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FERIDAS E CURATIVOS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA 04

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PROGRAMA 
DE EDUCAÇÃO 
PERMANENTE 
EM SAÚDE 
DA FAMÍLIA
UNIDADE 4
Tratamento de 
Feridas na APS
 
Feridas e 
Curativos na 
Atenção Primária 
à Saúde
Luciane Paula Batista 
Araújo de Oliveira
2
Feridas e curativos na Atenção Primária à Saúde
Tratamento de Feridas na APS
Tratamento de Feridas na APS
Caros alunos, iremos iniciar a última unidade deste módulo. Esta unidade será composta 
por duas aulas que abordarão os seguintes temas: materiais e técnicas mais indicadas para 
limpeza e cobertura de feridas, e os recursos disponíveis na APS para tratar os usuários com 
lesões. Vamos começar?
Aula 1: Limpeza e cobertura de feridas: 
materiais e técnicas mais indicados
Prezados, ao tratarmos um usuário com lesões, é bom ter em mente qual o ambiente ideal 
a ser mantido no local da ferida para que o processo cicatricial aconteça da melhor manei-
ra. Você já se perguntou qual é a melhor maneira de tratar as feridas no que se refere 
a limpeza delas? 
Nesse sentido, é preciso promover: a hidratação da pele, mantendo alta a umidade na 
interface ferida/cobertura; o isolamento térmico; remover o excesso de exsudação para 
manter o local livre de corpos estranhos, tecido necrótico e controlar infecção local. 
Qualquer manuseio que altere essas condições pode retardar e prejudicar o processo de 
cicatrização. Daí emerge a importância dos curativos oclusivos que, ao oferecerem cobertura 
para a lesão, minimizam a dor e exsudato, protegem o local contra infecções, promovem 
hemostasia e desbridamento autolítico e, nas feridas cavitárias, servem para preencher 
espaços vazios (SASSERON, 2014). O curativo ideal deve ainda permitir trocas gasosas e 
ser realizado de modo a não causar traumas durante sua remoção e troca.
Sempre que você for trocar um curativo primário, ou seja, aquela cobertura que tem contato 
direto com a lesão, é fundamental que proceda com a limpeza adequada do local para que 
possa ser removido qualquer corpo estranho. Isso é, resíduo de produtos, fragmentos de 
curativo anterior, exsudato da lesão ou sujidade que possa interferir na evolução natural da 
reparação dos tecidos lesionados e na integridade das regiões circundantes (BRASIL, 2016).
Em áreas com tecido de granulação a limpeza deve ser feita com irrigação suave de soro 
fisiológico a 0,9% de maneira a não danificar tecidos novos. Em feridas com tecidos inviá-
veis (esfacelo ou necrose seca), a limpeza deve ser feita com gaze embebida em soro para 
promover a remoção de tecido desvitalizado.
4
Feridas e curativos na Atenção Primária à Saúde
Tratamento de Feridas na APS
Portador de ferida em UBS
Com exposição de tecidos nobres
Técnica Estéril
• não friccionar leito da ferida na presença de tecidos viáveis;
• umedecer curativo a ser removido, com SF a 0,9%, caso esteja aderido; 
• orientar o paciente para não umedecer o curativo nem a ferida durante o banho.
Técnica Limpa
Sem exposição de tecidos nobres
Importante: 
Figura 1 - Algoritmo para limpeza da ferida. 
Fonte: Brasil (2016, p. 53).
Como você acabou de ver no algoritmo, a limpeza de uma lesão pode ser feita com técnica 
estéril ou limpa. Na primeira, a limpeza é realizada por profissional de saúde competente 
para isso – enfermeiro, técnico de enfermagem e/ou médico – utilizando material estéril 
como solução fisiológica 0,9%, gaze estéril, luvas estéreis, podendo ainda usar pinças que 
garantam maior segurança no procedimento. A técnica limpa é a empregada quando o 
curativo é realizado no domicílio, pelo usuário e/ou familiar, utilizando material limpo, água 
corrente ou soro fisiológico 0,9% e gazes.
Sobre as coberturas utilizadas para ocluir lesões, essas podem ser classificadas como cober-
turas passivas, interativas e bioativas. Como o próprio nome já indica, a cobertura passiva 
é aquela que somente protege e cobre as feridas; as interativas proporcionam um micro-
ambiente ótimo para a cura; as bioativas resgatam ou estimulam a liberação de substâncias 
durante o processo de cura.
A cobertura ideal é aquela capaz de garantir um ambiente adequado para a cicatrização 
tecidual, o que envolve condições adequadas de temperatura, umidade e oxigenação. 
Uma temperatura de 37°C no local da lesão é capaz de aumentar a atividade mitótica das 
células, favorecendo a cicatrização. Por esse motivo, alguns profissionais armazenam frascos 
de solução fisiológica em local aquecido, uma medida simples que pode trazer importante 
benefício. Uma ferida ressecada tende a ter formação de crostas e retardo na migração 
de células epiteliais para o seu leito, por isso que as gazes em contato com o tecido de 
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Feridas e curativos na Atenção Primária à Saúde
Tratamento de Feridas na APS
granulação precisam estar sempre úmidas. Algumas pessoas acreditam que um curativo 
não deve ser totalmente fechado para garantir a oxigenação da lesão, o que é um erro, 
pois o oxigênio necessário à cicatrização é provido pelo sangue e não pelo ar ambiente 
(GOMES; BORGES, 2008). 
Para escolher adequadamente o tipo de curativo ideal para cada usuário, é muito impor-
tante que você leia e estude atentamente o conteúdo da Unidade 1: Avaliação de lesões em 
usuários da atenção básica. Mediante a realização de uma avaliação adequada do portador 
da lesão, verifique a figura a seguir que sintetiza os critérios a serem considerados na esco-
lha da cobertura ideal.
Qual o grau de exsudato?Existe infecção ou presença
de contaminação local?
Nenhum/Baixo Moderado Intenso
Não
Sim
• Carvão ativado com prata
• Alginato com prata
• Hidrogel
• Gazes impregnadas
• Filmes
• Filme transparente
• Hidropolímero
• Alginato com colágeno
• Hidrocoloide
• Alginato de cálcio 
• Espumas
• Alginato com colágeno ou prata
• Hidrofilme
• Carvão ativado com prata
Figura 2 - Escolha do curativo oclusivo. 
Fonte: Adaptada de Sasseron (2014). 
Com essa figura podemos ver que é fundamental avaliar a presença, quantidade e aspecto 
de exsudato, se há contaminação no local, tamanho e profundidade das lesões, bem como 
as condições gerais de saúde do usuário, pois todas essas informações irão lhe ajudar na 
escolha do tratamento adequado de acordo com sua finalidade. Sendo assim, o tratamento 
deve considerar também os recursos disponíveis no local que você atua, bem como se o 
usuário tem condições de adquirir algum deles, caso o serviço não disponha, pois, os custos 
podem variar bastante e impactar no orçamento doméstico. 
6
Feridas e curativos na Atenção Primária à Saúde
Tratamento de Feridas na APS
A seguir, iremos conhecer as finalidades dos principais produtos e tipos de coberturas em 
curativos oclusivos:
Curativo Indicação
Ácidos Graxos 
Essenciais
Os ácidos graxos linoleico (ômega 6 ou n-6) e α-linolênico (ômega 3 ou n-3) são 
essenciais, pois atuam como precursores para a síntese de outros ácidos graxos 
poliinsaturados de cadeia longa como os ácidos araquidônicos (AA), que fazem parte 
de funções celulares, como integridade e fluidez das membranas, atividade das 
enzimas de membrana e síntese de prostaglandinas, leucotrienos e tromboxanos. 
Estes, por sua vez, possuem capacidade de modificar reações inflamatórias e 
imunológicas, alterando funções leucocitárias e acelerando o processo de granulação 
tecidual (MANHEZI et al., 2008).
Colagenase
A colagenase tem a propriedade de decompor o colágeno em seu estado natural 
ou desnaturado, contribuindo na formação de tecido de granulação e subsequente 
reepitelização de úlceras da pele. Seu efeito começa após 8 a 12 horas da aplicação e 
tem a duração de até 24 horas.
Filmes
A manutenção do meio úmido proporcionada pela película facilita a migração e a 
reprodução celulares (FLORIANÓPOLIS, 2007). Protege a ferida de contaminação e 
permite a visualização da lesão (SASSERON, 2014).
Hidrocolóides Tem sido geralmente recomendada notratamento de úlcera por pressão de estágios II e III, com profundidade mínima (PINHEIRO et al., 2013). 
Hidrogéis
Indicado para lesões pouco úmidas e de média exsudação, com tecido inviável 
(necrose e esfacelo); estimula granulação e epitelização a partir do meio úmido. 
Promove o ambiente úmido ideal para a cicatrização por intermédio da hidratação da 
ferida. Conduz ao desbridamento autolítico ou facilita o desbridamento mecânico.
Alginatos
Por ser altamente absorvente, é recomendado para lesões com exsudato de 
moderado a intenso (PINHEIRO et al., 2013). Fornece um meio úmido que favorece 
a remoção de tecido necrótico e exsudato. Pode ser deixado na lesão por até 7 dias 
ou até haver saturação, podendo ser trocado apenas o curativo secundário nesse 
intervalo de tempo (SASSERON, 2014).
Espumas
Promovem isolamento térmico da ferida e amortecimento, especialmente em áreas 
susceptíveis à maior pressão. São muito úteis para absorver exsudato e podem ser 
usados em feridas cavitárias, pois preenchem espaços (SASSERON, 2014). 
Carvão ativado Feridas infectadas ou não, com drenagem de exsudato moderado a abundante. Capaz de controlar odores. Observação: não pode ser recortado (SASSERON, 2014).
Sulfadiazina 
de prata
Indicada para queimaduras e lesões infectadas ou com tecido necrótico. O íon prata 
causa precipitação de proteínas e age diretamente na membrana citoplasmática da 
célula bacteriana, exercendo ação bactericida imediata e ação bacteriostática residual 
pela liberação de pequenas quantidades de prata iônica (BRASIL, 2011b).
Quadro 1 – Principais produtos e tipos de coberturas em curativos oclusivos.
Algumas pessoas podem apresentar lesões com áreas de tecido necrosado que não melho-
ram mesmo aplicando diferentes técnicas e produtos no local. Sabe-se que a presença de 
necrose compromete a cicatrização e, para auxiliar nesse processo, os profissionais preci-
sam lançar mão da técnica do desbridamento que, de modo geral, significa a remoção de 
tecido desvitalizado. Cabe ao enfermeiro e/ou ao médico escolher o melhor método, desde 
que respeitada a legislação de cada profissão. Atualmente, entende-se que existem dife-
rentes formas de se desbridar uma ferida e, para deixamos claro, serão descritas a seguir o 
entendimento do Conselho Federal de Enfermagem sobre cada técnica de desbridamento 
(COFEn, 2015). 
7
Feridas e curativos na Atenção Primária à Saúde
Tratamento de Feridas na APS
Sintetizando o que você acabou de ver:
Desbridamento autolítico – processo seletivo de remoção da necrose 
(preserva o tecido vivo) pela ação dos neutrófilos, eosinófilos e basó-
filos; e das enzimas digestivas do próprio organismo do indivíduo. 
É promovido pelo uso de produtos que garantam a umidade ade-
quada na ferida.
Desbridamento instrumental conservador (Desbridamento 
cirúrgico ou com instrumental cortante) – pode ser realizado à 
beira do leito ou ambulatorial, em lesões cuja área de necrose não 
seja muito extensa. Nestes casos, a analgesia local geralmente não 
é necessária visto que o tecido necrótico é desprovido de sensação 
dolorosa. Nos casos de lesões extensas e/ou profundas, o usuário 
deverá ser encaminhado ao centro cirúrgico de um serviço hospitalar.
Desbridamento mecânico – consiste na aplicação de força mecânica 
diretamente sobre o tecido necrótico a fim de facilitar sua remoção, 
promovendo um meio ideal para a ação de cobertura primária. Pode 
ser por fricção, irrigação com jato de solução salina à 0,9%, irrigação 
pulsátil, hidroterapia, curativo úmido-seco, enzimático e autólise.
Desbridamento químico – processo seletivo de remoção da necrose 
(preserva o tecido vivo) por ação enzimática.
Lembramos que, embora o método mecânico seja o que remove o tecido necrosado mais 
rapidamente, nem todos os profissionais podem realizá-lo. De acordo com a Resolução 
COFEn nº501/2015, é de competência do enfermeiro executar o desbridamento autolítico, 
instrumental, químico e mecânico. Quanto ao método cirúrgico, somente o médico tem 
competência técnica e legal para a sua execução. É importante destacar que o excessivo 
desbridamento pode resultar em uma reinstalação do processo inflamatório, bem como em 
piora na ferida e complicações graves.
Assim, finalizamos essa Aula 1, que destacou a limpeza e cobertura de feridas: materiais e 
técnicas mais indicados. É válido salientar que existem outras técnicas, mas, aqui, procura-
mos destacar as mais utilizadas. Na próxima aula, abordaremos os recursos disponíveis na 
APS para tratar os usuários com lesões. Vamos lá?
Aula 2: Quais os recursos disponíveis na 
APS para tratar os usuários com lesões? 
Agora daremos início à nossa última aula deste curso, a qual versará sobre os recursos 
disponíveis na APS para tratar os usuários com lesões.
Cuidar de feridas é algo comum nos serviços de atenção primária, por isso é importante que 
o profissional atuante nesses locais saiba avaliar corretamente o usuário para traçar um 
plano de cuidados adequado a cada caso, desenvolvendo na UBS ou no domicílio todos os 
cuidados possíveis e encaminhando para serviços de outros níveis de complexidade quando 
se faz necessário. 
No Sistema Único de Saúde (SUS), o acesso universal e igualitário às ações e aos serviços de 
saúde se encontra ordenado pela Atenção Primária conforme consta nos artigos 9 e 11 do 
Decreto Presidencial nº 7.508/2011. Essa decisão impõe grandes desafios diante dos dife-
renciais de poder entre os serviços de atenção básica e os de média e alta complexidade. 
O referido decreto criou uma Rede Nacional de Serviços de Saúde (RENASS) a qual define 
como portas de entrada no SUS “os serviços de atenção primária, urgência e emergência, 
atenção psicossocial e os serviços especiais de acesso aberto” (SOLLA; PAIM, 2014, p. 343). 
A atenção primária é um cenário propício para a implementação das tecnologias de cui-
dado ao portador de ferida, pois, nesse contexto, é possível apreender a realidade de 
vida das pessoas, o que permite conhecer melhor os determinantes de seus problemas 
de saúde e de doença, bem como os recursos disponíveis para solucionar tais situações 
(BUSANELLO et al., 2013).
Muitos desses usuários procuram as UBS como porta de entrada do SUS ou nelas são 
acompanhados após atendimento de alta complexidade, o que confere à atenção primá-
ria maiores capacidade e responsabilidade para assistência ao portador de lesões da pele 
(SANTOS et al., 2014). 
Como a atenção básica é importante, não é mesmo?
9
Feridas e curativos na Atenção Primária à Saúde
Tratamento de Feridas na APS
Em estudo realizado em unidades da ESF na cidade de Recife/PE, 
o tipo de lesão com atendimento mais frequente nesses serviços 
correspondeu às úlceras vasculares, equivalendo a 74,1% das lesões 
atendidas, enquanto os traumatismos representaram 24,1%. Nesses 
locais, a comunicação e o vínculo foram destacados como as princi-
pais tecnologias leves presentes no processo de cuidado ao indivíduo 
portador de ferida, algo fundamental para se realizar ações eficazes 
de educação em saúde, em especial orientações para a promoção 
do autocuidado. Especialmente para os enfermeiros, esse cuidado 
requer também a valorização, a sistematização da assistência de 
enfermagem e as terapias tópicas empregadas (SANTOS et al., 2014).
Para atender a tais demandas, o Ministério da Saúde publicou, no ano de 2011, o Caderno de 
Atenção Primária nº 30 “Procedimentos”, o qual aborda alguns procedimentos que podem 
ser realizados nas UBS, de forma eletiva ou durante o atendimento à demanda espontânea, 
elencando os insumos que devem estar presentes em todas as unidades para realizar tais 
atendimentos com qualidade (BRASIL, 2011b). 
Esse mesmo caderno lista o material que deve ser disponibilizado em cada UBS para rea-
lização dos mais diversos procedimentos passíveis de serem realizados nesses serviços.Para a limpeza e troca de curativos, as UBS devem dispor de: seringas; agulhas; swab de 
cultura, se necessário; soro fisiológico para limpeza da ferida; antissépticos como solução 
de iodopovidina ou clorexidina (para limpeza da pele íntegra ao redor de uma ferida ou 
antissepsia do local que será incisionado); gaze; atadura; esparadrapo; coberturas primá-
rias: hidrocoloide; ácido graxo essencial; alginato de cálcio; sulfadiazina de prata.
É muito importante que você, profissional atuante em unidades básicas com ou sem ESF e 
em outros serviços desse nível de atenção, tenha conhecimento da existência do Caderno 
de Atenção Primária nº 30, pois, ao agregar novos conhecimentos, estará instrumentalizado 
para o melhor atendimento da população e realização de procedimentos, ajudando a evitar 
estrangulamento dos serviços dos outros níveis de atenção e, com isso, contribuir para o 
aumento da resolutividade da Atenção Primária à Saúde (APS).
10
Feridas e curativos na Atenção Primária à Saúde
Tratamento de Feridas na APS
Saiba mais sobre esses procedimentos no Caderno de Atenção Básica 
do Ministério da Saúde, disponível no link: <http://189.28.128.100/
dab/docs/publicacoes/cadernos_ab/abcad30.pdf>
E como realizar a busca ativa? A busca ativa pode ser feita pela equipe multiprofissional 
durante as visitas domiciliares, ou na Unidade Básica de Saúde, quando o usuário a procura 
por outros motivos, aproveitando-se a ocasião para acompanhar seu estado de saúde. 
Nesse sentido, é essencial que todos possam ser avaliados e acompanhados de maneira global, 
tendo em vista que a saúde é influenciada por diversos fatores individuais, como também 
externos ao indivíduo, que podem configurar riscos e/ou desencadear as complicações ao 
seu estado. Tudo aquilo que é identificado durante as visitas ou atendimentos na UBS deve 
ser considerado no planejamento das ações para que o cuidado prestado seja capaz de 
sanar as demandas específicas de cada realidade (BRASIL, 2016). 
A Coordenação do Cuidado, enquanto atribuição da AB, implica a responsa-
bilidade desta de acompanhar e gerir o cuidado do indivíduo dentro de todo 
o Sistema de Saúde, incluindo os demais níveis de atenção. Cabe, portanto, 
à AB ordenar os fluxos e as linhas de cuidado, guiando o usuário no seu per-
curso entre os distintos serviços de saúde quando necessários, promovendo 
a adequada articulação entre todos eles e, ao mesmo tempo, prevenindo o 
risco de excesso de intervenções, concomitantemente ao cuidado prestado. 
Para isso, é indispensável uma boa comunicação entre os níveis, que pode 
variar desde a troca de relatórios e pareceres entre os profissionais, sejam 
físicos ou eletrônicos, até a comunicação direta com ligações telefônicas para 
discussão de caso. A proatividade da equipe de Atenção Básica é tão impor-
tante quanto o esforço dos gestores locais em potencializar essas relações 
na prática cotidiana (BRASIL, 2016, p. 20).
Além do cuidado realizado pela ESF, não podemos esquecer o trabalho das Equipes 
Multiprofissionais de Atenção Domiciliar (EMAD) definidas, de acordo com a RDC nº11/2006 
da ANVISA, como equipe técnica responsável pela atenção domiciliar, com a função de prestar 
assistência clínico-terapêutica e psicossocial ao usuário em seu domicílio (ANVISA, 2006). 
A Atenção Domiciliar (AD) constitui-se como uma “ modalidade de atenção à saúde integrada 
às Rede de Atenção à Saúde (RAS), caracterizada por um conjunto de ações de prevenção 
e tratamento de doenças, reabilitação, paliação e promoção à saúde, prestadas em 
domicílio, garantindo continuidade de cuidados” (BRASIL, 2016). Trata-se de uma forma de 
11
Feridas e curativos na Atenção Primária à Saúde
Tratamento de Feridas na APS
reorganização do processo de trabalho das equipes que prestam cuidado domiciliar na 
atenção básica, ambulatorial e hospitalar, com vistas à redução da demanda por atendimento 
hospitalar e/ou redução do período de permanência de usuários internados, à humanização 
da atenção, à desinstitucionalização e à ampliação da autonomia dos usuários. 
Se pensarmos nas pessoas com lesões que, cumulativamente, apresentam outros 
problemas de saúde que requerem cuidados mais intensivos e passíveis de serem exe-
cutados dentro de suas próprias casas, esses usuários se encaixariam em tal modalidade 
de atendimento. 
Saiba mais sobre a Portaria nº 825, de 25 de abril de de 2016, que 
redefine a Atenção Domiciliar no âmbito do Sistema Único de Saúde 
(SUS) e atualiza as equipes e habilidades. Ela está disponível no link: 
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2016/
prt0825_25_04_2016.html
Não podemos deixar de mencionar que a própria Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) 
afirma que, é parte do processo de trabalho de suas equipes, 
realizar atenção domiciliar destinada a usuários que possuam problemas de 
saúde controlados/compensados e com dificuldade ou impossibilidade física 
de locomoção até uma unidade de saúde, que necessitam de cuidados com 
menor frequência e menor necessidade de recursos de saúde, e realizar o 
cuidado compartilhado com as equipes de atenção domiciliar nos demais 
casos (BRASIL, 2017).
12
Feridas e curativos na Atenção Primária à Saúde
Tratamento de Feridas na APS
Saiba mais sobre a Política Nacional de Atenção Básica – Portaria 
nº 2.436, de 21 de setembro de 2017. Ela está disponível no link: 
<http://www.foa.unesp.br/home/pos/ppgops/portaria-n-2436.pdf>.
FINALIZANDO...
Com esse módulo, esperamos que você tenha aprendido (ou revisado) assuntos que consi-
deramos fundamentais para cuidar de pessoas acometidas pelos diversos tipos de feridas 
atendidas nos serviços de APS. 
A prestação de um cuidado humanizado, ético e embasado cientificamente, requer o apri-
moramento constante dos conhecimentos que, dentro da temática, incluem: conhecer como 
acontece o processo de cicatrização tecidual, bem como os fatores locais e sistêmicos que o 
influenciam; identificar os aspectos mais importantes da entrevista e do exame físico para 
avaliarmos lesões e classificá-las; utilizar as informações anteriores para planejar a assistên-
cia à saúde, bem como propor ações de educação e promoção à saúde de usuários, família 
e comunidade; conhecer os recursos humanos e materiais necessários para cuidar de pes-
soas com lesões; e compreender que o domicílio, as unidades básicas (com ou sem ESF) 
e outros espaços da comunidade podem servir como local para promoção à saúde.
É preciso lembrar que os serviços da APS estão relacionados a uma ampla rede de atenção 
pela qual o usuário com feridas – foco deste módulo – deve caminhar por meio do sistema 
de referência e contrarreferência para que seja garantida a integralidade do cuidado.

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