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10º PONTO 
DIREITO CONSTITUCIONAL – Direito de propriedade. Função social da propriedade. Desapropriação por necessidade ou utilidade pública. Desapropriação por interesse social. Desapropriação judicial. Regime das jazidas. Direito urbanístico. Ordem Econômica. Princípios. Intervenção no domínio econômico. Formas e limites de intervenção. Repressão do abuso do poder econômico. Empresa pública e sociedade de economia mista. Da comunicação social. O planejamento na ordem constitucional. Os direitos constitucionais dos trabalhadores. Organização sindical. Família, Educação e Cultura. Da Ciência e da Tecnologia. Da criança, do adolescente e do idoso. 
DIREITO DE PROPRIEDADE
Está no caput e nos incisos (XXII, XXIII). Vige uma noção moderna de verificação do direito de propriedade, já que deve atender a função social, ou seja, o dono não faz o que quer com a coisa, deve respeitar o interesse da coletividade. Exemplos de Restrição ao Direito de Propriedade: tombamento, desapropriação, usucapião.
O artigo 170, II, fala também da função social da propriedade. 
A propriedade que descumpre a sua função social não tem a mesma proteção da CF.
A propriedade, direito real garantido pela Constituição, evoluiu do sentido individual para o social. Mas não é, atualmente, absoluto, devendo observar sua função social. O Estado, na busca do Bem Comum, delimita o direito de propriedade.
Competência para legislar sobre direito de propriedade, desapropriação e requisição é da UNIÃO – art. 22, I, II e III.
Competência para legislar restrições e ordenamento do uso do solo – União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
A CF dá suporte à intervenção do Estado na propriedade. De um lado, garante o direito de propriedade (art. 5º, XXII), mas ao mesmo tempo condiciona o instituto ao atendimento da função social (art. 5º, XXIII). Além disso, a CF prevê expressamente que o Poder Público poderá usar da propriedade particular no caso de iminente perigo público (art. 5º, XXV).
O direito de propriedade, de acordo com a legislação civil, consiste na faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou a detenha (art. 1228 do CC/02).
Artigo 1228. O proprietário tem a faculdade de USAR, GOZAR e DISPOR DA COISA, e o direito de REAVÊ-LA do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.
§ 1o. O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas.
§ 2o. São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou utilidade, e sejam animados pela intenção de prejudicar outrem.
§ 3o. O proprietário pode ser privado da coisa, nos casos de desapropriação, por necessidade ou utilidade pública ou interesse social, bem como no de requisição, em caso de perigo público ou iminente.
§ 4o. O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de 05 anos, de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico relevante. (chamado de desapropriação pro-labore)
§ 5o. No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário; pago o preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel em nome dos possuidores.
É um direito político fundamental. Já foi coletiva. É a matriz dos outros direitos reais. Atualmente, deve-se atrelar à sua função social que a limita.
CONCEITO
Consiste no direito de utilizar a coisa de acordo com a sua vontade, com a exclusão de terceiros, de colher os frutos da coisa e de explora-la economicamente e do direito de vender ou doar a coisa (jus utendi, fruendi e abutendi).
O direito de propriedade reúne todas as prerrogativas que um titular de direito real pode ter sobre a coisa (USAR, GOZAR, DISPOR e REIVINDICAR), ou seja, tudo que o direito real oferece está posto à disposição do proprietário, por isso, que se diz que a propriedade é o direito real mais extenso.
Em termos de direito constitucional, o direito de propriedade é mais amplo, abrangendo qualquer direito de conteúdo patrimonial, econômico, tudo que possa ser convertido em dinheiro, alcançando créditos e direitos pessoais.
Alguns autores insistem em fazer distinção entre propriedade e domínio, essa distinção é perigosa e difícil, já que às vezes se diz que um é espécie e o outro é gênero e vice-versa. A posição um pouco mais predominante (entre os que se arriscam a fazer distinção) afirma que a propriedade é o gênero e o domínio é a espécie. Essa distinção se fundamenta no fato de que a PROPRIEDADE é um poder sobre coisa corpórea ou incorpórea e o domínio seria incidente sobre coisa incorpórea. Godoy: é preferível dizer que a propriedade é o gênero porque implica na possibilidade de exercer os 04 poderes acima especificados (inclusive no caput do artigo 1228). 
No novo CC/02, o proprietário permanece com as mesmas prerrogativas do CC/16 (que herdou do Código Civil Francês), entretanto, o direito de propriedade está muito diferente no novo CC/02. No CC/16, o sistema proprietário defendia os interesses da burguesia, garantido que o direito de propriedade era um direito absoluto, sem a intervenção do Estado; o proprietário tinha todos os direitos e nenhum dever. 
A propriedade continua a dar as mesmas prerrogativas, que sempre deu, mas o conteúdo e o exercício foram modificados desde a CF/88 pela idéia de funcionalização do direito de propriedade, ou seja, é a função social da propriedade que dá o tom de modificação do direito de propriedade.
Características do direito de propriedade
É direito absoluto: o titular do direito da propriedade pode utilizar a coisa como bem entender ou mesmo não utilizá-la;
É direito exclusivo: a coisa pertence a um determinado titular, com exclusividade. O caráter de exclusividade não é retirado pelos institutos do condomínio e da copropriedade. Somente o titular do direito de propriedade (ou coproprietário ou condôminos) é que poderá exercer as faculdades de usar, gozar e dispor, bem como o direito de reivindicar. 
É direito perpétuo: existe independentemente do seu exercício. O direito de propriedade somente se interrompe com a ocorrência de um fato novo. 
É direito elástico: para Orlando Gomes, a propriedade tem variados graus de elasticidade, na medida em que pode sofrer redução nos direitos reais de gozo ou fruição e nos direitos reais de garantia;
É direito complexo: é constituída por quatro atributos, que devem estar presentes para a caracterização da propriedade plena;
É direito fundamental: previsto como direito individual fundamental (Art. 5º, XXII e XXIII, da Constituição Federal), que deve ser observado tanto pelo Estado (eficácia vertical) como pelos particulares (eficácia horizontal). 
Garantias do direito de propriedade: o direito de propriedade importa em duas garantias sucessivas: de conservação e compensação.
- Garantia de conservação – ninguém pode ser privado de seus bens fora das hipóteses previstas na Constituição.
- Garantia de compensação – caso privado de seus bens, o proprietário tem o direito de receber a devida indenização equivalente aos prejuízos sofridos.
O conceito constitucional de propriedade transcende à concepção privatística estrita, abarcando outros valores de índole patrimonial, como as pretensões salariais e as participações societárias. Vê-se que esse conceito constitucional de propriedade contempla as hipotecas, penhores, depósitos bancários, pretensões salariais, ações, participações societárias, direito de patentes e marcas. Assim, embora integre o conceito de propriedade a definição constanteda legislação civil, é certo que a garantia constitucional da propriedade abrange não só os bens móveis ou imóveis, mas também outros valores patrimoniais.
O direito de propriedade deve ceder quando isso for necessário à tutela do interesse público, como ocorre nas hipóteses de desapropriação por interesse público, por utilidade ou necessidade pública, de requisição de bens etc.
FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE
Desde a CF/46, fala-se na função social da propriedade (ordem econômica), mas, somente na CF/88 (a primeira na história brasileira a fazer isso) o direito de propriedade foi tratado no artigo 5o, que garante os direitos fundamentais da pessoa humana. Isso deve levar a repensar sobre a forma de gerir a propriedade.
Artigo 5o. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País, a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
XXIII – a propriedade atenderá a sua função social;
Com o acima exposto, deve-se repensar a aplicação das prerrogativas da propriedade. USAR – o proprietário pode sempre que quiser deixar de usar a propriedade? Aliás, não pode usar sempre como quiser e não pode deixar de gozar em algumas hipóteses. GOZAR – também e é limitado. DISPOR – como regra o proprietário pode dispor como quiser, mas, nem sempre; exemplo: não pode haver recusa de fornecimento de produto de consumo (artigo 39, CDC) ou quem tenham o monopólio também não pode se recusar a dispor. REIVINDICAR – em alguns casos essa prerrogativa é afastada. Ou seja, atualmente, ao lado das prerrogativas existem os deveres que são inerentes ao direito de propriedade.
A função social da propriedade faz com que a propriedade envolva a situação jurídica de mão dupla, ou seja, o proprietário tem direitos e deveres em relação ao não proprietário, que da mesma forma, os tem em relação ao proprietário. Não há definição apriorística da função social da propriedade, ou seja, trata-se de um conceito indeterminado. A CF/88 tentou dar uma pista do que seja a função social, nos artigos 182 e 186, quando respectivamente afirma que atendem à função social:
a) imóvel urbano – quando atende às exigências do Plano Diretor Urbano; mas, se, por exemplo, mesmo cumprindo as exigências do PDU, um imóvel seja ocupado para uma atividade que utiliza mão-de-obra escrava, não estará sendo atendida a função social. O Estatuto da Cidade (artigo 5o.) afirma que o proprietário que não cumprir a função social ao imóvel urbano pode ser obrigado a ocupar, parcelar ou construir em seu imóvel, dentro do prazo (01 ano para apresentação do projeto e 02 anos para início), sob pena de progressividade do IPTU (artigo 7o.), em até 15%, ao longo de 05 anos. Essa progressão não tem natureza fiscal, tem natureza extrafiscal, funciona como sanção de proteção ambiental. No artigo 8o Estatuto da Cidade, se ainda assim o proprietário não der função social ao imóvel, sofrerá uma DESAPROPRIAÇÃO, nos seguintes termos, será feita a indenização:
1) em títulos da dívida pública, 
2) por valor venal (e não de mercado), 
3) retira-se o valor de possível valorização que o imóvel tenha sofrido em decorrência de obra pública, 
4) não cabe restituição por lucro cessante e
5) não cabe o pagamento de juros compensatórios.
O proprietário que é punido não pode ser indenizado da mesma forma que o proprietário que não está sendo punido.
b) imóvel rural – quando: aproveitamento racional e adequado da propriedade (Lei 8629/93 estabelece os percentuais de aproveitamento das áreas rurais); utilização adequada que preserva os recursos naturais e o meio ambiente; observa as disposições que regulamentam as relações de trabalho (proteção contra o trabalho escravo ou o proprietário rural que costumeiramente descumpre as exigências trabalhistas); favorece o bem estar do proprietário e dos trabalhadores. Caso não cumprida a função social, pode haver a desapropriação da propriedade rural: pagamento com títulos da dívida agrária. É proibida a desapropriação da pequena propriedade rural e da propriedade produtiva. Há imóvel que pode ser economicamente produtivo, mas, socialmente improdutivo, exemplo: fazenda toda plantada, informatizada, com as relações trabalhistas em ordem e dá enorme lucro, mas, a sua cultura é de maconha, nesse caso não será nem a desapropriação, é caso de perdimento do bem, como previsto na própria CF/88.
Atender à função social significa cumprir as exigências constitucionais básicas. Quando se diz que qualquer direito deve cumprir uma função social, quer dizer que deve atender às exigências constitucionais básicas. Exemplo: dignidade da pessoa humana.
O artigo 1228 (esse é o mais importante artigo dos direitos reais), como visto acima, veio na esteira da CF/88, com as disposições constantes em seus parágrafos.
§ 1o. O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas.
O CC/02 continua a limitar os direitos do proprietário, no parágrafo seguinte:
§ 2o. São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou utilidade, e sejam animados pela intenção de prejudicar outrem.
Esse dispositivo está a rigor redigido de maneira deficiente, em que pese ser ótima a idéia. O proprietário não pode praticar atos que não lhe tragam benefício algum, desde que sejam animados com a intenção de prejudicar outrem, sob pena de ser aplicada a Teoria do Abuso do Direito, ou seja, não se pode exercitar um direito, com o ânimo de prejudicar outrem. O requisito de existência de intenção de prejudicar outrem como requisito da teoria do abuso de direito, originou-se com no Direito Francês, mas, atualmente não se pode exigir esse requisito para a aplicação da teoria do abuso de direito. Essa teoria surgiu em um conflito de vizinhança: um vizinho construiu uma chaminé voltada para o terreno do vizinho, assim, foi questionada a possibilidade de construção nesses termos, tendo sido aplicada a teoria. 
Atualmente, a teoria do abuso do direito tem aplicação em outros ramos do Direito Civil, não ficando restrita ao direito de propriedade; consta também, por exemplo, na parte geral, em relação à responsabilidade civil. Note-se que a Teoria do Abuso do Direito não exige mais o preenchimento do requisito subjetivo, consistente na vontade de prejudicar outrem, trate-se do abuso objetivo, ou seja, basta a configuração do abuso do direito, sem mesmo a intenção de prejudicar outrem. Assim, se o indivíduo já estiver prejudicando alguém, mesmo que não tenha essa vontade deliberada, caberá a indenização.
Não existe um conceito constitucional fixo, estático de propriedade, afigurando-se, fundamentalmente, legítimas não só as novas definições de conteúdo como a fixação de limites destinados a garantira sua função social. Deve-se reconhecer que a garantia constitucional da propriedade está submetida a um intenso processo de relativização, sendo interpretada de acordo com os parâmetros fixados pela legislação ordinária. Tais limitações devem preservar o direito de propriedade enquanto garantia constitucional, observando o princípio da proporcionalidade, que exige que as restrições sejam adequadas, necessárias e proporcionais. É necessária a ponderação entre interesse individual e o interesse da comunidade. A vinculação social da propriedade, que legitima a imposição de restrições, não pode ir ao ponto de coloca-la única e exclusivamente a serviço do Estado ou da comunidade.
O direito de propriedade abrange tanto os bens corpóreos como incorpóreos (propriedade intelectual). A propriedade intelectual abrange os “direitos de autor” e os direitos relativos à “propriedade industrial”, como a proteção de marcas e patentes.
Os direitosautorais têm sua proteção regulamentada na Lei 9610/98, que no artigo 7º define obras intelectuais protegidas como “as criações de espírito, expressas por qualquer meio ou fixadas em qualquer suporte, tangível ou intangível, conhecido ou que se invente no futuro” (exs: textos de obras literárias, composições musicais, obras audiovisuais, programas de computador, etc.).
A propriedade industrial é regulamentada na Lei 9279/96, que no seu artigo 2º assegura a “proteção dos direitos relativos à propriedade industrial mediante a concessão de patentes de invenção e concessão de registro de marca e repressão à concorrência desleal.
A Constituição enumera ainda como direito individual o direito à herança (artigo 5º, XXX), através do qual o proprietário tem a garantia de que o patrimônio que acumulou durante toda a vida poderá ser transmitido conforme sua vontade, não permitindo a apropriação do Estado.
Proteção especial foi conferida à pequena propriedade rural produtiva, pois foi concedido a ela imunidade ao imposto territorial rural, além de impenhorabilidade em relação ao pagamento dos débitos decorrentes de sua atividade produtiva.
"É inconstitucional a lei municipal que tenha estabelecido, antes da EC 29/2000, alíquotas progressivas para o IPTU, salvo se destinada a assegurar o cumprimento da função social da propriedade urbana." (Súmula 668.)
“IPTU. (...) Antes da EC 29/2000, a utilização da técnica de tributação progressiva somente era admitida para assegurar a função social da propriedade (art. 156, § 1º, da Constituição), condicionada nos termos do art. 182, § 2º e § 4º, da Constituição. Era, portanto, inconstitucional a tributação progressiva, com fins extrafiscais, baseada na capacidade contributiva ou na seletividade. Súmula 668/STF.” (RE 437.107-AgR, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 6-4- 2010, Segunda Turma, DJE de 23-4-2010.) No mesmo sentido: RE 543.023-AgR, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento em 16-8-2011, Segunda Turma, DJE de 19-10-2011. Vide: RE 423.768, Rel. Min. Marco Aurélio, julgamento em 1º-12- 2010, Plenário, DJE de 10-5-2011; AI 582.467-AgR, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 22-6-2010, Segunda Turma, DJE de 6-8-2010; AI 583.636-AgR, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 6-4-2010, Segunda Turma, DJE de 30- 4-2010; AI 573.560-AgR, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 27-3-2007, Segunda Turma, DJE de 4-5-2007; AI 468.801-AgR, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 21-9-2004, Primeira Turma, DJE de 15-10-2004.
“Solo criado é o solo artificialmente criado pelo homem (sobre ou sob o solo natural), resultado da construção praticada em volume superior ao permitido nos limites de um coeficiente único de aproveitamento. (...) Não há, na hipótese, obrigação. Não se trata de tributo. Não se trata de imposto. Faculdade atribuível ao proprietário de imóvel, mercê da qual se lhe permite o exercício do direito de construir acima do coeficiente único de aproveitamento adotado em determinada área, desde que satisfeita prestação de dar que consubstancia ônus. Onde não há obrigação não pode haver tributo. Distinção entre ônus, dever e obrigação e entre ato devido e ato necessário. (...) Instrumento próprio à política de desenvolvimento urbano, cuja execução incumbe ao Poder Público municipal, nos termos do disposto no art. 182 da CF. Instrumento voltado à correção de distorções que o crescimento urbano desordenado acarreta, à promoção do pleno desenvolvimento das funções da cidade e a dar concreção ao princípio da função social da propriedade (...).” (RE 387.047, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 6-3-2008, Plenário, DJE de 2-5-2008.) No mesmo sentido: RE 226.942, Rel. Min. Menezes Direito, julgamento em 21-10-2008, Primeira Turma, DJE de 15-5-2009.
DESAPROPRIAÇAO JUDICIAL
As maiores novidades em direitos reais constam nos parágrafos abaixo transcritos, que rompem com a idéia de que a propriedade não pode ser perdida pelo seu não uso
§ 4o. O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de 05 anos, de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico relevante.
§ 5o. No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário; pago o preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel em nome dos possuidores.
No § 4o., está prevista uma possibilidade de perda da propriedade imóvel, que vem complementada no § 5o, estabelecendo o pagamento de indenização e permitindo que o título seja apto ao registro no RGI em nome dos possuidores. Essa medida é uma revelação muito nítida do princípio da socialidade é a idéia de funcionalização da propriedade. Essa é uma providência nova, que suscita algumas questões relevantes:
Denominação: os autores estão dando nomes distintos para o instituto: desapropriação judicial, posse trabalho, desapropriação pró-labore, é a medida por meio da qual o proprietário vai buscar a propriedade do imóvel, e fica sem ele.
Requisitos:
1) Somente se aplica a imóvel urbano ou rural;
2) O imóvel deve ter área extensa, mas, o CC/02 não tarifou, não disse o tamanho da área, o legislador considerou que a lei é nacional, e por isso, em cada região esse conceito é diferente, ou seja, o juiz do caso concreto é que irá aferir se se trata ou não de uma extensa área de terras para o fim do instituto;
3) Número considerável de pessoas, mais uma vez o legislador não disse, mas, o seu objetivo foi solucionar grandes ocupações, o juiz irá verificar o caso concreto;
4) A ocupação deve ser superior a 05 anos, de maneira ininterrupta e de boa-fé;
5) O número considerável de pessoas deve ter introduzido obra ou serviço de interesse social, a idéia é a de que os possuidores tenham dado uma utilização consoante com o interesse social, o que não foi feito pelo proprietário. É evidente que a utilização dos possuidores não pode ser especulativa;
Indenização é requisito para a sentença, que servirá de título. Se o juiz julgar a ação reivindicatória improcedente, para permitir que a sentença seja levada a RGI, para aquisição da propriedade pelos possuidores, deve ser paga a indenização. Quem paga? Os possuidores; na tramitação do projeto, houve uma proposta para que a indenização fosse arcada pelo poder público, e isso não passou; essa medida difere do usucapião exatamente porque os possuidores devem pagar uma indenização; se os possuidores não quiserem pagar a indenização, não poderão utilizar-se da medida. Em que instante será determinada a indenização? É um problema processual; normalmente, leva-se a pensar que seria na liquidação da sentença (até mesmo de improcedência caso o pedido tenha sido formulado por contestação) até por arbitramento. Se os possuidores não pagam, a sentença não pode ser registrada, e a situação do proprietário fica como? Ele não é mais o proprietário, mas, os possuidores também ainda não o são. O proprietário pode executar a sentença que consta um crédito em seu favor? Irá penhorar o que, se os possuidores não têm outros bens? Não pode penhorar a área, já que os possuidores ainda não são proprietários dela. Solução viável seria o arbitramento de uma indenização ainda na fase de conhecimento, ou seja, durante a tramitação do processo, antes de apreciar o mérito, o juiz determina o depósito prévio da indenização.
Requerimento: deverá ser requerida pelos possuidores? Sim, o juiz não pode reconhecer de ofício, até porque tem indenização. Porque que meio processual? O § 5o. fala em uma única sentença (reivindicatória do proprietário), na própria contestação ou em uma reconvenção (problema processual), o que não é necessário é nova ação. 
Registro: como há um número considerável de pessoas, como o juiz irá determinar o registro no RGI, a solução viável parece ser o registro sob a forma de condomínio.
Forma de aquisição: é forma originária ou derivada da propriedade? Há divergência,porque se trata de uma medida nova. Godoy: é forma de aquisição originária da propriedade porque não depende de relações anteriores, “tudo que é anterior morre” (hipoteca).
Não é um usucapião: porque tem indenização.
Não é desapropriação: porque o poder público não paga a indenização.
É uma medida que afeta de morte o direito de propriedade, é a grande novidade dos direitos reais como um todo. Assim, o proprietário pode perder a propriedade em uma ação reivindicatória que mova.
Todas essas disposições permitem afirmar que o direito de propriedade está delineado em nossa Constituição como uma típica norma constitucional de eficácia contida, pois pode ser restringida por meio de certos conceitos de larga difusão no direito público: necessidade e utilidade pública, interesse social, perigo público iminente. 
Enunciados das Jornadas de Direito Civil do CJF sobre desapropriação judicial:
82 – Art. 1.228: É constitucional a modalidade aquisitiva de propriedade imóvel prevista nos §§ 4º e 5º do art. 1.228 do novo Código Civil.
83 – Art. 1.228: Nas ações reivindicatórias propostas pelo Poder Público, não são aplicáveis as disposições constantes dos §§ 4º e 5º do art. 1.228 do novo Código Civil. (Alterado pelo Enunciado 304 – IV Jornada)
84 – Art. 1.228: A defesa fundada no direito de aquisição com base no interesse social (art. 1.228, §§ 4º e 5º, do novo Código Civil) deve ser argüida pelos réus da ação reivindicatória, eles próprios responsáveis pelo pagamento da indenização.
240 – Art. 1.228: A justa indenização a que alude o § 5º do art. 1.228 não tem como critério valorativo, necessariamente, a avaliação técnica lastreada no mercado imobiliário, sendo indevidos os juros compensatórios.
241 – Art. 1.228: O registro da sentença em ação reivindicatória, que opera a transferência da propriedade para o nome dos possuidores, com fundamento no interesse social (art. 1.228, § 5º), é condicionada ao pagamento da respectiva indenização, cujo prazo será fixado pelo juiz.
304 – Art. 1.228: São aplicáveis as disposições dos §§ 4º e 5º do art. 1.228 do Código Civil às ações reivindicatórias relativas a bens públicos dominicais, mantido, parcialmente, o Enunciado 83 da I Jornada de Direito Civil, no que concerne às demais classificações dos bens públicos.
305 – Art. 1.228: Tendo em vista as disposições dos §§ 3º e 4º do art. 1.228 do Código Civil, o Ministério Público tem o poder-dever de atuar nas hipóteses de desapropriação, inclusive a indireta, que encerrem relevante interesse público, determinado pela natureza dos bens jurídicos envolvidos.
306 – Art. 1.228: A situação descrita no § 4º do art. 1.228 do Código Civil enseja a improcedência do pedido reivindicatório.
307 – Art. 1.228: Na desapropriação judicial (art. 1.228, § 4º), poderá o juiz determinar a intervenção dos órgãos públicos competentes para o licenciamento ambiental e urbanístico.
308 – Art. 1.228: A justa indenização devida ao proprietário em caso de desapropriação judicial (art. 1.228, § 5º) somente deverá ser suportada pela Administração Pública no contexto das políticas públicas de reforma urbana ou agrária, em se tratando de possuidores de baixa renda e desde que tenha havido intervenção daquela nos termos da lei processual. Não sendo os possuidores de baixa renda, aplica-se a orientação do Enunciado 84 da I Jornada de Direito Civil.
309 – Art. 1.228: O conceito de posse de boa-fé de que trata o art. 1.201 do Código Civil não se aplica ao instituto previsto no § 4º do art. 1.228.
310 – Art. 1.228: Interpreta-se extensivamente a expressão “imóvel reivindicado” (art. 1.228, § 4º), abrangendo pretensões tanto no juízo petitório quanto no possessório.
311 – Caso não seja pago o preço fixado para a desapropriação judicial, e ultrapassado o prazo prescricional para se exigir o crédito correspondente, estará autorizada a expedição de mandado para registro da propriedade em favor dos possuidores.
DESAPROPRIAÇÃO 
OBS: MANTIVE NO RESUMO AS CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE DESAPROPRIAÇÃO. TODAVIA, ESTA MATÉRIA TAMBÉM É OBJETO DO PONTO 4 (DIREITO ADMINISTRATIVO).
Considerações sobre DESAPROPRIAÇÃO contidas nos resumos de direito administrativo:
DESAPROPRIAÇÃO
A desapropriação, ensina Marco Aurélio Greco, deve configurar “uma OPERAÇÃO BRANCA, sem enriquecer nem empobrecer o proprietário. A justa indenização deve manter íntegro o patrimônio do expropriado, cobrindo o prejuízo causado pelo desapossamento dos bens. De outra forma, estar-se-ia gravando um só cidadão, para beneficiar a coletividade, o que não seria conforme ao princípio da solidariedade social”.
De todas as modalidades de limitação, a desapropriação é a única modalidade que irá importar na perda da propriedade. Por isso se diz que a desapropriação é a forma mais drástica de intervenção do Estado na propriedade privada. Em relação à Administração, é uma forma de aquisição da propriedade. 
A desapropriação exige sempre um fundamento legal para a sua realização. 
Pode ser conceituada como o PROCEDIMENTO, por meio do qual o Estado, compulsoriamente, retira de alguém certo bem, por necessidade ou utilidade pública ou interesse social e o adquire, ORIGINARIAMENTE, para si ou para outrem, de regra, mediante prévia e justa indenização, paga em dinheiro, salvo os casos que a constituição enumera, em que o pagamento é feito com títulos da dívida pública (art. 182, parágrafo 4º, III) ou da dívida agrária (art. 184).
Características:
1) Procedimento: a desapropriação é um procedimento, já que conta com uma série ordenada de atos, dentro de uma lógica determinada em lei, com fases específicas. Geralmente tem duas fases: uma administrativa e uma judicial.
2) Natureza jurídica da aquisição por desapropriação: trata-se de uma forma de aquisição ORIGINÁRIA da propriedade. O antigo dono pode concordar ou não, e a desapropriação ocorrerá da mesma forma (não existe vínculo entre a Administração e o proprietário). Dá início a uma nova cadeia causal para futuras transferências do bem. Em conseqüência, com a desapropriação, consideram-se EXTINTOS os DIREITOS REAIS de terceiros sobre a coisa. A possibilidade de acordo em relação ao preço não afasta a sua característica de forma de aquisição originária da propriedade.
3) Objeto: é a aquisição de bem MÓVEL ou IMÓVEL, CORPÓREO ou INCORPÓREO, PÚBLICO ou PRIVADO. Pode-se desapropriar o espaço aéreo, o subsolo, cessão de créditos, obras e livros, basta a existência de justificativa para tanto.
Bem público pode ser desapropriado obedecida a ordem de seqüência política: UNIÃO → ESTADO → MUNICÍPIO. Assim, bem público da União não pode ser desapropriado. ATENÇÃO: quando se tratar de desapropriação de bem público é necessária a existência de AUTORIZAÇÃO LEGISLATIVA (da pessoa jurídica EXPROPRIANTE). 
Há quem entenda que a regra seria inconstitucional porque, ao criar “hierarquia” entre as pessoas políticas, estaria ferindo a forma federativa de Estado. Por sua vez, há uma 2a corrente que não vê inconstitucionalidade (essa é a corrente da DI PIETRO e do CARVALHO FILHO, albergada pelo STF), segundo a qual da SOBERANIA - exercida exclusivamente pela União - resulta o DOMÍNIO EMINENTE do Estado (poder que a União detém sobre todas as coisas que estão no seu território), que é o fundamento da desapropriação, portanto, mais forte que a simples autonomia dos outros entes federados.
O § 3º do art. 2º da LGD PROÍBE a desapropriação, pelos estados, DF e Municípios de ações, cotas e direitos representativos do capital de instituições e empresas cujo funcionamento dependa de autorização do Governo Federal, SALVO mediante prévia autorização, por decreto do Presidente da República.
Não são desapropriáveis bens ligados ao direito de personalidade, direitos autorais, vida, imagem e alimentos. 
A insuscetibilidade de alguns bens à desapropriação pode decorrer de impossibilidade jurídica (decorrente da lei/constituição, como a propriedade produtiva para fins de reforma agrária) ou de impossibilidadematerial (moeda corrente, direitos personalíssimos).
Carvalho Filho menciona que tem gerado dúvidas a possibilidade de desapropriação de bens inalienáveis e opina no sentido de que “nada obsta a que sejam desapropriados, porque a inviabilidade de alienação não pode prevalecer diante do ius imperii do Estado. O que se exige, é claro, é que o motivo seja um daqueles previstos na lei expropriatória”.
Ainda segundo Carvalho Filho, discute-se a possibilidade de desapropriação de bens particulares tombados. Para esse autor, a entidade maior pode desapropriar bem tombado pela entidade menor, desde que comprovado que o interesse público a ser atendido pela desapropriação tem prevalência sobre o que gerou o tombamento. Contudo, não pode a entidade menor desapropriar bem tombado pela entidade maior, “porque é de se supor que o interesse atendido por esta última prevalece sobre a proteção do patrimônio local objeto do ato restritivo. A desapropriação somente seria admissível se houvesse autorização da autoridade maior”.
Finalmente, ainda segundo Carvalho Filho, quando se trata de bens de entidades da administração indireta, aplica-se também a regra da “hierarquia” da pessoa federativa a que está vinculada tal entidade. Assim, não pode um Estado desapropriar bens de sociedade de economia mista federal, seja qual for a natureza e a destinação destes bens. Segundo o Autor, esse é o entendimento do STF e do STJ.
ADMINISTRATIVO - DESAPROPRIAÇÃO - BEM DE EMPRESA PÚBLICA FEDERAL - MUNICÍPIO - AUSÊNCIA DE AUTORIZAÇÃO DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA - IMPOSSIBILIDADE.
A ECT é uma empresa pública federal, com capital total da União, e não pode ter os seus bens desapropriados por um Município, sem prévia autorização, por decreto, do Presidente da República.
Recursos providos.
(REsp 214878/SP, Rel. Ministro GARCIA VIEIRA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 05/10/1999, DJ 17/12/1999, p. 330)
Importante a Súmula n.º 479 do STF: As margens dos rios NAVEGÁVEIS são de domínio público, insuscetíveis de expropriação e, por isso mesmo, excluídas de indenização.
4) Competência legislativa: privativa da União, mas os Estados podem ser autorizados por meio de lei complementar para legislar sobre questões específicas da matéria. 
Art. 22 da CF/88 - Compete privativamente à União legislar sobre:
II - desapropriação;
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo.
5) Sujeito ativo ou competência material: é o Poder Público. A competência para DECLARAR a utilidade pública ou o interesse social não se confunde com a de EXECUTAR a desapropriação, já que outros entes podem promover a desapropriação em nome do poder público. 
Essa competência declaratória é concorrente da União, Estados, DF, Municípios e Territórios. No caso de desapropriação para fins de reforma agrária é exclusiva da União. EXCEÇÃO: competência do DNER (para declarar, com vistas à abertura de estradas e outras atividades do gênero – DL 512/69) e da ANEEL (para declarar, com vistas a instalações de concessionários ou permissionários de energia elétrica – Lei 9.648/98).
A competência para promover (executar) a desapropriação é da: União, Estados, Municípios, Distrito Federal, autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista e CONCESSIONÁRIAS ou PERMISSIONÁRIAS de serviços públicos. Por exemplo, na desapropriação para fins de reforma agrária, quem desapropria é a União, mas quem promove é o INCRA. Podem desapropriar, mas não podem declarar o interesse: somente o Chefe do Poder Executivo e o Legislativo podem declarar a desapropriação. 
AUTORIZAÇÃO para desapropriação pela administração indireta e concessionárias ou permissionárias pode ser feita por meio de LEI ou de CONTRATO. 
6) Sujeito passivo: é o proprietário que pode ser pessoa física ou jurídica, pública ou privada. O DL 3.365 prevê expressamente a supremacia dos entes políticos: União sobre os Estados e Municípios; os Estados sobre os municípios de seus territórios. Há autores que afirmam que essa possibilidade fere a autonomia dos entes públicos (minoritária).
7) Indenização: será identificada em cada tipo específico de desapropriação. 
8) Pressupostos ou fundamentos legais:
A desapropriação deverá preencher os fundamentos legais abaixo. Esses fundamentos têm base constitucional no artigo 5o, XXIV, CF/88:
“a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição”. 
a) UTILIDADE PÚBLICA: reside na conveniência e na oportunidade, ou seja, o uso do bem será conveniente para a própria administração Pública. Sem urgência.
b) INTERESSE SOCIAL: interesse da sociedade. Geralmente, são instrumentos de incremento social, vão beneficiar de alguma forma as camadas mais baixas da sociedade. O uso não é da Administração Pública. Geralmente, não permanece no parâmetro do ente expropriante.
ADMINISTRATIVO. RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA.DESAPROPRIAÇÃO PARA FINS DE INTERESSE SOCIAL PARA IMPLANTAÇÃO DE COLÔNIAS OU COOPERATIVAS DE POVOAMENTO E TRABALHO AGRÍCOLA. ESTADO-MEMBRO. COMPETÊNCIA.
1. Qualquer ente da Federação possui competência para efetuar desapropriação de imóvel rural para fins de interesse social, com vistas à implantação de colônias ou cooperativas de povoamento e trabalho agrícola, mediante o pagamento de prévia e justa indenização em dinheiro, nos termos do art. 5º, XXIV, da Constituição Federal c/c o art. 2º da Lei n. 4.132/1962.
2. O Supremo Tribunal Federal, em 2 de setembro de 2003, no julgamento da SS n. 2.217/RS, suspendeu os efeitos de acórdão do STJ, entendendo não invadir a competência da União desapropriação efetuada por Estado-Membro cuja finalidade se assemelha àquela destinada à reforma agrária, tendo em vista que a expropriação prevista no art. 5º, XXIV da Constituição Federal não se confunde com a do art. 184 do mesmo diploma.
3. Recurso ordinário improvido.
(RMS 13.959/RS, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, SEGUNDA TURMA, julgado em 06/09/2005, DJ 03/10/2005 p. 155)
c) NECESSIDADE PÚBLICA: era um pressuposto que estava previsto no CC/16 e consistia em uma necessidade urgente. O DL 3.365/41 (Disciplina as desapropriações de utilidade pública) absorveu a necessidade pública dentro das hipóteses de utilidade pública. O D.L. NÃO DIFERENCIA necessidade e utilidade pública.
MARINELA: a distinção entre a utilidade e necessidade pública é feita em decorrência do caráter de urgência; no Decreto Lei NÃO há distinção, é como se fosse uma coisa só: necessidade e utilidade.
A doutrina tradicional, no entanto, assim se posiciona, quanto à diferença entre utilidade e necessidade pública: Utilidade pública: expressão utilizada para designar as situações em que a desapropriação evidencia-se ÚTIL ou VANTAJOSA para o interesse público, sem que se afigure indispensável. Já a necessidade pública contempla as situações em que a desapropriação mostra-se INDISPENSÁVEL ao alcance do interesse público.
Espécies de Desapropriação: 
Desapropriação Comum Ou Desapropriação Ordinária Ou Desapropriação Regular: todos os entes políticos podem. Quaisquer bens podem ser desapropriados, exceto os proibidos. A indenização é prévia, justa e em dinheiro. A necessidade de socorrer-se ao Judiciário decorre, na maioria das vezes, pelo descumprimento das exigências referentes à indenização. Disciplinada pelo DL 3.365/41 (utilidade e necessidade pública) e Lei 4.132/62 (interesse social);
Desapropriação Florística: é a desapropriação que ocorre para a proteção ambiental, ou seja, é feita para formação de reserva ambiental. A jurisprudência ultimamente vem dizendo que a pessoa que tenha o patrimônio restringido para proteção ambiental não caracteriza desapropriação, mas simplesmente um ato abstrato geral de limitação administrativa, não consistindo em uma desapropriação porque não hámudança de propriedade. Entretanto, quando o Poder Público vai entrar no bem ou tomar o bem há a desapropriação florística, mas em caso contrário o proprietário terá que suportar a limitação administrativa, sem a configuração de desapropriação. Conclusão: não é qualquer reserva que configura a desapropriação. Se o proprietário não é tolhido de sua propriedade, há mera limitação administrativa, sem a obrigatoriedade de indenização;
Desapropriação Sancionatória: tem natureza jurídica de penalidade. A FUNÇÃO SOCIAL tem elementos objetivos e está prevista na lei, variando, em linhas gerais, conforme a propriedade seja imóvel urbana (em razão do PDU – Plano Diretor Urbano, obrigatório para os municípios com mais de 20 mil habitantes) ou propriedade imóvel rural. A função social fica prejudicada quando o imóvel não é utilizado ou é subutilizado, de modo que o imóvel deve ser utilizado e utilizado de forma adequada (EXEMPLO: o proprietário de um imóvel à beira-mar não pode deixá-lo sem utilização). Como se trata de sanção, a indenização da desapropriação imóvel urbana será feita por TÍTULOS DA DÍVIDA PÚBLICA resgatáveis em no máximo 10 anos, a partir do segundo ano. PERGUNTA: o poder público pode desapropriar para alienar o bem? SIM, o poder público pode alienar o bem que foi desapropriado, desde que expressamente conste no decreto o interesse em desapropriação. Se não declarar isso, a alienação dará direito à RETROCESSÃO pelo proprietário. Na zona rural, a função social ocorre quando atendida a exigência de proteção ambiental, respeito às relações trabalhistas, aproveitamento racional e adequado, exploração que favoreça o bem-estar de trabalhadores e proprietários. A competência material para desapropriação para fins de reforma agrária é da União. O objeto da desapropriação é o imóvel rural. A indenização é feita em TÍTULOS DA DÍVIDA AGRÁRIA resgatáveis em 20 anos, a partir do 2o ano de sua emissão; as BENFEITORIAS ÚTEIS e NECESSÁRIAS serão indenizadas em DINHEIRO e não em títulos. O plantio, venda ou transporte de plantas psicotrópicas proibidas dá ensejo à desapropriação sanção, que é, neste caso, propriamente, um confisco. Registre-se que o confisco consiste em uma das formas de intervenção estatal na propriedade, em que se verifica a transferência da titularidade do bem, sem que o antigo proprietário tenha qualquer direito à indenização. Constatado o cultivo ilegal de plantas psicotrópicas, ficará, ainda, o titular da gleba em questão sujeito às demais sanções decorrentes da prática do crime correspondente. Convém salientar que o confisco é medida excepcional; é, em regra, proibido pela Constituição Federal, tendo aplicabilidade restrita à hipótese de ser constatada cultura ilegal de plantas psicotrópicas (art. 243, caput, da CF). A expropriação de glebas a que se refere aludido dispositivo deverá abranger TODA a propriedade e não apenas a área efetivamente cultivada (Informativo n. 540 do STF – 23 a 27 de março de 2009;
Desapropriação Indireta: é uma ação de natureza de DIREITO REAL. Se o patrimônio estiver incorporado pelo poder público, o juiz irá condenar à indenização e não à devolução. A incorporação tem sido entendida pela jurisprudência como a simples posse. EXEMPLO: colocar duas máquinas e derrubar uns tijolos. O poder público será condenado. Os tribunais superiores estabeleceram três requisitos ou condições para a caracterização da desapropriação indireta: i) apossamento do bem por parte do Estado; ii) afetação do bem a uma destinação pública; iii) irreversibilidade da situação. Se o Estado estiver ameaçando a posse (antes do apossamento), a medida judicial cabível é o interdito proibitório; se já estiver havendo turbação da posse, a medida judicial cabível é a ação de manutenção de posse; se já houve o esbulho, a medida judicial cabível é a ação de reintegração de posse; se já houve afetação a alguma finalidade pública, a única saída é o ingresso com a ação de indenização por desapropriação indireta. A competência para o julgamento da ação de desapropriação indireta é regulado pelo local do imóvel (art. 95 do Código de Processo Civil).
Súmula 119 do STJ: A ação de desapropriação indireta prescreve em vinte anos.
STJ, ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA. PRAZO PRESCRICIONAL. AÇÃO DE NATUREZA REAL. USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIO. SÚMULA 119/STJ. PRESCRIÇÃO VINTENÁRIA. CÓDIGO CIVIL DE 2002. ART. 1.238, PARÁGRAFO ÚNICO. PRESCRIÇÃO DECENAL. REDUÇÃO DO PRAZO. ART. 2.028 DO CC/02. REGRA DE TRANSIÇÃO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. ART. 27, §§ 1º E 3º, DO DL 3.365/1941. 1. A ação de desapropriação indireta possui natureza real e, enquanto não transcorrido o prazo para aquisição da propriedade por usucapião, ante a impossibilidade de reivindicar a coisa, subsiste a pretensão indenizatória em relação ao preço correspondente ao bem objeto do apossamento administrativo. 2. Com fundamento no art. 550 do Código Civil de 1916, o STJ firmou a orientação de que "a ação de desapropriação indireta prescreve em 20 anos" (Súmula 119/STJ). 3. O Código Civil de 2002 reduziu o prazo do usucapião extraordinário para 10 anos (art. 1.238, parágrafo único), na hipótese de realização de obras ou serviços de caráter produtivo no imóvel, devendo-se, a partir de então, observadas as regras de transição previstas no Codex (art. 2.028), adotá-lo nas expropriatórias indiretas [...] (REsp 1300442/SC, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 18/06/2013, DJe 26/06/2013)
	DESAPROPRIAÇÃO COMUM ou DESAPROPRIAÇÃO ORDINÁRIA
	DESAPROPRIAÇÃO POR NECESSIDADE OU UTILIDADE PÚBLICA
(DL 3365/41 – estatuto base da desapropriação)
	IMÓVEL URBANO HABITADO PELO PROPRIETÁRIO (DL 1075/70)
	
	
	PARA FINS RODOVIÁRIOS (DL 512/69 competência do DNER, hoje DNIT- abertura de estradas e outras atividades do gênero – DL 512/69) 
	
	
	ÁREAS PARA IMPLANTAÇÃO DE INSTALAÇÕES DE CONCESSIONÁRIOS, PERMISSIONÁRIOS E AUTORIZADOS DE ENERGIA ELÉTRICA – Lei 9468/98
	
	DESAPROPRIAÇÃO POR INTERESSE SOCIAL
	Lei 4132/63
	DESAPROPRIAÇÃO SANCIONATÓRIA
	DESAPROPRIAÇÃO PELA FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE 
	DESAPROPRIAÇÃO POR INTERESSE SOCIAL PARA FINS DE REFORMA AGRÁRIA 
Reforma agrária (artigos 184 e 191, CF/88); LC 76/93 (aspectos processuais), L 8629/93 (aspecto material)
	
	
	DESAPROPRIAÇÃO SANÇÃO PARA FINS URBANÍSTICOS L10257/01; artigo 182, §4º, CF/88
Tem como objeto o solo não edificado, sub-utilizado ou não utilizado; pode ser de utilização pública ou de interesse social, dependendo da destinação a ser dada ao bem. Quando se está falando de PDU (PLANO DIRETOR URBANO), trata-se somente de bem imóvel urbano.
Antes da desapropriação é obrigatória a determinação de edificação compulsória (projeto em 01 ano e começar a construir em 02 anos).
Depois dessa medida, é cabível o IPTU progressivo ou IPTU com alíquota progressiva. A progressão da alíquota ocorrerá no período de 05 anos, até alcançar o limite de 15% do bem imóvel. Somente depois dele é que caberá a desapropriação.
Em primeiro lugar, quem tem competência é o Município. O DF não pode ser dividido em municípios, então tem as competências de municípios; assim, pode desapropriar em decorrência do PDU (PLANO DIRETOR URBANO).
	
	CULTIVO E TRÁFICO DE ENTORPENCENTES
	Psicotrópicos proibidos
DESAPROPRIAÇÃO POR INTERESSE SOCIAL DE ÁREAS DE CULTIVO DE PLANTAS PSICOTRÓPICAS L 8257/93 ARTIGO 243, CF. É confisco; não tem indenização.
Expropriação é a desapropriação sem indenização.
A área será utilizada para assentamento de colonos para a plantação de produtos alimentícios ou medicamentosos.
	
	
	Bem de valor econômico usado no tráfico. Mesma regra acima, mas a destinação é outra: o patrimônio deve ser utilizado no incremento ou implementação da investigação contra o crime de tráfico. Os bens também podem ser utilizados nas casas de recuperação de viciados.
	DESAPROPRIAÇÃO INDIRETA
	O poder público ingressa no patrimônio particular sem obediência às regras legais (formalidades) necessárias a uma desapropriação.
É um ESBULHO ou DESAPOSSAMENTOADMINISTRATIVO.
Ao particular somente resta a alternativa da via judicial.
	O DL 3365/41 prevê o prazo prescricional de 05 anos para ingresso na via judicial (esse prazo é muito discutido, ver abaixo).
É desapropriação que pode ser praticada por quaisquer dos entes políticos.
Se o bem já estiver incorporado ao patrimônio público (AFETAÇÃO), o juiz somente irá determinar a resolução em perdas e danos.
O pagamento da indenização deve ser feito por meio de precatório, porque resultante de uma decisão judicial.
FASES DO PROCEDIMENTO EXPROPRIATÓRIO:
O procedimento da desapropriação comporta duas fases: declaratória e executória.
A desapropriação pode ser feita por meio administrativo ou por via judicial. A judicial ocorrerá em duas hipóteses:
proprietário desconhecido (para não pagar errado); pode ser feita a desapropriação, mesmo que não exista registro no RGI - Registro Geral de Imóveis, porque a desapropriação é forma originária de aquisição da propriedade;
falta de acordo em relação ao valor.
Fase declaratória:
Abre o procedimento expropriatório e inicia-se com a PUBLICAÇÃO do ato de declaração da expropriação (declarando o bem de utilidade pública ou de interesse social). Este ato pode se consubstanciar em:
1) DECRETO expropriatório do chefe do Executivo ou;
2) LEI de efeitos concretos pelo Poder Legislativo (que será regulamentada por atos administrativos praticados pelo Executivo), nos termos do DL 3.365. Alguns doutrinadores afirmam que o ideal seria um decreto legislativo, porque seria dispensada a sanção do chefe do Executivo. José dos Santos Carvalho Filho afirma que não deveria ser lei de efeitos concretos, mas sim um decreto legislativo que não depende de qualquer sanção do Executivo, ou seja, ele não pode vetar o decreto, enquanto que a lei pode ser objeto de veto, que evidentemente pode ser derrubado pelo Legislativo. O Legislativo não pode dar seguimento ao processo, ou seja, não pode realizar a fase executiva, que caberá à Administração. 
Ato declaratório de desapropriação: tem papel relevante, na medida em que, ao iniciar o procedimento expropriatório, estabelece todos os requisitos e exigências que devem ser cumpridos durante todo o procedimento expropriatório. 
Inclusive, ao final, se a finalidade constante no ato declaratório não for atendida, gerará o direito à retrocessão pela tredestinação. 
A retrocessão é direito que assiste ao ex-proprietário de exigir, da Administração (expropriante), a devolução do bem expropriado, caso não tenha sido conferida ao mesmo a finalidade pública indicada quando da desapropriação.
A tredestinação é desvio de finalidade ocorrido na desapropriação em virtude do não-uso do bem ou do descompasso existente entre a destinação posterior conferida ao bem e aquela indicada no ato expropriatório, de modo que não reste configurada hipótese de necessidade pública, utilidade pública ou interesse social.
REQUISITOS DO ATO DECLARATÓRIO: 
1) sujeito ativo de expropriação; 
2) o fundamento legal da expropriação; 
3) a finalidade da expropriação; 
4) a descrição do bem; 
5) a fonte orçamentária; 
6) a destinação a ser dada ao bem.
Somente haverá via judicial quando não houver acordo ou quando o proprietário for desconhecido.
O ato produz alguns efeitos. Efeitos imediatos do ato declaratório:
1) Fixar o estado do bem: em que situação o bem se encontra, inclusive benfeitorias. Esse será o objeto da desapropriação. As benfeitorias que forem acrescentadas após o ato somente serão indenizadas se NECESSÁRIAS ou, no caso das ÚTEIS, se forem AUTORIZADAS; as VOLUPTUÁRIAS NUNCA serão indenizadas.
Atentar para a Súmula 23 do STF: “Verificados os pressupostos legais para o licenciamento da obra, não o impede a declaração de utilidade pública para desapropriação do imóvel, mas o valor da obra não se incluirá na indenização, quando a desapropriação for efetivada”.
2) Submeter o bem à força expropriatória estatal: ainda não é objeto de transferência de propriedade, mas o Estado já poderá exercer alguns atos de ingerência no bem, tais como, livre acesso ao bem para medições e adoção de providências preparatórias para implementação de desapropriação;
3) Conferir ao Poder Público o direito de penetrar no bem a fim de fazer verificações e medições, desde que as autoridades atuem com moderação e sem excesso de poder;
4) Iniciar o prazo de CADUCIDADE: o próprio prazo de validade do ato, que depende do tipo de desapropriação. Nesse prazo, a administração tem que tentar efetivar administrativamente a desapropriação ou pelo menos ajuizar ação com esse fim, sob pena de caducidade.
Prazos de caducidade (prazo da decretação até a fase executiva, com pagamento do dinheiro para entrada no bem), de regra, são dois:
Utilidade ou necessidade pública: prazo de 05 anos. Esse prazo pode ser renovado por mais 05 anos.
A declaração de desapropriação ficará SEM EFEITO, caso não sejam respeitados os prazos de caducidade. 
Somente depois do decurso de 01 ANO é que poderá ser feita NOVA DECRETAÇÃO de desapropriação.
Interesse social: prazo de 02 anos (para efetivação da desapropriação e, também, para as providências de aproveitamento do bem), SEM possibilidade de RENOVAÇÃO, por falta de previsão legal. E não pode ser renovada como no caso acima. Segundo o STF, há caducidade do direito.
Esse prazo aplica-se também às desapropriações por interesse social para fins de reforma agrária – LC 76/93 – art. 3º.
Não há previsão legal de caducidade do decreto expropriatório no caso da desapropriação por descumprimento da função social da propriedade urbana, nem das terras usadas para o cultivo de plantas psicotrópicas.
Fase executiva:
Começa logo após a fase declaratória. 
Essa fase pode se dividir em outras duas fases:
Administrativa: Dependendo do seu resultado, poderá não ser necessária a fase seguinte (judicial). Após a publicação do ato de desapropriação, a administração propõe amigavelmente o valor da desapropriação. Caso não haja anuência do desapropriado, será necessária a fase seguinte, porque esse ato da administração não é auto-executório, dependerá de autorização judicial. Quando a Administração não sabe quem é o proprietário, deve propor a ação de desapropriação.
Judicial: o ato expropriatório não é auto-executório, sendo necessário o ajuizamento da ação de desapropriação. 
A CONTESTAÇÃO na ação de desapropriação somente pode versar sobre dois assuntos: VALOR da INDENIZAÇÃO e VÍCIOS da AÇÃO de desapropriação, não sendo cabíveis alegações de vícios de procedimento administrativo, o que deve ser questionado especificamente por ações próprias no momento de realização do procedimento administrativo. Não cabe a discussão sobre o mérito da desapropriação. Se houver alguma ilegalidade no ato declaratório de utilidade pública ou interesse social, quanto à competência, finalidade, forma ou fundamentos, o expropriado terá que propor uma outra ação (rito ordinário, mandado de segurança, ação popular). 
O procedimento é o do DL 3365, para as desapropriações por utilidade, necessidade pública ou interesse social. 
No caso específico da desapropriação para fins de reforma agrária, a LC 76, em razão da determinação constitucional contida no § 3º do art. 184, estabelece o rito procedimental. Ao tratar da defesa do expropriado, esta lei traz previsão específica, excluindo APENAS a apreciação do interesse social declarado. Além disso, prevê o DIREITO DE EXTENSÃO, a fim de que a desapropriação seja ampliada para todo o imóvel, quando a área remanescente a) for inferior à pequena propriedade rural ou b) ficar prejudicada em suas condições de exploração econômica, sendo o seu valor inferior ao da parte desapropriada.
Ação judicial de desapropriação:
É uma ação especial. A petição inicial é comum, mas como é um procedimento especial, alguns requisitos específicos devem ser atendidos nos pedidos: prova pericial e imissão provisória na posse. 
A prova pericial é feita juntamente com a fasede postulação, porque o juiz, de plano, quando recebe a inicial, já determina a realização da prova pericial, para conhecer o local, a situação e todo o mais. Há um deslocamento do momento de realização da prova pericial.
A imissão provisória na posse pode ser pedida logo de início, porque o Poder Público tem um interesse público latente de ingressar imediatamente na posse do bem.
A competência para a ação de desapropriação:
STF, 218 - É competente o Juízo da Fazenda Nacional da capital do Estado, e não o da situação da coisa, para a desapropriação promovida por empresa de energia elétrica, se a União Federal intervém como assistente. 
Imissão provisória na posse:
É a possibilidade (decisão interlocutória) de transferência a initio litis da posse por autorização judicial ao Poder Público expropriante, desde que haja o preenchimento de dois requisitos:
1) Haja DECLARAÇÃO de URGÊNCIA: que pode ser feita em qualquer momento após a publicação do ato de desapropriação (até na fase judicial). Depois de declarada a urgência, o poder público tem até 120 dias (prazo decadencial) para encerrar a fase administrativa e ingressar judicialmente com o pedido de desapropriação e com o pedido de imissão na posse. Depois do prazo, o Poder Público não poderá mais formular o pedido de imissão na posse;
2) Depósito do valor conforme critério definido em lei. De REGRA, é o VALOR VENAL (valor para incidência do imposto) que é depositado para fins de imissão provisória na posse. Algumas decisões reconhecem a possibilidade de o juiz fixar um outro valor mais adequado, quando o valor venal for irrisório.
Desde que preenchidos os requisitos o juiz deverá deferir a imissão.
Cálculo do valor do depósito: 
2.1. Desapropriação por utilidade pública de imóveis residenciais urbanos – DL 1.075/70: Se a desapropriação tiver por finalidade utilidade para fins urbanos (imóvel urbano residencial habitado pelo proprietário) com base o DL 1.075/70 (de regra tem o mesmo procedimento, havendo alteração quanto ao levantamento do depósito), o depósito prévio feito, o juiz não vai autorizar imediatamente a imissão; primeiro vai intimar o proprietário, que poderá ou não aceitar o valor. Não aceitando, o juiz nomeará um perito para fazer uma avaliação provisória, depois da qual o juiz vai arbitrar o valor provisório do bem, determinando ao Poder Público, se for o caso, a complementação do depósito. Assim, abrem-se duas possibilidades: 
Se o valor arbitrado for superior ao dobro do valor oferecido pelo poder público, o juiz determinará a complementação até a metade do valor arbitrado, desde que a complementação não seja superior a 2.300 salários mínimos. Feita a complementação, nesses termos, o réu poderá levantar todo o valor e mesmo assim continuar discutindo na ação, porque não terá atingido o limite da avaliação provisória;
Se o valor arbitrado for igual ou inferior ao dobro do valor oferecido pelo poder público, o réu terá a opção do que for mais vantajoso: Levanta 80% do valor oferecido ou metade do valor arbitrado.
2.2. Demais hipóteses - DL 3.365, art. 15, §1º: 
“§ 1º A imissão provisória poderá ser feita, independente da citação do réu, mediante o depósito:
a) do preço oferecido, se êste fôr superior a 20 (vinte) vêzes o valor locativo, caso o imóvel esteja sujeito ao impôsto predial;
b) da quantia correspondente a 20 (vinte) vêzes o valor locativo, estando o imóvel sujeito ao impôsto predial e sendo menor o preço oferecido;
c) do valor cadastral do imóvel, para fins de lançamento do impôsto territorial, urbano ou rural, caso o referido valor tenha sido atualizado no ano fiscal imediatamente anterior;
d) não tendo havido a atualização a que se refere o inciso c, o juiz fixará independente de avaliação, a importância do depósito, tendo em vista a época em que houver sido fixado originalmente o valor cadastral e a valorização ou desvalorização posterior do imóvel.” 
O réu tem as seguintes alternativas em relação ao prosseguimento da ação para discussão do valor justo:
a) Levantar todo o valor: não pode prosseguir na discussão, deu quitação.
b) Levantar até 80% do valor (mediante prova de domínio e quitação de débitos fiscais: pode prosseguir na discussão sobre o valor).
Súmula 652 STF: Não contraria a constituição o art. 15, § 1º, do decreto-lei 3365/1941 (lei da desapropriação por utilidade pública).
NÃO CABEM embargos de terceiros em imissão provisória na posse; o prejudicado terá que ingressar com uma ação de desapropriação indireta. 
A diferença entre a oferta do Poder Público e o que o juiz condenou na sentença, como se trata de débito judicial, terá o seu pagamento feito por meio de precatório.
Na desapropriação para reforma agrária, a imissão provisória integra o procedimento normal da desapropriação. O levantamento também está limitado a 80% do valor e condicionado à prova do domínio.
INDENIZAÇÃO:
Comporta os seguintes elementos:
1) Valor principal = valor do bem (valor de mercado do bem, sendo utilizado o valor venal de cadastro) + benfeitorias já existentes antes do ato expropriatório. As posteriores só serão indenizadas se necessárias ou úteis e, nesse último caso, se feitas com autorização. Lembrar da Súmula 23 do STF.
2) Lucros cessantes e danos emergentes.
3) Juros: que podem ser moratórios e compensatórios: a súmula 12 do STJ permite a cobrança cumulada dos dois.
Súmula 12 do STJ: Em desapropriação, são CUMULÁVEIS juros compensatórios e moratórios.
Esses juros podem ser cumulados, podendo incidir ao mesmo tempo. Ainda está inteiramente aplicável, segundo Carvalho Filho, a Súmula n.º 102 do STJ: “A incidência dos juros moratórios sobre os compensatórios, nas ações expropriatórias, não constitui anatocismo vedado em lei”. Justifica o mencionado autor: “A MP N.º 2.183-56, de 24/08/2001, ao acrescentar o art. 15-A no Decreto-lei n.º 3365, preceituou no sentido da vedação de cálculo de juros compostos. O sentido de juros compostos consiste no cálculo de juros sobre juros, mas devem eles ser da mesma natureza: seriam compostos os juros de mora se incidisse o percentual sobre montante constituído pelo capital somado à parcela anterior dos mesmos juros de mora. Isso, porém, não é o que ocorre com a cumulatividade de juros moratórios e compensatórios. Quando incidem os juros compensatórios sobre a indenização – cálculo que deve ser o primeiro a ser efetuado -, a soma de tais parcelas corresponde ao valor real da indenização, ou seja, ao valor equivalente à perda da propriedade e à perda antecipada da posse. Por isso, nada mais coerente com a exigência constitucional de indenização justa do que o cálculo dos juros de mora (que tem caráter punitivo) ter como base de cálculo o valor correspondente à referida soma.
Esse entendimento, no entanto, foi modificado com o advento da EC 62/2009.
Art. 100, p.12. A partir da promulgação desta Emenda Constitucional, a atualização de valores de requisitórios, após sua expedição, até o efetivo pagamento, independentemente de sua natureza, será feita pelo índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança, e, para fins de compensação da mora, incidirão juros simples no mesmo percentual de juros incidentes sobre a caderneta de poupança, ficando excluída a incidência de juros compensatórios.
O STJ, sob a sistemática dos recursos repetitivos, entendeu nos termos das normas da EC62/2009:
ADMINISTRATIVO. DESAPROPRIAÇÃO. JUROS MORATÓRIOS E COMPENSATÓRIOS. INCIDÊNCIA. PERÍODO. TAXA. REGIME ATUAL. DECRETO-LEI 3.365/41, ART. 15-B. ART. 100, § 12 DA CF (REDAÇÃO DA EC 62/09). SÚMULA VINCULANTE 17/STF. SÚMULA 408/STJ.
1. Conforme prescreve o art. 15-B do Decreto-lei 3.365/41, introduzido pela Medida Provisória 1.997-34, de 13.01.2000, o termo inicial dos juros moratórios em desapropriações é o dia "1º de janeiro do exercício seguinte àquele em que o pagamento deveria ser feito, nos termos do art. 100 da Constituição". É o que está assentado na jurisprudência da 1ª Seção do STJ, em orientação compatívelcom a firmada pelo STF, inclusive por súmula vinculante (Enunciado 17).
2. Ao julgar o REsp 1.111.829/SP, DJe de 25/05/2009, sob o regime do art. 543-C do CPC, a 1ª Seção do STJ considerou que os juros compensatórios, em desapropriação, são devidos no percentual de 12% ao ano, nos termos da Súmula 618/STF, exceto no período compreendido entre 11.06.1997 (início da vigência da Medida Provisória 1.577, que reduziu essa taxa para 6% ao ano), até 13.09.2001 (data em que foi publicada decisão liminar do STF na ADIn 2.332/DF, suspendendo a eficácia da expressão "de até seis por cento ao ano", do caput do art. 15-A do Decreto-lei 3.365/41, introduzido pela mesma MP). Considerada a especial eficácia vinculativa desse julgado (CPC, art. 543-C, § 7º), impõe-se sua aplicação, nos mesmos termos, aos casos análogos. A matéria está, ademais, sumulada pelo STJ (Súmula 408).
3. Segundo jurisprudência assentada por ambas as Turmas da 1ª Seção, os juros compensatórios, em desapropriação, somente incidem até a data da expedição do precatório original. Tal entendimento está agora também confirmado pelo § 12 do art. 100 da CF, com a redação dada pela EC 62/09. Sendo assim, não ocorre, no atual quadro normativo, hipótese de cumulação de juros moratórios e juros compensatórios, eis que se tratam de encargos que incidem em períodos diferentes: os juros compensatórios têm incidência até a data da expedição de precatório, enquanto que os moratórios somente incidirão se o precatório expedido não for pago no prazo constitucional.
4. Recurso especial parcialmente provido. Recurso sujeito ao regime do art. 543-C do CPC.
(REsp 1118103/SP, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 24/02/2010, DJe 08/03/2010)
STF Súmula Vinculante nº 17 
Durante o período previsto no parágrafo 1º do artigo 100 da Constituição, não incidem juros de mora sobre os precatórios que nele sejam pagos. (a referência, após a EC 62/2009, deve ser ao parágrafo 5º).
	JUROS COMPENSATÓRIOS
	JUROS MORATÓRIOS
	Incidem no caso de ter havido imissão provisória na posse (Art. 15-A DL 3365). 
Súmula 164 STF: No processo de desapropriação, são devidos juros compensatórios desde a antecipada imissão de posse, ordenada pelo juiz, por motivo de urgência.
Súmula 69 STJ: Na desapropriação direta, os juros compensatórios são devidos desde a antecipada imissão na posse e, na desapropriação indireta, a partir da efetiva ocupação do imóvel.
	Decorrem da demora no pagamento
Incidem a partir do primeiro dia do exercício financeiro seguinte àquele que o Poder Público deveria pagar, nos termos do art. 100 da CF (Art. 15-B DL 3365)
Antigamente, era do trânsito em julgado da sentença (Súmula 70 STJ). Segundo Carvalho Filho, esse entendimento ainda se aplica no caso das pessoas jurídicas que não se submetem ao regime de precatórios.
	Índice: 12% em decorrência da ADI 2332 
STJ Súmula nº 408: Nas ações de desapropriação, os juros compensatórios incidentes após a Medida Provisória n. 1.577, de 11/06/1997, devem ser fixados em 6% ao ano até 13/09/2001 e, a partir de então, em 12% ao ano, na forma da Súmula n. 618 do Supremo Tribunal Federal.
Súmula 618, STF: Na desapropriação, direta ou indireta, a taxa dos juros compensatórios é de 12% (doze por cento) ao ano
	Índice: 6% ao ano
	Base de cálculo: diferença entre 80% da oferta inicial do Poder Público e o valor da indenização fixada pelo juiz (interpretação conforme dada pelo STF na ADI 2332)
	
	Mesmo que a propriedade seja improdutiva haverá direito a juros compensatórios (também ADI 2332)
	
Art. 15-A, caput e §§ 1º e 2º: 
Art. 15-A No caso de imissão prévia na posse, na desapropriação por necessidade ou utilidade pública e interesse social, inclusive para fins de reforma agrária, havendo divergência entre o preço ofertado em juízo e o valor do bem, fixado na sentença, expressos em termos reais, incidirão juros compensatórios DE ATÉ SEIS POR CENTO ao ano sobre o valor da diferença eventualmente apurada, a contar da imissão na posse, vedado o cálculo de juros compostos. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.183-56, de 2001)
obs: o STF suspendeu liminarmente a eficácia da expressão “de até seis por cento”, sob o entendimento que, aparentemente, ela afrontaria o critério constitucional da justa indenização. No que tange à base de cálculo dos juros, deu interpretação conforme à Constituição, fixando a base de cálculo como a diferença entre o valor correspondente a 80% do valor depositado na imissão provisória (percentual máximo que pode ser levantado pelo expropriado) e o valor fixado na sentença (Info 240, ADI 2332).
Súmula 164 STF - No processo de desapropriação, são devidos juros compensatórios desde a antecipada imissão de posse, ordenada pelo juiz, por motivo de urgência.
Súmula 416 STF - Pela demora no pagamento do preço da desapropriação não cabe indenização complementar além dos juros. 
Súmula 618 STF - Na desapropriação, direta ou indireta, a taxa dos juros compensatórios é de 12% (doze por cento) ao ano.
Súmula 69 STJ - Na desapropriação direta, os juros compensatórios são devidos desde a antecipada imissão na posse e, na desapropriação indireta, a partir da efetiva ocupação do imóvel.
Súmula 408 STJ - Nas ações de desapropriação, os juros compensatórios incidentes após a Medida Provisória n. 1.577, de 11/06/1997, devem ser fixados em 6% ao ano até 13/09/2001 e, a partir de então, em 12% ao ano, na forma da Súmula n. 618 do Supremo Tribunal Federal.
ADMINISTRATIVO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO ESPECIAL. DESAPROPRIAÇÃO PARA FINS DE REFORMA AGRÁRIA. JUROS COMPENSATÓRIOS. BASE DE CÁLCULO. OMISSÃO. TEMPUS REGIT ACTUM. OBSERVÂNCIA.
(...)
3. Analisando, portanto, as disposições do referido enunciado sumular, tem-se o seguinte, quanto à base de cálculo: Antes da Medida Provisória 1.577 de 11.6.1997: base de cálculo corresponderia ao valor da indenização fixada em sentença, tendo como termo a quo a imissão provisória da posse do imóvel. Após 11.6.1997, a MP 1.577 acrescenta o art. 15-A no Decreto-lei 3.365/41, em que a base de cálculo corresponderia ao valor ofertado pela Administração menos o valor fixado judicialmente pelo comando sentencial. A partir de 13.9.2001, considerando a liminar concedida na Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 2.332 que declarou inconstitucional o art. 15-A do Decreto-lei, suspendendo-se a expressão "até 6%" (interpretação conforme a Constituição), a base de cálculo para incidência dos juros compensatórios deve ser a diferença entre os 80% do valor ofertado e o valor fixado na sentença.
EDcl no REsp 1215458 / AL - Relator(a) Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES (1141) - Órgão Julgador T2 - SEGUNDA TURMA - Data do Julgamento 03/11/2011
        § 1o Os juros compensatórios destinam-se, APENAS, a COMPENSAR A PERDA DE RENDA COMPROVADAMENTE SOFRIDA pelo proprietário. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.183-56, de 2001) (Vide ADIN nº 2.332-2)
        § 2o NÃO SERÃO DEVIDOS JUROS COMPENSATÓRIOS quando o IMÓVEL POSSUIR GRAUS DE UTILIZAÇÃO DA TERRA E DE EFICIÊNCIA NA EXPLORAÇÃO IGUAIS A ZERO. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.183-56, de 2001) (Vide ADIN nº 2.332-2)
obs: o STF também suspendeu liminarmente a eficácia dos parágrafos 1º e 2º, por aparente ofensa ao princípio da justa indenização.
"A eventual improdutividade do imóvel não afasta o direito aos juros compensatórios, pois esses restituem não só o que o expropriado deixou de ganhar com a perda antecipada, mas também a expectativa de renda, considerando a possibilidade do imóvel 'ser aproveitado a qualquer momento de forma racional e adequada, ou até ser vendido com o recebimento do seu valor à vista'" (REsp 1.116.364/PI, Rel. Min. CASTRO MEIRA, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 26/5/2010, DJe de 10/9/2010). Jugado pela sistemática do art. 543-C do CPC.
4) Correção monetária: passará a incidir a partir do laudo definitivo de avaliação. Revogado o dispositivo do DL 3665 que determinava só incidir correção monetária quando decorrido prazo superiora um ano da avaliação.
Súmula 561 STF - Em desapropriação, é devida a correção monetária até a data do efetivo pagamento da indenização, devendo proceder-se à atualização do cálculo, ainda que por mais de uma vez.
Súmula 67 STJ - Na desapropriação, cabe a atualização monetária, ainda que por mais de uma vez, independente do decurso de prazo superior a um ano entre o cálculo e o efetivo pagamento da indenização.
5) Honorários advocatícios: Calculados sobre a diferença entre a oferta inicial e a indenização, acrescida dos juros moratórios e compensatórios. Na ADI 2332, o STF suspendeu os efeitos da norma do DL 3665 que, com a redação dada pela MP 2183 instituía um valor máximo para esses honorários advocatícios. 
Não foi suspensa, contudo, a norma que limitou o percentual dos honorários (0,5 a 5%). Para a fixação do percentual, o juiz deverá levar em conta os mesmos fatores de avaliação previstos no CPC (art. 20, § 4º).
Art. 27, § 1o -  A sentença que fixar o valor da indenização quando este for superior ao preço oferecido condenará o desapropriante a pagar honorários do advogado, que serão fixados entre meio e cinco por cento do valor da diferença, observado o disposto no § 4o do art. 20 do Código de Processo Civil, NÃO PODENDO OS HONORÁRIOS ULTRAPASSAR R$ 151.000,00 (cento e cinqüenta e um mil reais). (Redação dada Medida Provisória nº 2.183-56, de 2001) (Vide ADIN nº 2.332-2)
obs: tal limite foi suspenso liminarmente por decisão do STF na ADI 2332 (Info 240).
Súmula 378 STF - Na indenização por desapropriação incluem-se honorários do advogado do expropriado.
Súmula 617 STF - A base de cálculo dos honorários de advogado em desapropriação é a diferença entre a oferta e a indenização, corrigidas ambas monetariamente.
Súmula 131 STJ - Nas ações de desapropriação incluem-se no cálculo da verba advocatícia as parcelas relativas aos juros compensatórios e moratórios, devidamente corrigidas.
6) custas e despesas judiciais
7) despesa com desmonte e transporte de mecanismos instalados e em funcionamento (DL 3665, art. 25, parágrafo único).
O fundo de comércio deve ser incluído na indenização se o expropriado for o seu proprietário. Se for terceiro, deve ser pleiteada a indenização em ação autônoma.
Peculiaridades da indenização na desapropriação para reforma agrária: 
Critérios para definição da “justa indenização”: Lei 8.629/93, art. 12.
Art. 12. Considera-se justa a indenização que reflita o preço atual de mercado do imóvel em sua totalidade, aí incluídas as terras e acessões naturais, MATAS e FLORESTAS e as benfeitorias indenizáveis, observados os seguintes aspectos: (Redação dada Medida Provisória nº 2.183-56, de 2001)
 I - localização do imóvel; (Incluído dada Medida Provisória nº 2.183-56, de 2001)
 II - aptidão agrícola; (Incluído dada Medida Provisória nº 2.183-56, de 2001)
 III - dimensão do imóvel; (Incluído dada Medida Provisória nº 2.183-56, de 2001)
 IV - área ocupada e ancianidade das posses; (Incluído dada Medida Provisória nº 2.183-56, de 2001)
 V - funcionalidade, tempo de uso e estado de conservação das benfeitorias. (Incluído dada Medida Provisória nº 2.183-56, de 2001)
DIREITO ADMINISTRATIVO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO PELO ARRENDANTE DIRETAMENTE CONTRA A UNIÃO NO CASO DE DESAPROPRIAÇÃO PARA REFORMA AGRÁRIA.
A União é parte legítima para figurar no polo passivo de ação em que o arrendatário objetive ser indenizado pelos prejuízos decorrentes da desapropriação, por interesse social para a reforma agrária, do imóvel arrendado. Isso porque o direito à indenização do arrendatário não se sub-roga no preço do imóvel objeto de desapropriação por interesse social para a reforma agrária, pois a relação entre arrendante (expropriado) e arrendatário é de direito pessoal. Assim, não se aplica, nessa hipótese, o disposto no art. 31 do Decreto-Lei 3.365/1941, pois a sub-rogação no preço ocorre apenas quanto aos direitos reais constituídos sobre o bem expropriado. REsp 1.130.124-PR, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 4/4/2013.
Cobertura vegetal - "Seguindo-se a mais recente orientação jurisprudencial desta Corte, tem-se que a cobertura vegetal nativa somente será objeto de indenização em separado caso comprovado que vinha sendo explorada pela parte expropriada anteriormente ao processo expropriatório, devidamente autorizada pelos órgãos ambientais competentes”. (STJ. RESP 955226, DJE: 29/10/2009).
"1. Conforme entendimento pacificado nessa Corte, "A indenização da cobertura vegetal deve ser calculada em separado do valor da terra nua, quando comprovada a exploração econômica dos recursos vegetais" - (REsp nº 978.558/MG, Rel. Min. Luiz Fux, DJe de 15.12.2008). 2. Impossibilidade, no caso, de indenização da cobertura vegetal em separado do valor da terra nua, uma vez que ficou consignado no acórdão recorrido que não havia sequer projeto de exploração econômica da área." (STJ. RESP 804553, DJE: 16/12/2009). 
Súmula 354 STJ - A invasão do imóvel é causa de suspensão do processo expropriatório para fins de reforma agrária. 
Mas se a invasão ocorrer em momento posterior à vistoria do INCRA não haverá suspensão.
"Desapropriação por interesse social para fins de reforma agrária. (...) Invasão do imóvel por movimento de trabalhadores rurais após a realização da vistoria do INCRA. Inexistência de óbice à desapropriação. Artigo 2º, § 6º da lei n. 8.629/93. (...) A jurisprudência desta Corte fixou entendimento no sentido de que a vedação prevista nesse preceito ‘alcança apenas as hipóteses em que a vistoria ainda não tenha sido realizada ou quando feitos os trabalhos durante ou após a ocupação’ [MS n. 24.136, Relator o Ministro Mauricio Corrêa, DJ de 8.11.02]." (MS 24.984, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 17-3-2010, Plenário, DJE de 14-5-2010.)
O artigo 14 da LC 76/93 determina que o depósito do valor da indenização nos termos abaixo:
Art. 14. O valor da indenização, estabelecido por sentença, deverá ser depositado pelo expropriante à ordem do juízo, em dinheiro, para as benfeitorias úteis e necessárias, inclusive culturas e pastagens artificiais e, em Títulos da Dívida Agrária, para a terra nua.
O STF tem precedentes que a expressão “em dinheiro, para as benfeitorias úteis e necessárias, inclusive culturas e pastagens artificiais e” é INCONSTITUCIONAL porque ofende o artigo 100 da CF, que estabelece que os pagamentos devidos pela Fazenda Pública far-se-ão por meio de PRECATÓRIOS.
ADI 1187 MC / DF - Relator(a): Min. Ilmar Galvão Julgamento:  09/02/1995 Órgão Julgador:  Tribunal Pleno Publicação:  DJ data-16-02-1996 pp-02997 ement vol-01816-01 pp-00048
Ementa: ação direta de inconstitucionalidade. Artigos 14 e 15 da lei complementar n. 76, de 06 de julho de 1993. Alegada incompatibilidade com o art. 100 e parágrafos da constituição federal. Cautelar requerida. Plausibilidade da tese, no que concerne a previsão de depósito em dinheiro. Manifesta conveniência da medida provisória requerida. Cautelar parcialmente deferida, para suspender, no art. 14, a eficácia da expressão: "em dinheiro, para as benfeitorias úteis e necessárias, inclusive culturas e pastagens artificiais e"; bem como para dar ao art. 15 interpretação restrita as hipóteses de pagamento em títulos da dívida agrária. Deferimento parcial. 
ADI 1187 / DF - Relator(a): Min. Maurício Corrêa Julgamento:  27/03/1996 órgão julgador:  Tribunal Pleno Publicação:  DJ data-30-05-1997 pp-23175 ement vol-01871-01 pp-00192 
Ementa: ação direta de inconstitucionalidade. Procedimento contraditório especial, de rito sumário, para o processo de desapropriação de imóvel rural, por interesse social, para fins de reforma agrária: 1) depósito em dinheiro, pelo expropriante, do valor da indenização das benfeitorias, inclusive culturas e pastagens artificais; 2) depósito em títulos da dívida agrária, para a terra nua. Arts. 14 e 15 da lei complementar nº 76, de 06.07.93. Ação direta não conhecida. 1. Os arts. 14 e 15 da Lei Complementar nº 76/96, são

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