Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Curso de Pós-Graduação em Dinâmica dos Grupos Desenvolvido pela SBDG - Sociedade Brasileira de Dinâmica dos Grupos, chancelado pela FATO – Faculdade Monteiro Lobato Professoras Orientadoras: Margarete Alves De Boni e Ivadete M. Ravanello 1 Alcance do Estado de Fluxo (Flow): um Estudo de Caso Claudiomir Zanchetti, Deisi Buseti e Josiane Giacomin Resumo Todos desejam ter uma vida boa, sentir que a felicidade realmente permeia o cotidiano, poder afirmar que, apesar dos revezes apresentados pela vida, o bem estar predomina. Para que estas sensações passem a figurar o cotidiano das pessoas, no entanto, é fundamental que a postura seja em atitudes capazes de gerar gratificação. Mas ao contrário do senso comum, os melhores momentos da vida não são passivos, receptivos ou relaxantes, eles ocorrem quando o corpo e a mente encontram-se empenhados em realizar algo desafiador. Por mais difíceis que sejam enquanto executadas, estas raras ocasiões tornam-se depois referências de como a vida deveria ser e ficarão guardadas na memória por muito tempo. O estado mental em que estas experiências ocorrem é denominado estado de fluxo ou flow. E uma via amplamente relatada de alcançar o estado de fluxo é através da execução, composição ou improvisação musical. Este trabalho visa identificar o alcance do flow na Orquestra Sinfônica da UCS (OSUCS) durante as atividades de ensaios e concertos públicos através do emprego de metodologia específica. Através dos dados levantados, foi possível evidenciar que, por meio da música, os entrevistados percorrem o estado mental de fluxo e em decorrência disto, usufruem dos benefícios subjacentes em suas vidas profissionais e pessoais. Palavras-chave: felicidade, bem estar, estado de fluxo (flow), música. Introdução A busca pela felicidade e o entendimento do que torna as pessoas felizes permeia a história da evolução humana. Aristóteles já dizia que, mais do que qualquer outra coisa, homens e mulheres buscam a felicidade. Além disso, Aristóteles e Platão já questionavam a 2.500 anos o que torna a vida boa. Embora não haja uma única resposta ou a resposta correta para a questão, a Psicologia Positiva propõe que tudo começa com o incremento das situações de vida capazes de gerar gratificação. Gratificações são atividades que gostamos muito de fazer, mas não são necessariamente relacionadas com qualquer sensação natural. Elas são capazes de envolver e absorver o indivíduo de tal modo que o mesmo perde a conexão com a realidade (SELIGMAN, 2004). Impressionado e inspirado pelo fato de algumas poucas pessoas conseguirem manter um estado de contentamento e satisfação em viver, mesmo após terem suas vidas arruinadas pela Segunda Guerra Mundial, o psicólogo Mihaly Csikszentmihalyi conduziu uma pesquisa que visou buscar o entendimento das verdadeiras raízes da felicidade, ou seja, em que momentos da vida cotidiana as pessoas sentem-se realmente felizes. Sua pesquisa abrangeu mais de oito mil voluntários de diversas nacionalidades, classes sociais e faixa etária, e se estendeu por mais de duas décadas. O critério de seleção foi a escolha de pessoas que amavam o que faziam, que empreendiam seu tempo em atividades que realmente gostavam. Assim sendo, compuseram a pesquisa: atletas, músicos, artistas, mestres do xadrez, padres dominicanos, cirurgiões, dentre muitos outros (CSIKSZENTMIHALYI, 1990). Para Kamei (2014) quanto mais um indivíduo é capaz de se dedicar as tarefas que realmente gosta, maiores se tornam suas competências em realizá-las, e com isso, os resultados tornam-se cada vez melhores, e o indivíduo mais feliz. O autor destaca, no entanto, Curso de Pós-Graduação em Dinâmica dos Grupos Desenvolvido pela SBDG - Sociedade Brasileira de Dinâmica dos Grupos, chancelado pela FATO – Faculdade Monteiro Lobato Professoras Orientadoras: Margarete Alves De Boni e Ivadete M. Ravanello 2 que no momento em que acontecem, as atividades podem não ser especialmente prazerosas, mas ao lembrar delas posteriormente, as pessoas relatam que foi uma boa experiência e gostariam que acontecesse novamente. A resposta encontrada por Csikszentmihalyi a partir dos resultados da pesquisa, originou o que ele chamou de flow (em português, fluxo ou fluir), utilizando esse termo por ter sido um termo usado por muitas pessoas para descrever como se sentiam, em sua melhor forma. Flow é o estado no qual o indivíduo se encontra ao estar tão envolvido em uma atividade, que todo o resto parece não importar. A experiência, por mais desafiadora que seja, é tão agradável por si só, que as pessoas a farão pela simples questão de fazê-la (CSIKSZENTMIHALYI, 1990). A sensação do alcance do estado de flow é periodicamente relatada durante as atividades de execução, composição e improvisação musical, como é o caso das performances de Jazz (HYTÖNEN-NG, 2013). Estudos também mostram o alcance de um estado de consciência similar por solicitas improvisadores quando estes tocam seus instrumentos (PARNCUTT; MCPHERSON, 2002). Neste contexto, a música apresenta-se como uma via capaz de influenciar o bem estar e o estado emocional das pessoas, pois a partir de seus elementos constituintes, o ritmo, a melodia, o timbre e a harmonia, a mesma é capaz de afetar todo o organismo humano, de forma física e psicológica. O receptor da música será influenciado tanto afetiva quanto corporalmente (FERREIRA, 2005). Em face ao exposto, fica estabelecido o foco deste trabalho, pelo qual se pretende compreender melhor o alcance do estado de fluxo no ambiente musical, tendo como contexto de estudo a Orquestra Sinfônica da Universidade de Caxias do Sul (OSUCS). REFERENCIAL TEÓRICO A Felicidade e o Bem Estar Desde os tempos de Platão e Aristóteles, até a denominação atual de Psicologia Positiva, muito se fala sobre felicidade e bem estar. Ao longo dos anos, várias são as abordagens para investigar a felicidade e a qualidade de vida das pessoas. Os economistas avaliam a qualidade pela quantidade de bens, mercadorias e serviços que são produzidos, os cientistas sociais adicionam baixas taxas de crimes, expectativa de vida, distribuição igualitária de recursos, respeito pelos direitos humanos, e a psicologia avalia a qualidade de vida pelo bem estar (GIACOMONI, 2004). O termo Psicologia Positiva surgiu pela primeira vez em 1954, no livro de Maslow, Motivation and Personality, onde ele afirmou que a psicologia teve muito mais sucesso para tratar problemas de saúde mental ao invés de compreender o lado humano positivo, as potencialidades, virtudes, as aspirações realizáveis (PACICO; BASTIANELLO, 2014). De acordo com Seligman e Csikszentmihalyi (2000), a psicologia positiva possui três áreas de investigação científica situadas nos níveis subjetivo, individual e grupal. No nível subjetivo, o interesse concentra-se nos estudos das experiências subjetivas de valor, como bem-estar subjetivo e satisfação de vida (no passado), otimismo e esperança (no futuro), felicidade e flow (no presente). No nível individual, busca-se compreender os traços positivos ligados às características e ao funcionamento de cada pessoa, como capacidade para o amor, talentos, habilidades interpessoais, generosidade, perdão e sabedoria. No nível grupal, são analisadas as virtudes cívicas e as instituições que contribuem para que os indivíduos tornem-se cidadãos melhores, com foco em responsabilidade, altruísmo, tolerância e ética no trabalho (PACICO; BASTIANELLO, 2014). Csikszentmihalyi (1997) indica que para aprimorar a qualidade de vida é preciso prestar atenção ao que é feito todo dia e perceber como as diferentes atividades, lugares, horas Curso de Pós-Graduação em Dinâmica dos Grupos Desenvolvido pela SBDG - Sociedade Brasileira de Dinâmica dos Grupos, chancelado pela FATO – Faculdade MonteiroLobato Professoras Orientadoras: Margarete Alves De Boni e Ivadete M. Ravanello 3 do dia e companhias impactam nos sentimentos. Não há nenhuma norma que obrigue a experimentar a vida de uma única maneira. Sob o aspecto das emoções, Seligman (2004) adiciona que são, em determinada maneira, os elementos mais subjetivos da consciência, elas podem estar ligadas ao passado, ao presente e ao futuro. As emoções positivas ligadas ao presente abrangem alegria, êxtase, calma, entusiasmo, animação, prazer e flow – a plenitude, a experiência de fluir. Lyubomirsky (2008) realizou um grande estudo que revelou que existem três grandes fatores que influenciam a felicidade: O primeiro é genético, responsável por 50% da variação dos nossos níveis de felicidade, ligado aos temperamentos biológicos; 10% são determinados pelas circunstâncias, níveis de renda, escolaridade, regiões onde vivem; e 40% são atividades intencionais, determinada pelos pensamentos e comportamentos. Seligman (2004) expõe que para uma vida boa é necessário usar diariamente as forças pessoais, concebendo assim felicidade autêntica e gratificação abundante. Neste aspecto, Csikszentmihalyi (1997) propõe que é possível melhorar a qualidade da própria vida destinando energia psíquica em atividades que tenham maior possibilidade de produzir fluxo, condição que denomina de “estado mentalmente positivo”. E uma maneira simples para melhorar a qualidade de vida é investir em ações próprias, fazendo o que realmente agrada. O Estado de Fluxo (Flow) Flow é o estado onde corpo e mente fluem de maneira extremamente harmônica. Há a combinação dos seguintes fatores: motivação intrínseca, concentração profunda, emoções positivas e alto desempenho. (KAMEI, 2014). Para Kamei (2014) o estado de fluxo ocorre quando um indivíduo ama o que faz e compreende seu propósito, profundamente focado no que está fazendo é capaz de atingir um nível de conexão com a atividade onde nada mais importa, como se naquele momento, estivesse vivendo uma realidade paralela. Seligman (2004) complementa que o flow é o estado de gratificação em que entramos quando nos concentramos completamente no que estamos fazendo. Quanto mais um indivíduo é capaz de se dedicar as tarefas que realmente gosta, maiores se tornam suas competências em realizá-las, e com isso, os resultados tornam-se cada vez melhores, e o indivíduo mais feliz (KAMEI, 2014). É por este motivo que Seligman (2004) adverte que o estado de fluxo só pode ser alcançado através de atividades que esteja em harmonia com propósitos nobres. O autor também destaca que no momento em que acontecem, as atividades podem não ser especialmente prazerosas, mas ao lembrar delas depois, as pessoas dizem que foi uma boa experiência e gostariam que acontecesse novamente. Em seu livro Flow e Psicologia Positiva, Helder Kamei (2014) descreveu as condições e características para a ocorrência do estado de fluxo: 1) Metas são claras e o feedback é imediato – O indivíduo deve ter conhecimento preciso das tarefas que precisa completar, momento a momento e o feedback deve ser imediato, a cada ação deve-se deixar claro se o desempenho está aproximando a pessoa de sua meta. 2) Há equilíbrio entre oportunidade de ação e capacidade: as habilidades e os desafios percebidos são elevados e equivalentes – O indivíduo sabe que é inteiramente capaz de fazer determinada atividade. As habilidades devem estar plenamente envolvidas em superar um desafio que está no prelúdio de sua capacidade de controle. 3) Sensação de controle – A pessoa tem a habilidade de controlar o próprio desempenho. Curso de Pós-Graduação em Dinâmica dos Grupos Desenvolvido pela SBDG - Sociedade Brasileira de Dinâmica dos Grupos, chancelado pela FATO – Faculdade Monteiro Lobato Professoras Orientadoras: Margarete Alves De Boni e Ivadete M. Ravanello 4 4) Concentração profunda: a ação se funde com a consciência – Concentração total da atenção na atividade. 5) Foco temporal no presente: cessam-se as ruminações sobre passado ou futuro – A atenção precisa estar focada no presente. A consciência não tem espaço para fatos do passado ou do futuro. 6) Distorção da experiência temporal – Percepção de que o tempo passa mais rápido, ou mais lento ou até mesmo para. 7) Perda da autoconsciência reflexiva e transcendência das fronteiras do self – Suspensão temporária da consciência de si mesmo, isso pode conduzir a autotranscendência. 8) A expectativa se torna autotélica – A atividade é tão gratificante que o objetivo final passa a ser apenas uma justificativa do processo. Os estudos de Csikszentmihalyi (1997) concluem que o fluxo tende a ocorrer quando as habilidades de uma pessoa estão totalmente envolvidas em superar um desafio que está no limiar de sua capacidade de controle. As experiências ótimas frequentemente envolvem um fino equilíbrio entre a capacidade do indivíduo de agir e as oportunidades disponíveis para ação. Conforme demonstra a Figura 1, se os desafios estão altos demais, a pessoa fica frustrada, em seguida preocupada e mais tarde ansiosa. Se os desafios são baixos em relação às habilidades do indivíduo, ele fica relaxado, em seguida entediado. Se tanto desafios quanto as habilidades são percebidos como baixos, a pessoa se sente apática. Mas, quando altos desafios são correspondidos por altas habilidades, então é mais provável que o profundo envolvimento que estabelece o fluxo ocorra. Figura 1: Modelo de oito canais: A qualidade da experiência como função do relacionamento entre desafios e habilidades. A experiência ótima, ou fluxo, ocorre quando ambas variáveis estão elevadas. Fonte: Adaptado de (CSIKSZENTMIHALYI, 1997). A experiência de flow vale pela satisfação de lidar com situações difíceis e desafiadoras, ter feedbacks positivos sobre o seu desempenho e perceber que é possível controlar a situação, se concentrar na atividade, esquecer por alguns momentos todos os problemas da vida cotidiana, não notar o tempo passar e sentir as fronteiras do eu se expandirem. (KAMEI, 2014). Como consequências do Flow, é possível citar: Curso de Pós-Graduação em Dinâmica dos Grupos Desenvolvido pela SBDG - Sociedade Brasileira de Dinâmica dos Grupos, chancelado pela FATO – Faculdade Monteiro Lobato Professoras Orientadoras: Margarete Alves De Boni e Ivadete M. Ravanello 5 1) Crescimento pessoal: o indivíduo passa a se sentir melhor durante e após a experiência. Csikszentmihalyi (1992) afirma que, quando a sensação de fluir cessa, nos sentimos mais ‘integrados’ do que antes, não apenas interiormente, mas também no que se refere às outras pessoas e ao mundo em geral. Para continuar em flow é preciso progredir e aprender novas habilidades, ascendendo sempre a estágios de maior complexidade. (CSIKSZENTMIHALYI, 2016). 2) Fortalecimento da autoestima: Imediatamente após uma experiência de flow, a autoestima da pessoa fica mais alta do que nos momentos fora do flow. As pessoas relatam que têm mais êxito, que se sentem melhores e estão vivendo acima de suas próprias expectativas e das expectativas dos outros. (KAMEI, 2014). Em resumo, conforme Kamei (2014), quando a atividade flui de forma agradável, a sensação é de que o tempo passa muito rápido. O indivíduo encerra a atividade em um estado emocional positivo, com a autoestima elevada. A Música como possível via para o Estado de Fluxo A pesquisa conduzida por Csikszentmihalyi torna claro que o estado de fluxo é alcançável por meio da execução de atividades distintas, dada a diversidade profissional dos voluntários que a compuseram: músicos, artistas, professores, cirurgiões, poetas, mestres do xadrez, dentre muitos outros (CSIKSZENTMIHALYI, 1990). Uma das possíveis formas de um indivíduo experimentar e percorrer o flow channel,desta forma, é através da expressão musical em suas mais variadas formas: composição, improvisação e interpretação. As performances de Jazz, como são conhecidas, repletas de improvisações, são possíveis primordialmente a dois fatores: à base de conhecimento formada pelos músicos através da prática deliberada do instrumento, e sua motivação em transcender o próprio conhecimento formado e criar algo totalmente novo de forma espontânea. Para isto acontecer os músicos ainda necessitam lidar com as restrições denominadas internas (que estão relacionadas à própria aprendizagem e prática do instrumento) e externas (inerentes a cultura jazzistica: ciclos de 32 compassos, acordes e padrões rítmicos) (KENNY; GELLRICH, 2002). Quando os músicos de Jazz conseguem superar essas restrições e entrar na trilha1, reportam uma grande sensação de relaxamento, ampliando seus poderes de expressão e imaginação, permitindo que toquem com maestria seus instrumentos e sendo capazes de responder a cada impulso. Descrevem também estados de consciência em que as ideias não se encontram bloqueadas e a música flui livremente (BERLINER, 1994). Estudos posteriores também mostram o alcance de um estado de consciência similar por solicitas improvisadores quando estes tocam seus instrumentos (PARNCUTT; MCPHERSON, 2002). No ambiente da improvisação musical, o estado de fluxo é capaz de motivar o indivíduo e potencializar sua concentração, amenizando a autocrítica e induzindo à autoconfiança, gerando desta forma uma condição psicológica capaz de produzir um incremento da capacidade criativa do improvisador, motivando-o a buscar o aperfeiçoamento e refinamento a partir de sua base de conhecimento (KENNY & GELLRICH, 2002). A música mostra-se, portanto, uma via possível para o alcance das experiências ótimas, já que é capaz de influenciar o bem estar e estado emocional das pessoas. Ferreira (2005) expõe que a música, através de seus elementos constituintes, é capaz de afetar todo o organismo humano, de forma física e psicológica (FERREIRA, 2005). Estas experiências ótimas trazem consigo sensações de bem estar, satisfação e alegria, essenciais para que as pessoas possam entrar em sintonia com a vida cotidiana (SNYDER E LOPEZ, 2009). 1 Beliner (1994) denomina o alcance de um elevado nível de desempenho pelos músicos improvisadores como "whitin the groove", ou estarem dentro da trilha naquele momento. Curso de Pós-Graduação em Dinâmica dos Grupos Desenvolvido pela SBDG - Sociedade Brasileira de Dinâmica dos Grupos, chancelado pela FATO – Faculdade Monteiro Lobato Professoras Orientadoras: Margarete Alves De Boni e Ivadete M. Ravanello 6 Em um estudo realizado com pianistas clássicos profissionais, que tocaram peças de piano repetidamente para induzir o estado de fluxo, foi encontrada uma relação significativa entre o estado de fluxo, o ritmo cardíaco, pressão arterial, e os principais músculos faciais do pianista. Quando o músico entrou em estado de fluxo, a frequência cardíaca e pressão arterial diminuíram, e os principais músculos da face relaxaram. O estudo em questão enfatizou que, apesar do flow ser um estado de atenção sem esforço e de relaxamento completo do organismo, músicos capazes de alcançá-lo possuem desempenho superior àqueles que não estão em estado de fluxo (DE MANZANO et al., 2010). MÉTODO DE PESQUISA Caracterização do Ambiente em Estudo Fundada em outubro de 2001 para um concerto em 22 de novembro do mesmo ano, a Orquestra Sinfônica de Caxias do Sul (OSCUS) tem como objetivo fomentar a música de concerto – a música composta para ser apreciada em um espetáculo musical executada por uma orquestra –, e desta forma contribuir com o enriquecimento cultural do indivíduo e para uma sociedade culturalmente enriquecida (UCS, 2016). Para alcançar seus objetivos a OSUCS integra-se ao setor de desenvolvimento cultural da Universidade e conta com uma direção artística. O corpo músicos é distribuído nos seguintes grupos, denominados naipes: cordas, madeiras, metais e percussão. A Figura 1 apresenta a estrutura hierárquica da OSUCS (DESENVOLVIMENTO CULTURAL, 2016). Figura 2: Estrutura da Orquestra Sinfônica da UCS. Fonte: Adaptado de Setor de Desenvolvimento Cultural (SDEC) – Universidade de Caxias do Sul. A quantidade de músicos que integra a Orquestra é variável de acordo com a programação escolhida anualmente pela direção artística. Para a Temporada OSUCS 2016 o quadro conta com 36 músicos, além do maestro e regente assistente. Este contingente expande-se ao receber a participação especial de músicos solistas, sopranos e maestros convidados. Programações temáticas como “Wolfang Amadeus Mozart a Trajetória de um gênio” e o DVD “QUADRESSENCIAS”, de autoria da Orquestra, contam ainda com a participação de atores e coreógrafos profissionais (DESENVOLVIMENTO CULTURAL, 2016). Objetivos do Trabalho O objetivo geral do trabalho é identificar o alcance do estado de fluxo na composição e execução musical realizada pela Orquestra Sinfônica da UCS (OSUCS). Como objetivos específicos, foram definidos: Curso de Pós-Graduação em Dinâmica dos Grupos Desenvolvido pela SBDG - Sociedade Brasileira de Dinâmica dos Grupos, chancelado pela FATO – Faculdade Monteiro Lobato Professoras Orientadoras: Margarete Alves De Boni e Ivadete M. Ravanello 7 a) Identificar a ocorrência do estado de fluxo nas execuções das peças musicais da OSUCS. b) Realizar uma análise comparativa da ocorrência do estado de fluxo em diferentes naipes da orquestra (categorias de instrumentos); c) Examinar a relação entre o alcance do estado de fluxo com a idade dos músicos e com o tempo de atividade na música. d) Evidenciar as consequências do estado de fluxo na vida dos músicos deste estudo. Técnicas e Procedimentos Adotados Para Campos (2008) o método é a parte mais importante da pesquisa. Esta importância se evidencia por garantir a autenticidade do conhecimento descoberto. O método utilizado neste estudo é o fenomenológico. Este método, segundo Vergara (2010), afirma que algo somente pode ser concebido a partir da perspectiva das pessoas que estão vivendo e experimentando. Ainda, segundo a autora, o método possui caráter transcendental e subjetivo, busca compreender o fenômeno, interpretá-lo, identificar seu significado, fazendo uma radiografia. O tipo de pesquisa deste estudo é descritiva, bibliográfica e um estudo de caso. Segundo Vergara (2010), a pesquisa descritiva apresenta particularidades de determinada população ou de determinado fenômeno; pode demonstrar correlações entre variáveis e definir sua natureza; não tem obrigação de explicar os fenômenos que descreve, mas serve de base para a explicação. A pesquisa bibliográfica, para Marconi e Lakatos (2010), abrange toda a bibliografia publicada relacionada ao tema do estudo. E o estudo de caso se caracteriza pela profundidade e detalhamento, e é restrito a uma ou poucas unidades, como pessoa, família, produto, empresa, órgão público, comunidade e até país (VERGARA, 2010). De acordo com Creswell (2010) as abordagens podem ser: qualitativa, quantitativa e mista. A pesquisa qualitativa é a mais adequada para a obtenção dos objetivos propostos pelo presente estudo, tendo em vista que a experiência de flow possui essência subjetiva. Para Creswell (2010), na abordagem qualitativa, o pesquisador busca estabelecer o significado de um fenômeno a partir da ótica dos participantes. No método fenomenológico, segundo Vergara (2010), os dados são obtidos através da observação, em entrevistas e questionários não estruturados, nas histórias de vida, em conteúdos de textos, na história de países, empresas, organizações em geral, ou seja, em tudo que possibilite reflexão sobre processose interações. O instrumento de coleta de dados adotado para atingir os objetivos do presente estudo foi a entrevista, formulada com base no referencial teórico e em entrevistas já utilizadas para a identificação do flow. Kamei (2014) julgou mais adequado para descrever esta experiência a narrativa dos próprios sujeitos, registrando seus depoimentos por meio de entrevistas. Esta técnica também norteou esse estudo, assim como, a utilização de um gravador de voz digital e um formulário de dados pessoais, mencionadas pelo autor. Vergara (2010) define população como um conjunto de elementos que possuem as particularidades que serão o alvo do estudo. E população amostral ou amostra é uma parte desta população escolhida através de um critério representativo. Conforme Figura 2 (Estrutura da Orquestra Sinfônica da UCS) a população desta pesquisa é composta por 36 (trinta e seis) músicos divididos por naipes. Sendo 23 (vinte e três) músicos no Naipe de Cordas, 08 (oito) músicos no Naipe de Madeiras, 08 (oito) músicos no Naipe de Metais e 01 (um) músico no Naipe de Percussão. Além do Diretor Artístico e Maestro Titular, e o Regente Assistente. Os coordenadores de cada naipe integram da composição de músicos descritas acima. Curso de Pós-Graduação em Dinâmica dos Grupos Desenvolvido pela SBDG - Sociedade Brasileira de Dinâmica dos Grupos, chancelado pela FATO – Faculdade Monteiro Lobato Professoras Orientadoras: Margarete Alves De Boni e Ivadete M. Ravanello 8 A amostra deste estudo é determinada pelo critério de tipicidade, composta por 12 músicos nas entrevistas semi-estruturadas e 18 músicos nas entrevistas estruturadas. Para Vergara (2010) a tipicidade é formada pela seleção de elementos considerados representativos da população-alvo. As entrevistas, determinadas pela amostra, foram realizadas no mês de setembro de 2016 na Universidade de Caxias do Sul, Campus 8, durante o intervalo dos ensaios. Kamei (2014) pressupõe que no mesmo ambiente e logo após a atividade de flow, as sensações, sentimentos e pensamentos relacionados ainda estão fortemente presentes no corpo e na mente dos entrevistados, o que diminui a possibilidade de distorções em virtude do tempo. DESENVOLVIMENTO DO ESTUDO E ANÁLISE DOS DADOS Com base na transcrição e na leitura sistemática das respostas dos entrevistados, foram adotadas cinco dimensões principais do flow: 1) motivacional, 2) emocional, 3) cognitiva, 4) perspectiva e 5) consecutiva (relacionada às consequências), conforme modelo adotado por Kamei (2014). Ainda conforme modelo do autor, a Figura 3 e tabelas subjacentes retratam as dimensões subdivididas em categorias e subcategorias observadas para cada dimensão do flow. Os números entre parênteses apresentam a quantidade de citações os quais visam comprovar a importância de cada tópico. Algumas categorias e subcategorias foram modificas ou criadas, tendo em vista que a pesquisa utilizada por Kamei (2014) foi dirigida a dança de salão. Para determinar as citações representativas, o número de citações foi divido pela quantidade total de subcategorias. Foram obtidas 622 citações e 46 subcategorias, resultando em 13,5 citações em média por subcategoria. Considerando a relevância de cada subcategoria e o número de citações, o estudo apresentará como citação representativa subcategorias com médias a partir de 8,0. Na dimensão motivacional as respostas foram subdivididas em duas categorias de maior relevância, motivação intrínseca (34) e motivação extrínseca (10). Na motivação intrínseca destaca-se duas subcategorias, satisfação (24) onde os entrevistados relatam sentimentos como: gostar, paixão, amor e sonhos e um sentimento descrito por eles como “proporcionar bem-estar ao próximo”, sintetizando a satisfação no momento que estão tocando. Já nas emoções positivas (10) foram verificados sentimentos como: motivação, prazer, realização e valorização, conforme citam os entrevistados: “O que me motiva é sem dúvida a paixão” (A), “É uma profissão que me permite ter um contato direto com o público e ver o resultado, fazendo bem ao próximo” (B), e “A música é hoje o que me realiza” (C). Na motivação extrínseca observa-se a maior parte dos depoimentos relacionados a fatores sociais (10) e diretamente ligados a profissão, com citações tais como: “escolha como profissão” (A), “opção profissional” (B), “ganha pão” (C), e “amor a profissão” (D). Para Kamei (2014) as atividades que levam a experiências ótimas são intrinsecamente compensadoras e estão relacionadas às emoções experimentadas no processo e não na atividade concluída. E ainda, que as recompensas extrínsecas sozinhas não são suficientes para explicar o fenômeno do estado de fluxo. Nenhum músico da OSUCS relatou apenas motivações extrínsecas, contudo todos mencionaram motivações intrínsecas e em quantidade muito superior as extrínsecas, confirmando o exposto pelo autor. Na dimensão emocional, através da categoria mais representativa, emoções (47), todos os músicos mencionaram emoções positivas (36). Apenas uma minoria mencionou emoções negativas (08) durante a música, no entanto todas elas relacionadas à necessidade de assertividade durante a apresentação, são elas: preocupação, nervosismo e uma apreensão sobre ter estudado suficiente. Curso de Pós-Graduação em Dinâmica dos Grupos Desenvolvido pela SBDG - Sociedade Brasileira de Dinâmica dos Grupos, chancelado pela FATO – Faculdade Monteiro Lobato Professoras Orientadoras: Margarete Alves De Boni e Ivadete M. Ravanello 9 Figura 3: Resultado da entrevista com os músicos da OSUCS de acordo com as dimensões do Flow em categorias e subcategorias representativas Dimensões Categorias Subcategorias Motivacional Motivação intrínseca (34) Satisfação (24) Emoções positivas (10) Motivação extrínseca (10) Fatores sociais (10) Emocional Emoções (47) Emoções de baixa excitação positiva (11) Emoções de alta excitação positiva (25) Emoções negativas (08) Cognitiva Pensamentos (30) Foco no presente - nos elementos da música - (30) Atenção (23) Foco nos elementos da música (08) Foco nos colegas e maestro (15) Concentração (20) Concentração alta (20) Perceptiva Desafios (20) Dificuldades do instrumento e técnica (10) Dificuldades de tocar e grupo (10) Habilidades (37) Estudo, conhecimento e preparação (26) Habilidades comportamentais (11) Razão desafios / habilidades (22) Desafios = habilidades (14) Desafios maiores habilidades (08) Ansiedade (24) Apresentação ou participação solistas (13) Peças musicais com maior complexidade (11) Tédio (11) Muitas repetições nos ensaios (11) Controle (12) Controle de si mesmo (12) Feedback (32) Feedback instantâneo (32) Tempo (36) Tempo passa rápido (36) Consequências Autoestima (50) Emoções de baixa excitação (17) Emoções de alta excitação (25) Emoções negativas (08) Crescimento pessoal (26) Fatores sociais (09) Personalidade (17) Na subcategoria emoções de baixa excitação positiva (11) os músicos relatam sentimentos e emoções em que ocorre uma baixa ativação ou excitação psicofisiológica. Os relatos referentes a emoções e sentimentos de alta ativação ou excitação psicofisiológica estão na subcategoria emoções de alta excitação positiva (25), sendo alguns exemplos de relatos do último caso: “Algumas obras levam a gente para outra atmosfera” (A), “Me sinto bem Curso de Pós-Graduação em Dinâmica dos Grupos Desenvolvido pela SBDG - Sociedade Brasileira de Dinâmica dos Grupos, chancelado pela FATO – Faculdade Monteiro Lobato Professoras Orientadoras: Margarete Alves De Boni e Ivadete M. Ravanello 10 confortável, eu gosto” (B), e “Adrenalina, prazer, tocar em público é como pular de bungee jump” (C). Ferreira (2005) conclui quea música, através de seus elementos constituintes, é capaz de afetar todo o organismo humano, de forma física e psicológica. A maior parte das citações na dimensão emocional foram de alta excitação, especialmente no momento em que os músicos estão apresentando um conserto ou recital. Algumas citações como “a mão sua” (A) e “quando subo no palco sentindo dor de cabeça ou dor de dente, isso acaba sumindo” (B) exemplificam exatamente o exposto pelo autor. Para Csikszentmihalyi (1992), os seres humanos se sentem melhor no fluxo, quando estão plenamente envolvidos em lidar com um desafio, descobrir algo novo ou resolver um problema. Nesse aspecto, é possível entender que as emoções negativas, neste contexto, são como um impulso para estimular a ocorrência do fluxo. Na dimensão cognitiva, as categorias relevantes estão divididas em pensamentos, atenção e concentração. Na categoria pensamentos (30), observa-se o foco no presente, mais precisamente nos elementos da música (30). Essa foi a subcategoria com maior número de citações. Alguns relatos dos entrevistados são: “Não penso em nada fora da música” (A), “Muito bem concentrado, se eu pensar em outras coisas vou me perder” (B). Na categoria atenção (23) constatou-se que os músicos encontram-se atentos durante a execução musical. Duas subcategorias mostraram-se relevantes: foco nos elementos da música (08), através de citações como: “afinação” (A), “compasso” (B), “partitura” (C), “sonoridade” (D); e foco nos colegas e no maestro (15), bem exemplificada através da citação: “presto atenção na afinação, sonoridade e no ritmo do maestro e demais colegas” (A). Quando ocorre numa experiência de flow, para Kamei (2014), a atenção precisa estar focada no presente, todos os pensamentos sobre o passado e o futuro desaparecem, pois não existe mais espaço na consciência. No flow o indivíduo esquece todos os fatos ou problemas da vida e cria uma espécie de fuga que o leva a maiores níveis de complexidade, elevando assim gradativamente seus níveis de desafios e habilidades. Os músicos da OSUCS comprovam na categoria pensamentos, foco no presente na sua totalidade e, no quesito atenção, demonstram estar focados nos elementos da música como um todo. Outra categoria da dimensão cognitiva é a concentração (20). Essa categoria foi responsável por verificar o nível de concentração dos músicos enquanto estão tocando. Ficou claro que para a música soar com “perfeição”, segundo os próprios músicos, todos precisam estar altamente concentrados (20). Essa subcategoria foi a mais relevante. Nas palavras dos entrevistados: “Eu fico bastante concentrado” (A), “Quando você tem prazer, você fica concentrado e curte cada momento” (B). Csikszentmihalyi (1999) afirma que quando alguém gosta do que faz e está inspirado e motivado a fazê-lo, focar a mente se torna mais fácil mesmo quando existem grandes dificuldades. Além disso, a alta concentração em metas límpidas e compatíveis torna mais provável a experiência de fluxo. Para o autor, controlar a atenção significa controlar a experiência. A dimensão perceptiva é a mais ampla. Ela agrupa grande parte das categorias da pesquisa e em especial a relação entre habilidades e desafios tão importantes na teoria da experiência ótima. Segundo Csikszentimihalyi (1990) o flow ocorre quando os desafios são equivalentes as habilidades. Analisando a categoria desafios (20), foram identificadas duas subcategorias relevantes e que receberam igual peso de citações, a dificuldade do instrumento e técnica (10) e a dificuldade de tocar em grupo (10). Os músicos da OSUCS relataram as dificuldades com alguns instrumentos que possuem particularidades mais complexas do que outros. As dificuldades técnicas estão relacionadas com músicas que exigem dos entrevistados uma performance de alto Curso de Pós-Graduação em Dinâmica dos Grupos Desenvolvido pela SBDG - Sociedade Brasileira de Dinâmica dos Grupos, chancelado pela FATO – Faculdade Monteiro Lobato Professoras Orientadoras: Margarete Alves De Boni e Ivadete M. Ravanello 11 desempenho. Ambas as situações requerem muito estudo e horas de prática. Os entrevistados relatam: “O trompete é um instrumento relativamente ingrato, porque quem produz o som são os lábios do trompetista” (A), “O meu instrumento é muito difícil de tocar..., mas tem uma piada que diz que a trompa é um instrumento divido, porque você assopra e só Deus sabe o que vai sair” (B), “É como um atleta, tem que estar sempre mantendo as técnicas pessoais” (C). Na subcategoria dificuldade de tocar em grupo, é muito forte a percepção de harmonia, dos tempos de cada colega e naipes e a necessidade de atenção máxima às solicitações do maestro. Para os músicos da OSUCS o conjunto da obra é muito importante, pois não adianta uma ótima performance individual se o resultado final não se traduziu da mesma forma. Contudo, para Csikszentimihalyi (1999), os seres humanos se sentem melhor no fluxo e isso implica em estar totalmente envolvido com desafios, resolução de problemas e descoberta de novas possibilidades. Na categoria habilidades (37), em que os músicos foram questionados sobre o que é preciso para tocar bem, constatou-se que o estudo, conhecimento e preparação (26) fazem parte da subcategoria mais representativa. Citações sobre isso apareceram em todas as entrevistas. Para os músicos é muito importante a questão da preparação, das horas de estudo e do conhecimento referente ao compositor, à época e até ao que o compositor queria expressar para garantir uma boa atuação. A segunda subcategoria relevante são as habilidades comportamentais (11). Citações como: dedicação, persistência, paciência, disciplina nortearam todas as respostas dos músicos como uma espécie de pré-requisito para ser músico. Para Seligman (2004) uma vida plena é composta pela busca de gratificação e se apoia nas forças e virtudes. As gratificações segundo o autor produzem flow, que por sua vez exige esforço e habilidades. Ele alerta que uma vida que não exige esforço e habilidades, composta por prazeres fáceis e sem desafios está predisposta a depressão. Na categoria razão desafios x habilidades (22) foram identificadas duas subcategorias relevantes, quando as habilidades são equivalentes aos desafios (14) e quando os desafios são maiores que as habilidades (08). Houve apenas cinco citações em que as habilidades são maiores que os desafios, sendo pouco representativa. Kamei (2014) afirma que é indispensável que haja equilíbrio entre os desafios percebidos com as habilidades que o indivíduo possui para a situação proposta. A subcategoria habilidades equivalentes aos desafios é a mais representativa entre os músicos da OSUCS, evidenciando o que é chamado pelo autor de “modelo teórico de alcance do flow”. Na categoria ansiedade (24) as subcategorias relevantes identificadas foram: a participação ou apresentação solista (13) e as peças musicais com maior complexidade (11). Esses são os motivos que levam os músicos da OSUCS a entrarem em estado de ansiedade. Kamei (2014) aborda que para alcançar o estado de flow o indivíduo precisa aumentar suas habilidades ou diminuir os desafios. Em todas as entrevistas ficou claro que para os músicos desafios maiores são “combustíveis” para a busca de superação de seus próprios limites. Todos mencionam que é preciso estudar mais, se dedicar mais para estarem de acordo com o solicitado. Já na subcategoria participação ou apresentação solista é inevitável a ansiedade, o “frio na barriga” conhecido no universo artístico. No entanto, fica evidenciado na subcategoria controle, que os músicos da OSUCS possuem controle de si mesmos, não sendo esses os motivos de ansiedade que impedem o alcance do estado de flow, até porque os relatos mencionam que isso ocorre antes de tocar e não no momento que estão tocando.Na categoria tédio (11) a subcategoria relevante identificada foi: as muitas repetições nos ensaios (11). Kamei (2014) alerta que para entrar em flow e não cair no tédio o indivíduo deve aumentar o nível de desafio. No entanto, os músicos deixam bem claro que isso ocorre Curso de Pós-Graduação em Dinâmica dos Grupos Desenvolvido pela SBDG - Sociedade Brasileira de Dinâmica dos Grupos, chancelado pela FATO – Faculdade Monteiro Lobato Professoras Orientadoras: Margarete Alves De Boni e Ivadete M. Ravanello 12 nos ensaios e que na maioria das vezes ocorre quando colegas erram e é necessário repassar várias vezes. Mas nenhum músico mencionou que sente tédio quando precisa repassar várias vezes até alcançar o nível desejado, muito pelo contrário, observou-se um sentimento de obstinação. Outra questão que chamou a atenção é que nem mesmo uma música considerada fácil faz com que tocar fique entediante. Na categoria controle (12), a maioria das citações revelou que os músicos se sentem no controle de si mesmos (12). Esta foi a subcategoria mais representativa da categoria e releva a percepção dos músicos sobre seu corpo e instrumento, porém não da orquestra como um todo, uma vez que o desempenho de um, depende e é influenciado pelo desempenho dos demais, conforme relatam os entrevistados: “Só consigo transmitir se tenho o controle” (A), “O sentimento de controle precisa ter o tempo inteiro. Tenho que estar no controle, o meu treinamento foi feito e preparado para que independente na situação goste ou não, eu esteja com o controle absoluto da ação” (B). Para Kamei (2014), se as habilidades e os desafios estiverem em níveis iguais, a probabilidade de que a pessoa experimente uma sensação de controle é muito alta. Portanto, entende-se que a sensação de controle existe entre os músicos da OSUCS e corrobora a proporcionalidade nos níveis de desafios e habilidades, já mencionada em outra categoria desta mesma dimensão. Na categoria feedback (32), questionou-se os músicos sobre quando e como ele ocorre em suas performances. Neste quesito, não houve dúvidas, todos os entrevistados relataram que identificam imediatamente através da sonoridade, ou seja, o feedback é instantâneo (32): “É muito nítido, quando a gente não está fazendo uma coisa bem feita” (A), “Na hora a gente sabe quando erra, quando toca mal e quando toca bem, quando está desafinado” (B). Csikszentmihalyi (1999) diz que uma das características da atividade de fluxo é que ela oferece um feedback imediato. Cada ação demonstra se o desempenho está aproximando o indivíduo da sua meta. O mesmo autor exemplifica que a cada compasso é possível escutar se as notas que o músico tocou correspondem à partitura. Na categoria tempo (36), todos os músicos citaram que o tempo passa rápido (36) especialmente quando a música está agradável. E essa é uma das características do flow mais frequentemente mencionada, segundo Kamei (2014), o que é corroborado pelas palavras do entrevistado A: “Às vezes não sinto, o tempo desaparece. Perco a noção completamente”, e do entrevistado B: Eu não sinto passar o tempo, por exemplo, domingo eu estava estudando e eram seis da tarde. Eu moro em apartamento, em que barulho é permitido até 10:00 da noite. Eu não costumo estudar até esse horário, estudo até aproximadamente 20:30. Mas eu estava tão imerso no que eu estava fazendo que eu não vi o tempo passar. Então meu colega de apartamento chegou e perguntou: cara você sabe que horas são? Não, não faço a menor ideia, deve ser 19 ou 20 horas. E ele respondeu: não, cara, são 23:30. O flow é o estado onde corpo e mente fluem de maneira extremamente harmônica, e a combinação dos seguintes fatores: motivação intrínseca, concentração profunda, emoções positivas e alto desempenho produzem o alcance dessa condição. (KAMEI, 2014) Seligman (2004) trata as consequências do flow como um capital psicológico. Para o autor, quando nos dedicamos a uma atividade que nos permite experimentar o flow é como se estivéssemos construindo capital psicológico para o futuro que é transmitido pela evolução através da concentração, a perda da consciência e a interrupção do tempo. Na dimensão consequências, analisou-se primeiramente a categoria autoestima (50) que se refere à percepção do sujeito sobre si mesmo, que pode ser intrinsicamente positiva ou negativa em algum grau. Curso de Pós-Graduação em Dinâmica dos Grupos Desenvolvido pela SBDG - Sociedade Brasileira de Dinâmica dos Grupos, chancelado pela FATO – Faculdade Monteiro Lobato Professoras Orientadoras: Margarete Alves De Boni e Ivadete M. Ravanello 13 Logo após a atividade de tocar, foram identificadas três subcategorias relevantes, emoções positivas de baixa excitação (17), emoções positivas de alta excitação (25) e emoções negativas (08). Percebe-se que para alguns músicos a atividade de tocar provoca sensação de relaxamento, bem-estar e tranquilidade, exemplificando as emoções positivas de baixa excitação, conforme relata o entrevistado A: “Me acalma, me tranquiliza. Eu pratico yoga, meditação, mas nenhuma dessas técnicas me deixa tão em paz comigo mesmo como o trompete”. Para outros músicos as percepções de emoções positivas de alta e baixa excitação se misturam, mas para a maioria deles, a emoção de alta excitação prevalece e é descrita com muita intensidade: “É uma satisfação que eu não consigo descrever. É uma sensação de ser compensado por todo o esforço” (A), “Energia, euforia, depois do concerto eu fico mais agitado e eufórico, demoro para voltar ao normal” (B). Observam-se também emoções negativas. Em todos os casos elas estão relacionadas com o desempenho durante a música. As emoções negativas como tristeza e frustação ocorrem quando o músico comete algum erro durante sua performance. Contudo quando os desafios estão acima das habilidades o músico entra num estado de ansiedade (Kamei, 2014). Nesses casos, para experimentar o flow, segundo o autor, é necessário estudar mais ou diminuir o nível de desafio. Fica evidenciado o fortalecimento da autoestima dos músicos da OSUCS imediatamente após a experiência de flow. Em cada entrevista verificou-se várias emoções positivas, reforçando o sentimento da autoestima. Para Csikszentimihalyi (1992) a elevação da autoestima é considerada uma das consequências do flow e ocorre após a experiência ótima, tendo em vista que durante a experiência a autoconsciência fica suspensa. Snyder e Lopez (2009) reforçam que as experiências ótimas trazem consigo sensações de bem estar, satisfação e alegria, tão importantes para a qualidade de vida das pessoas no dia a dia. Na categoria crescimento pessoal (26), as duas subcategorias relevantes identificadas foram: personalidade (17) e fatores sociais (09). Constatou-se entre os músicos que as consequências decorrentes da música são percebidas por eles através da evolução pessoal e também num contexto social. Na subcategoria mais citada, personalidade, os músicos relatam que se tornaram pessoas mais sensíveis. Outra citação recorrente é o desenvolvimento das habilidades de concentração e foco. Na subcategoria de fatores sociais os músicos relatam mudanças positivas no relacionamento com outras pessoas e a maneira de olhar o mundo, atribuindo à música a evolução deles como pessoas melhores. Todos os relatos demonstram crescimento pessoal, tanto nas subcategorias de personalidade e fatores sociais, como também emocionais identificadas nas entrevistas. É fato, segundo Csikszentimihalyi (1992), que após a experiência ótima o self se organiza tornando se mais complexo do que no momento anterior a experiência. E é através de repetidas experiências que o self cresce dando origem a dois processos psicológicos: a diferenciação e a integração. Após uma experiência ótima o self se torna mais diferenciado. Aosuperar desafios o indivíduo fica mais preparado e capaz, torna se um indivíduo mais singular (Kamei, 2014). Citações como: “me tornei uma pessoa mais focada” (A), “sou uma pessoa mais centrada e com raciocínio rápido em várias coisas” (B), “me tornei mais sensível” (C), “consigo me expressar” (D), “me fez mais persistente, eu desistia muito fácil antes” (E), reforçam o crescimento pessoal e o desenvolvimento de diferenciação nos músicos da OSUCS. Ainda, segundo Kamei (2014), o movimento de integração proporciona maior comunhão com outras pessoas e com o mundo. O flow ajuda a integrar o self, resultando numa consciência bem organizada. Identificou-se essa integração na subcategoria de fatores sociais. Algumas frases dos músicos exemplificam bem esta integração: “Quando você toca numa Curso de Pós-Graduação em Dinâmica dos Grupos Desenvolvido pela SBDG - Sociedade Brasileira de Dinâmica dos Grupos, chancelado pela FATO – Faculdade Monteiro Lobato Professoras Orientadoras: Margarete Alves De Boni e Ivadete M. Ravanello 14 orquestra você aprende o trato com as outras pessoas, o convívio faz você superar muitas coisas e se tornar uma pessoa melhor” (A), “Eu me identifico com o mundo através da música” (B), “Me sinto uma pessoa mais madura para o mundo e para a vida, vejo tudo com outros olhos” (C). A partir da compilação dos dados do formulário da escala de atitudes, para a análise dos resultados do nível de flow, foram determinados os seguintes grupos: Tabela 1 – Por naipe, Tabela 2 – Por tempo que toca o instrumento, Tabela 3 – Por idade, Tabela 4 – Por antes e depois da música. Tabela 1: Nível dos músicos – por naipe – em uma escala de 1 a 10 das oito características do Flow Número de músicos Naipes Escala mínima Escala máxima Média da escala 09 músicos Cordas 7,00 9,13 8,13 06 músicos Madeiras 7,88 9,75 8,80 03 músicos Metais 7,75 9,13 8,59 Observou-se que a média de alcance do flow numa escala de 1 a 10 nos músicos da OSUCS foi de 8,51. E não se observou diferenças significativas entre o alcance de flow em cada naipe, demostrando que características técnicas e complexidade do instrumento não influenciam no alcance da experiência ótima. Tabela 2: Nível dos músicos – por tempo que toca o instrumento – em uma escala de 1 a 10 das oito características do Flow Número de músicos Tempo que toca o instrumento Escala mínima Escala máxima Média da escala 04 músicos 05 a 10 anos 8,13 9,13 8,66 06 músicos 11 a 20 anos 7,75 9,13 8,63 05 músicos 21 a 30 anos 7,00 9,75 8,18 02 músicos Acima de 30 anos 7,50 7,88 7,69 Nessa tabela o objetivo é relacionar o alcance do estado flow com o tempo de experiência na atividade, no caso, tocando um instrumento. Não foram evidenciadas diferenças significativas. O que pode ser observado nos músicos da OSUCS é que a média de alcance do flow diminui conforme aumenta o tempo de experiência com a música. Nas três últimas escalas a diferença é de aproximadamente 0,50 pontos entre elas. Tabela 3: Nível dos músicos – por idade – em uma escala de 1 a 10 das oito características do Flow Número de músicos Idade Escala mínima Escala máxima Média da escala 04 músicos 20 a 29 anos 7,88 9,13 8,41 08 músicos 30 a 39 anos 8,5 9,75 8,94 05 músicos 40 a 49 anos 7,00 9 7,73 01 músico Acima de 50 anos - - 7,88 Curso de Pós-Graduação em Dinâmica dos Grupos Desenvolvido pela SBDG - Sociedade Brasileira de Dinâmica dos Grupos, chancelado pela FATO – Faculdade Monteiro Lobato Professoras Orientadoras: Margarete Alves De Boni e Ivadete M. Ravanello 15 Observou-se que a faixa etária dos músicos da OSUCS é ampla: o músico mais jovem possui 20 anos e o mais velho possui 50 anos. Essa característica propiciou a observação sobre a relação entre idade e alcance do estado de flow. Os músicos com até 39 anos alcançam um nível de experiência ótima aproximadamente 0,90 pontos acima do que os músicos com idade superior de 40 anos. A diferença apresenta um resultado relevante, porém não evidencia nenhuma tendência de quanto maior a idade, menor a possibilidade de alcance da experiência ótima. Segundo Csikszentimihalyi (1999) a escolha que leva ou não a experiências de flow não é determinada pela condição humana comum, pelo nível social e cultural, tão pouco aleatoriamente. Para o autor isso dependerá da iniciativa pessoal e da escolha de cada um. Ainda segundo o autor “Viver significa experimentar – por meio de atos, sentimentos, pensamentos” (Csikszentimihalyi, p. 17, 1999). Contudo, avalia-se que os resultados encontrados nas entrevistas dos músicos da OSUCS relevam características desse grupo e que não estão pré-determinadas na teoria do estado de flow, que relaciona a mesma a uma pré-disposição atrelada ao comportamento. Tabela 4: Nível dos músicos – antes e depois de começar a tocar – em uma escala de 1 a 10 das duas consequências do Flow Número de músicos Antes e depois da música Escala mínima Escala máxima Média da escala 18 músicos Antes = quando ainda não tocava 3,50 8,50 6,06 Depois = depois de começar a tocar 7,50 10,00 9,00 Nessa tabela o objetivo foi identificar a percepção dos músicos da OSUCS sobre as consequências da experiência ótima nas suas vidas e também fazer uma relação entre o “antes” – quando a música não fazia parte da sua vida e “depois” – hoje. Verificou se uma diferença de 4,0 pontos, considerada extremamente significativa entre as escalas mínima e máxima do “antes”, evidenciando percepções muito distintas como ponto de partida da percepção do fortalecimento da autoestima e crescimento pessoal. A diferença de 2,50 pontos entre as escalas mínima e máxima do “depois” também é relevante, mas não comparada à anterior, aproximando o momento atual das consequências do alcance do estado de flow entre os músicos. Analisando a diferença média das escalas, de aproximadamente 3,0 pontos, fica evidente a percepção dos músicos quando ao fortalecimento da autoestima e crescimento pessoal. Esse resultado deixa claro que a experiência ótima proporciona a evolução do indivíduo. “O que torna o flow um instrumento ainda mais significativo, é o seu potencial para melhorar a qualidade de vida a longo prazo” (CSIKSZENTIMIHALYI, 2004 apud KAMEI, 2014, p.109). Considerações Finais O tema estudado neste artigo apresenta um estado mental capaz de mudar a percepção do homem à cerca da felicidade, a razão de viver, o estar no aqui e agora e a sensação de levar uma vida boa. Por este motivo trata-se de um tema importante e contemporâneo, dado o descompasso causado pela vida cada vez mais acelerada que as pessoas vêem-se obrigadas a levar. A causa do descontentamento com a vida pode não estar atribuída ao exercício de uma ou outra carreira profissional, tão pouco ao fato de o indivíduo não possuir hobbies, mas à sua Curso de Pós-Graduação em Dinâmica dos Grupos Desenvolvido pela SBDG - Sociedade Brasileira de Dinâmica dos Grupos, chancelado pela FATO – Faculdade Monteiro Lobato Professoras Orientadoras: Margarete Alves De Boni e Ivadete M. Ravanello 16 incapacidade de, nestas atividades, encontrar o estado mental que realmente propicie o surgimento dos sentimentos que resultem em gratificação, bem estar e consciência plena. Do mesmo modo, poder investigar os relatos dos entrevistados à luz de rigorosa metodologia científica, bem como, desvendar e compartilhar dos sentimentos que se fizeram presentes em todas as entrevistas foi uma experiência marcante e inspiradora para os pesquisadores. O ambiente de estudo, completamente diverso às formações dos autores, instigou os mesmos a buscarem uma compreensão mais ampla do significado do trabalho, àquele que está mais relacionado à paixão em detrimento da remuneração. Esta diversidadede formações, ao mesmo tempo, permitiu o enriquecimento deste trabalho através dos pontos de vista díspares. Diante dos dados encontrados sob a ótica de cinco diferentes dimensões de requisitos para o alcance do flow, é incontestável o fato dos músicos da OSUCS experiencializarem o estado de fluxo durante os ensaios e concertos públicos da Orquestra. Por meio dos dados qualitativos das entrevistas, a constatação pode seguramente ser expandida ainda para âmbito dos ensaios individuais, visto que as características e condições necessárias para o alcance do estado metal permeiam os relatos na vida privada dos músicos. Aponta-se que igualmente significativo ao encontro do flow pelos entrevistados são os reflexos que esse hábito tem em suas vidas. Sentimentos de gratidão, aprovação, superação, sentir-se um ser humano melhor e ver uma sociedade melhor, perceber-se intelectualmente mais rico, mais maduro, mais persistente, mais produtivo, com maior capacidade de concentração, permearam todas as entrevistas. E em vista dos benefícios que a atividade musical proporcionou aos entrevistados, conclui-se que a mesma é uma via factível para o alcance do flow, do bem estar e da felicidade. Referências Bibliográficas BERLINER, Paul F. Thinking in Jazz: The Infinite Art of Improvisation. Chicago: The University of Chicago Press, 1994. CAMPOS, Luiz Fernando de Lara. Métodos e Técnicas de Pesquisa em Psicologia. 4ª ed. Campinas: Alínea, 2008. CRESWELL, John W. Projeto de Pesquisa, Métodos Qualitativo, Quantitativo e Misto. 3ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2010. CSIKSZENTMIHALYI, M. A descoberta do fluxo: a psicologia do envolvimento com a vida cotidiana (1997). Tradução de Pedro Ribeiro – Rio de Janeiro: Rocco, 1999. CSIKSZENTMIHALYI, M. A psicologia da felicidade. São Paulo: Saraiva, 1992. CSIKSZENTMIHALYI, M. Finding Flow: the psychology of engagement with everyday life. New York, NY: Basic Books, 1997. CSIKSZENTMIHALYI, M. Flow the psychology of optimal experience. New York: Harper & Row, 1990. CSIKSZENTMIHALYI, M. Flow, the secret to happiness. Disponível em: <https://www.ted.com/talks/mihaly_csikszentmihalyi_on_flow?language=en#t-857421>. Acessado em: 17 jul. 2016. DE MANZANO Örjan; THEORELL, T.; HARMAT, L.; ULLÉN, F. The psychophysiology of flow during piano playing. American Psychological Association, v.10, n.3, p.301-311, 2010. DESENVOLVIMENTO CULTURAL, S. de. Orquestra Sinfônica da Universidade de Caxias do Sul: Programação 2016. Caxias do Sul: EDUCS, 2016. Curso de Pós-Graduação em Dinâmica dos Grupos Desenvolvido pela SBDG - Sociedade Brasileira de Dinâmica dos Grupos, chancelado pela FATO – Faculdade Monteiro Lobato Professoras Orientadoras: Margarete Alves De Boni e Ivadete M. Ravanello 17 FERREIRA, T. T. Música para se ver. 2005. Monografia de Projetos Experimentais - Universidade Federal de Juiz de Fora: FACOM - Faculdade de Comunicação, 2005. GIACOMONI, Claudia H. Bem-estar subjetivo: em busca da qualidade de vida – Temas em Psicologia da SBP, v.12, n.1, 43-50, 2004. HYTÖNEN-NG, E. Experiencing “flow” in jazz performance. Farnham: Routledge, 2013. KAMEI, Helder. Flow e psicologia positiva: estado de fluxo, motivação e alto desempenho. 1. ed. Goiânia: IBC, 2014. KENNY, Barry J.; GELLRICH, Martin. Improvisation. In: PARNCUTT, Richard; McPHERSON, Gary E. The Science and Psychology of Music Performance: Creative Strategies for Teaching and Learning. New York: Oxford University Press, 2002. LYUBOMIRSKI, Sonja. A ciência da felicidade – como atingir a felicidade real e duradoura. Rio de Janeiro: Elsevier Editora, 2008. MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de Metodologia Científica. 7ª ed. São Paulo: Atlas, 2010. PACICO, J. C.; BASTIANELLO, M. R. Avaliação em Psicologia Positiva. Porto Alegre: Artmed, 2014. PARNCUTT, R.; MCPHERSON, G. The Science & Psychology of Music Performance: Creative Strategies for Teaching and Learning. New York: Oxford University Press, 2002. SELIGMAN, E. P. Felicidade Autêntica. Ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2004. SELIGMAN, M.; CSIKSZENTMIHALYI, M. Positive Psychology: An Introduction. American Psychologist, v.55, n.1, p.5–14, 2000. SYNDER, C. R.; LOPEZ, Shane J. Psicologia Positiva: uma abordagem científica e prática das qualidades humanas. Porto Alegre: Artmed, 2009. UCS – Universidade de Caxias do Sul. Orquestra Sinfônica da UCS - OSUCS. Disponível em: https://www.ucs.br/site/orquestra-sinfonica-da-ucs/. Acessado em: 01 out. 2016. VERGARA, Sylvia C. Projetos e Relatórios de Pesquisa em Administração. 12ª ed. São Paulo: Atlas, 2010.
Compartilhar