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PONTIFICIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS INSTITUTO POLITÉCNICO CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA DISCIPLINA MÁQUINAS ELÉTRICAS I PROF. MÁRCIO JOSÉ DA SILVA 1. CIRCUITOS MAGNÉTICOS 1.1. GRANDEZAS MAGNÉTICAS - DEFINIÇÕES 1.1.1. Campo Magnético Dizemos que numa região há um campo magnético quando sobre uma carga elétrica que se move nessa região atua uma força de natureza não eletrostática. Seja uma carga móvel q , movendo-se numa velocidade V → , em uma região onde há um campo magnético. Esta carga ficará sujeita a uma força F → a qual será proporcional ao valor da carga, à velocidade da carga no sentido perpendicular ao campo e ao campo magnético. F qV B ou F F qVB → → → →= × = = sen α 1 O campo magnético é representado por linha chamadas de LINHAS DE FORÇA DO CAMPO MAGNÉTICO. Para uma carga de prova positiva, a regra prática de descobrirmos o sentido de força é fazer o uso da REGRA DA MÃO ESQUERDA, onde com os dedos POLEGAR, INDICADOR e MÉDIO fazendo entre si um ângulo reto (90o) teremos: INDICADOR - indica o sentido do campo magnético. MÉDIO - indica o sentido da velocidade da carga. Ou corrente elétrica. POLEGAR - indica o sentido da força. 1.1.2 - Circuito Magnético Entende-se por circuito magnético como sendo a trajetória seguida ou descrita pela linha de força magnética ou pelo fluxo de energia magnética. O meio que constitui o circuito magnético pode ser muito permeável ou pouco permeável às linhas de força magnética. 2 Na Fig. 3 temos alguns exemplos de meios indicando a trajetória e o sentido das linhas de força de campos magnéticos produzidos por: (a) - Bobina Solenóide imersa no ar e campo magnético. produzido por corrente elétrica. (b) - Campo magnético produzido por imã permanente, com meio constituído por imã (material ferromagnético) e ar. (c) - Campo magnético produzido por eletroímã com meio constituído por material ferromagnético em sua grande parte. 1.1.3 - Força Magnetomotriz - ( F ou f.m.m.) A f.m.m. tende a impelir o fluxo de energia magnética através do circuito magnético. Desta forma, comporta-se como a f.e.m. do circuito elétrico. = f .m.m. ↔ f .e.m. = E A f.m.m. é dada pelo produto do número de espiras N de um condutor e a corrente elétrica i que o percorre, isto é, = N i 1.1.4 - Fluxo Magnético - (φ) É o número total de linhas de força existente num determinado circuito magnético. Comporta-se como a corrente (elétrica) no circuito elétrico. ∅ ↔ I 1.1.5 - Relutância - ( ℜ ) É a resistência oferecida pelo circuito magnético à passagem do fluxo magnético. Corresponde à resistência R no circuito elétrico. ℜ ↔ R A relutância varia de maneira direta com o comprimento do circuito magnético e de maneira inversa com a área da seção transversal através da qual o fluxo está passando e com a permeabilidade do meio, isto é, ℜ = ×1µ l A onde: = comprimento do circuito magnético l A = seção transversal µ = permeabilidade magnética do meio 3 1.1.6 - Permeabilidade Magnética - ( µ ) É a capacidade que possui cada meio em deixar fluir, com maior ou menor facilidade, as linhas de forças do campo magnético. É uma característica intrínseca do meio. Para um determinado meio, a permeabilidade pode variar de acordo com a intensidade do campo magnético (ou com a força magnetomotriz). A permeabilidade do vácuo é tomada como a unidade padrão e, com exceção do ferro, aço, níquel, oxigênio liquefeito e certos óxidos de ferro, a maioria das substâncias como o cobre, o alumínio e o ar podem ser considerados como tendo uma permeabilidade igual à do vácuo. Permeabilidade Relativa - ( µ r ) É definida por : r O µ µµ= onde : µ = permeabilidade do material µo = permeabilidade do vácuo (ar) µ r = permeabilidade relativa A permeabilidade relativa dos materiais util izados na construção de equipamentos elétricos possui valores típicos de 2.000 e 210.000. 1.1.7 - Indução Magnética ou Densidade de Fluxo Magnético - (B) Diz respeito sobre a concentração de linhas de força em uma dada região. É a razão entre o fluxo magnético ∅ e a área da seção transversal A atravessada pelo fluxo ∅ . ∅ = ∫ B dAS . 4 No caso B → de ser constante em módulo, e em qualquer lugar, ser perpendicular à superfície da área A, a equação acima reduz-se a: ∅ = = ∅BA ou B A 1.1.8 - Intensidade de Campo Magnético - (H) É a razão entre a f.m.m. e o comprimento médio do circuito magnético, isto é, H = Fl Pode também ser definido como: H d i → →∫ =. l (Lei de Ampère) e significa que a integral da componente tangencial de H → ao longo do caminho fechado é igual a corrente total envolvida pelo caminho. Quando ao caminho fechado é atravessado pela corrente N vezes, como na fig. 6, a integral torna-se: H d Ni → →∫ = =. l F 5 1.2 - LEIS DOS CIRCUITOS MAGNÉTICOS a) Em alguns aspectos, um circuito magnético é análogo a um circuito elétrico resistivo de c.c.; como mostrado no quadro abaixo. CIRCUITO ELÉTRICO CIRCUITO MAGNÉTICO Tensão: V [Volt] F.M.M.: [Ampère-espira] Corrente: I [Ampère] Fluxo: ∅ [Weber] lei de Ohm : I = V/ R ∅ = / R Resistência: R A= lσ [Ohm ou Ω] Relutância: ℜ = lµA Densidade de corrente: J [A/m2] Densidade de fluxo (indução magnética): β [Wb / m2 ou Tesla] Condutividade: σ Permeabilidade: µ [Wb /Ae.m ou H/m ] Condutância : G = 1/R Permeância : 1/ℜ Intensidade de campo elétrico: ε [V/m] Intensidade de campo magnético: H [Ae/m] No quadro, l é o comprimento e A é a área da seção transversal do caminho, ou para a corrente no circuito elétrico, ou para o fluxo (magnético) no circuito magnético. Porque ∅ é análogo a I e R é análogo a ℜ , as leis para resistores em série ou paralelo também valem para as relutâncias. A diferença básica entre a resistência elétrica, R, e a resistência magnética ℜ , é que a primeira está associada a uma perda de energia, Pj = R I² , enquanto a última não. Além disso, o fluxo magnético apresenta caminhos de dispersão, enquanto que as correntes elétricas normalmente, não o fazem. b) - Relações entre as Grandezas: 1− ℜF= Ni = ∅ 2− ∅ = = ∅BA ou B A 3− =B Hµ 4 − =H Ni l 5− ℜ = lµA 6 c) Semelhanças e Diferenças entre C.E. e C.M. do Ponto de Vista de Cálculo: Semelhanças: 1 0 2− ∅ = − ∅ =∑ ∑ ∑; R Ni Diferenças: - Maior dispersão; . Relutância de um ramo de CM, função do fluxo neste ramo (conforme o fluxo aumenta, o circuito tende a saturar). - Não existe perda do tipo ℜ ∅² . Existem perdas histerese e correntes parasitas só quando existe fluxo variável no tempo. 1.1.10 - Conversão de Unidades Símbolo Significado Unidades SI Unidades CGS Unidades Inglesas φ Fluxo Magnético Wb (Weber) 108 Maxwells 108 linhas β Densidade de Campo Magnético T (Tesla) (1T = 1wb/m2) 104 Gauss 6,452 x 104 linha/pol2 H Intensidade de Campo Magnético Ae/m 4π x 10-3 Oersteds 0,0254 Amperes/pol F.M.M. Ae 4π x 10-1 GILBERT Ae 7 1.2 - Funcionamento em C.A. 1.2.1 - Histerese Magnética Uma curva de magnetização exprime a relação entre a densidade de fluxo B e a corresponde intensidade de campo H; desde que a substância esteja inicialmentedesmagnetizada, e a corrente seja aumentada gradualmente a partir de zero. a) Se H for aumentado gradativamente a partir de zero, teremos a curva ascendente 0 a b; onde: - Para H oe teremos B ae= =, - Para H of teremos B bf= =, b) Se H for diminuído gradativamente a partir de f, teremos a curva decrescente b c d; onde: - Para H oe teremos B oe= =, - Para H zero teremos B do= = =0 , Para a condição de H zero e B do= = =0 ≠ zero, dizemos que o material é dotado de uma MEMÓRIA MAGNÉTICA, se recorda de ter sido magnetizado até o ponto b. Quando atinge o ponto d, o material transforma-se num imã permanente. O fato da curva B = f (H) crescente não coincidir com a curva decrescente, é denominado HISTERESE. Se variarmos o corrente i , de zero até um valor máximo positivo, depois reduzirmos a zero, em seguida aumentar até um valor máximo negativo e novamente reduzir a zero; e se isto acontecer ciclicamente, a curva de magnetização descreverá a trajetória a-b-c-d-e-f-a denominada de CICLO DE HISTERESE. 8 Pontos a e d : H = 0 e B = Br, onde Br é a indução remanente ou residual Pontos b e e : H = Hc e B = 0, onde Hc é a intensidade de campo coercitivo Devido ao fato da curva de magnetização ascendente ser diferente da curva descendente, adota-se como CURVA NORMAL DE MAGNETIZAÇÃO (curva “foc”) ao lugar geométrico dos vértices dos vários ciclos de histerese. Os materiais util izados para confecção de imãs permanentes devem possuir: 1) Alto Br - faz com que o imã seja potente 2) Alto Hc - para que a magnetização não seja destruída por eventuais campos externos. “A área do ciclo de histerese pode ser expressa em função de Bmáx”. 1.2.2 - Perdas por Histerese Uma das conseqüências do ciclo de histerese é a produção de calor no interior das substâncias ferromagnéticas. Esse calor provém de uma espécie de atrito interno entre os domínios magnéticos, quando estes mudam de sentido. Verifica-se que o calor desenvolvido por unidade de volume (ou massa), em cada ciclo, é proporcional a área limitada pelo “ciclo de histerese”. Por esse motivo deseja-se que as peças de máquinas elétricas em que o fluxo é alternativo ou variável, tenham um ciclo de histerese bastante estreito (pequena área). Seja o anel de substância ferromagnética da figura abaixo, onde: l = comprimento médio em metros A = área da seção reta em metros quadrados N = número de espiras do solenóide i = corrente no enrolamento magnetizante em Ampère l〉〉 A : para que não haja dispersão e a indução seja uniforme na seção. 9 Quando a chave é fechada e a corrente i começa a fluir, estabelece um fluxo no anel. Á medida em que o fluxo cresce haverá o surgimento de uma f.c.e.m. que se opõe a f.e.m. aplicada pela bateria. A potência fornecida pela bateria ao circuito magnético é: p = e i [ Watt = joule / s ] , onde e N d dt = ∅ A energia acumulada no campo magnético é [ joule ] (1.2.1) W p t t= ∫ . 1 2 dt Considerando que: a) e N d dt = ∅ b) ∅ = BA (campo magnético uniforme) c) i H N = l a equação de energia fica: w e i dt t t N A dB dt H l N dt B B= ∫ = ∫ ⎛⎝⎜ ⎞⎠⎟ ⎛⎝⎜ ⎞⎠⎟. . . . .12 12 ∴ (1.2.2) w H dBBB= ∫ .12 ( energia acumulada de B1 e B2 ) W Vol H dBB B= ∫ . 1 2 Vol: Volume do núcleo HdB : Densidade de energia magnética no núcleo A integração da equação (1.2.2) deve ser feito por processos gráficos conhecendo a curva de histerese da substância em questão. Para o ciclo a equação da energia perdida é: W Vol HdB= ∫ (1.2.3) 10 Se a corrente i for alternativa, H também o será e assim HdB∫ = área do ciclo. A perda de energia por unidade de volume por ciclo é: w H d= ∫ . B [ joule/m3/ciclo ] onde: [B] = Wb/m2 e [H] = Ae/m A perda de energia por histerese é diretamente proporcional a freqüência f da corrente i e ao volume do material ferromagnético, para uma dada indução máxima. Não existe lei teórica que determine essa variação. Não obstante, como resultado de uma prolongada série de testes, STEIMETZ obteve uma equação empírica cuja expressão para ciclos simétricos é: P K fB maxH H X= −10 7 (1.2.3) PH : perda por histerese em Watt / m 3 ou Watt / Kg Bmáx : amplitude da indução magnética em Wb/ m2 f : freqüência de oscilação de B em Hz KH : coeficiente de perdas por histerese. Depende de cada material x : expoente que depende do material e de Bmáx. Varia de 1,5 a 2,5. Normalmente, o valor usado é x = 2. 1.2.3 - Perdas por Corrente de Foucault Lei Farady-Lenz Um fluxo alternativo (chamado INDUTOR) variando na direção da seta da figura abaixo induz tensões em uma espira fictícia. Esta espira sendo fechada circulará uma corrente no material originando um fluxo (chamado INDUZIDO) que se opões a variação do fluxo indutor. Esta corrente circulando através da resistência do material ferromagnético provoca aquecimento do núcleo. 11 ( )P R IF F F= 0 3 perda por Foucault A fórmula empírica obtida por STEIMTZ é: P abc p a f maxF B= ⎛⎝⎜ ⎞⎠⎟ π 2 2 2 2 6 [Watts] abc = Vol. :volume em m3 A perda por unidade de volume fica: P a f maxF B= ⎛⎝⎜ ⎞⎠⎟ π 2 2 6 . . [ Watts / m3 ] (1.2.5) onde: PF = perdas por Foucault em Watts / m 3 Bmáx: amplitude da indução em Wb / m2 f : freqüência da chapa do material em m ρ : resistividade do material em Ω x m Notamos pela fórmula (1.2.5) que a perda PF é proporcional ao quadrado da espessura da chapa, da indução máxima e de freqüência: e é inversamente proporcional a resistividade do material. Por isso as chapas para confecção de peças para máquinas que irão trabalhar com fluxo magnético variável devem ter pequena espessura (finas) e com grande resistividade. O ferro silício se adapta bem a estas condições. Na prática, a espessura de laminação varia de 0,25 a 0,65 mm. Não compensa diminuir mais a espessura, pois, o custo da laminação começa a ficar anteeconômico e diminui o fator de empacotamento (fe mp.) já que as lâminas são isoladas entre si. emp Seç ão ú til do ferro Seç ão bruta f .= 1.2.3 - Perda Total no Núcleo ou no Ferro Os catálogos de fabricantes de chapas (ou material magnético) trazem curvas de perdas totais do material ou perdas por histerese mais perdas por Foucault (PHF) por unidade de massa (ou peso), para uma dada freqüência e substância. 12 1.3 – Cálculo de Indutâncias A indutância é definida como sendo a razão entre fluxo magnético concatena λ e corrente elétrica i . i N i L φλ == (1) onde L é dado em Henry, λ em Weber-espiras (Wb.e) e i em A. Consideremos um toróide magnético envolvido com n bobinas distintas, conforme mostrado na figura abaixo. Cada bobina possui a propriedade de apresentar uma indutância própria e indutâncias mútuas. Para simplificação de análise, nos sempre nos referimos às indutâncias mútuas definidas entre pares de bobinas. Deste modo, n2 indutâncias podem ser definidas se cada bobina possuir algum grau de interação magnética com as outras. No toróide de substância ferromagnética temos: l = comprimento médio em metros A = área da seção reta em metros quadrados l〉〉 A : para que não haja dispersão e a indução seja uniforme na seção. Sejam p e q duas bobinas quaisquer. Aplicando-se a definição de indutância a estas duas bobinas, fica: bobinaésimaqnaCorrente bobinaésimaqnacorrenteàdevidobobinaésimapaenlaçandoFluxoLpq − −−= 13 ( ) q qpqp pq i kN L φ= (2) onde o termo entre parênteses refere-se à parcela do fluxo produzidopela bobina q (φq) que envolve a bobina p , iq é a corrente na bobina q , Nq é o número de espiras da bobina p e kp q é o coeficiente de acoplamento (de fluxo) magnético entre as duas bobinas. kp q determina o grau de acoplamento magnético entre as duas bobinas, ou seja, ele é a relação entre fluxo parcial (da bobina q) que envolve a bobina p e o fluxo total (da bobina q). TotalFluxo ParcialFluxokpq = (3) que conseqüentemente, . Isto é, duas bobinas podem estar, no máximo, 100% acopladas. 0,1≤pqk Como exemplo, considere que neste circuito tivéssemos três bobinas e que cada uma delas fosse percorrida por uma corrente elétrica i . A bobina 1 gera um fluxo magnético que envolve ela própria e parte dele envolvendo as espiras das bobinas 2 e 3, produzindo a indutância própria da bobina 1 (L1 1) e as indutâncias mútuas entre as bobinas 2 (L2 1) e 3 (L3 1). Da mesma forma, a bobina 2 gera um fluxo magnético que envolve ela própria (L2 2) e parte dele envolvendo as bobinas 1 (L1 2) e 3 (L3 2). O mesmo raciocínio pode ser feito para a bobina 3 que possui uma indutância própria (L3 3) e duas indutâncias mútuas com as bobinas 1 (L1 3) e 2 (L2 3). Quando os índices p e q são iguais, a indutância é chamada de auto- indutância ou indutância própria (Lq q) e quando eles forem diferentes, a indutância é chamada de indutância mútua. As indutâncias mútuas são iguais (Lp q =Lq p). Para expressar em função dos parâmetros do circuito magnético, vamos substituir a expressão do fluxo pqL eequivalent qq q iN ℜ=φ . eequivalent qpqp pq NkN L ℜ= (4) onde é a relutância equivalente do circuito magnético à passagem do fluxo eequivalentℜ qφ . Desta expressão, podem notar que a indutância é um parâmetro do circuito. Ela independe da bobina ser ou não percorrida por corrente. No caso da indutância própria, a expressão (4) fica: 14 eequivalent q qq N L ℜ= 2 (5) Exemplo O circuito magnético heterogêneo da figura abaixo é constituído por um núcleo de aço cuja permeabilidadeµn é considerada infinitamente maior que a do ar µo. As dimensões dos entreferros laterais são: c) mmgg 22 21 == d) 221 104 cmAA == e) mAe Wb o ⋅⋅= −7104πµ e o número de espiras das bobinas são: espirasN 000.11 = ; espirasN 5002 = ; espirasN 8003 = Pede-se: Determinar as indutâncias próprias e mútuas das bobinas N3, N1 e N2. Solução De acordo com o enunciado, a relutância do núcleo de aço é infinitamente pequena já que sua permeabilidade é infinitamente alta. Ou seja: 01 ≈ℜ∴∞→∝ℜ nnn µ (6) As relutâncias dos entreferros laterais não podem ser desprezadas, pois a permeabilidade do ar é muito baixa. 1 1 1 A g o g ⋅=ℜ µ (7) 2 2 2 A g o g ⋅=ℜ µ (8) 15 Com dispomos das relações das dimensões dos entreferros, podemos fazer uma comparação entre elas: 24 2 2 2 2 1 1 1 ℜ=⋅=⋅=ℜ A g A g oo µµ (9) Ou seja, o entreferro1, à direita da perna central do núcleo, possui uma relutância duas vezes menor que a do entreferro à esquerda. Os valores destas relutâncias são: ( ) WbAemAeWbg m m 43,549.591.1 1010104 102 247 3 1 =⋅⋅⋅ ⋅=ℜ − ⋅ − − π (10) ( ) WbAemAeWbg m m 86,098.183.3 105,2104 101 247 3 2 =⋅⋅⋅ ⋅=ℜ − ⋅ − − π (11) a) Determinação da indutância própria da bobina 3 ( ) e das indutâncias mútuas entre as bobinas 3 e 1 ( ) e 3 e 2 ( ). 33L 13L 23L Para determinarmos tais indutâncias, imaginem que a “bobina 3” fosse percorrida por uma corrente , entrando no terminal superior. O fluxo magnético total 3i 3φ criado pela f.m.m. 333 iN ⋅=ℑ percorre o trecho “uv”. No ponto “v” as linhas de força se dividem originando os fluxos parciais 31φ e 32φ que são inversamente proporcionais às relutâncias dos caminhos que terão que percorrer. Como a relutância do entreferro 1 é a metade da do entreferro 2, o fluxo 31φ é o dobro do fluxo 32φ . Isto que acabamos de descrever pode ser demonstrado a partir do circuito equivalente mostrado abaixo. 32313 φφφ += (12) 333223113 φφφ ⋅ℜ=⋅ℜ=⋅ℜ=ℑ eqgg (13) Da expressão (13) tiramos a relação entre os fluxos 31φ e 32φ : 3232 1 2 31 2 φφφ ⋅=⋅ℜ ℜ= g g (14) Substituindo (14) em (12) obtemos: 32313 35,1 φφφ ⋅=⋅= (15) Podemos calcular a indutância própria da bobina 3 utilizando a expressão (5) onde o índice “q“ é igual a “3” e 3eqeequivalent ℜ=ℜ : 16 Wb Ae gg gg gg eq 95,032.061.13 1 3 2 21 21 21 3 =ℜ=ℜ=ℜ+ℜ ℜ⋅ℜ=ℜ (16) Substituindo os valores em (5) obtemos: H N L eq 603186,0 95,032.062.1 8002 3 2 3 33 ==ℜ= ∴ mHL 19,60333 = Para calcularmos a indutância mútua entre as bobinas 3 e 1 ( ) usaremos a expressão (4) onde os índices “q” e “p” são iguais a “3” e “2” respectivamente e o fator de acoplamento magnéticos entre as bobinas 3 e 1 ( ) é igual a 31L 13k 667,0 5,1 31 31 3 31 13 =⋅== φ φ φ φk , s ignif icando que 66,7% do f luxo gerado pela “bobina 3” enlaça ou concatena a “bobina 1” e os outros 33,3% concatenam a “bobina 2” isto é, mHL 65,50231 = 333,0 3 32 23 == φ φk . Assim temos: HNkNL eq 502654,0 95,032.061.1 8006667,0000.1 3 3131 31 =⋅⋅=ℜ ⋅⋅= ∴ mHL 65,50231 = HNkNL eq 125664,0 95,032.061.1 8003333,0500 3 3232 32 =⋅⋅=ℜ ⋅⋅= ∴ mHL 65,12532 = b) Determinação da indutância própria da bobina 1 ( ) e das indutâncias mútuas entre as bobinas 1 e 2 ( ) e 1 e 3 ( ). 11L 21L 31L Vamos agora imaginar que a “bobina 1” fosse percorrida por uma corrente , entrando no terminal superior. O fluxo magnético total 1i 1φ criado pela f.m.m. percorre o trecho “xw”. No ponto “v” as linhas de força se dividem originando os fluxos parciais 111 iN ⋅=ℑ 12φ e 13φ que são inversamente proporcionais às relutâncias dos caminhos que terão que percorrer. Como a relutância da perna central do núcleo , então o fluxo 0=ℜn 112 φφ = e 013 =φ . Isto que acabamos de descrever pode ser demonstrado a partir do circuito equivalente mostrado abaixo. 17 As expressões que tiramos do circuito equivalente são: 13121 φφφ += (17) 122111311111 φφφφ ⋅ℜ+⋅ℜ=⋅ℜ+⋅ℜ=⋅=ℑ ggngiN (18) 12213 φφ ⋅ℜ=⋅ℜ gn (19) 2 2 11 gn gn geq ℜ+ℜ ℜ⋅ℜ+ℜ=ℜ (20) As relutâncias e estão em paralelo e como nℜ 2gℜ 0=ℜn e 013 =φ então as expressões acima ficam: 13121 φφφ += (17’) 11111 φ⋅ℜ=⋅=ℑ giN (18’) 012213 =⋅ℜ=⋅ℜ φφ gn (19’) 11 geq ℜ=ℜ (20’) Passemos então ao cálculo da indutância própria da “bobina 1” usando a expressão (5) onde o índice “q” é igual a “1”: HNL eq 628319,0 43,549.519.1 000.1 2 1 2 1 11 ==ℜ= mHL 32,62811 = Para o cálculo da indutância mútua entre as bobinas 3 e 1 ( ) vamos usar a expressão (4) onde os índices “q” e “p” são iguais a “1” e “3” respectivamente e o fator de acoplamento magnéticos entre as bobinas 1 e 3 ( ) é igual a 31L 31k 0,1 1 13 13 == φ φk , s ignif icando que 100% do fluxo gerado pela “bobina 1” enlaça ou concatena a “bobina 3” e nenhum fluxo (0%) concatena a “bobina 2” isto é, 0 1 12 12 == φ φk . Assim temos: HNkNL eq 502655,0 43,591549.1 000.10,1800 1 1313 31 =⋅⋅=ℜ ⋅⋅= ∴ mHL 66,50231 = que é o mesmo valor de calculada no item a). 31L Agora, para o cálculo da indutância mútua entre as bobinas 2 e 1 ( ) vamos usar novamente a expressão (4) onde os índices “q” e “p” são iguais a “1” e “2” respectivamente e o fator de acoplamento magnéticos entreas bobinas 1 e 2 ( ) é igual a 21L 21k 0 1 12 12 == φ φk . Como nenhuma linha de força gerada pela “bobina 1” enlaça a “bobina 3” concluímos que a indutância mútua entre elas é zero . Ou seja: 18 0 43,591549.1 000.10800 1 1212 21 =⋅⋅=ℜ ⋅⋅= eq NkNL ∴ 021 =L c) Determinação da indutância própria da bobina 2 ( ) e das indutâncias mútuas entre as bobinas 2 e 1 ( ) e 2 e 3 ( ). 22L 12L 32L Os cálculos para a determinação das indutâncias podem ser feitos de maneira semelhante ao item “b)”. Confira se os resultados são mHL 54,7822 = ; mHL 65,12532 = e . 012 =L Como observação final, as indutâncias se manifestam no circuito magnético do Exemplo acima quando elas forem percorridas por correntes elétricas variáveis no tempo. Se por exemplo, a “bobina 3” for percorrida pela corrente , o fluxo magnético 3i 3φ irá induzir nela própria uma f.e.m. dada por ( ) dt idL dt dNe 3333333 == φ , onde a indutância própria é considerada constante. 33L Os fluxos magnéticos parciais 31φ e 32φ , também variáveis no tempo, irão induzir nas bobinas 1 e 2 as forças eletromotrizes dt diL dt dNe 33131113 == φ e dt diL dt dNe 33232223 == φ Da mesma forma, se a “bobina 1” for percorrida pela corrente , o fluxo magnético 1i 1φ irá induzir nela própria uma f.e.m. dada por dt diL dt dNe 1111111 == φ Note que na “bobina 1” estão presentes as tensões “ ” e “ ” sendo que poderá se somar ou subtrair de dependendo se os fluxos 11e 13e 13e 11e 1φ e 31φ estão no mesmo sentido (aditivos) ou em sentidos opostos (subtrativos). Também na “bobina 3” estarão presentes as tensões própria “ ” , a mútua “ ” .e a mútua 33e 31e 19 “ ” se a “bobina 2” for percorrida pela corrente . A mesma análise pode ser feita para a “bobina 2”. 32e 2i Bibliografia FITZGERALD, A. E.; KINGSLEY JR., Charles; UMANS D., Stephen. Electric Machinery . 6a. Edição. Mc Graw-Hill. New York. 2003. E. E. STAFF – M.I.T. Circuitos Magnéticos y Transformadores . Editorial Reverte. Buenos Aires. Belo Horizonte, Agosto de 2004. 20 DISCIPLINA MÁQUINAS ELÉTRICAS I PROF. MÁRCIO JOSÉ DA SILVA Exemplo Solução Bibliografia
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