Buscar

O Direito grego antigo 1

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

*
*
O Direito nas sociedades primitivas
Deveres e obrigações se impõem à conduta de todas as pessoas no convívio familiar, nas relações de trabalho e nos vínculos religiosos. A solução dos conflitos, com base no direito e mediação do estado, torna possível a vida em sociedade.
Direito é o conjunto de normas obrigatórias que disciplinam as relações humanas e também a ciência que estuda essas normas. A ciência jurídica tem por objeto discernir, dentre as normas que regem a conduta humana, as que são especificamente jurídicas. Caracterizam-se estas pelo caráter coercitivo, pela existência de sanção no caso de não observância e pela autoridade a elas conferida pelo estado, que as consagra.
*
*
O Direito grego antigo
O aparecimento da pólis
“Para o estudo do direito grego é particularmente interessante o período que se inicia com o aparecimento da pólis, meados do século VIII a.C., e vai até o seu desaparecimento e surgimento dos reinos helenísticos no século III a.C.”(Wolkner.p.59 e sgtes.)
*
*
Periodização da história grega
Arcaico- sec VIII ao V a. C.
Clássico- sec V ao IV a.C.
Helenístico- sec III até 150 a.C. 
De 150 a.C. – submissão a Roma
*
*
O Direito grego
O modelo grego que nos interessa é o modelo ateniense, pois é sobre ele que se voltarão os filósofos e juristas ocidentais. Também Atenas compartilha um elemento fundamental de nossa tradição jurídica: a laicização do direito e a ideia de que as leis podem ser revogadas pelos mesmos homens que as fizeram.
A maior contribuição do pensamento grego para o direito foi a formação de um corpo de ideias filosóficas e cosmológicas sobre a justiça, mais adequado para apelações nas assembleias populares do que para estabelecer normas jurídicas aplicáveis a situações gerais. As primitivas cosmologias gregas consideravam o indivíduo dentro da transcendental harmonia do universo, emanada da lei divina (logos) e expressa, em relação à vida diária, na lei (nomos) da cidade (polis).
*
*
O Surgimento da escrita
a colonização:os gregos se espalham pelo Mediterrâneo, estimulando de maneira ímpar o comércio e a indústria. A época arcaica foi cenário de várias transformações e inovações: a moeda, expedições navais com as Trirremes, o armamento terrestre com os hoplitas, o cavalo montado, a moeda e o alfabeto fonético.
 surgiram os plutocratas, enquanto a aristocracia manteve apenas o poder político. Este poder também foi retirado das mãos dos aristocratas, através da reforma dos legisladores e tiranos.
 legisladores compilaram a tradição e os costumes e os modificaram a fim de apresentar uma estrutura legal em forma de leis codificadas.
A codificação das leis só foi possível com o surgimento da escrita. As leis passaram a ser inscritas nos muros das cidades e o monopólio da justiça foi retirado da aristocracia, com o estabelecimento de instituições democráticas, com participação popular.
A codificação das leis só foi possível com o surgimento da escrita. 
*
*
O Surgimento da escrita
   “A escrita surge como nova tecnologia, permitindo a codificação de leis e sua divulgação através de inscrições nos muros das cidades. Dessa forma, junto com as inscrições democráticas que passaram a contar com a participação do povo, os aristocratas perdem também o monopólio da justiça”.
*
*
O Direito ateniense
primeiro código de leis de Atenas foi fornecido por Drácon: leis eram severas
Drácon - a introdução de importante princípio de Direito Penal: a distinção entre os diversos tipos de homicídio, diferenciando entre homicídio voluntário, homicídio involuntário e o homicídio em legítima defesa. 
Sólon: cria um Código de leis alterando o Código criado por Drácon - reforma institucional, social e econômica. 
No campo econômico, Sólon reorganiza a agricultura, incentivando a cultura da oliveira e da vinha e ainda a exportação do azeite. 
No aspecto social, entre as várias medidas, são de particular interesse aquelas que obrigavam os pais a ensinarem um ofício aos filhos; caso contrário, estes ficariam desobrigados de os cuidarem na velhice; a eliminação de hipotecas por dívidas e a libertação dos escravos pelas mesmas e a divisão da sociedade em classes. Atrai também artífices estrangeiros com a promessa de concessão de cidadania. 
*
*
O obscurecimento do direito grego ao longo da história
Apesar de ter sido o berço da democracia, da filosofia, do teatro e da escrita alfabética fonética, a civilização grega tinha algumas características bastante particulares. Duas delas podem ter contribuído para o obscurecimento do direito grego ao longo da história. 
A primeira é a recusa do grego em aceitar a profissionalização do direito e da figura do advogado que, quando existia, não podia receber pagamento. 
A segunda é a de que preferia falar a escrever. Parece até um paradoxo que o povo que inventou a escrita desse primazia à fala. 
*
*
Os Sofistas
No século V a.C. os sofistas, atacados mais tarde por Sócrates e Platão, examinaram criticamente todas as afirmações relativas à vida na cidade-estado, destacando as amplas disparidades entre a lei humana e a moral, rejeitando a ideia de que a primeira obedecia necessariamente a uma ordem universal. 
O objeto de estudo dos sofistas era o homem, "a medida de todas as coisas", segundo Protágoras, o sujeito, capaz de conhecer, projetar e construir. 
Eles negavam que a lei e a justiça tivessem valor absoluto, pois eram criadas pelos homens, de acordo com determinadas circunstâncias, e por isso mesmo relativas e sujeitas a transformações.
*
*
Sofistas - Falsos Sábios, Ilusionistas do Saber - Os Malandros da Grécia Antiga
 
- "Estes usam o 'argumento sofístico ou sofisma' que se trata de um falso argumento ou argumento intencionalmente falacioso; de sofista deriva 'sofisticado', no sentido depreciativo de algo muito elaborado ou excessivamente ornado, embora vazio de conteúdo... / -
“Sofisma é a ‘Arte’ da controvérsia, da retórica intelectualmente desonesta e intencionalmente mentirosa”. [Bruno G. Moraes] /
 - “Na ‘Arte’ sofística não se dá atenção à verdade, ou à justiça, mas apenas a vitória do debate contra o outro” [Bruno G. Moraes] /
 - “Para a mentira ser convincente é preciso que ela seja misturada com qualquer coisa de verdade” [princípio básico da retórica sofística]
*
*
O modus operandi dos sofistas
A retórica sofista é a arte de persuadir, independentemente das razões adopdas (escolhidas). Levado até ao exagero, este tipo de técnica argumentativa desacreditou os sofistas na Antiguidade Clássica.
 Essa é a 'arte' emprega por advogados, políticos e lideres religiosos para literalmente 'enrolar o povo na conversa fiada', ela ainda hoje é usada, e em grande escala! 
Quem desconhece as artimanhas da retórica da controvérsia acaba sendo esmagado pelos mestres da sofisma. Dentre as várias armas que se encontram no 'cinto de utilidades' dos sofistas está o Ad-Hominen, Pernóstica, Apelo a Autoridade, Cinismo, Distorções de Dados, Desvios propositais do tema central, Humor Nonsense, Argumentum ad Verecundiam, etc...
 o sofista é fácil de ser identificado ele não é aberto a rever seus pensamentos, não se importa com a verdade, não está nem aí com a ciência  e não dá a mínima para as provas, quer apenas vencer o debate, custe o que custar, mesmo sabendo que está errado. Aproveitando da ignorância da plateia, o sofista pode fazer a verdade virar 'mentira' e a mentira virar 'verdade', usando de palavras polidas, e complicadas, eles podem literalmente vender gato por lebre... As pessoas os vão aplaudir, ficando contentes por serem feitas de tolas. Quer deixar de ser feito de tolo? Estude.
Leitura complementar: http://seteantigoshepta.blogspot.com.br/2009/10/sofistas-falsos-sabios-ilusionistas-do.html
*
*
A retórica
instrumento de persuasão dos litigantes gregos, em sessões de trabalho para julgar os casos apresentados junto à heliaia (grande demonstração de que o povo era soberano em matéria judiciária,
era o grande tribunal popular e onde a cidade se reunia para julgar todas as causas, tanto públicas quanto privadas, à exceção dos crimes de sangue que ficavam sob a alçada do areópago, o mais antigo tribunal de Atenas: seus membros eram os ex-arcontes). 
Os litigantes dirigiam-se diretamente aos jurados através de um discurso (ajudados algumas vezes por amigos e parentes), sendo o julgamento um exercício de retórica e persuasão, para convencer a maior parte de jurados.
Não havia advogado profissional, porque nenhum litigante corria o risco de admitir que seu discurso era na realidade um discurso fantasma, feito por um orador profissional. 
*
*
A retórica
as pessoas em Atenas que correspondem mais de perto à nossa idéia de advogado, não eram os oradores nos tribunais, mas aqueles que forneciam discursos para os clientes (logógrafos) para serem apresentados pelas partes em seu próprio benefício 
Os logógrafos eram pessoas com considerável familiaridade com as leis e o processo, e se utilizavam da retórica como meio eficaz de persuasão (no sentido grego original, a palavra retórica significava orador e se referia à arte de dizer, de eloqüência, e tinha como objetivo original persuadir com a força dos argumentos e com a conveniência da expressão) 
*
*
O modus operandi dos sofistas
o sofista é fácil de ser identificado ele não é aberto a rever seus pensamentos, não se importa com a verdade, não está nem aí com a ciência  e não dá a mínima para as provas, quer apenas vencer o debate, custe o que custar, mesmo sabendo que está errado. Aproveitando da ignorância da plateia, o sofista pode fazer a verdade virar 'mentira' e a mentira virar 'verdade', usando de palavras polidas, e complicadas, eles podem literalmente vender gato por lebre... As pessoas os vão aplaudir, ficando contentes por serem feitas de tolas. Quer deixar de ser feito de tolo? Estude.
Leitura complementar: http://seteantigoshepta.blogspot.com.br/2009/10/sofistas-falsos-sabios-ilusionistas-do.html
*
*
Sócrates, Platão e Aristóteles X retórica sofística
Platão criticou esse conceito e contrapôs ao que considerava como subjetivismo sofista a eternidade das formas arquetípicas, de que a lei da cidade-estado seria um reflexo. Na utopia descrita em sua “República”, Platão afirma que a justiça prevalece quando o estado se encontra ordenado de acordo com as formas ideais asseguradas pelos sábios encarregados do governo. Não há necessidade de leis humanas, mas unicamente de conhecimentos transcendentais.
Aristóteles, discípulo de Platão, que tinha em comum com ele a ideia de uma realidade que transcende a aparência das coisas tais como são percebidas pelos sentidos humanos, defendia a validade da lei como resultado da vida prática: o homem, por natureza, é moral, racional e social e a lei facilita o desenvolvimento dessas qualidades inatas.
*
*
Sócrates
Sócrates foi o principal opositor dos sofistas, eram estes o seu alvo predileto. As principais perguntas que Sócrates fazia aos sofistas eram: O que é retórica? Que é valor? O que é justiça? Com isso mostrava a todos que nem mesmo os sofistas sabiam responder embaraçando- os diante do público.
Sócrates fazia com que as pessoas interrogassem a si mesmas. Era o “conhece-te a ti mesmo.” 
*
*
Diferença entre Sócrates e os sofistas.
Aristóteles afirmou que foi Sócrates quem introduziu na filosofia a preocupação pela definição e pelo raciocínio indutivo. Portanto foi Sócrates quem recolocou a filosofia no seu devido lugar em busca da verdade pelo conhecimento do ser. 
Sócrates combate os sofistas que instauraram em sua filosofia o relativismo e o subjetivismo. Através de suas perguntas Sócrates tenta demonstrar a essência das coisas, o que há de comum em todas as coisas, em busca de um conhecimento universal. 
Ele defendeu que os problemas morais podem ser objeto de um conhecimento verdadeiro, autêntico, de validez objetiva e universal. Essa é a grande diferença entre Sócrates e os sofistas.
*
*
O Método socrático
O interesse de Sócrates é fundado na moral humana, como o que é bom, corajoso e justo. Tinha como principal objetivo explorar e expor a ignorância dos outros como desculpa para verdadeiramente confrontar os supostos sábios da época. 
O seu método consistia em fazer indagações sobre determinados temas mostrando ao sábio as falhas de seus argumentos. 
Era comum haver confrontos de idéias e argumentações lógicas em praça pública, como se fosse um duelo, como se fosse um jogo onde o povo assistia como a uma disputa esportiva. Vencia o que tivesse melhores argumentos. Sócrates era o maior vencedor. 
*
*
O Julgamento de Sócrates
Por contrariar interesses de alguns components da classe dominante, Sócrates foi acusado de desrespeitar os deuses e por corromper a juventude.
Foi levado a julgamento e condenado à morte por envenenamento com a ingestão de cicuta.
 Mesmo tendo tido oportunidade de fugir, livrando-se assim da morte, Sócrates não aceitou fugir por ser convicto de que deveria obedecer as leis da Polis, sendo ele o mais fervoroso defensor da incondicional obediência às leis de Atenas. Portanto seria inadmissível aceitar fugir e com isso contradizer tudo o que pregou ao longo de sua vida. 
*
*
“O bom cidadão deve obedecer também às leis más, para não encorajar o cidadão perverso a violar as boas.”
“A obediência às leis do Estado é, pois, em todos os casos, para Sócrates, um dever. O bom cidadão deve obedecer também às leis más, para não encorajar o cidadão perverso a violar as boas.
O próprio Sócrates pôs em prática esse princípio quando acusado de haver introduzido novos deuses e de ter corrompido a juventude, e, tendo sido condenado à morte por esses pretensos delitos, quis que se executasse a condenação, e enfrentou serenamente a morte, da qual tinha podido escapar.
(...) o modo sereno e sublime com que encarou a morte torna ainda mais admirável a sua figura e faz dele um precursor dos outros mártires do pensamento. Por seu ensinamento, com o qual pretendeu procurar os princípios racionais do agir, Sócrates merece ser considerado um dos principais (se não absolutamente o primeiro) entre os fundadores da Ética.”(DEL VECCHIO, 2006, p. 18-19).
*
*
Referências Bibliográficas
http://www.mp.ce.gov.br/esmp/publicacoes/ed1/artigos/05-contribuicao_sofistas_para_grande_impulso_evolucao.pdf
http://seteantigoshepta.blogspot.com.br/2009/10/sofistas-falsos-sabios-ilusionistas-do.html
http://jus.com.br/artigos/5796/o-direito-em-platao
http://www.tjrs.jus.br/export/poder_judiciario/historia/memorial_do_poder_judiciario/memorial_judiciario_gaucho/revista_justica_e_historia/issn_1676-5834/v2n3/doc/04-Fabio.PDF
http://www.publicadireito.com.br/conpedi/manaus/arquivos/Anais/sao_paulo/2495.pdf
http://www.estig.ipbeja.pt/~ac_direito/WolkmerFH.pdf

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Continue navegando