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FARMACOCINÉTICA II (Distribuição, Metabolismo e Excreção) Profa. Dra Herbenya Peixoto 1 DISTRIBUIÇÃO Partição do fármaco entre sangue e o tecido específico (pKa e pH) Partição O/A Fluxo sanguíneo local Permeabilidade capilar Ligação a proteínas plasmática Ligação a tecidos 2 DISTRIBUIÇÃO 3 Medicina do esporte: princípios e prática - Porto Alegre: Artmed; 2005. DISTRIBUIÇÃO 4 Fração não ligada (fração livre) à proteína plasmática. Fração ligada à proteína plasmática Ligação ao receptor Biotransformação Excreção Ligação ao receptor Biotransformação Excreção DISTRIBUIÇÃO Volume de distribuição aparente (Vd) Representa o volume de líquido necessário para conter a quantidade total do fármaco absorvido no corpo, numa concentração uniforme equivalente à do plasma no estado de equilíbrio dinâmico. Pode variar de acordo com a idade, o gênero, composição corporal e doença pré-existente. 5 Vd = dose administrada / [ ] sérica de fármaco Vd = mg / mg/L Vd = L DISTRIBUIÇÃO 6 Volume de distribuição aparente (Vd) Drogas com Vd baixo Fármacos hidrofílicos ↑ [ ] de fármaco no sangue Drogas com Vd elevado Fármacos lipossolúveis ↑ [ ] de fármaco nos tecidos DISTRIBUIÇÃO 7 Tabela: Provável relação entre Vd e local de distribuição no organismo Vd calculado (L) Provável local de distribuição 3 - 5 Plasma 10 – 20 Fluido extracelular 25 – 30 Fluido intracelular 40 – 70 Fluido total do organismo > 70 Acúmulo em território extravascular Fonte: FUCHS e WANMACHER. Farmacologia Clínica – Fundamentos da Terapêutica Racional. 2 ed. RJ: Guanabara Koogan. 1998. DISTRIBUIÇÃO 8 Modelo monocompartimental Neste modelo a depuração do farmaco segue a cinética de 1a ordem (exponencial) Simplificação do organismo Modelos Compartimentais DISTRIBUIÇÃO 9 Modelo de múltiplos compartimentos Cinética biexponencial Acréscimos de compartimentos afetam, somente, o tempo previsto para a ação da droga e não seu equilíbrio dinâmico. Mais próximo da realidade Modelos Compartimentais DISTRIBUIÇÃO 10 Fase α: fase de distribuição (do compartimento central, sangue, p/ os compartimentos periféricos Fase β: fase de eliminação (também compreende a redistribuição) DISTRIBUIÇÃO Ligação a proteínas plasmáticas Albumina→ principal carreador de fármacos ácidos. α1-glicoproteína ácida→ liga-se a fármacos básicos. A ligação de uma fármaco à proteínas plasmáticas limita a sua concentração nos tecidos. A ligação à proteínas plasmática só é clinicamente importante quando a excreção e administração estão alteradas. 11 DISTRIBUIÇÃO Ligação aos tecidos Fármacos podem acumular-se nos tecidos em concentrações superiores às encontradas no plasma e nos líquidos extracelulares. Reservatório para o fármaco; Prolonga a ação do fármaco; Colabora para o surgimento de efeitos tóxicos; A gordura corporal é um reservatório estável para fármacos lipossolúveis. 12 DISTRIBUIÇÃO Barreira hematoencefálica Estrutura semi-membranosa que protege o SNC de substancias químicas. Composta por cel. endoteliais agrupadas de maneira muito próxima (junção oclusiva), perícitos, astrócitos e diversas proteínas. Hormônios, glicose, aminoácidos acessam o cérebro por meio de transportadores. Não está totalmente formado no recém-nascido. Pode ser rompida por pressão alta, hiperosmolaridade, trauma, isquemia, inflamação. 13 DISTRIBUIÇÃO Barreira placentária Barreira seletiva semipermeável entre mãe e feto. Composta principalmente por sinciciotrofoblastos, citotrofoblasto, tecido conjuntivo e endotélio. Rota: sangue materno → citoplasma do sinciciotrofoblasto → sangue fetal. Tipos de transporte: difusão simples, difusão facilitada, transporte ativo e endocitose. A maior parte das drogas usadas pela gestante consegue atravessar a barreira. 14 DISTRIBUIÇÃO Drogas que atravessam a barreira placentária: Drogas lipossolúveis Drogas com baixo peso molecular Ex.: álcool, sedativos, hipnóticos, nicotina, heroína, opióides etc. Repercussão fetal: Síndrome de abstinência fetal (opioides, álcool e drogas de abuso em geral), Má formação (talidomida, retinóides), Anticoagulantes (hemorragia fetal e neonatal), Tetraciclina (dentição anormal), Sulfonamidas (icterícia neonatal). 15 METABOLISMO E EXCREÇÃO Tecidos voltados para o metabolismo; Tecidos voltados para a excreção; Sistemas enzimáticos especializados em biotransformação; 16 METABOLISMO E EXCREÇÃO Aditivos alimentares Produtos cosméticos Poluentes ambientais Medicamentos Substancias de origem vegetal AgroquímicosX E N O B I Ó T I C O S 17 METABOLISMO E EXCREÇÃO Importância do metabolismo Diminuir ou finalizar a atividade biológica do xenobiótico Diminuir ou finalizar a atividade tóxica do xenobiótico Aumentar a toxicidade de um composto Tornar ativas pró-drogas 18 FARMACOCINÉTICA DO METABOLISMO E EXCREÇÃO Absorvido Distribuído Metabolizado Excretado 19 20 FARMACOCINÉTICA DO METABOLISMO E EXCREÇÃO Cinética de ordem zero Cinética de 1ª ordem Cinética de ordem mista Tempo C o n ce n tr aç ão Tempo C o n ce n tr aç ão Tempo C o n ce n tr aç ão 21 FARMACOCINÉTICA DO METABOLISMO E EXCREÇÃO Cinética de 1ª ordem - A concentração influencia a velocidade - Seguem esta cinética os processos passivos - Difusão passiva (absorção) - Filtração glomerular - Reabsorção tubular passiva Tempo C o n ce n tr aç ão 22 FARMACOCINÉTICA DO METABOLISMO E EXCREÇÃO Cinética de ordem zero - Velocidade constante durante todo o processo - Independe da concentração - Infusão intravenosa - Fármacos de liberação controlada - Anestésicos gerais inalatórios Tempo C o n ce n tr aç ão 23 FARMACOCINÉTICA DO METABOLISMO E EXCREÇÃO Cinética Mista - Seguem esta cinética os processos ativos - Segue cinética de 1ª ordem nas concentrações menos elevadas e de ordem zero nas mais elevadas. - Saturação metabólica nas concentrações mais elevadas de modo que pequenos incrementos na dose levam a grandes incrementos na [ ] plasmática. - Ex.: cinética da fenitoína, do etanol e salicilatos - Perigo de intoxicação com drogas que obedecem essa cinética. Tempo C o n ce n tr aç ão METABOLISMO DE XENOBIÓTICOS Envolve: Reações de fase I Reações químicas para tornar os xenobióticos mais polares; Reações de fase II Reações de conjugação para tornar os xenobióticos menos tóxicos; Evoca um grande esforço do orgânico para neutralizar e eliminar xenobióticos absorvidos e distribuídos pelo corpo 24 FASES DO METABOLISMO 25 REAÇÕES DE FASE I Visam tornam os xenobióticos mais polares Realizadas por enzimas especializadas; Oxidação; Redução; Hidrólise. Introduzem grupos funcionais que tornam as moléculas mais reativas e mais propícias a reações de fase II 26 REAÇÕES DE FASE I Sistemas enzimáticos especializados: CYP Requer um agente redutor (NADPH) Consume uma molécula de O2 e libera um substancia oxidada 27 REAÇÕES DE FASE I 28 REAÇÕES DE FASE I CYP Mais de 50 CYPs descritas na literatura; 1A2, 2A6, 2B6, 2C8, 2C9, 2C18, 2C19, 2D6, 2E1, 3A4, 3A5, 4A11, and 7 Presentes em grande concentração nos hepatócitos. 29 REAÇÕES DE FASE I Sistemas enzimáticos especializados: FMO (flavina monoxigenase) Ocorrem em alta concentração no fígado, tb ligada a membrana do RE; Participam do metabolismo de drogas difusas na fase lipofílica da membrana Há 6 superamilias de FMOs FMO3 é a mais abundante, participa do metabolismo de drogas. 30 REAÇÕES DE FASE I Sistemas enzimáticos especializados: Enzimas hidrolíticas Epóxi-hidrolase; Reagem com epóxidos formados pela ação da CYP Epóxidos são altamente eletrofílicos e reagem com nucleófilos como RNA e DNA. Sendo altamente tóxicos. Carboxiesterases Hidrólise de ligações ester e amida. 31 REAÇÕES DE FASE I Interações Medicamentosas Indução Enzimática Ativação de transcrição e indução da expressão de genes codificadores Diminuem a concentração plasmática de fármacos Resultado → FALHA TERAPEUTICA Inibição Enzimática Inibição dos sistemas enzimáticos microssomais Aumento na concentração plasmáticas de fármacos Resultado → TOXICIDADE 32 AGENTES INDUTORES DO METABOLISMO 33 AGENTES INIBIDORES DO METABOLISMO 34 REAÇÕES DE FASE II Fase sintética; Substratos advindos das reações de fase I; Substratos que apresentam grupos reativos capazes de conjugarem-se; Importantes na neutralização da toxicidade de xenobióticos; Formam compostos polares e menos tóxicos. 35 Reações de Detoxificação REAÇÕES DE FASE II 36 PRINCIPAIS SÍTIOS DA METABOLISMO Fígado Pulmão Trato gastrintestinal Plasma Tecido Nervoso 37 RELEVANCIA CLÍNICA Variabilidade individual Fatores genéticos Dieta Idade Fatores ambientais Poluentes Interação entre drogas Polifarmacoterapia Morbidades 38 FATORES GENÉTICOS 39 Alguns xenobióticos indutores e inibidores do metabolismo Interações medicamentosas 40 41 EXCREÇÃO Drogas excretadas de forma inalterada Drogas metabolizadas (metabólitos) Drogas lipofílicas (apolares) não são bem excretadas por esta via Excreção biliar Processo de eliminação de drogas do organismo 42 EXCREÇÃO Importante na excreção de compostos voláteis e hidrossolúveis Mais expressivo local de excreção de drogas 43 CLEARENCE RENAL ml/min ou ml/min/kg [Clsistemico = Clrim + Clhep + Cloutros ] É extremamente relevante para estabelecer a dose da droga em tratamento de longo prazo. Taxa de eliminação, normalizada, da concentração de um fármaco por unidade de tempo 44 EXCREÇÃO RENAL Incluir os processos: Filtração Glomerular; Secreção Tubular Ativa; Reabsorção Tubular Passiva. ✓ Recém nascidos tem ↓ função renal, que ↑ nos primeiros meses de vida. ✓ Na vida adulta a função declina 1% ao ano. ✓ Idosos tem função renal inferior a um adulto. 45 EXCREÇÃO RENAL Unidades anatômicas funcionais do rim → Néfrons 1- CÁPSULA DE BOWMAN Filtração de todas as substâncias de baixo peso molecular 3 - ALÇA DE HENLE Reabsorção de água 5 -TUBOS COLETORES Reabsorção de água 2 -TÚBULO PROXIMAL Secreção ativa eletrolíticas fracas. Reabsorção de água. 4 -TÚBULO DISTAL Excreção passiva e reabsorção de drogas lipossolúveis. Reabsorção de água URINA46 EXCREÇÃO RENAL Filtração Glomerular Apenas a fração não ligada e filtrada; A ligação com proteínas plasmáticas comprometem a filtração; O filtrado passa ao lúmen do túbulo contorcido proximal. 1- CÁPSULA DE BOWMAN Filtração de todas as substâncias de baixo peso molecular 47 EXCREÇÃO RENAL Secreção Tubular Ativa Contra o gradiente de concentração; Mediada por transportadores: Anions e conjugados (Pgp; MRP2); Cátions e bases (Cassete ATP); Concentram a droga no filtrado; 2 -TÚBULO PROXIMAL Secreção ativa eletrolíticas fracas. Reabsorção de água. 48 EXCREÇÃO RENAL Reabsorção Tubular e Excreção Passiva: É influenciada pelo pH; Importante para as formas não ionizadas. Alcalinização da urina Aumenta a excreção de ácidos Acidificação da urina Aumenta a excreção de bases 2 -TÚBULO PROXIMAL Secreção ativa eletrolíticas fracas. Reabsorção de água. 4 -TÚBULO DISTAL Excreção passiva e reabsorção de drogas lipossolúveis. Reabsorção de água 49 OUTROS SÍTIOS DE EXCREÇÃO Excreção Biliar Presença de transportadores nos hepatócitos que secretam ativamente metabólitos e drogas inalteradas na bile; A bile é secretada no TGI e torna estas substancias passíveis de reabsorção (ciclo entero-hepático); Os conjugados são passiveis de hidrólise pela flora local; A excreção final ocorre através das fezes. 50 51 MEIA-VIDA DE ELIMINAÇÃO DE FARMACOS É o tempo gasto para que a concentração plasmática de um fármaco no organismo seja reduzida a 50%. 52 MEIA-VIDA DE ELIMINAÇÃO DE FARMACOS ▪ Depois de cerca de 4 meias-vidas a eliminação do fármaco estará praticamente completa (94 %). ▪ Depende do clearance e do Vd. Se estes se alteram o T1/2 também se altera. 53 MEIA-VIDA DE ELIMINAÇÃO E POSOLOGIA 54 MEIA-VIDA DE ELIMINAÇÃO E POSOLOGIA ▪ O estado de equilíbrio (steady state) de fármacos é normalmente alcançado dentro de cerca de 3-5 meias-vidas. ▪ Estado de equilíbrio ocorrer quando a taxa de administração é igual a taxa de eliminação ▪ A dose de ataque eventualmente usada abrevia essas meias-vidas necessárias para alcançar o estado de equilíbrio. ▪ Quanto menor e mais frequentes forem as doses menores serão as oscilações na concentração. 55 CLEARANCE x MEIA-VIDA x Vd ▪ Clearance versusT ½: ▪ Grandezas inversamente proporcionais ▪ Clearance versusVd: ▪ Grandezas diretamente proporcionais OUTROS SÍTIOS DE EXCREÇÃO Suor Lágrimas Saliva Leite materno Cabelo Pele 56 57 REFERENCIAS Goodman, Louis S, Laurence L. Brunton, Bruce Chabner, and Bjo ̈rn C. Knollmann. Goodman & Gilman's Pharmacological Basis of Therapeutics. New York: McGraw- Hill, 2011. Dale, M M, H P. Rang, and Maureen M. Dale. Rang & Dale's Pharmacology. Edinburgh: Churchill Livingstone, 2007. Bom Estudo! 58
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