Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
10/03/2016 1 Marketing do Produto Aula 03 Antes de definir o que é um produto, é importante que se façam algumas observações acerca das relações do homem com os objetos. Tais relações são temas de estudo de diversas e complexas áreas do conhecimento humano, como psicologia, estática e semiótica. O Produto Desprovido de órgãos suficientemente especializados para sobreviver, o homem teve de modificar, com sua inteligência, as condições naturais que encontrou. Idealizou ferramentas que fortaleceram ou complementaram suas aptidões naturais, com as quais, paulatinamente, conquistou o domínio do seu ambiente. A fabricação de objetos para satisfazer determinadas necessidades é feita, hoje, em larga escala por processos fabris. As sociedades industriais altamente desenvolvidas têm como objetivo central a elevação do crescimento econômico e do nível de vida. A satisfação de necessidades e aspirações tem um papel substancial, motivando a criação e o aperfeiçoamento constantes dos objetos. Modernamente, o processo de criação de objetos inicia-se com a pesquisa das necessidades e aspirações dos potenciais usuários, com base nas quais se desenvolvem ideias para sua satisfação, em forma de produtos ou serviços. A transformação dessas ideias em produtos de utilidade ocorre por meio da participação ativa de profissionais de marketing e designers. Seguem-se à concepção dos produtos os estágios de fabricação, distribuição, propaganda e promoção, além da comercialização. Algumas necessidades humanas não podem ser satisfeitas pela aquisição de objetos, como a necessidade de evasão espiritual ou de se sentir útil e amado. Pode-se afirmar, contudo, que um grande número delas é satisfeita pelo consumo de bens, cujas funções se manifestam, no processo de utilização, como valores de uso. 10/03/2016 2 Para atender às múltiplas necessidades do homem, a materialização de ideias leva à produção de múltiplos objetos, classificados em quatro categorias: objetos naturais, objetos modificados da natureza, objetos de uso e objetos artísticos. Objetos naturais: são os objetos em seu estado mais puro, não modificado. Numa concepção excessivamente estreita, a natureza pode ser entendida como um exemplo de produção em massa, uma fábrica cósmica onde são feitos, ininterruptamente e em grande quantidade, produtos sem a intervenção humana como pássaros, mariposas, árvores, besouros, frutos, etc. Objetos modificados da natureza: surgem como etapa anterior à transformação em objetos de uso. Dizem respeito a alterações criativas da natureza que, sob certos aspectos, constituem-se em manifestações estéticas. Até os montes de feno, por exemplo, decorrem da transformação do capim para alimentação animal, sendo consequência, como muitos outros objetos naturais modificados, de processos criativos do homem. Objetos de uso: são ideias materializadas com a finalidade de eliminar tensões e desequilíbrios provocados por necessidades humanas. A eliminação de tensões ocorre durante o processo de uso, quando o usuário experimenta e desfruta das funções do objeto, atingindo a satisfação. Produtos de uso são uma parte importante da estrutura econômica de uma sociedade e fornecem um retrato revelador das condições sociais de um povo. A simplificação de produtos quanto a aspectos materiais e processo produtivo é condição necessária para uma produção industrial que priorize o resultado econômico. Mas a uniformidade que tal tipo de produção gera pode provocar sentimentos de antipatia nos usuários, porque objetos repetidos aos milhares podem não satisfazer necessidades psíquicas dos indivíduos. Quanto mais designers e fabricantes visam uma produção racional e econômica, menos os aspectos sociais da configuração dos produtos são considerados. Objetos artísticos: os objetos artísticos podem ser vistos como uma classe especial de portadores de informação. Sua principal característica reside no fato de transmitirem uma informação que é percebida instantaneamente, em sua totalidade. Os objetos artísticos têm a missão de satisfazer necessidades estéticas humanas, pela otimização da informação correspondente à percepção sensorial e sinestésica do homem, o que possibilita a experiência estética e a possibilidade de um aprendizado totalizante. 10/03/2016 3 Conceito de Produto: a tarefa de definir produto soa absolutamente simples, tendo-se em conta que a vida moderna está permeada deles. Porém, um produto envolve uma grande quantidade de elementos, como matérias-primas, componentes, processos de produção e embalagem, para citar apenas algumas de suas dimensões tangíveis. Produto é um conjunto de atributos tangíveis e intangíveis que proporciona benefícios reais ou percebidos, com a finalidade de satisfazer as necessidades ou o desejo do consumidor. Como se observa, a definição de produto se alicerça nos benefícios que uma “coisa” pode proporcionar ao homem, levando-o a algum tipo de satisfação. Ao definir produto, é imperativo que se considere a dimensão do consumidor. Incluir o consumidor nesta perspectiva não se limita, porém, a dizer que produtos servem ao atendimento de suas necessidades e de seus desejos. É importante que se atente para a maneira como os consumidores percebemos produtos e os benefícios deles decorrentes. Já é conhecida a afirmação de que o marketing é uma batalha de percepções, não de produtos. Dimensões do Produto: os produtos possuem três dimensões distintas de atendimento à demanda: uma dimensão estética, uma psicológica e uma funcional. Dimensão Estética Dimensão Funcional Dimensão Psicológica A dimensão estética consiste na relação que se dá entre um produto e um usuário, em termos de processos sensoriais, isto é, experiência sinestésica com o objeto. Criar funções estéticas para os produtos é uma das principais tarefas de designers industriais na atualidade, que precisam adequar os objetos às condições perceptivas do homem. Em certos casos, a escolha do consumidor entre produtos concorrentes é baseada em aspectos estéticos, principalmente nas situações em que as funções práticas nos produtos se assemelham. A estética, sendo a expressão do belo, do admirável, é percebida como totalidade, o que reduz a atenção para os detalhes. 10/03/2016 4 A dimensão psicológica dos produtos está em consonância com a estimativa de satisfação que eles podem gerar para seus usuários. O grau de satisfação dos indivíduos com o uso de produtos envolve aspectos subjetivos e inconscientes. Tome-se a afirmação de um pesquisador inglês de marcas: “O que é fantástico em ser dono de uma BMW é saber que todas as outras pessoas que não têm meios de compra-la sabem o que é ter um carro desses.” Já a funcionalidade está ligada à utilidade básica prevista para um produto. Em uma cadeira, por exemplo, a superfície do assento deve suportar o peso do corpo do usuário. O arredondamento da borda frontal do assento deve evitar deficiência de circulação nas pernas. O encosto deve servir de apoio à coluna vertebral e relaxar os músculos das costas. A largura e profundidade do assento devem permitir liberdade de movimento e mudança de posição. Os atributos que garantem a funcionalidade dos produtos não se apresentam segmentados, mas formam um conjunto. Aspectos tangíveis, como material empregado na fabricação e cores, geram efeitos psicológicos nas pessoas. Os tons preto e branco podem remeter a produtos sofisticados, assim como produtos de cor rosa tendem a ser associados a bens femininos, delicados ou infantis. As Características dos Serviços; As bases do marketing moderno foram todas construídas baseadas nas ações necessárias à venda dos produtos. Porém, com a evolução e a globalização da economia, cada vez mais os serviços começaram a ter uma elevada participação no PIB das nações de uma maneira geral, só no Brasilos serviços respondem por, aproximadamente, 70% do PIB. Diante de tal importância adquirida através dos anos, os gestores se viram com o desafio de administrar um elevado volume de negócios nessa área, porém, a princípio, sem elementos teóricos dedicados a discorrer sobre o assunto. Em face dessa situação, diversos estudiosos dedicaram-se a analisar as peculiaridades dessa relação de consumo e identificaram pelo menos quatro características que fazem da venda de serviços uma situação claramente diferente da venda produtos, quais são elas: Intangibilidade: Esta pode ser a característica mais marcante e talvez a que apresente maior dificuldade na sua gestão. Devido à intangibilidade, há uma subjetividade muito grande na avaliação do serviço por parte do cliente, além da dificuldade de comunicar ao público em geral as qualidades daquele serviço oferecido. Outro porém advindo dessa característica, é o fato de que o risco percebido pelo comprador de serviços é muito maior do que pelo comprador de produtos, justamente por não se tratar de algo palpável. 10/03/2016 5 Para amenizar os impactos negativos desse item, os gestores devem preocupar-se com as características físicas do lugar de prestação dos serviços bem como com possíveis produtos agregados, como, por exemplo, o relatório final de um serviço de consultoria. São aspectos que se apresentam mais diretamente no momento da entrega (ou prestação) do serviço, o que faz com que o comprador consiga atribuir algo tangível à qualidade e ao resultado final daquele serviço. Inseparabilidade: É impossível separar o prestador do serviço por ele oferecido. A bem da verdade, existem 3 níveis básicos de interação entre o prestador e o tomador do serviço: Presença física do cliente (Ex.: corte de cabelo); presença do cliente somente no começo e no final do serviço (Ex.: Oficina de automóveis); e presença mental do cliente (Ex.: Serviços educacionais). Vale ressaltar que, independente do nível de integração do cliente, este influencia os resultados alcançados na prestação do serviço, assim como a presença de outros clientes no local do serviço e a interação entre estes podem afetar a percepção dos mesmos em relação à qualidade final. Diante de tal peculiaridade, faz-se mandatório o investimento no pessoal da linha de frente capacitando- os, tanto tecnicamente para a prestação do serviço vendido, como nas relações com os clientes, fazendo com que o contato em todas as fases do serviço possa ser o melhor possível. Outrossim, no que diz respeito à interação entre os clientes, pode-se pensar em alguma maneira de segmenta-los dentro do estabelecimento, como, por exemplo, a definição de área de fumantes e não fumantes que existia nos restaurantes. Variabilidade: Representa a incapacidade das empresas de fornecer um mesmo serviço exatamente igual todas as vezes que for solicitado. Esse problema pode ser originado por diversos fatores, desde a capacitação de quem presta o serviço até a maneira como o cliente explicou o que desejava. A terceirização dentro da empresa de serviços pode ser apontada como uma das grandes causas da variabilidade. Por outro lado, em alguns casos, esse fator pode tornar-se uma vantagem competitiva, quando o serviço demanda um grau de customização e os clientes que o procuram assim o desejam. Porém, essa vantagem possui impacto tanto no custo quanto no prazo de realização do serviço. O treinamento intensivo dos funcionários e a perseguição de uma padronização podem ser soluções viáveis para minimizar esse aspecto. É importante também monitorar a satisfação dos clientes e identificar possíveis pontos de melhoria através desse monitoramento. Com os funcionários capacitados e de posse dos dados fornecidos pelas pesquisas com clientes, o planejamento torna-se essencial à organização que aspira oferecer serviços sempre nos mesmos padrões. Perecibilidade: Serviços não podem ser estocados. O hotel que não vendeu a diária de um quarto para hoje não poderá vendê-la amanhã. A empresa aérea que não vendeu todos os assentos de um voo que partirá às 18hs de hoje, não poderá vendê-los para as 18hs de amanhã, o voo do dia seguinte já é outro serviço. Porém os custos fixos, tanto do hotel quanto da empresa aérea, permanecerão os mesmos em qualquer circunstância. A perecibilidade então representa os conflitos entre oferta e demanda com que os gestores de serviços se deparam diariamente, principalmente aqueles que gerem serviços sazonais. Nesse caso, a mão também pode se inverter, fazendo com que, em determinados momentos, a demanda seja superior à oferta, incapacitando a empresa de atender a todos que a procuram. 10/03/2016 6 Resta então aos gerentes adotar estratégias para lidar com esse tipo de problema. A solução mais utilizada e conhecida para atrair demanda em períodos de baixa procura é o oferecimento de descontos e/ou serviços acessórios, que façam com que os clientes utilizem aquele serviço quando, normalmente, não se interessariam por eles (Ex.: voos que partem de madrugada). Na época em que a demanda se eleva podem ser contratados funcionários temporários e recursos extra para dar conta do atendimento a todos os clientes. EXERCÍCIOS
Compartilhar