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BRASIL REPUBLICANO

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BRASIL REPUBLICANO
→ A CRISE DA MONARQUIA E A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA:
• Introdução:
Só o Exército, afirmou Deodoro, sabia sacrificar-se pela pátria e, no entanto, maltrataram-no os homens políticos que até então haviam dirigido o país. Aludiu aos seus serviços no campo de batalha, rememorando que pela pátria estivera três dias e três noites combatendo em campos paraguaios no meio do lodaçal, sacrifício que eu não poderia avaliar (Visconde de Ouro Preto, 1891 , p. 167)
Com essas palavras, Afonso Celso de Assis Figueiredo, o Visconde de Ouro Preto, foi o último chefe de governo da história da monarquia brasileira. Foi exatamente o governo chefiado por Ouro Preto o alvo original do movimento militar liderado por Deodoro da Fonseca. 
• Guerra do Paraguai:
Há, no testemunho do Visconde de Ouro Preto, um elemento central para a compreensão da insatisfação existente entre segmentos do oficialato do Exército nesse período. 
De acordo com o historiador Rodrigo Perez Oliveira, a ação golpista dos militares foi motivada pela insatisfação em não ver reconhecidos, por parte do governo e da elite civil, os méritos do Exército durante a Guerra do Paraguai (1864-1870). 
O autor afirma que, ao longo da década de 1880, os segmentos do Exército responsáveis pelo discurso oficial da corporação mobilizaram a memória da Guerra do Paraguai em razão de um projeto de fortalecimento institucional e político.
Guerra do Paraguai foi o maior conflito armado internacional ocorrido na América do Sul. Ela foi travada entre o Paraguai e a Tríplice Aliança, composta por Brasil, Argentina e Uruguai. A guerra estendeu-se de dezembro de 1864 a março de 1870. É também chamada Guerra da Tríplice Aliança, na Argentina e Uruguai, e de Guerra Grande, no Paraguai.
O Brasil, Argentina e Uruguai, aliados, derrotaram o Paraguai após mais de cinco anos de lutas.
A derrota marcou uma reviravolta decisiva na história do Paraguai, tornando-o um dos países mais atrasados da América do Sul, devido ao seu decréscimo populacional, ocupação militar por quase dez anos, pagamento de pesada indenização de guerra, no caso do Brasil até a Segunda Guerra Mundial, e perda de praticamente 40% de seu território para o Brasil e Argentina. 
Após a Guerra, por décadas, o Paraguai manteve-se sob a hegemonia brasileira.
• Trabalhando com a documentação de época:
Vejamos mais sobre a Revista do Exército Brasileiro:
A Revista do Exército Brasileiro abrangerá a organização e a administração militares dos Exércitos estrangeiros para que possamos ter bons exemplos para nossos esforços de reestruturação institucional; a tática e estratégia de guerra, informando seus resultados e progressos, analisando-os nos fatos contemporâneos e acompanhando as campanhas que por acaso venham a ocorrer (Revista do Exército Brasileiro, 1882, p. 7).
Fica claro nas páginas da revista o interesse dos comandantes do Exército brasileiro em fortalecer a corporação tanto no plano institucional quanto no político.
É necessário situar a Revista do Exército Brasileiro no contexto da “questão militar”. 
O que estava em jogo na “questão militar” era o lugar político do homem da caserna. Para os dirigentes civis, o militar deveria ser um profissional especializado na arte da guerra e obediente às ordens do Estado. Já para alguns setores do oficialato, sobretudo aqueles mais identificados com o positivismo, o soldado era um cidadão fardado e, por isso, também tinha direito à voz política.
A tensão entre os princípios do “soldado profissional” e do “soldado cidadão” foi característica da monarquia brasileira e se acentuou após 1870, quando parte do Exército se sentiu desprestigiada pelas tentativas do governo em desmobilizar os efetivos da corporação.
• Os episódios mais importantes da “questão militar”:
A província do Piauí foi o palco do primeiro episódio da crise política que mais tarde seria chamada de “questão militar”.
Em 1885, o Coronel Cunha Matos, um dos principais veteranos da Guerra do Paraguai e integrante do Partido Liberal, fez uma viagem de inspeção à província do Piauí e atestou a existência de várias irregularidades. 
Cunha Matos atribuiu essas falhas ao comandante da Companhia de Infantaria dessa província, que, por sua vez, era ligado ao Partido Conservador. Não tardou para que esse acontecimento fosse tragado pela polarização partidária tão característica do sistema político monárquico.
Em 1886, um deputado piauiense, aliado do capitão advertido por Cunha Matos, atacou-o em discurso na Câmara dos Deputados local. O parlamentar acusou Cunha Matos de ter contribuído com o Exército paraguaio durante o tempo em que fora prisioneiro de Solano López. 
Cunha Matos retrucou as acusações por meio de um artigo publicado na imprensa. 
O ministro da Guerra, deputado Alfredo Chaves, censurou o coronel alegando que a legislação em vigor desde 1859 determinava que os oficiais do Exército eram proibidos de discutir questões políticas ou militares na imprensa sem o consentimento prévio do ministro e o mandou prender por dois dias (Castro, 1995).
Em agosto de 1885, durante investigações em um quartel da Província do Piauí, o Coronel Cunha Matos descobriu que o comandante era corrupto. Denunciado o fato, Cunha Matos que pertencia ao Partido Liberal, pediu o afastamento daquele oficial, do Partido Conservador. 
Por essas razões, Cunha Matos foi violentamente criticado no plenário da Câmara dos Deputados e na imprensa, pelo então Deputado Simplício Rezende, do Partido Conservador, que acusou Cunha Matos de conduta covarde durante a Guerra da Tríplice Aliança.
A veemente defesa do Coronel também foi através da imprensa. Como era proibido, Cunha Matos foi punido com dois dias de detenção. Enquanto isso, no Rio Grande do Sul, Sena Madureira também se manifestou, através do periódico republicano A Federação, à época redigida por Júlio de Castilhos, conhecido por suas ideias republicanas.
Júlio de Castilhos, ainda na direção do jornal A Federação, em setembro de 1886, escreveu um artigo intitulado Arbítrio e Inépcia, que denunciava o modo pelo qual a Coroa vinha tratando os militares, sustentando que o Exército Brasileiro era a única instituição que ainda se mantinha impoluta, num ambiente nacional de ruínas.
Nós soldados ― homens de brio, de coragem ― pelejamos pela pátria nos campos paraguaios e temos que nos curvar ao desmando de generais improvisados, que nunca sentiram o cheiro de pólvora e que perpassam rápida e obscuramente pelas altas regiões do poder (Apud Oliveira, 2013, p. 34).
Assim como identificamos anteriormente no testemunho do Visconde de Ouro Preto, há, nos ataques de Sena Madureira aos políticos civis, a definição de uma “vocação messiânica” para o Exército, o que foi usado pelos militares descontentes para reivindicar uma melhor posição institucional para a corporação. 
Para Sena Madureira, um civil não era legítimo para ocupar o mais alto cargo da administração militar; um “casaca” não sabia o que era pôr em risco a própria vida pela pátria.
• A ação militar que se transformou em golpe republicano:
A essa altura, a retórica messiânica fundamentada na memória da Guerra do Paraguai já se tornara a base discursiva da ação política dos oficiais do Exército que eram opositores ao regime monárquico. A publicação do protesto de Sena Madureira no jornal republicano A Federação não pôs fim à questão militar.
 No dia 2 de setembro, Visconde da Gávea enviou ao Marechal Deodoro da Fonseca uma carta na qual perguntava se ele havia concedido permissão para Sena Madureira publicar seu protesto. 
Deodoro respondeu que não e que dedicaria atenção ao assunto.
Dias depois, Deodoro enviou um ofício ao ministro da Guerra informando que a legislação em vigor se referia apenas à discussão pública entre militares e que Sena Madureira não havia cometido nenhum ato digno de represália. 
O ministro Alfredo Chaves desconsiderou a avaliação de Deodoro e mandou punir Sena Madureira com uma repreensão. 
Essa foi a primeira grande indisposição entre Deodoro da Fonseca,um dos principais líderes militares da época, e a administração imperial. 
Foi a partir desse momento que os acontecimentos começaram a se configurar, cada vez mais, como uma “questão militar”.
Os políticos civis ligados ao Partido Republicano, fundado em 1870, não tardaram a ver na “questão militar” uma oportunidade para indispor ainda mais o Exército com a monarquia.
 Júlio de Castilhos aproveitou as discussões públicas entre Sena Madureira e o ministro da Guerra para publicar, em 23 de setembro, o artigo “Arbítrio e inépcia”, que reforçava a retórica messiânica já articulada pelos oficiais do Exército. 
Castilhos alegava que o governo imperial estava ofendendo “aquele que lhe salvou de grandes apuros nos campos”.
A onda de protestos chegou à Escola Militar da Praia Vermelha, localizada no Rio de Janeiro. No dia 1o de outubro, a mocidade militar manifestou solidariedade a Sena Madureira e afirmou sua disposição para assumir, juntamente com o tenente-coronel, as responsabilidades que poderiam resultar da rebeldia contra o governo. 
Os promotores do movimento foram presos a mando do comandante da Escola Militar, o General Severiano da Fonseca, irmão de Deodoro. Diante da atmosfera de conflitos, o Barão de Cotegipe solicitou a Deodoro que acalmasse os ânimos dos jovens alunos. 
Na resposta, é possível perceber a disposição do marechal em assumir o papel de representante dos protestos da classe militar. 
A partir de então, a situação se tornaria ainda mais tensa. Deodoro, que ainda não era identificado com a República, tornou-se uma importante liderança militar nos conflitos com o governo.
• Uma crise estrutural e profunda:
Não era apenas com a rebeldia dos militares que os dirigentes da monarquia tinham que se preocupar. 
O próprio sistema parecia estar doente; desde meados do século XIX, algumas mudanças estruturais tornaram o centralismo monárquico inadequado para a nova realidade nacional. 
O trabalho de Emília Viotti da Costa (2007) consiste em uma das principais propostas analíticas já desenvolvidas acerca da proclamação da República.
Dialogando com a tradição interpretativa inaugurada por Caio Prado Jr., a autora propõe-se investigar a proclamação da República com base no descompasso, cada vez maior ao longo da segunda metade do século XIX, entre a estrutura econômica e a estrutura política da monarquia brasileira. 
Emília indica que o progresso econômico observado a partir de 1850 acarretou o desenvolvimento de um profundo desequilíbrio entre o poder econômico e o poder político.
Concebida em 1822, a monarquia, segundo a autora, teria parecido pouco satisfatória aos setores economicamente mais dinâmicos, que começaram a se desenvolver na década de 1850. Emília acredita que as novas elites urbanas não se sentiam representadas, e os fazendeiros das áreas cafeeiras mais novas, que produziam boa parte das riquezas do Brasil, sentiam-se entravados pela estrutura política do regime monárquico.
 A autora assevera que os principais quadros do Partido Republicano foram recrutados entre os grupos emergentes na sociedade e na economia brasileiras. 
A tese de Emília Viotti da Costa é que a República foi o resultado do distanciamento ― cada vez maior, à medida que o século XIX se aproximava de seu fim ― entre a estrutura política da monarquia e os grupos sociais detentores do potencial econômico.
• Conflitos entre oficiais do Exército e políticos civis:
No dia 9 de novembro de 1889, realizou-se uma inflamada reunião na sede do Clube Militar. A mocidade militar, formada pelos alunos da Escola Militar da Praia Vermelha, e seu líder, o General Benjamin Constant, professor de matemática da referida instituição, estavam em pé de guerra (Castro, 1995). 
Os anos anteriores haviam sido marcados por sucessivos conflitos entre oficiais do Exército e políticos civis (Costa, 1996). A corporação estava dividida quanto à sua fidelidade em relação ao Imperador D. Pedro II. 
Oficiais, como Benjamin Constant, Sólon, Sebastião Bandeira e Mena Barreto defendiam a solução republicana para a crise da monarquia. Por outro lado, oficiais mais veteranos, como Deodoro da Fonseca, relutavam em trair o velho imperador.
Em relação à posição do Marechal Floriano Peixoto, um dos principais quadros do oficialato do Exército na época, é impossível dar uma resposta definitiva. Ao mesmo tempo que era a principal liderança militar do gabinete Ouro Preto, ocupando o cargo de ajudante general, Floriano Peixoto parecia endossar a conspiração que estava sendo tramada nos bastidores do Clube Militar (Castro, 1995).
Grande parte dos oficiais que se formaram no fim do Império e na primeira década da República era proveniente da Escola Militar da Praia Vermelha que evoluiu da Academia Militar de 1810, que se bipartiu em 1858, para separar a parte da Engenharia Civil de ensino propriamente militar. O ensino da Engenharia Civil ficou a cargo da Escola Central, transformada em Escola Politécnica em 1874, sob a jurisdição do Ministério do Império e o ensino militar permaneceu na Escola Militar.
A separação foi mais formal do que real, porque a Escola Militar, onde lecionou Benjamim Constant, continuou a ter estudos de matemática, filosofia e letras, sob influência do positivismo, mais do que de disciplinas militares.
A Escola da Praia Vermelha formava o soldado-cidadão voltado para o povo e que se preocupava com a formação política nacional, por isto foi responsável por promover as grandes agitações populares ocorridas no Rio de Janeiro nesta época, o soldado de então assumia o papel de cidadão e queria participar da vida política do país.
• Conflitos entre oficiais do Exército e políticos civis:
Os militares golpistas sabiam da necessidade do apoio de Deodoro para o sucesso do movimento. Após a morte dos principais líderes militares do século XIX, Deodoro da Fonseca se torna um dos oficiais mais estimados de todo o Exército. A adesão da corporação dependia necessariamente de seu apoio ao movimento republicano. 
Foi por isso que Benjamin Constant lhe fez uma visita em 10 de novembro.
O professor foi informar ao velho e enfermo general como havia sido a sessão do dia anterior no Clube Militar. 
Consta que Benjamin falou sobre a necessidade de o Exército e ele, Deodoro, na condição de principal líder da corporação, conduzirem a revolução republicana. 
Deodoro teria interpelado: “E ele, o velho? Como fica?” Benjamin teria dito que o imperador seria tratado com dignidade e seria garantida a integridade física de toda a família real (Gazeta de Notícias, 17 de setembro de 1890).
Benjamin pediu a Deodoro que refletisse bem e utilizasse a astúcia de “velho soldado” para tomar a decisão mais adequada. 
O líder positivista afirmava que a República não poderia mais ser adiada e era importante “fazê-la de forma serena para evitar derramamento de sangue”. 
Segundo José Bevilacqua , Benjamin se retirou do quarto e foi “papear” com a mulher de Deodoro na cozinha. Ao retornar, teria encontrado o marechal “em posição taciturna e meditativa”. 
Após muito pensar, Deodoro teria dito: “Benjamin, já que não há outro remédio, leve a breca a Monarquia; nada há mais que esperar dela, venha a República” (apud Castro, 1995, p. 184) .
No dia seguinte, Benjamin Constant e Sebastião Bandeira organizaram um encontro de Deodoro com líderes civis do Partido Republicano, como Quintino Bocaiúva, Aristides Lobo, Rui Barbosa e Francisco Glicério.  
• Pactos de sangue:
Em um primeiro momento do encontro, Deodoro não simpatizou com a possibilidade de aproximação com os políticos civis. Entretanto, o marechal foi persuadido por Benjamin Constant da necessidade de dar ao movimento um caráter mais amplo que o de uma revolta puramente militar (Castro, 1995). 
Ainda nessa noite, foi assinado o primeiro dos “pactos de sangue” a Benjamin Constant, que já começara a traçar a estratégia militar para o desfecho do golpe.
O líder militar organizou a tomada do Arsenal de Guerra, de Marinha, Alfândega, Tesouro Nacional, Estação Central dos Telégrafos,da Estrada de Ferro D. Pedro II, dos telefones, das fábricas da pólvora da Estrela e Conceição, das Escolas de Tiro de Realengo e Campinho (Castro, 1995, p. 185). 
Pela quantidade de pontos estratégicos visados, percebe-se que os golpistas esperavam resistência armada.
• Golpe militar republicano:
Floriano Peixoto é o personagem mais ambíguo do cenário do golpe militar republicano. Tanto os golpistas quanto o governo contavam com ele na hora do combate. No dia 14, Floriano enviou uma carta a Ouro Preto informando-o de que algo “mui grave estava para acontecer”. 
O chefe do gabinete ordenou a convocação de Deodoro e solicitou ao ministro da Justiça que a Polícia e a Guarda Nacional fossem postas em prontidão. Sólon espalhou o boato de que Deodoro seria preso, fato que precipitou os acontecimentos.
Lado dos golpistas:
Do lado dos golpistas, a preparação da tropa se deu sem a presença de Deodoro e de Benjamin Constant. 
Ainda na madrugada do dia 15, um grupo de estudantes da Escola Militar da Praia Vermelha foi buscar Benjamin em casa para que ele comandasse as tropas no deslocamento em direção à sede do Ministério da Guerra. 
Deodoro estava ausente e sua adesão ao movimento ainda era uma incógnita. Em virtude de seu estado de saúde, considerava-se improvável a participação ativa do marechal no golpe. Para a surpresa de todos, assim que soube da movimentação, Deodoro foi ao encontro das tropas, passando a comandá-las no Campo de Santana, localizado na região central da cidade do Rio de Janeiro.
Lado do Governo:
Do lado do governo, Ouro Preto tentava desesperadamente organizar a resistência. As forças legalistas que foram reunidas no pátio do Ministério da Guerra eram mais estruturadas e numerosas que as forças golpistas. 
Entretanto, não havia disposição para o combate, apesar dos numerosos apelos do ministro chefe do gabinete. Apenas o Barão de Ladário, ministro da Marinha, agiu em defesa da monarquia, o que, obviamente, não foi suficiente para salvá-la.
• Convencendo Deodoro a proclamar a República:
Somente a notícia de que o Imperador pretendia convidar Silveira Martins para organizar o novo gabinete teria convencido, definitivamente, Deodoro à proclamar a República (Costa, 1996).
O aspecto mais importante para os meus objetivos de pesquisa nesse capítulo é o argumento mobilizado por Deodoro para legitimar a intervenção militar.
A memória da Guerra do Paraguai foi acionada para fundamentar a “vocação messiânica” do exército para salvar a Pátria.
→ A República das espada: Consolidação da República primeira...
• História republicana:
Apesar de o adesismo  ter sido o fenômeno recorrente nessa fase inicial da nossa história republicana, não podemos esquecer que algumas importantes lideranças intelectuais e políticas se manifestaram contra os governos militares, sofrendo, por isso, a violenta repressão que caracterizou a atuação política desses militares.  
A análise apresentada nessa aula pretende evitar o tratamento do Exército como o detentor absoluto do poder ou como uma instituição manipulada pelas elites civis. Ambas as abordagens simplificam a complexidade das alianças políticas construídas no período.
É inegável que os militares controlavam o Estado e conduziam os rumos da administração do Brasil. Porém, não há como negar que, mesmo estando desalojadas do poder executivo, as oligarquias cafeicultoras, particularmente a paulista, também exerceram grande influência nas políticas públicas e nas estratégias mobilizadas para a consolidação do regime republicano.
Nesse sentido, podemos dizer que a principal característica da República das Espadas foi a aliança entre as elites civis mais poderosas do Brasil e o Exército. Contudo, enquanto existiu, essa aliança foi frágil e conflituosa, o que ficou claro no momento em que Floriano Peixoto entregou o poder ao primeiro Presidente civil da República brasileira, o paulista Prudente de Morais. A partir de então, e até o começo do século XX, os militares florianistas não mais serias aliados dos civis, seriam, ao contrário, os seus principais inimigos, como veremos.
- O Exército, após a Guerra do Paraguai, se fortaleceu e ganhou prestígio, passando a reivindicar privilégios e participação política. O que foi negado por Dom Pedro II.
- O abalo na relação da Igreja e o Estado Monárquico, diante de questões como o regime do beneplácito, que se mantiveram vigentes, contrariando ornamento imposto aos clérigos através da bula papal “Syllabus”, emitida pelo Papa Pio IX>
- Os barões do café, elite da época, se sentiram prejudicados pela monarquia quando da assinatura da ‘Lei áurea’ e também se voltaram contra o regime monárquico.
• Analisando a documentação de época:
Eduardo Prado foi um escritor e polemista paulista que se destacou na oposição aos primeiros governos republicanos.
Em 30 de agosto de 1894, Eduardo Prado deu uma entrevista ao “Jornal do Comércio”, um importante periódico português sobre a situação política no Brasil.
De acordo com Eduardo:
“A truculência dos militares que hoje governam o Brasil contaminou a mocidade da escola militar com seu jacobinismo rubro. É correto que o governo queira empregar a mocidade para efetuar prisões políticas mandando depois os alunos militares ser carcereiros dos deportados, cumprimentando que mais hábeis  ferozes se mostram como verdugos e fuziladores? Pois Floriano pela distribuição de dinheiros e de postos entre jovens conseguiu isso. 
A mocidade em toda parte é clemente generosa: no Brasil, graças a Floriano os verdugos são mancebos, às vezes imberbes. Benjamin Constant corrompeu a inteligência da mocidade ensinando-lhe a doutrina endeusadora da tirania, que se chama positivismo: Floriano, rematou a corrupção transformando em agentes de suas crueldades os alunos da Escola Militar. 
 (JORNAL DO COMÉRCIO, 30 de agosto de 1894)
• O golpe militar republicano:
O golpe militar republicano aconteceu quando era realizada nos EUA a I Conferência Internacional Americana, evento organizado pelo governo norte-americano visando aumentar os contatos com o restante do continente, enfraquecendo assim a influência europeia.
Imediatamente, o recém-empossado governo chefiado pelo Marechal Deodoro da Fonseca substituiu o representante brasileiro enviado ao congresso pelo governo monárquico por Salvador Mendonça, um republicano histórico que deu o pontapé inicial na nova política externa brasileira, muito mais americanista do que aquela desenvolvida ao longo do século XIX.
• No calor dos acontecimentos:
Uma das principais características do primeiro ano da República foi a intensidade dos negócios e da especulação financeira, tendo como consequência as vultosas emissões de dinheiro e a facilidade do crédito.
Várias empresas nasceram da noite para o dia, algumas eram fantasmas, e o resultado foi a elevação da inflação a índices superiores a 134% ao dia.
No início de 1891, a crise de manifestou de forma mais clara com a derrubada nos preços das ações, a falência dos estabelecimentos bancários e de empresas. 
O valor da moeda brasileira, que era mensurado a partir do valor da libra inglesa, despencou.
Esses foram os resultados do “Encilhamento” ― política econômica desenvolvida por Rui Barbosa (1849-1923), na época o Ministro da Economia do governo provisório de Deodoro da Fonseca.
O objetivo de Rui Barbosa com o “Encilhamento” era fomentar a atividade industrial no Brasil, fazendo com que o país não dependesse tanto das atividades agrícolas.
Enquanto o governo provisório do Marechal Deodoro da Fonseca dava seus primeiros tropeços no planejamento econômico, os primeiros representantes eleitos sob a égide da República, reunidos em Assembleia Constituinte entre novembro de 1890 e fevereiro de 1891, redigiam a nova constituição brasileira, que deveria substituir a carta monárquica de 1824.
Orientados por Rui Barbosa e tomando como modelo a constituição dos EUA, as novas leis introduziram importantes mudanças no sistema político do país, até então caracterizado pela centralizaçãomonárquica.
- Entrevista concedida por Ruy Barbosa para a revista Veja da época:
Na hora do Perigo
O novo ministro da Fazenda explica por que aderiu à República e anuncia suas metas para a economia 
O movimento da sexta-feira passada, dia 15, que culminou na derrocada do sistema monárquico. Pegou de surpresa o advogado, jornalista e ex-parlamentar baiano Rui Barbosa de Oliveira. Na manhã daquele dia, o redator-chefe do Diário de Notícias encontrava-se em sua casa, no Flamengo, escrevendo mais um de seus copiosos artigos de estilo inconfundível, quando lhe telefonaram do jornal para avisar que tropas ocupavam o Campo da Aclamação e o então ministro da Marinha, almirante José da Costa Azevedo, barão de Ladário, havia sido ferido. Depois da tomada do Quartel-General do Exército, Rui esteve na casa de Benjamin Constant, que havia participado do movimento armado. A filha de Constant. Bernardina, de 15 anos, conta que o advogado esperou que seu pai, suado e cansado, tomasse banho. e juntos saíram rumo à casa do marechal Deodoro da Fonseca. À noite, ambos retornaram à casa de Benjamin Constant, acompanhados pelo jornalista carioca Quintino Bocaiúva, e trabalharam até tarde. No dia seguinte, Rui Barbosa foi nomeado ministro da Fazenda do governo provisório.
Nomeação estranha mas, paradoxalmente, previsível. Estranha porque o tribuno baiano é o primeiro a admitir que só se tornou republicano poucos dias antes da proclamação. E mais esquisita ainda porque Rui poderia ter sido ministro no regime imperial. integrando o recém-deposto gabinete do visconde de Ouro Preto. Em junho, o conselheiro Manuel Pinto de Sousa Dantas, amigo do novo ministro da Fazenda desde os tempos de juventude na Bahia, escreveu a Rui Barbosa: "Indiquei teu nome, que o Ouro Preto recebeu alegremente e o imperador recebeu de braços abertos. Estás ministro, a não ser que finques pé em não querer". O jornalista fincou pé, e aí se vislumbra por que sua nomeação para o ministério republicano em previsível. Afinal, nos últimos meses, a pena de Rui Barbosa vinha vergastando o governo imperial com uma virulência de republicano exaltado. Tanto que no artigo que escrevia no dia 15, e não terminou, se alinhava sem hesitações junto aos oficiais do Exército e contra o governo a propósito da momentosa "questão militar". Privadamente, ele já avisara ao conselheiro Dantas: "Da República só disto uma linha". Casado há treze anos com Maria Augusta e pai de três meninas, Rui é um trabalhador incansável, um estudioso que conhece vários idiomas e está familiarizado com as mais recentes teorias econômicas e sociais européias. Já foi deputado, mas não é muito bom de voto: participou de seis eleições e perdeu quatro, inclusive nas últimas, em agosto passado. Apesar de baixinho (1,58 metro), Rui Barbosa impressiona quando ocupa uma tribuna -- tem rompantes que lembram uma águia. A seguir, o novo ministro da Fazenda explica por que se tornou republicano e preconiza a contenção de verbas para sanear as finanças da República.
VEJA - Quando, exatamente, o senhor deixou de ser monarquista para aderir à causa republicana?
Rui Barbosa - Fiz-me republicano nos últimos três ou quatro dias da monarquia, quando a sua situação me fazia portador da responsabilidade que eu, pela agitação na imprensa, havia assumido. Fui republicano para não correr de uma situação na qual havia tomado parte, pela energia com que, pelas colunas de um jornal, o Diário de Notícias, combatia um regime decaído.
VEJA - Essa adesão ao credo republicano às vésperas da proclamação não pode lhe valer a acusação de oportunismo? 
Rui Barbosa - Não tenho a honra de pertencer aos republicanos históricos. Sou dos republicanos da hora, mas da hora em que houve perigo. E no perigo estava eu, com minha vida, com minha cabeça.
VEJA - Antes de apoiar o movimento republicano, que tipo de monarquista o senhor era? 
Rui Barbosa - Era o que na Inglaterra se chama de "oposição de Sua Majestade": uma oposição constitucional que, em matéria de reformas, não ultrapassava a raia traçada pela sanção do próprio imperador. Sinceramente monarquista era eu, a esse tempo. Bati-me contra a monarquia sem deixar de ser monarquista. Não por admitir preexcelências formais desse ao outro sistema de governo - visível preconceito apenas digno de fanáticos, ignorantes ou tolos -, mas porque a monarquia parlamentar, lealmente observada, encerra em si todas as virtudes preconizadas, sem o grande mal da República, o seu mal inevitável.
VEJA - O que há de inevitavelmente ruim na forma republicana de governo? 
Rui Barbosa - O mal grandíssimo e irremediável das instituições republicanas consiste em deixar exposto à ilimitada concorrência das ambições menos dignas o primeiro lugar do Estado e, desta sorte, o condenar a ser ocupado, em regra, pela mediocridade.
VEJA - Mas no sistema monárquico também não há o risco de um medíocre ocupar a chefia do Estado? 
Rui Barbosa - É verdade que também na realeza, graças ao privilégio da hereditariedade, a coroa vai parar às vezes em cabeças acanhadas, ou taradas. Mas como nela é o Parlamento quem governa, nessa combinação inteligente a incapacidade pessoal dos reis se acha neutralizada pela sua impotência constitucional. Ao passo que nas repúblicas de molde presidencial os reis temporários, designados a capricho das oligarquias e máquinas eleitorais, obram sem corretivo, com um poder irresponsável e, por conseqüência, ilimitado, imoral, absoluto. Eis aí o que minha consciência de monarquista parlamentar energicamente repugnava.
VEJA - Que tipo de mudanças na monarquia brasileira o senhor defendia? 
Rui Barbosa - Eu queria republicanizar a monarquia, para conservá-Ia. Isto é, requeria que ela entrasse nos seus moldes constitucionais, deixando com sinceridade o governo ao povo e ao Parlamento. Não há monarquia compatível com a liberdade se não for essencialmente republicana. Nem é senão se fazendo cada vez mais republicano que o império britânico, a mais sólida construção humana de toda a História, tem assentado sua duração e grandeza. Preguei sempre aos monarquistas as minhas ideias em nome dos interesses da monarquia.
VEJA - E como a monarquia reagiu às suas propostas de mudança? 
Rui Barbosa - Eis aí como, trabalhando pela salubridade, pela cura e pela prolongação dos dias do outro regime, me vi denunciar de seu arqui-inimigo, de seu jurado subversor, do mais entranhado, maligno e perigoso dos republicanos. Não promovia a República, não a desejava. Se combatia a monarquia, a culpa não era minha, e sim dela, de sua aversão a reformas necessárias.
VEJA - O senhor obteve algum ganho sendo monarquista? Mantinha boas relações pessoais com o ex-imperador D. Pedro lI, a princesa Isabel e com o conde D'Eu? 
Rui Barbosa - Nunca me importei da boa sombra imperial. Da família reinante nunca me acerquei. Não tive jamais um momento de contato com a princesa ou seu consorte. Nem uma só vez compareci, em qualquer tempo, a solenidades, cerimônias ou recepções no Paço imperial. Ainda quando contemplado nas grandes comissões parlamentares, que o protocolo da Câmara dos Deputados incumbia de levar ao imperador certos atos daquela Casa, não acompanhava os meus colegas.
VEJA - Mas o pai do senhor recebeu uma condecoração de D. Pedro II, não é verdade? 
Rui Barbosa - O doutor João José Barbosa d'Oliveira não recusou uma condecoração imperial, que, aliás, estava fadada a envelhecer-se, desusada, na gaveta. Mas não trocava essa distinção pela de, quando falava a Sua Majestade na visita imperial à Bahia, em nome de uma comissão de operários, lhe ter chamado a atenção para "os ventos que sopravam dos quatro pontos do céu". Em tempos de aulicismo, era ato de intrepidez essa nota democrática.
VEJA - Ele era monarquista também? 
Rui Barbosa - Monarquista de convicções arraigadas era meu pai e, juntamente, liberal irredutível que bebera nas águas do constitucionalismo inglês. Mas nada era mais antipático ao seu austero temperamento e alta inteligência que os reacionários do monarquismoatrasado, ou os hipócritas, sicofantas e cortesãos do imperialismo palaciano.
VEJA - Qual foi a atitude dominante de D. Pedro II durante o seu longo reinado?
Rui Barbosa - Graças a uma inconcebível flexibilidade de caráter, D. Pedro II teve artes de ser um soberano absoluto, sem cessar de acomodar o seu temperamento a todos os molhos que as várias situações políticas lhe pudessem ir reclamando. Mercê do seu espírito contemporizador e da sua prodigiosa dissimulação, conservou, na mão de ferro enluvada em veludo, um poder sem contrapeso nem limite. Esse poder pessoal e invasor chegou a destruir, em volta de si, todos os partidos, todos os homens, todos os caracteres, todas as vontades, todos os sistemas ou programas políticos, fazendo reinar acima de tudo e de todos, a força superior do monarca. O resultado desse jugo intolerável foi demonstrar-se praticamente a influência desastrosa do sistema monárquico. É assim que, pouco e pouco, o imperador acabou por desesperar a consciência pública.
VEJA - Afonso Celso de Assis Figueiredo, o visconde de Ouro Preto, deposto do cargo de presidente do Conselho de Ministros, acha que se lhe tivessem deixado implementar reformas, a República não triunfaria. O senhor concorda? 
Rui Barbosa - Ora, foi justamente da oposição às suas reformas. feita no Diário de Notícias e no Paiz, que se produziu a revolução, gerada pelas aspirações federais que o ministério Ouro Preto pretendia esmagar.
VEJA - Dois meses e meio antes da proclamação, houve eleições, e o Partido Liberal do visconde de Ouro Preto obteve uma grande vitória: elegeu 130 deputados, contra sete conservadores e dois republicanos. Isso não significa que o gabinete dele tinha apoio? 
Rui Barbosa - Ouro Preto acabava de eleger uma Câmara unânime, a poder de uma reação e corrupção inauditas, num eleitorado altamente censitário. Todos os gabinetes que presidiram a eleições derramando sangue, espalhando vexames, liberalizando corrupção, para abafar a resistência oposicionada, foram dentro em pouco tempo braviamente acometidos e tragados pela insurreição das próprias criaturas. O nobre visconde de Ouro Preto procriou uma fera da mesma espécie.
VEJA - Era então ilusória a base política de que Ouro Preto dispunha? 
Rui Barbosa - Câmaras que nascem livremente da opinião nacional são castelos inexpugnáveis para os governos que nelas se apoiam. Câmaras criadas artificialmente pelos ministros, à custa da moeda múltipla dos favores do poder e das pressões que ele exerce, são conjuntos de dificuldades e perigos. Nelas, os governos não podem aventurar o passo, senão apalpando o terreno solapado pelas dissidências do interesse particular, pelas conspirações do descontentamento, pelos despeitos da rivalidade, pelos cálculos da ambição traiçoeira.
VEJA - Que espécie de monarquia o ministério Ouro Preto criou? 
Rui Barbosa - A monarquia cabalista, a monarquia banqueira, a monarquia dos nababos de bolsa, a monarquia guarda nacional, a monarquia anti-federalista, a monarquia perseguidora das forças militares: eis a criação monstruosa, inexprimível, do ministério.
VEJA - Se o imperador tiver apoio das realezas europeias, o senhor considera possível a restauração monárquica? 
Rui Barbosa - A ideia de restauração é sebastianismo ou ignorância de especuladores ou tolos. Ouro Preto é abominado no Brasil. D. Pedro está sendo explorado pelos antigos diplomatas imperiais. As pretensões à ingerência das monarquias europeias no Brasil são simplesmente ridículas. A República brasileira terá por si a aliança ofensiva e defensiva da América inteira.
VEJA - O senhor vem de ser nomeado ministro da Fazenda do governo republicano. Como está a situação econômica do Brasil? 
Rui Barbosa - A República não encontrou senão dificuldades, compromissos, urgências imperiosas, contra os quais não faltam meios para reagir vitoriosamente, mas que tornam extremamente árduo este período de transição.
VEJA - Qual o tamanho da dívida que a nova República herdou do velho império? 
Rui Barbosa - Avantaja-se a 1 milhão de contos de réis a soma do débito nacional que nos deixou em herança a monarquia. Essa enorme adição orça pela receita do Estado no decurso de quase sete anos, computando-se em 150 000 contos de réis a nossa renda anual. Seria preciso, pois, superpor sete orçamentos para vencer a altura desses compromissos.
VEJA - Qual receita o senhor oferece para resolver esse problema da dívida? Enxugar a máquina estatal? 
Rui Barbosa - Cortemos energicamente nas despesas. Eliminemos as repartições inúteis. Estreitemos o âmbito ao funcionalismo, reduzindo o pessoal e remunerando lhe melhor o serviço. Moralizemos a administração, norteando escrupulosamente o provimento de cargos do Estado pela competência, pelo merecimento, pela capacidade. Cinjamo-nos, na criação de serviços novos, à necessidade absoluta. Fujamos do filhotismo republicano, transformação imoral e funesta do antigo nepotismo monárquico. Se procedermos assim, teremos meio caminho vencido para a reforma das nossas finanças, a reconstituição de nosso crédito e a fecundação das nossas forças vitais.
VEJA - Qual será o papel da iniciativa privada nesse início da era republicana? 
Rui Barbosa - Nunca necessitamos tanto das grandes empresas. O país lucra com a formação das grandes fortunas, como com o derramamento da riqueza pelas classes populares. São dois modos paralelos do desenvolvimento nacional que convém animar simultaneamente. Somos uma nação sem proletariado, socialmente democratizada, onde as mais altas vitórias do trabalho e as mais cobiçáveis situações industriais são acessíveis, sem os embaraços triviais entre os povos antigos, à inteligência, ao tino, à perseverança, ao caráter.
VEJA - O Estado republicano irá auxiliar a iniciativa privada na atual fase? 
Rui Barbosa - Ao Estado, nessa fase social, cabe sem dúvida um grande papel de atividade criadora, acudindo a todos os pontos onde o princípio individual reclame a cooperação suplementar das forças coletivas. Se nos soubermos inspirar nestes rudimentos de senso comum, aplicados às necessidades do momento, não haverá motivo de assustarmo-nos ante a soma de embaraços que o regime anterior nos legou. Contra esses embaraços temos, de mais a mais, recursos incomensuravelmente superiores da fortuna pública e particular do país.
VEJA - A economia do país, portanto, vai bastante mal, mas não é totalmente catastrófica? 
Rui Barbosa - Não somos uma nação em estado de indigência. Temos sobejos elementos de confiança quanto ao futuro. Carecemos, porém, de boa administração, firme e íntegra, circunspecta e audaz.
VEJA - Ao proclamar a República, o presidente Deodoro da Fonseca estava doente. Uma eventual piora no estado de saúde do marechal não colocaria o novo regime numa situação de fragilidade? 
Rui Barbosa - A revolução é aceita pelo país inteiro e não depende da contingência da vida de um homem, por muito preciosa que seja. No Exército mesmo a revolução conta com outros chefes de altíssimo prestígio e não menos dedicados a ela.
• As principais determinações previstas na Nova Constituição:
Veja as principais determinações previstas na constituição dos Estados Unidos do Brasil foram:
- A adoção da organização federativa. Com isso, as antigas províncias se tornaram Estados membros da federação, adquirindo amplos direitos como os de organizar força militar própria, constituir a justiça estadual e criar impostos. 
- Nos termos do pacto federativo, seria o dever da União organizar as forçar armadas, regular a emissão de papel moeda e intervir nos governos estaduais quando a ordem republicana estivesse correndo perigo.
- A manutenção da separação entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, sendo, obviamente, extinto o poder moderador.
- O cargo máximo da administração pública passava a ser o de Presidente da República, que deveria ser eleito majoritariamente através da votação direta, com a exceção do primeiro Presidente, que seria eleito de forma indireta pelo congresso.
- O corpolegislativo passava a ser formado pelo Congresso Nacional, que por sua vez se dividia em duas casas: a Câmara dos Deputados, formada por parlamentares eleitos proporcionalmente à população dos Estados, e o Senado Federal, com três representantes por Estado, que não mais eram vitalícios.
- O fim do padroado com a implantação do Estado Laico, ou seja, a separação entre Igreja e Estado.
- O fim da exigência de renda mínima para a obtenção do direito ao voto.
De acordo com as considerações do historiador Renato Lessa, a constituição de 1891 não fortaleceu apenas o poder executivo, mas também o legislativo.  
O autor afirma que: 
- O projeto oficial e o texto final da constituição representam inovações na história institucional brasileira. Este é o caso da adoção do presidencialismo, que fortalecia em termos políticos o poder Executivo, fazendo-o emanar da vontade geral, ao contrário da tradição do Império que o definiu como criação do Poder Moderador (...).  
- Outra novidade relevante foi a indissolubilidade do poder legislativo que, a partir de 1891, passou a contar com um amplo leque de prerrogativas, incluindo, entre outras, o controle total do orçamento federal, a possibilidade de criar bancos de emissão, o direito de legislar sobre a organização das forças armadas, a criação de empregos públicos federais, e o que é crucial, o direito exclusivo de verificar e reconhecer poderes (ou seja, a eleição) dos seus membros. Esta última atribuição exclusiva implicava o completo controle do poder legislativo sobre a sua renovação. (LESSA; 2003. p. 142)
• Governo de Deodoro da Fonseca e seu vice Floriano Peixoto:
Em plena crise econômica provocada pelo fracasso do encilhamento, o Congresso formalizou o governo de Deodoro da Fonseca, sendo Floriano Peixoto (1839-1895), eleito, também de forma indireta, o Vice-Presidente. 
Apesar de ambos serem oficiais do Exército, havia grandes diferenças entre os modelos político/administrativos defendidos pelo Presidente e pelo Vice-Presidente da República brasileira.
Floriano Peixoto: 
Defendia uma proposta “jacobina” de República baseada no forte personalismo do líder e no diálogo direto com alguns setores da população urbana.
Deodoro:
Convicções republicanas frágeis, o que provocava certa desconfiança por parte dos republicanos históricos, que temiam o alinhamento do Presidente com as lideranças monarquistas.
• O conturbado governo do Marechal Floriano Peixoto:
O governo de Floriano Peixoto foi extremamente conturbado. A situação não seria nada fácil para o vice-presidente da República, afinal a Constituição de 1891, versava em seu artigo 42 que no caso de vaga, da presidência ou vice-presidência, sem que houvesse decorrido pelo menos dois anos do mandato, deveriam ser convocadas novas eleições.
A primeira grande luta de Floriano seria para se manter no poder na medida em que a legitimidade de seu mandato era questionada por alguns grupos. Entre eles estavam os políticos monarquistas adesistas, os “republicanos de última hora”, que exigiam a convocação de novas eleições.
Fora isso, havia também dois grandes conflitos que ameaçavam o seu governo:
Desde fevereiro de 1891, o Rio Grande do Sul estava sendo abalado pela disputa entre federalistas, partidários de Silveira Martins, político monarquista, e os republicanos, liderados por Júlio de Castilhos e base de apoio político do Marechal Floriano neste Estado.
O outro conflito foi a Revolta da Armada, iniciada em setembro de 1893 e liderada pelos Almirantes Custódio de Melo e Saldanha da Gama.
Diante de tantas dificuldades Floriano Peixoto empunhou a bandeira da legalidade e organizou a resistência.
Os interesses mobilizados pelas circunstâncias políticas lhe renderem ampla base de apoio político, principalmente das grandes oligarquias, em especial a paulista.
• “Aceitação na Câmara”:
Foi publicada na edição de 1° de novembro de 1894 do jornal Diário de Notícias, que circulava no Rio de Janeiro, uma matéria intitulada “Aceitação na Câmara”, que tratava do apoio que o poder legislativo concedeu a Floriano Peixoto visando à consolidação das instituições republicanas.
Segundo a referida matéria, o projeto de combate às revoltas idealizado pelo governo recebeu apoio de 120 dos 132 deputados presentes na casa legislativa na ocasião da seção em questão.
Tal adesão mostra que até mesmo as elites civis, que jamais confiaram plenamente no governo dos militares, entenderam que o momento era crítico e que a força se fazia necessária.
Esses grupos, então, se retiraram da arena política e deixaram a consolidação da República sob a responsabilidade daqueles que eram peritos no uso da força: os militares.
• Voltando ao calor dos acontecimentos...
As oligarquias que dominavam o poder legislativo apoiaram Floriano Peixoto na manutenção de seu mandato e na repressão à Revolução Federalista e à Revolta da Armada.
Esse apoio teve efeito ambíguo no que se refere ao governo do Marechal. Se por um lado foi fundamental para a manutenção das instituições republicanas, por outro fez com que Floriano ficasse preso na rede política tecida pelas oligarquias.
Tal fato foi central para transição ao governo civil de Prudente de Morais. O Marechal não teve uma sólida base política que o apoiasse em seu projeto de continuar no poder.
Quando se dá a convenção do Partido Republicano, em 25 de setembro de 1893, que ratificou o nome de Prudente de Morais para a corrida presidencial, a rebelião da marinha já estava em pleno curso e Floriano Peixoto não poderia rejeitar o apoio da oligarquia paulista.
- Considerações a respeito da composição social do Rio de Janeiro à época dos acontecimentos narrados. 
É importante fazer algumas considerações a respeito da composição social do Rio de Janeiro, capital da República brasileira, nesse período. 
Embora os dados empíricos sejam escassos, o sociólogo Fernando Henrique Cardoso acredita ser possível propor uma caracterização da sociedade carioca na primeira década republicana. 
O autor crê que analisando a imprensa da época é possível perceber a existência de vários jornais corporativos, ou seja, voltados para leitores agrupados em segmentos profissionais específicos. 
A partir disso, ainda de acordo com Cardoso, é possível perceber a existência de uma quantidade considerável de profissionais liberais, comerciantes, militares e funcionários públicos, fato que tornava a sociedade carioca peculiar quando comparada às sociedades de outras regiões do Brasil.
Esse quadro social resultou no surgimento de novos atores que tornaram mais complexo o jogo político desenvolvido na capital brasileira, onde a dinâmica da disputa pelo poder não se dava da mesma forma como nas regiões do interior do Brasil. 
Sendo assim, havia no Rio de Janeiro, assim como na São Paulo da década de 1890, uma população urbana diferenciada, letrada e burocrática que deveria pesar na opinião pública da época.
Cardoso afirma que esta estrutura social urbana foi reflexo das mudanças operárias desde da década de 1870 na economia brasileira. Ocorreu nesse período tanto a expansão da lavoura cafeeira no centro sul e, mais especificamente, no noroeste de São Paulo, como uma intensa atividade mercantil/financeira que permitiu mais um surto de prosperidade urbano-industrial.
 De acordo com a historiadora Suely Reis, foi entre esses setores urbanos emergentes, na época chamados de “Jacobinos”, que o Marechal Floriano foi buscar apoio. 
 Os clubes jacobinos eram compostos exclusivamente de brasileiros natos e geralmente presididas por militares de baixa ou mediana patente (...). Suas atividades incluíam reuniões de caráter político onde se decidia a participação de atos bélicos, a organização de comícios e homenagens e representações ao governo. Juntamente com os jornais jacobinos, tais associações mantiveram vivo o culto a Floriano, promovendo romarias ao seu túmulo em datas cívicas após sua morte (REIS; 1986, p. 33). 
Periódicos importantes 
 Os jacobinos chegaram a organizar importantes periódicos que circularamna primeira metade da década de 1890 na capital fluminense. 
 Entre estes, o principal foi o jornal “A Bomba”, assinado por Aníbal Mascarenhas. No dia 01 de setembro de 1890 foi publicado nesse periódico um texto que deixa muito claro o fundamento da ação política dos jacobinos. 
Veja: 
 Assoprada pela bombarda do patriotismo e aquecida pelo fogo do sagrado entusiasmo cívico, salta hoje A Bomba nos campos da publicidade, pronta e estourar, vomitando a sua carga mortífera por entre os bandos negros dessa corvada faminta, que ao canglor das fanfarras de 15 de novembro, se agachou medrosa no pau de suas baixezas, mas que na treva afia as garras carniceiras de abutre para sangrar a pátria e a liberdade. Arma de guerra e de combate. 
A bomba, a fim de obedecer à trajetória severa que a honra e o dever lhe demarcam, saltará por cima de todas as barreiras das conveniências, vencerá todas as trincheiras sociais e irá alcançar os restauradores onde quer que eles se escondam (A Bomba; 01 de setembro de 1890). 
Toda violência que fundamentou a atuação política jacobina foi baseada na possibilidade da restauração monárquica e na identificação do português como o principal símbolo da sobrevivência da dinastia dos Bragança no Brasil. 
Para os jacobinos, e para o governo de Floriano Peixoto, a Segunda Revolta da Armada e a Revolução Federalista eram indícios de uma grande conspiração monarquista. 
• Guerra Civil:
Começou nesse momento a Guerra Civil, que colocou frente a frente as forças do governo e da oposição ― liderança federalista organizada por Gaspar Silveira Martins, contrária à centralização do Estado e ao cerceamento da liberdade administrativa do Estado.
Portanto, a oposição ao governo de Júlio de Castilho era heterogênea demais, tornando, assim, a sua principal fraqueza.
Por outro lado, os castilhistas possuíam uma agenda muito clara e coesa. Eram positivistas de vontade férrea que fechavam colunas sólidas e ainda contavam com o apoio do governo presidido pelo Marechal Floriano.
A guerra durou 31 meses e se estendeu por mais três Estados fronteiriços, chegando mesmo até São Paulo. 
Teve como resultados a vitória dos castilhistas e a morte de pelo menos 10 mil homens — muitos assassinados por degola. 
Esse foi o momento em que a violência do governo do Marechal Floriano ficou mais evidente.
• Segunda Revolta da armada:
A Segunda Revolta da Armada foi promovida por setores do oficialato da Marinha e liderada pelo contra-almirante Custódio José de Melo.
Os revoltosos não possuíam um programa definido e se manifestavam contra a corrupção e a inconstitucionalidade do governo do Marechal Floriano.  
O movimento jamais assumiu a sua identidade monarquista, apesar de ter sido incentivado por líderes relacionados ao regime deposto.
A Revolta da Armada foi debelada ainda em 1893, quando o governo fez um acordo, intermediado pelo governo português, com os líderes revoltosos, que foram exilados.
Seria um navio oficial da Marinha portuguesa o responsável por transportar esses homens. Porém, os revoltosos foram desembarcados no Rio Grande do Sul, onde se integraram às tropas comandadas por Silveira Martins.
O governo do Marechal Floriano considerou o fato uma traição e rompeu relações diplomáticas com Portugal.
• Palavras do Contra-Almirante Custódio José de Melo 
 “Concidadãos, 
Contra a constituição e contra a integridade da própria nação, o chefe do Executivo (Floriano Peixoto) mobilizou o Exército discricionariamente, pô-lo em pé de guerra e despejou-o nos infelizes Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Contra quem? Contra inimigo do exterior? Contra estrangeiros? Não. O Vice-Presidente armou brasileiros contra brasileiros; levantou legiões de supostos patriotas, levando o luto, a desolação e a miséria a todos os ângulos da República (...). 
Sentinela do tesouro nacional como prometera, o chefe do Executivo perjurou, iludiu a nação, abrindo com as mãos sacrílegas o erário público a uma política de suborno e corrupção (...). 
Viva a nação brasileira! Viva a República! Viva a Constituição! 
 Capital da República, 06 de setembro de 1893. 
 Contra-Almirante Custódio José de Melo” 
No documento, fica evidente que o líder da Revolta da Armada não assumiu formalmente o perfil monarquista do movimento, o que, é claro, não exclui a possibilidade do projeto restaurador também ter estado presente no leque de possibilidades dos revoltosos. 
• Consolidação das instituições republicanas:
Realmente, o governo do Marechal Floriano Peixoto parece ter cumprido o seu objetivo: desmobilizar as oposições e consolidar definitivamente as instituições republicanas, praticamente excluindo a possibilidade da restauração da Monarquia. 
Para as elites civis, com destaque para a oligarquia paulista, a necessidade passava a ser outra: desmilitarizar a república. Pois, esses grupos acreditavam que os militares já haviam cumprido seu papel. 
Porém, para alguns setores do Exército, justamente aqueles mais identificados com a liderança de Floriano Peixoto, a República ainda corria risco e os civis não tinham condições morais de assumir o controle do país.
Foi nesse momento, na segunda metade do ano de 1894, que a aliança entre os militares florianistas e as oligarquias civis mostrou a sua fragilidade. 
De acordo com o historiador Rodrigo Perez Oliveira, a última semana de governo do Marechal Floriano, que marcou também as festividades do quinto aniversário da República e a posse de Prudente de Morais,  deixou evidente que a partir de então a história política do Brasil seria caracterizada por outro conflito:
Deixava de ser Monarquistas X Republicanos para se tornar Militares Florianistas X Governo Civil.
• Governo de Prudente de Morais e seu vice Manoel Vitorino:
Em 1° de março foram realizadas as eleições presidenciais destinadas a definir o sucessor de Floriano Peixoto. O resultado confirmou o controle da máquina eleitoral pela oligarquia paulista.
Prudente de Morais e Manoel Vitorino foram eleitos Presidente e Vice-Presidente da República. Aproximava-se, então, o momento da transferência do poder para os civis.  
Entretanto, os militares não voltariam ao quartel de forma tranquila.   
Se por um lado a cúpula florianista declinou aos anseios jacobinos por um movimento militar que mantivesse a ditadura, por outro, não entregou o poder aos civis sem antes encenar simbolicamente a sua insatisfação.
Os meses que antecederam à posse de Prudente de Morais foram tensos, espalhavam-se os boatos de que Floriano Peixoto lideraria um golpe militar para permanecer no poder. 
Isso não aconteceu, não havia condições políticas para uma intervenção dessa natureza. Entretanto, a ausência de um golpe militar continuísta não significa que a transição da “República das espadas” para a “República das casacas” tenha acontecido harmonicamente.
De acordo com o historiador Rodrigo Perez Oliveira, Prudente José de Morais Barros chegou ao Rio de Janeiro para tomar posse da principal magistratura da República na manhã do dia 3 de novembro de 1894.
O Presidente eleito, acompanhado da sua família e de uma pequena comitiva, foi recebido por um grupo de populares.
Uma ausência foi especialmente sentida nessa ocasião: Floriano Peixoto quebrou o decoro e não foi recepcionar o seu sucessor na Estação Central da Estrada de Ferro Central do Brasil. Alegando estar indisposto, o Marechal enviou o seu ajudante de ordens, o Capitão Saddock de Sá.
A partir de então as indisposições de Floriano Peixoto seriam frequentes nas ocasiões em que ele deveria cortejar Prudente de Morais a fim de promover os rituais político-simbólicos da sucessão presidencial (OLIVEIRA; 2003, p. 99).
Oliveira afirma ainda que o Marechal Floriano estava preso à teia política construída pela oligarquia paulista, que lhe deu apoio irrestrito nos momentos mais críticos do seu governo, e sabia bem das poucas possibilidades de sucesso de um golpe militar continuísta.
Porém, o Presidente Militar fez questão de deixar clara a suainsatisfação e não compareceu aos rituais cívicos destinados a marcar a posse do novo chefe de Estado. Quebrando completamente o protocolo, Floriano Peixoto não compareceu à posse do seu sucessor.
Estava feito! Em 15 de novembro de 1894, quando a República comemorava o seu quinto aniversário, o paulista Prudente de Morais assumiu a chefia do Estado brasileiro.  
Finalmente, o projeto da oligarquia paulista que estava sendo idealizado desde a década de 1870 era concretizado: o grupo mais rico do Brasil agora controlava também o governo do país.  
Entretanto, a vida dos primeiros governos civis não seria nada fácil. Mas isso é assunto para a próxima aula.
→ Os primeiros governos civis e a pacificação dos militares (1894-1902)
• Trabalhando com a documentação da época:
“O lustro da existência, que hoje completa a República Brasileira, tem sido de lutas quase permanentes com adversários de toda espécie, que têm tentado destruí-la, empregando para isso todos os meios (...) essa luta foi travada pela coligação de todos os inimigos, a vitória da República foi decisiva para provar a estabilidade das novas instituições, que tiveram para defendê-las a coragem, a pertinácia e a dedicação do benemérito chefe de estado, auxiliado eficazmente pelas forças de terra e mar. Graças a Deus e aos esforços do saudoso Floriano Peixoto a República hoje navega em águas mais calmas. A tempestade passou. É chegado o momento da liberdade e da democracia!”
(Prudente de Morais, presidente da República entre 1894 e 1898, em manifesto publicado em O Paiz, imprensa carioca, em 16 de novembro de 1894).
“Conto com a dedicação de todo pessoal da escola para o bom êxito de sua administração, certo de que os seus intuitos de bem servir ao governo que ora dirige os destinos da nação serão eficazmente secundados por aquele glorioso estabelecimento militar, que em seu passado foi sempre um elemento de ordem e respeito ao princípio da autoridade, a que a força armada principalmente tem por dever acatar e obedecer; condições estas imprescindíveis para a tranquilidade da pátria e estabilidade de seus governos”.
(Jacques Ourique, Gazeta de Notícias, 2 de fevereiro de 1895).
• Prudente de Morais:
Sou Prudente no nome, prudente por princípios, e prudente por hábito. 
Sou também prudente, procurando evitar questões pessoais odiosas.”
 Prudente José de Morais Barros
Prudente de Morais, sucessor de Floriano Peixoto, reconheceu a importância da “coragem, a pertinácia e a dedicação do benemérito marechal” para a consolidação das novas instituições. 
Contudo, ao mesmo tempo que o primeiro presidente civil manifestou publicamente sua gratidão a seu antecessor, deixou claro qual seria o principal desafio dos civis, que, ligados diretamente aos interesses das oligarquias cafeicultoras, controlariam a partir de então, e até 1930, os rumos da República brasileira: pacificar a conduta política do Exército e reconduzir os militares à caserna, retirando-os da arena política.
• Desenvolvimento do projeto político:
O desenvolvimento do projeto político esteve longe de ser harmônico. Prudente de Morais administrou as Forças Armadas de forma completamente diferente de como havia feito Floriano Peixoto. 
O primeiro presidente civil da República brasileira reduziu os efetivos do Exército, prestigiou a brigada policial, dando-lhe o caráter de força de segurança privada, promoveu oficiais contrários à participação castrense na política e negou promoções aos que dela participavam. 
Isso desagradou profundamente os jacobinos, que, como vimos na aula anterior, foram a principal base de apoio popular a Floriano Peixoto, e gerou atritos constantes entre eles e o governo civil.
• Sucessão presidencial:
Como vimos na aula anterior, um acordo tático entre Floriano e a elite política de São Paulo determinou os rumos da sucessão presidencial. 
Dispondo de poucas bases de apoio, entre as quais se encontravam os jacobinos, Floriano não teve força política suficiente para indicar seu sucessor, que, muito provavelmente, seria o General Moreira César. 
Prevaleceu assim o nome do paulista Prudente de Morais, eleito em 1o de março de 1894. O marechal demonstrou sua contrariedade não comparecendo à posse.
A sucessão presidencial marcou o fim da presença de figuras do Exército na presidência da primeira República, com exceção do Marechal Hermes da Fonseca, eleito para o quadriênio 1910-1914. Além disso, a atividade política dos militares como um todo declinou. 
O clube militar, que coordenava essas atividades, ficou fechado entre 1896 e 1901. Nos governos de Prudente de Morais e Campos Sales, radicalizou-se a animosidade ― já existente no governo de Floriano Peixoto ― entre as oligarquias civis e o republicanismo militar dos jacobinos, concentrados no Rio de Janeiro.
A ação urbana dos jacobinos era organizada pelos alunos da Escola Militar da Praia Vermelha, a “mocidade militar”, como falavam os contemporâneos. A imprensa da época é repleta de notícias a respeito dos meetings promovidos pelos jovens alunos.
• Eduardo Prado - um dos principais adversários políticos da ditadura florianista:
Eduardo Prado, um dos principais adversários políticos da ditadura florianista, criticou a enorme influência de Floriano Peixoto entre os estudantes da Escola Militar. 
Logo após sua chegada à Europa, o escritor paulista, na condição de foragido político, deu uma entrevista ao periódico português Jornal do Comércio. 
Reproduzida em vários jornais brasileiros, essa entrevista foi importantíssima para fazer de Prado uma das figuras mais odiadas pelo grupo dos jacobinos.
Publicada entre 4 e 11 de dezembro de 1894 no jornal jacobino A Bomba, nessa entrevista o escritor criticou violentamente o governo de Floriano Peixoto, acusando o marechal de ter “contaminado a mocidade da escola militar com seu jacobinismo rubro (...)”.
Prado afirma:
“É correto que o governo queira empregar a mocidade para efetuar prisões políticas mandando depois os alunos militares ser carcereiros dos deportados, cumprimentando que mais hábeis e ferozes  se mostram como verdugos e fuziladores? Pois Floriano pela distribuição de dinheiro e de postos entre estes jovens conseguiu isso.
A mocidade em toda parte é clemente e generosa: no Brasil, graças a Floriano, os verdugos são mancebos, às vezes imberbes. Benjamin Constant corrompeu a inteligência da mocidade ensinando-lhe a doutrina endeusadora da tirania, que se chama positivismo; Floriano rematou a corrupção transformando-a em agentes de suas crueldades os alunos da Escola Militar”.
                                          (A Bomba, 9 de novembro de 1894)
• Recepcionando o regimento de cavalaria:
O interesse do governo em se aproximar do Exército ficou claro em 27 de janeiro de 1895, quando o primeiro regimento de cavalaria retornou de Santa Catarina, onde lutara por dez meses contra os federalistas. 
Em carta ao Ministro da Guerra, General Bernardo Vasques, que ocupou o cargo após a exoneração, em dezembro de 1894, do General Carlos Machado Bittencourt, que foi um dos baluartes do governo de Floriano Peixoto, Prudente de Morais solicitou a organização de uma grande festa para receber o regimento comandado pelo Coronel Martinho da Silva.
General Vasques,
 Não poupe esforços na recepção da força comandada pelo coronel Martinho Silva. É grande o interesse que o governo tem de mostrar aos seus irmãos de farda que não somos seus inimigos. Desejo uma grande festa, mande chamar as crianças, os jornais e as praças; é preciso o congraçamento.
 (Coleção Adyr Guimarães; cx. 3, doc. 12).
O ministro da Guerra atendeu ao pedido do presidente da República 
e uma grande festa foi organizada para recepcionar o regimento 
de cavalaria. 
Os militares chegaram ao porto conduzidos por embarcações do arsenal de guerra e foram ovacionados por uma multidão na praça XV de Novembro, onde uma banda do Exército tocou músicas militares. 
De acordo com o historiadorRodrigo Perez Oliveira, o projeto de desmilitarização da política nacional não foi idealizado e efetivado apenas pelos governos civis; contou com a colaboração de segmentos do próprio Exército, destacando-se aí nomes como Jacques Ourique e Nepomuceno Mallet.
• Arraial de Canudos:
Não foi somente o jacobinismo dos alunos da Escola Militar que criou dificuldades ao governo de Prudente de Morais. 
Desde meados de 1893, formava-se no sertão norte da Bahia, em uma fazenda abandonada, uma povoação conhecida como “Arraial de Canudos”. 
Seu líder era Antônio Vicente Mendes Maciel, mais conhecido como Antônio Conselheiro. Vamos examinar a Revolta de Canudos mais detidamente na próxima aula.
Antônio Vicente Mendes Maciel (Quixeramobim, 13 de março de 1830 — Canudos, 22 de setembro de 1897), mais conhecido na História do Brasil como Antônio Conselheiro, que se autodenominava "o peregrino", foi um líder religioso brasileiro.
Figura carismática, adquiriu uma dimensão messiânica ao liderar o arraial de Canudos, um pequeno vilarejo no sertão da Bahia, que atraiu milhares de sertanejos, entre camponeses, índios e escravos recém-libertos, e que foi destruído pelo Exército da República na chamada Guerra de Canudos em 1897.
A imprensa dos primeiros anos da República e muitos historiadores, para justificar o genocídio, retrataram-no como um louco, fanático religioso e contrarrevolucionário monarquista perigoso.
• Desafios no Governo Campos Salles:
Apesar do esforço empreendido, Prudente de Morais não conseguiu entregar a seu sucessor, o também paulista Campos Sales, uma República pacificada. 
Eleito em 1o de março de 1898, quando derrotou Lauro Sodré, candidato do PRF, que contou com o apoio dos jacobinos, Campos Sales herdou um cenário de grave crise econômica e de grande instabilidade política. 
O principal desafio para o novo presidente foi à consolidação da hegemonia das oligarquias cafeicultoras. Para tal, era imprescindível dar continuidade ao projeto de pacificação da conduta política dos militares iniciado no governo de Prudente de Morais.
PRF: Partido Republicano Federal
Se a devassa promovida pelo governo anterior havia desmobilizado os clubes jacobinos, os alunos da Escola Militar da Praia Vermelha continuaram se manifestando contra a liderança política dos civis. 
Os conflitos entre a mocidade militar e as forças do governo foram constantes também no governo de Campos Sales. Por isso, o presidente da República, contando com a fidelidade de setores do oficialato do Exército, prosseguiu tentando controlar as ações dos estudantes militares e enfraquecer a influência do jacobinismo florianista entre eles.
• O Governo de Campos Sales e a restruturação econômica:
O governo de Campos Sales (1898-1902) promoveu a consolidação da República liberal-oligárquica. Após grandes esforços, a elite política dos grandes estados triunfou. 
Para tanto, o Presidente Campos Sales precisou reestruturar a economia, em crise desde os últimos anos da monarquia, e estabilizar a política, sobretudo naquilo que se referia à participação dos militares. 
No plano financeiro, o governo republicano herdara do Império uma dívida externa que consumia grande parte do saldo da balança comercial. O quadro se agravou ao longo da década de 1890, com o aumento do déficit público.
O apelo ao crédito internacional foi utilizado com frequência, e a dívida cresceu aproximadamente 30% entre 1890 e 1897, gerando novos compromissos de pagamento. 
Em junho de 1898, foi acertado o penoso funding loan.
O Brasil deu em garantia aos credores as rendas da Alfândega do Rio de Janeiro e ficou proibido de contrair novos empréstimos até junho de 1901. 
Comprometeu-se ainda a cumprir um duro programa de austeridade econômica caracterizado pela restrição interna do crédito e pelo corte dos gastos públicos. Esse pacote econômico se tornou bastante impopular e comprometeu a imagem do governo perante a sociedade.
Funding loan: Foi um acordo com os credores que resultou em novos empréstimos destinados ao pagamento dos juros do montante dos empréstimos anteriores.
• O Governo Campos Sales e as estratégias políticas:
O governo de Campos Sales foi marcado pela criação de uma estratégia política destinada a dificultar a atuação das oposições no Congresso Nacional. 
A enorme importância atribuída aos estados provocou, muitas vezes, conflitos entre facções locais. O governo federal aí intervinha, usando de seus controvertidos poderes estabelecidos na Constituição. Isso tornava incerto o controle do poder central em alguns estados e reduzia as possibilidades de um acerto entre estes e a União. 
Acrescente-se o fato de que o Poder Executivo encontrava extremas dificuldades em se impor ao Legislativo. 
Diante disso, Campos Sales idealizou um arranjo político conhecido como “política dos governadores”.
Política dos governadores: Por meio de uma alteração artificiosa do Regimento Interno da Câmara dos Deputados, assegurou-se que a representação parlamentar de cada Estado corresponderia ao grupo regional dominante. 
Ao mesmo tempo, garantiu-se maior subordinação da Câmara ao Poder Executivo. 
O propósito da política dos governadores, apenas em parte alcançado, foi eliminar as disputas entre as facções nos estados, reforçar o Poder Executivo e inaugurar a “rotinização do poder” na Primeira República.
Campos Sales e seus aliados entenderam bem que a origem da instabilidade política não estava na ordem jurídica, mas sim na dificuldade dos governos em garantir o respeito à sua autoridade e à ordem constituída. 
Por isso, o governo desse presidente desenvolveu a “política dos governadores”. Tratou-se de um acordo entre o presidente da República e os presidentes dos estados, que hoje corresponderiam aos governadores. 
Em termos gerais, o governo central dava ampla autonomia aos governos estaduais, que, por sua vez, ajudavam a controlar as eleições legislativas, fazendo com que apenas candidatos da base de apoio chegassem ao Congresso Nacional. 
Na falta de uma justiça eleitoral autônoma, quem reconhecia os diplomas dos candidatos eleitos era a própria Câmara, o que era feito de acordo com os interesses do governo federal.
• Reflexão crítica de Rui Barbosa:
O governo federal entregava cada um dos Estados à facção que dele primeiro se apoderasse. Contanto que se pusesse nas mãos do presidente da República, esse grupo de exploradores privilegiados receberia dele a mais limitada outorga, para servilizar, corromper e roubar as populações. (...). A hipótese da intervenção federal não o inquietaria nunca mais. O governador da União não ousaria dela mais nunca, a não ser e quando a quadrilha protegida a solicitasse, para ultimar, em nome da autonomia estadual, a escravidão, a desonra e a pilhagem do Estado.
(Rui Barbosa. Jornal do Brasil, 13 de junho de 1901).
Nesse trecho, Rui Barbosa desenvolve uma reflexão crítica a respeito da política dos governadores, apontando aquela que era sua principal característica: o acordo entre os governos central e estadual.
• Campos Sales e à administração militar:
Naquilo que se refere à administração militar, Campos Sales enfrentou os mesmos problemas que caracterizaram o governo de Prudente de Morais: o conflito com militares exaltados, especificamente os alunos da Escola Militar da Praia Vermelha. 
 A mocidade militar continuou a promover dificuldades ao governo civil. Eram comuns os conflitos entre a brigada policial e setores legalistas do Exército contra os estudantes. Campos Sales trocou o comando do Ministério da Guerra e da Escola Militar da Praia Vermelha. 
 O General João Nepomuceno Medeiros Mallet, um dos 13 generais reformados compulsoriamente no governo de Floriano Peixoto, assumiu o Ministério da Guerra no lugar do General Bernardo Vasques, e o General Teixeira Jr. assumiu a direção da Escola Militar no lugar do General Jacques Ourique.
Escola Militar da Praia Vermelha:
Em 1698, construiu-se uma modesta fortificação na Praia Vermelha, considerada ponto vulnerável. 
Em 27de novembro de 1935 foi deflagrada uma rebelião militar de esquerda, e o 3º R.I., por se encontrar na vanguarda do movimento inspirado pela Aliança Nacional Libertadora, foi duramente atingido pela repressão das forças governistas, comandadas pelo general Dutra. 
O prédio foi seguidamente bombardeado, e, após a contenção da revolta, decidiu-se pela demolição, dado seu estado precário.
Instituto Militar de Engenharia:
A antiga Escola Militar foi sucedida por outras instalações na Praia Vermelha, dentre elas o Instituto Militar de Engenharia, página mais recente em uma história iniciada há mais de trezentos anos, quando alguns poucos e corajosos soldados defenderam a cidade das espadas e bacamartes dos corsários.
O Instituto Militar de Engenharia (IME) é uma instituição acadêmica de nível superior pertencente ao Exército Brasileiro.
O IME oferece cursos de graduação e pós-graduação em Engenharia, sendo considerado um centro de excelência e referência nacional e internacional no ensino da Engenharia.
Segundo o jornal Gazeta de Notícias, de 23 de maio de 1898, a troca foi motivada porque Campos Sales considerou “infrutífero o que até então havia sido feito para controlar os ânimos dos militares subversivos”. 
Tanto o novo ministro da Guerra quanto o novo diretor da Escola Militar não alteraram consubstancialmente a prática repressora desenvolvida por seus antecessores. 
A mocidade militar continuou a ser controlada de perto, e suas manifestações eram violentamente combatidas, sobretudo aquelas realizadas no dia 29 de junho, aniversário de morte de Floriano Peixoto. 
Era comum, nessas ocasiões, a ocorrência de grandes conflitos entre os estudantes e as forças do governo; “as lojas de comércio fecham suas portas sempre que esses meninos promovem suas arruaças” (Gazeta de Notícias, 30 de junho de 1898).
• Término do mandato de Campos Sales:
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