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Alfabetização

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Em 2009, ao identificar a carência de materiais em formato de revista para formadores de alfabetizadores, fui a Belo Horizonte propor à professora Magda Becker Soares, a quem já havia entrevistado algumas vezes, que coordenasse dois números especiais sobre o tema para a revista Educação.
Depois de uma reunião de uma hora e meia com docentes do Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita (Ceale), da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais, órgão criado por ela, havíamos discutido, desenhado, dividido em capítulos e listado autores para os dois números. Magda, então, foi a voz que enfatizou a importância da parceria entre Ceale, que faria 25 anos em 2010, e Editora Segmento. Depois disso, passou a bola para as professoras Aparecida Paiva e Sara Mourão darem continuidade ao projeto por parte do Ceale.
Ela própria, ainda que tenha participado com um artigo, estava com a mente voltada a um projeto que iria ocupá-la a partir de 2011: a escrita de um livro que mergulhasse em toda sua trajetória intelectual relativa ao entendimento da faceta linguística na inserção do mundo da escrita. Traduza-se por isso o processo de alfabetização, objeto de aprendizagem a que dedicou a vida, desde antes de formar-se em letras neolatinas pela mesma UFMG, em 1954.
Ainda que sua visão sobre a entrada no mundo letrado seja bem mais ampla do que a questão específica da alfabetização – Magda é a introdutora no Brasil do conceito de literacy, o letramento – o tema, em razão do renitente insucesso da educação pública brasileira, remanesceu quase como que uma obsessão para ela.
Por intuir que era muito mais complexo do que a forma como era tratado na formação de professores, em especial na pedagogia, continuou a tentar desvendar suas diversas nuances. Para escrever o livro, batizado de Alfabetização – A questão dos Métodos (Editora Contexto), mergulhou no talvez mais rico conjunto de referências de pesquisa, percorrendo todas as áreas nele envolvidas, dando atenção ao objeto e ao sujeito da aprendizagem, como enfatiza. Mas ainda deixando em aberto as outras duas facetas relativas ao mundo letrado, a interativa e a sociocultural.
Quem sabe, objeto de uma nova obra com a assinatura desta intelectual cuja marca principal parece ser a generosidade. E que continua mais ativa do que nunca aos 84 anos. Numa tarde agradável no início de agosto, ela nos recebeu em sua casa, em Belo Horizonte.
Como nasceu sua preocupação com a questão da alfabetização?
Durante toda a educação básica – primário, ginásio e científico (queria ir para a área de ciências exatas), estudei em escola privada, protestante, metodista. Depois fiz curso de letras e fui dar aula em escola pública, para o ginásio. Levei um susto terrível. Senti na pele a distância que havia entre a escola em que eu tinha estudado e onde dava aulas agora, a diferença de condições, professores, sobretudo de relação dos professores com os alunos. Esse momento representou um rito de passagem na minha vida. Daí em diante, passei a vida por conta da escola pública. 
Deixei o ensino básico e fui para a universidade, com dedicação exclusiva, o que às vezes é mais um malefício do que um benefício para quem está formando professores. Você forma professores para uma escola da qual está distante, que conhece só pela pesquisa. Mas fiz e orientei pesquisas sobre a língua, sobre problemas de linguagem na escola pública. E fui me convencendo cada vez mais que a questão era o começo da história, a fase de entrada da criança no que podemos chamar de cultura da escrita. E acabei me voltando para essa área inicial.
Quando foi isso?
Comecei a dar aulas um ano antes de me formar, em 1953, dava aulas para ginásio ou em formação de professoras do curso normal. Só fui entrar na universidade em 1960. Fiquei até me aposentar, na véspera de fazer 70 anos. A moça da secretaria me disse que eu já poderia ter me aposentado dez anos antes. Eu disse: “quem falou que eu queria?”.
Nesse período todo, fiquei preocupada com a questão da aprendizagem da língua escrita pelas crianças. Inicialmente, trabalhava só com o curso de letras, depois quis trabalhar também com pedagogia, na disciplina de alfabetização, que conseguimos introduzir. Antes dela, havia na pedagogia uma metodologia da língua portuguesa, um semestre só. Assim, ficamos mais perto de quem ia para a sala de aula na escola pública. Aí veio um interesse grande em alfabetização. Esse livro de agora é resultado disso.
Como sempre fui muito obsessiva por leitura, por estudar, estava sempre a par do que se produzia aqui e no exterior. Ao mesmo tempo, acompanhava o fracasso na alfabetização neste país, que é algo que não se vence nunca. Comecei a ficar impressionada.
É consenso que o professor de qualquer disciplina tem de saber o conteúdo para poder ensiná-lo. Tem de saber história para ensinar história, tem de saber geografia para ensinar geografia, ciências para ensinar ciências. Para alfabetizar, é como se não houvesse algo que se tem de saber. É como se a pessoa, sabendo ler e escrever, soubesse automaticamente alfabetizar. O que não faz sentido.
Na minha visão de linguista, pensava que a língua escrita é um sistema de representação extremamente complexo e que demanda de uma criança de 5, 6, 7, 8 anos habilidades cognitivas muito complexas também, pois trata do entendimento de um sistema de representação bastante abstrato. É preciso representar os sons com sinaizinhos na página, os chamados grafemas, sinais que são também arbitrários. Por que um desenho de B vai representar o fonema |B|? Ou seja, o objeto em si é complicado. E, portanto, as habilidades cognitivas que a criança precisa para compreender e dominar esse sistema são também complexas e dependem do processo de desenvolvimento dela.
E o preparo para isso…
No próprio curso de pedagogia, ninguém acha importante discutir essas coisas com quem vai alfabetizar. É algo que me tomou anos. Há muita leitura nesse livro, tudo para que eu pudesse entender bem o processo de aprendizado da língua escrita dos pontos de vista da psicologia cognitiva, da linguística, da sociolinguística, enfim, de várias áreas de conhecimento.
E depois tem o fato de os psicólogos do desenvolvimento terem começado a se preocupar com isso há pouco tempo, como os linguistas que começaram nos anos 70, outro dia mesmo. Cada um analisando seu pedaço, daí o nome das facetas. Porque você aprende a codificar e decodificar a língua escrita [parte da faceta linguística], para fazer alguma coisa com isso, interagir com outros por meio da escrita nas situações em que a escrita é a forma de comunicação [faceta interativa]. E tudo isso dentro de um contexto cultural que tem lá suas ideias sobre a escrita, a utiliza com determinadas funções, exige isso e aquilo das pessoas, que é a terceira faceta [sociocultural].
Essa ideia das facetas começou lá atrás num artigo que publiquei em 1960 mais ou menos, em que já discutia isso. Estávamos numa fase, que vai até os anos 70, 80 em que se discutia o fracasso escolar. Quantos meninos eram reprovados no primeiro ano ou evadiam, saíam da escola porque não aprendiam a ler ou escrever? Toda vez que saía estatística era isso.
Hoje continuamos no mesmo sistema… quantos chegam lá na frente sem aprender a ler? Mas já achava que era mais complexo do que isso. A vantagem que levei foi ter sido formada em letras, e não em pedagogia. A alfabetização sempre foi entendida como um problema de pedagogo. Até hoje ainda há muito disso. E é, mas não só. É também da psicologia, da linguística e de todas as ciências linguísticas.
Quais são os maiores entraves para a alfabetização?
Pensando com os pés no chão – linha mestra do livro – é que sempre se pensou a alfabetização em termos de método. Lá em Lagoa Santa [município mineiro em que coordena o Núcleo de Alfabetização e Letramento, que faz formação continuada com as professoras da rede local], cujo processo é uma didatização do que está nesse livro, as pessoas vão nos visitar e a primeira pergunta quefazem é: “que método vocês usam na alfabetização?”. Como se a alfabetização fosse uma questão de método. E sempre foi assim.
O que você tinha de bibliografia na área de alfabetização era a defesa de um ou outro método, disputas, desentendimentos em torno de como ensinar. Mas sem pensar em como ensinar o que e para quem. Quem aprende o quê? Sem pensar que é um objeto linguístico que uma criança em fase de desenvolvimento enfrenta e dele se apropria. A questão é fundamental. Isso explica esse reiterado fracasso em alfabetização, que data de quando houve a democratização do ensino, porque as camadas populares entravam na escola e não aprendiam a ler e escrever. Esse fracasso só mudou de figura. Antes era a reprovação e a evasão.
Temos uma bibliografia estatística bastante grande desse período, sobretudo dos anos 70, que mostrava quantos alunos eram reprovados a cada ano. A taxa de reprovação da alfabetização era sempre alta do 1o para o 2o ano, pois ainda havia essa ideia de que o menino tinha de ser alfabetizado do 1o para o 2o ano. A gente tinha classes de alfabetização, o que expressa o desconhecimento do que é esse processo, achar que você alfabetiza uma criança em um ano.
Depois, quando vieram os ciclos, começou a reprovação no fim do ciclo. Resolveram que não pode reprovar no fim do ciclo, então o menino chega ao 6º ano, 7º ano semialfabetizado. Quer dizer, o fracasso, antes concentrado numa série inicial, atualmente se dilui ao longo do ensino básico. E até hoje está assim por quê? Porque continuamos discutindo método, sem entender o processo, como se se pudesse achar de repente um método que fosse uma varinha de condão, uma receita.
O livro descreve bem as polarizações no campo, desde a pendenga entre sintéticos e analíticos no início do século 20, até a mais recente, entre fônicos e construtivistas, uns sempre negando os outros, ideologizando o olhar. É uma espécie de Guerra Fria?
Sim, tanto que nos Estados Unidos isso foi chamado de Read­ing Wars, as Guerras da Leitura (eles chamam a alfabetização de reading), o que ainda hoje se comenta. Era a guerra entre phonics e whole language, na linha do nosso construtivismo, com a concepção de que a criança aprende por si mesma, de que aprender a escrita é a mesma coisa que aprender a língua oral. O que é uma coisa absolutamente sem sentido, pois já se sabe há tempos que a língua oral é inata e a escrita é cultural. Essa ideia é subjacente a esse grupo da whole language e ao nosso construtivismo. E isso não se sustenta mais cientificamente.
Como você interpreta essa disputa?
As pessoas disputam métodos, e não os fundamentos dos métodos, pois é importante vencer a guerra dos métodos, porque você vence social, cultural e comercialmente em uma sociedade. Isso é o que justifica a guerra, essa posição de que é “isso ou aquilo”, quando, na verdade, é isso e aquilo.
No estudo da alfabetização como processo cognitivo num quadro de desenvolvimento e do objeto que é a língua escrita, vê-se que a criança precisa, sim, aprender as relações fonema/grafema. A perspectiva fonológica deixa isso muito claro. Se você escreve registrando o som, claro que a criança tem de perceber o som e compreender que quando se escreve não se escreve a coisa em si, mas o som com que você se refere à coisa. Então, o processo de relação fonema/grafema está implícito, presente, quer queira, quer não.
Está presente no construtivismo, pois se a criança vai descobrindo, se apropriando da língua escrita, de acordo com a terminologia do construtivismo, o que é essa apropriação? É descobrir essa relação fonema/grafema, grafema/fonema. Só que o fônico faz isso de forma sistemática, porque cai num método. E o construtivismo não faz isso de forma sistemática porque resolve sistematizar outras coisas, como o convívio da criança com a escrita etc.
Então é isto e aquilo. Não há como reduzir a complexidade do processo a um método, se você entende método como modo de agir alicerçado em fundamentos teóricos. No caso da alfabetização, fundamentos psicológicos – psicologia do desenvolvimento, cognitiva, no que se refere à criança – e fonologia, psicolinguística, sociolinguística, no que se refere ao objeto.
Pode haver vários métodos que funcionem ao mesmo tempo. Isso me incomodou o tempo todo porque foi no correr do livro que fui vendo o que diria a respeito da questão dos métodos, proposta no título. A ideia primeira era de que não se deve procurar um método, mas vários métodos. Aí comecei a pensar, e esse último capítulo [Métodos de alfabetização: uma resposta à questão] me deu muito trabalho. Desde o início pensei que a conclusão a que eu ia chegar para resolvê-la não era chegar dizendo “é só colocar isso no plural”. Você tem uma forma de orientar a criança para levá-la a relacionar o oral com o escrito; outra forma quando pretende desenvolver o conceito de palavra etc. Cada forma de um jeito. É preciso ter vários métodos para alfabetizar. De forma um pouco mais genérica, cada faceta é um método diferente.
Nesse aspecto, é interessante a ideia dos pesquisadores Spiro e DeSchryver, citada no livro, de que o ensino explícito é adequado em áreas do conhecimento bem estruturadas, isto é, aquelas em que é possível delimitar informações, conceitos e processos que o aluno deve aprender.
As alfabetizadoras são muito espertas, porque a maior parte delas, quando você vai pesquisar quais métodos de alfabetização são usados em sala de aula, dizem que misturam vários métodos, usam “métodos ecléticos”. É uma resposta inteligente, pois já perceberam que cada método tem a sua contribuição a dar.
Em alguns casos, você tem um ensino mais direto, explícito. Se quiser, pode deixar na visão construtivista, para a criança adivinhar, descobrir de tanto mexer com a escrita. Mas não é justo com ela. É algo construído culturalmente, que você vai ensinar a ela. Isso não quer dizer que ela tenha de ficar fazendo aqueles exercícios de método fônico, mas deve ter um ensino explícito. Ao mesmo tempo, isso pode ser acompanhado de elementos do construtivismo, como o convívio com material escrito, conhecendo diferentes portadores da escrita e gêneros textuais. Aí, não se trata de ensino explícito, e sim de ensino indireto, com a criança envolvida nesse mundo da escrita. É como se esse objeto “língua escrita” fosse composto de vários subobjetos, cada um com sua peculiaridade, exigindo determinadas habilidades e processos cognitivos da criança, que têm de acompanhar o processo de desenvolvimento dela, sem dar saltos.
E também não pode retroceder, que é o que muitos têm feito quando negam à criança o início da alfabetização na educação infantil. O único jeito de uma pessoa alfabetizar conscientemente, sabendo o que está acontecendo com a criança, que hipóteses ela está fazendo, que interferência fazer em cada momento, é saber que estratégia usar. Essa construção de hipóteses é coisa do construtivismo, só que no construtivismo a criança vai fazendo hipóteses e você vai dando a ela outras experiências para ela desmanchar essa hipótese, substituí-la. Por que não clarear as coisas explicitamente para a criança?
Até porque há crianças que, por diversos motivos, não querem formular hipóteses…
Tem um caso engraçado numa pesquisa de uma orientanda minha, que relata a história de uma menina de uma escola construtivista, onde pediam para ela escrever alguma coisa na atividade de casa. Ela perguntava como escrever para a mãe, que tinha participado da reunião de pais na escola e havia recebido a orientação de responder que ela deveria escrever como achava que era. A menina perguntava e a mãe respondia: “escreve do jeito que você acha que é”. E a menina: “Não, me fala só essa letra, se é essa ou é essa”. E a mãe: “escreve do jeito que você acha que é”. Até que a menina falou: “Acho que isso é um segredo, né?” (risos). É a tal história, o adulto fica escondendo da criança o que você pode dizer para ajudá-la a descobrir com a sua orientação explícita.
Qual a importância da memória no processo de aquisiçãoda linguagem oral e escrita?
Nesse processo inicial de alfabetização é muito forte, porque é um sistema de representação. Há quem chame de re-representação, pois a oralidade já é uma forma de representação.
Este objeto, por exemplo, que é o real: ponho isso numa representação de sons que é “gravador” e depois é preciso pegar essa sequência de sons e colocar numa outra representação que é visível. Ou seja, tenho de passar da oralidade para a visibilidade, pois a língua escrita é a língua tornada visível.
Como se trata de um sistema de representação abstrato, pois não representa a coisa em si, como faz o desenho, a memória é fundamental. No caso do nome da criança, por onde todos começam por ter um sentido para ela, a criança memoriza as letras de seu nome. Quando você quer que ela comece a reconhecer o nome dos colegas, ela memoriza. Isso é que a vai levando, aos poucos, a entender que é um processo de representação.
Que você pode fazer de forma mais fácil e leve para a criança, de forma mais direta. Mas para relacionar letra com som, é só pela memória. Outra coisa mal trabalhada na alfabetização é que colocam um alfabeto lá e dizem “essas são as letras”. Dão inclusive alfabeto móvel para a criança mexer. Mas é difícil para ela criar a ligação entre aquelas linhas e curvas com os sons, confundem muito. Qualquer um que mexe com alfabetização sabe disso, ainda mais letras muito próximas, com pequenas assimetrias, como p e b. Uma diferença de posição muda a própria letra, a correspondência de sons.
Só a memória vai fazer a criança gravar que esse p é diferente desse d, embora tenha havido uma virada, ou que o p é diferente do b, outra pequena virada. É preciso conhecer a psicologia da memória, o que é memória de curta de duração. Tem gente que fala: “Ah, mas esse menino não aprende de jeito nenhum, a gente ensina hoje, na semana que vem ele já esqueceu”. Ora, há uma memória de curta duração que você precisa transformar numa memória de longa duração. Na alfabetização, isso acontece muito.
Há, por parte de uma corrente ligada ao construtivismo uma ojeriza à sílaba? Por quê?
A sílaba é ponto crítico da alfabetização. No próprio construtivismo, enquanto a criança não chega à fase chamada de silábica, não se alfabetiza. O trabalho todo tem de ser feito para ela perceber a sílaba, pois ela não percebe o fonema. Só consegue perceber o fonema quando faz o contraste entre uma sílaba e outra. Isso é outra coisa que revela a falta de fundamento linguístico do método fônico, que acha que você pode ensinar os fonemas.
Nos Estados Unidos, eles usam muito isso. Ainda hoje recebi um livro falando da importância de avaliar se a criança está relacionando a letra com o fonema que ela representa, pedindo, por exemplo, que ela fale vaca separando cada pedacinho. A criança fala sempre va-ca. Eles pedem pedacinho menor. Como eles vão falar o som do v e do c? Quando você põe va-ca e fa-ca, ela percebe a diferença, mas a realidade concreta não está na diferença sonora. Daí a importância da sílaba, é pelo contraste que a criança identifica – no sentido que discuto no livro, de ver que é idem, igual. Quando eu falo fa, fi, há uma identidade no fonema inicial, aí é que ela percebe. Não tem jeito: se não passar pela sílaba não vai.
Mas por que a rejeição?
Reclamam do método silábico. Que é que tem? Qualquer livro de linguística, de fonologia mostra que o elemento básico da corrente fonológica, perceptível, identificável, é a sílaba. Essa rejeição é um dogma. Na alfabetização estamos muito sujeitos a dogmas. Duas coisas que prejudicam são esse dogmatismo e outra, do pessoal do fônico, de buscar solução para a nossa alfabetização em outros países, sobretudo nos Estados Unidos, com ortografia completamente diferente.
Por isso trabalhei um capítulo sobre a questão da ortografia, para que enxerguem como ela influencia o processo de alfabetização. Seria ótimo se pudéssemos imitar os finlandeses, pois na língua deles cada fonema é uma letra, cada letra um fonema, não tem discussão, é uma língua com a ortografia muito transparente.
Como esses dogmas estão prejudicando a educação infantil?
Infelizmente, muita gente acha um pecado mortal mexer com alfabetização na educação infantil, como se a criança não estivesse convivendo com a língua escrita desde praticamente o momento em que nasce.
É preciso respeitar o desenvolvimento da criança. O povo da educação infantil está respeitando o desenvolvimento de uma criança do século 19, não o da criança de hoje, que já nasce imersa num contexto gráfico, da escrita. E é para começar na hora certa.
Por exemplo, a percepção de que a palavra é som deve ser trabalhada na educação infantil, pois a criança está pronta para fazer isso. É uma coisa lúdica, de cantar parlendas etc. O que a educação infantil não tem feito é, quando a criança está falando uma parlenda com rima, escrever para ela essas palavras com terminação igual e apontar isso. Aí, ela já começaria a ver que a letra representa um som, quando isso é igual etc. Enfim, vários procedimentos para a criança já ir fazendo essa relação. Ela pode dar conta disso e pode ser feito de forma lúdica.Ajuda muito a alfabetização, principalmente nessa perspectiva de alfabetização na idade certa.
Se a idade certa for 8 anos, algo arbitrário, não dá tempo se começar aos 6 anos. E a criança está pronta para esse processo antes disso. Há equívoco na compreensão. Acham que deve trabalhar apenas literatura infantil, o contato com o livro, numa linha muito construtivista. Ler para a criança, deixá-la folhear o livro, coisas obviamente muito importantes. Mas, com base nisso, por que já não chamar atenção para o fato de que o que está escrito no livro é o que está sendo falado? É estranho o pessoal achar que o desenvolvimento se faz por etapas estanques, aqui acaba uma coisa e começa outra. Nenhum desenvolvimento é assim, é um processo contínuo, que começa na creche. Em Lagoa Santa, na creche já estamos trabalhando historinha com os meninos, fazendo-os reconhecer figuras e mostrando, por exemplo, a imagem e a palavra do lobo.
A aquisição da consciência meta­linguística é a porta de entrada pa­ra o pensamento complexo?
É o que está na base da aprendizagem da língua, não só na alfabetização, mas em todo o processo. Para produzir um texto, você tem de ter consciência metalinguística, tem de ser capaz de olhar a língua. Quando escreve um texto, você pode falar o texto. Mas na hora de escrevê-lo há certas convenções, tem de ter consciência sobre a língua para produzi-lo, fazer uma leitura, interpretar. E na alfabetização, para transformar o oral no escrito. O metalinguístico é fundamental.
O livro trata de forma minuciosa a questão da transparência e da opacidade linguística. A opacidade de línguas como o inglês, por exigir maior esforço da criança no processo de identificação das relações fonema/grafema, propicia maior consciência ao aprendiz?
Com certeza, uma ortografia opaca como a do inglês exige muito mais da memória do que uma transparente. Por causa disso, talvez o menino que aprende o inglês desenvolva mais a consciência metalinguística, pois tem sempre de estar fazendo associações. Para ensinar o inglês para crianças, eles usam muito as analogias, morfemas, a consciência morfológica. Que para nós serve quase exclusivamente para a ortografia, para a aprendizagem de regras ortográficas. Para o inglês aprender a ler tem de trabalhar muito com a morfologia da língua, para suprir a opacidade das relações fonema/grafema. Então, por hipótese, acho que deve exigir mais consciência metalinguística deles do que dos nossos. Mas não sei se isso resulta em um benefício para eles.
Depois da alfabetização, para produção de leitura e produção de texto, quanto mais desenvolvida a consciência metalinguística, melhor leitor e melhor produtor de texto será a pessoa. Uma coisa é a pessoa que lê e não vê as entrelinhas, não tira inferências, que são habilidades metalinguísticas. Enfim, são coisas muito complicadas para serem tratadasde um modo ingênuo como tem sido feito.
Quais devem ser os principais beneficiários do livro?
Não foi um livro que escrevi para resolver o problema da professora na sala de aula. Eu gostaria que todos que formam alfabetizadores tivessem esses conhecimentos e fundamentos para que o alfabetizador ou alfabetizadora seja uma pessoa que conhece o processo da criança e conhece o objeto, saiba relacionar uma coisa com outra, saiba o que fazer. É o que chamei de alfabetização com método, e não método de alfabetização. Uma alfabetização baseada em fundamentos que fazem você entender o processo e, portanto, permitem saber como agir, quando ser mais ou menos diretivo; entender o que está acontecendo com a criança quando ela está com dificuldade, o que fazer. Minha intenção, ao fazer tantas leituras e tentar sistematizar isso para mim mesma – e uma vez isso feito, ter a vontade de socializar para quem trabalha com alfabetização –, é que avancemos nesse campo, não fiquemos discutindo se é esse ou aquele método.
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ALBETIZAÇÃO E LETRAMENTO NAS SÉRIES INICIAIS.
 
PORANGABA, Fábio Araújo
PORANGABA, Sandra de Souza Menezes
MENESES, Silvane de Souza
 SILVA, Wander Moura Batista 
 
RESUMO: 
A educação em plena era digital vem enfrentando muitos desafios acerca da alfabetização muitos desafios acerca da alfabetização. E um dos gargalos na educação é o analfabetismo que ainda está num índice muito elevado no pais.
Mediante a análise das teorias de Piaget, Vygotsky e Ferreiro e suas contribuições à alfabetização e os estudos feitos, pode-se pensar nos fatores que interferem no processo de alfabetização e redefinir a posição da escola neste novo cenário de mudanças aceleradas e desordenadas da sociedade contemporânea. E é ai que entra o letramento como uma proposta de superar os vários fracassos, usando os termos como alfabetizar – letrando, apontados como o caminho para superação dos problemas enfrentados nesta etapa de escolarização. Diante de tudo que foi há alguns educadores que ainda só alfabetizam através dos sistemas de codificar e decodificar os símbolos gráficos.
Mas existem aqueles educadores que alfabetizam letrando, sempre tendo em vista os aspectos sociais, culturais, cognitivos e reais para o desenvolvimento das práticas culturais dos alunos.
Palavras-chave: Alfabetização, letramento, construtivismo.
INTRODUÇÃO: 
Ao ver os grandes fracassos enfrentados pela alfabetização este trabalho pretende tratar de um assunto que vem sendo amplamente questionando: a questão de alfabetizar letrando. Chamar a atenção dos professores e educadores escolares para o fato que o texto escrito era mais que um sistema de códigos a ser decodificado. Era urgente chamar a atenção para a perspectiva da escrita e da leitura como práticas sociais, que só têm sentido quando produzidas e interpretadas em um determinado contexto, com uma determinada intenção e com modos específicos de organização.
Apresenta como objetivo propor uma metodologia de alfabetização e letramento com base no pensamento construtivista e progressista, fazendo uma reflexão da alfabetização através dos pensamentos de autores como Piaget, Vygotsky e Ferreiro, e analisando fatores que interferem no processo de alfabetização.
Neste artigo pretende-se retomar a fundamentação que apóia as práticas na perspectiva da alfabetização intercalada com o letramento.
DESENVOLVIMENTO:
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
A alfabetização é um campo aberto, no qual o conflito entre teorias é fundamental para o progresso do conhecimento. Mas é importante levar em conta a compreensão sobre as visões de mundo, de homem e de sociedade que as sustentam para o professor possa decidir de um modo mais crítico e consciente, sobre os quais, os ajudarão a concretizar os fins de uma educação formada da cidadania de nossos aprendizes.
Atualmente parece que de novo estamos vivenciando uma nova situação, no que se refere á alfabetização, o que prenuncia o questionário a que vem sendo submetidos os quadros conceituais e suas práticas ao longo da desse seu processo na história. Estamos diante de um quadro que aponta problemas resultantes de alfabetização de crianças no contexto escolar, insatisfações e inseguranças entre alfabetizadores os que evidenciam uma perplexidade na persistência do fracasso escolar em alfabetizar.
Neste contexto, vem surgindo nos discursos teóricos a palavra letramento como uma proposta para superar tais fracassos, usando termos como alfabetizar ou letrar alfabetizando, apontados como o caminho para a superação dos problemas enfrentados nesta etapa de escolarização.
No inicio da escolarização, uma pesquisa revela que, até os anos 80, o objetivo maior era a alfabetização isto é, enfatizava-se fundamentalmente a aprendizagem do sistema convencional da escrita. Em torno desse objetivo principal, métodos de alfabetização alteram-se em um movimento pendular: ora a opção pelo principio da síntese, segundo o qual alfabetização deve partir das unidades maiores _ a palavra, a frase, o texto (método fônico, método silábico); ora a opção pelo principio da analise segundo o qual a palavra, a frase, o texto – em direção as unidades menores (método da palavração, da sentenciação, global). Em ambas as opções, porém a meta sempre foi à aprendizagem do sistema alfabético e ortográfico da escrita; embora se possa identificar na segunda opção uma preocupação também com o sentido veiculado pelo código. Seja no nível do texto (global, seja no nível da palavra, ou da sentença da palavração, sentenciacão) os textos foram postos a serviço da aprendizagem do sistema de escrita. Visto que, palavras são intencionalmente selecionados para servir a sua decomposição em sílabas e fonemas.
Assim, pode se dizer que até os anos 80, a alfabetização escolar no Brasil caracterizou por uma alternância entre método sintético e métodos analíticos, mas sempre com o mesmo pressuposto – o de a criança para aprender o sistema de escrita, dependeria de estímulos externos cuidadosamente selecionados ou artificialmente construídos – e sempre com mesmo objetivo o domínio desse sistema, considerado condição, pré-requisito para que a criança desenvolvesse habilidades de uso da leitura e da escrita, isto é, primeiro aprender a ler e a escrever, para só depois, ler textos, livros, escrever histórias, cartas, etc.
Nos anos 80, a perspectiva psicogenética da aprendizagem da língua escrita divulgada entre nós, sobretudo pela atuação formativa de Emilia Ferreiro, sob a denominação de construtivismo, trouxe uma significativa mudança de pressupostos e objetivos na área de alfabetização, porque alterou fundamentalmente a concepção efetivas de leitura e de escrita. Essa mudança permitiu identificar e explicar o processo através do qual a criança torna-se alfabética; por outro lado, e como conseqüência disso, sugeriu as condições em que mais adequadamente se desenvolve esse processo, revelando o papel fundamental de uma interação intensa e diversificada da criança com práticas e matérias reais de leitura e escrita a fim de que ocorra o processo de conceitualização da língua.
No entanto, o foco no processo de conceitualização da língua escrita pela criança e a importância de sua interação com práticas de leituras e de escrita como meio para provocar e motivar esse processo tem subestimado, na pratica escolar da aprendizagem inicial da língua escrita, o ensino sistemático das relações entre a fala e a escrita de que ocupa a alfabetização. Como conseqüência de o construtivismo ter evidenciado processos espontâneos de compreensão da escrita pela criança, ter condenado os métodos que enfatizam o ensino direto e explicito do sistema de escrita e, sendo fundamentalmente uma teoria psicológica, não ter proposto uma metodologia de ensino, os professores foram levados a supor que, apesar de sua natureza convencional e com freqüência arbitrária,as relações entre a fala e a escrita seriam construídas pela criança de forma incidental e assistemática, como decorrência natural de sua interação com inúmeras variedades práticas de leitura e de escrita, ou seja, através de atividades de letramento, prevalecendo, pois, estas sobre as atividades de alfabetização.
É, sobretudo essa ausência de ensino direto, explicito e sistemático da transferência da cadeia sonora da fala para a forma gráfica da escrita que tem motivado as críticas que atualmente vem sendo feitas ao construtivismo. Além disso, é ela que explica porque vêm surgindo, surpreendentemente, propostas de retorno a um método fônico como solução para os problemas que se enfrentam na aprendizagem inicial da língua escrita pelas crianças.
Cabe salientar, porém, que não é retornando a um passado já superado e negando avanços teóricos incontentáveis que esses problemas serão esclarecidos e resolvidos.
Por outro lado, ignorar ou recusar a crítica aos atuais pressupostos teóricos e a insuficiência das práticas que deles tem decorrido resultará certamente em mantê-los inalterados e persistentes.
Nesta perspectiva, surge letramento, que, segundo Kleiman não está ainda dicionarizada define letramento como um contraponto ao conceito de alfabetização, segundo ela os dois conceitos se alternam e se completam.
A alfabetização e o letramento são, no estado atual do conhecimento sobre a aprendizagem inicial da língua escrita, indissociáveis simultâneos e interdependentes.
 
UMA REFLEXÃO DA ALFABETIZAÇÃO ATRAVÉS DE: PIAGET, VYGOTSKY, FERREIRO.
Piaget
A epistemologia genética de Piaget é uma teoria construtivista de caráter interativo, entendendo o pensamento e a inteligência como processos cognitivos que tem sua base em um organismo? Biológico. É a partir da herança genética que o individuo constrói sua própria evolução da inteligência paralela com a maturidade e o crescimento biológico da pessoa que, através da interação com o meio desenvolve também suas capacidades básicas para a subsistência: a adaptação e a organização.
Vygotsky
Para Vigotsky a aprendizagem é o resultado da interação do aprendiz com o ambiente através da sua experiência, compartilhada com um momento histórico e com determinantes culturais particulares. Essa aprendizagem como experiência não se transmite de uma pessoa a outra forma de mecânica, mas sim mediante operações mentais que se realiza na interação do sujeito com o mundo material e social. O fundamental do enfoque de Vygotsky consiste em considerar o individuo como resultado do processo histórico e social onde a linguagem desempenha um papel essencial. Para Vygotsky, o conhecimento é um processo de interação entre o sujeito e o
Ferreiro
As investigações de Ferreiro demonstram que, questão crucial da alfabetização é de natureza conceitual e não perceptual. Ela mudou radicalmente as concepções sobre a origem dos estudos da aquisição da leitura e da escrita. Ferreiro introduziu uma nova didática da língua, onde a alfabetização é uma construção do conhecimento não um lugar de acumulo de informações sem significado para a criança.
CONCLUSÃO
Percebe-se que quando se discute qual é a melhor maneira de ensinar, a ler e escreve busca um método mais práticos que venha suprir tal necessidade de alfabetizar. Existem vários métodos para ensinar escrever. O que ocorre é que quando o professor lança mão de um método para alfabetizar não leva em conta se esse método realmente vai suprir a necessidade do aluno a ser alfabetizado, centra-se apenas no ato de codificar e decodificar os sinais e os sons, como diz Paulo Freire: deve levar o aluno a refletir sua vida no mundo, não deixando se levar pela a educação bancária que aplica o conhecimento, a educação deve se esforçar para desmascarar a realidade para que o aluno possa interferir de forma critica na sua realidade, a “educação é uma forma de intervenção no mundo ‘(Freire, 2000)’”.
Atualmente a educação esta caminhando para alfabetizar letrando. No processo de alfabetizar e letrar é imprescindível que os educadores tenham claros tais conceitos, pois alfabetização é um processo especifico e indispensável de apropriação do sistema da escrita, a conquista dos princípios alfabético e ortográfico que possibilita ao educando ler e escrever com autonomia e letramento é o processo de inserção e participação na cultura escrita, processo este que tem inicia quando a criança começa a conviver com as diferentes manifestações da escrita na sociedade e se prolonga por toda a vida, com a crescente possibilidade de participação nas práticas sociais que envolvem a língua escrita.
Este trabalho considera que alfabetização e letramento são processos distintos, cada especificidade, mas complementares e inseparáveis, ambos indispensáveis para a aquisição da leitura e da escrita pelos alunos. Neste sentido não se trata de escolher entre alfabetizar ou letrar, trata-se de conciliar esses dois processos assegurando aos alunos a apropriação do sistema alfabético – ortográfico e condições possibilitadoras do uso da língua nas práticas sociais de leitura e escrita, percebe-se que a ação pedagógica mais adequada e produtiva é aquela que contempla, de maneira articulada e simultânea, a alfabetização e o letramento.
É preciso mudar o aprender, e isto demanda tempo, talvez muito tempo, que não acontece de uma hora pra outra, porque requer forças de muitos segmentos, segmentos estes que na maioria extrapolam o ambiente escolar. Como o social, econômico, tecnológico, político e muitos caminham alheios aos objetivos da educação. O desafio da escola atual está em sua contribuição á redefinição dos saberes e dos valores aptos a participar dos processos de construção de novos cenários, num mundo ao mesmo tempo global e intercultural.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
PIAGET, Jean. O aprendizado do mundo. Revista Viver Mente e Cérebro. Coleção memória da Pedagogia, Edição Especial, Nº1.
FERREIRO, Emilia. A Construção do Conhecimento. Revista Viver Mente e Cérebro. Coleção memória da Pedagogia, Edição Especial, Nº5.
VYGOTSKY, Lev. Semenovich. Uma Educação Dialética. Revista Viver Mente e Cérebro. Educação memória da Pedagogia. ___________ Pensamento e Linguagem 2ªed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
KLEIMAM, Ângela. Os significados do letramento: Uma nova perspectiva sobre a prática social da escrita. Campinas: mercado das letras, 1995.
FERREIRO, Emília. Uma reflexão sobre a língua oral e a língua escrita. São Paulo: p.8- 11, Fev/Abr.2004
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REINVENTANDO A ALFABETIZAÇÃO
Alfabetização, Letramento, Métodos, Escola, Leitura e Escrita.
RESUMO
Na atual sociedade não há mais espaço para a prática horizontal da alfabetização.
Não se concebem mais procedimentos que exijam do educando a reprodução ou a
transcrição do que está escrito, não se busca mais formar indivíduos que executem,
obedeçam e concebam o que está escrito como verdade absoluta, inquestionável e, sim, que
sejam capazes de criar e recriar, de maximizar o seu tempo livre, de integrar-se a uma
sociedade reflexiva e complexa. O que se pretende hoje é o letramento do indivíduo, ou
seja, formar indivíduos que se percebam leitores competentes e que possam exercer o papel
de cidadão ativo na sociedade em que vivem.
O aluno necessita de mediadores que venham, muito mais que impor dinâmicas
centralizadoras do ensino e condutoras repressivas, contribuir para a prática de um ensino
interativo, contextualizado e muito bem planejado. Assim, o professor-alfabetizador é
aquele membro mais experiente, que de posse dos conhecimentos e conteúdos necessários,
incentiva a compreensão destes e a produção de novos conhecimentos, contribuindo na
formação de alunos capazes de gerar a construção dos saberes, a partir da sua reflexãoação-reflexão
e a de seus pares.Será que isso é possível somente com o ensino da língua enquanto um código,
considerado pronto e acabado? Formaremos seres capazes de contribuir para as mudanças
sociais necessárias baseando nossa prática em uma língua morta? O nosso objetivo com
este artigo é refletir sobre práticas tradicionais e atuais, reinventando a alfabetização e
incentivando o letramento em nossas escolas.
 
2
REINVENTANDO A ALFABETIZAÇÃO
 Luciléia Rodrigues de Freitas (PMJF)1
 lucileiafreitas@ibest.com.br
“ Ora, cada indivíduo difere entre si de acordo com suas potencialidades, interesses,
motivações, ritmos de aprendizagem, daí a necessária diversificação do processo
educativo”. (Maria Helena Novaes)
Considerações Iniciais
Jamais a educação teve papel tão preponderante como o que tem em nossos dias.
Em todas as épocas e todas as sociedades, as crianças receberam instrução para a idade
adulta, mas atualmente a escola é que assumiu a tarefa de realizar o objetivo educacional
mais importante: formar a criança para a vida.
 A educação é um fato cultural, que pode assumir as mais diversas formas e
modalidades, dependendo do grau de desenvolvimento da sociedade. Ao longo dos séculos,
o mundo infantil foi variando e a história revela que as crianças foram alvo de maus tratos,
abandono e até mesmo de infanticídio desde os tempos remotos até os nossos dias. Não
obstante, apesar de tais práticas serem comuns, sempre houve interesse em educar as
crianças e dar-lhes um tratamento mais humanitário.
 Com o aparecimento da família moderna, o conceito de infância mudou
radicalmente. Agora os filhos ocupam um lugar central, e sua educação é legalmente
obrigatória, em casa e na escola.
 Até o século XIX, os textos tinham que ser laboriosamente copiados à mão e, por
isso eram raros e caros. Com a Revolução Industrial, o aperfeiçoamento da imprensa
alterou esta situação, tornando os textos e documentos mais accessíveis à população.
Incluíam-se neles os livros e panfletos, mas também muitos tipos de impressos rotineiros,
essenciais para o funcionamento de uma sociedade cada dia mais complexa. O uso sempre
1
 Mestre em Educação, Psicopedagoga e Pedagoga; Coordenadora e Professora bibliotecária da E.M.Paulo
Japyassu; Professora da UNIPAC- Leopoldina. 
3
maior de materiais escritos em muitos âmbitos diferentes da vida levou à necessidade de
alfabetizar a população. Assim, a obrigatoriedade escolar surge ainda no século XIX, mas
se propaga lentamente e de maneira caótica. Cada país foi incorporando o princípio da
escolaridade obrigatória de acordo com sua situação política, econômica e social. A
escolaridade obrigatória e gratuita implica um ensino não-seletivo, cujo objetivo principal é
a formação básica da criança, facilitando-lhe os recursos necessários para desenvolver suas
habilidades e capacidades, de modo a intervir de forma racional e ativa na vida social.
 A educação não é uma tarefa neutra e a escola também não é uma instituição isolada,
mas faz parte do contexto social e para ela converge a ação dos pais, dos mestres e dos
alunos. Pouco a pouco a escola foi deixando de ter o papel onipotente de ser a educadora
exclusiva das crianças. Embora a realização técnica da ação educativa seja levada a termo
pelos professores, exigi-se cada vez mais um compromisso ativo de todos os integrantes da
comunidade.
É imprescindível que a família sinta-se parte da comunidade escolar. A unidade de
critérios e a harmonia na ação de pais e professores são essenciais para alcançar objetivos
válidos. A principal finalidade da escola é, antes de mais nada, educar. Para poder cumprir
esse objetivo de modo coerente, deve existir um planejamento que organize e estabeleça a
ordem das prioridades necessárias para se conseguir que o processo educativo se
desenvolva bem e beneficie o maior número de pessoas.
 Durante séculos, os conhecimentos transmitidos aos alunos permaneceram
inalterados: a sociedade avançava muito devagar e a escola refletia essa quase imobilidade.
A escola de hoje, ao contrário, caracteriza-se pela complexidade e pelo dinamismo. Não se
trata mais de apenas transmitir conhecimentos, mas também de incutir o senso de
responsabilidade e despertar o espírito de participação nas crianças. O conteúdo do ensino é
diversificado e os alunos de hoje têm liberdade para expressar suas inquietações e
interesses. A relação pedagógica entre o professor e a criança fundamenta-se na
flexibilidade e no respeito mútuo, ao mesmo tempo em que o mestre estimula a criatividade
individual e o trabalho em equipe.
 A escola tradicional encarregava-se de formar o cérebro e fazer dele um arquivo de
conhecimentos. Por trás desses objetivos, encontrava-se a tentativa de forjar uma pessoa
receptiva, dócil e obediente. Educava-se a criança em si mesma e ela não era considerada 
4
em relação ao gruo ou à sociedade. Estimulava-se a competição como base metodológica
para a motivação, sem medir as rivalidades ou as exclusões que poderia produzir.
 A escola tem que selecionar os objetivos e os valores que quer transmitir aos alunos.
Progressivamente, percebeu-se a necessidade de criar um modelo de acordo com as
exigências da vida social. O currículo escolar é o marco no qual se concretiza a totalidade
dos elementos da educação formal – objetivos, conteúdos, atividades, metodologia,
avaliação – e é um instrumento útil e válido para orientar a prática pedagógica.
 Na década de 1950, as crianças aprendiam na escola tudo que era preciso para
enfrentar, de maneira satisfatória, suas necessidades futuras de trabalho. Hoje em dia, isso
seria inconcebível. Na sociedade pós-industrial, o desenvolvimento tecnológico, os avanços
científicos e as relações sociais evoluem num ritmo vertiginoso. A instituição escolar,
embora mais lentamente, também vai se modificando. O planejamento educacional
(objetivos, metodologia, programas), está sendo objeto de contínua revisão, já que hoje a
tarefa dos alunos, assim como a tarefa dos professores, vai se tornando mais variada e
complexa.
Atualmente, a escola se vê diante de dois importantes desafios, de um lado persiste
a necessidade de conservar os conhecimentos tradicionais, reunidos na trajetória da
humanidade, e de outro impõe-se o rápido avanço no campo científico, técnico e social,
exigindo que a escola dê meios à criança para desenvolver as habilidades necessárias à sua
futura vida profissional.
 Assim, hoje, a escola tenta ensinar aos alunos a aprender, quer dizer, trata de
facilitar-lhes os processos necessários para que adquiram o conhecimento de maneira
racional e autônoma. O domínio das estratégias de aprendizado dá a quem aprende o poder
de organizar suas próprias atividades. Isso requer a aquisição de uma série de técnicas e
uma reflexão sobre o modo de utilizá-las.
 Embora os modelos e métodos pedagógicos possam variar de escola para escola, a
legislação fixa um currículo mínimo e também uma carga horária para todos os
estabelecimentos de ensino, públicos o privados. Assim, é fixada minuciosamente a
estrutura pedagógica, mas há margem para adaptação e ajustes, que se tornam necessários
porque os processos e empregados devem levar em conta as diferenças regionais e
individuais. 
5
 Os métodos de ensino não são bons nem maus, em termos absolutos, e podem se
classificar em função da quantidade e qualidade de ajuda pedagógica que oferecem aos
alunos. Para que um tipo de aprendizado seja realmente válido e tenha sentido, é necessário
que a maneira de ensinar facilite a motivação. Praticar os métodos que incluem o uso de
projetos e pesquisa por parte do aluno é elemento importante para facilitar o aprendizado e
fomentar a construção do conhecimento.
 Como princípio geral, deve-se levar em conta que os alunos têm idéias previamente
adquiridas sobre o que o professor pretende ensinar-lhes. As idéias não se transformam nem
se instalam imediatamente, devendo ganhar um significado prático para o aluno. Durante a
realização do projeto de pesquisa,as soluções para os problemas apresentam-se depois que
eles são confrontados. A partir da pesquisa, os conceitos se organizam de maneira mais
sólida, permitindo aos alunos combinar os elementos que formam sua experiência e
relacioná-los entre si.
 É um erro pensar que a criança não sabe nada antes de começar a ir à escola. Ela
não é um papel em branco nem a escola irá proporcionar-lhe todos os conhecimentos que
necessita. Na verdade, o processo é inverso: a criança já chega à escola “equipada” com
uma história pessoal, com uma série de habilidades adquiridas que, se não existissem,
tornariam impossível qualquer tipo de aprendizado. Suas capacidades motoras, de
percepção e de fala já terão permitido ao pequeno descobrir seu ambiente mais próximo,
seu círculo de relações sociais deverá ter-se ampliado e, em contatos mais imediatos ele
poderá reconhecer os vínculos existentes entre seus familiares.
 Então, a escola moderna é onde aprendemos a aprender. E aprender é interiorizar,
representar e conceituar a realidade que nos rodeia. Assim como estabelecer uma relação
com os conceitos. O aprendizado da realidade se faz interagindo com ela, transformando o
conflito em possibilidade. Para que isto seja possível, é preciso manter uma atitude de
permanente curiosidade.
 Além dessa postura de busca e indagação constante, há uma série de requisitos que
devem ser respeitados: é preciso renunciar à idéia de que já sabemos tudo e podemos fazer
tudo; faz-se necessário aceitar a frustração e deve-se perder o medo do fracasso, do
desconhecido. Também é importante ter sempre à disposição situações para optar, uma vez
que toda escolha entre as duas partes de um problema implica uma perda e exige certa 
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capacidade de renúncia. Por fim, competir e estar aberto a todas as possibilidades fazem
parte do aprendizado para a vida.
 O aprendizado é o fenômeno central da evolução infantil. Uma criança aprende por
meio das relações que estabelece com seu ambiente. Assim acontece no processo de
alfabetização e letramento.
A Descoberta Das Letras
 O aprendizado da leitura e da escrita condiciona toda a trajetória das crianças na
escola. Na verdade, para a aquisição desses conhecimentos, costumava-se reservar os dois
primeiros anos do primeiro grau: um para a iniciação à língua escrita e outro para sua
consolidação; na atualidade, todos os períodos da a educação infantil estão voltados para a
alfabetização. No entanto, não basta saber ler: é preciso também que o pequeno
compreenda e assimile o conteúdo do que estiver lendo.
 Ler, muito mais do que um simples ato mecânico de decifrar sinais gráficos, é
principalmente um ato de raciocínio. Há crianças para as quais é dificílimo aprender a ler.
Este aprendizado, para o qual a maioria dos pequenos precisa apenas de alguns meses, pode
levar anos para essas crianças. Se as observarmos, veremos que elas têm dificuldade para
associar os sons às letras, e daí passam a encarar a leitura como um trabalho de decifração,
sem levar em conta o significado do que lêem. Aprender as letras se transforma, então,
numa finalidade em si, e elas não percebem que essa habilidade não é uma meta, e sim um
instrumento que as levará a conhecer outras coisas.
 Se quisermos estimular nos pequenos o gosto pela leitura devemos começar pelo
exemplo. Quando eles vêem os pais lendo e demonstrando gostar de ler, vão chegando à
conclusão de que ler é agradável e divertido. Aos se iniciarem na leitura, as crianças gostam
de fazer brincadeiras práticas, pois estão na fase da decifração e não se importam com o
que lêem, apenas se entusiasmam por serem capazes de ler. Os pais e os professores podem
aproveitar todos os momentos em que estão com os filhos e alunos para ler com eles os
anúncios luminosos, os cartazes, as tabuletas das lojas, das estradas etc. devem ainda ler
histórias para eles, demonstrando que há muita coisa interessante nos livros. 
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 Mas, Como desenvolver práticas pedagógicas, desde o período da Educação
Infantil, em que o trabalho com a linguagem se mostre, ao mesmo tempo, significativo e
capaz de levar as crianças a compreenderem como a língua funciona? Como fazer com que
as crianças usem e explorem a língua, cada vez mais e melhor, com disposição e
curiosidade, tanto na modalidade oral como escrita?
No âmbito dos estudos da alfabetização, da leitura e da escrita, tem surgido a
temática do letramento relacionada às práticas sociais orais e escritas que atravessam e
condicionam o movimento dos sujeitos, determinando seus espaços de ação. Esses estudos,
orientados, principalmente, por pesquisas que se desenvolvem na confluência das áreas da
linguagem, da literatura, da cultura e da história vêm contribuindo com novas reflexões
para os estudos sobre alfabetização e, em conseqüência, para a prática pedagógica com a
linguagem na escola. Nesse contexto, as atividades orais e de leitura e escrita podem ser
mais bem compreendidas no sentido da formação do cidadão-leitor crítico.
Para Paiva et al (2003), em sociedades como a brasileira, a linguagem escrita se
institui como um cinturão de poder. Algumas pessoas ficam dentro desse cinturão e muitas
ficam de fora. Os usos e funções sociais da escrita estão distribuídos como os bens
econômicos, de modo desigual, fazendo com que mesmo pessoas com muitos anos de
escolarização não tenham acesso ao conhecimento e ao uso de determinados gêneros
textuais. Podemos dizer que são pessoas alfabetizadas, mas não letradas, isto é, com acesso
interditado a determinados modos de funcionamento da linguagem. Pessoas que fazem uso
da linguagem escrita, em geral, em situações simples, ligadas ao cotidiano, a tarefas de
ordem prática, como ler e escrever o próprio nome, um pequeno bilhete ou uma lista, isto é,
fazem um uso reduzido da linguagem escrita.
Considero, como Paiva et al (2003), que a escola deve ir além dos aspectos práticos
da vida, sem deixar de incluí-los. A escola é o espaço de alargar, conhecer e adentrar novos
universos, que possam dar outros significados à vida, contribuindo para que se compreenda
a realidade de outras maneiras. E de que maneiras se pode conhecer e compreender a
realidade? Penso que pode-se conhecê-la e explicá-la com os saberes que vamos
construindo no nosso cotidiano; pode-se também conhecê-la na perspectiva das explicações
científicas, isto é, fruto dos saberes organizados pelos diferentes ramos da Ciência; pode-se,
de outro modo, analisá-la com as indagações e reflexões da Filosofia, ou da Religião; e 
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pode-se, entre outros modos, experimentá-la com o conhecimento construído pela Arte. A
apropriação de tais conhecimentos nos alarga o entendimento da realidade, possibilitandonos
participar da mesma, transformá-la, explorá-la e usufruir da realidade mais amplamente.
Os conhecimentos acima mencionados, construídos no desenvolvimento das
diferentes áreas de estudo, caracterizam as sociedades letradas. Desse modo, para sermos
considerados letrados precisamos compreender aqueles variados modos de ler o mundo,
conhecendo a forma como a linguagem escrita se organiza, apresentando os diferentes
conhecimentos de modos diferentes.
Assim, diferentes que somos, podemos resolver nossas vidas de modos também
diferentes. A leitura, na atualidade, desde as séries iniciais precisa compreender textos de
um modo geral mais polissêmicos e polifônicos do que os textos veiculados pela cartilha há
oitenta anos atrás. Polissêmicos, porque são passíveis de muitas leituras, dependendo da
história de vida do leitor, de seus interesses, apreensões e assim por diante. Polifônicos,
porque na voz do autor estão vozes de outras pessoas, de outros autores, da sociedade, da
história.
Para tanto, sugiro o trabalho com a literatura, afinal, demanda modos de leitura que
levam o leitor a aprofundar suas competências. Ao buscar ler nas entrelinhas, atribuir novos
sentidos para os textos, conhecer formas mais livres de ação na realidade, conhecer novos
sistemas de referência domundo, o leitor pode-se perceber como sujeito capaz de
transformar a realidade, participando dela de forma mais íntegra, mais crítica.
Nossa meta principal é incentivar entre os professores a reflexão das relações entre
as temáticas alfabetização, linguagem, letramento e leitura da literatura, trabalhando por
práticas leitoras culturalmente referenciadas, fazendo um contraponto com as práticas
leitoras tradicionais, muitas vezes mecanizadas e distanciadas do universo social.
Pretendemos incentivar essa discussão de modo a contribuir para que ultrapassem práticas
mecanizadas de trabalho com a linguagem na escola, notadamente na perspectiva das
práticas orais e das práticas de leitura e de escrita, na direção do que constitui o
funcionamento do chamado mundo letrado.|
Para tanto, faz-se necessário discutirmos as perspectivas metodológicas para a
prática alfabetizadora e para o trabalho com a linguagem na escola, no sentido da relação
alfabetizaçãoe letramento. 
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 Métodos de Alfabetização
Desde que nascemos, a linguagem está presente em todos os momentos de nossas
vidas, por isso ela tem um papel fundador. É importante então, pensarmos sobre o que a
linguagem faz conosco e sobre o que fazemos com a linguagem; pensar na metodologia
ideal para levarmos as crianças a compreenderem o funcionamento da língua, utilizando-a
cada vez melhor. Como devemos fazer para que explorem a língua, com disposição,
curiosidade e prazer, tanto na modalidade oral como escrita, com vistas às práticas sociais
letradas? Qual é o melhor “método de alfabetização”? Conheçamos os pontos fundamentais
dos principais métodos e teorias:
1 - Métodos Globais: Histórias Ou Orações
Neste método partimos da análise Das Partes Maiores (Todo) Para Partes Menores.
Está baseado Nos Ideais Escolanovistas, que são:
-Conhecer E Respeitar Os Interesses E Necessidades Das Crianças;
-Partir Da Realidade Do Aluno E Estabelecer Relações Entre A Escola E A Vida Social;
 -Valorizar A Leitura, As Bibliotecas E O Gosto Pelos Livros.
A Criança Tem Visão Globalizada, Percebe O Todo.
Alguns exemplos de métodos globais:
- O Método De Contos: Iniciamos A Leitura A Partir De Pequenas Histórias,
Adaptadas Ou Criadas Pelo Professor. O pressuposto é Explorar O Prazer De Ouvir
Histórias Para Introduzir Ao Conhecimento Da Base Alfabética. Assim, as Cartilhas são
Recusadas Por Seu Artificialismo E Falta De Relação Com As Experiências Da Criança.
 - Método Ideovisual De Decroly: Ovide Decroly (1871-1932)
A Filosofia é o Respeito Aos Interesses E Ritmo Da Criança.
O programa Escolar prevê a organização de Centros De Interesse, onde o aluno aprende
por Temas E Não Matérias Isoladas; É fundamental que o professor tenha conhecimentos
das Necessidades Básicas Da Criança No Meio Em Que Vive.
As Primeiras Experiências Pedagógicas aconteceram com Crianças Com Deficiência
Visual, Auditiva E Outras. Mais tarde o método foi adaptado Para Escolas Regulares:
Frases Tiradas De Canções, Parlendas. 
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- Método Natural Freinet: Celestin Freinet (1896-1966)
Professor Primário que defendeu o método natural, criando uma rede de Escolas
Freinetianas Em Vários Países. No Brasil ainda é aplicado em Instituições Particulares
Valoriza a Inteligência, os Gestos e a Sensibilidade; O desenvolvimento ocorre
através Da Livre Expressão, Do Trabalho Manual, Da Experimentação. Sua Pedagogia
Consiste Em Estimular A Reflexão, A Criatividade, O Trabalho, A Cooperação E A
Solidariedade.
 O material de trabalho são os textos livres Lidos Para Os Colegas - Composição
Impressa Pelas Próprias Crianças. Imersão Na Escrita/Interesse/Textos Relacionados À
Experiência.
 - Base Lingüística Ou Psicolingüística
 Este método é baseado na Lingüística E Psicologia. A leitura acontece a Partir De
Orações, reconstruídas com motivos lingüísticos. Iniciou nos anos 70: Experiência No R.J
Os psicolingüistas defendem os seguintes preceitos:
- Respeitar A Fase De Desenvolvimento Cognitivo Em Que A Criança Se Encontra E
Tornar O Aluno Sujeito Do Processo, Cabendo-Lhe A Iniciativa E A Descoberta.
- Língua: Objeto De Estudo E Ganhar Consciência Das Regras Já Internalizadas.
- Trabalho Com Frases: Ninguém Fala Por Palavras Isoladas. Saber Uma Língua É
Conhecer As Possibilidades De Arranjo De Sons, Palavras Ou Frases, Conhecer As
Estruturas Lingüísticas E Suas Regras.
- Método Destaca A Oralidade E Conscientiza A Criança Das Operações Sintáticas
Que Pode Realizar a partir De Uma Oração: Modificar Sujeito, Objeto Ou Pronome.
 - Alfabetização a Partir de Palavras-Chave (Palavração):
Palavras-Chaves Destacadas De Uma Frase Ou Texto Mais Extenso São
Desmembradas Em Sílabas, Que recombinadas Formam Novos Vocábulos.
Exemplos: Método Natural Heloísa Marinho e Paulo Freire
2) Métodos Fônicos :
 Nos métodos fônicos o professor dirige a atenção da criança para a dimensão sonora
da língua, enfatizando os fonemas, que são as unidades mínimas de sons da fala, 
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representados na escrita pelas letras do alfabeto. Ensina-se o aluno a produzir oralmente
os sons representados pelas letras e a uni-los para formar as palavras. Parte-se,
diferentemente dos métodos globais, de unidades menores da língua e a ênfase recai na
decodificação e na codificação.
 Para Rizzo (1990), os métodos fônicos sofreram acentuada evolução, em virtude dos
avanços da Psicologia e da Lingüística, tornando-se cada vez mais próximos de um
processo analítico-sintético. Segundo a autora houve uma preocupação em introduzir
frases, a fim de incentivar a compreensão. Assim, atualmente os métodos fônicos estão
classificados como mistos. O método da abelhinha 2
 e a casinha feliz3
 são os exemplos
mais comuns, propondo associações visuais e auditivas com a forma e os sons das letras.
 Além dos métodos, é fundamental conhecermos a teoria Sócio-construtivista, para
embasarmos o trabalho de alfabetização e letramento na escola.
 Penso que nesta teoria, alfabetizar corresponde a compreender para que servem os
sinais da escrita (letras, sinais, pontuação, separabilidade) e de que modo eles se articulam
no tecido da escrita. É um complexo processo conceitual e não apenas perceptivo.
Assim alfabetizar: decodificar + compreender+ utilizar na vida diária. E o
professor não alfabetiza o aluno; ele é o mediador entre o aprendiz e a escrita, entre o
sujeito e o objeto deste processo de apropriação do conhecimento.
 Escolhemos sintetizar a teoria, apresentando o seu principal representante, que
muito contribui na contextualização da aprendizagem na escola.
 Lev Semyonovitch Vygotsky Nasceu Em Orsha, Na Bielo-Rússia, Em 1896, Mas
Foi Criado Em Gomel. Cursou as Faculdades de Medicina, Direito, Psicologia,
Especialização Em Literatura. Sintetizamos a seguir seus pressupostos teóricos:
- O desenvolvimento da inteligência é produto da convivência no ambiente cultural; crê
que na ausência do outro o homem não se constrói homem.
- A criança nasce com funções elementares como o reflexo e a atenção involuntária; com
o aprendizado cultural surgem as funções psicológicas superiores, como a consciência e
o planejamento.
2
 Segundo carvalho (2005), este método apresenta uma série de histórias cujos personagens estão associados à
letras e sons.
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 Buscava facilitar a aprendizagem conduzindo a criança ao conhecimento da escrita através de elementos
lúdicos, como o teatro de fantoches. Nele as vogais ou os cinco amiguinhos, se encostavam nas consoantes,
materializando a fusão dos sons. 
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- As informações não são absorvidas diretamente do meio; elas são sempre intermediadas
pelas pessoas que rodeiam a criança.
- A aprendizagem acontece quando mediadores interferem, ajudando a criança a
concretizar um desenvolvimento que ainda não atinge sozinha. O caso da multiplicação
exemplifica isso. Sabe-se somar parcelas iguais, mas só aprenderá a multiplicação
quando descobrir, com ajuda, que o produto da multiplicação se Refere Também A
Uma Soma De Parcelas.
- O aprendizado resulta em desenvolvimentomental e põe em movimento vários
processos de desenvolvimento. assim, quanto mais o aluno aprende, mais se desenvolve
mentalmente.
- Propõe uma escola que faça o aluno avançar e o professor é o condutor do processo. ele
não espera o aluno descobrir o erro por sí só e intervém com atividades para que avance.
- O professor conhece o desenvolvimento real do aluno, mas não pára por aí, segue dando
pistas, explicações, criando situações desafiadoras para consolidar o desenvolvimento
que antes era potencial.
- As atividades de fala, escrita e leitura são muito importantes, pois a linguagem é o
principal instrumento de internalização do conhecimento.
Letramento
 Penso que a teoria sócio-construtivista resume bem a proposta de letramento, mais
coerente para a inserção no mundo das letras das crianças na atualidade.Segundo Magda
Soares (1998), os conceitos de letramento se mesclam e se confundem. Estes processos
estão interligados, mas são específicos. Assim: alfabetizar é ensinar o código alfabético,
letrar é familiarizar o aprendiz com os diversos usos sociais da leitura e escrita. soares
(1998) define letramento como o resultado da ação de ensinar ou de aprender a ler e
escrever: o estado ou a condição que adquire um grupo social ou um indivíduo, como
conseqüência de ter-se apropriado da escrita .
Diante disso, o Letramento trás Conseqüências Políticas, Econômicas E Culturais.
Há diferença na extensão e domínio da leitura e escrita, pois o letrado usa a leitura e escrita
com desenvoltura, para dar conta das atribuições sociais e profissionais. Enquanto que o 
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alfabetizado lê palavras e textos simples, mas não necessariamente é usuário da leitura e
escrita na vida social.
 A seguir seguem sugestões de textos a serem trabalhados para incentivar o
letramento: Narrativas, Listas, Poemas, Receitas, Quadrinhos, Bilhetes, Cartas E
Telegramas, Convites, Propagandas, Agendas E Diários, Textos Didáticos, Reportagens,
Relatórios, Cheques, Formulários, Bulas...
Considerações Finais
 A questão da alfabetização é um problema social, econômico e político em nosso
país. Mas, além disso, tal questão é um problema pedagógico, que tem ocupado professores,
especialistas e pesquisadores.
 Na verdade, apontamos insuficiências na escola, na família, no professor ou no
método utilizado, mas o problema persiste e corremos o risco de ingressar no próximo
século com esse eterno débito social, ou seja, um número grandioso de analfabetos.
 Desde que a escola assumiu o compromisso da alfabetização, os educadores têm
pensado e agido em função deste ou daquele método, objetivando desempenhar essa tarefa
com sucesso. Ao longo do tempo, o conceito de alfabetização mudou para responder às
necessidades da sociedade. Desta forma, da visão inicial – ensinar os rudimentos da leitura
e da escrita – passamos à concepções complexas, como a construção do conhecimento pela
própria criança, em interação com o grupo. Mas, ainda assim, continuamos com altos
índices de analfabetismo, evasão e repetência nas séries iniciais.
 Por que a alfabetização tem sido um desafio tão grande? Sabemos que há diversos
fatores que interferem no processo de alfabetização. Destacamos, entre eles, a insuficiência
de investimentos do poder público em programas sérios de formação do professor e a
dicotomia existente em torno do binômio teoria e prática. Tais fatores são cruciais e, aliados
às más condições sócio-econômicas e psicológicas de nossos alunos, têm contribuído para o
insucesso na alfabetização, principalmente por parte dos alunos das classes populares.
 Diante disso, precisamos fomentar programas de formação de professores e apoiar a
organização de seminários e cursos, que incentivem o estabelecimento de uma relação
dinâmica entre teoria e prática, afinal, como disse Freire (1996), o conhecimento nasce do 
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fazer. O sujeito constrói seus saberes, dadas as situações que enfrentam e conforme os
instrumentos que possuem.
Acredito que o professor precisa estar instrumentalizado para atuar com sucesso
junto aos alunos e isso exige reflexão e questionamento. Implica num redimensionamento
do sentido da alfabetização e das ações do professor, além da reorganização do currículo,
planejando coletivamente uma intervenção significativa no processo de aprendizagem dos
alunos e valorizando as experiências dos sujeitos envolvidos no processo de alfabetização –
aluno, professor e comunidade escolar.
Neste processo, o melhor método de alfabetização é na realidade uma reinvenção de
todos os métodos, contextualizando-os e tornando sua prática cada vez mais lúdica e
agradável. Assim, caros colegas é melhor não jogar fora o bebê com a água do banho e,
como diz Carvalho (2005 ), nenhum método tem sucesso com todas as crianças. Para ter
sucesso na alfabetização é fundamental compreendermos que o método nada significa se
não definirmos muito bem os nossos objetivos educacionais.Assim, ao modo de fazer as
coisas, ou de como fazê-las, antecede a intenção de fazê-las e a competência de quem as
faz.
Referências Bibliográficas
CARVALHO, Marlene. Alfabetizar e letrar: um diálogo entre teoria e prática. Petrópolis,
RJ: Vozes, 2005.
PAIVA et al (orgs). Literatura e letramento : espaços, suportes e interfaces. Belo horizonte:
autêntica, 2003.
RIZZO, Gilda; LEGEY, Eliane. Fundamentos e Metodologia da Alfabetização.Ed.
RJ:Francisco Alves, 1990.
SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica, 1998.
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Resumo:
O processo de alfabetização é mais complexo do que se imagina, pois é a partir dele que milhares de pessoas aprendem a ler e escrever. O mais preocupante é que para se alfabetizar usa-se métodos como o tradicional que engloba o analítico e sintético, e construtivista. A dúvida é, qual deles seria mais indicado para alfabetizar, criar alunos capazes de construir seu próprio conhecimento, ser participante e crítico na sociedade.
A alfabetização teria que partir do pressuposto de que alfabetizar não é apenas ensinar a ler e escrever através de um método que a cartilha propõe, e sim formar alunos críticos e capazes de interagir na sociedade, propiciar aos alunos caminhos para que eles aprendam, de forma consciente e consistente, os mecanismos de apropriação de conhecimentos. Assim como a de possibilitar que os alunos atuem, criticamente em seu espaço social.
Palavras Chave: Alfabetização, métodos, cartilha.
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1. Introdução:
O objetivo principal deste artigo é discutir e refletir sobre o espaço ocupado pela cartilha nas salas de aula de primeira série. Mostrando a importância atribuída à cartilha pelo professor de alfabetização e o uso que se faz desse material em sala de aula.
Geralmente o método de ensino das cartilhas são feitas por etapas exigindo que os alunos a sigam, de acordo com sua ordem, usando palavras chaves, e sílabas geradoras, ou seja, o famoso método do “bá-bé-bi-bó-bu”. Cada capítulo da cartilha apresenta uma unidade silábica, as lições são organizadas do mais fácil para o mais difícil e finaliza com um texto que resume tudo o que ela tentou ensinar.
São quatro os métodos de alfabetização tratados neste artigo, que são os métodos tradicional que abrangem o sintético e analítico e o método construtivista. Porém será feita a análise de apenas dois dos mais importantes métodos o tradicional e o construtivista.
As cartilhas chamadas de métodos construtivistas tendem a conter o ensino mais claro e objetivo, pois trata o aluno como um ser pensante. Ou seja, levando-o a pensar e agir por si próprio, esta cartilha não se preocupa com a perfeição da ortografia, não se prende a escrita, e sim, com a interação no seu aprendizado, sendo um aluno participativo e critico.
Já a cartilha do método tradicional, tem seu ensino baseado na ortografia perfeita, ensinada através de regras gramaticais, confundindo ainda mais a aprendizagem do aluno, e deixando às vezes seus textos escritos deforma ortograficamente correta, porém sem sentido. A cartilha de método tradicional cria seus próprios ideais, que o aluno tem por obrigação segui-lo, aprendendo uma lição após a outra.
Pode-se perceber o quanto é confuso e difícil à aprendizagem através da cartilha, pois por mais que a cartilha seja considerada do método construtivista ela sempre terá alguma atividade do método tradicional desestabilizando o processo de aprendizagem da criança. Não existe uma cartilha cem por cento tradicional e ou construtivista, ela sempre será mista.
Esse recurso didático tende a absorver e centralizar o trabalho de alfabetização, na medida em que essa prática se encontra pautada e direcionada pela cartilha, tornando duradoura a concepção de ensino de língua escrita que cristaliza e neutraliza a linguagem, deslocando sua dimensão de interação, e construtivista do conhecimento. Espera-se que os resultados deste estudo possam somar-se a outros na área da alfabetização e venham a contribuir para uma reflexão dos professores de alfabetização, sobre a necessidade de um redimensionamento do uso das cartilhas.
2. Referencias teóricas
2.1 Alfabetização
Jaqueline Moll em seu livro “Alfabetização Possível”, diz que a alfabetização é um processo mecânico, na qual ” ‘alfabetizar-se’ está vinculado a habilidades de codificação (ou representação escrita de fonemas em grafemas) e decodificação (ou representação oral de grafemas em fonemas)”. Ou seja, a representação da fala oral em escrita, e o inverso, a representação da fala escrita em oral. Tanto a leitura quanto a escrita são vistas como decifração de códigos.
As alfabetizações nos dias atuais persistem na repetição excessiva de exercícios visando à memorização de letras, silabas para formação de palavras, frases e textos, e a assimilação da criança, de que há uma ligação correspondente entre fala e a escrita.
Alfabetização é muito mais que decodificação e codificação de códigos, a alfabetização é a relação entre aluno e seu conhecimento de mundo.
O processo de alfabetização se inicia muito antes da criança entrar na escola, pois antes disso ela já possui contato com seu meio social, que lhe permite adquirir conhecimentos como a própria linguagem verbal, entre outros.
Enfim, alfabetização é aprender ler e escrever, para fazer parte do meio social.
2.2 Método de alfabetização.
Com a necessidade de saber como se da o processo de aprendizagem de leitura e escrita, surgiram os métodos de alfabetização, que impões regras que devem ser seguidas pela criança a ser alfabetizada.
Os métodos de alfabetização evoluem fazendo o avanço do conhecimento de acordo com as necessidades sociais, pois com a evolução da sociedade, cada vez mais vai se exigindo um tipo de letrado diferente.
E com todas as evoluções surgiram vários métodos de alfabetização como: o método tradicional que incorpora o método sintético e analítico e por fim o método construtivista.
Alguns desses métodos colocam em risco o processo e capacidade de aprendizagem do aluno por passar insegurança tanto para o aluno quanto para os professores, por isso se percebe, que apesar de ser muito usado e de uma certa forma ter alfabetizado milhões de pessoas, esses métodos de alfabetização consistem na memorização do que é ensinado, colocando em dúvida a qualidade do aprendizado do aluno.
2.3 Método tradicional
O método tradicional de alfabetização é centrado no professor, que tem a função de “vigiar o aluno”. Ou seja, observar se o aluno está seguindo a risca o que lhe foi pedido.
Esta metodologia tem a concepção de que a aula deve acontecer apenas dentro da sala, em que o professor ensina a matéria, passa os exercícios, e depois a corrige, seguindo com a matéria à frente, fazendo sempre a mesma coisa, tornando a aula mecanizada, dando a entender que o aluno só irá aprender através do conhecimento do professor.
Este tipo de aula faz com que o aluno aprenda através de repetições de exercícios com exigência do uso da memória, levando o aluno a decorar e não aprender, e como conseqüência a escola forma alunos desinteressados, desmotivado pelos estudos.
O método tradicional tem seu aprendizado de forma dividida, ou melhor, por partes, primeiro aprende as vogais, depois as sílabas até chegar às palavras e as frases, para daí por diante construir textos. Como o que importa é a montagem silábica, e não o conteúdo surge frases com poucos sentidos do tipo “O rato roeu a roupa do rei de Roma” ou “A menina gosta de rosa e boneca”.
O aluno só consegue produzir textos depois de dominar boa parte da família silábica e o processo de formação das palavras, criando assim textos sem sentidos, pois o aluno nesse momento está preocupado com a escrita ortográfica e não com o sentido lógico do seu texto.
Há uma valorização maior no uso das cartilhas e uma preocupação com a quantidade, esquecendo assim da qualidade. O professor fala o aluno ouve e aprende. Não deixa o aluno ser participativo na construção de sua própria aprendizagem. Muitas vezes não leva em consideração o que a criança aprende fora da escola, seus esforços espontâneos, a construção coletiva, e o que é pior, muitas vezes, ignora o meio social o conhecimento de mundo que o aluno trás de fora para dentro da escola.
Neste método tradicional a cartilha muitas vezes é o único material de trabalho, os textos para leitura são curtos com frases simples desvinculados da linguagem oral, buscam o uso das sílabas já estudadas. Raramente usam materiais extras, como revistas, jornais, livros de história e músicas.
Este método sobrecarrega o aluno com informações, que muitas vezes não conseguem entendê-los tornando o processo de aquisição do conhecimento, muitas vezes burocrático, e sem significação. Mantendo uma postura conservadora.
O seu processo de alfabetização, apóia-se nas técnicas de codificar e decodificar da escrita. A escrita da criança em fase de alfabetização não é levada em conta, sendo a cartilha seqüencialmente seguida, formando assim a base do processo de alfabetização.
O método tradicional de alfabetização procura desenvolver as habilidades básicas que a criança deve ter para tornar-se um leitor habilidoso. Porém, somente a presença dessas habilidades não garantem sua utilização em tarefas mais complexas, como a leitura de um livro, a escrita de um poema, ou mesmo a execução correta de receitas culinárias. O contexto social que incentiva o interesse em aprender, independentemente da educação formal é a chave para a utilização dessas habilidades em qualquer atividade humana, especialmente as que envolvem a leitura e a escrita.
2.4 Método sintético
O método sintético estrutura-se dentro da teoria do behaviorismo, e é considerado um dos mais rápidos, simples e antigo método de alfabetização, podendo ser aplicado a qualquer tipo de criança.
Insiste fundamentalmente numa correspondência entre o oral e o escrito, entre o som e a grafia.
O seu ensino, inicia-se de um grau de dificuldade mais simples percorrendo até chegar a um mais complexo, ou seja, o sistema de ensino parte das partes para um todo.
A criança para iniciar nesse método de alfabetização, primeiro domina o alfabeto (letra por letra), depois as sílabas, as palavras, frases e finalmente os textos. E este método não permite que a criança prossiga para uma nova fase se não dominar a que está.
O método sintético, foca seu ensino em lê letra por letra, ou sílaba por sílaba, e palavra por palavra, acarretando em pausas durante a leitura, motivando o cansaço e prejudicando o ritmo e a compreensão da leitura.
Baseando-se no ponto de vista mental, o indivíduo é capaz de perceber os símbolos gráficos de uma forma geral, ou melhor, como um todo, dando-lhes significados, para posteriormente ser capaz de analisar suas partes. O método sintético leva o aluno a perceber partes isoladas, sem significação, impedindo sua compreensão e percepção da leitura.
A aprendizagem pelo método sintético, é feita através da memorização e repetição, de uma certa forma acaba prejudicando o aluno, pois impede que ele consiga

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