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Prévia do material em texto

MODELO DE PRODUÇÃO DE LIVRO DIDÁTICO EAD 
 
 
 
 
 
 
 
 
PSICOLOGIA E APRENDIZAGEM 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANEXO I 
 
2 Psicologia e Aprendizagem 
Apresentação da disciplina 
 
 
Este livro foi construído para auxiliar todo aquele acadêmico que 
atravessa o Campo da Licenciatura com prospectivas de atuar como professor 
em seu curso favorito. Nos dez capítulos que o compõe, denominado de 
Psicologia e Aprendizagem, a preocupação está no ser humano, na sua vivência 
em sociedade e interligando-se estes dois campos: Psicologia e Aprendizagem. 
O primeiro capítulo estuda o desenvolvimento humano em suas 
características consideradas comuns a cada faixa etária, sendo permeadas pela 
interação de fatores que compuseram ou que comporão a história de cada um 
e da própria história da humanidade sob a perspectiva da Psicologia como 
estudo da “alma” originária da Filosofia e na procura de estabilidades e 
harmonias a cada faixa/ fases e suas mudanças advindas. Entrelaçam-se 
desenvolvimento humano e aprendizagem, mesclando-se como resultados das 
estruturas mentais e meio ambiente, suas influências e aquisições individuais. 
Para entender a aprendizagem humana, no segundo capítulo, tem 
destaque o Cérebro e suas estruturas e funções principais como a “máquina 
fascinante”, conectado pelo sistema nervoso que vai gerenciando a capacidade 
física, mental e conduzindo as informações entre os órgãos receptores de 
estímulos. Neste entremeio, a maturação vai ocorrendo no ser humano, que 
evolui, chegando aos bancos escolares, estendendo-se às suposições sobre o 
aprendizado cotidiano escolar, às formas de conviver, legislar e gerir políticas 
educacional- econômica e social, abordadas no terceiro capítulo sob o prisma 
de diferentes teorias que tentaram explicar a aprendizagem, oportunizando 
uma reflexão sob as formas diferentes de perceber o processo de ensino 
aprendizagem ao longo da própria evolução humana: Inato-maturacionista; 
empirista, cognitivista e interacionista com destaque aos seus principais 
idealizadores e expoentes. 
Chega-se no quarto capítulo ao estágio – adolescência, analisado sob o 
seu desenvolvimento biopsicossocial e naturalmente cognitivo, que refletirá no 
seu mundo adulto, perpassando o sujeito conservador para o reflexivo, 
chegando a juventude (adulto-jovem), marcando as gerações X,Y e Z no mundo 
ocidental e para este entendimento estará, certamente, o professor envolvido. 
Mas o mundo sofre a influência deste adolescente à medida que ele atinge, 
também, a idade adulta e muitos até a envelhecência, com curiosidades a 
serem desvendadas ou entendidas pelo leitor acadêmico. 
O quinto capítulo parte do embasamento do capítulo anterior e faz uma 
análise rápida da evolução do processo de humanização para chegar ao adulto. 
 
3 Psicologia e Aprendizagem 
Agora é o campo do próprio acadêmico como ser humano que se desenrola no 
desenvolvimento do conhecimento, do conhecer-se, fazendo desfilar a origem 
recente do estudo sobre o adulto e das especializações que se geraram para ser 
uma pessoa saudavelmente humana ou melhor na contemporaneidade. 
Isto posto, no sexto capítulo há uma retomada analítica sobre a 
aprendizagem em diferentes contextos: formal ou não formal, envolvendo a 
aquisição de habilidades e competências desde a criança até o adulto como 
evidência de maleabilidade e de plasticidade cerebral, principalmente. 
A comunicação pede passagem no sétimo capítulo para 
desfilar perspectivas históricas e didáticas objetivando a compreensão da 
necessidade de esclarecimentos sobre a integração desta área de conhecimento 
à área da Educação, por meio da narrativa de inovações apresentadas pelas 
mídias digitais, agora ao alcance de todos e, em especial, daqueles que estão 
em situação de aprendizagem. 
Nesta “aldeia”, no oitavo capítulo, a “casa ou tribo” familiar e suas 
tipologias, constituições sociais, arranjos de convivência são tratados sob 
aspectos de relação ajustada ou não, ressaltada a importância da afetividade 
usada, seu grau, suas implicações e consequências. 
Então, aparece o lúdico e as artes, no nono capítulo, aplicadas nesta 
convivência, com possibilidades de levar a sonhar com o potencial artístico mais 
inato e, respondendo a necessidades de quem possui determinadas habilidades 
transformando em competências o belo, o criativo, artístico, até mesmo 
vantajosamente econômico-social- cultural e a autorrealização. Como trabalhar 
é questionamento feito e tentativa de resposta para quem deseja aplicar em 
educação e em diferentes idades. 
Com o desenrolar deste trabalho e para finalizar, no décimo capítulo, 
procura-se dialogar com certos desconhecimentos que o ser humano possa ter 
em relação a dogmas, preconceitos, aos apegos, às perdas necessárias ou 
inconscientes, que podem conduzir a experiências inusitadas, além de 
constituir em aprendizagem social e emocional. 
Não esqueça que este livro é um roteiro de leitura e condutor para o 
estudo de assuntos que não pretendem se esgotar aqui. Pesquise mais a respeito 
para que você possa participar dos fóruns e contribuir com algo novo ou não 
pensado, mas importante. 
Desejamos a cada um, em particular, muito bom estudo, bom 
desempenho na interligação de experiências pessoais importantes com os temas 
trazidos nas páginas que ora se descortinam. 
Os (as) Autores (as) 
 
4 Psicologia e Aprendizagem 
 
Sumário 
 
 
 
1. DESENVOLVIMENTO HUMANO E APRENDIZAGEM 
 
2. AS CONCEPÇÕES DE DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM HUMANA E SUAS 
REPERCUSSÕES NA PRÁTICA PEDAGÓGICA - TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO 
 
3. ABORDAGEM INATISTA. ABORDAGEM EMPIRISTA. ABORDAGEM COGNITIVISTA. 
ABORDAGEM INTERACIONISTA 
 
4. ADOLESCÊNCIA: SEU DESENVOLVIMENTO BIOPSICOSSOCIAL E COGNITIVO QUE 
SE REFLETE NO COMPORTAMENTO ADULTO 
 
5. O MUNDO ADULTO: UM DESENVOLVIMENTO A SER PERCORRIDO CHEGANDO 
NA CONTEMPORANEIDADE 
 
6. CONSTRUÇÃO DA APRENDIZAGEM EM DIFERENTES CONTEXTOS: FORMAL E 
NÃO FORMAL 
 
7. TECNOLOGIA DA COMUNICAÇÃO: OS DESAFIOS COTIDIANOS DA 
APRENDIZAGEM 
 
8. GRUPO FAMILIAR: UM CONTEXTO, VÁRIAS REALIDADES 
 
9. O DESENVOLVIMENTO HUMANO ATRAVÉS DE PROCESSOS LÚDICOS E DAS 
ARTES 
 
10. DESENVOLVIMENTO HUMANO NA PERSPECTIVA DAS EMOÇÕES: PERDAS AO 
LONGO DA VIDA 
 
 
 
 
 
5 Psicologia e Aprendizagem 
 
 
 
1. Desenvolvimento Humano e Aprendizagem 
 
Luciana Schermann Azambuja1 
 
Introdução 
Vimos instigar o seu pensamento para torná-lo mais consciente sobre o 
que vivemos todo dia, conosco e, com todos ao nosso redor: o desenvolvimento 
humano! 
Com características biológicas, sociais, cognitivas e psicológicas, o 
desenvolvimento se caracteriza por fases etárias, por maturação, por estágios, 
ao longo de toda vida, assim como a aprendizagem, com suas complexas 
interações entre estruturas mentais e o meio ambiente, num desenrolar de 
estar sempre acontecendo e evoluindo. Então, por se tratar de educação como 
foco, entrelaçam-se desenvolvimento humano e aprendizagem, cujas tessituras 
se mesclam em/e como resultados das estruturas mentais e meio ambiente, 
suas influências e aquisições individuais coloridamente peculiar. 
 
 
1.1 Desenvolvimento Humano 
“ Podemos dizer que cada homem aprende a ser um homem. O que a natureza lhe dá quando 
nasce não lhe basta para viver em sociedade. É-lhe preciso ainda entrar em relação com os 
fenômenos do mundo circundante, através de outros homens, isto é, num processo de 
comunicação com eles” (Leontiev). 
 
O desenvolvimento humano refere-se ao desenvolvimento mental e aocrescimento orgânico. O desenvolvimento mental se caracteriza pelo 
aparecimento gradativo de estruturas mentais e algumas dessas estruturas 
permanecem por toda a vida, sendo que desde o seu nascimento, constrói o 
conhecimento. 
 
1 Psicóloga, Doutora em Neurociências. Professora na Universidade Luterana do Brasil. 
 
6 Psicologia e Aprendizagem 
O estudo do desenvolvimento Humano em sua trajetória histórica 
registra no mundo ocidental o seu começo com a Filosofia. Avançou na época 
dos gregos que chegou a ter um ramo muito especial denominado de Psicologia 
por se tratar do estudo específico da alma humana (Lorenzoni e Gil). 
Estudar o desenvolvimento humano implica em conhecer as 
características comuns de cada faixa etária, permitindo assim, reconhecer as 
individualidades, o que nos torna mais aptos para a observação e interpretação 
dos comportamentos. Desta forma o entendimento do desenvolvimento humano 
é determinado pela interação de vários fatores 
Para Papalia e colaboradores (2006), o ciclo vital apresenta quatro 
princípios fundamentais: 
· É vitalício, sendo que cada período de vida é influenciado pelos 
acontecimentos anteriores e, ao mesmo tempo, produz influências sobre 
períodos futuros; 
· É histórico, já que cada pessoa desenvolve-se em um contexto histórico e 
social do qual recebe influências e no qual também interfere; 
· É multidimensional, pois envolve um equilíbrio entre crescimento e declínio. 
Com a idade, algumas capacidades aumentam enquanto outras diminuem; 
· É plástico, uma vez que sempre existe a possibilidade dos indivíduos 
transformarem e ampliarem suas capacidades. 
O desenvolvimento humano ocorre ao longo de toda vida, sendo cada 
período influenciado pelo que aconteceu antes e irá afetar o que virá depois. 
Nenhuma fase é mais ou menos importante do que a outra e, cada uma tem 
suas características próprias, ocorrendo assim o desenvolvimento do ciclo da 
vida (Lorenzoni e Gil). 
De acordo com Papalia (2006), o desenvolvimento humano é o estudo da 
mudança e da estabilidade ao longo de toda a vida. Tradicionalmente, os 
primeiros estudos referentes à psicologia do desenvolvimento faziam menção 
somente ao desenvolvimento da criança. Entretanto, teóricos de todas as 
correntes concordam com o fato de que os indivíduos se desenvolvem durante 
toda a vida. Por tal motivo, esse foco vem mudando ao longo dos anos, e hoje, 
tem-se uma ideia que o estudo sobre o desenvolvimento humano deve abranger 
todo processo de ciclo vital, pois o estudo da psicologia do desenvolvimento 
traz uma compreensão sobre as transformações psicológicas que ocorrem no 
decorrer do tempo. 
Os seres humanos têm a vida dividida em fases, de acordo com a idade 
em que ele passa começando como um embrião e terminando com a morte. O 
ciclo normal de vida começa na concepção. Cada fase tem suas características 
específicas, compatíveis com o desenvolvimento do corpo humano bem como 
do cérebro e suas funções cognitivas (percepção, aprendizagem, memória, 
pensamento, linguagem, atenção) e comportamentais (personalidade). 
A primeira fase da vida chamada infância inicia do nascimento até os 12 
anos. A criança não é mais um adulto em miniatura, como era na idade média, 
 
7 Psicologia e Aprendizagem 
ela apresenta características próprias de acordo com a sua idade e contexto em 
que vive. Nesta etapa, os estímulos são de extrema importância para o 
desenvolvimento e caracteriza-se por um período de maior aprendizado. A 
infância é um período em que a criança tem vontade de experimentar tudo, 
tocar, sentir, se manifestar de forma ativa e criativa. Quanto mais ricos forem 
os estímulos nesta fase maiores as possibilidades de sucesso de 
desenvolvimento de algumas habilidades (motoras, cognitivas e 
comportamentais). 
Após, aos 13 anos, se inicia a fase da adolescência, onde acontece 
mudanças intensas nos aspectos físicos, cognitivos e psicológicos em 
decorrência das mudanças biológicas e fisiológicas. Nessa idade os jovens 
querem maior liberdade para sair com seus amigos e fazerem coisas que 
gostam. É a fase do desenvolvimento humano que marca a transição entre a 
infância e a idade adulta. 
 A partir dos 20 anos começa a fase adulta, embora desde os 18 anos, o 
indivíduo é legalmente responsável pelos seus atos. Essa é a fase de maior 
duração das pessoas, que se estende até os 64 anos. Na adultez, ocorrem 
alterações importantes em todas as esferas da vida humana (novas 
responsabilidades e novos referenciais de existencialidade). 
Aos 65 anos nos países em desenvolvimento como o Brasil, a pessoa pode 
ser chamada de idosa. Nessa fase da vida, os problemas de saúde tendem a ser 
mais frequentes e, por isso, é importante uma boa alimentação e que o médico 
seja visitado ao menos uma vez ao ano. 
Com o aumento da expectativa de vida em nosso país, a pirâmide 
populacional está sendo modificada e os idosos estão cada vez em maior 
número. Diante deste contexto, outra fase da vida está crescendo rapidamente, 
os chamados superidosos, que são pessoas a partir dos 80 anos. 
Em se tratando do curso de vida, a infância, a adolescência e todos os 
demais estágios constituem exemplos de padrões desenvolvidos pelo indivíduo 
em suas interações e reconstruções com o ambiente (Sifuentes et al, 2007). 
Durante toda a vida os seres humanos sofrem influencias tanto de 
agentes internos, como externos (de natureza física e social). Esses agentes 
atuam estimulando suas capacidades e aptidões e promovendo o seu 
desenvolvimento físico e mental. 
O desenvolvimento e crescimento humano podem ser afetados por 
diversos fatores e/ou condições. Este comprometimento pode ocorrer tanto no 
período pré quanto pós-natal e são oriundos de fatores internos e externos. 
Entre os fatores internos estão as influências genéticas e as condições maternais 
do ambiente pré-natal. Já entre os fatores externos, a alimentação, o álcool, 
o tabagismo e as drogas ganham destaque, pois se sabe que, embora o feto 
esteja protegido pela placenta, certas substâncias podem penetrá-la e causar 
reações negativas como deformidades físicas e disfunções comportamentais 
(GABBARD, 2000). 
 
8 Psicologia e Aprendizagem 
Bock (2008) refere que vários fatores atuando juntos em permanente 
interação afetam o desenvolvimento humano. Este são: 
 Hereditariedade: a carga genética estabelece o potencial do 
indivíduo, que pode ou não se desenvolver. Existem pesquisas 
que comprovam os aspectos genéticos da inteligência. No 
entanto, a inteligência pode desenvolver-se aquém ou além do 
seu potencial, dependendo das condições do meio que encontra. 
 Crescimento Orgânico: refere-se ao aspecto físico. O aumento de 
altura e a estabilização do esqueleto permitem ao indivíduo 
comportamentos e um domínio do mundo que antes não 
existiam. Pense nas possibilidades de descobertas de uma 
criança, quando começa a engatinhar e depois a andar, em 
relação a quando esta criança estava no berço com alguns dias 
de vida. 
 Maturação Neurofisiológica: é o que torna possível determinado 
padrão de comportamento. A alfabetização das crianças, por 
exemplo, depende dessa maturação. Para segurar o lápis e 
manejá-lo como um adulto, é necessário um desenvolvimento 
neurológico que a criança de 2, 3 anos não tem. 
 Meio: o conjunto de influências e estimulações ambientais altera 
os padrões de comportamento do indivíduo. Por exemplo, se a 
estimulação verbal for muito intensa, uma criança de 3 anos 
pode ter um repertório verbal muito maior do que a média das 
crianças de sua idade, mas, ao mesmo tempo, pode não subir e 
descer com facilidade umaescada, porque esta situação pode 
não ter feito parte de sua experiência de vida. 
Desta forma, desenvolvimento humano, pode ser abordado a partir de 
quatro aspectos básicos (aspecto físico-motor-relacionado com aspectos 
neurofisiológicos, intelectual, afetivo-emocional e social). 
Para Bock e colaboradores (2008), o desenvolvimento é um processo 
contínuo e ininterrupto em que os aspectos biológicos, físicos, sociais e 
culturais se interconectam, se influenciam reciprocamente, produzindo 
indivíduos com um modo de pensar, sentir e estar no mundo absolutamente 
singulares e únicos. 
Uma das grandes áreas de interesse da psicologia é o estudo de como o 
pensamento se modifica ao longo da vida dos indivíduos, o qual ressalta que 
uma questão premente são as possíveis relações que podem existir entre o 
desenvolvimento e a aprendizagem (Filho, 2008). 
 Os esforços relacionados ao desenvolvimento cognitivo buscam 
compreender como as habilidades mentais surgem e modificam-se em face da 
maturação biológica e da experiência ou aprendizagem (Sternberg, 2000). 
 
 
9 Psicologia e Aprendizagem 
1.2 RELAÇÃO ENTRE DESENVOLVIMENTO HUMANO E 
APRENDIZAGEM 
 
No que se refere à aprendizagem como resultado do desenvolvimento e 
que o desenvolvimento não ocorre sem a aprendizagem (Motta, 2008). 
O conceito de aprendizagem emergiu das investigações empiristas em 
Psicologia, ou seja, de investigações levadas a termo com base no pressuposto 
de que todo conhecimento provém da experiência. 
Aprendizagem é caracterizada por um processo de mudança de 
comportamento obtido através da experiência construída por fatores 
emocionais, neurológicos, relacionais e ambientais. Aprender é o resultado da 
interação entre estruturas mentais e o meio ambiente, processo de aquisição 
de conhecimentos, habilidades, valores e atitudes, possibilitado através do 
estudo, do ensino ou da experiência. É fundamental à vida, por meio dela que 
o homem se afirma como ser racional, forma a sua personalidade e se prepara 
para o papel que lhe cabe na sociedade. 
Embora fatores internos (genéticos, hereditários) sejam fatores decisivos 
para o desenvolvimento do aprendizado, o ambiente torna-se fundamental para 
este processo. Pesquisas referentes a influência do ambiente no 
desenvolvimento, evidenciam que quanto mais rico e cheio de estímulos este 
for, maior o aprendizado a criança terá. Do contrário, crianças que vivem 
privadas de estímulos (afetivo, cognitivo) podem vir a ter um desenvolvimento 
abaixo do esperado para sua idade cronológica. Alguns outros fatores também 
influenciam no deficitário desenvolvimento do aprendizado como por exemplo, 
vulnerabilidade social, carência nutricional entre outros. 
Para Pain (1992) o processo de aprendizagem não é uma estrutura, mas 
sim um efeito, um lugar de articulação de esquemas. 
Como praticamente todo o comportamento é aprendido, o meio será 
imprescindível para a formação da personalidade do indivíduo. Campos (2003), 
afirma que a aprendizagem leva o indivíduo a viver melhor ou pior, mas 
indubitavelmente a viver de acordo com o que aprende. 
Porém, quando realmente a aprendizagem começa e termina? Para a 
maioria, começamos a aprender somente quando balbuciamos nossas primeiras 
palavras ou damos nossos primeiros passos, mas na realidade a aprendizagem 
começa logo após nosso nascimento, quando, por exemplo, o bebê descobre 
que ao chorar sua mãe aparece e que se parar ela sumirá. Mas o que realmente 
importa é: a aprendizagem para em algum momento? (Diaz, 2011). 
Para o mesmo autor: 
[...] até a idade adulta, os conhecimentos aprendidos vão 
se acumulando e se integrando ao aparato psicológico de 
cada indivíduo, moldando a sua maneira própria de 
aprender, até a velhice, quando se observa um declínio 
 
10 Psicologia e Aprendizagem 
normal da plasticidade psicológica e cerebral, para 
processar estímulos novos. 
 
Contudo, notamos que cada vez mais idosos estão aprendendo 
habilidades novas, viajando, se reinventando, em vez de apenas decaírem, 
como seria o esperando pela sociedade. Para Mota e Pereira (2007, p. 3): 
As pessoas idosas embora nossa sociedade seja reticente 
quanto às suas capacidades de aprendizagem podem 
continuar aprendendo coisas complexas como um novo 
idioma ou ainda cursar uma faculdade e virem a exercer 
uma nova profissão. 
 
 A aprendizagem pode permitir compreender melhor as situações que 
estão a nossa volta, nossos companheiros, a natureza e o mais crucial, 
compreender a si mesmo, podendo ajustar e instruir ao ambiente físico e social 
que estamos inseridos. 
Com o desenvolvimento do sujeito, este cria elementos que lhe 
permitem absorver conhecimento, e com isso a aprendizagem ocorre de 
maneira mais satisfatória. Ao absorver conhecimento sobre elementos que lhes 
são ensinados, há o conhecimento de si próprio e este autoconhecimento é 
essencial para a constituição do sujeito. 
 Desta forma, conclui-se que a aprendizagem e o desenvolvimento não 
coincidem inteiramente, mas são dois processos que estão em complexas inter-
relações (Leonardo e Silva, 2013). 
 
 
 RECAPITULANDO 
 
No e para o estudo do Desenvolvimento Humano, teóricos apresentam aspectos 
e subdivisões, mas sempre girando como básicos, neurofisiológicos, intelectual, 
afetivo- emocional e social ou outras denominações, cujo reconhecimento é o 
de ser o desenvolvimento como um processo contínuo, geralmente gradativo no 
indivíduo saudável. 
Aprender é o resultado da interação entre estruturas mentais e o meio 
ambiente, a aprendizagem, para que se efetive, envolve mudanças, podendo 
ser observável ou não nas articulações e nos próprios esquemas cerebrais, que 
vão refletir na “aquisição de conhecimentos, habilidades, valores e atitudes. 
Pode-se afirmar que Desenvolvimento leva a aprendizagem e, esta como 
mudança leva à ampliação do próprio desenvolvimento. 
 
11 Psicologia e Aprendizagem 
 
Referências e Obras Consultadas: 
BOCK, A. M. B.; GONÇALVES, M. G. M.; FURTADO, O. (Orgs). Psicologia Sócio-
Histórica– uma perspectiva crítica em psicologia. São Paulo: Cortez Editora, 
2008. 
CAMPOS, Dinah Martins Souza. Psicologia da Aprendizagem. Petrópolis, Vozes, 
33.ed., 2003. 
DÍAZ, Félix. O processo de aprendizagem e seus transtornos. Salvador: 
EDUFBA, 2011. 
FILHO, M.L.S. Relações entre aprendizagem e desenvolvimento em Piaget e em 
Vygotsky.Rev. Diálogo Educ., Curitiba, v. 8, n. 23, p. 265-275, jan./abr. 2008 
 
GABBARD, C. P. Lifelong Motor Development. Boston: Allyn & Bacon, 3º ed., 
2000. 
 
LEONARDO, N.S.T; SILVA, V.G. A relação entre aprendizagem e 
desenvolvimento na compreensão de professores do Ensino Fundamental. 
Revista Semestral da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional, 
SP. Volume 17, Número 2, Julho/Dezembro de 2013: 309-317. 
 
LEONTIEV, A. O desenvolvimento do psiquismo. 2.ed. São Paulo: Centauro, 
2004. 
MOTA, Maria Sebastiana Gomes; PEREIRA, Francisca Elisa de Lima. 
Desenvolvimento e aprendizagem: Processo de construção do conhecimento e 
desenvolvimento mental do indivíduo. In: FILHO, Raul de Souza Nogueira. I 
Colóquio sobre docência profissional e PROEJA do CEFET-AM. Amazônia: CEFET, 
2007. 
MOTTA, A. P. F. 2008. O letramento crítico no ensino/aprendizagem de 
língua inglesa sob a perspectiva docente. Londrina, Disponível em: 
http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/379-4.pdf. 
 
SIFUENTES, T.R; DESSEN, M.A; OLIVEIRA, M.C.L. Trajetórias Probabilísticas 
e Desenvolvimento Humano. Psic.: Teor. e Pesq., Brasília, Out-Dez 2007, 
Vol. 23 n. 4, pp. 379-386 
 
PAÍN, Sara. Diagnóstico e tratamento dosproblemas de aprendizagem. 4.ed. 
Porto Alegre: Artes médicas, 1992. 
 
PAPALIA, D. E; OLDS, S. W.; FELDMAN, R. D. Desenvolvimento Humano. 8.ed. 
Porto Alegre: Artmed, 2006. 
 
12 Psicologia e Aprendizagem 
 
STERNBERG, R. J. Psicologia cognitiva. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000. 
 
Atividades 
 
Com base na reflexão, que supostamente você deve ter feito durante a 
sua leitura, é que são propostos os exercícios a seguir: 
1. Verdadeiras ou Falsas as afirmações? 
Em relação ao desenvolvimento humano, avalia as assertivas abaixo: 
I. O estudo do desenvolvimento Humano em sua trajetória histórica 
registra no mundo ocidental o seu começo com a Filosofia. 
II. Desta forma o entendimento do desenvolvimento humano é 
determinado pela interação de vários fatores. 
III. O desenvolvimento humano ocorre somente na infância. 
Respostas: 
a) I e II são verdadeiros 
b) II e III são verdadeiros 
c) Somente a III é verdadeira 
d) Todas as alternativas são verdadeiras. 
e) Todas as alternativas são falsas. 
 
2. Verdadeiras ou Falsas as afirmações? 
I - Os seres humanos têm, conforme estudiosos, a vida dividida em fases. 
II- Todas as fases são semelhantes. 
III- o estudo da psicologia do desenvolvimento traz uma compreensão sobre 
as transformações psicológicas que ocorrem no decorrer do tempo. 
 
Respostas: 
a) I, II são verdadeiras. 
b) Todas as alternativas são verdadeiras. 
c) I, III são verdadeiras. 
d) Todas as alternativas são falsas. 
 
3. Verdadeiras ou Falsas as afirmações? 
I- A primeira fase da vida chamada infância inicia do nascimento até 
aproximadamente os 12 anos. 
 
13 Psicologia e Aprendizagem 
II- A infância é um período em que a criança tem vontade de 
experimentar tudo, tocar, sentir, se manifestar de forma ativa e 
criativa. 
III- A criança é um adulto em miniatura. 
Respostas: 
a) I e II são falsas. 
b) II e III são falsas. 
c) I e II são verdadeiras. 
d) Todas as alternativas são verdadeiras. 
e) Todas as alternativas são falsas. 
 
4. Verdadeiras ou Falsas as afirmações? 
Vários fatores atuando juntos em permanente interação afetam o 
desenvolvimento humano. Este são: 
I. Hereditariedade 
II. Crescimento orgânico 
III. Maturação neurofisiológica 
IV. Meio 
Respostas: 
a) I e II são verdadeiros 
b) II e III são verdadeiros 
c) Somente a III é verdadeira 
d) Todas as alternativas são verdadeiras. 
e) Todas as alternativas são falsas. 
 
5. Verdadeiras ou Falsas as afirmações? 
Aprendizagem é caracterizada por um processo de mudança de 
comportamento obtido através da experiência construída por fatores: 
I. Emocionais 
II. Relacionais 
III. Neurológicos 
IV. Ambientais 
 
Respostas: 
a) I e II são verdadeiros 
b) I, II e III são verdadeiros 
c) II, III e IV são verdadeiros 
d) Todas as alternativas são verdadeiras. 
e) Todas as alternativas são falsas. 
 
 
 
 
14 Psicologia e Aprendizagem 
 
 
2. As concepções de desenvolvimento e aprendizagem humana 
e suas repercussões na prática pedagógica - teorias do 
desenvolvimento 
 Ursula Boeck2 
 
Introdução 
 
 Neste capítulo trabalharemos as concepções de desenvolvimento e 
aprendizagem humana e a importância do conhecimento das etapas de 
desenvolvimento para a efetiva prática pedagógica. É imprescindível que 
tenhamos conhecimento das diversas modificações que perpassam o 
desenvolvimento de uma pessoa desde o seu nascimento até a velhice, nossa 
discussão tem como finalidade tornar evidente a relação existente entre 
desenvolvimento humano e a aprendizagem e as consequências existentes nessa 
relação, pois só assim, o educador poderá elaborar um trabalho que considere 
a potencialidade do desenvolvimento físico, neurológico, cognitivo, social e 
afetivo de cada um de seus alunos. 
 
2.1.O cérebro humano: conhecendo sua estrutura e principais 
funções 
O enfoque aqui apresentado será baseado nas teorias da área médica - 
principalmente da neurologia - pois se torna necessário conhecermos o 
funcionamento do cérebro para entendermos como o organismo reage aos seus 
comandos e as consequências dessas reações no desenvolvimento do individuo 
em suas várias etapas 
O cérebro humano é formado por aproximadamente 100 bilhões de 
neurônios e por células de glia ou neuroglia (são elas que proporcionam as 
condições adequadas para o bom funcionamento dos neurônios). Ele é 
responsável por grande parte das atividades vitais indispensáveis à nossa 
sobrevivência, tais como a sede, o sono, a fome, os movimentos. Também são 
controlados pelo cérebro os nossos pensamentos, decisões, julgamentos, todas 
as nossas emoções como alegria, ódio, amor, tristeza. 
 
2 Mestra em Educação, Pedagoga, Psicopedagoga Clínica e Psicomotricista Relacional. 
 
15 Psicologia e Aprendizagem 
Mesmo com as inúmeras pesquisas existentes em todo o mundo, até hoje, 
sobre as capacidades do cérebro, os cientistas nos alertam para as incontáveis 
facetas desconhecidas que ainda existem em relação à estrutura e o 
funcionamento desta “máquina” tão fascinante chamada “cérebro”. 
 
 
 
 
 
 
 
Imagem retirada do site: http://www.comportamento.net/saberes/como-a-mente-funciona/ 
 
Para darmos início a nossa incursão pelo estudo do sistema nervoso (SN) 
e compreendermos melhor como funciona o cérebro humano, torna-se 
indispensável saber como ele encontra-se estruturado. A anatomia do sistema 
nervoso é composta de duas partes, são elas: o sistema nervoso central (SNC) 
que é composto pelo encéfalo e a medula espinhal (tendo como função o 
processamento e a organização das informações) e o sistema nervoso periférico 
que compreende os sistemas nervoso sensitivo e motor (tem como função 
conduzir as informações entre órgãos receptores de estímulos). 
Pensando no funcionamento do cérebro humano, muitas pessoas se 
perguntam sobre a seguinte questão: o cérebro das crianças, igual à de um 
adulto? 
 A resposta é não, isso porque de acordo com as literaturas existentes 
sobre o assunto, é possível dizer que ao nascer o cérebro de uma criança pesa 
por volta de 300/330 gramas. E sua massa encefálica triplicará chegando a 900 
gramas quando a criança atingir um ano de idade. Diferentemente de um adulto 
saudável – normal – que tem seu cérebro pesando entre 1.400/1.500 gramas. 
Com base nestas informações, podemos constatar a importância que deve ser 
dispensada no primeiro ano de vida da criança, no que se refere ao seu 
desenvolvimento, principalmente em relação a sua maturação neurológica. Isto 
porque ela será a base para o desenvolvimento das capacidades motoras, 
cognitivas e sensoriais futuras do indivíduo em sua fase adulta. 
 Não podemos esquecer que no primeiro ano de vida da criança, ela está 
vulnerável a inúmeras situações que poderão comprometer o desenvolvimento 
 
16 Psicologia e Aprendizagem 
normal do seu cérebro. Situações estas que podem ser desde doenças 
metabólicas ou genéticas, até mesmo desnutrição (realidade ainda presente em 
nosso país), infecções do tipo meningite e encefalite, entre outras. 
 Todas estas questões que podem comprometer o desenvolvimento 
neurológico da criança podem ser amenizadas, desde que se tenha o cuidado 
de fazer as avaliações recomendas periodicamente pelos profissionais que 
cuidam da criança. 
 Torna-se importante citar o fato de que o cérebro vai sendo estruturado 
ao longo da maturação do indivíduo. É sabido que ele se desenvolve com maior 
intensidade nos primeirosanos de vida (de zero a seis anos), mas a ciência já 
comprova que as novas conexões neuronais são formadas ao longo de toda a 
vida e, mesmo na fase adulta, quando o número de neurônios diminui, elas 
acontecem, salvo se houver o desenvolvimento de alguma “patologia 
neurológica ou se o cérebro for agredido por causas externas como o uso de 
drogas, estresse, má alimentação e falta de exercício cerebral” (DOMINGUES, 
2007). 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte:http://www.afh.bio.br/basicos/Nervoso3.htm#encefalo 
 
 O cérebro é uma máquina que precisa estar em funcionamento para não 
“enferrujar”, as crianças devem ser colocadas perante estímulos diversos para 
que seu cérebro se desenvolva e para que novas conexões neuronais sejam 
formadas. 
 O ser humano é a máquina mais perfeita que existe, desta forma, o 
cérebro vai amadurecendo em etapas e isso vai sendo percebido pelas 
manifestações de aprimoramento que a criança vai demonstrando. 
 Conforme citado por Domingues (2007), “a primeira área que amadurece 
é a motora, pois a criança necessita se sustentar e se locomover a fim de 
conquistar as outras etapas” (p. 169). 
 Nessa questão, chamamos a atenção para um cuidado importante a ser 
tomado pela família, primeiro contato da criança com o meio social. Cabe aos 
 
17 Psicologia e Aprendizagem 
familiares proporcionarem situações saudáveis para o aprendizado dos limites 
e referenciais sociais. As relações familiares dão à criança as dimensões de 
segurança, pertencimento, troca, companheirismo, respeito e equilíbrio 
emocional, condições primordiais para a maturação adequada do cérebro. 
 Segundo Domingues (2007, p. 54), na maioria das vezes, os adultos se 
incomodam quando uma criança não está “fazendo nada”, pois parece que ela 
está alheia ao seu entorno, sem relação com a realidade, “viajando”. Para 
Domingues, “na realidade, ela está captando todos os estímulos a sua volta, 
interpretando-os e registrando-os e, desta forma, estruturando seu cérebro”. 
 Seguindo o pensamento de Domingues (2007), concordamos com a 
mesma quando diz que: “o mundo é um ambiente totalmente novo e rico em 
estímulos, e seus neurônios estão sedentos em captar esses estímulos, a fim de 
que possa se situar e saber que atitude tomar diante desse mundo novo ao qual 
agora pertence” (p. 54). 
 Assim como todo o organismo, o cérebro também precisa de um tempo 
para seu desenvolvimento e maturação. Erroneamente pensamos que quanto 
mais estímulos proporcionarmos as crianças, mais rapidamente se 
desenvolverão. Se agirmos desta forma, corremos o risco de sobrecarregar o 
cérebro de informações causando mais danos do que benefícios. Tudo em seu 
tempo, o desenvolvimento neuronal também. O estímulo é extremamente 
necessário e importante, mas deve ser ofertado de forma adequada e 
respeitando os ritmos internos e externos de cada indivíduo. 
 Domingues (2007), cita um trecho do artigo “Algo além da manada”, de 
Lya Luft, publicado no jornal Zero Hora – Porto Alegre, edição de 5 de julho de 
2003, que nos faz refletir sobre a necessidade de dosagem nos estímulos 
oferecidos, sem, entretanto, negar sua importância: 
 
 Estamos tão integrados na correria generalizada, que vendo uma 
criança quieta – talvez sentindo o milagre do mundo ao seu redor – nos 
preocupamos: anda tão quieta, deve estar doente. No entanto, é essa 
capacidade de refletir ou de simplesmente aquietar-se para sentir que 
faz de nós algo além de cabides de roupas ou de ideias alheias... 
Discernir e escolher ficam mais difíceis porque o excesso de 
informações nos atordoa, a vertiginosa troca de mitos nos esvazia, a 
variedade de solicitações nos exaure...Para ter um relativo controle 
de nossa vida, é necessário descobrir quem somos ou queremos ser... 
Dura empreitada, num momento em que tudo parece colaborar para 
que não se pense demais, mas se aceite um mundo de ideias e modelos 
prontos... (p. 54). 
 
 
18 Psicologia e Aprendizagem 
 Vários estudos, ao longo dos anos, resultaram na formação de uma 
espécie de escala em que o desenvolvimento neuronal é demonstrado por fases 
de maturação (fases maturativas ou anos formativos). Essas fases são as 
responsáveis pelas aquisições no desenvolvimento cerebral desenvolvidas pelo 
indivíduo durante toda a sua vida. 
 Domingues (2007) chama “atenção para esses períodos nos quais ocorre 
a maturação neural e, consequentemente, o desenvolvimento da motricidade, 
habilidade, sentidos, manifestações comportamentais ou conduta em cada fase 
considerada.” (p. 27) 
 A autora continua comentando sobre ser esse um “fator de extrema 
importância no processo formativo de uma criança e que tem como suporte três 
itens fundamentais”, os quais ela chama de ‘tripé da mielinização’: 
• nutrição adequada: tanto da mãe na fase gestacional quanto da criança 
em seus anos formativos, pois a nutrição é responsável pelo suprimento do 
material da qual a mielina é constituída: proteínas e lipídios. 
• estimulação: sem estímulos, os neurônios “murcham” e perdem sua 
capacidade funcional podendo vir a desaparecer. A estimulação deve ser 
adequada, sem falta ou excesso, propiciando a mielinização. 
• afeto: embora pareça subjetivo, esse aspecto proporciona ausência de 
estresse e segurança necessária para a maturação neural, que está diretamente 
relacionada a mielinização (DOMINGUES, 2007, p. 27). 
 Ao observarmos algumas crianças brincando em um parque, comprova-se 
a teoria ao percebermos as diferenças comportamentais, motoras e emocionais 
de uma criança com dois anos de idade comparada a outra de quatro anos de 
idade. Não poderemos exigir que a primeira aja exatamente como a segunda 
perante um obstáculo ou situação. 
 As reações motoras, emocionais e comportamentais dos indivíduos serão 
determinadas pela maturação desenvolvida de acordo com o ‘tripé da 
mielinização’, citado por Domingues, 2007 (p. 54). 
 A mesma autora refere que em torno dos seis anos de idade o cérebro da 
“criança possui o volume de 95% de um cérebro adulto. Durante os dez anos 
 
19 Psicologia e Aprendizagem 
seguintes, em uma escala gradual, até a adolescência, há uma eliminação 
competitiva das sinapses através da remoção e reestruturação destas” (p. 30). 
 Ela chama a atenção para a importância das fases de zero a seis anos; 
seis anos aos 12 anos; 12 anos aos 18 anos, salientando o volume quase pleno 
do cérebro infantil aos seis anos, bem como a eliminação competitiva, remoção 
e reestruturação. Isso se dará diretamente relacionada ao tipo e intensidade 
dos estímulos recebidos, sendo, portanto, de extrema importância nessas fases 
o meio social, o afeto e a segurança, bem como a nutrição adequada, para que 
a intercomunicação entre os neurônios ocorra adequadamente, com a 
consequente saúde física e mental adequadas. Essas são as fases formativas em 
que, como a designação indica, estarão sendo formadas as estruturas nervosas 
que servirão de base orgânica e emocional do indivíduo para toda a vida 
(DOMINGUES, 2007, p. 30). 
 Através do estudo da neurociência, verificamos a importância dos 
primeiros anos de vida de um indivíduo, incluindo-se o período de gestação. 
 Todas as funções do organismo humano dependem dos comandos 
enviados pelo sistema nervoso central. O indivíduo depende do funcionamento 
do cérebro para efetuar desde movimentos simples aos mais complexos. Para 
pensar e ser capaz de elaborar respostas, para sentir estímulos físicos úteis para 
a preservação de sua integridade física, mas que também serão responsáveis 
pela sua inter-relação com o meio em que vive. 
 Os estudos cada vez mais aprofundados, na área da neurociência, têm 
demonstradoque antigos conceitos a respeito do cérebro estavam equivocados, 
como por exemplo, o conceito de que a criança nasceria “como uma tabula rasa 
que somente após o nascimento ‘irá se formar’” (DOMINGUES, 2007, p. 33). 
 Pesquisas atuais demonstram que a atividade cerebral é mais intensa e 
dinâmica na fase intrauterina do que após o nascimento. Sendo que a fase mais 
importante para o desenvolvimento do indivíduo, tanto físico quanto psíquico, 
é a ocorrida entre o zero e os seis anos de idade. Para uma melhor compreensão 
do exposto, veja a citação abaixo: 
... é nesta fase, principalmente, que o neurônio modifica 
dinamicamente suas conexões, reagindo ao aprendizado, às vivências, 
 
20 Psicologia e Aprendizagem 
às experiências de vida, às emoções, às drogas e às doenças, não 
desconsiderando obviamente o caráter genético. Este último fator, 
entretanto, não é definitivo em sua manifestação, seja benéfica ou 
nocivamente, e sim será desencadeado, muitas vezes pela atuação do 
meio agindo sobre o gene (DOMINGUES, 2007, p. 33). 
 
 O cérebro ainda é um grande desconhecido, temos muitas informações e 
muito ainda a descobrir sobre essa máquina. Mas nosso objetivo é estudar o 
desenvolvimento neuromotor do indivíduo, portanto vamos delimitar nossas 
discussões, às partes do cérebro responsáveis pelo desenvolvimento dessa área. 
 
2.2 Processo de desenvolvimento humano 
 
O cerebelo sempre levou a fama de ser o responsável pelas funções 
motoras do organismo. Com o avanço dos estudos na área da neurociência, 
descobriu-se que o cerebelo humano é responsável por uma grande variedade 
de atividades nem sempre relacionada ao movimento. Estas descobertas 
revelaram que havendo lesões no cerebelo, algumas áreas especificas podem 
ficar comprometidas causando falhas no recebimento das informações 
sensoriais, como por exemplo, o ato reflexo de retirar a mão quando esta toca 
uma superfície quente. Quando existe uma lesão cerebelar esse ato reflexo 
pode ficar muito lento, ocasionando danos a integridade física do indivíduo. 
O cerebelo também é responsável pelo desenvolvimento e maturação do 
tônus muscular que é a base das atividades práxicas. Essa maturação ocorre 
paulatinamente como nos explica Le Bouch (1982) 
 durante o 3º mês, o tono do músculo da nuca e do pescoço vai 
organizar-se em função das posições do eixo corporal. Quando a 
criança passa da posição deitada a sentada com apoio, sua cabeça 
mantém-se bem firme, o pescoço serve de suporte firme a fim de que 
a criança possa orientar o olhar em direção de um estímulo visual ou 
sonoro; 
 entre o 6º e o 8º mês, a criança vai conquistar a verticalidade 
e equilibrar-se em posição sentada. Esta aquisição vai permitir-lhe ter 
uma visão mais global de seu ambiente, graças a possibilidade de 
 
21 Psicologia e Aprendizagem 
aperfeiçoamento dos movimentos associados dos olhos e da cabeça. 
Nesta posição se sentirá mais segura nas experiências de manipulação, 
já que seus braços estão completamente liberados e o tono da cintura 
escapular está bem desenvolvido; 
 entre o 9º e o 12º mês, a criança reforça a cintura pelviana, 
primeiro rastejando, depois de quatro, prelúdio indispensável para a 
estação de pé. Entre o 10° e o 12º mês, ficará de pé de forma 
prolongada com apoio e passará à posição bípede, primeiro titubeante 
e depois mais firme (p. 56). 
 
Na figura abaixo, podemos observar com clareza as etapas da maturação 
citadas acima 
 
 
 
 
 
 
 
 Fonte: http://www.misodor.com/DNPS.html 
2.3 O desenvolvimento neuromotor – algumas considerações 
 
 Se levarmos em consideração que desde o nascimento a criança é 
psicologicamente ativa e que a maturação de suas funções sensória motoras 
depende amplamente dos estímulos que são oferecidos pelo meio social em que 
vive, e principalmente do contato que a mesma tem com a mãe ou com o 
cuidador/professor. Vamos perceber que a criança deve ser estimulada todo o 
tempo durante suas atividades cotidianas, e as pessoas que convivem 
diretamente com ela poderão ficar atentas as suas atitudes em momentos 
específicos de sua vida: na forma de carregá-la, de trocá-la, de dar-lhe banho, 
 
22 Psicologia e Aprendizagem 
comida e de brincar. Principalmente levando em conta, que a cada fase do 
desenvolvimento infantil, corresponde a estímulos e necessidades diferenciadas 
da criança, sendo de fundamental importância a estimulação dos vários níveis 
de expressão corporal, encontrados na criança, como por exemplo, o gestual, 
tônico, mímico, ocular, auditivo, etc. 
 Se não ocorrer esta estimulação na criança, ela pode ter uma interrupção 
na maturação que vai interferir na organização do sistema nervoso, de maneira 
a ocorrer perda definitiva de funções inatas ao desenvolvimento do indivíduo. 
É nos primeiros anos de vida que as relações afetivas estabelecidas entre a 
criança e a mãe ou pelo cuidador/professor, apresentarão reações que irão 
desencadear e reforçar esta relação. O ambiente familiar/escolar como um 
todo também é importante e as reações da criança irão se caracterizar por meio 
de sinais vocais, tônico-posturais, oculares e mímicos, devendo ser 
considerado, sempre, a relação da ação com a idade da criança. 
 Conforme a criança vai crescendo, é capaz de brincar sozinha e com 
outras crianças, reconhecendo inclusive o meio de que faz parte, e consegue 
distinguir as pessoas que estão ao seu redor. Tem consciência de si e dos outros. 
O que é importante “marcar” neste período, é o quanto o limite e o 
conhecimento de regras sociais bem estabelecidas são importantes para todo o 
desenvolvimento da criança, algo que muitos pais, cuidadores/professores não 
se dão conta ou confundem com o ser autoritário, algo que pode interferir no 
desenvolvimento psicológico da criança, fazendo com que muitas vezes ela não 
se desenvolva de uma maneira sadia. 
 No desenvolvimento da aprendizagem na criança, é fundamental a 
observância dos três domínios do comportamento humano: cognitivo, afetivo e 
motor, constituindo um meio conveniente de organização a partir do qual o 
estudo do comportamento pode-se desenvolver. 
 O processo de adaptação da criança ao meio social é um processo mais 
cultural que biológico, apesar de os atos biológicos serem atos de adaptação ao 
meio físico e que possibilitam a criança organizar o ambiente. Sendo assim, é 
muito difícil separar o funcionamento corporal da criança do mental, pois os 
dois são submetidos às mesmas formas de desenvolvimento, um exemplo disso, 
 
23 Psicologia e Aprendizagem 
é a estrutura que nos permite ingerir e digerir - o estômago; ou outra que nos 
permite respirar - o pulmão. Assim também acontece com a estrutura mental. 
Estas estruturas são nossos sistemas para compreender e interagir com o 
mundo. 
 Ao nascerem às crianças apresentam esquemas de natureza reflexa 
como, por exemplo, sugar, pegar. Estes esquemas iniciais ainda não são 
mentais, são precursores das atividades mentais posteriores. As características 
biológicas da criança influem, mas não oferecem uma estrutura pronta desde o 
nascimento. 
 Em torno dos três anos de idade, o cérebro da criança atingiu 80% das 
dimensões do adulto. Nesta fase já existem mil trilhões de conexões entre os 
neurônios (sinapses), aparato essencial para que o desenvolvimento intelectual 
da criança aconteça em sua plenitude. 
A área pré-frontal do cérebro é a responsável pelo pensamento, pela 
atenção e pela conduta do indivíduo. Quando a criança recebe uma estimulação 
adequada desde o nascimento, em torno dos cinco anos de idade, essa área já 
estará bem estruturada.Nessa idade a criança já pensa em suas ações 
utilizando as palavras para demonstrar o que quer fazer e partir para a ação 
motora necessária a realização do pensamento. Domingues (2007) exemplifica 
perfeitamente essa situação quando coloca que a criança, aos cinco anos de 
idade 
... pensa ‘vou jogar bola’, depois fala o que pensou para então 
realizar o ato. Ou seja, primeiro a criança pensa, depois expressa 
para então realizar a atividade. Ela não irá mais agir com 
impulsividade (por maior maturação do pré-frontal), e sim irá 
ponderar sobre a atividade [grifos da autora] (p. 67). 
 
 
 Observando todo o exposto sobre a estrutura do cérebro humano, bem 
como a relevância dos estímulos recebidos para o seu pleno desenvolvimento, 
é importante termos consciência de que quanto mais estimulada a criança for, 
mais sinapses seu cérebro realizará, portanto, os estímulos recebidos desde os 
 
24 Psicologia e Aprendizagem 
primeiros momentos de vida, tem um papel fundamental em todo a vida do ser 
humano. 
Concluindo esse capítulo, sugiro a realização de pesquisas sobre os temas 
abordados visando um maior aprofundamento das questões apresentadas. A 
realização dos exercícios e atividades propostas, ao final deste, também servirá 
de subsídios para a ampliação do conhecimento sobre as temáticas expostas. 
 
 
 Recapitulando 
 
 Neste capítulo conversamos sobre as concepções de desenvolvimento e 
aprendizagem humana baseados nas teorias do desenvolvimento. O enfoque 
apresentado foi baseado nas teorias da área médica - principalmente da 
neurologia - pois precisamos conhecer o funcionamento do cérebro para 
entendermos como o organismo reage aos seus comandos e as consequências 
dessas reações no desenvolvimento do individuo em suas várias etapas. 
Tratamos, também, sobre a importância da atenção que deve ser dispensada a 
criança em seu primeiro ano de vida, principalmente em relação a sua 
maturação neurológica. Isto porque ela será a base para o desenvolvimento das 
capacidades motoras, cognitivas e sensoriais futuras do indivíduo em sua fase 
adulta. Concluímos tratando sobre a adaptação social da criança relacionada 
ao seu desenvolvimento neuromotor. 
 
 
Referências e Obras Consultadas 
 
DOMINGUES, Maria Aparecida. Desenvolvimento e aprendizagem: o que o 
cérebro tem a ver com isso? Canoas: Ed. ULBRA, 2007 
CAMPOS, Miriam P. BOECK, Ursula. Neuromotricidade na constituição e 
desenvolvimento humano. Canoas: Ed. ULBRA, 2011. 
 
25 Psicologia e Aprendizagem 
JUNQUEIRA, Luiz C.; CARNEIRO, José. Histologia Básica. 10.ed. Rio de Janeiro: 
Guanabara Koogan S.A., 2004 
LE BOULCH, Jean. O desenvolvimento Psicomotor. Porto Alegre: Artes 
Médicas, l982. 
LE BOULCH, Jean. Educação psicomotora: a psicomotricidade na idade 
escolar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1987. 
 
 
 Atividades 
 Atividades 
 Leia com atenção cada questão abaixo, analise se a afirmativa é 
verdadeira ou falsa e coloque entre parênteses V ou F, de acordo com o que foi 
estudado no capítulo. Nas linhas pontilhadas, em cada questão, faça um 
comentário justificando a sua resposta. 
1. ( ) O cérebro se estruturando ao longo da maturação do indivíduo, 
e seu maior desenvolvimento acontece com maior intensidade nos 
primeiros anos de vida. 
................................................................................................
................................................................................................
................................................................................................ 
 
2. ( ) O indivíduo não depende do funcionamento do cérebro para 
efetuar os movimentos simples ou mais complexos. Isso acontece 
como uma ação reflexa. 
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
............................................................................................................................................. 
3. ( ) Vários estudos, ao longo dos anos, resultaram na formação de 
uma espécie de escala em que o desenvolvimento neuronal é 
demonstrado por fases de maturação. 
 
26 Psicologia e Aprendizagem 
................................................................................................
................................................................................................
................................................................................................ 
4. ( ) Os neurônios exercem pouca importância para o sistema nervoso, 
eles só têm a função de receber e enviar mensagens de um ponto a 
outro de nosso cérebro, ou de uma parte a outra do nosso corpo. 
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
............................................................................................................................................. 
5. ( ) As relações familiares dão à criança as dimensões de segurança, 
pertencimento, troca, companheirismo, respeito e equilíbrio 
emocional primordiais para a maturação adequada do cérebro. 
................................................................................................
................................................................................................
................................................................................................
................................................................................................
....................................... 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27 Psicologia e Aprendizagem 
 
3. Abordagem inatista. Abordagem empirista. Abordagem 
cognitivista. Abordagem interacionista. 
 
Selma França e Silva da Costa3 
 
 
 
Introdução 
 
 
 
 
Em geral possuímos uma posição sobre o significado de desenvolvimento 
humano e aprendizagem humana. Conseguimos observar, prever e avaliar o 
comportamento dos outros, enquanto se desenvolvem em diferentes aspectos 
e aprendem a ser humanos. Nossa teoria sobre o desenvolvimento humano é 
originada de muitas experiências em nossa vida. Provavelmente a consultamos 
quando queremos entender, explicar e avaliar alguém ou uma situação. 
 
Nossa teoria do desenvolvimento humano é referendada por fatos e 
coisas de nossa vida. Ela é consultada quando queremos descrever, explicar, 
persuadir ou avaliar uma questão. Ela pode ser considerada a nossa ideia sobre 
o que já aprendemos, vivemos e podemos consultar no momento presente. 
 
Assim vamos construindo suposições sobre o aprendizado cotidiano e 
escolar, sobre formas de conviver, legislar e gerir políticas educacionais, 
econômicas e sociais. 
 
Teorias similares, ou rivais, sobre este tópico de estudo entrelaçam-se 
em diferentes modos de vida e em diferentes sistemas políticos e têm explicado 
muitos conflitos humanos ao longo da história. 
 
O capítulo se propõe a descrever e analisar diferentes formas de explicar 
a aprendizagem e como é demonstrada ao longo do desenvolvimento de forma 
essencial e conceitual, para auxiliar nas reflexões que acadêmicos em formação 
devem realizar em busca de esclarecimentos sobre o comportamento humano. 
 
 
 
 
 
3 Professora do Curso de Pedagogia e Tecnólogo de RecursosHumanos, na Graduação e Pós-
Graduação, Doutora em Psicologia, produtora de materiais acadêmicos para cursos na 
modalidade a distância, consultora empresarial sobre comportamento humano em ambientes de 
trabalho 
 
28 Psicologia e Aprendizagem 
 
 
3.1 Abordagem Inatista 
 
O termo tábula rasa é originado do Latim e diferentes teóricos atribuem 
o mesmo ao filósofo John Lucke (1632-1704), ao utilizar a ideia sobre a mente 
humana como um papel em branco ao nascer, desprovida de qualquer sentido. 
E com esta posição, começou a se perguntar: “Como ela pode ser preenchida?” 
“De onde vêm os subsídios que dão razão ao conhecimento?” A partir daí 
desenvolveu suas teses sobre a importância da experiência humana dando 
origem ao empirismo, corrente estudada adiante nesta obra. 
 
Observando-se os estudos de Filosofia e Educação nos últimos séculos, 
observa-se que a teoria da tábula rasa norteou intensos trabalhos da época nas 
ciências sociais e comportamentais. A partir deste paradigma, a Psicologia se 
empenhou em tentar explicar o pensamento, sentimento e comportamento com 
alguns mecanismos simples de aprendizagem. Nesse contexto, diferentes áreas 
de conhecimento tentaram explicar os costumes e aspetos sociais como o 
resultado das socializações das crianças por meio de um sistema de palavras, 
falas, linguagem, estereótipos e modelos de recompensa e punição. 
 
Assim, uma lista considerável de explicações sobre o que parecia ser 
natural ao modo de pensar humano (parentesco, emoções, doença, natureza, 
emoções, natureza, o mundo) passou então a ser vista como “inventada, ou 
“socialmente construída”. A tábula rasa também contribuiu de referência para 
crenças políticas e éticas, ou seja, toda diferença que vemos entre raças, 
grupos étnicos, sexos e indivíduos provém não de diferenças em sua 
constituição inata, mas de diferenças em suas experiências, visto por este 
ângulo, toda discriminação baseada em características ditas inatas de um sexo, 
ou grupo étnico é considerada irracional, em especial nos dias atuais, onde 
tantos conflitos humanos são testemunhados, no ocidente e oriente do planeta. 
 
Outra contribuição para a explicação desta posição refere-se ao filósofo 
e matemático René Descartes (1596-1650), que afirmava existir uma grande 
diferença entre corpo e mente, visto que o corpo é por natureza divisível e a 
mente inteiramente indivisível, isto é, seus estudos defendiam a fragmentação 
do corpo e mente, o que pode ter inspirado o aprofundamento das ciências de 
forma fragmentada, dando origem às especializações e estudos diferenciados 
entre teoria e prática. 
 
Alguns séculos depois, o filósofo Gilbert Ryle (1900-76) avançou na 
reflexão e concluiu que corpo e mente estão atrelados entre si, onde o corpo 
humano é tanto corpo como uma mente. O que reforçou a discussão e análise 
sobre o estudo do desenvolvimento e da aprendizagem na contemporaneidade 
de forma integrada e interdisciplinar. 
 
Contextualizando a discussão percebe-se a clara influência da Filosofia 
para as construções dos estudos realizados na Psicologia no decorrer dos últimos 
séculos, quando relacionamos a posição empirista (Aristóteles, Demócrito); e a 
posição racionalista (Sócrates e Platão) que concebia a alma na inteligência, 
 
29 Psicologia e Aprendizagem 
que conhece e dirige o homem em suas ações. Locke e Hume, teóricos ingleses 
dos séculos XVII e XVIII aprofundaram a teoria da tábula rasa, onde o conteúdo 
vazio da mente vai sendo preenchido por impressões ambientais decodificadas 
pelos órgãos dos sentidos. Paralelamente a esta posição, o francês Descartes 
diferenciou o homem dos demais animais, indicando que o homem é dotado de 
razão e dela surge o conhecimento. 
 
O termo Inatista-maturacionista, parte do princípio de que fatores 
hereditários ou de mutação são mais importantes para o desenvolvimento da 
criança. Onde a hereditariedade refere-se à herança genética que a criança 
recebe de seus pais e a mutação refere-se a um padrão de mudanças comum a 
todos os membros de determinada espécie. 
 
A contribuição da psicologia, por meio dos teóricos que defendem a 
posição inatista – maturacionista supõe que, aptidões individuais e inteligências 
herdadas dos pais quando a criança nasce. Estudos da época apresentaram nas 
primeiras investigações psicológicas sobre a natureza hereditária das aptidões 
e da inteligência, que pessoas com uma aptidão especial, normalmente tinham 
familiares com mesmo tipo de aptidão. Identificaram diferenças de aptidões 
entre homens e mulheres ou entre raças diferentes. 
 
Nessa linha surgiram estudos sobre as diferenças individuais, onde se 
desenvolveram os primeiros estudos psicológicos de avaliar a inteligência, como 
o francês Alfred Binet, que se interessou pela inteligência através de testes. 
Por meio desses testes, avaliava a inteligência pelas tarefas. Essa foi também 
uma necessidade experimentada por Gesell, preocupado em compreender a 
evolução da criança. 
 
Apesar das diferenças Binet e Gessell estabeleceram padrões de 
comportamento para avaliar a inteligência, ou o desenvolvimento da criança, 
os fatores biológicos pareciam ser para eles, os mais decisivos na determinação 
da inteligência e desenvolvimento, onde tais padrões de comportamentos são 
independentes de fatores externos, ou do contexto social em que a criança 
vive. Não importa o lugar e a época em que a criança viva. 
 
Esses estudos indicaram que, assim como o ritmo e o desenvolvimento 
são biologicamente determinados, certos comportamentos apareçam na mesma 
idade. A perspectiva inatista-maturacionista, indica que a aprendizagem 
depende do desenvolvimento. Ou seja, o que a criança é capaz ou não de 
aprender é determinado pelo seu nível de inteligência e experiências 
individuais de cada pessoa são desacreditadas. Assim, para os defensores da 
teoria do inatismo, todas as qualidades e capacidades básicas de conhecimento 
do ser humano já estariam presentes na pessoa desde o seu nascimento. Estas 
qualidades seriam transmitidas através da hereditariedade, em outras palavras, 
são características repassadas de pais para filhos por meio da herança genética. 
O pensamento inatista descarta a possibilidade de aperfeiçoamento do 
ser humano, sendo que este não teria capacidades de evoluir, ou possibilidades 
de mudanças após o seu nascimento. O indivíduo é visto como um ser estático, 
que desde a sua origem já possui personalidade, crenças, hábitos, valores e 
conduta social previamente definidos. Esta teoria abre espaço para ideologias 
 
30 Psicologia e Aprendizagem 
que defendem a hierarquização social, ou seja, quando determinado grupo de 
seres humanos, supostamente, seriam “naturalmente” mais inteligentes, ou 
aptos, que outros. Segundo o inatismo, a educação deveria servir apenas para 
despertar a “essência” existente dentro de cada indivíduo. Conforme esta 
posição, os professores seriam aconselhados a não interferirem muito no 
processo de aprendizado dos seus alunos. A partir daí o sucesso, ou fracasso, 
depende exclusivamente do aluno, pois se este não consegue absorver ou 
aprender determinado assunto ou ciência, a justificativa estava na falta da sua 
capacidade genética de aptidão ou desempenho para aquela matéria. O 
behaviorismo analisou estes fundamentos e, de forma diferenciada, descreveu 
formas de aprendizagem a partir do reforço e recompensas, conforme descrição 
deste tópico de estudo. Observa-se que o empirismo se caracteriza como 
ambientalista e racionalismo, como inatista. (PENNA, 1981; BRAUSNSTEIN, 
1976; WITTROCK, 1992; ZABALA, 1995). 
 
 
3.2 Abordagem Empirista 
O empirismo é um pensamento filosófico, que influenciou os estudos 
psicológicos e que tenta explicar o processo de aprendizagem dos seres 
humanos ao se caracterizar como ambientalista, ao explicar asimpressões que 
os órgãos dos sentidos traduzem a partir de interpretações ambientais. Teóricos 
desta abordagem, ao discordarem da posição inatista, acreditavam que as 
ideias dos indivíduos só são desenvolvidas a partir das experiências vividas por 
cada pessoa. 
A partir do século XIX, quando a ciência da Biologia ganhou notoriedade 
a partir da publicação de sua concepção sobre organismos vivos, essa ideia 
ganhou força sobre o pensamento humano. Um ilustre teórico reconhecido 
mundialmente tem o mérito desta posição teórica. Darwin afirmou, por meio 
de sua tese evolucionista da seleção natural, que havia relação e demonstração 
de continuidade na explicação do desenvolvimento entre homem e demais 
animais. Formas de nascer, crescer e se desenvolver foram reveladas como 
sendo compartilhadas, traduzindo a tendência do empirismo como 
associacionista, ao analisar e considerar que dados da vida mental são 
organizados por associação a partir de impressões sensoriais, usando como 
referência o estudo da matéria, que se organiza por associação de átomos. 
 
A perspectiva do evolucionismo darwiniano superou a discussão feita pelo 
racionalismo sobre o inatismo e sacramentou a posição empirista, ao descrever 
que atributos relacionados ao homem, também podem ser associados a outros 
seres vivos. Desde a inserção dessa posição, a crença sobre a exclusividade da 
razão do homem foi questionada e inúmeros estudos foram publicados nessa 
direção. Nesse sentido, a questão central para o empirismo, foi discutir que 
todo o conhecimento é criado a partir de uma experiência, através da captura 
dos sentidos. 
 
Dessa concepção nasceu a teoria ambientalista, que busca sua inspiração 
na filosofia empirista, ao pressupor que a experiência é a fonte de 
conhecimento. A teoria ambientalista, também chamada behaviorista ou 
comportamentalista, atribui exclusivamente ao ambiente a constituição das 
 
31 Psicologia e Aprendizagem 
características humanas, privilegiando a experiência como fonte de 
conhecimento e de formação de hábitos de comportamento; preocupa-se em 
explicar os comportamentos observáveis do educando, desprezando a análise 
de outros aspectos da conduta humana tais como: o raciocínio, o desejo, a 
imaginação, os sentimentos e a fantasia, entre outros. Defende a necessidade 
de medir, comparar, testar, experimentar e controlar o comportamento. 
Um dos exemplos concretos que auxilia na compreensão desta posição é 
o condicionamento do medo, que surge no decorrer da vida em situações 
concretas, ou imaginárias. O medo é considerado como uma das aprendizagens 
mais antigas e conhecidas e que pode ser comparado, de forma associada, ao 
sentimento similar também observado em outros animais. Isto poderia 
esclarecer questões sobre a aprendizagem construída a partir de estímulos 
ambientais, que são acionados por mecanismos complexos acionados pelos 
sentidos (GALLISTEL, 2000; LeDoux, 2002; PAPINI, 2002). 
 
3.3 Abordagem Cognitivista 
 
Ao se estudar a história da Psicologia, observa-se que o século XX foi 
considerado um marco no avanço das discussões sobre o desenvolvimento e a 
aprendizagem humana. Neste período surgiram pesquisas e publicações 
esclarecendo duas vertentes de estudo: o comportamentalismo, ou 
behaviorismo, e o cognitivismo, que discutia o processo de informação. 
 
De um lado estavam as explicações sobre formas mais simples de 
aprendizagem, aquelas observadas também em outras espécies, a partir de 
comportamentos explicados pelas leis do condicionamento, de outro estavam 
as manifestações mais complexas, especificamente humanas, que foram 
descritas com a amplitude cognitiva, e dependentes de processos mais 
complexos, como pensar, entender, compreender, explicar, aplicar e conhecer. 
 
A partir das décadas de oitenta e noventa, surgiram as publicações com 
fundamentos e resultados a partir da Psicologia da aprendizagem sob o enfoque 
de modelos e interpretações cognitivistas. Aos poucos os teóricos foram 
fazendo a crítica ao comportamentalismo, enfatizando a aprendizagem 
cognitivista e as explicações sobre expectativas e representações mentais, que 
os organismos apresentam em uma dada situação, ou ainda indicando uma 
associação cognitiva entre essas representações. (HUERTAS, 1992; VOSS, WILEY 
e CARRETERO, 1995; CARRETERO, 1997). 
 
Observam-se na atualidade estudos diversificados que esclarecem teorias 
de aprendizagem tanto humana, como aquelas relacionadas à aprendizagem 
animal, ou não humanas, com vasta descrição cognitiva. Os enfoques 
computacionais foram substituídos por uma série de conceitos e metáforas 
sobre a aprendizagem e os processos cognitivos relacionados às diferentes 
atividades realizadas pelas pessoas, como ler em smartfhones, participar de 
redes sociais e produzir conhecimento digital. 
Essa perspectiva de análise descreve processos de interação entre a 
pessoa e o ambiente, onde o foco não é mais internalista, sobre processos de 
aprendizagem ocorridos na mente, mas sim situacional, que se ocupa em 
descrever os fenômenos que expressam afazeres cotidianos, desdobrando-se, -
 
32 Psicologia e Aprendizagem 
ao contrário de dividir-, aspectos que explicam o que ocorre na mente, no 
corpo, na atividade e nos ambientes organizados culturalmente. Esta visão 
atualizada cria novos desafios de pesquisas sobre seres humanos, assim como 
outros animais, que ora se aproximam de seu convívio e demonstram, por sua 
vez, formas de aprendizagens articuladas, como podem ser observadas nos 
animais domésticos, atualmente muito presentes nas famílias em qualquer 
parte do mundo. 
 
Essa ideia que vem sendo discutida e transformada em novos processos 
teóricos, se ocupa em explicar que o conhecimento não pertence apenas a um 
indivíduo, porém pode ser observado entre aqueles que se encontram em um 
determinado contexto. Isso amplia as discussões sobre formas de pensar e 
aprender, a partir da concepção cognitivista e promove expectativas para novas 
teorias que poderão surgir sobre ambientes físicos, simbólicos, artificiais e 
virtuais, que já fazem parte da realidade existencial. 
 
Ao se ler sobre o tema, observa-se o panorama de pesquisas que 
avançaram desde a abordagem comum psicológica cognitivista baseada na 
analogia entre mente e computador, onde a mente era concebida como um 
sistema de processamento de informação, passando pelos estudos da psicologia 
cognitiva experimental através de estudos de laboratórios bem controlados 
sobre o comportamento humano, atingindo a neuropsicologia cognitiva, que 
analisou a organização modular do cérebro físico e da mente, entre pessoas 
normais ou com alguma síndrome cerebral. 
 
Atualmente, os estudos e publicações na área se desenvolvem a partir do 
enfoque da neurociência cognitiva, com inúmeras técnicas de estudo sobre o 
cérebro diante de variáveis espaciais e temporais. Ainda virão novos estudos a 
seguir, o mais interessante é que essas possibilidades de investigação sobre a 
cognição possam revelar questões ainda em discussão, como o que aprender, 
para que aprender e de que formas podemos aprender o que ainda nos é 
desconhecido. (LAVE, 1991; PINTRICH, 1994; PUTNAM E BORKO, 2000). 
 
 
3.4 Abordagem Interacionista 
 
A partir dos anos cinquenta, tanto no campo da Psicologia como na 
Educação, surgiram estudos que descreviam as variáveis e relações entre 
aspectos internos e externos, para explicar formas de aprender e desenvolver 
em novas teorias. 
 
Essa chamada visão sobre o psiquismo humano, vista de forma integrada 
e relacionada entre as condições de seu entorno ficou conhecida como 
“construtivismo”. Essa concepção, enquanto explicação psicológica, originou-
se dos estudos realizados inicialmente por Jean Piaget e seus colaboradores, 
que demonstraram vasta discussão sobre a psicologia, biologiae epistemologia 
 
33 Psicologia e Aprendizagem 
genética em busca de conclusões atualizadas sobre a “nova ciência da mente”. 
(COLL, 1997) 
 
A partir dos anos setenta, com a publicação de inúmeras pesquisas sobre 
o tema, este debate chega à Educação, por meio de seminários e congressos. A 
ideia que originou a aproximação da Psicologia com a Educação, provavelmente 
foi a de enfatizar a importância da atividade mental construtiva das pessoas no 
decorrer de processos de aquisição do conhecimento. Isto pode ser explicado 
pela alternância da aprendizagem tradicional para a aprendizagem digital, 
onde todas as áreas de conhecimento passaram por transformações, para que a 
humanidade iniciasse sua aprendizagem informacional, desde os primeiros 
computadores, até o surgimento dos smartphones, considerados hoje em dia 
como artefatos essenciais na vida cotidiana. 
 
E interessante ressaltar que a visão construtivista do psiquismo humano 
vem sendo compartilhada por inúmeras teorias do desenvolvimento, da 
aprendizagem e de outros procedimentos psicológicos, que são tópicos de 
estudo da Psicologia da Educação. O que se tem observado nas últimas décadas 
de estudo sobre o tema é que os teóricos estão estudando os princípios 
construtivistas, objetivando compreender e explicar melhor os processos de 
aprendizagem, escolares e não escolares. 
 
Advindas da concepção construtivista, as teorias interacionistas do 
desenvolvimento apoiam-se na ideia de interação entre o organismo e o meio. 
A aquisição do conhecimento é entendida como um processo de construção 
contínua do ser humano em sua relação com o meio. Organismo e meio exercem 
ação recíproca. Novas construções dependem das relações que estabelecem 
com o ambiente numa dada situação. 
 Nessa concepção, o ser humano, ao longo de sua vida, do nascimento 
até sua conclusão é concebido como um ser dinâmico, que a todo momento 
interage com a realidade, operando ativamente com objetos e pessoas. Essa 
interação com o ambiente faz com que construa estruturas mentais e adquira 
maneiras de fazê-las funcionar. 
 
O eixo central, portanto, é a interação organismo-meio e essa interação 
acontece através de dois processos simultâneos: a organização interna e a 
adaptação ao meio, funções exercidas pelo organismo ao longo da vida. A 
compreensão dessa interdependência entre o sujeito e o universo que lhe 
 
34 Psicologia e Aprendizagem 
rodeia é o foco de interesse dessa corrente teórica, que pode ser vista em 
diferentes áreas de conhecimento, para explicar e discorrer sobre processos de 
aprendizagens no âmbito clínico, educacional, social, organizacional e até 
internacional, ao se propor a explicar o que tem mudado no mundo, com as 
imigrações e acolhimentos aos estrangeiros, que são obrigados a deixar seus 
países de origem, fugindo de guerras em busca de segurança e da construção 
de novas formas de vida, com dignidade e desejo de reconhecimento humano. 
(GAZZANIGA et al, 2006; CARBONELL, E. SALA, R., 2012). 
 
3.5 Considerações em construções 
 
Apresentamos elementos considerados fundamentais para o estudo sobre 
a cognição, que explica o processo de aquisição de aprendizagem e que propõe 
ideias sobre distintos aspectos de se compreender o desenvolvimento humano. 
Tais evidencias podem contribuir concretamente na formação de novas 
gerações de profissionais em diferentes áreas de atuação, ou porque sugerem 
que o que foi concebido até aqui, ainda está em processo de reflexão e em 
plena transformação, conforme as necessidades e urgências apresentadas na 
vida contemporânea. 
 
Ficam as questões para o debate dos novos profissionais: “A cognição 
humana está explicada? Ela baseia-se em regras evidenciadas? Que processos 
estão envolvidos na alfabetização digital? O que ainda poderá ser aprendido 
para que novas formas de comunicação humana sejam mediatizadas por 
sistemas informacionais? Chips poderão ser implantados nos cérebros, para que 
a humanidade supere a síndrome de Babel, a torre que acolheu homens que não 
se entendiam e por isso nunca foi concluída enquanto construção coletiva, que 
afastou as diferentes culturas, por meio da língua falada e escrita, e para que 
todos consigam dominar e compreender todas as línguas estrangeiras, com a 
alternância de pensamento, intencionalidade de fala e de escrita? 
 
Percebe-se a esta altura que a proposição construtivista, diferente de 
suas antecessoras, aceita um enfoque mais holista, organicista e situacional, 
por vincular a aprendizagem ao significado que o organismo atribui aos 
ambientes que tem diante de si, conjugando processos cognitivos e conceituais, 
que auxiliam na interpretação de seu meio ambiente. 
 
Nesse enfoque o sujeito, objeto e meio interagem e se constroem 
conjuntamente, fazendo com que a representação da pessoa sobre o mundo em 
que vive, seja uma construção pessoal, onde cada pessoa, por sua vez, realiza 
sua construção em busca de compreensão sobre o que lhe cerca e sobre o que 
ainda sente necessidade de aprender. 
 
Encerro este capítulo sobre os enfoques descritos de forma didática e 
introdutória ao estudo dos tópicos, com três considerações: a primeira, é que 
o estudo histórico do tema, envolve dedicação, leitura e retomada das ideias 
embrionárias propostas pelos teóricos de cada época. Isso faz com que o 
 
35 Psicologia e Aprendizagem 
pesquisador faça uma profunda reflexão sobre o início de cada etapa e das 
superações realizadas, por cada nova proposta investigativa surgida ao longo 
das últimas cinco décadas, de forma mais pontual. 
 
A segunda é que considero que a diversidade de estudos e achados sobre 
o tema, apresentados por diferentes teóricos e suas realidades de pesquisa 
refletem a distinção e a encruzilhada de cada aspecto teórico, onde se encontra 
a psicologia enquanto ciência, que agrega suas considerações à ciência da 
educação institucionalizada, que se apropria e articula os dados consagrados, 
para explicar as dificuldades que enfrenta ao acompanhar, observar e avaliar 
seres humanos em sua caminhada para a aquisição de conhecimentos, da 
educação infantil aos estudos de pós-graduação. 
 
A terceira, e última, está minha preocupação em registrar que a 
psicologia da educação, ao receber este referencial, deve se manter 
comprometida com o desenvolvimento do conhecimento, relacionando-o de 
forma atualizada às ocorrências, que emergem em uma sociedade em processo 
de constante transformação. Assim, poderá ser reconhecida como diretamente 
comprometida com os anseios de uma humanidade, que necessita assumir o 
rumo de sua trajetória, observando e valorizando o que já sabe, mas -acima de 
tudo- demonstrando a clareza de sempre estar apta a aprender, a abstrair e 
construir novas questões para respostas já conhecidas até aqui. 
 
A obtenção desses conhecimentos poderá revelar uma geração de 
profissionais mais comprometidos com a melhoria e transformação da educação 
e, por meio dela, auxiliar na qualidade de convívio entre as pessoas, para a 
busca da revitalização de compromissos morais e humanizados, como tanto 
anseia o conjunto das ciências sociais. 
 
 
 Recapitulando 
O capítulo descreveu e analisou diferentes formas de explicar a 
aprendizagem e como estas proposições teóricas estão atreladas à teoria do 
desenvolvimento humano de forma essencial e conceitual, para auxiliar nas 
reflexões que acadêmicos em formação devem realizar em busca de 
esclarecimentos sobre o comportamento humano. 
 Para tanto, apresentou as diferentes ideias que dão suporte ao estudo 
por meio de uma breve análise histórica de abordagens: Abordagem inatista. 
Abordagem empirista. Abordagem cognitivista. Abordagem interacionista. 
Para que serve tal tópico de estudo? Provavelmente

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