Prévia do material em texto
Conduta Dietoterápica na Prática Hospitalar Disciplina Optativa em Nutrição Clínica Profª Adriana Cândida da Silva Apostila adaptada Profª Ângela Maria Sezini/UNI-BH Profª Aline Stangherlin Martins/UNI-BH Centro Universitário UNI-BH 2011 Passos da Conduta Dietoterápica Anamnese · História Pregressa · História Sócio-econômica · História Familiar · História de Doenças Atuais · História Dietética Avaliação Nutricional · Avaliação Subjetiva Global · Avaliação Antropométrica · Avaliação Bioquímica · Exame físico · Registro alimentar Cálculo das Necessidades Nutricionais Conduta · Via de alimentação · Prescrição dietética (Composição química - macro e micronutrientes) · Consistência · Composição dos alimentos Acompanhamento diário (Hospital) e a cada retorno (Consultório/Ambulatório) · Exame físico · Evolução dietética (Quantificação/Balanço/Aceitação) · Avaliação Nutricional · Necessidades fisiológicas Avaliação Global Subjetiva Avaliação Antropométrica Adultos/idosos Peso · Adequação do peso % = peso atualx100/peso ideal Classificação do estado nutricional de acordo com a adequação do peso ideal Adequação do peso Estado Nutricional <70% Desnutrição grave 70,1-80% Desnutrição moderada 80,1-90% Desnutrição leve 90,1-110% Eutrofia 110,1-120% Sobrepeso >120% Obesidade Fonte: Cuppari, 2002 · Porcentagem de peso corporal habitual % = peso atual x 100/peso habitual Classificação do estado nutricional de acordo com a adequação do peso habitual Adequação do peso Estado Nutricional 85-95% Desnutrição leve 75-84% Desnutrição moderada 0-74% Desnutrição grave Fonte: Vilela, R., 1997 · Peso ajustado (PA) (adequação inferior a 95% ou superior a 115%) PA = (peso atual (kg) - peso ideal (kg)) x 0,25 + peso ideal (kg) Fonte: Cuppari, 2003 · Mudança de peso Perda de peso (%) = (peso usual - peso atual) x 100/peso usual Significado da perda de peso em relação ao tempo Tempo Perda significativa (%) Perda grave de peso (%) 1 semana 1-2 > 2 1 mês 5 > 5 3 meses 7,5 > 7,57 6 meses 10 > 10 Fonte: Cuppari, 2002 · Estimativa do peso Mulheres: Peso (kg) = (0,98 x CB) + (1,27 x CP) + (0,4 x DSE) + (0,87x AJ) – 62,35 Homens: Peso (kg) = (1,73 x CB) + (0,98 x CP) + (0,37 x DSE) + (1,16 x AJ) – 81,69 CB = circunferência do braço (cm) CP = circunferência da panturrilha (cm) DSE = prega cutânea subescapular (mm) AJ = Altura do joelho (cm) Fonte: Chumlea e cols., 1985 Altura · Estimativa da altura Homem (cm) = 64,19 - (0,04 x idade) + (2,02 x AJ) Mulheres (cm) = 84,88 – (0,24 x idade) + (1,83 x AJ) AJ = altura do joelho Fonte: Chumlea e cols., 1985 Índice de Massa Corporal (IMC): IMC = Peso (kg) (Estatura (m))2 Classificação de desnutrição Classificação IMC (kg/m²) Desnutrição < 18,5 Leve 17 a 18,49 Moderada 16 a 16,99 Grave < 15,99 Fonte: OMS, 2000 Classificação de Eutrofia e Sobrepeso Classificação IMC (kg/m²) Normal 18,5 a 24,9 Sobrepeso ³ 25 Pré – Obesidade 25 a 29,9 Obesidade classe 1 30 a 34,9 Obesidade classe 2 35 a 39,9 Obesidade classe 3 ³ 40 Fonte: OMS, 1995 Classificação do IMC para idosos Classificação IMC (kg/m²) Baixo Peso (risco para desnutrição) < 21,9 Eutrofia 22,0 – 26,9 Sobrepeso > 27,0 Fonte: OMS, 2000 Dobras Cutâneas e Circunferências: DCT; DCB; DCSE; DCSI · Adequação da DCT (%) = DCT obtida (mm)/DCT percentil 50 x 100 Percentil 50: Homens = 12,5 mm Mulheres = 16,5 mm Estado nutricional segundo a DCT DCT (%) Classificação <70 Desnutrição grave 70-80 Desnutrição moderada 80-90 Desnutrição leve 90-110 Eutrofia 110-120 Sobrepeso > 120 Obesidade Fonte: Cuppari, 2002 · Adequação da CB (%) = CB obtida (cm)/CB percentil 50 x 100 Percentil 50: Homens = 29,3mm Mulheres = 28,5 mm Estado nutricional segundo a CB CB (%) Classificação <70 Desnutrição grave 70-80 Desnutrição moderada 80-90 Desnutrição leve 90-110 Eutrofia 110-120 Sobrepeso >120 Obesidade Fonte: Cuppari, 2002 · Adequação da CMB (%) = CMB obtida (cm)/CMB percentil 50 x 100 Percentil 50: Homens = 25,3mm Mulheres = 23,2mm Estado nutricional segundo a CMB CMB (%) Classificação < 70 Desnutrição grave 70-80 Desnutrição moderada 80-90 Desnutrição leve 90-110 Eutrofia Fonte: Cuppari, 2002 Estado nutricional segundo a AMBc *Sexo masculino (cm²) = CMB (cm) / 4p - 10 *Sexo feminino (cm²) = CMB (cm) / 4p - 6,5 AMBc (cm²) Classificação p 0 ao p 5 Depleção p 5,1 ao p 15 Abaixo da média/risco de depleção p 15,1 ao p 85 Média p 85,1 ao p 95 Acima da média p 95,1 ao p 100 Boa nutrição Fonte: FRISANCHO (1990) Estado nutricional segundo a AGB (cm²) = CMB (cm) x DCT (cm) / 2 - p x (DCT)² (cm²) / 4 AGB (cm²) Classificação p 0 ao p 5 Magro/Depleção p 5,1 ao p 15 Abaixo da média/risco de depleção p 15,1 ao p 75 Média p 75,1 ao p 85 Acima da média p 85,1 ao p 100 Excesso de gordura Fonte: FRISANCHO (1990) · Circunferência da cintura (CC) Risco de complicações metabólicas associadas à obesidade Elevado Muito elevado Homem > 94 cm > 102cm Mulher > 80cm > 88 cm Fonte: WHO (1998) · Razão cintura-quadril (RCQ) RCQ = Circunferência da cintura/circunferência do quadril Risco de Doença Coronariana: > 1,0 para homens > 0,85 para mulheres Crianças/Adolescentes Curvas: · Peso/idade · Estatura/idade · Peso/Estatura · IMC/idade Pontos de corte Crianças de 0 a 5 anos IMC/I E/I - P/I - P/E < P3 ou -3 < Escore Z < -2 - Magreza < P3 ou -3 < Escore Z < -2 – Baixa estatura e peso para a idade, Magreza P3 - P10 – Risco de desnutrição P3 - P85 ou - 2 < Escore Z < + 1 - Eutrofia P3 - P97 ou > Escore Z - 2 – adequada estatura para a idade, ou -2 < Escore Z < + 2, peso adequado para a idade, -2 < Escore Z < + 1, Eutrofia P85 – P97 ou + 1 < Escore Z < + 2 – Risco de Sobrepeso P85 – P97 – Risco de Sobrepeso (P/E) P97 – P99,9 ou + 2 < Escore Z < + 3 – Sobrepeso >P97 ou > Escore Z + 2 – peso elevado para a idade, ou P97 – P99,9 - Sobrepeso > P99,9 ou Escore Z > + 3 - Obesidade >P99,9 – Obesidade Fonte: OMS, 2006 Crianças de 5 a 10 anos IMC/I E/I - P/I < P3 ou -3 < Escore Z < -2 - Magreza < P3 ou -3 < Escore Z < -2 – Baixa estatura e peso para a idade P3 - P10 – Risco de desnutrição P3 - P85 ou - 2 < Escore Z < + 1 - Eutrofia P3 – P97 ou > Escore Z - 2 – estatura adequada para a idade, ou -2 < Escore Z < + 2, peso adequado para a idade P85 – P97 ou + 1 < Escore Z < + 2 -Sobrepeso P97 – P99,9 ou + 2 < Escore Z < + 3 – Obesidade P90 – P97 – Risco de obesidade > P99,9 ou Escore Z > + 3 - Obesidade Grave >P97 ou > Escore Z + 2 – peso elevado para a idade Fonte: OMS, 2007 Crianças de 10 a 19 anos IMC/I E/I < P3 ou -3 < Escore Z < -2 - Magreza < P3 ou -3 < Escore Z < -2 – Baixa estatura para a idade P3 - P10 – Risco de desnutrição P3 - P85 ou - 2 < Escore Z < + 1 - Eutrofia > P3 ou > Escore Z - 2 – estatura adequada para a idade P85 – P97 ou + 1 < Escore Z < + 2 -SobrepesoP97 – P99,9 ou + 2 < Escore Z < + 3 – Obesidade > P99,9 ou Escore Z > + 3 - Obesidade Grave Fonte: OMS, 2007 Avaliação Bioquímica Hematologia Exame de Sangue Valor de Referência Eosinófilos (/mm³) 50 a 400 Hemáceas (x 10³/mm³) Homem: 4300 a 5700 Mulher: 3800 a 5100 Hematócrito Homem: 39 a 49% Mulher: 35 a 45% Hemoglobina mg/dL Homem: 13 a 17 Mulher: 12 a 16 Leucócitos totais (x10³/mm³) 4 a 10 Linfócitos (/mm³) 1500 a 3500 Neutrófilos (/mm³) 1800 a 7500 Plaquetas (/mm³) 140 a 450 CHCM 32 a 37 g/dL (g Hb/dL de eritrócito) HCM 26 a 34 pg/eritrócito VCM 87 a 103 mm³/ eritrócito VG Hb/2xE (nº Eritrócitos) Interação droga x nutriente, 1998 *Linfocitometria (CTL) (mm³) = % Linfócitos x Leucócitos (mm³) / 100 Minerais, Enzimas, Proteínas e subprodutos Exame de Sangue Valor de Referência Exame Valor de Referência Ácido úrico Homem: 4,0 a 8,0 mg/dL Mulher: 2,7 a 7,3 mg/dL Sódio 136 a 143 mEq/L ALT (TGP) 4,0 a 36 U/L Potássio 3,5 a 5,0 mEq/L AST (TGO) 8 a 33 U/L Magnésio 1,3 a 2,1 mEq/L Bilirrubina direta 0,1 a 0,4 mg/dL Zinco 50 a 150 mg/dL Fosfatase alcalina 12 a 90 U/L Fósforo 2,3 a 4,7 mg/dL Bilirrubina total 0,2 a 1,2 mg/dL Ferro Homem: 65 a 175 mg/dL Mulher: 50 a 170 mg/dL Amilase 25 a 125 UI Ferritina Homem: 15 a 200 ng/ml Mulher: 12 a 15 ng/ml Lipase < 190 UI Transferrina 200 a 400 mg/dL Desidrogenase lática 100 A 190 U/L Albumina Adulto: 3,5 a 5,5 mg/dL Idoso: 3,2 a 4,6 mg/dL Criança: 3,8 a 5,4 mg/dL Cálcio total Adulto: 8,8 a 10,8 mg/dL Idoso: 8,3 a 10,7 mg/dL Globulina 2,3 a 3,5 mg/dL Creatinina Homem:0,6 a 1,2 mg/dL Mulher: 0,6 a 1,1 mg/dL Proteínas totais 6,0 a 8,0 mg/dL Uréia 20 a 40 mg Glicose 70 a 105 mg/dL Albumina 3,5 a 5,5g/dL Interação droga x nutriente, 1998 Classificação da concentração Plasmática de Lipoproteínas Lipoproteína (mg/dL) Classificação dos níveis Colesterol total < 200 200-239 ³ 240 Ótimo Limítrofe Alto LDL colesterol < 100 100-129 130-159 160-189 ³ 190 Ótimo Próximo do ótimo No limite Alto Muito Alto HDL colesterol < 40 ³ 60 Baixo Alto Triglicerídeos <150 150-200 201-499 ³ 500 Ótimo Limítrofe Alto Muito Alto Fonte: Sociedade Brasileira de Cardiologia, 2001 Fórmula de Friedwald VLDL = Tg/5 LDL = Col Tt – (HDL + VLDL) Balanço Nitrogenado BN = Ingestão protéica 24 horas (g) ÷ 6,25 – uréia urinária / 2,14* + 4g** + outras perdas*** *100g de uréia = 46,7g de nitrogênio (100/46,7 = 2,14) **perdas insensíveis: pele, fezes, respiração, controle da temperatura do corpo, etc. ***outras perdas: diarréia (2,5g), drenagem de fístula gastrointestinal (1,0g) Interpretação: BN + ou > 0 = ganho de peso (anabolismo) ou ingestão protéica excessiva ou catabolismo protéico (sepse, trauma) BN = 0 = equilíbrio BN – ou < 0 = perda de peso (catabolismo) ou ingestão inadequada crônica ou jejum Fonte: Blackburn & Harvey (1982); Shenkin (1996) Cálculo do Índice de Creatinina/Altura (ICA): % de adequação do ICA = Creatinina atual/creatinina ideal x 100 Creatinina atual = creatinina urinária do indivíduo nas 24h (mg) Creatinina urinária ideal = homens: 23 mg/kg de peso corporal/24h mulheres: 18 mg/kg de peso corporal/24h Fonte: Blackbum (1977) Classificação do ICA Valor ICA Depleção Grave Depleção Moderada Depleção Leve % < 60 60 < ICA < 80 80 < ICA < 100 Fonte: Blackburn & Harvey (1982) Cálculo do Índice Catabólico (IC): Avalia a ocorrência de catabolismo protéico e seu grau na presença de estresse metabólico. IC = NUU – [(0,5 X NI) + 3} NUU: Nitrogênio Uréico Urinário = 7 / 15 x uréia urinária NI: Nitrogênio ingerido = proteína ingerida (g) / 6,25 Classificação do IC Valor IC Depleção Grave Depleção Moderada Depleção Leve % > 5 0 < IC < 5 < 0 Fonte: Blackburn & Harvey (1982) Blackburn (1979) sugere a seguinte freqüência das medidas de avaliação do estado nutricional: Parâmetros Avaliação inicial Outras avaliações (quando houver anormalidades) Albumina/transferrina Na admissão A cada 10-14 dias com dieta Antropometria Na admissão Após cada 21-30 dias Contagem linfocitária Na admissão Semanalmente Peso corporal Na admissão No mínimo três vezes por semana Pregas/circunferências Na admissão No mínimo duas vezes por mês* ICA Quando indicado Após cada 21-30 dias * Sezini, A. M., 2004 Cálculo das Necessidades Nutricionais Estimativa da taxa metabólica basal conforme peso, sexo e faixa etária em adultos saudáveis Faixa etária (anos) Sexo masculino TMB (kcal/dia) Sexo feminino TMB (kcal/dia) 0-3 60,9 P – 54 61,0 P - 51 3-10 22,7 P + 495 22,5 P + 499 10-18 17,5 P + 651 12,2 P + 746 18-30 15,3 P + 679 14,7 P + 496 30-60 11,6 P + 879 8,7 P + 829 >60 13,5 P + 487 10,5 P + 596 P: Peso atual (kg) Adaptado de FAO/OMS/ONU, 1985 Necessidades energéticas diárias de adultos conforme a categoria de trabalho ocupacional expressas em múltiplos da TMB, segundo sexo Trabalho Homens Mulheres Leve 1,55 1,56 Moderado 1,78 1,64 Pesado 2,10 1,82 Adaptado de FAO/OMS/ONU, 1985 Fórmula de Harris e Benedict para cálculo da TMB segundo sexo, 1988 Homem 66,5 + 13,7P + 5,0A – 6,8I Mulher 655 + 9,6P + 1,9A – 4,7I P: Peso atual (kg), se IMC < 40, e Peso ideal ou desejável, se IMC > 40 A: Altura (cm); I: idade (anos) Fonte: LONG, C. I. et al, JPEN, 1979 Fatores para o cálculo do gasto energético diário (GEB) em processos de doença Fator atividade Fator lesão (FL) (injúria/estresse) Fator térmico (FT) Acamado = 1,2 Paciente não complicado 1,0 38° C 1,1 Acamado + móvel = 1,25 Pós-operatório de câncer 1,1 39° C 1,2 Ambulante = 1,3 Fratura 1,2 40° C 1,3 Sepse 1,3 41° C 1,4 Peritonite 1,4 Infecção grave 1,3- 1,35 Multitrauma reabilitação 1,5 Multitrauma + sepse 1,6 Queimadura até 20% 1,0- 1,5 Queimadura 30-50% 1,7 Queimadura 50-70% 1,8 Queimadura 70-90% 2,0 Câncer 1,1- 1,45 Insuficiência cardíaca 1,3- 1,5 Jejum 0,85- 1,0 Desnutrição grave 1,5 Fonte: CUPPARI, L., 2003; AUGUSTO, A. L, 1995 · DRI´s (crianças, adolescentes e micronutrientes) · EEN · Kcal/kg · Macronutrientes de acordo com a doença Cálculos dos requisitos protéicos (g/kg de peso ideal/dia) Adultos Crianças Desnutrição não complicada 0,8 – 1,0 (VCT <15%) Rel cal/gN = 150:1 1,3 – 1,8 Stress metabólico leve/moderado 1,0 – 1,5 (VCT = 15 a 20%) Rel cal/gN = 150-100:1 1,5 – 2,5 Stress metabólico acentuado 1,5 – 2,0 (VCT > 20%) Rel cal/gN < 100:1 2,5 – 3,5 Fonte: Burton, R.G., 1998 Nota: Poderá haver necessidade de redução nestes valores em presença de doença renal ou hepática. Estimativa das exigências de água (mL/24h)Crianças (>1 anos) Adultos Idosos (>65 anos) 1-10kg: 100 x P 11-20kg: 1000 + 50 x (peso – 10) > 20kg: 1500 + 20 x (peso – 20) Mínimo usual: 1500mL 30-50 mL/kg peso Mínimo usual: 1700mL Fonte: Ferreira, T. R. A. S., 2000 Nota: acrescentar 350mL de líquido extra para cada °C de aumento médio da temperatura diária; Peso (P) em kg. Ascite e Edema – contribuição no aumento ponderal Edema Ascite + Tornozelo 1kg Leve 2,2kg ++ Até o joelho 3 a 4kg Moderada 6,0 +++ Até a raiz da coxa 5 a 6kg grave 12,0kg ++++ Anasarca 10 a 12kg Fonte: Duarte, 2002 Fatores de risco nutricional 1) Peso: a) Insuficiente: < 80% do habitual b) Perda involuntária de peso: ≥ 10% do peso habitual nos últimos 06 meses 2) Valores de laboratório: a) Albumina sérica < 3,5g/dl b) Contagem total de linfócitos < 1500/mm³ 3) Dieta: redução significativa da ingestão durante 07 dias ou mais 4) Doença – Trauma – Estresse: a) Perdas prolongadas de nutrientes por síndrome de má-absorção, síndrome de intestino curto, fístulas gastrintestinais, hemodiálise, abscessos, etc b) Aumento das necessidades metabólicas por queimaduras extensas, cirurgias importantes recentes, infecções, trauma, drogas com propriedades catabólicas, etc c) Doenças prolongadas (mais de 03 semanas) d) Circunstâncias médicas: câncer e tratamento antineoplásico, doenças gastrintestinais, demora na cicatrização de feridas, mastigação e/ou deglutição difícil, desnutrição pré-existente Fonte: Longo, E. N.; Navarro, E., 2002 Classificação da Desnutrição do Adulto Marasmo Kwashiorkor Ausência de massa: gordurosa e muscular Trauma /infecção Peso < 80% do ideal Reservas de gordurosas e musculares - normais PCT < 3mm Edema ICA < 60% do padrão Ruptura da pele Albumina ≥ 2,8g/dL Má cicatrização Arrancamento dos cabelos Hipoalbuminemia < 2,8 Transferrina < 150mg/dL Leucócitos < 1500 mm Waitzberg, 2000 Caracterização da Desnutrição Tipo de desnutrição Características Déficit nutricional Kwashiorkor · Curso rápido · Associado a estresse metabólico · Peso e antropometria conservados ou não · Depleção dos níveis de proteínas viscerais · Deterioração da resposta de imunidade celular Proteínas Marasmo · Perda crônica de peso · Ingestão dietética inadequada de longa duração · Esgotamento dos tecidos adiposo e muscular · Níveis de proteínas viscerais conservados · Resposta da imunidade celular relativamente intacta Proteínas e Calorias Kwashiorkor- marasmático · Freqüentemente por estresse catabólico superposto ao marasmo pré-existente · Perda de tecido adiposo e muscular · Diminuição dos níveis de proteínas viscerais Proteínas e Calorias Fonte: Longo, E.N.; Navarro, E., 2002 Grade de Critérios para a determinação do diagnóstico de Desnutrição Nível de albumina sérica (g/dL) Peso como % do peso corporal ótimo calculado < 60% 60 a 75% 76 a 90% > 90% < 2,5 DPC severa DPC severa Desnutrição moderada Desnutrição protéica (Kwashiorkor) 2,5-3,0 DPC Desnutrição moderada Desnutrição moderada Desnutrição protéica (Kwashiorkor) 3,1-3,5 Desnutrição moderada Desnutrição moderada Desnutrição leve Desnutrição leve > 3,5 Desnutrição calórica (Marasmo) Desnutrição calórica (Marasmo) Desnutrição leve Nenhuma desnutrição presente Fonte: Adaptado Escott-Stump, 1999 Conduta Nutricional / Patologias Distúrbios Gástricos Dispepsia 1. Proceder a avaliação nutricional: Paciente potencialmente desnutrido? 2. Tratar a causa (geralmente psicogênica). 3. Se etiologia orgânica, dietas com teores baixos de gordura (25% VCT), branda e adaptada a síndrome do colón irritável, se verificada associação. 4. Dieta adequada às necessidades individuais. 5. Atmosfera descontraída. 6. Evitar alimentar-se rapidamente. 7. Mastigar adequadamente. 8. Diminuir o volume, aumentar a freqüência. 9. Evitar alimento muito gorduroso. 10. Evitar condimentos em excesso. 11. Esclarecer o paciente (com dispepsia funcional) que os sintomas que ele sente após a ingestão de qualquer alimento não significa doença orgânica: um alimento pode fazer mal num dia e não provocar nenhum sintoma desagradável em outro. 12. Emagrecer quando necessário (dispepsia com sintoma de azia). OBS: Alimentos agressores da mucosa gástrica: cravo da índia, noz moscada, pimenta vermelha, pimenta do reino e mostarda amarela. Gastrite aguda 1. Realizar a avaliação nutricional. 2. Monitorar os sintomas de má-digestão (gastrite idiopática). 3. Realizar o inquérito sobre alimentos de intolerância individual. 4. Permitir, durante a crise, o repouso do TGI, avaliando, porém a sede com água e líquidos tolerados, por 24 a 48 horas – permitir descanso, cicatrização e diminuição da dor. 5. Certificar-se do esvaziamento do estômago para permitir que o revestimento mucoso se regenere (gastrite granulomatosa ou pós- radiação). 6. Observar episódios de hematêmese = homeostase – emergência médica: 7. Após jejum – iniciar dieta progressiva. 8. Evitar alimentos reconhecidamente irritantes e os de irritação individual. 9. Omitir alimentos que não sejam bem tolerados. 10. Proporcionar hidratação adequada. 11. Alterar dieta de acordo com o aparecimento de outras afecções. 12. Proibido o uso de álcool (deprime a motilidade gástrica). 13. Diminuir a ingestão de gordura (deprime a motilidade gástrica). Gastrite Crônica 1. Dieta individualizada, excluindo alimentos de intolerância individual. 2. Intervalos regulares. 3. Mastigar adequadamente os alimentos. 4. Proibir alimentos estimulantes e irritantes. 5. Não beber líquidos nas refeições. 6. Proporcionar hidratação adequada. 7. Adequar a dieta de acordo com as conveniências: se atrofia da mucosa for crônica poderá conduzir a deficiências nutricionais (anemia perniciosa, acloridria, etc). 8. Proibido o uso de álcool (deprime a motilidade gástrica). Úlcera Péptica/Úlcera Duodenal Cuidado nutricional = terapêutica coadjuvante 1. Reduzir e neutralizar a secreção ácida: a) Diminuição dos alimentos protéicos. b) Estimulantes gástricos: cerveja, leite, cafeína, álcool, pimenta malagueta e pimenta do reino, cravo-da-índia, noz-moscada e mostarda. c) Reduzir alimentos de intolerância individual. d) Educação nutricional: o pH do alimento antes de ser consumido tem pouca importância terapêutica. e) Freqüência alimentar. f) Refeições regulares com cronometragem da ingestão de antiácidos (1-3horas após as refeições) é importante. g) Dieta branda? h) A gordura inibe a secreção gástrica. Utilizar gorduras poliinsaturadas (inibem o crescimento in vitro do H. pylori – Thompson et al., 1994). i) Suplementar a dieta com alimentos ricos em vitamina C ou suplemento oral, se necessário. j) Orientar o paciente quanto ao perfeccionismo e a personalidade muito controladora, pois podem aumentar a dor de uma úlcera. 2. Manter a resistência ácida do tecido epitelial gastrintestinal. 3. Limitar o desconforto do paciente. 4. Recuperar o estado nutricional. Distúrbios Pancreáticos Pancreatite Aguda Característica Recomendação VCT GEB x FI (1,3 a 1,5) Proteínas 1,5 a 2,5g/kg/d Indicada suplementação com glutamina devido ao hipermetabolismo Escolha da via de alimentação e considerações · Parenteral · Enteral Deve ser formulada para atender as necessidades nutricionais. Soluções lipídicas podem prover 25 a 30% das calorias nãoprotéicas. Os lipídios têm pouca estimulação sobre o pâncreas quando administrados por via endovenosa. Em pacientes com hiperlipidemias tipo I e IV: cautela na administração dos lipídios. Quando se opta por essa via, a posição da sonda deve ser jejunal e a fórmula precisa ser elementar para diminuir a estimulação pancreática. Fonte: Adaptado de CUPPARI, 2002 Pancreatite Crônica 1. Restringir lipídios: < 20% do VCT 2. Acompanhar glicemia sérica Distúrbios Hepáticos Hepatite Diretrizes da terapia nutricional nas doenças hepáticas Hepatopatia Proteína g/kg/dia Energia kcal/kg/dia Valor energético Total (VET) Objetivos % HC % Lip Hepatite aguda ou crônica 1,0-1,5 30-40 67-80 20-33 Prevenir desnutrição Favorecer regeneração Cirrose compensada ou descompensada Desnutrição Colestase 1,0-1,5 1,0-1,8 1,0-1,5 30-40 30-50 30-40 67-80 72 73-80 20-33 28 20-27 Prevenir desnutrição Favorecer regeneração Tratar desnutrição Tratar má absorção Encefalopatia (EH) Grau 1 ou 2 Grau 3 ou 4 0,5-1,2 0,5 25-40 25-40 75 75 25 25 Suprir as necessidades nutricionais sem precipitar a EH Transplante Pré Pós 1,2-1,75 1,0 30-50 30-35 70-80 >70 20-30 < = 30 Restaurar ou manter o estado nutricional Fonte: CUPPARI, 2002 OBS: Em casos de encefalopatia recomenda-se habitualmente 0,6g/PTN/Kg/d. Aminoácidos comumente alterados na doença hepática Aminoácidos aromáticos (AAA): tirosina, fenilalanina, triptofano livre Aminoácidos de cadeia ramificada (AACR): valina, leucina, isoleucina Aminoácidos amoniogênicos: glicina, serina, treonina, glutamina, histidina, lisina, asparagina, metionina Fonte: Adaptado de Ferreira, T. R .A. S., 2000 Ascite 1. Oferecer 1,5x a necessidade calórica habitual e 1,3 a 1,8g/ptn/PC (peso seco). 2. Oferecer alimentos de > densidade calórica. 3. Observar potássio sérico. 4. Restringir uso de sódio: usar entre 500 e 1000mg/dia 5. Restrição hídrica: cerca 1000mL/dia (2/3 alimentação e 1/3 medicamentos). Obesidade Característica Recomendação VCT - 500 a 1000 kcal segundo a anamnese alimentar Carboidratos 55-60% Proteínas 15-20% (não menos de 0,8g/kg de peso desejável) Gorduras 20-25%, com 7% de gorduras saturadas, 10% de gorduras poliinsaturadas e 13% de gorduras monoinsaturadas Fibras 20 a 30g/dia Álcool Não aconselhável a sua recomendação Colesterol Não mais que 300mg/d Vitaminas e minerais São atingidos os requerimentos totais nos planos de 1200kcal ou maiores Cloreto de sódio Adequado a situação biológica individual Líquidos Cerca de 1 mL para cada kcal Distribuição 06 refeições por dia Fonte: CUPPARI, 2002 Magreza Característica Recomendação VCT 25 a 30Kcal/kg até 35kcal/kg Carboidratos 55 a 65% Proteínas 11 a13% Gorduras 25% Tiamina 0,5mg para cada 1000kcal do VET Niacina 6,6mg para cada 1000kcal do VET Riboflavia 0,6 para cada 1000kcal do VET Fonte: CUPPARI, 2002 Diabetes Melitus Pico de Ação das Insulinas Humanas Insulinas Perfil de Ação (horas) Início Pico Duração efetiva Duração máxima Ultra-rápida (UR) <0,25 0,5-1,5 3-4 4-6 Rápida (R) 0,5-1,0 2-3 3-6 6-8 NPH (N) 2-4 6-10 10-16 14-18 Lenta (L) 2-4 6-12 12-18 16-20 Ultralenta (U) 6-10 10-16 18-20 20-24 Fonte: CUPPARI, 2002 Recomendação Calórico-Protéica para diabéticos conforme a SBD, 2002 Característica Recomendação VCT Individualizado Carboidratos 50-60% do VCT Proteínas 0,8-1,0g/kg/d Gorduras 30% do VCT AGS máximo de 10% VCT < 7% do VCT (para LDL-c > 100mg/dL) Colesterol Fibras Dieta rica em fibras Álcool 1 a 2 x/sem. (02 copos de vinho ou 01 dose de uísque) Fonte: CUPPARI, 2002 Recomendação Calórico-Protéica para diabéticos, conforme a ADA e a EASD Distribuição ADA (1999) ADA 2004 EASDA (1995) Proteínas 20-30% 15-20% 0,8g/kg/d nefropatia e 0,8-1,0g/kg/d microalbuminúria 10-20% Gordura 80-90% CHO + G < 30% (nas dietas ↓ de peso) Sem restrição SFA < 1/3 gordura < 10% / < 7% (se LDL↑) < 10% PUFA ≤ 10 ≤ 10% ≤ 10% MUFA60-70% CHO + MUFA MUFA + CHO individual 60-70% (com CHO) MUFA + CHO individual Colesterol ≤ 300mg < 300mg / < 200mg (↑LDL) < 300mg (se LDL ↑) Carboidrato 80-90% CHO + G 60-70% (com MUFA´s) 20-35 (25% solúvel) Sacarose Sem restrição < 10% Frutose Não recomendado Fibra 20-35g* Rica em fibra* Fonte: Waitzberg, 2001 * Preferir fibra solúvel Câncer Recomendações nutricionais para pacientes com câncer Manutenção de peso Ganho de peso Hipermetabólicos, estresse ou má absorção Energia 25 30 kcal/kg/d 30 a 35kcal/kg/d > 35 kcal/kg/d Proteínas 0,8 a 1,0 g/kg/d 1,0 a 1,2 g/kg/d 1,5 a 2,5 g/kg/d Fonte: CUPPARI 2002 HIV/Aids HIV (assintomáticos) AIDS (sintomáticos) 25-30 kcal /kg de peso atual 35-40 kcal/kg de peso/d 0,8-1,25 g de proteína/kg/peso/d 1,5-2,0 g proteínas/kg de peso/d 120:1 cal não protéicas/g nitrogênio 35 kcal/kg de peso/d 2,0-3,0g de proteína/kg/d Fonte: Adaptado de CUPPARI, 2002 Doenças Pulmonares (DPOC) Recomendações energéticas e nutricionais para pacientes com DPOC Estado Nutricional Recomendações Normalidade (eutrofia) Adequar para a manutenção do peso · 50 a 60% de CHO · 15 a 20% de PTN · 25 a 30% de LIP Desnutrição Adequar para ganho de peso, aumentando a densidade energética de 500 a 1000 kcal/d Obesidade Adequar para a perda de peso, diminuindo o VCT em 500 kcal/dia em relação ao gasto energético total. Fonte: CUPPARI 2002 Doenças Cardiovasculares Recomendações dietéticas para o tratamento das Hipercolesterolemias (AHA) Nutrientes Ingestão recomendada Gordura total 25 a 30% do VCT AGS < 7% do VCT AGP Até 10% do VCT AGM Até 20% do VCT Carboidratos 50 a 60% do VCT Colesterol < 200mg Fibras 20 a 30g/d Calorias Para atingir e manter o peso ideal Fonte: CUPPARI, 2002 (SBC, 2001) Hipertensão Arterial Nutrientes Ingestão recomendada Calorias ANP Carboidrato 50 a 60% do VCT Proteína 10 a 20% do VCT Lipídio < 30% do VCT Colesterol <300mg/d Sal 4g/d = 70mEq de sódio extrínseco + 2g = 30mEq de sódio intrínseco Potássio 2 a 4g/d Cálcio 800mg/d Magnésio > 350mg/d Fonte: CUPPARI, 2002 (SBC, 2001) Insuficiência Cardíaca Característica Recomendação Energia HB 25-30cal/kg de peso ideal/d Carboidrato 50-60% do VCT Lipídios 25-30% do VCT 300mg de colesterol Proteínas 0,8 g/kg/d (diminuição da função renal) 1,0g/kg/d (eutrofia) 2,0g/kg/peso/d (desnutrição) Sódio 2400-4500mg = 10-200mEq (pacientes assintomáticos) 1000 – 2000mg = 43-87mEq (graus mais avançados e edema) Fracionamento 5 a 6 refeições Fonte: CUPPARI, 2002