3 24 10 � grão de milho destinado à alimentação animal – isento fungos, micotoxinas, sementes tóxicas e resíduos de pesticidas, e, enquadrar-se nos tipos 1, 2 e 3 da Resolução 103 do CONCEX � soja Quebrados Carunchados Impurezas Ardidos Brotados Chochos � soja Quadro dos limites máximos de tolerância de defeitos permitidos para o grão de soja, padrão básico (PB) Fatores de qualidade: (Defeitos) Limite máximo de defeitos do padrão básico (PB) em % Grãos avariados 8,00 Grãos quebrados 30,00 Grãos esverdeados 10,00 Impurezas e matérias estranhas 1,00 Umidade 14,00 Obs.: A soja que não se enquadrar dentro dos limites máximos de tolerância de defeitos será considerada “FORA DO PADRÃO BÁSICO” – FPB Butolo, 2002 Boas práticas de fabricação de rações para animais – fases do processo � Armazenamento dos ingredientes � Estocagem de produtos a granel – muito bem controlada � Evitar misturar ingredientes com características de qualidade diferenciada ou produtos diferentes � Matérias primas ensacadas – maiores cuidados com identificação de rótulos e lotes � produtos medicamentosos, aditivos e microminerais – cuidadosamente catalogados para evitar uso indevido, principalmente quanto às suas concentrações Condições de umidade que favorecem o desenvolvimento de fungos de armazenamento Teor de umidade (%) Desenvolvimento fúngico < 13,0 Lento 13,0 – 16,0 Rápido > 16,0 Ultra rápido Fonte: Butolo, 2002 Condições de temperatura que favorecem o desenvolvimento de fungos armazenados Temperatura (oC) Desenvolvimento fúngico < 15,0 Lento 20 – 30,0 Ótimo 40 – 55,0 Máximo Fonte: Butolo, 2002 � Armazenamento dos ingredientes Boas práticas de fabricação de rações para animais – fases do processo � Processamento de ingredientes Moagem � Manutenção dos equipamentos � produto uniforme – bem aceito pelos animais e não deve permitir segregação quando em mistura com outros ingredientes Boas práticas de fabricação de rações para animais – fases do processo � Pesagem e mistura Corretamente pesados e tornem-se um produto homogêneo Performance Zootécnia Misturadorese balança – monitoramento periódico Boas práticas de fabricação de rações para animais – fases do processo � Controle na produção da ração � Verificar moagem, granulometria e homogeneização � Evitar uso ingredientes empelotados – grumos são causados geralmente por umidade – fungos (micotoxinas) � Pesar os ingredientes separadamente e colocá-los em ordem de mistura � Após cada batida, limpar o local junto ao misturador Boas práticas de fabricação de rações para animais – fases do processo � Controle na produção da ração � Limpeza de arrasto (fubá de milho moído) � Contaminações cruzadas – microingredientes (drogas) – manutenção e limpeza deficiente � Produção seqüencial (suínos fase inicial / crescimento) � Processamento da ração – controle de tempo e temperatura � Proteção de proteínas, gorduras e óleos � Altas temperaturas e tempo excessivo – indisponibilidade de proteínas e minerais Painel da extrusora X-240 Temperatura RPM motor Cuidados na temperatura de processamento � Peletização Condicionador dotado de eixo aletado umidade e temperatura Pelets matrizes Gelatinização do amido câmara de compressão Resfriados � Extrusão Matriz ou molde temperatura e pressão Expansão do produto Gelatinização do amido, fricção molecular e esterilização Peletização x Extrusão Boas práticas de fabricação de rações para animais – fases do processo � Controle do produto final Ultima fase da garantia da qualidade amostras (uma vez por mês) – produtos terminados e ingredientes Boas práticas de fabricação de rações para animais – fases do processo � Expedição de produtos processados e cuidados � Caminhões que não comprometam a qualidade dos pelets ou da ração farelada no transporte e na descarga nos silos das granjas (perfeitas condições do equipamento de descarga – roscas transportadoras) � Sacos – protegidos por lonas e os sacos da superfície devem ser utilizados primeiro (descarga) Considerações finais � Custos de não ter um sistema de garantia de qualidade - Perda confiança dos clientes - Contaminação – indenizações e compensações por perdas entre produtores Considerações finais � Qual pergunta deve ser feita? A empresa pode arcar com os custos da garantia de qualidade A empresa pode arcar com os custos de não ter um sistema de qualidade garantida ?
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