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Direito Penal III e IV

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DIREITO PENAL III
DO CÁLCULO DA PENA
20/02/2013
O Sistema Trifásico (CP, art. 68):
1a. fase = pena-base = dentro dos limites cominados no tipo incriminador – circunstâncias judiciais (art. 59, II) – aqui se consideram as circunstâncias qualificadoras.
 
2a. fase = consideração das circunstâncias agravantes e atenuantes = não podem romper os limites cominados ao tipo incriminador (súmula 231 do STJ)
3a. fase = causas especiais e gerais de aumento e de diminuição da pena (podem romper os limites cominados ao tipo incriminador; 1o. as de aumento, depois as de diminuição.
Anotações:
	As circunstâncias prestam-se para medir a gravidade do fato, pois o crime já restou consubstanciado. Pode ocorrer, inclusive, concorrência de circunstâncias. Circunstância = circum estare (estar no círculo, ao redor).
	1o. - exame do fato, estabelecendo qual é o tipo incriminador violado. Ex.: sujeito que pratica o crime em relação a algum parente, como regra terá em seu desfavor a circunstância agravante respectiva (art. 61, e). Contudo, o que é circunstância pode, dependendo do crime, ser elementar do crime, como o caso do infanticídio, onde a condição de parentesco entre a agente e a vítima é fundamental (elementar) para restar configurado referido crime. Deixa então de ser uma circunstância, passando a ser uma elementar.
	O art. 68 traz um roteiro para o cálculo da pena, dividindo o procedimento de fixação da pena em 3 fases.
1a. fase: deve se estabelecer a pena-base. A partir dela é que se constituirá a resposta penal completa. Muitas vezes, tal pena acabará sendo a pena definitiva, quando não houver presença de aumento ou diminuição de pena. O sentenciado tem o direito de saber a motivação do cálculo penal, a fim de exercer sua defesa. Individualização da pena: há de se estabelecer uma pena para cada crime para cada réu, individualmente. Para estabelecer a pena-base, reza a lei, deve o juiz utilizar-se do art. 59, ou seja, atendendo à culpabilidade, antecedentes, conduta social, personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá o juiz, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime: II – a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos. Ex.: furto = de 1 a 4 anos de reclusão. O juiz não pode estabelecer além de 4 anos, tampouco aquém de 1 ano. Tal dispositivo respeita o Princípio da Legalidade (não há pena sem prévia cominação legal . ATENÇÃO: quem comina a pena é a lei. O juiz a fixa). 
	É nesta fase que as circunstâncias qualificadoras devem ser consideradas. Circunstâncias qualificadoras, refrescando a memória, são aquelas em que se modificam os limites mínimo e máximo da pena de determinado crime. Ex.: art. 121, caput X incisos do § 1o. 
	As qualificadoras, portanto, devem ser consideradas na primeira fase do cálculo da pena, bem como os antecedentes e os demais contidos no caput do art. 59.
2a. fase: deverão ser consideradas as circunstâncias agravantes e atenuantes, que estão elencadas nos arts. 61, 62, 65 e 66, CP. No CTB há circunstâncias agravantes genéricas.
Art. 61: São circunstâncias que sempre agravam a pena, desde que não constituam ou qualifiquem o crime. Portanto, se constitui o crime não o agrava. Também não se considera circunstância agravante se qualifica o crime. Em suma: as circunstâncias só agravam a pena se não constituírem crime (a exemplo do infanticídio) nem o qualificarem (exemplo: homicídio cometido por motivo torpe). ATENÇÃO: um crime qualificado pode ter agravante, desde que esta não seja a mesma que qualifica o crime. Ex.: Mévio mata seu irmão por motivo torpe: Homicídio qualificado por motivo torpe, agravado por ter sido cometido contra irmão (art. 121, §2o., I c.c. Art. 61, II, e).
Antecedente e Reincidência: esta é quando o indivíduo comete outro crime depois de ter sido condenado. A reincidência no Brasil não é perpétua, sendo limitada ao tempo de 5 anos contados do cumprimento ou da extinção da pena (art. 64, I). Ex.: Zé cometeu um furto, cumpriu a pena e, depois de 7 anos, cometeu outro crime. Ele não é reincidente, pois os 5 anos expurgaram a reincidência. Contudo, o que ele praticou no passado, em que pese expurgada a reincidência pelo lapso temporal, conta como antecedente. ATENÇÃO: não se pode estabelecer a pena-base acima do mínimo devido a antecedência (primeira fase) e agravá-la devido à reincidência na segunda fase, utilizando-se para tal a mesma circunstância. O mesmo dado não pode ser considerado duas vezes, respeitando a vedação do bis in idem.
	Tanto o art. 61 quanto o 65, ambos do CP, não trazem quantidade, ficando ao critério do julgador o quantum a ser estabelecido. O juiz não pode, por agravantes ou atenuantes, romper os limites constantes do tipo incriminador. Eis, então, o limite legal imposto ao julgador. Ex.: latrocínio consumado (pena de 20 a 30 anos de reclusão). Por mais agravantes que tenha, não pode a sentença penalizar o autor a mais de 30 anos de reclusão. De outro lado, por mais atenuantes que tenha, não pode a sentença penalizar o autor a menos de 20 anos de reclusão. Portanto, o sempre do caput do art. 61 não pode ser interpretado literalmente, e sim de maneira lógica. Tanto assim o é que a súmula 231 do STJ demonstra tal entendimento como o prevalente do Superior Tribunal.
3a. fase: causas de aumento não são a mesma coisa que agravantes. Causas de diminuição não são a mesma coisa que atenuantes. O que aumenta não agrava, e o que atenua não diminui. NÃO SÃO SINÔNIMOS. Quando agrava ou atenua, a lei não estabelece a quantidade. Quando aumenta ou diminui, a lei estabelece o quantum. No caso de aumento ou diminuição, é possível previamente estabelecer novos limites, o que se torna impossível com agravantes e diminuições. Ex.: art. 157, § 2o. - aumenta-se de um terço à metade o roubo praticado naquelas circunstâncias. Nestes casos, a pena mínima é de 5 anos e 4 meses (4 anos + 1/3), e a máxima é de 15 anos (10 anos + 1/2). Exemplo inverso: Roubo tentado = pena deve ser diminuída de 1/3 a 2/3. Portanto, o mínimo é de 1 ano e 4 meses (4 anos – 2/3). Para o cálculo, transformar anos em meses.
→ Concorrência de cálculos: quando existem causas de aumento e de diminuição, aplica-se primeiro o aumento e, diante do resultado, aplica-se a diminuição.
As circunstâncias judiciais (1a. fase) repercutem nos institutos que seguem:
Regime de Cumprimento de Pena: art. 33, CP (atenção às alíneas do §2o. Alínea a é vinculadora. Já a alínea b é discricionária em relação ao magistrado. O §3o. Remete-nos ao art. 59, inciso III – regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade depende também, do constante no caput do art. 59. Portanto, se o juiz, no momento da fixação da pena-base, utilizou as circunstâncias como favoráveis (art. 59), não poderá, ao fixar o regime, momento em que revisita o mesmo art. 59, utilizá-las como desfavoráveis. Portanto, a admissão de circunstâncias, sejam elas favoráveis ou não, já na primeira fase do cálculo da pena, refletirá na fixação do regime de cumprimento da pena.
Substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos/multa: art. 59, IV (44, III).
Concessão do sursis: art. 77, II
É impossível não frisar o poder que o art. 59 confere ao PJ. Portanto, este é o artigo mais importante, o artigo-chave do cálculo e fixação das penas.
27/02/2013
CONCURSOS DE CIRCUNSTÂNCIAS
Art. 67 do CP → circunstâncias objetivas (reais). “o fato do homem”.
 Subjetivas (pessoais) “o homem do fato”
No concurso de circunstâncias, deve se preponderar as circunstâncias subjetivas. 
Art. 121. Matar alguém: 
        Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
        Caso de diminuição de pena 
        § 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocaçãoda vítima, ou juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. Homicídio privilegiado, circunstâncias subjetivas.
        Homicídio qualificado 
        § 2° Se o homicídio é cometido: 
        I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; (subjetiva)
        II - por motivo futil; (subjetiva)
        III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; (objetiva)
        IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossivel a defesa do ofendido; (objetiva)
        V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: (subjetiva)
        Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 
O homicídio privilegiado pode ser qualificado apenas pelas circunstâncias objetivas.
*Segundo STF o homicídio privilegiado e qualificado NÃO É 
CRIME HEDIONDO, pois as circunstâncias subjetivas prevalecem em relação as objetivas.
UNIDADE DE PLURALIDADE DE INFRAÇÕES PENAIS
1 – Pluralidade de normas e pluralidade de crimes = concursos de crimes.
Concurso de crimes:
Material (real) – Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela.
Elementos: pluralidade de condutas, pluralidade de crimes
Efeitos: a) cumulam-se as penas; b) impossibilidade de substituição de uma das penas se a outra não for suspensa; c) execução simultânea ou sucessiva de prds; d) executa-se primeiro a mais grave.
Formal (ideal) – Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior.
2 – Pluralidade de normas e unidade legal de crime = crime continuado ou continuidade delitiva → art. 71
3 – Pluralidade de normas e unidade de crime = concurso ou conduta aparente de normas
Princípios: a) especialidade; b) subsidiariedade; c) consumação *alternativa.
06/03/2013
DO CONCURSO FORMAL DE CRIMES (CP, ART. 70)
- HOMOGÊNEO = CRIMES IDÊNTICOS = A PENA DE UM DELES + 1/6 A ½
- HETEROGÊNEO = CRIMES DIVERSOS = A PENA DO MAIS GRAVE + 1/6 A ½
IMPERFEITO
Anotações: 
→ Art. 69 – quando o sujeito, mediante mais de um ação ou omissão, pratica mais de um crime. A solução é a aplicação cumulada das penas, daí o nome concurso material.
	Começou-se a perceber, contudo, que o sujeito poderia realizar mais de uma ofensa, mas com uma única conduta (ação ou omissão) criminosa. Haveria uma unidade de conduta em que resultariam dois ou mais resultados lesivos. Ex.: acidente de trânsito – uma única atividade culposa provoca um acidente que resulte lesões corporais em diversas pessoas.
→ Art. 70, caput: enquanto o concurso material é a pluralidade de ações ou omissões que resultam em pluralidade de resultados ofensivos, o concurso formal é a unidade de ação ou omissão que resulta em uma pluralidade de resultados ofensivos. 
	No concurso material, a solução jurídica é o acúmulo (somatória) das penas.
	No concurso formal, por ser distinto, a solução há de ser distinta, pois deve ser menos severa que aquela, vez que só houve uma ação ou omissão.
Sistema da exasperação: toma-se a pena de um crime, e a esta pena faz-se um acréscimo (exasperação) em virtude da prática de outras ofensas. A solução, portanto, é mais benéfica.
VERIFICAR A TABELA ACIMA
Cuidados: 
→ o acréscimo de 1/6 a 1/3 é sempre necessário, tanto quando há crimes idênticos (ex.: acidente de trânsito) – crimes homogêneos – quanto quando há crimes distintos – crimes heterogêneos;
→ a quantidade de acréscimo (quantum de exasperação) varia de acordo com a quantidade de delitos. Assim, temos:
- se 2 delitos = 1/6
- se 3 delitos = 1/5
- se 4 delitos = ¼
- se 5 delitos = 1/3
- se 6 delitos ou mais = ½
Não há dispositivo em relação a este quantum, mas tal assunto já é pacificado doutrinária e jurisprudencialmente;
→ o acréscimo é feito com base na pena fixada em juízo, e não na pena máxima cominada na lei. O juiz trabalhará na gravidade de cada fato na pena cominada ao fato (mais gravoso, se crimes heterogêneos);
→ em que pese a inaplicabilidade, o juiz TEM QUE fixar a pena de todos os crimes individualmente. Na hora da aplicação, aplica o mais grave de forma exasperada. O réu tem que saber a pena de todos os crimes, por mais que não lhe seja aplicada;
→ indivíduo que, em voz de assalto, rouba duas ou mais pessoas, em uma única situação delitiva. É concurso formal, pois, de uma única ação, duas ou mais pessoas sofreram a grave ameaça e a oneração de bens;
→ aberratio ictus (art. 73): manda aplicar a regra do art. 70. 
→ art. 70, § único: quando a aplicação da exasperação (crime formal) torna-se mais penalizadora que a aplicação da regra do concurso material de crimes, aplica-se, então, esta. Ex.: “A” quer matar “B” e dispara com arma de fogo diversas vezes. “B” morre e “C”, pobre coitado que nada tinha que ver com o caso, sofre lesão corporal. Ocorreu 121 e 129. Ocorreu concurso formal, logo, aplica-se a exasperação da pena do crime de homicídio. Suponhamos que “A” foi penalizado com 6 anos de reclusão relativos ao homicídio. Aplica-se então 1/6 de exasperação pela lesão corporal praticada. Temos, então, 7 anos de reclusão. Contudo, se fosse aplicada a regra do concurso material, teríamos 6 anos de reclusão e 3 meses de detenção.
→ Ex.: caso do Lindemberg: concurso formal no sequestro (3 pessoas) em concurso material com homicídio doloso em concurso material com tentativa de homicídio = Sequestro (exasperação de 1/5) + 121 + 121 tentado.
Todo o exposto até aqui é o doutrinariamente chamado de CONCURSO FORMAL PERFEITO, ou seja, uma única conduta está informada por um único elemento subjetivo (dolo ou culpa) OU um único elemento objetivo (comissivo ou omissivo). Concurso formal perfeito = uma única atuação (comissiva ou omissiva) foi derivada de um único elemento subjetivo (dolo ou culpa).
Contudo, uma única atividade humana está, muitas vezes, informada por mais de uma vontade. É o caso de “matar dois coelhos com uma paulada só”. Quando isso acontecer, não há que se falar em concurso formal. A lei chama isso de desígnios autônomos (vontades diversas). Vontades diversas informaram uma única atividade. Ex.: indivíduo quer matar o professor de Direito Civil. Contudo, pensa: “que morram os outros também”. Vai e bota fogo na sala de professores. Quando isso acontece, há uma regra própria, que é a 2a. Parte do art. 70, caput. Distinta é a aplicação legal porque o indivíduo teve uma vontade direta e várias vontades eventuais. Este é o concurso formal imperfeito.
Concurso formal imperfeito = raríssimo. A solução é a mesma do concurso material (somatória de todos os crimes). O Código Civil, depois de 84, passou a dar maior ênfase à vontade (aspecto subjetivo) que ao aspecto objetivo do crime. Não importa que a atividade seja uma se o indivíduo tinha duas ou mais vontades. Portanto: se dolos distintos, temos o concurso formal imperfeito, causa de aplicação de penas distintas. É o típico caso do terrorista que explode uma bomba na embaixada para matar o embaixador.
→ caso Carandiru, Ubiratan = pena de mais de 600 anos. O Coronel deu uma única ordem de invasão, a qual culminou em 111 mortes. Somaram-se as penas dos 111 homicídios.
Em resumo: uma atividade que resulta em multiplicidade de ofensas (pluralidade de delitos). Se os delitos forem iguais, é chamado o concurso de homogêneo. Se delitos diferentes, o concurso é o heterogêneo. A regra é a aplicação da penade um crime (o mais grave se heterogêneo), exasperada de 1/6 a ½., com a consideração de que, se no heterogêneo, a pena total for superior ao concurso material, aplica-se este. Não confundir homogêneo e heterogêneo com perfeito e imperfeito (pluralidade de elementos subjetivos).
CONTINUIDADE DELITIVA
	É a multiplicidade de condutas com a multiplicidade de crimes (a rigor é concurso material). Na idade média, um dos crimes mais punidos era o furto, devido à insegurança patrimonial por ele causada. Na maioria das legislações bárbaras, os primeiros dois furtos eram punidos corporalmente. Punia-se o terceiro furto com a morte. No período final do feudalismo, a Europa estava empobrecida, o que implicou graves problemas sociais. Em um ambiente de miséria e de exploração econômica, os indivíduos começaram a praticar o furto para sobreviver. Assim, o miserável furtava para se alimentar e alimentar a família, e acabava condenado à morte. A família, então, desamparada, começava a furtar para sobreviver, e também morria. Cada um que morria era uma força de trabalho a menos no feudo, o que piorava a crise econômica europeia. Surgiram então os pensadores italianos, que propuseram a continuidade delitiva. Assim, os diversos delitos, se praticados em conexão temporal e espacial (curto espaço e interregno temporal), eram punidos como UM ÚNICO DELITO. Os alemães adotaram essa ficção jurídica, e o Direito, até hoje, ainda a mantém. 
Portanto: crime de mesma espécie em proximidade temporal e espacial. Aplica-se a pena de um deles com exasperação de 1/6 a 2/3 (art. 71, CP).
DO CRIME CONTINUADO (CONTINUIDADE DELITIVA)
Conceito (CP, art. 71): é um instituto que teve sua origem histórica na Idade Média. É fruto do pensamento daqueles que procuravam solução para o tratamento penal extremamente severo que era aplicado na maioria dos países da Europa em relação ao crime de furto. Na terceira prática de furto, o indivíduo era condenado à morte. Contudo, devido à crise que o sistema feudal trazia como consequência, muitos lançavam mão do furto para sobreviver. Quando pegos pela terceira vez, eram mortos (um trabalhador a menos). O feudo, destarte, começou a ruir, motivo pelo qual os pensadores começaram a pensar acerca de uma solução.
	Criaram então a ficção de que o indivíduo que pratica dois ou mais furtos (pluralidade de condutas semelhantes) praticados em tempo e local próximos, pratica um só crime, e não tantos quantos efetivamente praticara.
	A finalidade é, até hoje, abrandar a pena. Pela regra do art. 71, aplica-se a pena do crime, agravando-a.
Doutrina: Teorias: as construções dos práticos italianos e dos alemães acabaram divergindo.
→ Teoria objetivo-subjetiva (italiana): exigia-se que para considerar a continuidade delitiva, deveriam existir alguns requisitos de natureza objetiva (conexão temporal, espacial e crimes da mesma espécie) e um de natureza subjetiva (unidade de dolo, desígnio, ideação. Um único dolo formando diversas atividades criminosas).
→ Teoria puramente objetiva (alemã): os alemães, semelhantemente, excluíram a exigência do requisito de dolo único, não necessitando realizar a pesquisa do elemento de natureza subjetiva. Portanto, somente a conexão temporal, espacial e crimes da mesma espécie já caracterizavam a continuidade delitiva. 
	O advento do elemento subjetivo do crime (dolo, culpa) surgiu no direito romano. O direito bárbaro demorou para adotar tal elemento.
→ Teoria adotada pelo CP: fala-se apenas da natureza objetiva, de sorte que muitos legisladores sustentam que o ordenamento jurídico pátrio acolheu a teoria de origem germânica. Contudo, isso leva a um outro problema, pois, como se percebe, o instituto foi idealizado justamente para atenuar a gravidade das penas para pequenos delitos, praticados em tempo e lugar próximo, sem grande repercussão. A aplicação do instituto de forma exagerada pode levar à habitualidade criminosa. Quando se expande tal instituto, subverte-se sua própria razão teleológica (razão de ser). Ex.: indivíduo com extenso DVC de crimes contra o patrimônio poderia vir a acabar, por vez, pagando somente UMA ÚNICA PENA majorada. Aplicar o instituto em uma situação como estas perde sua razão de ser. Inicia-se então extensa discussão acerca da aplicação ou não da continuidade delitiva.
	A jurisprudência brasileira, então, posicionou-se no sentido de verificar o elemento subjetivo (unidade de dolo) a fim de aplicar a ficção ora estudada.
Texto do Professor:
Teoria objetivo-subjetiva: exige para a identificação da continuidade delitiva, além de determinados elementos de natureza objetiva, outro de índole subjetiva, que é expresso de modos diferentes: unidade de dolo, unidade de resolução, unidade de desígnio, unidade de ideação (dolo único, em suma).
Teoria puramente objetiva: esta construção dispensa a unidade de ideação como requisito para a configuração do crime continuado, contentando-se com os elementos exteriores de homogeneidade (semelhança).
Continuidade Delitiva X Habitualidade Criminosa: o crime continuado é modalidade de concurso material, e representa uma ficção jurídica (fictio juris) que consiste na presunção da existência de crime único, embora haja uma pluralidade de condutas típicas. O instituto resultou do trabalho dos praxistas e glosadores que, com seus estudos, buscavam evitar a pena de morte cominada ao terceiro furto na maioria das legislações da época. Acolhido pelos códigos modernos, o instituto visa atenuar o rigorismo e a severidade da regra relativa ao cúmulo material de infrações. [0: 	Estudiosos do direito intermediário – direito penal comum, da Idade Média, fruto da mistura do Direito Romano legislado com o Direito Bárbaro, germânico, ainda com o Direito Canônico. Os estudiosos faziam a aplicação do Direito sem doutrina, sendo chamados, portanto, de práticos ou praxistas. Quando se valiam de textos romanos, faziam nos textos anotações laterais sobre conceitos, etc. Tais anotações laterais eram chamadas de glosas. Farináceo que, muito tempo depois, conseguiu apresentar uma estrutura criminal básica, pois, até então, o direito não tinha teoria.]
	Não se confundem continuidade delitiva e habitualidade criminosa. Caracteriza-se o crime continuado pelo oportunismo com que o agente aproveita de situações consecutivas e espacialmente circunscritas, traços que constituem a lógica propulsora das ações que se seguem à primeira. A habitualidade criminosa, por seu turno, caracteriza-se pela perseverança com que o agente transgride e torna a transgredir a norma, apresentem-se ou não oportunidades próximas no tempo e no espaço, porque o seu móvel não é o oportunismo, mas a determinação de fazer do crime sua regra de procedimento, seu modo de ser.
	No crime continuado, o sujeito é tentado pelas facilidades circunstancialmente encontradas a reproduzir a conduta criminosa; o denominador comum das ações sucessivas é o reaproveitamento das condições propícias constatadas no crime inicial. Na criminalidade profissional, os crimes não são determinados uns pelos outros, em virtude de condições práticas favoráveis, mas sim pela obstinação do agente, a quem nada importa que os delitos sejam praticados aqui ou ali, neste ou naquele momento, desta ou daquela maneira, com estas ou aquelas facilidades, ou sem elas. Importa é que sejam cometidos, porque é deles que extrai o necessário à própria mantença, porque este é seu modo de ser, seu modo de viver.
	A distinção entre continuidade delitiva e habitualidade criminosa implica o exame do elemento subjetivo (unidade de dolo) e, em última análise, a adoção da teoria objetivo-subjetiva. Embora disputem as posições contrárias na jurisprudência, há uma tendência para a adoção do exame do elemento subjetivo na configuração da unidade delitiva, para evitar-se a transformação do instituto em válvula de impunidade, desvirtuando-se os seus fins teleológicos.	
Requisitos (objetivos):
a) Pluralidade de condutas: ato não é conduta. A conduta pode ser a somatória de atos. Assim, umapessoa que entra em uma casa e furta uma televisão e um som não pratica dois furtos, mas um só. São dois atos que compõem a conduta delitiva única.
b) Pluralidade de crimes da mesma espécie: são os crimes que incidem no mesmo tipo penal incriminador. Ex.: indivíduo comete furto simples, depois furto qualificado, seguido de outro qualificado e, por fim, um outro furto simples. Houve pluralidade de crimes, em que pese a qualificação de dois deles.
	Havia uma problemática antes da reforma dos crimes sexuais: o estupro era a cópula vagínica. Outros atos eram tipificados como ato libidinoso. Assim, em um estupro em que o indivíduo praticava felação, sexo anal e cópula vagínica, praticava ele o estupro e o ato libidinoso, crimes que possuíam a mesma pena. 
	Hoje, o art. 213 institui como estupro tanto a cópula vagínica quanto os outros atos que outrora eram tidos como ato libidinoso.
	Com a mudança do dispositivo, há a possibilidade de pedido de revisão da pena, que era majorada pela continuidade delitiva (estupro e ato libidinoso).
	Mesmo tipo não é mesmo gênero. Assim, furto e roubo não consubstanciam continuidade delitiva, pois são do mesmo gênero. Dois furtos são do mesmo tipo.
c) Homogeneidade das circunstâncias:
→ Conexão Temporal
→ Conexão Espacial
→ Semelhança de modus operandi
PEGAR MATÉRIA DO DIA 20/03/13
PLURALIDADE DE NORMAS E UNIDADE DE CRIME:
	Não é um tema muito tratado nas doutrinas, mas de fundamental importância na prática penal. Além disso, não há pacificação na própria doutrina.
	
Concurso (e conflito) aparente de normas: dizer que as normas se conflitam é dizer que a determinado fato são cabíveis dois ou mais tipos penais. No Brasil, especialmente, há uma grande problemática neste sentido, pois o legislador é verborrágico, legislando demais e em péssima qualidade, restando aos aplicadores do Direito a resolução de tal problemática através de hermenêutica.
Conceito: um fato social deve corresponder a uma norma pré estabelecida (tipicidade). O fato real só pode consubstanciar-se em uma norma jurídica, ou seja, a tipicidade é única. Contudo, as leis, em determinadas situações, entram em conflito. Dentro de tal concurso, a solução há de ser aplicada para que o fato seja adequado a um único tipo. O concurso, portanto, é apenas aparente (daí o nome concurso aparente de normas). Ex.: o sujeito mata alguém a tiros de revólver. Verifica-se que tal indivíduo portou sem autorização uma arma de fogo, efetuou disparos com a arma de fogo, ofendeu a atividade corporal de alguém e, em virtude de tais lesões, a vítima morreu. Em um simples fato, portanto, temos quatro tipos penais que poderiam incidir sobre o autor.
	A norma do art. 128, I do CP permite a prática do aborto quando não há outro meio de salvar a vida da gestante. Quando se pratica o aborto em tais termos, há a legitimidade do ato pelo estado de necessidade. Tal situação, portanto, corresponde a dois tipos permissivos (conflito aparente de normas permissivas). 
	“Ocorre o concurso ou conflito aparente de normas sempre que uma conduta delituosa puder enquadrar-se em diversas disposições legais. Diz-se que esse conflito é aparente porque, se duas ou mais disposições se mostram aplicáveis a um determinado fato, só uma dessas normas, na realidade, é que o disciplina.” - José Frederico Marques, in Tratado de Direito Penal.
Princípios:
→ Especialidade – Lex Specialis Derogat Legi Generali: diz-se que uma norma penal incriminadora é especial em relação a outra, chamada geral, quando possui em sua definição legal todos os elementos típicos desta, e mais alguns, de natureza objetiva ou subjetiva, denominados especializantes. A norma especial, ou seja, a que acresce elemento próprio à descrição legal do crime previsto na norma geral, prevalece sobre esta. Ex.: a norma que define o infanticídio (art. 123, CP), é especial em relação à que define o hominis excidium (art. 121, CP); o latrocínio (roubo qualificado pelo resultado morte da vítima), previsto no art. 157, § 3o., in fine, CP, é especial em relação ao homicídio qualificado pela conexão teleológica, previsto no art. 121, § 2o. V. 
ATENÇÃO: os tipos fundamentais são excluídos pelos tipos qualificados ou privilegiados, que são especiais em relação àquele.
Não se pode confundir norma geral com norma especial segundo o local em que ela está prevista (parte geral e parte geral do Código). É especial a norma que tiver a mesma coisa que o primeiro e mais alguma coisa.
→ Subsidiariedade – Lex Primaria Derogat Legi Subsidiariae: diz-se que uma norma penal tem caráter subsidiário em relação a outra, chamada principal ou primária, quando ambas descrevem graus ou fases diversas da violação do mesmo bem jurídico, de modo que o descrito pela norma subsidiária, por ser menos grave que o descrito pela norma principal, fica absorvido por esta. A figura típica subsidiária está contida na principal.
A grande diferença entra a especialidade e a subsidiariedade é que, naquela, a lei especial nem sempre é mais grave que a lei geral, a exemplo do infanticídio X homicídio. Na subsidiariedade, a lei principal sempre é mais grave que a subsidiária, de modo que aquela absorve esta (o crime mais grave prevalece ao crime menos grave, desde que o mesmo bem jurídico seja tutelado). A subsidiariedade subdivide-se em:
- Expressa (Explícita): quando a norma, em seu próprio texto, subordina a sua aplicação à não aplicação de outra norma de maior gravidade punitiva. Ex.: art. 132 (no preceito secundário, há o termo “se o fato não constitui crime mais grave); arts. 307, 308, 304 (307 – meu nome é Erlon; 308 – meu nome é Erlon [e apresenta o documento de Erlon]; 304 – meu nome é Erlon [e apresenta documento adulterado de Erlon, com todos os dados deste, mas com sua foto]). Percebe-se a absorção nesta cadeia de ações.
Tácita (Implícita): quando uma figura típica funciona como elementar ou circunstância legal específica de outra figura típica de maior gravidade punitiva, de forma que esta exclui a simultânea punição da primeira: ubi major minor cessat (o maior prevalece sobre o menor, ou, onde há o maior, o menor cessa, ou o peixão engole o peixinho – Capez). Assim, o estupro (art. 213, CP) exclui a punição do constrangimento ilegal (art. 146, CP) e da lesão corporal leve (art. 129). É o que ocorre, também, com o crime de roubo (art. 157, CP), que exclui a punição do furto (art. 155, CP), da ameaça (art. 147, CP) e da lesão corporal leve (art. 129, caput).
Para alguns autores, a subsidiariedade implícita ou tácita é a mesma coisa que uma consunção de meio a fim, como veremos a seguir. A solução, contudo, é a mesma.
Damásio de Jesus, por seu turno, acha que tal instituto é, em verdade, Especialidade.
→ Consunção – Lex Consumens Derogat Legi Consumptae (lei consumidora derroga lei consumida): ocorre a relação consuntiva, ou de absorção, quando um fato definido por uma norma incriminadora é meio necessário ou normal fase de execução de outro crime, bem como quando constitui conduta anterior ou posterior cometida pelo agente com a mesma finalidade prática daquele crime. Nestes casos, a norma incriminadora que descreve o meio necessário, a normal fase de execução de outro crime ou a conduta anterior ou posterior, é excluída pela norma relativa a este crime. Segundo o magistério de Luis Gimenez de Asúa, existem cinco casos de consunção:
a) de imperfeição a perfeição: os atos perfeitos absorvem os atos imperfeitos. Os atos preparatórios e a tentativa são consumidos pela punição do crime consumado. Ex.: o sujeito que matou alguém evidentemente passou pelo “tentar matar”.
b) de auxílio a conduta direta (de participação a coautoria direta): o partícipe que inicialmente ofereceu uma contribuição secundária ou acessória ao crime, depois, pratica atos de execução do mesmo crime. A coautoria do delito absorverá a participação. Ex.: indivíduo induz o outro a bater em um terceiro. No meio da ação, passa a também bater naquele terceiro.
c) de meio a fim (crimes complexos): é a mesma situaçãoda subsidiariedade tácita.
d) de minus a plus: de menos a mais. Ocorre nos seguintes crimes:
- crimes progressivos: no crime progressivo, há um só fato que, por sua natureza intrínseca, contém outro menos grave, pelo que a realização do primeiro sempre pressupõe a do segundo. Ex.: o crime de homicídio pressupõe um resultado anterior, qual seja a lesão corporal causadora da morte. Há um minus (lesão corporal) e um plus (morte). Esta absorve aquela e, em consequência, o crime de homicídio absorve o de lesão corporal.
- progressão criminosa: há progressão criminosa quando, em um único contexto, ocorrem vários fatos típicos que se realizam de modo continuado. A intenção inicial do sujeito ativo é praticar o delito menor, mas, no curso do iter criminis, resolve praticar o delito mais grave. Ex.: o sujeito ameaça a vítima de agressão e, na sequência (no mesmo contexto), a agride, ofendendo-lhe a integridade física. A lesão corporal (plus) absorve a ameaça (minus).
e) de parte a todo: alguns autores utilizam as seguintes expressões: anti factum e post factum impuníveis. São fatos anteriores ou posteriores que não serão punidos .
Anti factum impunível: 
- fatos anteriores (ou anti factum impunível): ocorre quando uma conduta menos grave precede uma mais grave como meio necessário ou normal de realização. A primeira é consumida pela segunda, e o fato anterior torna-se um indiferente penal. Ex.: o sujeito tem em seu poder instrumentos usualmente empregados na prática de furto (LCP, art. 25). Em seguida, pratica uma subtração punível. O crime de furto absorve a contravenção. Problemática: o legislador, em momento de idiotice, fixou menor pena de disparo de arma de fogo em via pública que a de porte de arma de fogo.
- fatos posteriores: ocorre quando um fato posterior é praticado contra o mesmo bem jurídico passivo para a utilização do fato antecedente. Ex.: o furtador vende a coisa subtraída para terceiro de boa fé. O furto (art. 155, CP), absorve a receptação imprópria (art. 180, caput, in fine).
Art. 297 X art. 171(CP) = falsificação do cheque com sua posterior utilização. A falsificação do cheque é o meio para que o estelionato seja praticado. A falsificação, contudo, é crime contra a fé pública. Há ataques, portanto, a sujeitos passivos diversos. No ponto de vista estritamente técnico, o que se teria seria o concurso material de crimes. (171, de pena mínima 1 ano e 297, de pena mínima de 2 anos). O crime meio é mais penalizante que o crime fim. É uma falha do Código de 1940. Existem 4 orientações distintas:
a) concurso material: como são ataques a bens jurídicos distintos (patrimônio e fé pública), a solução seria a somatória das penas (pena mínima de 3 anos);
b) consunção: a falsidade é o meio para o sujeito realizar o estelionato. Portanto, aplica-se a consunção de meio a fim. Como o estelionato é o fim, absorve ele o meio (a pena de estelionato absorve a da falsidade – pena mínima de 1 ano). O STJ adotava tal posicionamento, editando, inclusive, a súmula 17. Somente as falsidades do cheque ficariam consumidas, não havendo o que se falar em cédula de identidade falsa usada para a aceitação do cheque, vez que tal documento falso é mantido com o criminoso, não se exaurindo, portanto, sua potencialidade lesiva. Contudo, o STJ tem entendido que até mesmo tal falsidade é consumida pelo crime de estelionato, por ser meio do crime fim (estelionato).
c) Ubi major minor cessat: alguns entendem que a aplicação da consunção fere tal princípio, pois deveria ser aplicada a pena do mais grave.
d) Concurso formal: pegaria a pena do mais grave, aplicando o acréscimo de 1/6, de sorte que um dos crimes não ficaria impune, mas também não se aplicaria o concurso material. Das soluções, é a menos técnica. O STJ aceitou tal orientação jurisprudencial por certo tempo.
Posicionamento atual: aplicação da súmula 17, STJ, com ampliação de sua aplicação a falsificação de identidade (ótimo para a defesa, logo utilizável em exame da OAB).
f) Alternatividade = tipos alternativos (crimes de ação múltipla ou conteúdo variado). Tipos mistos alternativos: tipos penais que têm mais de um núcleo, ou seja, descrevem mais de uma conduta que caracteriza o crime. O exemplo mais visível é o de Tráfico de Drogas (art. 33, caput, Lei 11.343/06), que possui 18 condutas descritas como criminosas. O sujeito que vende já ofereceu, e, se ele ofereceu, ele tinha consigo. Não há que se falar, contudo, em concurso material. Já ocorreu em Sorocaba tal evento, não sendo aplicado o princípio da alternatividade. Vejamos:
Case: determinada família viajou no fim de semana. O pai de família tinha algumas máquinas novas de informática, pois trabalhava com isso. Quando voltaram de viagem, a casa não estava arrombada, mas as máquinas haviam sumido. Durante o registro da ocorrência na Polícia Civil, apontou ele como suspeito um amigo do filho. Os investigadores, então, passaram a investigá-lo. O rapaz era estudante de Engenharia e usuário de drogas. O estudante assumiu o furto, confessando que havia entregado as máquinas a três traficantes. Exarado o mandado de busca e apreensão em uma quinta-feira, foi cumprido na sexta-feira, onde localizaram os computadores e cocaína. Acontece que o autor do furto morreu, de sábado para domingo, devido a uma overdose de cocaína. Denúncia: tráfico em concurso formal com receptação dolosa (uma conduta, dois crimes); segundo tráfico, quando a Polícia Civil os prendeu guardando a cocaína para a venda. Eram duas condutas: o fornecimento e o ter em depósito para a venda (concurso material, portanto).
MEDIDA DE SEGURANÇA
	É um tratamento, e não pena. Enquanto nesta a fundamentação é a culpa do sujeito, a medida de segurança assenta-se no grau de periculosidade do sujeito.
Inimputável: art. 26, CP: doença ou desenvolvimento retardado; 
Menores: art. 27, CP: menoridade (hipótese de desenvolvimento incompleto). Para os inimputáveis menores, a solução não é penal, e sim do ECA. A natureza jurídica do tratamento que se dispensa aos menores de idade não é natureza jurídica penal, em que pese parecer ser. O processo que apura o ato infracional é processo de natureza civil. Resta, portanto, excluída a hipótese dos menores. Resta verificar os outros inimputáveis.
Espécies:
- internação
- tratamento ambulatorial
Natureza jurídica: não é pena, mas sim sanção penal. A pena volta-se ao passado, pois volta-se ao que foi feito pelo réu. A medida de segurança não, pois não há que se falar em culpabilidade, atenuante e agravante de um indivíduo que é inimputável. Sua visão é voltada à frente e à periculosidade do agente, vez que deve ser mantida enquanto perdurar a situação limitadora do indivíduo. A medida de segurança está atrelada a alguns princípios que norteiam a pena, a exemplo do princípio de não haver pena sem prévia cominação legal. Há de se respeitar o princípio da anterioridade da lei penal, ou seja, embora doente mental ou retardado, tem direito o sujeito a um julgamento completo. Não se pode, e.g., aplicar medida de segurança se o fato é atípico ou se presente alguma excludente de ilicitude. Necessária também a presença de ampla defesa e contraditório.
Finalidade: pena = reprovar, retribuir e prevenir. Medida de Segurança = finalidade exclusivamente preventiva, ou seja, evitar que o indivíduo volte a delinquir.
Semi-imputabilidade (art. 26, § único): a pena é reduzida. Logo, há condenação, e não aplicação da medida de segurança. À luz do caput do mesmo artigo, entende-se que ao inimputável não há pena, ao passo que ao semi-imputável há a aplicação de condenação. Portanto, temos que o inimputável não possui reincidência; já o semi-imputável a tem.
Tabela de distinções entre os institutos Pena e Medida de Segurança:
	Pena
	Medida de segurança
	Natureza retributivo preventiva (art. 59, CP)
	Natureza preventiva (art. 97, § 1o., CP)
	É proporcional à gravidade da infração
	É proporcional à periculosidade do sujeito
	Liga-se ao sujeito pelo juízo de culpabilidade (reprovação social)Liga-se ao sujeito pelo juízo de periculosidade (necessidade)
	É fixa
	É indeterminada, cessando com o desaparecimento da periculosidade do sujeito
	É aplicável aos imputáveis e semi-imputáveis
	É aplicável aos inimputáveis, não podendo ser aplicada aos imputáveis
Conceito de periculosidade: conforme o magistério de Nélson Hungria, periculosidade é “um estado subjetivo, mais ou menos duradouro de antessociabilidade”. Cuida-se, conforme Aníbal Bruno, de “probabilidade de delinquir, estado de desajustamento social do homem, de máxima gravidade, resultante de uma maneira de ser particular do indivíduo, congênita ou gerada pela pressão de condições desfavoráveis do meio”. Em poucas palavras, periculosidade é a probabilidade de delinquir. 
DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO:
1. Dos Efeitos Penais: o nome dos sentenciados é lançado no rol dos culpados, ou seja, o trânsito em julgado forja o terreno para a reincidência (a reincidência, por seu turno, tem um rol extenso de efeitos, conforme já verificado em matéria do terceiro ano).
2. Dos Efeitos Extrapenais:
a) art. 91 – Efeitos Extrapenais Genéricos: são automáticos, ou seja, a só sentença condenatória já gera tais efeitos. Não é necessária a menção de tais efeitos na sentença.
CC, 186: o ilícito penal não difere do ilícito civil em sua natureza. Reza o referido artigo que aquele que por:
ação
voluntária = dolo
negligência/ imprudência = culpa
omissão
voluntária = dolo
negligência/imprudência = culpa
CC, art. 927: trata dos efeitos do ilícito civil. Aquele que, por ato ilícito (186 e 187), provocar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
→ Vemos, portanto, que estamos evidentemente diante de um sistema jurídico único, de modo que se divide em cadeiras tão somente para seu melhor funcionamento. 
→ É possível, às vezes até recomendável, que a vítima de um crime promova a ação civil individualmente da penal. Quando ocorre isso, o juiz cível, por regra, suspende o julgamento na esfera civil, no aguardo da sentença criminal. O processo penal, para impor a sentença condenatória, demanda prova muito mais concreta, vez que submetida ao contraditório e à ampla defesa, pois trata da liberdade ambulatorial. Quando a sentença penal condenatória transita em julgado, passa a ter força de título executivo, ou seja, não é mais necessária a discussão da causa na esfera civil. O que a vítima faz é utilizar tal título executivo judicial e partir para uma ação de execução na esfera cível. O que se discute é acerca da liquidez, ou seja, acerca do quantum a ser pago.
CPC, art. 475-N, II: são títulos executivos judiciais: a sentença penal condenatória transitada em julgado.
CC, art. 935: a sentença criminal prevalece mediante a esfera civil. A condenação penal gera consequências de natureza civil. 
→ Mudança no CPC permite que o juiz na esfera penal já estabeleça um quantum relativo à indenização (art. 387, IV, CPP).
O art. 186 do CC estabelece o conceito de ato ilícito, que não difere do conceito de crime. É a conduta humana, comissiva ou omissiva, dolosa ou culposa, que causa dano a outrem, e que faz nascer a obrigação de reparar o dano (art. 927, CC). Em consonância com este dispositivo, determina o Código Penal que, transitada em julgado a sentença condenatória, torna-se certa a obrigação de reparar o dano. Na verdade, a responsabilidade civil é independente da responsabilidade criminal, mas como o ilícito é uno, uma vez decidida, no juízo criminal, a existência do fato e a sua autoria, estas questões não mais serão objeto de questionamento no juízo cível (art. 935, CC). Por isso é que a sentença penal condenatória tem a natureza de título executivo judicial (CPC, art. 475 – N, II). A isso some-se a recente modificação do Código de Processo Penal, permitindo ao juiz criminal, na sentença condenatória, fixar um valor mínimo de indenização pelo dano causado (CPP, art. 387, inciso IV). Este valor, entretanto, não elimina a possibilidade de o ofendido buscar uma liquidação, no juízo cível, para a apuração do dano efetivo (CPP, art. 63, § único), e quando for pobre, essa execução será promovida, a seu requerimento, pelo MP (CPP, art. 68). Registre-se que, nos termos da lei civil, “a indenização mede-se pela extensão do dano” (CC, art. 944). É também o CC que vai tratar dessa medida do dano causado nos arts. 945 a 954. (Palavras do Professor ; TODOS: Graças a Deus :-p)
De manhã: Nos termos do art. 186, o ato ilícito é a conduta, comissiva ou omissiva, dolosa ou culposa, que ofende direito e causa dano. E quem, por uma conduta dessa natureza, causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo (art. 927). O fato criminoso, porque ilícito, gera essa mesma obrigação de reparação de dano. Por isso é que a sentença penal condenatória traz como efeito genérico tornar certa a obrigação de reparar o dano (CP, art. 91, I). Na verdade, após o trânsito em julgado da sentença penal condenatória, ela passa a valer como título executivo judicial (CPC, art. 475-N, II), não mais se admitindo o questionamento, no juízo civil, sobre a existência do fato (materialidade e ilicitude), ou sobre quem seja o seu autor (art. 935, CC). No juízo civil, discutir-se-á apenas o montante da indenização. A liquidação das obrigações ex delicto está disciplinada nos arts. 944 e ss., CC. Por isso mesmo, transitada em julgado a sentença penal condenatória, poderá a vítima, seu representante legal ou seus sucessores promover a execução no juízo cível para a reparação do dano (CPP, art. 63, § único), e, em sendo o titular do direito à reparação do dano pobre, a ação será promovida, a seu requerimento, pelo MP (CPP, art. 68). Mais ainda, recente modificação do CPP permite ao juiz criminal, quando proferir sentença condenatória, fixar valor mínimo para a reparação dos danos causados pela infração (CPP, art. 387, IV). (Palavras do Professor ; TODOS: Graças a Deus :-p)
→ Sentença Penal de Medida de Segurança: tratando-se de sentença penal absolutória imprópria, onde o réu é considerado inimputável (CPP, art. 386, VI) não ocorrerá o efeito definido no art. 91, I, CP, não podendo esta sentença ser executada no juízo cível. Nesta hipótese, será necessária a promoção da ação civil ex delicto (CPP, art. 64). Tratando-se, entretanto, de sentença que impôs medida de segurança a um semi-imputável, ela será condenatória (art. 26, § único e art. 98, ambos do CP, gerando esse efeito.
→ Sentença que declara a extinção da punibilidade: ocorrendo após o trânsito em julgado da sentença condenatória, não exclui o efeito da obrigação de reparar o dano. Se, entretanto, ocorrer antes do trânsito em julgado de sentença condenatória, não há que se falar em condenação, abrindo-se o ensejo para a promoção da ação civil ex delicto. O mesmo ocorre quando houver arquivamento do inquérito policial ou das peças de informação e, ainda, quando houver sentença absolutória que não tenha reconhecido categoricamente a inexistência do fato (CPP, arts. 66 e 67).
→ A Anistia: é o esquecimento jurídico-penal do fato (tecnicamente). Os efeitos civis, contudo, permanecem. A anistia é lei penal que pode rescindir sentença penal condenatória, mas subsistem os efeitos civis da prática ilícita. 
Art. 5o., XLV: a obrigação de reparar o dano não é pena, e sim efeitos da sentença penal condenatória, de modo que se transmite aos sucessores.
Rol dos Efeitos Genéricos:
- Obrigação de reparar o dano;
- Confisco: perda dos instrumentos ou produto do crime em favor do Estado. Não são todos os instrumentos, mas sim tão só aqueles que o uso, a posse e a guarda são, por si só, ilícito penal. Ex.: um veículo que foi objeto de homicídio culposo ou doloso não será confiscado. Produtos dos crimes são as coisas adquiridas diretamente com o delito (coisa roubada), ou mediante sucessiva especificação (joia feita com o ouro roubado), ou conseguidas mediante alienação (dinheiro da venda do objeto roubado), ou criadas com crime (moeda falsa). Também se inclui no confisco outro qualquer bem ou valor que importe proveito,desde que haja sido auferido pelo agente, e não por terceiro, com a prática do crime, como exemplo o preço do crime. A regra retro exposta é a geral. Existem exceções. No caso específico das drogas, a Lei 11343/06 tem disciplina própria, qual seja o confisco de bem móvel ou imóvel que tenha sido utilizado ou adquirido para o tráfico de drogas.
b) art. 92 – Efeitos Extrapenais Específicos: só podem ocorrer se houver decisão fundamentada, ou seja, exigem, para existir, constar da sentença. É mera leitura do art. 92, mormente em seu § único, que é claro. 
Observações:
Crimes funcionais: aqueles estabelecidos a partir do art. 312, CP. ; em qualquer outro crime em que a pena privativa de liberdade é superior a 4 anos (acima de 4 anos, o indivíduo vai “dormir no xilindró”, de modo que não conseguiria desenvolver seus afazeres profissionais). O efeito extrapenal é a perda do cargo, função pública ou mandado eletivo.
Tutela X Curatela: os incapazes são representados nos atos da vida civil. Os filhos menores de idade, por seus pais (pátrio poder ou poder familiar) ou por um tutor, nomeado judicialmente para representá-lo. Logo, tutela é a representação do menor de idade que não é representado, por algum motivo, por seus pais. Os maiores de idade incapazes são representados por curador, mediante a curatela. Declarado o indivíduo interdito, ser-lhe-á nomeado curador. 
O artigo em tela reza que é efeito da sentença penal condenatória que o sujeito perca a tutela, curatela ou pátrio poder no caso de cometimento de crime apenado com reclusão contra o tutelado ou curatelado. Crime que acontece com muita frequência: apropriação indébita.
Inabilitação para dirigir veículo quando utilizado como meio para prática de crime DOLOSO: as inabilitações derivadas de prática de crime culposo são tratadas por lei especial.
DA EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE
1. Conceito de Punibilidade: é a possibilidade jurídica de o Estado impor ou executar uma sanção penal. Quando alguém comete um crime, surge para o Estado em relação a este alguém a pretensão punitiva, que é a imposição de pena. A imposição de pena se dá pelo devido processo legal. Satisfeita a pretensão punitiva com a sentença penal transitada em julgado, surge uma segunda pretensão, que é a imposição de pena.
Em meados do meio do século passado, italianos sustentavam que a punibilidade era um dos elementos do crime (fato típico, antijurídico, culpável e punível). Hoje em dia, observa-se que a punibilidade não é elemento do crime, mas sim CONSEQUÊNCIA dele. 
A punibilidade pode ou não existir, independentemente da materialidade delitiva. O fato criminoso pode existir materialmente, e ainda assim a punibilidade ser extinta por alguma razão. Portanto, o estudo da extinção da punibilidade não engloba a existência ou não do fato criminoso.
2. Causas da Extinção: traduzem juízos de conveniência ou até mesmo de postura Política de um determinado Estado em um determinado momento. Exemplo de Postura Política está num Estado de Direito cujo ordenamento jurídico está fundado na culpa individual, onde a pena não pode passar da pessoa do culpado.
Art. 61, CPP: se presente a causa, em qualquer momento, extingue-se a punibilidade. São causas, portanto, que transcendem a existência ou não do fato criminoso.
Palavras do professor: causas de extinção de punibilidade traduzem certas contingências ou motivos de conveniência ou oportunidade que indicam a cessação da necessidade e da utilidade da pena. 
3. Rol do art. 107, CP: não é taxativo, em que pese a grande maioria das causas estar descrita no artigo em estudo.
a) Morte do agente (ou omitente): CF, art. 5o., XLV – CPP, art. 62. A pena não passará da pessoa do culpado (Princípio da Pessoalidade, da Personalidade ou da Intranscendência Penal). Não há que se falar em obrigação civil, tanto que a própria Magna Carta reza que a obrigação de reparar o dano se transmite aos seus sucessores, podendo ser cobrada até o limite da herança transferida. Nem a pena de multa pode ser aplicada a terceiro. Não se confunde pena de multa e obrigação civil. CPP, art. 62: trata-se de apurar o estado de óbito da pessoa, que se dá mediante certidão do assento de óbito no registro civil. ;
b) Abolitio Criminis: CF, art. 5o., XL – CP, art. 2o.. - ninguém pode ser punido por fato que lei posterior descaracteriza como crime. Permite-se a retroatividade da lei penal benéfica ao réu. A lei não poderá ofender, modificar, alterar, eliminar ato jurídico perfeito, coisa julgada e direito adquirido. O sujeito foi processado e condenado, transitando em julgado a sentença penal condenatória. A coisa é julgada, mas pode uma lei posterior rescindir a sentença penal condenatória transitada em julgado. Cessam todos os efeitos penais do fato, inclusive os efeitos de uma sentença condenatória, que fica rescindida pela nova lei. É uma exceção à regra geral, pois a ilicitude é uma doença, e, como toda doença, tem ela remédios. Um dos remédios é a pena. Como todo remédio, a pena também produz efeitos colaterais (para o condenado, para a família do condenado, para a sociedade que sustenta o sistema carcerário, etc.). Se a sociedade, em determinado momento, decide que determinada conduta não é mais passível de pena, perde-se o sentido de manter a aplicação do remédio pena, que produz, inclusive, efeitos colaterais. 
Normalmente, as leis que revogam o tipo penal incriminador somente surgem depois de anos de inutilidade penal do dispositivo. É o desuso que leva à abolitio criminis, motivo pelo qual raramente resta cabida alguma retroação dos efeitos da nova lei. Caso mais recente foi em meados de 2008, quando uma lei extinguiu as figuras da sedução, do rapto consensual e do adultério como crime.;
c) Jus Gratiandi: também chamado de poder de indulgência ou poder de perdão. Traduz-se em uma única palavra, qual seja PERDÃO. O perdão é aplicado ao condenado. Historicamente, desde que a sociedade começou a se organizar, houve quem exercesse o poder. Nos tempos mais remotos, os três grandes poderes estavam condensados em uma única pessoa. Todos os personagens da história humana que condensavam os poderes de Führung tinham, dentre tais, o poder do PERDÃO.
Com o advento do Estado Racional, surgiu a repartição dos poderes, evitando o abuso e permitindo um controle recíproco, baseado no checks and balances, em proteção a toda a coletividade. Tripartidos os poderes, o poder de clemência também restou tripartido, de modo que uma parcela dele foi atribuída a cada Poder do Estado.
- Anistia: é a parcela do jus gratiandi atribuída ao Poder Legislativo (Congresso Nacional) (CF, art. 48, VIII). É poder do Congresso Nacional. Não compete às Assembleias Estaduais e Câmaras Municipais anistiar. Enquanto nos EUA a Federação é centrífuga, no Brasil é centrípeta (nos EUA o Governador de cada Estado pode anistiar).
A anistia é uma lei penal definida pelos autores como o esquecimento jurídico-penal de um fato (passa-se a borracha na história, esquecendo-se do fato). Não é abolitio criminis, mas sim o esquecimento do crime, de modo que não gere as consequências penais (só penais – indenizações podem ocorrer). É aplicada para compor conflitos ideológico-políticos intestinos, a fim de que uma nação possa sair de um momento de comoção sem sequelas penais, sem perseguições de um grupo contra o outro, pois, se isso acontece, não se consegue pôr termo à situação de confronto. Exemplo é a Lei da Anistia aplicável a ambos os lados acerca dos fatos ocorridos na Ditadura. Outro exemplo ocorreu com a anistia dos Bombeiros do RJ, que se aquartelaram (crime militar). O aquartelamento não deixou de ser crime, mas AQUELA OCASIÃO foi “esquecida”. Do viés jurídico, a Lei de Anistia é irrevogável, pois, se revogada, os efeitos de sua revogação são ex nunc, vez que a reformatio in pejus não opera efeitos retroativos.
Palavras do professor: seu conceito pode ser exposto como o esquecimento jurídico de uma ou mais infrações penais (abolitio in preteritum – abolição para o passado, termo usadopelos italianos).Trata-se de lei penal, de competência do CN, com a finalidade de “apagar da lembrança” determinados fatos. Só se projeta no campo penal, não atingindo a reparação civil. Opera ex tunc, apagando o crime, extinguindo a punibilidade e demais consequências de natureza penal. Aplica-se, de regra, a crimes políticos (anistia especial), nada impedindo, contudo, que incida sobre crimes comuns (anistia comum).
Classificações: a anistia pode ser própria, quando concedida antes da condenação; imprópria quando concedida após condenação irrecorrível. 
A anistia pode ainda ser geral ou plena quando, mencionando fatos, atinge todos os criminosos; pode ser parcial ou restrita quando, mencionando fatos, exige uma condição especial do criminoso, como, exempli gratia, ser primário. 
Por fim, a anistia pode ser incondicionada quando a lei não impõe qualquer requisito para a sua concessão; condicionada quando a lei exige o preenchimento de uma condição objetiva para a sua concessão, como por exemplo que os criminosos deponham as armas. Esta última pode ser recusada.
- Indulto e Graça: é a parcela do jus gratiandi atribuída ao Poder Executivo (CF, art. 84, XII). É poder do Presidente da República. Não cabe aos Governadores dos Estados e aos Prefeitos agraciar. O indulto e a graça são também medidas de clemência, representando o jus gratiandi atribuído ao Presidente da República (CF, art. 84, XII).
O indulto e a graça pressupõem condenação transitada em julgado, atingindo somente os efeitos executórios dessa sentença. Os demais efeitos permanecem íntegros, inclusive o status poenalis do condenado (não retorna à primariedade).
O indulto tem caráter de generalidade, incidindo sobre fatos e atingindo uma generalidade de pessoas. É concedido de ofício pelo Presidente da República, através de Decreto. 
A graça é individual, só atingindo determinado criminoso e, em regra, deve ser requerida pelo interessado (CPP, art. 734). A graça também é chamada de indulto individual. 
O indulto e a graça podem ser plenos (extinguem totalmente a pena) ou parciais, implicando, neste caso, na diminuição da pena, ou na sua substituição (comutação). Neste último caso (comutação), pode ser recusado.
Indulto e graça pressupõem condenação (declaração de culpado – trânsito em julgado de sentença). É a extinção da punibilidade, ou seja, a perda da pretensão executória. Anualmente o Presidente da República baixa um decreto, concedendo indulto. O limite do Presidente está na CF. 
O indulto não tem nada a haver com “saidinha”. A expressão indulto de natal é errônea, pois o indulto não é saída temporária. 
A graça é individual. O interessado deve solicitá-la ao Presidente.
- Perdão Judicial: é a parcela do jus gratiandi atribuída ao Poder Judiciário. Está previsto no inciso IX do art. 107, CF. É a faculdade concedida ao juiz de, comprovada a prática de uma infração penal, deixar de aplicar a pena cominada na lei, em face de circunstâncias excepcionais e justificadas. Só é possível nas hipóteses em que a lei expressamente o prevê (o juiz é “a boca da lei”). Exs.: art. 121, § 5o.; art. 129, § 8o.; art. 176, § único; art. 242, § único.
PRESCRIÇÃO
	Há dois grandes pontos complexos no Direito Penal. Um deles é o erro e o outro é a PRESCRIÇÃO. A Teoria do Erro é muito complexa, mas não acontece na vida prática. A prescrição, contudo, é cotidianamente tratada pelos operadores do Direito.
	A prescrição é um instituto tão complexo que o CP o trata em 10 artigos.
	O Estado, sociedade politicamente organizada, que se estrutura em divisão de poderes (tripartição), tem como missão fundamental o agrupamento organizado de pessoas em um determinado território. Organização esta política, ou seja, de exercício de poder. O que é o Direito senão o estudo de duas realidades contrastáveis de nossa existência: LIBERDADE (todo ser humano é absolutamente livre – liberdade natural). Mas a liberdade há de ser limitada, a fim de que cada um possa exercer uma parcela dela, de modo que todos possam permanecer livres, sem o domínio de um sobre o outro. Quando tal controle não é feito, há um colapso social (Líbia nos dias hodiernos). A AUTORIDADE DO GRUPO é a figura que contrasta com a LIBERDADE ABSOLUTA. 
	O desafio à autoridade é a prática criminosa, e é punida no Direito Penal com o tolhimento de parcela de liberdade a todos concebida. 
	Por tais exposições, a omissão do Estado no tocante ao Direito Penal ocasiona maior colapso social. 
	O instrumento do Estado para exigir de cada um dos indivíduos que estejam em seu território para que observem as regras de convívio é o DIREITO DE PUNIR. 
- Direito De Punir → Abstrato - Fato criminoso – Concreto
Direito de Punir no plano abstrato: a punição não é castigo, mas sim meio de defesa do Estado. Este meio de defesa permanece no plano abstrato, pairando, dormente, aguardando o fato propulsor – Feuerbach – Teoria da Coação das Normas.
Toda vida social é regrada (ninguém vai à praia de terno, como não vai à formatura de biquíni).
O Direito de Punir, portanto, é o direito que o Estado tem de exigir que todos os seus cumpram as normas estabelecidas. É a expressão de soberania do Estado. 
Fato Criminoso: a despeito da ameaça da norma, da coação psicológica, existem alguns que teimosamente desafiam tal norma. Quando alguém, portanto, pratica um fato criminoso, o direito de punir abstratamente passa para o plano concreto. É a imposição da pena prevista ao fato criminoso.
Direito de Punir concreto: Enquanto o Estado que administra a vida social tem o direito de punir, não pode ele autoexecutá-lo. Há de apresentar o direito de punir a outra parcela do Estado, encarregada de dizer qual é o direito aplicável ao fato (Poder Judiciário - “o juiz é a boca da lei”). O Direito de Punir concreto é, em verdade, a pretensão que o Estado tem de impor ao autor de fato criminoso a pena correspondente. Tal pretensão é denominada Pretensão Punitiva (Jus Puniendi). O Estado deve, como já visto, apresentar tal pretensão ao Poder Judiciário, pois não há aplicação de pena sem que haja o devido processo legal, a devida ação penal, que é pública, pois o titular do direito de punir é o Estado, o órgão público, e o legitimado a postular na justiça suas pretensões (titular do direito de punir) é, portanto, o Estado. A legitimatio ad causam primaria é do Estado. Excepcionalmente, por algumas razões de ordem política, a lei transfere ao ofendido a ação (mas não o direito de punir, que SEMPRE é do Estado). A ação penal privada é, portanto, uma exceptio. 
	Há um momento em que o Judiciário, depois de conhecer a pretensão do Estado, e de apurado o que ocorreu no episódio, decide se a pretensão punitiva do Estado é ou não procedente. Se entender procedente, assim o julga, sentenciando que o Estado tem, de fato, o direito de punir. Neste momento, em que se decide que a pretensão de punir do Estado é procedente, o judiciário também fixa em quanto é procedente (tal qual a sentença no Direito civil, que fixa o quantum indenizatório, e.g.). O juiz deve estabelecer a pena aplicável pelo fato ao réu, pois a ação julgada procedente acarreta o apontamento da qualidade e também da quantidade da pena a ser aplicada.
	Quando a sentença condenatória torna-se imutável (transitada em julgado), surge para o Estado outra pretensão, que é a de EXECUTAR A SENTENÇA. Tal pretensão tem o nome de Pretensão Executória (Jus Punitionis).
	
	Em suma: com a prática do crime, nasce a pretensão punitiva. Com a sentença transitada em julgado, tal pretensão está satisfeita, surgindo a pretensão executória. Tanto a pretensão punitiva (jus puniendi) quanto a executória (jus punitionis) são facetas do MESMO DIREITO DE PUNIR.
	
	O tempo é o senhor da razão. Não há nada que o tempo não apague ou modifique. É sobre esta premissa que o instituto PRESCRIÇÃO se fundamenta. Portanto, temos que:
	
	→ Prescrição é a perda do direito de punir do Estado pelo seu não exercício no tempo fixado em lei.
	A prescrição não atinge a ação penal. Atinge outrossimo DIREITO DE PUNIR, o direito material de impor ou de executar a pena. A prescrição, no Direito Penal, atinge o DIREITO MATERIAL, ao contrário do Direito Civil. 
	Quando o Estado perde o direito de punir pelo decurso do tempo, perde também o interesse processual (não cabe ação penal de crime prescrito).
	A base de cálculo do prazo de prescrição é o máximo direito de punir disponível para o Estado. Quanto maior o crime, maior a pena. Consequentemente, maior o tempo que o Estado tem para executar o Jus Puniendi. A base de cálculo da prescrição da pretensão punitiva do crime de homicídio é de 20 anos. Já a base de cálculo da prescrição da pretensão executória de homicida sentenciado a 8 anos de prisão é 8 anos.
	Exemplo: indivíduo condenado a 8 anos, cumpriu dois e, na “saidinha”, não retornou. O Estado tem o direito de executar 6 anos, de modo que a base de cálculo do prazo de prescrição da pretensão executória é de 6 anos.
Palavras do professor: a base de cálculo do prazo prescricional é a máxima quantidade de direito de punir disponível para o Estado em um determinado momento.
	É relativamente intuitivo que o quantum prescricional é variável de acordo com a importância do direito envolvido. Ex.: Antônio matou Pedro: base de cálculo do prazo prescricional é 20 anos. Contudo, as circunstâncias, depois de apuradas, fizeram com que o juiz reconhecesse a procedência da ação penal, fixando a pena em 12 anos. Logo, a base de cálculo do prazo prescricional é de 12 anos.
Art. 109, caput, CP: Prescrição, antes de transitada em julgado a sentença penal = pretensão punitiva; Máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime: cominar é estabelecimento abstrato, enquanto fixar é estabelecimento concreto (o juiz fixa, e não comina). 
Parágrafo único: cabe às penas substitutivas da privação de liberdade (art. 44 – substituição da PPL por RD), salvo art. 28 da Lei 11343/06 – única hipótese de crime em que não há privação de liberdade, pois a pena é originariamente restritiva de direitos.
Prazo Prescricional da Multa: art. 114, CP – dois anos, quando a multa for a única pena cominada na lei ou fixada pelo juiz. 
Redução do prazo prescricional (art. 115, CP): os prazos prescricionais reduzem-se de metade quando o réu é menor de 21 anos ao tempo do fato ou maior de 70 ao tempo da sentença. Ex.: prazo prescricional do roubo = 16 anos (art. 109); nos casos descritos no artigo, tal prazo passa a ser de 08 anos.
Síntese:
a) Regra: art. 109, caput – máxima PPL cominada ao crime;
b) RD: mesmo juízo (art. 109, § único);
c) Multa: 2 anos (art. 114);
d) Redução do prazo pela metade: art. 115.
Circunstâncias:
a) qualificadoras: Antônio subtraiu para si carro de Pedro com rompimento de obstáculo. A base de cálculo é modificada, portanto. As qualificadoras que alteram a quantidade do direito de punir devem ser consideradas.
b) causas de aumento: também são consideradas.
c) agravantes: não são consideradas, pois, de qualquer sorte, não podem elevar a pena para além do máximo à cominada ao crime.
d) causas de diminuição: devem ser consideradas pela sua fração mínima, pois o objetivo é chegar ao máximo de pena cominada pelo crime (para se chegar à máxima, tira-se o mínimo possível). Ex.: Roubo tentado = 10 anos menos 1/3 (e não 2/3) = 8 anos.
Exercício: Antônio roubou a bolsa de Maria com emprego de arma de fogo. Antônio não conseguiu consumar o fato criminoso. Antônio tinha 19 anos. 
- Crime: roubo (10 anos)
- Causa de aumento: arma de fogo = 15 anos
- Tentativa: - 1/3
- Prazo prescricional para o crime punível com o máximo de 10 anos = 16 anos;
- Redução pela metade (19 anos de idade): 8 anos.
Concurso de Crimes: pode haver concurso material, formal e crime continuado. Verificar art. 119, CP = os prazos prescricionais são considerados isoladamente. Cada fato prescreve isoladamente, mantendo relação de independência entre o prazo prescricional e o concurso de crimes.
CORREÇÃO DA PROVA
Questão 1: Crimes da mesma espécie. Art. 71 – crime continuado. Se os crimes são da mesma espécie, são do mesmo tipo (mesmos elementos descritivos). Contudo, para serem da mesma espécie, também têm que ter os mesmos elementos constitutivos. Crimes da mesma espécie: furto mediante fraude e estelionato (fraude e obtenção do ganho patrimonial).
Questão 2: O que é o princípio da subsidiariedade?
Questão 3: O que é confisco? Quando pode ser aplicado? A resposta está no art. 91. É efeito da condenação. É a parda para a União dos instrumentos do crime ou então de seus produtos.
Prescrição: perda do direito de punir do Estado em virtude do tempo. O direito de punir do Estado fenece em virtude da prescrição. 
Cálculo do prazo prescricional: regra genérica: a base de cálculo sempre será a maior quantidade do direito de punir disponível para o Estado. A máxima quantidade do direito de punir do Estado é a máxima pena privativa de liberdade cominada ao crime (art. 109). Entram no cômputo determinadas circunstâncias: qualificadoras, causas de aumento e causas de diminuição (estas sempre pelo mínimo, pela menor diminuição possível, pois se busca o quantum máximo). Não entram no cômputo: agravantes.
Termo inicial (a quo) do prazo prescricional: a pretensão punitiva nasce com a prática do crime. A pretensão punitiva, portanto, passa a correr a partir no momento em que o direito de punir nasce. Tudo na vida começa a morrer a partir do momento em que nasce. Assim também o é no plano das ideias jurídicas.
Mister se faz examinar as situações concretas: 
Art. 111: a prescrição começa a correr:
I - do dia em que o crime se consumou: diz-se o crime consumado quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal.
Crimes Materiais: o tipo penal descreve um resultado naturalístico, exigindo que o resultado seja produzido para que o crime reste consumado. Ex.: indivíduo dá 10 tiros na vítima, que vem a falecer 15 dias mais tarde. A prescrição só começa a correr com a consumação do crime, ou seja, a partir do dia de óbito da vítima. Em que pese o prazo prescricional começar a correr do dia do resultado naturalístico, as causas de aumento e diminuição de pena são contadas da data do fato (teoria da atividade). Assim, no exemplo acima, se o autor tinha, no dia dos disparos, 20 anos, 11 meses e 29 dias, será ele beneficiado por ser menor de 21 anos de idade, apesar do crime ter sido consumado quando ele era maior de 21 anos. Nos casos de múltiplos resultados
Crimes Formais: o tipo penal, ao definir o fato criminoso, descreve o resultado naturalístico, mas não exige que ele ocorra. Ex.: extorsão. A prescrição punitiva começa a correr da conduta.
Crimes de mera conduta: consuma-se com a mera conduta, de sorte que o prazo prescricional começa a correr, obviamente, da data da conduta.
Crimes omissivos Próprios: da omissão
Crimes Omissivos Impróprios (comissivos por omissão): do resultado.
Crimes Culposos: da data do resultado.
Crimes Preterdolosos: da data do resultado (lesão corporal seguida de morte, e.g.).
II – no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa;
III – nos crimes permanentes, da data em que cessa a permanência: a Súmula 711 trata da possibilidade de lex gravior que surge durante a consumação do fato delitivo. Segundo tal posicionamento jurisdicional, é aplicável a referida lei, em que pese ser mais gravosa, visto que não existiria reformatio in pejus, vez que o crime estava ocorrendo. Tal questão foi sumulada devido ao surgimento da Lei dos Crimes Hediondos, que entrou em vigor e foi aplicada aos crimes de extorsão mediante sequestro que estavam em fase consumativa.
IV – nos de bigamia ou de falsificação ou alteração de assentamento do registro civil, da data em que o fato se tornou conhecido: particular situação de falsidade do registro civil. Falsificar = fazer inserir ou inserir no registro civil uma declaração falsa, diversa da que deveria constar. Ex.: o sujeito registra como seu filho criança que não o é (“adoção à brasileira”).A prescrição não começa a correr da data do assentamento do registro civil, mas sim da descoberta do falso, pois os registros públicos gozam de fé. O crime, assim, ofende a fé pública a partir do momento em que se descobre a falsidade. Somente a partir do momento em que a falsidade se torna pública é que se inicia o prazo prescricional da pretensão punitiva.
Palavras do professor: orientação do Supremo (RT 650/367 – caso de bigamia; RTJ 71/695 – caso de registro civil falso) – a prescrição começa a correr da data em que o fato se tornou conhecido da autoridade pública, presumindo-se que essa data ocorre com a notitia criminis.
V – nos crimes contra a dignidade sexual de crianças ou adolescentes, previstos neste código ou em lei especial, da data em que a vítima completar 18 anos, salvo se a esse tempo já houver sido proposta a ação penal: tal inciso, novo, é uma reformatio in pejus, não sendo aplicado ao crimes anteriores a 17 de maio de 2012. Se ocorrido o crime antes de tal data, a prescrição punitiva começa a ser computada a partir da data do fato criminógeno.
	
MATÉRIA DA PROVA PARCIAL:
Circunstâncias
Concurso de Crimes
Conflito Aparente de Normas
Punibilidades e as causas de sua extinção (art. 107)
Prescrição da Pretensão Punitiva (exclui a executória – não cai na prova)
2º. SEMESTRE
Prescrição: é a perda do direito de punir do Estado pelo seu não exercício no tempo pré-fixado em lei (art. 109, CP). Funciona como se fosse uma sanção para o Estado ineficaz.
Base de cálculo para se chegar ao prazo prescricional: será sempre a maior quantidade de direito de punir que o Estado dispõe em um determinado momento.
Surgimento do Direito de Punir: o direito de punir abstrato materializa-se com a prática criminógena, momento em que se inicia a pretensão de impor ao fato criminoso a pena a ele cominada.
	No exato momento em que o crime é praticado e surge a pretensão punitiva, o limite da pena está na lei (não há pena sem prévia cominação legal).
	O art. 109 estabelece como base de cálculo a máxima pena privativa de liberdade cominada ao crime.
Agravantes: não entram. Entram no cômputo as causas de aumento e qualificadoras. Se houver causa de diminuição, verifica-se o mínimo deste, pois o que se procura é a máxima pena cominada.
Apresentada a pretensão punitiva, mediante ação penal, busca-se a apuração do crime (o crime existiu? Este fato é típico? Ilícito? O autor é culpável?). No curso da ação penal, não se apura tão somente a sua autoria e materialidade. Apuram-se também as circunstâncias em que o crime foi cometido, fixando o juiz na sentença a pena correspondente ao crime.
	A pretensão punitiva liquida-se na sentença condenatória. O Estado reconhece a pretensão punitiva e quantifica esta pretensão. Se a sentença condenatória transitar em julgado, a pena fixada torna-se definitiva. A partir daí, o Estado pode executar a pena fixada na sentença, surgindo a PRETENSÃO EXECUTÓRIA, momento em que a máxima pena aplicável é aquela fixada na sentença, e não o máximo disposto na lei.
Art. 110, CP: A prescrição de sentença transitada em julgado regula-se pela pena nela aplicada. Verifica-se, assim, o art. 109. O prazo prescricional aumenta-se de 1/3 se o réu é reincidente (atenção: não é a pena que aumenta de 1/3, mas sim o PRAZO PRESCRICIONAL).
Aplica-se também na pretensão executória o disposto no art. 115, CP: se o réu, ao tempo do crime, era menor de 21 anos ou, na data da sentença, maior de 70 anos, o prazo prescricional reduz-se pela metade.
Réu reincidente e menor de 21 ao tempo do fato ou maior de 70 ao tempo da sentença: PRIMEIRO SE AUMENTA, E DEPOIS SE DIMINUI.
Como a restritiva de direitos substitui a privativa de liberdade, o prazo prescricional é o mesmo - art. 109, § único, CP.
Pena exclusivamente pecuniária: o prazo prescricional é de 2 anos (art. 114, CP).
Termo inicial (a quo) da prescrição punitiva: na hipótese da prescrição punitiva, a prescrição começa a correr de quando o crime se consuma (art. 111, CP). 
Termo inicial (a quo) da prescrição executória: pelo raciocínio lógico, só há pretensão executória após o trânsito em julgado de sentença penal condenatória. Contudo, o legislador brasileiro criou peculiaridades: vide art. 112, CP. Assim, temos que:
Para a acusação: do dia em que transita em julgado a sentença condenatória, ou a que revoga a suspensão condicional da pena ou o livramento condicional. Assim, o prazo prescricional começa a correr independentemente da apresentação de recurso. Por isso, bem como devido à lentidão do Poder Judiciário, muitas vezes a prescrição executória se dá antes do trânsito em julgado da sentença. Muitos recursos são entregues com o fim tão só procrastinatório, o que, em outros países, seria considerado litigância de má-fé. Aqui, no Gigante Tupiniquim, trata-se de ampla defesa. 
O juiz condena o réu a 2 anos, substituindo-a por 2 anos de serviços à comunidade. O MP apela para afastar tal substituição. A pena não pode ser aumentada pelo Tribunal, pois o MP só pediu o afastamento da substituição. A pena continuará sendo de 2 anos. Quando o 112 fala do trânsito em julgado da sentença, está falando do trânsito em julgado DA PENA.
Se o recurso da acusação não atacar a quantidade da pena, transita ela em julgado.
Sursis: é a suspensão da execução da pena privativa de liberdade. Arts. 76 e s..s., CP. Se a pena máxima não ultrapassar dois anos, cumpridas as exigências legais, pode o juiz suspender a pena. Quando a sentença transita em julgado, o Estado não pode prender o réu, vez que a execução da pena foi suspensa (sursis). Ora, mas se o Estado não pode prender o indivíduo, conta-se o prazo prescricional durante o período de suspensão? NÃO! Pois a prescrição é a perda do direito pelo seu não exercício. Quando o Estado, portanto, suspende a condição da pena, não há que se falar em prazo prescricional da pretensão executória. Se ocorrer a revogação do sursis, DEVE o Estado prender o indivíduo.
Inciso II do art. 112: do dia em que se interrompe a execução da pena, ou seja, do dia em que o “reeducando” evade-se do cárcere. Ou seja, quando o reeducando foge, inicia-se o prazo de prescrição. Além disso, o art. 113 reza que o prazo prescricional é regulado pela quantidade restante da pena.
DIGITAR AULA QUE ESTÁ NO PAPEL
Interrupção da Prescrição: art. 117
Todas as causas de interrupção são os indicadores de que o Estado está procurando o seu direito de punir. Como tais causas indicam uma atividade pró-ativa do Estado, têm o condão de “zerar” o prazo prescricional de pretensão estatal, iniciando-se “do zero”.
Tais causas estão todas previstas no art. 117, cujo rol é taxativo, não havendo interpretação por semelhança ou analogia.
Fato Criminoso Pretensão Punitiva Recebimento da Denúncia (I) Pronúncia (II)
Confirmação da Pronúncia (III) -- Sentença Condenatória Recorrível (IV)
CAUSAS:
Art. 117, I – Recebimento da Denúncia ou Queixa: facere estatal, interruptivo da prescrição. É o despacho judicial que recebe a exordial da ação penal (se pública – denúncia; se privada – queixa). Não há que se confundir com a denúncia levada à Polícia.
Aditamento da Denúncia/Queixa: existe um princípio processual que, em verdade, é uma garantia política para o acusado, que é o Princípio da Correlação entre o Libelo (PI) e a Sentença. O Judiciário não pode atuar, nunca, ex officio. A sentença, portanto, deve responder ao pedido posto. Não se julga ultra ou extra petita. A viabilidade torna-se ainda mais prejudicada nas ações penais. Ocorre que, se iniciada a ação penal, fatos vierem à tona, os quais, se não crimes de per si, indicam outro coautor ou partícipe, ou, ainda, tenham o condão de qualificar o crime pelo qual o réu já vem sendo processado. Existe a possibilidade processual de ADITAR a denúncia, que nada mais é do que uma retificação da denúncia ou queixa.
O aditamento, portanto, influencia na contagem

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